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23 Capítulo 3 Tensões nos Solos 3.1 Introdução Para estudar o comportamento do solo utilizam-se equações constitutivas, que relacionam as tensões, deformações e o tempo. Assim, é possível dar um tratamento matemático a problemas que envolvem o comportamento do solo quando submetido a cargas aplicadas, incluindo seu peso próprio. Os projetos de fundações e contenções são analisados separando-se, ainda que artificialmente, a deformação da ruptura. Na realidade, qualquer estrutura quando é solicitada passa a deformar até que atinja a ruptura. Antes de romper, considera-se que a estrutura está sendo solicitada em condições de trabalho e a solicitação é limitada em função da máxima deformação que a estrutura pode sofrer, sem que sejam prejudicadas as condições de utilização da mesma. A estrutura deve ser segura e parecer segura. Na cidade de Santos, por exemplo, onde os prédios sofrem grandes deformações devido à camada de argila mole orgânica existente abaixo da camada de areia - na qual as fundações são apoiadas - os limites de utilização foram ultrapassados largamente. Neste caso, embora a camada de argila esteja com coeficiente de segurança apropriado em relação à ruptura, as deformações sofridas por esta camada provocam inclinação dos edifícios em até aproximadamente 2,5o, gerando uma sensação de desconforto e insegurança muito grandes. Uma análise que considere concomitantemente os problemas de deformação e de ruptura só é possível com a utilização de sofisticados métodos numéricos, difíceis de serem utilizados no dia a dia da engenharia. Nos problemas de deformação são determinadas as deformações do solo e da estrutura quando submetidos a um carregamento qualquer, porém muito inferior ao que possa provocar a ruptura. Um exemplo típico é o cálculo de recalques. Nos problemas de ruptura não há preocupação com as deformações, mas somente com a capacidade que o solo tem de resistir às solicitações impostas, sem romper. Nos cálculos de deformações, trabalha-se com pequenas deformações e por isto pode ser utilizada a teoria da elasticidade, enquanto nos cálculos de estabilidade (possibilidade que o solo tem de resistir às solicitações impostas) utiliza-se a teoria da plasticidade. Estas duas teorias consideram o solo um meio contínuo. Na realidade, os solos são constituídos por partículas e a tensão aplicada é transmitida por meio de forças, partícula a partícula. Ao sofrer solicitações o solo irá se deformar, modificando seu volume e sua forma inicial. O nível de deformação dependerá das propriedades mecânicas do solo e do carregamento aplicado. O estado de tensões no maciço depende do peso próprio, da intensidade da força aplicada e da geometria do carregamento.