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CLÍNICA CIRÚRGICA DE GRANDES ANIMAIS 
PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA CIRURGIA 
CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS 
Cirurgia limpa: são aquelas sem lesão em tecidos com contaminação efetiva (digestório, urinário, respiratório) 
 geralmente, são compostas pelas cirurgias eletivas (não são emergenciais) 
 produz o menor processo traumático e inflamatório possível (tecido sem contaminação) 
 também são aquelas feridas onde não há erro na técnica cirúrgica e cumprem princípios de antissepsia 
- ex.: exérese de nódulo subcutâneo 
Cirurgia potencialmente contaminada: possuem lesão nos tecidos contaminados (digestório, urinário, respiratório) 
 não há a presença de conteúdo purulento (sem supuração local, por possuir poucas bactérias) 
 pode haver perfuração dos tratos, com extravasamento de conteúdo (chance de ter contaminação cirúrgica) 
- ex.: redução de hérnia umbilical (chance de extravasamento de conteúdo digestório) 
Cirurgia contaminada: realizadas em tecidos recentemente traumatizados e abertos (difícil de descontaminar) 
 contaminação oriunda do trato gastrointestinal, respiratório, urinário ou biliar (flora bacteriana abundante) 
 feridas com menos de 6 horas (dependendo do tipo de contaminação) 
 processo inflamatório sem pus e sem quebra da antissepsia 
- ex.: cistotomia, cirurgia de cólica 
Cirurgia infectada: realizadas em tecido com supuração local e tecido necrótico 
 feridas traumáticas com sujidades (terra, fezes), com mais de 6 horas (relativo, dependendo da etiologia) 
 
PRINCÍPIOS DA CICATRIZAÇÃO 
Cicatrização: processo que ocorre em todas as feridas, ocorrendo por etapas e dependente do estado geral do animal. 
 
FASES DA CICATRIZAÇÃO 
 Inflamação: ocorre logo após a lesão, iniciando-se com uma vasodilatação local, para a liberação dos 
mediadores inflamatórios, seguida de uma vasoconstrição, para que ocorra o processo de coagulação (se o 
processo inflamatório agudo não for tratado, ele pode se cronificar) 
 Desbridamento: quimiotaxia de neutrófilos (primeira barreira celular) e macrófagos (segunda barreira celular), 
que realizam a remoção dos restos celulares e do tecido desvitalizado. 
 Proliferação (Fase Fibroblástica): compreende as fases onde há a ação dos fibroblastos (produz colágeno) 
 Proliferação Celular: fibroblastos são mobilizados para migrarem ao local lesionado, proliferarem e 
se diferenciarem, para remodelarem futuramente a ferida com a produção de colágeno. 
 Tecido de Granulação: para nutrição e oxigenação do tecido, ocorre a angiogênese, que é a formação 
de vasos sanguíneos, que juntamente com o colágeno, formam o tecido de granulação, que nada mais 
é que um tecido formado para ocupar o local deixado pela ferida (tecido avermelhado – sangra fácil). 
 Contração: fibroblastos são diferenciados em miofibroblastos, e realizam a epitelização da ferida, 
bem como a contração das bordas ao centro, permanecendo até a completa cicatrização. 
 Remodelamento (Maturação): formação de fibras colágenas mais densas e compactas, formando uma cicatriz 
mais plana, discreta e amolecida (diminui o número de fibroblastos, sangramento e fibrina, aumenta colágeno) 
 
 
 
 
 
 
 
Tecido de Granulação Exuberante: ocorre em equinos, pela não formação dos miofibroblastos. Por não apresentar 
terminações nervosas, trata-se por remoção cirúrgica, ou ainda medicamentosa (Albocrezil + atadura compressiva) 
- Não utilizar albocrezil na borda da ferida (produto revulsivante – prejudica a epitelização) 
Dentro de uma mesma ferida, pode estar ocorrendo várias fases da cicatrização. 
TIPOS DE CICATRIZAÇÃO 
Primeira Intenção: quando é feita a sutura, para aproximação das bordas das feridas. 
 realizada em casos de feridas não contaminadas, com bordas próximas e em incisões cirúrgicas 
Segunda Intenção: quando a ferida é tratada aberta, sem aproximação das bordas por sutura. 
 quando há perda de tecido, impossibilitando a aproximação das bordas. 
 fases de cicatrização são bem evidentes, e o tempo de cicatrização torna-se maior 
 devido o risco maior de infecção, deve-se utilizar bandagem na ferida 
 quando há exposição óssea, deve-se conter a infecção e estimular a granulação (mel, açúcar, sal) 
Terceira Intenção: quando a ferida é tratada por aproximação das bordas e posteriormente, é tratada aberta 
 aproxima-se os bordos da ferida para diminuir o risco de contaminação externa, mas devido deiscência dos 
pontos causada por infecção interna, trata-se aberta por segunda intenção 
 
PRINCÍPIOS INFECCIOSOS DE INTERESSE CIRÚRGICO 
INFECÇÕES CIRÚRGICAS 
Quando há sinais de inflamação no local relacionado a um procedimento cirúrgico anterior, há grande chance de ser 
uma ferida decorrente da cirurgia (dor, calor, secreção e localização cirúrgica). 
Classificações das infecções cirúrgicas: 
 Incisional Superficial: quando a infecção atingiu a pele e tecido subcutâneo 
 Incisional Profunda: quando a infecção atingiu fáscias e músculos (cuidado com eventração) 
 Infecção de Órgãos ou Cavidades 
Fontes de Infecção: 
 Microrganismos (bactérias dos tratos do organismo ou externas) 
 Fontes Endógenas (saúde do paciente prejudicada, idade de risco, infecções concomitantes) 
 Fontes Exógenas (ambientais como equipamentos, medicamentos e superfícies, procedimento cirúrgico) 
 
ABSCESSO 
Processo purulento, delimitado por cápsula e cujo conteúdo encontra-se coletado em uma cavidade neoformada. Pode 
ocorrer em qualquer tecido do organismo (órgãos, subcutâneo, cavidades). 
- Etiologia: bactérias piogênicas (Staphylococcus, Streptococcus, Corinebacterium, Proteus, E. coli) 
o microrganismos penetram através de macro e microtraumas (injeções, feridas, 
contusões, incisões cirúrgicas) 
o formação do abscesso dependerá de vários fatores (virulência da bactéria, reação 
do organismo, estado imune e nutricional do animal, doenças carenciais e 
infecciosas, idade do paciente) 
- Patogenia: ocorre um processo inflamatório (fase inflamatória) que devido à infecção, 
produz um aglomerado de pus (fase de coleção) até que este conteúdo seja delimitado por 
uma cápsula (fase de maturação), resultando em drenagem ou fibrose do abscesso. 
- Classificação: 
 segundo a evolução: abscesso agudo/quente (abscesso que progride rapidamente) ou abscesso crônico/frio 
(abscesso de evolução lenta, podendo ser devido um abscesso agudo mal tratado) 
 segundo a localização: superficial (presente no subcutâneo) ou profundo (atinge órgãos internos) 
 segundo a maturação: maduros (formação de cápsula) e imaturos (sem cápsula formada) 
- Sintomas: hipertermia local, inapetência (dependendo do local e volume do abscesso), dor (quando há compressão 
das terminações nervosas locais), claudicação (em abscessos profundos no espaço intermuscular em membros) 
 abscesso imaturo: centro duro à palpação e periferia flutuante (edema) 
 abscesso maduro: centro flutuante e periferia dura à palpação 
- Diagnóstico: sinais clínicos (hipertermia local, inflamação da ferida, drenagem de secreção, deiscência de pontos), 
flutuação à palpação (abscessos superficiais), ultrassonografia 
 
 
- Tratamento: naturalmente, as fístulas tendem a entrar em fibrose ou fistular. Porém, quando o processo de maturação 
não ocorre, algumas medidas terapêuticas podem ser realizadas, visando que o abscesso se torne maturo. 
o Fase inicial: cobrir o abscesso com compressas úmidas (40 a 42º C), massagear o abscesso com substâncias 
emolientes, cataplasma ou revulsivantes, que auxiliam na inflamação, resultando na maturação do abscesso. 
o Abscesso organizado: depois de maturado, com a formação da cápsula, pode-se intervir com cirurgia em casos 
que o abscesso não vem a furo. Realiza-se incisão ampla no ponto mais baixo do abscesso, para que ocorre 
drenagem total do conteúdo. Após, faz-se uma curetagem discreta, se necessário, em canais formados ou em 
resquícios de materiais. Pode-se fazer curetagem química (iodo, água oxigenada). Lavar o abscessocom 
antisséptico local (PVPI ou clorexidine diluídos). Usar curativos diários. Como repelente, pode-se usar 
hipogloss
 ®
 com tanidil (evitar a deposição de larvas de moscas). 
o Observações: realizar lancetagem, de modo que evite lesionar artérias, veias e nervos importantes. Realizar 
uma incisão em tamanho adequado. Em casos do abscesso fistular em pontos altos, continuar a drenagem com 
incisão em pontos baixos. Drenos são ineficazes, devido o conteúdo ser purulento. Para evitar miíases, realizar 
curativos pelo menos 2 vezes ao dia. Evitar contaminar solo e outros animais com o conteúdo purulento 
o Antibioticoterapia: recomendada somente após a drenagem, pois quando realizada em fase imatura, pode 
diminuir o processo infeccioso e prejudicar a maturação do abscesso. Somente em casos de sinais sistêmicos, 
realizar antibioticoterapia antes da maturação. 
- betalactâmicos (ampicilina, cefalospotinas): agem contra bactérias anaeróbicas 
o Curetagem: não realizar curetagem quando a musculatura estiver prejudicada. Caso seja feita exageradamente, 
pode expor vasos, podendo contribuir para uma bacteremia. 
o Abscessos frios: consequência de lesões repetidas. Devem ser tratados cirurgicamente 
- Prognóstico: isolados e superficiais (geralmente bom), profundos (geralmente ruim, devido os sinais sistêmicos) 
 
FÍSTULA 
Passagem em forma de tubo que comunica anormalmente dois órgãos internos ou 
que conduzem de um órgão interno para o meio exterior do corpo. 
- Etiologia: abscessos (quando maturados, podem vir a fistular), infecção dentária 
- Diagnóstico: conteúdo extravasando, radiografia contrastada (trajeto da fístula), 
ultrassonografia (áreas de trajeto radioluscente) 
- Tratamento: resolver a causa base da fístula 
 
FLEGMÃO 
Processo infeccioso purulento não circunscrito, sendo encontrado difuso em tecido celular. 
Geralmente é secundária a um estado de saúde crítico (doenças ou imunossupressão). 
- Diferente do abscesso, o flegmão não possui uma cápsula que o recobre e sempre evolui 
- A tendência do flegmão é se disseminar progressivamente ao tecido atingido e ainda promover necrose 
- Diagnóstico: palpação local (hipertermia e consistência alterada), ultrassonografia 
- Tratamento: melhorar a imunidade do animal (drenos são pouco eficazes) 
 
GANGRENA 
Morte de um tecido do corpo (necrose) devido à insuficiência de irrigação sanguínea (isquemia) em uma determinada 
região ou resultado de uma infecção bacteriana. 
- Etiologia: 
 gangrena seca: planta Claviceps purpúrea promove o ergotismo, que cursa com gangrena dos membros 
Punção Diagnóstica: não realizar, pois caso sejam 
hérnias ou eventrações, pode ocorrer complicações Diagnóstico diferencial : cistos, hematomas, hérnias, flegmão, eventrações. 
 gangrena úmida: causada por bactérias 
 gangrena gasosa: causada pelo Clostridium perfrigens 
- Diagnóstico: através dos sinais clínicos de necrose (cuidado – C. perfrigens é uma zoonose) 
- Tratamento: melhorar o estado geral do animal, remover tecido necrosado e realizar terapia de suporte. 
 
AFECÇÕES CIRÚRGICAS DA PELE E SUBCUTÂNEO 
Feridas são lesões acidentais ou cirúrgicas causadas por qualquer agente externo, efetuada ao nível da pele e/ou 
camadas teciduais mais profundas. 
 
MECANISMO DA LESÃO 
- Incisão: feridas provocadas no procedimento cirúrgico (corte provocado pelo bisturi) 
- Abrasão: feridas superficiais, causadas por escarificação da epiderme (“ralados” da superfície da pele) 
- Perfuração: feridas com maior profundidade (comumente em acidentes balísticos) 
- Laceração: feridas onde ocorre corte da musculatura (atinge até a fáscia ou musculatura adjacente) 
- Avulsão: feridas conde há retirada de parte do tecido local (tecido retirado pode ser recolocado sobre a ferida) 
- Esmagamento: feridas provocadas por atrito de um peso em um local do corpo 
- Contusão: feridas causadas por um rápido estiramento da musculatura e seu posterior retorno 
- Mista: feridas causadas por mais de uma destas etiologias 
- Queimadura: feridas onde se tem comprometimento do tecido da pele devido calor 
 
GRAU DE LESÃO TECIDUAL – de acordo com a profundidade da ferida 
- Estágio I: lesões que acometem apenas a epiderme 
- Estágio II: lesões que acometem a derme e a epiderme (como abrasões ou úlceras superficiais) 
- Estágio III: lesões que acometem o tecido subcutâneo (como úlceras profundas) 
- Estágio IV: lesões que acometem tecidos ósseos ou musculares (geralmente são por lacerações) 
 
GRAU DE CONTAMINAÇÃO 
- Limpas / Limpa-contaminadas (potencialmente contaminadas) / Contaminadas / Infectadas 
 
TEMPO DE TRAUMATISMO – relacionado com o grau de contaminação 
- Super aguda: entre 1 a 6 horas 
- Aguda: entre 6 a 12 horas 
- Crônica: acima de 12 a 24 horas 
 
LESÕES CUTÂNEAS 
PITIOSE 
Doença granulomatosa que cursa com sinais cutâneos (mais comuns), gastrointestinais ou multissistêmicos. 
- Etiologia: 
 Pythium insidiosum (pseudo-fungo aquático que habita em 
regiões aquáticas e pantanosas) 
- frequente em regiões de clima tropical (quentes) e em 
estação chuvosa (açudes) 
- oomiceto sobrevive em temperaturas maiores que 25º C 
- também é conhecida popularmente como “Ferida da Moda” 
- não há relatos de incidência em humanos (não se sabe ao 
certo se a doença se trata de uma zoonose) 
- pode acometer outros animais como os cães e bovinos 
- Patogenia: 
 granulomas eosinofílicos na pele do animal (sinal cutâneo) 
 úlceras com bordas irregulares (mais comuns nos membros, na 
região ventral e no focinho) 
 “kunkers”: hifas recobertas por tecido necrótico (necrose do 
tipo caseosa) com aspecto de massas de cor branco-amareladas 
no interior das úlceras 
- Sinais Clínicos em equinos: 
 edema local com úlceras de superfície irregular e exsudação serosa (grânulos necróticos – “kunkers”) 
 agravamento rápido (lesão de forma circular com extensão aguda) 
 comum a presença de secreções (mucopurulenta, serossanguinolenta ou hemorrágica) na ferida 
 tecido necrótico e odor fétido que provoca intenso prurido no animal, podendo leva-lo a se automutilar 
 emagrecimento progressivo devido drenagem de secreção (perda de proteínas pela exsudação) 
 pode acometer as estruturas adjacentes às lesões (tendões, articulações, fáscias, ossos) 
 linfoadenopatia regional indica disseminação para outros órgãos (intestino, respiratório, linfático) 
 pitiose intestinal: ulceras intestinais que formam massas teciduais, que obstruem o lúmen intestinal, causando 
cólica nos equinos 
- Sinais Clínicos em bovinos: 
 não há a formação de “kunkers” nas lesões, e tendem a ter cura espontânea 
- Diagnóstico: 
 diagnóstico clínico: através da anamnese, histórico de áreas alagadas e feridas com “kunkers” 
 citológico: realizar esfregaço de exsudato com hidróxido de potássio para identificação das hifas 
 histopatológico: através da coloração com nitrato de prata, permite a visualização de infecção do tipo 
granuloma, com a presença de hifas do fungo 
 imunohistoquímica: permite a observação do fungo (direto) 
 sorologia (ELISA e Dot-blot modificado): permite a detecção de anticorpos anti-Pythium (indireto) 
- Diagnóstico diferencial: 
 carcinoma de células escamosas 
 tecido de granulação exuberante (geralmente está associado com pitiose) 
 habronemose 
 osteomielite (acompanhar com radiografia para sua exclusão) 
- Tratamento: 
o antifúngicos: por se tratar de um pseudo-fungo, os antifúngicos que agem contra o ergosterol presente na 
parede celular dos fungos verdadeiros, não possuem eficácia (oomiceto não possui parede celular) 
- cetoconazol, fluconazol, miconazol e terbinafina não possuem sucesso no tratamento 
o iodeto de potássio + acetonida de triancinolona: realizar 3 aplicações com intervalo de 7 dias 
o anfotericina B: administrar por perfusão intravenosa com garrote por 10 minutos, juntamente com anestesia 
(infusão contínua de EGG, cetamina e xilazina) com aumento gradativopor dia e diminuir gradativamente 
o terapia fotodinâmica: destruição do tecido por agentes fotodinâmicos (laser realiza a ablação do tecido) 
o imunoterapia: vacina contra pitiose (Pitium-Vac®) com culturas fúngicas, sendo injetado no subcutâneo, no 
intervalo de 14 dias (10 aplicações são suficientes) 
- possui maior eficiência em feridas com menos de 60 dias 
- usada como tratamento, por mudar a resposta inflamatória do animal 
- no começo do tratamento, a ferida aparenta piorar, porém conforme continua, pode-se ver a resolução 
- pode ser utilizada em éguas prenhes sem risco de promover aborto 
- este tratamento não necessita ser associado com cirúrgica 
o exérese cirúrgica: retirada do tecido por cirurgia, geralmente associada com iodeto de sódio e potássio 
TECIDO DE GRANULAÇÃO EXUBERANTE 
O tecido de granulação, fisiologicamente, atua preenchendo a lacuna da ferida, como uma barreira do meio externo 
para a parte óssea, além de fornecer diferentes tipos celulares para a cicatrização, 
nutrientes e oxigênio pelos vasos neoformados e defesa do tecido por células 
inflamatórias. O tecido de granulação exuberante, por sua vez, ocorre nos 
equinos, devido uma quantidade exacerbada de fibroblastos na cicatrização, 
fazendo com que a ferida ultrapasse as bordas, e estas células não se tornam 
miofibroblastos e não aconteça a contração epitelial. 
- Ocorre devido à cicatrização ficar presa na fase proliferativa de reparação, não 
avançando para o remodelamento. 
- Multifatorial: vários fatores podem estar envolvidos com a produção deste 
tecido (localização da ferida, infecção, inflamação, imunológico, genético, curativo, bandagem, iatrogênico) 
- Acredita-se que uma resposta inflamatória de baixa intensidade, que cursa com hipóxia no tecido, pode estar 
envolvida com a cronicidade do tecido de granulação. 
- Tratamento: 
o excisão cirúrgica: sedar ou anestesiar o animal, para evitar a exérese de tecido adjacente inervado, e nivelar até 
abaixo da borda da ferida, preservando a borda epitelial (manter proliferação celular) 
- pode ocorrer uma extensa hemorragia, devido os vasos neoformados na ferida 
o cauterização: promove hipóxia local, o que não é desejável, porém se não realizada, pode ocorrer mais 
granulação no tecido 
- química: sulfato de cobre (colocar somente nos pontos de granulação), albocresil (cauteriza a granulação) 
- térmica: ferro quente 
o ligadura nos vasos: por serem vasos de pequeno calibre, torna-se difícil ligar todos os vasos 
o bandagem compressiva: assim como a cauterização, promove hipóxia, mas como vantagem diminui a 
mobilidade da ferida e diminui a contaminação 
o torniquete: não é interessante, por promover maior possibilidade de sangramento 
o pensos imobilizantes: diminuem a mobilidade do animal, facilitando a cicatrização 
 
HABRONEMOSE CUTÂNEA E CONJUNTIVAL 
- Etiologia: 
 larvas de Habronema spp (nematoide): realizam ciclo errático (larva é 
depositada por mosca na ferida, e não atingem a forma adulta, morrem e 
estimulam o tecido de granulação na ferida pela produção de antígenos) 
- também conhecida como “Ferida de Verão” (maior incidência de moscas) 
- pode haver contaminação secundária de bactérias ou fungos 
- diferente da pitiose, a habronemose não cursa com muita secreção 
- Sinais Clínicos : 
 lesões ulcerativas e nodulares (olhos, conjuntivas, regiões distais, membros e 
processo uretral) 
 prurido, cursando com automutilação (feridas de difícil 
cicatrização) 
 habronemose conjuntival: secreção ocular por irritação local 
- Diagnóstico: 
 histopatológico: permite a visualização do tecido de granulação 
com infiltrado eosinofílico difuso, áreas de necrose ao redor da 
larva ou secções transversas da larva 
 raspado de pele ou biópsia da lesão: observa-se a presença da larva 
- Tratamento: 
o tratar o tecido de granulação exuberante que está presente junto a habronemose e retirar a larva da lesão 
o anti-inflamatórios (reduzir a inflamação): prednisolona (lesões múltiplas) ou triancinolona (quando há uma ou 
duas lesões) na pele, e corticosteroides tópicos nas conjuntivas (habronemose conjuntival) 
o eliminar forma adulta do estômago: ivermectina, organofosforados (triclorfon) 
o pomadas locais: triclorfon, DMSO, neomicina (diminuir reação inflamatória causada pela penetração da larva) 
o reduzir a população de vetores (tratar todos os cavalos da fazenda) 
 
SARCÓIDE 
Neoplasia mais comum na pele dos equídeos, de origem invasiva e fibroelástica. Acredita-se que há o envolvimento do 
Vírus da Papilomatose bovina 1 e 2 no acometimento desta doença. Não se sabe se há o envolvimento de retrovírus. 
Algumas raças de cavalos possuem a proteína MHC em suas células, o que predispõe a formação de sarcóide. 
- Patogenia: 
 proliferação localizada de tecido dérmico e epidérmico 
 neoplasia de caráter dormente (em um dia pode haver proliferação, e no outro dormente) 
 neoplasia invasiva (pode ser disseminada aos tecidos adjacentes), porém não metastática (não dissemina para 
outros órgãos através da circulação) 
 geralmente se apresenta em áreas afetadas por injúrias traumáticas repetitivas (barrigueira, sela, cabresco) 
Classificação clínica patológica: 
 Oculto: forma mais leve de acometimento (alteração somente na 
derme), cursando com lesão alopécica circular, alteração na coloração e 
densidade dos pelos (cresce lentamente, podendo permanecer nesta fase 
por anos ou se transformando em outro grau rapidamente) 
- locais de predileção: olhos, boca, pescoço, face interna dos membros 
anteriores 
 Verrucoso: lesões de aparência hiperqueratótica irregular, com crostas 
- locais de predileção: lábios, periorbital, axila, base da orelha, bainha 
peniana 
 Nodular: nódulos subcutâneos esféricos sem lesão aparente na pele 
(pode ocorrer ulceração) 
- Tipo A: não envolve a derme, e nódulo pode ser movimentado 
livremente 
- Tipo B: envolve a derme, nódulo não pode ser movimentado e pode 
estar acompanhada de úlceras 
 Fibroplástico: tipo mais agressivo, podendo ter úlcera, comum após 
complicações de feridas da pele 
- Tipo I (pedunculado): margens bem definidas, com movimentação 
livre do nódulo 
- Tipo II (séssil): margens não definidas de caráter invasivo, sem 
movimentação livre 
 Misto: estágio transitório entre duas fases, tendendo quase sempre a se 
tornar fibroplástico (traumas repetidos) 
- locais de predileção: axila, face, face interna dos membros, região 
peitoral (locais de fácil lesão) 
 Malevolente ou Maligno: forma agressiva, onda há acentuada 
infiltração de vasos linfáticos regionais, podendo se notar cordões de 
massas tumorais no trajeto da cadeia linfática 
- locais de predileção: cotovelo, mandíbula, coxa 
- Diagnóstico: 
 exame físico e histórico (presença e evolução das massas tumorais) 
 diagnóstico presuntivo (exclusão de outras lesões ou neoplasias) 
 biópsia ou excisão (histopatológico): observa-se células neoplásicas 
 PCR: biópsia líquida para identificação do DNA viral (Papilomavírus Bovino 1 e 2) 
- Tratamento: é um desafio, pois ao se manusear o tumor, este pode se tornar mais invasivo 
o excisão cirúrgica: realizar somente em casos de lesões muito graves (tumores verrucosos ou nodulares são 
mais pedunculados, podendo se tornar do tipo fibroblástico) 
- pode ocorrer recidivas de tumores 
o criocirurgia: utilizar nitrogênio líquido ou óxido nitroso, realizando ciclos de congelamento e 
descongelamento em temperatura ambiente, diariamente, até a queda do tumor 
o outros métodos (hipertermia local, cisplatina, 5-fluorouracil, laser com CO2, radioterapia, aciclovir, vacinas 
autólogas, etc.) 
 
CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS 
Neoplasia epidermóide maligna, comum em países tropicais, acometendo bovinos (região periorbital de espécies com 
despigmentação), ovinos e principalmente equinos (sendo mais comum nesta espécie em pênis e prepúcio). 
- Diagnóstico: 
 histopatologia: células arranjadasem forma de ninho com estroma conjuntivo e vascularizado 
- Tratamento: 
o excisão cirúrgica com ampla margem de exérese (evitar recidiva e metástases) 
o outros métodos (criocirurgia, hipertermia, laser, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia) 
 
ECTOPIAS/PARATOPIAS 
Ectopias são deslocamentos de estruturas anatômicas ou órgãos para locais adjacentes, permanecendo em local 
errôneo em forma esporádica ou permanente. 
 
DEFINIÇÕES 
Hérnia: passagem de vísceras de uma cavidade própria para outra (adjacente, natural ou neoformada), através de 
uma abertura anatômica ou acidental, sem contato com o meio externo (saco herniário evita o contato com a pele) 
Eventração: ruptura de camadas da musculatura, levando a passagem de vísceras em contato com a pele íntegra, 
sem contato com o meio externo (não possuem saco herniário) 
Evisceração: ruptura de todas as camadas, inclusive a da pele, tendo contado das vísceras ao meio externo 
 
CLASSIFICAÇÃO DE HÉRNIAS 
- Frequência: comuns (umbilical) ou raras (diafragmática) 
- Etiologia: congênitas, adquiridas, traumáticas, incisionais (cirúrgicas), degenerativa 
- Redutibilidade: redutíveis (conteúdo herniário retorna ao local de origem) irredutíveis (conteúdo não retorna) 
- Conteúdo: nome da víscera herniada (intestinal, hepática, vesicular) 
- Localização: umbilical, diafragmática, inguinal, escrotal, perianal 
- Topografia: externas (umbilical, inguinal) ou internas (diafragmática) 
 
ELEMENTOS DE FORMAÇÃO DA HÉRNIA 
- Hérnia Verdadeira: possui todas as estruturas da hérnia (anel, 
conteúdo e saco herniário) 
- Hérnia Falsa: deixa de possuir alguns dos constituintes da hérnia (ex.: 
diafragmática) 
 
COMPLICAÇÕES DE HÉRNIA E EVENTRAÇÃO 
- Irredutibilidade: quando o conteúdo não retorna a cavidade de origem, prejudicando assim o retorno venoso, 
podendo resultar em necrose da víscera (emergência cirúrgica) 
- Inflamação: principalmente nos casos de hérnia umbilical, que cursam com onfaloflebite (deve-se tratar primeiro a 
inflamação e depois a recolocação da hérnia) 
- Estrangulamento: quando o anel comprime o conteúdo, podendo cursar com isquemia e necrose 
 nem toda a hérnia irredutível estará estrangulada, mas toda hérnia estrangulada será irredutível 
 estrangulamento é confirmado por ultrassom (ausência do aporte sanguíneo na estrutura) ou durante a 
cirurgia (conteúdo inviável) 
 
SINTOMAS 
- Variam de acordo com o tipo de hérnia, órgão que compõe o conteúdo e se há complicações 
- Externas: aumento de volume mole e redutível (geralmente são mais comuns) em orifício anatômico ou natural 
 
DIAGNÓSTICO 
- Sinais clínicos (aumento de volume), palpação (direciona o diagnóstico) e ultrassom (fecha o diagnóstico) 
- Auscultação (borborigmos em casos de intestino como conteúdo) e palpação retal (hérnia inguino-escrotal) 
- Prognóstico: reservado, devido às complicações que podem apresentar 
 
TRATAMENTO 
- Realizar redução dos órgãos herniados, eventrados (emergência) e eviscerados (emergência extrema), e manter o 
conteúdo na cavidade de origem 
Tratamento Conservativo: 
 através da compressão local no anel (evitar passagem de conteúdo pelo anel) 
 ex.: bandagem, moedas cirúrgicas, esparadrapo, aplicação de revulsivantes para estimular inflamação 
 são métodos de baixa eficácia 
Tratamento Cirúrgico: 
 herniorrafia: recolocação do conteúdo na sua cavidade natural e fechamento do anel herniário 
 pode-se somar com o implante de membranas sintéticas ou biológicas 
Técnica Cirúrgica: incisão elíptica e divulsão em direção ao anel e conteúdo herinário 
- 1ª técnica: realizada em animais com hérnias redutíveis, que ao posicionar o animal em decúbito dorsal, o conteúdo 
herniário retorna a cavidade por gravidade, não necessitando a destruição do saco herniário 
o vantagem: não realiza a abertura e não promove contaminação da cavidade abdominal 
o desvantagem: não há a visualização interna da cavidade abdominal, caso haja necrose das alças 
- 2ª técnica: realizada em animais com hérnias irredutíveis, realizando-se a retirada incompleta do saco herniário 
o vantagem: preserva maior parte de um tecido natural (peritônio, por exemplo) 
o desvantagem: não há a certeza de que não se esteja incisionando conteúdo herniário junto ao saco 
- 3ª técnica: realizada também em animais com hérnias irredutíveis, realizando-se a incisão do anel herniário 
o vantagem: confere espaço suficiente para que não ocorra incisão de conteúdo herniário e também possibilita 
a visualização interna da cavidade 
 
HÉRNIA UMBILICAL 
- Etiologia: aumento da pressão abdominal, genético (hereditário ou por FIV), onfaloflebites 
- Sintomas: aumento de volume na região umbilical (não confundir com umbigo penduloso) 
- Diagnóstico Diferencial: onfaloflebite, abscessos 
- Diagnóstico: ultrassonografia 
- Tratamento: realizar redução do conteúdo, herniorrafia e ablação da pele em excesso 
 
HÉRNIA INGUINAL 
Passagem de vísceras pelo canal inguinal (ocorre mais em machos – inguino-escrotal), sendo achado mais em leitões 
(durante a castração em massa para engorda) e em equinos (é considerada uma emergência nessa espécie, por possuir 
grande chance de estrangulamento, o que pode causar proliferação de bactérias gram-positivas do intestino, que ao 
produzirem toxinas, resultam em endotoxemia no animal, diminuindo a chance de sobrevivência do animal). 
- Etiologia: aumento da pressão abdominal, durante a monta ou cobertura, genético, ou por traumas 
- Sintomas: evolução rápida, cólica (endotoxemia), sudorese na região escrotal 
- Diagnóstico: ultrassonografia 
- Diagnóstico Diferencial: torção do funículo espermático, trombose da artéria testicular, neoplasias 
- Tratamento: através de abordagem cirúrgica, realizando incisão pelo escroto ou pela cavidade abdominal, 
juntamente com orquiectomia pelo fator genético e devido o prejuízo da irrigação sanguínea dos testículos, e 
enterectomia e enteroanastomose, se necessário. 
 
HÉRNIA INCISIONAL 
Abertura de uma cavidade fechada cirurgicamente (eventração). 
- Aguda: quando ocorre até 7 dias de pós-operatório 
- Crônica: quando ocorre em semanas ou anos de pós-operatório 
- Fatores de risco: técnica cirúrgica imprópria, aumento da pressão abdominal (dor, gordura), material de sutura 
inadequado, trauma, infecção, pós-operatório inadequado, obesidade, hipoproteinemia 
AFECÇÕES CIRÚRGICAS DO APARELHO LOCOMOTOR 
FRATURAS 
CLASSIFICAÇÃO DE FRATURAS 
Fraturas são todas as soluções de continuidade dos ossos, devido diversas causas e fatores. 
- Classificação quanto à causa: 
 Violência direta (brigas com outros animais, chifradas, coices) 
 Violência indireta (fratura por enroscada em arame liso, quedas em buracos) 
 Enfermidades ósseas (doenças que cursam com diminuição de cálcio sanguíneo) 
 Estresse repetido (animais de esporte que sofrem diversas mini-fraturas repetitivas) 
- Classificação quanto à localização em ossos longos: 
o Epifisária: quanto ocorre nas extremidades ósseas (pode ser proximal quando próximo ao 
corpo do animal ou distal, quando distante do corpo do animal) 
o Linha Fisária: quando ocorre na linha de crescimento ósseo (entre a epífise e metáfise) 
o Metafisária: quando ocorre na região entre a epífise e a diáfise 
o Diafisária: quando ocorre na região do central do osso (pode ser proximal, medial ou distal) 
- Classificação quanto à solução de continuidade da pele: 
 Exposta (Aberta): quando a fratura promove exposição exterior do osso 
- Tipo I: em casos de perfuração pequena da pele 
- Tipo II: em casos de laceração maior, porém sem perda da pele 
- Tipo III: em casos onde há perda de pele ou tecido mole adjacente 
Cuidados: em feridas expostas, verificar se há contaminação ou presença de corpos 
estranhos, que podem resultar em fístulas e contribuir para uma inflamação interna. 
 Não Expostas (Fechada): quando a fratura não possui contato com o meio exterior 
- Apresenta alteração da angulaçãoanatômica normal (pela palpação) sem contato 
com o meio externo 
Cuidados: evitar que se torne uma fratura exposta e realizar imobilização de uma 
articulação anterior e uma posterior (técnicas: bandagem, torção do membro por 
equipamentos, evitar movimentação de bovinos, colocando-os em baia) 
- Classificação quanto ao tipo de fratura: 
 Incompleta: quando não há perda do contato total entre fragmentos do osso (torus, 
galho verde, fissuras) 
 Completa: quando a separação dos fragmentos é visível 
- Classificação quanto à direção da fratura: 
 Transversal: fratura forma uma solução de continuidade em linha reta 
 Oblíqua: fratura forma uma solução de continuidade diagonal (maior probabilidade de se tornar exposta, 
por possuir duas pontas cortantes) 
 Espiral: fratura que na projeção óssea, faz com que o osso pareça que contornou sobre si mesmo 
 Cominutiva Múltipla: fratura que resulta em 4 ou mais fragmentos 
 Cominutiva Segmentar ou Tipo Borboleta: fratura que resulta em 3 fragmentos 
 Avulsão: porção do osso perde contato anatômico normal 
 Impactada: devido o aumento da pressão, osso é comprimido 
(aparenta que “entrou em si mesmo”) 
 Torus (com deformidade): fratura que promove várias micro-
fraturas, formando um calo ósseo 
 Galho Verde : fratura incompleta do osso 
 
 
- Classificação quanto à estabilidade das fraturas: 
 Estável: quando é feita a redução manual (colocação do osso no lugar anatômico) e osso permanece 
 Instável: quando é feita a redução manual e osso não permanece (maior chance de ocorrer exposição) 
 
SINAIS CLÍNICOS 
- Dor localizada, deformidade ou mudança do ângulo anatômico 
- Mobilidade anormal (claudicação, perda de função do membro), edema 
local (inflamação dos tecidos moles adjacentes), crepitação (quando as 
espículas ósseas formadas se atritam) 
- Equinos: quando possuem fratura de úmero e escápula, arrastam a 
“pinça” (perda de função do membro faz com que a pata fique levantada, 
e somente a pinça do casco encoste-se ao solo) 
- Padrão respiratório alterado em casos de fratura de costelas 
- Perda de função de cauda e do esfíncter anal em fraturas de cauda 
 
DIAGNÓSTICO 
- Avaliar o estado geral do animal, juntamente com avaliação semiológica do membro acometido (palpação da 
região proximal para a distal) 
- Determinar o acometimento de tecidos e/ou órgãos adjacentes (comprometendo os pulmões, tórax, vísceras, 
tendões e articulações) 
- Verificar a extensão da lesão e presença de outras fraturas em partes do corpo 
- Radiografia: quando há a suspeita de fratura, deve ser realizada em duas a três projeções 
- Prognóstico: reservado (dependendo da extensão e tipo de fratura, e se há exposição óssea) 
 
TRATAMENTO 
- Alguns fatores podem influenciar na união dos ossos durante o tratamento, como: 
 peso do animal (animais com mais de 150 kg têm maior dificuldade de união óssea) 
 idade (animais de até 1 ano possuem melhor prognóstico, pelo osso ainda estar em formação) 
 localização e tipo de fratura (fraturas na linha fisária podem prejudicar o crescimento do osso) 
 infecção ou alterações circulatórias locais (hemorragia, necrose) 
 tempo de evolução (quanto maior o tempo, mais problemas a fratura poderá causar) 
- Basicamente, existem três tipos de tratamento utilizados para as fraturas: 
1. Imobilização: utilizado em animais jovens com pouco peso, consiste na diminuição 
da movimentação e atividade do osso, através do uso equipamentos ortopédicos 
(talas, gessos, tala de Thomas) em uma articulação distal até outra proximal da 
fratura, que juntamente com um acolchoamento adequado (algodão hidrofóbico) 
permitem a imobilização do membro lesionado. Não abrange métodos cirúrgicos. 
2. Fixação Interna: consiste na utilização de equipamentos (placas, parafusos, 
cerclagem, pinos intramedulares) colocados internamente mediante cirurgia, que 
visam à estabilização do membro fraturado. 
3. Fixação Externa: trata-se da inserção cirúrgica de equipamentos que ocupam tanto o 
meio interno quanto o meio exterior, que aplicam maior força para a união óssea (Kirschner, Ilizarov). 
- Pós-operatório e pós-anestésico: pode-se utilizar de equipamentos que evitam a queda brusca do animal, e que 
evitam uma maior compressão do osso restaurado pelo peso do animal. Uma 
adequada imobilização pós-cirúrgica do osso, a realização de curativos e a 
prevenção de possíveis infecções é vital para o remodelamento ósseo. 
 
FRATURAS MAIS COMUNS NA CLÍNICA CIRÚRGICA 
FRATURA DE OSSO NAVICULAR 
- Quando ocorre fratura no osso sesamóide distal (osso navicular), o 
animal cursa com claudicação 
- Normalmente, as fraturas mais comuns são do tipo por avulsão ou 
cominutivas (mais de dois fragmentos) 
 
FRATURA DA FALANGE DISTAL 
- As fraturas da falange distal do processo palmar são divididas de acordo com o acometimento: 
 Tipo I: quando não atingem articulação e são oblíquas (diagonais) 
 Tipo II: quando atingem a articulação e são oblíquas 
 Tipo III: quando atingem a articulação e são sagitais (dividem a 
falange em duas metades iguais) 
 Tipo IV: quando atingem a articulação e envolvem o processo 
extensor (local de encaixe da falange) 
 Tipo V: quando são fraturas cominutivas, podendo ou não atingir 
a articulação 
 Tipo VI: quando atingem somente a margem solear e não 
atingem a articulação 
 Tipo VII: quando atingem próximo ao processo palmar e não 
atingem a articulação 
 
FRATURA DE MANDÍBULA 
- Principal histórico é de coice em brigas ou em animais que realizam aerofagia e recebem coice 
- Localizadas em região contaminada (tratamento e profilaxia antibacteriana) 
- Tratamento: cerclagem da região atingida (pode-se utilizar equipo ou resina de acrílico para 
firmar a tensão) 
 
FRATURA DE FÍBULA 
- Osso que coexiste ao lado da tíbia, possuindo espessura reduzida 
 
FRATURA DE METACARPO/METATARSO 
- Ossos da articulação metacarpial ou metatarsal 
 
 
LUXAÇÃO, SUBLUXAÇÃO E ENTORSE 
Em históricos de lesões nos quais o animal apresenta dificuldade de se manter em pé, é sempre interessante manter 
entre um dos diagnósticos diferenciais: fraturas, intoxicação, problemas metabólicos, doenças podais e problemas 
articulares como luxação, subluxação e entorse. 
 
DEFINIÇÕES 
Entorse : perda momentânea e repentina do eixo anatômico e estrutural de uma articulação, mas sem que as superfícies 
articulares sejam deslocadas permanentemente. Porém, pode prejudicar os tecidos adjacentes (ligamento, tendão, 
cápsula articular, musculatura, pele) ou estar associada com uma fratura. 
Subluxação: perda parcial da relação das faces articulares (necessário realizar várias projeções radiográficas). 
Luxação: perda total da relação anatômica e estrutural das superfícies articulares. 
 
ENTORSE 
- Discreta: quando não há lesão total do ligamento (somente algumas fibras se rompem ou sofrem estiramento), tendo 
hemorragia intraligamentosa, leve inflamação e exsudato, com a integridade mantida. 
 sinais clínicos: inflamação, podendo ou não apresentar claudicação 
- Moderada: quando ocorre lesão significativa das fibras do ligamento (separação de uma pequena porção do 
ligamento ou até uma avulsão completa), hemorragia proeminente, pequena perda de função dos membros. 
 sinais clínicos: claudicação grave, em casos crônicos (quando não tratado corretamente), há um espessamento 
da cápsula articular e instabilidade da articulação 
- Diagnóstico: 
 palpação (instabilidade articular) 
 ultrassonografia, termografia 
- Tratamento: 
 Discreto: fisioterapia para fortalecer a articulação (a frio, hidroterapia), anti-inflamatório (fenilbutazona), 
bandagem (estabiliza a articulação, porém se por muito tempo, pode causar instabilidade do tendão), repouso 
 Moderado: imobilização da cicatrização (tala, gesso, retorno gradual às atividades) 
 
LUXAÇÃO E SUBLUXAÇÃO 
- Etiologia: 
 microtraumatismos (comum em equinos que realizam cavalgada 
inapropriada) traumas (mais comum): cicatrização torna-se lenta, por ser uma região de 
alta movimentação, retardando o reparo dos ligamentos (fibrose excessiva, 
instabilidade articular crônica, recidivas) 
 fadiga muscular (animais parados que são submetidos a exercício intenso) 
 animais mal condicionados, trabalho forçado, enfermidades articulares 
- Sinais Clínicos : 
o claudicação do membro acometido, edema inflamatório (sinal de Godet positivo), dor (indicada pela inspeção, 
movimentação do animal ou pelos movimentos de adução e abdução, onde o animal retira o membro, para 
defender o membro da dor exercida) 
o instabilidade articular (quando o membro está balançando por perda de contato articular) 
o deformidade angular (membro fora do eixo de angulação anatômica natural) 
o casos crônicos podem promover atrofia muscular, por definhamento do membro (por desuso) 
- Diagnóstico: 
 palpação da articulação (instabilidade articular) 
 ultrassonografia (avaliação dos tecidos adjacentes, presença de edema e hemorragia articular) 
Animal com entorse moderado, quando parado permanece com membro em 
posição anatômica normal. Porém, ao andar apresenta luxação ou subluxação 
Luxação Subluxação 
 radiografia (diferenciar luxação de subluxação e entorse, além de indicar se há fraturas) 
 ressonância magnética, cintilografia, termografia 
Escapuloumeral: luxação/subluxação rara de acontecer pela vasta presença da musculatura (geralmente por traumas) 
 região do cotovelo e do carpo permanecem semi-flexionadas 
Umerorradial: luxação/subluxação que ocorre na região do cotovelo dos animais 
 geralmente associada com fratura do olecrano (comum de ocorrer em animais de jogos de pólo) 
Cárpica: luxação/sublxação dos ossos do carpo 
 associada com ruptura dos ligamentos colateral lateral e medial, com alteração do suprimento vascular 
Metacarpofalangeana: luxação/subluxação da articulação do boleto 
 associada com ruptura dos ligamentos colateral lateral e medial, com ruptura dos tendões, que pressiona o 
boleto no chão, resultando em abertura da articulação e até mesmo fratura 
Interfalangeana: luxação/subluxação da articulação da quartela 
 principalmente por subluxação dorsal 
Társica: luxação/subluxação da articulação tarsocrural (mais grave, por deslocamento distal da tíbia) 
 difícil ou impossível de realizar a redução óssea, podendo promover osteoartrite 
Coxofemoral: luxação/subluxação da articulação coxofemoral 
 histórico de baia que não é limpa, onde o animal pode vir a cair (hiperextensão violenta), podendo estar 
acompanhada à fixação dorsal de patela (muitas vezes, a redução não é bem-sucedida) 
 claudicação grave (fêmur fora do acetábulo), podendo sentir a crepitação (fêmur passando sobre o íleo) 
 margem acetabular fraturada também é de difícil redução 
 casos crônicos, o acetábulo se preenche com tecido de granulação, evitando a redução 
 pode se desfazer em alguns dias (redução natural da articulação) 
 tala de Ehmer: enfaixar o membro do animal, com ele flexionado (melhora o contato da cabeça do fêmur ao 
acetábulo, diminuindo também as lesões dos tecidos adjacentes) 
- Tratamento: 
 redução (reposição da articulação no local anatômico de origem) – pode ser de maneira aberta (cirúrgica com 
prensa da cápsula articular) ou fechada, sendo que quanto mais precoce melhor 
 repouso, anti-inflamatório (fenilbutazona), imobilização da articulação (gessos, talas, tala de Ehmer) 
 artrodese (retirada da articulação para que ocorra união óssea) – colocar após o procedimento o animal em 
espaço reduzido, retirar a causa, realizar correção nutricional e manter em repouso 
 sutura do ligamento (tornar a articulação mais estável) 
 cirurgias: muitas vezes sem sucesso, pelo pós-operatório complicado (peso do animal e falta de repouso) 
 
DESLOCAMENTO (FIXAÇÃO) DORSAL DA PATELA 
- Desordem que prejudica a função da articulação femuro-tibio-patelar (mais comum em equinos) 
- Etiologia: 
 ocorre quando o ligamento patelar medial prende-se ao côndilo medial do fêmur, 
fazendo com que o animal não consiga movimentar o membro posterior, permanecendo 
com a pata esticada e travada, impossibilitando a flexão normal do membro (pode ser de 
forma temporária ou permanente) 
 fatores predisponentes: nutrição (dieta pobre pode afrouxar os ligamentos), topografia 
acidentada (contribui para mais alavanques do membro), traumas, fator hereditário 
 bovinos: vacas de leite próximas ao estro ou no final da gestação, devido a alta produção 
de estrógeno, este torna os ligamentos mais frouxos, predispondo a uma instabilidade 
articular e deslocamento patelar 
 muitas vezes, com o próprio peso do animal ocorre o retorno 
 equinos: em animais com maior angulação do membro pélvico (entre 145º, onde o 
normal é de 133 a 135º), pode ocorrer uma flacidez no ligamento patelar medial, contribuindo para o 
deslocamento da patela 
- Sinais Clínicos : 
o hiperextensão da soldra (articulação que se localiza a patela) e do jarrete (articulação 
atrás do joelho) 
o flexão do boleto ao trote e ao andar, arrastando a pinça ao caminhar e não consegue 
flexionar o membro 
o apresenta um estalo característico ao movimentar a articulação 
- Tratamento: 
 aplicar iodo 2% (de 1 a 6 mL) em 6 pontos do ligamento patelar medial, pois promove 
aumento do tônus do ligamento, fibrose e estabilidade articular 
 bovinos e equinos (mais indicado): desmotomia patelar medial (consiste no corte do 
ligamento) 
 se o paciente for menor de 2 anos, deve-se deixa-lo solto à pasto para que adquira 
fortalecimento da musculatura e dos ligamentos, para depois se realizar um tratamento 
 
ARTRITES 
Consiste na inflamação dos anexos articulares, tendo como classificação as assépticas e as sépticas. 
 Artrite Séptica: inflamação articular devido uma infecção (punção de líquido sinovial é um dos fatores mais 
comuns de se causar esta artrite, logo se deve fazer antissepsia correta) 
- etiologias: via hematógena (onfaloflebite), trauma externo (ferida), iatrogênio (não realização de antissepsia) 
 Artrite Asséptica: inflamação articular sem a associação bacteriana 
- etiologias: traumas, instabilidade articular, doenças genéticas e nutricionais, fatores endócrinos 
 
ARTRITE ASSÉPTICA 
OSTEOCONDROSE 
Lesão ortopédica que acomete a ossificação do crescimento (ossificação endocondral), que acarreta uma artrite séptica. 
A ossificação endocondral ocorre primeiramente em forma de cartilagem, e que através da mineralização e 
crescimento de vasos sanguíneos, torna-se um tecido ósseo. Existem dois tipos comuns 
de osteocondrose: 
Osteocondrite Dissecante: 
 ocorre quando há a formação inadequada da cartilagem, fazendo com que 
pequenos fragmentos desta se desestabilizem da matriz cartilaginosa, e invada o 
espaço articular (“flaps” cartilaginosos na radiografia), estimulando uma reação 
inflamatória e dor local 
 conforme decorre a inflamação, ocorre a formação do tecido de granulação e 
fibrose, até que se forme uma fibrocartilagem, que proporciona lesões recorrentes 
da articulação com recidivas de artrite 
Lesões Císticas Subcondrais: 
 são áreas de cartilagem do osso que sofreu degeneração, porém que persistiram e não 
sofreram remodelamento ósseo, fazendo com que promova uma inflamação, gerando 
instabilidade e dor da articulação 
- Etiologia: 
 multifatorial (alimentação, degeneração, má-formação, genético) 
Fatores Nutricionais: 
 ganho de massa muscular mais rápido que a formação do sistema osteoarticular 
 dieta rica em carboidratos (insulina em alta concentração inibe a proliferação dos condrócitos) 
 baixo consumo de proteínas (diminui a formação da matriz óssea) 
 excesso de cálcio (alfafa possui oxalato de cálcio) que interfere na absorção de cobre, zinco e manganês 
 excesso de fósforo: diminui a absorção de cálcio, deixando poros nos ossos 
Fatores Endócrinos: 
 alguns hormônios (T4, PTH, calcitonina,estrógeno, testosterona, insulina) interferem na proliferação dos 
condrócitos e síntese de proteoglicanos, comprometendo a proliferação óssea 
Traumas: 
 treinamento precoce promove desde cedo impactos, que resultam em lesões dos capilares ósseos, progredindo 
para uma isquemia e degeneração, bem como deformidade dos membros 
- Sinais Clínicos : 
o claudicação após o treino por forçar a articulação (comum em animais jovens, por estarem na fase de 
crescimento) que melhora após um período de repouso 
o aumento de temperatura local 
o efusão articular em casos de sinovite secundária (inflamação da cápsula articular) 
- Diagnóstico: 
 sinais clínicos (claudicação pós-treino) e histórico (animais jovens) 
 radiografia (duas projeções – observa-se cistos e “flaps” cartilaginosos) 
 ultrassonografia, termografia, tomografia, ressonância magnética 
 biomarcador (como a osteocalcina): indicam a taxa de perda óssea 
 artroscopia 
- Tratamento: 
Conservativo: quando não há flaps cartilaginosos 
 AINEs (fenilbutazona, meloxicam), corticosteroides e condroprotetores – usados quando não há flaps 
 hialuronato de sódio (mantém a viscoelasticidade e lubrificação da articulação) 
 glicosaminoglicano polissulfatado (inibe as enzimas associadas à degradação da cartilagem articular) 
 polissulfato de pentose (estimula a síntese de proteoglicanos e ácido hialurônico do líquido sinovial) 
 glucosamina e sulfato de condroitina (inibe as enzimas associas à degradação da cartilagem articular, melhora 
a viscosidade do fluido sinovial e aumenta a concentração de ácido hialurônico) 
 manejo nutricional (manter o equilíbrio de cálcio e fósforo no organismo do animal) e repouso 
Cirúrgico: quando o animal não responde ao tratamento conservativo, ou quando há fragmentos soltos na 
articulação (“flaps”) 
 artrotomia: incisão para expor a articulação e remover os flaps (devido a movimentação constante, pode haver 
deiscência de pontos, seromas e ter um pós-operatório complicado) 
 artroscopia: avaliação da articulação por vídeo, com menor trauma cirúrgico por não expor a articulação, e 
com recuperação mais rápida 
 curetagem cirúrgica: feita por artrotomia ou artroscopia, quando há cistos ou flaps, podendo se associar com o 
uso de condroprotetores 
 pós-operatório: imobilizar membro por 7 a 10 dias, e AINEs, antibióticos, condroprotetores e repouso 
 
ARTRITE SÉPTICA 
- Etiologia: 
 via hematógena: neonatos (parto em local inadequado ou não ingestão de colostro), septicemias (pneumonia, 
enterites, onfaloflebites) 
 trauma externo: feridas por penetração direta com destruição tecidual, expondo a articulação (pode estar 
associada com osteomielite) 
 infecção iatrogênica: aplicação de medicamentos intra-articulares, artrotomias e artroscopias sem antissepsia 
- Sinais Clínicos : 
o claudicação aguda (leve a severa), efusão sinovial, edema, aumento de temperatura (local ou sistêmica) 
o poliatrite, dor a palpação e flexão, apatia (potros não ingerem o leite), espessamento da cápsula articular 
- Diagnóstico: 
 histórico do animal (sepse, traumas, aplicação ou métodos articulares) e exame físico 
 radiografia 
 análise do líquido sinovial: mucina (proteína que confere a viscosidade do líquido) sofre coagulação, alta 
concentração de proteínas (inflamação), contagem de células totais baixa, pH, cultura e antibiograma 
- Tratamento: 
 antibioticoterapia sistêmica: penicilina G potássica + amicacina (mais indicado), ou penicilina + gentamicina, 
ampicilina sódica, cefalosporina, enrofloxacina (não utilizada nos animais jovens, por causar degeneração da 
cartilagem articular) 
 antibioticoterapia intra-articular: fazer a lavagem da articulação e aplicar gentamicina 
- a drenagem e lavagem intra-articular alivia a pressão da articulação, remove substâncias prejudiciais e debris 
celulares – é feita com a agulha e seringa, e se faz a entrada e saída de ringer com lactato ou solução 
fisiológica, ou ainda DMSO na articulação 
 AINEs (fenilbutazona) e condroprotetores 
 plasma para os animais que não ingeriram colostro 
 artrotomia: não é indicada (devido a deiscência de pontos ser comum) 
 perfusão regional de antibiótico: fazer um garrote acima da articulação, e retira-se um volume sanguíneo, para 
que se administre o mesmo volume de antibiótico, para que haja maior tempo de ação do fármaco na região 
(durante 20 minutos) 
 
TENOPATIAS E DESMOPATIAS 
Tenopatias são doenças que atingem os tendões, enquanto as desmopatias são as doenças que atingem os ligamentos. 
 
TENDÕES 
São responsáveis por inserirem os músculos nos ossos. As lesões nos tendões, geralmente, são causadas por traumas 
(hiperextensão ou acidente) que provocam lesões micro ou macroscópicas, resultando em ruptura total ou parcial. Os 
tendões digitais são um dos mais comuns de apresentarem rupturas. São eles: 
 Tendão Extensor Digital Comum 
 Tendão Flexor Digital Superficial 
 Tendão Flexor Digital Profundo 
Os traumas são as etiologias mais comuns para a ruptura de tendões (incisão, secção, 
estiramento). 
 
Ruptura do Tendão Extensor Digital Comum: 
- Quando este tendão sofre uma lesão, o membro acometido irá sofrer uma maior flexão (ação 
extensora foi prejudicada), fazendo com que o animal fique em posição de emboletamento 
(membro se apoia na articulação do boleto) 
Ruptura do Tendão Flexor Digital Superficial: 
- Quando este tendão sofre uma lesão, o membro acometido perde parcialmente a sua 
capacidade de flexão, fazendo com que a articulação seja rebaixada do seu eixo natural, e 
ainda sobrecarrega o Tendão Flexor Digital Profundo 
Ruptura do Tendão Flexor Digital Profundo: 
- Quando este tendão sofre uma lesão, o membro acometido irá apresentar a pinça do casco 
levantada (este tendão se insere na 3ª falange, logo, quando lesionado, perde a função flexora 
da pinça) 
 
Ruptura do Tendão Flexor Digital Superficial e Profundo: 
- Quando os dois tendões flexores dos dígitos são lesionados, a articulação do boleto será 
totalmente rebaixada 
 
Tratamento: 
 lavar cuidadosamente a ferida (se isso for a causa da ruptura) e fazer a ligadura dos vasos 
em caso de hemorragia adjacente 
 usar talas juntamente com algodão no membro acometido, para promover aproximação e 
cicatrização (tendão não se regenera, mas pela fibrose, faz com que retorne ao lugar 
anatômico normal) 
 repouso de 5 a 6 meses 
 ferrageamento: o uso de ferraduras levanta a angulação do membro, permitindo que haja 
uma menor sobrecarga na articulação e no tendão lesionado (pode-se associar ferradura 
junto com talas) 
 em último caso, pode-se realizar suturas nos tendões 
 
LIGAMENTOS 
Estruturas responsáveis pela união dos ossos e formação das articulações. Os ligamentos colaterais da articulação 
intrafalangeana distal, são os mais comuns de ocorrerem desmopatias, por sofrerem muita tensão devido o apoio e a 
orientação do casco, que possui pouca musculatura que o recobre, sendo mais comum de promover cortes e lacerações. 
- Comum de ocorrerem em cavalos de esporte, devido os saltos realizados 
- Casos crônicos: observa-se a presença de entesófitos (resquício ósseo que surge em tecidos moles), osteoartrite, 
ossificação da cartilagem ungular (cartilagem na lateral da 3ª falange) 
Etiologia: 
 Fatores predisponentes: exercício em superfície irregular (sobrecarga na articulação), casqueamento errôneo 
ou não realizado (quando não há angulação adequada, a 3ª falange tende a rotacionar), deformações angulares 
(varus ou vagus), pressão de exercícios (saltos, paragens, arranques, mudança de direção) 
Sinais Clínicos: 
o tumefação no bordo coronário (diferenciar de laminite, artrite, abscessos) 
o claudicação (quando no começo, é quase imperceptível, notando-se a movimentação da cabeça para cima, para 
aliviar o peso do corpo, e retirada rápida do membro acometido) – em piso duro e círculo (aumenta a pressão 
exercida na articulação)Diagnóstico: 
 histórico (animais de esporte), sinais clínicos (claudicação, tumefação) 
 ultrassonografia (probe na coroa do casco e realizar 4 angulações), ressonância magnética 
 bloqueios perineurais (anestesiar articulações e estimular a caminhada) 
Tratamento: 
 repouso por até 6 meses, juntamente com reabilitação (nos 2 primeiros meses, a 
movimentação deve ser mínima, e nos outros 4 meses, estimular caminhada do animal) 
 imobilização em casos graves 
 medicação intra-articular (ácido hialurônico, corticoides e glicosaminoglicanos) quando houver a associação 
de sinovites ou osteoartrites 
 AINEs (fenilbutazona) 
 terapia por ondas de choque extracorporais 
 plasma rico em plaquetas (inibe fibrose, estimula a angiogênese, estimula mitose, contribuindo para a 
cicatrização) 
 ferração ortopédica: utilizada em casos de assimetria do casco, reduzindo a tensão do ligamento afetado 
(ferradura também é assimétrica) 
DEFORMIDADES FLEXORAS 
ANATOMIA DO MEMBRO 
 Tendão Flexor Digital Superficial (tem origem no músculo flexor digital 
superficial, e se insere na porção distal da falange proximal e na porção 
proximal da falange medial) 
 Tendão Flexor Digital Profundo (tem origem no músculo flexor digital 
profundo, e se insere na falange distal) 
 Ligamento Frenador ou Acessório (auxilia o tendão flexor digital profundo) 
 
DEFORMIDADES FLEXORAS 
- Ocorrem por incapacidade de extensão ou por alteração na flexão do membro, 
podendo ser congênita (decorrente do nascimento, sendo geralmente nas articulações mais altas, como o carpo e 
metacarpofalangeana) ou adquirida (durante o crescimento do animal, ocorrendo geralmente em articulações mais 
baixas, como as interfalangeanas distais e metacarpofalangeanas) 
 
DEFORMIDADES FLEXORAS CONGÊNITAS 
São decorrentes de uma hiperextensão (membro apoia-se com a face palmar ou plantar) ou hiperflexão (membro 
apoia-se com a face dorsal do boleto, devido o encurtamento do tendão) 
- As alterações congênitas, geralmente, serão bilaterais (os dois membros estarão acometidos) ou todos os membros 
estarão acometidos 
- Por serem deformidades flexoras, estão associadas com problemas nos tendões flexores 
- Causas: 
 falhas no desenvolvimento muscular durante a embriogênese 
 acredita-se que fatores genéticos estão envolvidos nesta má-formação 
 teratogenia (má-formação embriológica) por substâncias tóxicas 
 má-formação óssea, promovendo instabilidade articular, resultando uma contração da musculatura 
compensatória 
Deformidade Flexora por Hiperextensão: 
- Diagnóstico: exame físico (inspeção e procurar possíveis diagnósticos 
diferenciais), em animais que apresentam esta alteração desde o nascimento 
 ultrassom e radiografia – não é para diagnóstico da deformidade 
(utilizados para verificar se há alterações associadas, como no tendão e ligamentos, fraturas, artrites, etc.) 
- Tratamento: 
 conservativo: aumento do tônus muscular (contração da musculatura permite a recolocação dos tendões no 
lugar anatômico de origem) – fisioterapia, ferrageamento com prolongamento caudal 
 cirúrgico: tenoplastia (realizado somente em últimos casos, pois o tratamento conservativo apresenta 
resultados satisfatórios na maioria dos casos) 
Deformidade Flexora por Hiperflexão: 
 quando há alteração somente do tendão flexor digital superficial, por este não se ligar a 
falange distal, o animal permanecerá com a região do casco reta e encastelado (haverá 
maior desgaste da pinça e do talão) 
 somente com a alteração do tendão flexor digital profundo, haverá o apoio do membro 
na articulação dorsal do boleto, pois o encurtamento deste tendão leva a um 
deslocamento caudal da terceira falange 
 ligamento suspensor do boleto e ligamento frenador inferior também podem estar envolvidos 
- Diagnóstico: 
 redução manual (tracionar o membro para coloca-lo na posição anatômica normal) 
o apoio com a articulação do boleto, pode 
promover uma artrite (séptica ou asséptica) 
 palpação (verificar a tensão que os tendões estão exercendo) 
 radiografia (realizada para verificar como estão as condições da cápsula articular, ossos e musculatura) 
- Prognóstico: caso seja possível realizar a redução manual, o prognóstico será bom (realizar tratamento conservativo), 
caso não seja possível, indica que o prognóstico é ruim (tratamento cirúrgico) 
- Tratamento: 
 redução espontânea em casos leves (peso do animal coloca no local anatômico) 
 bandagem e talas (cuidado para não promover necrose pela pressão exercida) – não funciona em casos graves 
 ferrageamento corretivo com prolongamento de pinça 
 oxitetraciclina (quela o cálcio livre impedindo que ocorra a contração muscular, permitindo o relaxamento da 
musculatura e dos tendões) – cuidado, pois pode promover comprometimento renal e colite 
 cirúrgico (em casos que não há resposta ao tratamento conservativo): tenotomia (seccionar o tendão 
envolvido) ou desmotomia (seccionar o ligamento eu estiver envolvido) 
 
DEFORMIDADES FLEXORAS ADQUIRIDAS 
Durante o desenvolvimento da vida do animal, alguma alteração promoveu um crescimento ósseo exacerbado que não 
acompanhou o desenvolvimento muscular (predisposição genética, dieta energética em excesso, desequilíbrio 
nutricional, traumas), cursando com dor no membro acometido e impotência locomotora 
Articulação Interfalangeana Distal: 
- envolvimento do tendão flexor distal profundo (liga-se a falange distal), promovendo uma projeção dorsal da região 
da borda coronária do casco, sendo classificada em diferentes graus de acordo com o acometimento: 
 Estágio I 
- Grau I: angulação do casco em relação do solo menor ou igual a 90º, muralha permanece 
quase perpendicular em relação ao solo, discreta elevação do talão, tendão flexor digital 
profundo com tensão aumentada, sem alteração na articulação metacarpofalangeana (boleto) 
- Grau II: muralha permanece totalmente perpendicular em relação ao solo, talão em 
crescimento, pinça desgastada, encastelamento (casco quadrado) 
 Estágio II (Grau III): angulação do casco em relação do solo maior que 90º, projeção cranial 
evidente da muralha, pode haver envolvimento do ligamento suspensor do boleto, com 
crescimento do casco, e envolvimento da articulação metacarpofalangeana ou 
metatarsofalangeana (apoia com o boleto) 
- Diagnóstico: 
 inspeção e histórico (descobrir a causa da deformidade) 
 radiografia e ultrassom (verificar o acometimento dos tecido adjacentes) 
- Tratamento: 
 conservativo: em casos de grau I e II, tratar a causa base (correção da dieta, AINEs para tratamento da dor, 
fisioterapia para fortificação do tendão, uso de ferraduras com prolongamento de pinça, casqueamento 
corretivo, bandagens e talas) 
 cirúrgico (quando o tratamento conservativo é irresponsível): desmotomia ou tenotomia 
- angulação da muralha menor que 90º (grau I): realizar secção do ligamento frenador inferior 
- angulação da muralha maior que 90 º: realizar secção do ligamento frenador inferior ou do tendão flexor 
digital profundo 
- angulação da muralha extrema: realizar secção do tendão flexor digital profundo (prognóstico ruim) 
Metacarpofalangeana ou Metatarsofalangeana 
Normalmente é por envolvimento do tendão flexor digital superficial, podendo estar associado com o tendão flexor 
digital profundo e ligamento suspensor do boleto (estruturas que realizam o suporte do boleto). 
- Percebe-se uma verticalização da quartela, com apoio completo do casco no solo (sem desgaste da pinça e sem 
crescimento do talão), com a presença de emboletamento. 
Por pior que seja a angulação, optar pelo 
conservativo em animais de esporte 
 Grau I: ligeiro desvio cranial da articulação (quartela verticalizada, e boleto mais cranial) 
 Grau II: perpendiculação do eixo (apoia o casco por inteiro no solo) – pode 
haver envolvimento do tendão flexor digital profundo nestes casos 
 Grau III: evidente projeção cranial com tensãoextensor digital lateral 
- Diagnóstico: 
 inspeção 
 radiografia e ultrassom (verificar presença de alterações adjacentes, como artrite, subluxação, traumas) 
- Tratamento: 
 conservativo: analgésicos (controle da dor), restringir exercícios, correção de possíveis desequilíbrios 
nutricionais, casqueamento e ferrageamento (promover elevação do talão) 
 cirúrgico: associar com o tratamento conservativo 
- grau I: desmotomia do ligamento frenador inferior ou tenotomia do tendão flexor digital superficial 
- grau II: desmotomia do ligamento frenador inferior e tenotomia do tendão flexor digital superficial 
- grau III: desmotomia do ligamento frenador inferior e superior, ou tenotomia do tendão flexor digital 
superficial 
 
DEFORMIDADES ANGULARES 
As deformidades angulares são causadas por o desvio do eixo vertical dos membros, 
devido forças compressivas desequilibradas, que quando aumentadas, inibem a 
atividade e crescimento do membro, e quando diminuídas aumentam a atividade e 
crescimento. Os fatores que predispõe estas deformidades podem ser perinatais (antes 
do nascimento, que não demandam uma correção cirúrgica) ou no desenvolvimento 
(após o nascimento, que demandam uma correção cirúrgica). 
o Desvio Varus: articulação posicionada medialmente enquanto a parte distal 
encontra-se desviada lateralmente 
o Desvio Valgus: articulação posicionada lateralmente enquanto a parte distal 
encontra-se desviada medialmente 
- Diagnóstico: 
 inspeção: observar o animal parado em estação e em movimento 
 radiografia: realizado a partir da identificação do desvio pela inspeção 
- realizar um traço no osso proximal na linha média até a região cortical do osso distal, e outro 
traço no osso distal na linha média até a região cortical do osso proximal 
- a partir do cruzamento destas duas linhas, será formado um ângulo, que deverá ser calculado 
- achar o ponto de cruzamento das duas linhas (ponto pivô), que será o local que está 
ocorrendo à compressão que promove a deformidade da angulação 
Grau de angulação: 
 de 0 a 2 graus: desvio discreto 
 de 2 a 4 graus: desvio moderado 
 de 4 a 8 graus: desvio grave 
 mais que 8 graus: desvio severo 
Exemplos de eixo pivô e local de compressão: 
 
 
 
 
 
 
Crescimento assincrônico 
da metáfise distal do rádio 
Deformação em forma 
de cunha da epífise 
Deformação em forma de 
cunha do osso do carpo 
Desenvolvimento incompleto 
do osso do metacarpo 
- Tratamento conservativo: 
 casqueamento (eficaz em potros novos e em alterações sem distúrbios de 
ossificação), com restrição dos movimentos e biometria do casco 
 ferrageamento com extensores do casco (em desvio valgus, prolongamento mais 
medial, e em desvio varus, prolongamento mais lateral) – no máximo até 2 
semanas, para não prejudicar o crescimento do casco 
 talas (diminuem a força de compressão da articulação) 
 fisioterapia (descomprimir o lado que está recebendo maior compressão) 
- Tratamento cirúrgico: 
 acelerar o crescimento: transecção e elevação do periósteo (incisão em “T” 
invertido no periósteo, para possibilitar o crescimento nesta região, deixando o 
periósteo sem suturar) – se em até 2 meses o animal não desfizer a deformidade, 
refazer o procedimento ou realizar uma nova técnica 
- cuidado: pode promover infecção na bainha do tendão (ao refazer diversas 
vezes a cirurgia) 
 inibir o crescimento: placa, parafuso, 
ponte transfisária, ondas de choque 
- após a correção do desvio, deve-se retirar 
o material utilizado 
 
 
 
 
 
PODOLOGIA EQUINA 
ANATOMIA DO CASCO EQUINO 
 Coroa do casco: encontro entre a pele e o estojo córneo do casco, onde 
ocorre o crescimento do casco, onde há intensa vascularização 
 Muralha ou parede do casco: porção da extensão do estojo córneo 
- Pinça: ponta cranial da muralha 
- Quartos: partes laterais da muralha 
- Talões: parte caudal da muralha 
 Sola do casco: presente na região palmar ou plantar do casco, onde se apoia ao solo 
- Ranilha: estrutura em forma de cunha que auxilia na locomoção 
- Linha Branca: local da união entre a muralha à sola do casco, também delimitando o local de inserção da 
terceira falange ao estojo córneo, e onde se encontrará as lâminas do casco 
 Lâminas do casco: recobrem a terceira falange e o estojo córneo, e se entrelaçam entre 
si, fornecendo um suporte estrutural entre as estruturas do casco 
 
LAMINITE 
Também denominada de pododermatite asséptica difusa, é a inflamação, degeneração e necrose das lâminas dérmicas 
do casco e da falange, sem a presença de uma infecção. Ocorre em doenças que cursam com alteração vascular 
periférica (inflamação diminui a perfusão dos capilares), promovendo intensa dor ao animal. 
- Consequência: rotação da terceira falange (quando a falange se solta do casco, o tendão flexor digital profundo 
realiza a rotação desta estrutura), afundamento do casco, perda do estojo córneo 
- Etiopatogenia: 
 cólica: além de diminuir a perfusão periférica, a cólica por sobrecarga de grãos ou por estrangulamento de 
alça, faz com que as bactérias intestinais (principalmente as gram-positivas) alteram o p local, e produzem 
toxinas em excesso, que ao cair na circulação, atinge os capilares periféricos, atingindo o casco e diminuindo a 
sua perfusão 
 retenção de placenta: promove proliferação de microrganismos, que produzem toxinas 
 exercício exacerbado: falha na oxigenação local 
 medicamentos (iatrogênico): como corticoides, que em alta dose e frequência, potencializa a vasoconstrição e 
promove a formação de microtrombos 
- Fisiopatologia: 
 microvascularização normal do casco: sangue chega pelas arteríolas, que se ramificam em capilares, 
promovendo a irrigação sanguínea do casco, que retorna pelas vênulas. Porém, nos cascos existem diversas 
anastomoses arteriovenosas (“shunts”), que são comunicações entre as arteríolas e as vênulas, que em situação 
normal, permanecem colapsadas, permitindo que ocorra a passagem do sangue pelos capilares. As funções dos 
shunts é impedir a formação de edema na região do casco, pois isto comprometeria a anatomia do mesmo 
 microvascularização anormal do casco: em casos de aumento da resistência periférica (vasoconstrição de 
veias por alguma alteração), faz com que haja um aumento da pressão do sangue nos capilares, fazendo com 
que haja a formação de edema. Este movimento de líquido para o interstício permite que haja um aumento de 
pressão no tecido, favorecendo a abertura dos shunts, reduzindo a pressão sanguínea. Todavia, isto faz com 
que haja uma redução da vascularização periférica do casco. Em casos de não resolução, a pressão tecidual 
aumenta mais, fazendo com que haja perda da interface das lâminas (as lâminas que estavam interligadas 
começam a se soltar uma da outra), separando a parte viva do casco da terceira falange, com acúmulo de 
sangue e edema, permitindo a rotação da falange. 
- Ao palpar a região da coroa do casco, percebe-
se o afundamento do dígito, indicando um 
afundamento da falange 
Linhas do casco: quando se apresentam irregulares, indica 
processo inflamatório, estresse ou déficit nutricional 
- Sinais Clínicos: 
 claudicação: classificada de acordo com o grau de intensidade (grau de Obel) 
- grau I: alterna o apoio em curtos intervalos, sem claudicação evidente ao passo (pode perceber ao trote) 
- grau II: passo mais encurtado, sendo possível erguer seu membro facilmente 
- grau III: move-se relutante, resiste ao tentar se erguer o membro 
- grau IV: fica maior tempo deitado, movendo somente quando forçado (quando em estação, muda os 
membros de apoio, passando todo o peso para os posteriores) 
 acima deste grau, animal raramente fica em pé 
 laminite aguda: claudicação, depressão, anorexia, relutância em movimentar-se 
(“pisar em ovos”), dorso arqueado (joga o peso para os membros posteriores), dor 
intensa, decúbito, aumento do pulso da artéria digital palmar, depressão nabase 
coronária (afundamento da falange), exsudato, separação da muralha da falange, sola 
abaulada ou perfurada, aumento de temperatura local, halo toxêmico (mucosa ao redor 
dos dentes apresentam-se cianóticas, indicando diminuição da perfusão periférica) 
 laminite crônica: claudicação moderada a severa, conformação anormal (perda do paralelismo da falange em 
relação a muralha do casco), doença da linha branca (desvitalização da linha branca, 
permitindo a entrada de sujidades no espaço entre a muralha e a falange) 
- Diagnóstico: 
 radiologia: permite avaliar a presença de rotação ou afundamento de falange 
- podogoniômetro: aparelho que permite avaliar o grau de rotação que a falange sofreu 
 avaliação da dor: pinça de casco faz a pressão da região da sola 
 termografia: permite identificar a presença de inflamação local 
 venografia: aplicação de contraste para verificar a circulação do casco 
- Tratamento: sempre será emergencial, objetivando-se o controle ou interrupção da rotação ou afundamento da 
falange distal (caso haja rotação e afundamento de falange, não há como corrigir) 
o AINEs: tratamento da dor e da inflamação local da laminite 
- fenilbutazona (fármaco de escolha – por poder promover gastrite no animal, recomenda-se ir diminuindo a 
dose gradativamente, até atingir a menor dose), 
flunixim meglumine (pode se associar com a fenilbutazona, sendo utilizado em doses anti-toxêmicas para 
tratar e prevenir a laminite), cetoprofeno, DMSO (remove também os radicais livres) 
o correção das alterações sanguíneas: reverter a venoconstrição e formação de trombos 
- anticoagulantes: heparina, aspirina 
- vasodilatadores: acepromazina (pode promover priapismo nos machos), isoxsuprine, pentoxifilina 
- crioterapia: uso de gelo, que funciona como um anti-inflamatório (mais utilizado para prevenção, que 
diminui a chegada de toxinas circulantes) – até 40 minutos 
o manejo: cama alta (impede atrito com o solo), piso de areia, uso de palmilhas e ferraduras ortopédicas 
o melhorar conformação do casco: retirar ferradura para avaliação do casco e realizar um casqueamento para 
melhorar a biometria deste casco 
- desmotomia do ligamento frenador inferior ou tenotomia do tendão flexor digital profundo (impedir a 
progressão da rotação da falange) 
- ferradura corretiva: impede que ocorra o afundamento da falange na região da sola 
o diminuir a pressão sobre o casco (causada pelo exsudato formado): ressecção de uma porção da muralha do 
casco (permite a expansão, diminuindo a pressão interna), janela (pequenas perfurações da muralha, que 
aliviam a pressão, pela saída do líquido intersticial – não deixar aberto, para não promover uma infecção, 
podendo utilizar ataduras juntamente) 
o impedir a progressão da rotação e do afundamento da falange (quanto pior o quadro, pior o prognóstico) 
 
 
Membros anteriores dos equinos: recebem maior peso, por 
realizarem a sustentação da cabeça e musculatura do tronco 
Sola do casco deve ter formato cônvavo normalmente 
Sola do casco possui mais água do que a muralha. Logo, esta 
estrutura deve permanecer côncava, para evitar atrito ao solo. 
FERIDAS PENETRANTES 
Feridas produzidas por objetos pontiagudos (pregos, capim, pedras, agulhas), ocorrendo na 
sola, ranilha ou ainda na linha branca. 
- Sinais clínicos: animal apresentará claudicação 
 quando este corpo estranho atinge a terceira falange ou o osso sesamóide, 
possibilita um caminho para infecção 
- Diagnóstico: durante o exame clínico (inspeção) ou por radiologia (saber extensão da penetração) 
- Tratamento: realizar a lavagem da sola e da ferida, promover o adelgaçamento da sola (aliviar a pressão), drenagem 
do pus local e aplicar soluções antissépticas (clorexidine, PVPI) e curetagem da ferida e colocar um penso com atadura 
(evitar deixar aberta a ferida, colocando ataduras) 
 
PODRIDÃO DE RANILHA 
Causada por infecção bacteriana, com apresentação de material necrótico nos 
sulcos da ranilha, e odor pútrido. Ocorre geralmente em animais que permanecem 
em solo com umidade excessiva (lama em piquete), falta de higiene e falta de 
manejo de casqueamento. 
- Tratamento: remover os tecidos necrosados da ranilha para realizar o 
casqueamento do casco, e finalizar com a limpeza com solução antisséptica e 
bandagem, e promover um manejo preventivo (casqueamento e corrigir umidade) 
 
PODODERMATITE HIPERTRÓFICA 
Caracterizada por um crescimento progressivo e presença de secreção úmida da ranilha e nas 
estruturas adjacentes, por ação de bactérias que atuam na camada germinativa da ranilha 
(local de origem do crescimento da ranilha), promovendo uma inflamação local, dor e 
claudicação. 
- Tratamento: limpar e secar o casco, debridamento do tecido hipertrófico seguida de lavagem 
com solução antisséptica e bandagem, com aplicação tópica de antibióticos 
 antibióticos: sulfas e tetraciclinas (em pó), penicilina (somente sistêmico, pois quando 
em pó não sofre metabolização, não possuindo ação antibiótica) 
 não utilizar substâncias cáusticas, por ser um anexo cutâneo (sulfato de cobre, 
formalina, por exemplo) 
 
RACHADURA DE CASCO 
Perda do contato da muralha, por rachadura, sendo classificada de acordo com a localização e origem: 
 localização: pinça, quartos e talões ou nas barras (local de encontro entre a ranilha e a sola) 
 origem: banda coronária (de cima para baixo) ou da superfície de contato com o chão (de 
baixo para cima) 
 extensão: completa (não há como identificar a origem) ou incompleta 
 profundidade: superficial (somente na região do casco) ou profunda (quando chega nas 
lâminas do casco, observando sangramento) 
 gravidade: simples ou complicada 
- Tratamento: ferrageamento corretivo, casqueamento, utilização de grampos, cerclagem ou placas e 
parafusos no casco para união do mesmo, com uso de protetores (resina acrílica, Epoxy, Scoth Cast) 
 retirar a porção da muralha onde está a linha de rachadura, para após unir a rachadura (se a linha da rachadura 
persistir, só irá progredir a rachadura) e deixar o método de união (cerclagem é o mais utilizado), até que 
ocorra o crescimento deste casco 
 em casos em que se atinge a borda coronária do casco, o crescimento é prejudicado 
PODOLOGIA BOVINA 
O grande problema das doenças digitais em bovinos é o custo. Problemas podais que são desviados para o descarte, há 
o gasto para a reposição dos animais. Em casos de cuidados veterinários e medicamentos, e em mudanças de manejo, 
há os gastos neste tratamento. Estes animais também apresentarão queda na ingestão de alimentos e inclusive na 
produção e reprodução dos animais deste lote. 
 
ANATOMIA DO CASCO BOVINO 
- Os bovinos, por serem animais biungulados, a partir da região do metacarpo, possuirão os 
mesmos tendões dos equinos, porém estes tendões serão duplos 
(um para cada dígito) 
 Parede do casco 
- Parede Axial (paredes entre os dois dígitos) 
- Parede Abaxial (paredes para fora do casco) 
- Pinça do casco 
- Talão do casco (local onde há os bulbos) 
 Borda Coronária 
 Comissura Interdigital (início da divisão dos dígitos) 
 Sola do casco 
 Lâminas do casco: assim como nos equinos, estão presentes na parede da falange e do casco 
 
APRUMO 
Os equinos possuem maior sobrecarga nos dígitos posteriores. Nos bovinos de leite, a 
sobrecarga está nos dígitos anteriores. Os dígitos anteriores dos bovinos que possui maior 
sobrecarga são os mediais. Os dígitos posteriores que sofrem maior apoio são os dígitos laterais. 
 
- A qualidade do casco dependerá de fatores intrínsecos (nutrição) e fatores extrínsecos (manejo) 
 
EXAME DO SISTEMA LOCOMOTOR 
- Verificar o histórico do animal e também do rebanho (geralmente problemas de rebanho estão ligados ao ambiente) 
- Identificar o escore corporal do animal (problemas podais diminuem a ingestão do animal) 
- Observar na propriedade se o animal está sendo submetido a estresse (calor e falta de higiene) e

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