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UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Discente: Leonardo Cecilio de Oliveira Matrícula: 221090076 Turma: Quinto Período de Direito, semestre 2023.2. Questão 01 (Tópico avaliado: Jurisdição e Sujeitos Processuais/ Texto recomendado: COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Introdução aos princípios gerais do processo penal brasileiro. Disponível em: <https://revistas.ufpr.br/direito/article/download/1892/1587> e LOPES JR. Aury e ROSA, Alexandre Morais da. Quando o juiz trata o Ministério Público como incapaz ou incompetente. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2018-set-14/limite-penal-quando-juiz-trata-mp-incapaz-ou- incompetente>, – Valor 4 pontos. Até 40 linhas). Com base no texto indicado e as discussões de sala de aula, fale sobre a função do Ministério Público frente à função do juiz no processo penal, é possível ter um promotor que é parte e custos legis ao mesmo tempo? O Ministério Público desempenha um papel fundamental no processo penal ao ser responsável pela acusação, retirando, portanto, do juiz as funções de iniciativa e gestão da prova, em outras palavras, a função de acusar propriamente. Essa separação de funções, característica do Sistema Acusatório, assegura um processo no qual há uma clara distinção entre as partes, ou seja, entre a acusação, a defesa e, por fim, o juiz. Desse modo, ao retirar a função acusatória das mãos do juiz, busca-se evitar concentração de funções em uma única figura, no caso, acusação e julgamento, marca o Sistema Inquisitório. A intenção por trás disso é garantir que o juiz, ao julgar o réu, seja capaz de fazê-lo de maneira objetiva, sem estar envolvido diretamente na formulação da acusação. A separação de funções no processo penal (acusatório), dessa forma, visa preservar a imparcialidade do juiz e proteger os direitos fundamentais do réu. Convém ressaltar, no entanto, que o Ministério Público não deve ser exclusivamente associado à acusação e condenação do réu, mas sim reconhecido como uma instituição responsável por proteger a ordem jurídica e os direitos fundamentais. Assim, a partir da perspectiva institucional que enfatiza a ausência de antagonismo entre o Ministério Público e a Defensoria Pública, deve-se considerar que ambas desempenham funções essenciais à justiça que convergem na defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos interesses sociais e individuais indisponíveis, assim como dos direitos humanos, conforme estabelecido nos artigos 127 e 133 da Constituição Federal. Verifica-se, nesse momento, que o Ministério Público tem duas funções distintas, atuando como acusador, nos processos em que é parte e desempenha essa função, e como custos legis, fiscal da lei, em processos que envolvem questões de interesse público, podendo se manifestar mesmo que não figure como parte do processo. O Ministério Público, representado por um Promotor, quando desempenha o papel de parte ao representar interesses no processo penal, o impede de atuar como fiscal da lei ou custos legis simultaneamente, pois essa função demanda, em verdade, imparcialidade. A parcialidade está intimamente ligada à ideia de se ser parte, uma vez que representar interesses implica necessariamente em ser parcial. Ou seja, aquele que representa interesses age em favor daquele que ele representa. Questão 02 (Tópico avaliado: Jurisdição Processual Penal. Texto recomendado: KHALED JR. Salah H. O problema da prevalência do poder na jurisdição penal <http://repositorio.furg.br/bitstream/handle/1/2455/O%20problema%20da%20preval% C3%AAncia%20do%20poder%20na%20jurisdi%C3%A7%C3%A3o%20penal%20rum o%20ao%20estabelecimento%20de%20uma%20jurisdi%C3%A7%C3%A3o%20penal %20como%20poder-dever%20e%20direito%20fundamental.pdf?sequence=1> – Valor 3 pontos. Até 30 linhas). Também com base no texto indicado explique qual a função da jurisdição no campo do Direito Processual Penal. O artigo indicado para leitura discute o problema histórico da prevalência do aspecto de poder na jurisdição penal, enfocando a necessidade de caracterizar essa jurisdição em um Estado Democrático de Direito. Propõe que a jurisdição penal seja vista como um poder-dever de buscar a justiça estatal, realizado por órgãos especializados do Estado. Destaca que, como consequência do princípio da necessidade, trata-se de uma jurisdição cognitiva voltada para compreender a pretensão acusatória e exercer o poder de penar. No entanto, ressalta a importância de transcender a noção de poder-dever, reconhecendo a necessidade de limites e mecanismos de controle para evitar o autoritarismo, enfocando a jurisdição penal como um direito fundamental que inclui o direito a ser julgado por um juiz natural, imparcial e em um prazo razoável. Segundo a argumentação apresentada, a jurisdição penal, vista de maneira integrada, é definida como um instrumento para restringir o poder punitivo. Essa restrição ocorre por meio de uma intervenção que é restrita e seletiva, sendo aplicada em casos específicos em que a intolerância dos conflitos ameaça à paz social e coloca em risco o bem comum. O objetivo central é a redução de danos aos inocentes, buscando a máxima eficácia por meio de um sistema que garanta um conjunto mínimo de direitos e proteções A partir de Aury Lopes Jr. destaca quatro princípios que delimitam a jurisdição penal como direito fundamental: a) princípio da inércia da jurisdição, derivado do sistema acusatório, estabelece que o juiz só pode exercer seu poder mediante invocação prévia, conhecida como declaração petitória, realizada por uma parte legítima. Isso implica que o poder judiciário só é chamado a julgar quando há a apresentação de denúncia pelo Ministério Público, ou de queixa-crime, caso a iniciativa seja privada; b) princípio da imparcialidade, que exige que o juiz mantenha uma distância estrutural e neutra em relação às atividades das partes (acusador e réu), evitando a atribuição de poderes instrutórios ao próprio juiz; c) princípio do juiz natural, que não é uma característica do juiz, mas um pressuposto para sua existência, garantindo que cada cidadão saiba antecipadamente a autoridade e o tribunal que o julgará em caso de conduta criminosa; d) princípio da indeclinabilidade da jurisdição, uma garantia que assegura o acesso de todos ao processo e ao poder judiciário, garantindo a eficácia da jurisdição. Esses princípios indicam uma concepção de jurisdição que se afasta da correlação entre jurisdição penal e um suposto jus puniendi, superando anacronismos. Eles ressaltam a importância de atentar para o espaço específico da intervenção jurídico-penal, afastando a equivocada teoria geral do processo. A perspectiva de jurisdição como garantia contra o autoritarismo legitima o Direito Penal ao assegurar a proteção de bens jurídicos e direitos fundamentais, respeitando garantias simultaneamente. O processo não deve ser visto como um mero instrumento do poder punitivo, mas como um limitador desse poder e garantidor dos direitos individuais. Em um Estado Democrático de Direito, o sistema penal deve ser um conjunto de garantias, promovendo respostas penais isentas de arbitrariedade na elaboração e aplicação das normas. Questão 03 (Tópico avaliado: Competência. Texto recomendado: capítulo VI livro Aury Lopes Jr. (Jurisdição e competência) – Valor 3 pontos. Até 30 linhas) Explique se no Processo Penal a competência pode ser absoluta ou relativa e, ainda, explique qual a relação das regras de definição de competência com a garantia do juiz natural. A competência no Processo Penal refere-se à atribuição que determinado órgão jurisdicional tem para processar e julgar um caso criminal. É um princípio fundamental para garantir a ordem e a eficácia do sistema judicial, além de proteger direitos fundamentais, como o direito ao juiz natural. Em que pese a temática proposta a respeito da competência convém mencionar que a competência absoluta, é aquela competência que não admite prorrogação, nesse caso o interesse tratado geralmente é público. Competênciarelativa, por sua vez, admite prorrogação e interessa, sobretudo, às partes do processo. A competência do juízo é considerada absoluta em três casos: pela competência funcional, por prerrogativa de função e em razão da matéria. A competência absoluta é crucial, pois sua desconsideração pode ser questionada pelas partes, pelo juiz e em qualquer instância, a qualquer momento, sendo fundamental para a validade do processo. Já a competência relativa é mais flexível, mas, ao contrário da absoluta, não pode ser questionada a qualquer momento. A competência relativa pode envolver a matéria, o território e a prevenção, sendo esta última atribuída ao juiz que primeiro toma conhecimento da infração penal e toma uma medida no processo ou inquérito.
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