Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais Andresa Aparecida Ferreira Descrição As teorias que fundamentam o atendimento psicopedagógico clínico: da investigação diagnóstica ao processo de intervenção. Propósito Conhecer as teorias que fundamentam a prática psicopedagógica é fundamental para que o profissional tenha competência ao avaliar e realizar o diagnóstico clínico a fim de que possa intervir de maneira assertiva. Objetivos A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 1 of 77 09/02/2024, 08:54 Objetivos Módulo 1 Corpo teórico que fundamenta a prática psicopedagógica Identificar os conceitos-chave do corpo teórico que fundamenta a prática psicopedagógica. Módulo 2 Aspectos fundamentais da demanda psicopedagógica Reconhecer aspectos fundamentais da demanda psicopedagógica. Módulo 3 Instrumentos avaliativos para elaboração de hipóteses diagnósticas Identificar informações importantes a partir de instrumentos avaliativos para elaboração de hipóteses diagnósticas. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 2 of 77 09/02/2024, 08:54 Módulo 4 Instrumento de prática clínica Relacionar aspectos teóricos e conceituais aos instrumentos de prática clínica como projeto de intervenção psicopedagógica. Introdução Este material convida você a conhecer as principais teorias que fundamentam o atendimento psicopedagógico. O conhecimento dessas teorias é a base para a compreensão de sua conduta como psicopedagogo(a), pois, a partir dela, você poderá refletir sobre o objeto de estudo da Psicopedagogia, a fim de preparar um olhar aguçado sobre o fazer psicopedagógico. Apresentaremos os conceitos-chave da literatura da área psicopedagógica, com enfoque em duas grandes teóricas da Psicopedagogia, as argentinas Alicia Fernández e Sara Paín. Em seguida, passaremos a apresentar elementos para que você compreenda as nuances presentes nos tipos de demandas psicopedagógicas, bem como a apresentação do sintoma ao psicopedagogo(a). Posteriormente, conheceremos alguns instrumentos avaliativos A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 3 of 77 09/02/2024, 08:54 que podem ser utilizados para elaborar hipóteses diagnósticas dos problemas de aprendizagem. E, por último, vamos refletir sobre a relação entre os aspectos teóricos já estudados e os instrumentos de prática clínica, além de apresentar o jogo como uma das técnicas de intervenção psicopedagógica. 1 - Corpo teórico que fundamenta a prática psicopedagógica Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os conceitos-chave do corpo teórico que fundamenta a prática psicopedagógica. O que é Psicopedagogia? A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 4 of 77 09/02/2024, 08:54 O que é Psicopedagogia? Essa pergunta é muito instigante e poderia ser respondida de diferentes maneiras, a partir de inúmeros referenciais teóricos. Poderíamos também responder de forma mais “romântica” dizendo que Psicopedagogia é a arte de despertar o prazer em aprender. De qualquer forma, responder a essa pergunta requer algumas reflexões e um aporte teórico bem fundamentado, sobretudo, definir qual é o objeto de estudo da Psicopedagogia. Bossa (2019), renomada psicopedagoga brasileira, foi uma das primeiras pessoas em nosso país a sistematizar as considerações dos principais teóricos que contribuíram para a definição do objeto de estudo da Psicopedagogia. Para definir o termo Psicopedagogia, bem como seu objeto de estudo, a autora faz um resgate histórico de autores que se preocuparam com os problemas de aprendizagem e salienta que essa questão remonta ao século XIX e, em sua maioria, por teóricos franceses, como Jacques Lacan, Maud Mannoni, Françoise Dolto, Julián de Ajuriaguerra, Janine Mery, Michel Lobrot, Pierre Vayer, Maurice Debesse, René Diatkine, Georges Mauco, Pichon-Rivière, entre tantos outros. Atenção! É importante salientar que esses teóricos serviram como base para grandes estudiosos, em sua maioria argentinos, como Alicia Fernández, Sara Paín e Jorge Visca, os quais se esforçaram em construir um corpo teórico consistente que atualmente dá base à Psicopedagogia. Além dos teóricos franceses e argentinos, ressalta-se também importantes pesquisadores brasileiros que se empenharam ao longo do tempo para definir o objeto de estudo da Psicopedagogia e contribuíram de forma considerável com reflexões a respeito do fazer psicopedagógico, tal A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 5 of 77 09/02/2024, 08:54 considerável com reflexões a respeito do fazer psicopedagógico, tal como Edith Rubinstein, Maria A. Neves, Maria L. Weiss e Nádia Bossa. Bossa (2019), inclusive, ressalta que os teóricos brasileiros, ao definirem o objeto de estudo da Psicopedagogia, possuem um ponto em comum, pois todos consideram que os problemas advindos do processo de aprendizagem são a causa e a razão da Psicopedagogia. Da mesma forma, para os teóricos argentinos, os problemas de aprendizagem constituem-se como o pilar-base da Psicopedagogia. O problema de aprendizagem como sintoma Para Paín (1985), a prática clínica, seja ela individual ou em grupo, é permeada por um aporte teórico que fundamenta a construção do fazer psicopedagógico. Para a autora, existem condições externas e internas de aprendizagem: Condições Externas Referem-se aos estímulos, ao aspecto social da aprendizagem. Condições Internas Dizem respeito ao sujeito e fazem referência a três planos interrelacionados: • O corpo ou organismo; • A condição cognitiva e de aptidão; • A dinâmica do comportamento. Para a autora, tais condições, internas e externas definem a A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 6 of 77 09/02/2024, 08:54 Para a autora, tais condições, internas e externas definem a aprendizagem e determinam as variáveis de sua ocorrência e, quando não ocorre, instala-se o sintoma. Segundo Paín: Podemos considerar o problema de aprendizagem como um sintoma, no sentido de que o não aprender não configura um quadro permanente, mas ingressa em uma constelação peculiar de comportamentos, nos quais se destaca como sinal de descompensação. Da manipulação casuística da sintomatologia inerente ao déficit de aprendizagem, concluímos que nenhum fator é determinante de seu surgimento, e que ele surge da fratura contemporânea de uma série de concomitantes. (PAÍN, 1985, p. 27) Portanto, definir o que é Psicopedagogia não é uma tarefa fácil, é preciso ter clareza de todo o processo de aprendizagem, ou seja, sobre os fatores que contribuem para sua efetivação e para a sua não ocorrência. A Psicopedagogia diz respeito à aprendizagem, ela se preocupa com a prevenção das dificuldades de aprendizagem e atua no diagnóstico e tratamentos dos problemas de aprendizagem. É uma área A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 7 of 77 09/02/2024, 08:54 diagnóstico e tratamentos dos problemas de aprendizagem. É uma área interdisciplinar, que abrange muito mais do que conhecimentos da Pedagogia e da Psicologia, já que se trata de uma observação do sujeito como um todo, desde seus aspectos internos quanto externos. Dessa forma, a Psicopedagogia é formada também a partir das contribuições da Linguística, Sociologia e Neurologia, dentre tantas outras. A Psicopedagogia se configura em uma área interdisciplinar entre Educação e Saúde que estuda as características da aprendizagem humana, ou seja, como se aprende, quais fatoresinterferem no processo de aprendizagem, como reconhecer a ocorrência desses fatores, como tratá-los e preveni-los. Comentário Há diferentes terminologias para se referir às questões relacionadas à aprendizagem, sobretudo ao “não aprender” e que possuem em si definições e características distintas umas das outras, por exemplo, “dificuldades de aprendizagem”, “transtornos de aprendizagem”, dentre outros. Ressalta-se aqui, que será utilizada ao longo do texto a terminologia “problemas de aprendizagem” por ser o termo proposto nas obras de referência. O campo de atuação da Psicopedagogia Clínica Quando falamos em campo de atuação, devemos considerar não somente o local onde trabalhamos, mas também a maneira como abordamos o objeto de estudo dentro desse trabalho. A Psicopedagogia trabalha com todas as faixas etárias, desde crianças, adolescentes, adultos ou idosos e tem um leque amplo de atuação que é A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 8 of 77 09/02/2024, 08:54 caracterizado, principalmente, pelo institucional (escolas, hospitais, empresas) e pelo clínico. Neste texto, daremos enfoque ao campo de atuação clínico da Psicopedagogia. A Psicopedagogia Clínica aborda seu objeto de estudo considerando os enfoques preventivo e clínico. O enfoque preventivo diz respeito a: • Investigar e detectar fatores que podem interferir no processo de aprendizagem; • Orientar família, escola e sujeito sobre metodologias de ensino e questões adjacentes que podem otimizar ou não a aprendizagem; • Realizar orientação vocacional individual e em grupo; • Mobilizar recursos internos, do próprio sujeito, e externos, do meio social no qual o sujeito está inserido, a fim de auxiliá-lo em seu desenvolvimento e em sua aprendizagem. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 9 of 77 09/02/2024, 08:54 O enfoque clínico se refere a atender as demandas dos problemas de aprendizagem. Para tanto, utiliza-se instrumentos investigativos para formular um diagnóstico e, a partir dele, traça-se um plano de intervenção a fim de tratar e solucionar a demanda. O enfoque clínico não deixa de ser preventivo, pois quando se trata determinados sintomas, previne-se o aparecimento de outros. A Psicopedagogia Clínica geralmente ocorre em clínicas e consultórios particulares. As demandas psicopedagógicas de aprendizagem, na maioria das vezes, são advindas da instituição escolar, pois o professor identifica que algo não está indo bem e comunica a família. A família, então, procura a clínica psicopedagógica a pedido da escola. Em outras situações, não menos frequentes, a escola direciona a família aos profissionais da área da Saúde. Com isso, as famílias procuram um médico pediatra ou neurologista para investigar organicamente o que pode estar prejudicando a aprendizagem do sujeito. E, a partir disso, são encaminhados aos consultórios de Psicopedagogia. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 10 of 77 09/02/2024, 08:54 Como pode-se perceber, são muitos os envolvidos no caso até que a demanda chegue ao psicopedagogo clínico. Sendo assim, é necessário que o psicopedagogo clínico mantenha parceria com os membros da equipe escolar, principalmente com os professores, e com todos os profissionais da Saúde envolvidos no caso, como neurologista, fonoaudiólogo, psicólogo e demais terapeutas. Recomendação A Psicopedagogia possui instrumentos de diagnóstico e ferramentas interventivas próprios, mas não age sozinha! O psicopedagogo clínico deve sempre ter diálogo com profissionais das outras áreas para ajudá- lo a construir um caminho mais seguro em prol da aprendizagem do sujeito. A fundamentação do fazer psicopedagógico A Psicopedagogia, como já mencionado, tem suas raízes em teóricos A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 11 of 77 09/02/2024, 08:54 europeus, sobretudo franceses, que se dedicaram a pensar sobre os problemas de aprendizagem. Atualmente, sabe-se que a compreensão das questões que envolvem o processo de aprendizagem tem sua fundamentação em diferentes áreas. No entanto, as principais teorias que embasam o fazer psicopedagógico de acordo com os pesquisadores mais renomados da área, como Sara Paín e Alicia Fernández, caracterizam-se na área da Psicologia. As dimensões do processo de aprendizagem de Sara Paín Sara Paín é uma renomada psicóloga argentina, referência na área da Psicopedagogia. Para Paín (1985), a compreensão do processo de aprendizagem se dá a partir das dimensões biológica, cognitiva, social e do processo de aprendizagem como função do eu. Na dimensão biológica há três tipos de conhecimento: a hereditariedade; o das formas lógico-matemáticas que se constroem progressivamente a partir da equilibração; e o das formas adquiridas em função da experiência. Na dimensão cognitiva há três tipos de aprendizagem: quando o sujeito adquire uma conduta nova pela experiência do ensaio e erro; quando o sujeito confirma ou corrige hipóteses a partir da manipulação dos objetos; quando o sujeito A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 12 of 77 09/02/2024, 08:54 Em síntese, Sara Paín defende que a aprendizagem é um lugar de adquire uma nova estrutura lógica de pensamento, ou seja, coloca em xeque esquemas anteriores que demonstram, em alguns momentos, não serem capazes de certas transformações. Na dimensão social considera-se todos os comportamentos dedicados à transmissão da cultura, como as instituições escola e família. A partir da educação dessas instituições o sujeito histórico exercita, assume e se constitui em determinada cultura, a qual possui linguagem, alimentação e vestimentas próprias. A transmissão da cultura é sempre ideológica. Na dimensão do processo de aprendizagem como função do eu considera-se a visão psicanalítica, na qual o ego (eu ou yo na língua original da autora) é uma estrutura que tem por objetivo estabelecer contato entre a realidade psíquica e a realidade externa. Nessa dimensão, deve-se dar atenção ao reverso da aprendizagem, isto é, ao que se oculta quando se ensina, ao que se desaprende quando se aprende. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 13 of 77 09/02/2024, 08:54 articulação de esquemas. Nesse lugar do processo de aprendizagem há, ao mesmo tempo, um momento histórico, um organismo, uma etapa genética da inteligência e um sujeito. A autora se refere ao materialismo histórico, à teoria piagetiana da inteligência e à teoria psicanalítica, assim, no processo de aprendizagem se instauram de forma simultânea a ideologia, a operatividade e o inconsciente. A abordagem psicopedagógica clínica de Alicia Fernández Alicia Fernández foi uma psicopedagoga argentina que dedicou sua vida à Psicopedagogia, destacou-se com a publicação de livros que são a base da fundamentação teórica da Psicopedagogia, dentre eles, a obra intitulada A Inteligência Aprisionada. Para Fernández: A libertação da inteligência aprisionada somente poderá dar-se A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 14 of 77 09/02/2024, 08:54 pelo encontro com o perdido prazer de aprender. Por tal razão, cremos que nossa principal tarefa com relação aos pacientes é “ajudá-los a recuperar o prazer de aprender”; e da mesma forma pretendemos, para nós mesmos, recuperar o prazer de trabalhar aprendendo e de aprender trabalhando. (FERNÁNDEZ, 1991, p. 18) A autora tem uma sensibilidade perspicaz quando se trata de descrevero fazer psicopedagógico. Para o psicopedagogo auxiliar o aprendente, o que chamamos de aluno na escola ou de paciente no consultório, é necessário desarmar os clichês. Mas o que seria isso, desarmar os clichês? Aprendente Termo que ela utiliza para se referir àquele que aprende A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 15 of 77 09/02/2024, 08:54 O termo clichês tem origem na imprensa tipográfica, se refere a palavras e frases que eram usadas com maior frequência e que por isso o impressor conservava em tipos já prontos. Grosso modo, no cotidiano, usa-se clichê como sinônimo de jargão se referindo a frases comuns, chavões e estereótipos. Nesse sentido, para pensar novas ideias ou para aprender algo novo, é necessário desarmar os clichês, o que estava pronto, o que se considerava como verdade única. No fazer psicopedagógico, é preciso desarmar os clichês, é necessário “pensar fora da caixa”, dos moldes preestabelecidos. Para que isso seja possível, o psicopedagogo deve se atentar ao olhar e à escuta psicopedagógica. O olhar e a escuta psicopedagógica Alicia Fernández considera o olhar e a escuta psicopedagógica essencial para a prática clínica, mas salienta que antes de precisar o tipo de olhar, é necessário situar esse olhar: A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 16 of 77 09/02/2024, 08:54 O lugar de onde olhar é por meio do espaço transicional, de jogo, confiança e criatividade, só assim poderá nascer o olhar psicopedagógico clínico. A escuta psicopedagógica diz respeito à atitude clínica, que compreende a complexa relação entre ação e teoria, é a práxis do terapeuta, no caso, do psicopedagogo. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 17 of 77 09/02/2024, 08:54 O discurso do aprendente deve ser considerado. É preciso interpretá-lo à luz das teorias a fim de desvendar onde residem os nós e entraves entre a inteligência e o desejo, em outras palavras, a fim de libertar a inteligência aprisionada. Para Fernández (1991) a atitude clínica incorpora três aspectos: • O conhecimento sobre como se aprende e sobre o organismo, corpo, inteligência e desejo. • A teoria psicopedagógica que não é uma soma de conhecimentos anteriores, mas uma teoria que alia esses conhecimentos à prática com os problemas de aprendizagem. • O saber sobre o aprender e o não aprender. Em síntese, Alicia Fernández considera o fazer psicopedagógico como um ato entre o ensinante e o aprendente. Nele, o ensinante deve desvendar os entraves que estão impossibilitando a aprendizagem a partir do olhar, da escuta, das relações familiares e do contexto em que o sujeito está inserido. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 18 of 77 09/02/2024, 08:54 O fazer psicopedagógico deve intervir nos problemas de aprendizagem colocando em evidência a necessária interrelação dos níveis orgânico, corporal, intelectual e desejante, a partir de sua articulação sintomática, em outras palavras, o fazer psicopedagógico tem como fim dar conta da articulação inteligência-desejo. O olhar e a escuta psicopedagógica A especialista Andresa Ferreira reflete sobre o trabalho do psicopedagogo clínico e as particularidades do olhar e da escuta deste profissional. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 19 of 77 09/02/2024, 08:54 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Assinale a alternativa que corresponde à definição do objeto de estudo da Psicopedagogia: A É a ciência que estuda os processos mentais e o comportamento. B É o estudo dos sentimentos, pensamentos e razão. C É a compreensão do comportamento humano e suas emoções no ambiente escolar. D É o estudo dos problemas advindos do processo de aprendizagem. E É a ciência que estuda a relação entre as funções cerebrais e o comportamento. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 20 of 77 09/02/2024, 08:54 Parabéns! A alternativa D está correta. O objeto de estudo da Psicopedagogia difere de acordo com o referencial teórico consultado, mas em todos eles há um ponto em comum que se refere à Psicopedagogia como o estudo dos problemas decorrentes do processo de aprendizagem do sujeito. Questão 2 Considere as seguintes proposições e depois relacione com a autora correspondente: I – Para essa autora, a compreensão do processo de aprendizagem se dá a partir das dimensões biológica, cognitiva, social e do processo de aprendizagem como função do eu. II – Ela define a atitude clínica como sendo o conhecimento sobre como se aprende e como não se aprende, bem como a capacidade de relacionar teoria à prática dos problemas de aprendizagem. III – Essa autora considera que o sujeito liberta sua inteligência aprisionada quando encontra o prazer em aprender. A I Alicia Fernández – II Sara Paín – III Sara Paín. B I Sara Paín – II Alicia Fernández – III Alicia Fernández. C I Sara Paín – II Sara Paín – III Sara Paín. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 21 of 77 09/02/2024, 08:54 Parabéns! A alternativa B está correta. Para Sara Paín, o processo de aprendizagem se dá a partir das dimensões biológica, cognitiva, social e do processo de aprendizagem como função do eu. Para fundamentar como ocorre esse processo, ela considera as teorias psicanalítica, piagetiana e histórico-cultural. Alicia Fernández traz a importância de aspectos para a atitude clínica como compreender o processo de aprender e relacionar a teoria à prática clínica que lida com os problemas de aprendizagem, a fim de auxiliar o aprendente a libertar sua inteligência aprisionada, despertando seu prazer em aprender. D I Alicia Fernández – II Alicia Fernández – III Sara Paín. E I Alicia Fernández – II Sara Paín – III Alicia Fernández. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 22 of 77 09/02/2024, 08:54 2 - Aspectos fundamentais da demanda psicopedagógica Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer aspectos fundamentais da demanda psicopedagógica. Motivo da consulta A etimologia do termo motivo vem do latim motivus, relativo a movimento, é aquilo que nos move, nos leva a fazer algo ou justifica o nosso comportamento. Nesse caso, o motivo da consulta psicopedagógica parte de um problema de aprendizagem. Esse problema de aprendizagem pode ter sido detectado pela própria família ou pela instituição, que na maioria das vezes é a escola. Ele pode ter sido encaminhado pelo(a) professor(a), médico(a), psicólogo(a), por outra pessoa com problema semelhante ou, ainda, pela mídia ou publicidade. Atenção! O conhecimento da via pela qual o aprendente chega até você, seja individual ou institucional, é importante, pois mostra qual é o tipo de vínculo que a família e o próprio aprendente deseja estabelecer com você, psicopedagogo(a)! Para compreender o motivo, pense que há uma diferença em dizer: A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 23 of 77 09/02/2024, 08:54 • “Vim consultar porque estou com dificuldade para aprender” OU • “Marquei essa consulta porque meu filho não aprende” COM • “Vim consultar porque meu médico mandou” OU • “Marquei essa consulta para meu filho a pedido da escola” Nas primeiras duas falas, percebe-se um grau de responsabilidade da própria pessoa ou da família com o problema em questão, e nasúltimas falas, percebe-se um grau de distanciamento do aprendente ou a família com o problema. Há uma probabilidade maior de que o atendimento psicopedagógico ocorra de forma mais concisa, desde o processo diagnóstico até o trabalho interventivo. É necessário que se construa, junto ao aprendente e à própria família, um senso de responsabilidade de que o trabalho psicopedagógico só será efetivo com a participação consciente deles próprios. Outra questão importante a ser observada é o nível de dificuldade que o aprendente ou a família teve até chegar à clínica psicopedagógica. No caso de atendimento clínico em instituições públicas como hospitais, por exemplo, há um processo longo, geralmente, desde o encaminhamento da escola até chegar à instituição que realiza o No primeiro caso No segundo caso A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 24 of 77 09/02/2024, 08:54 encaminhamento da escola até chegar à instituição que realiza o atendimento, o que configura que se a família chegou até você é porque ela se esforçou muito em busca da solução do problema. No caso de clínicas particulares também é importante observar o nível de ansiedade que o aprendente ou a família demonstra quando você solicita a disponibilidade de dias e horários para o atendimento e também o valor que será cobrado pelas consultas. A forma como o problema de aprendizagem é apresentada ao psicopedagogo também oferece indícios de resistência ou urgência que a demanda carrega. Exemplo Se a pessoa diz: “A professora disse que ele tem dificuldade para prestar atenção à aula, mas eu sei que ele é atento, sempre atende às solicitações em casa” ou, ainda, “Eu compreendo que não posso forçá-lo a ser como as outras crianças, mas eu sinto que ele tem uma autocobrança de ser como os outros”. Nesses exemplos, é preciso observar a natureza dessas falas, o que realmente pode ser considerado pelo dito e o que podemos investigar por meio do “não dito”. O psicopedagogo deve ser, antes de tudo, um exímio investigador, deve ter a competência de ler nas entrelinhas! Todas essas questões lhe dão sinais do tipo de vínculo e de responsabilidade que o próprio aprendente ou a família assumem diante do problema de aprendizagem. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 25 of 77 09/02/2024, 08:54 Tais observações devem ser feitas não somente quando o atendimento é solicitado, mas ao longo de todo o processo, pois observar faltas, atrasos e demais obstruções que ocorrem são cruciais para montar o quebra-cabeça do fazer psicopedagógico. A primeira consulta Já vimos a importância de conhecer o motivo que levou o aprendente à consulta. Agora, é importante saber qual o objetivo explícito da demanda, ou seja, é preciso saber se a família quer apenas se consultar para ter um diagnóstico ou se espera de nós um tratamento e solução do caso. Na primeira situação, deve esclarecer o problema de aprendizagem a partir do diagnóstico e orientar quanto aos aspectos positivos e negativos que podem interferir no caso. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 26 of 77 09/02/2024, 08:54 Pois bem, a partir desses elementos que precisam ser observados, chegamos à primeira consulta, na qual a família e o próprio aprendente vão passar por uma entrevista que chamamos de “Entrevista de Anamnese”. No caso de atendimento com criança, faz-se a entrevista primeiramente com a pessoa responsável por ela, que pode ser a mãe, o pai, a avó, o tio ou demais responsáveis maiores de 18 anos. Atenção! Na maioria das vezes, essa entrevista se repete com algum outro responsável pela criança, pois você vai naturalmente perceber essa necessidade. Por exemplo, se a avó é a pessoa que procura e se responsabiliza pelo atendimento, provavelmente sentirá a necessidade de investigar algumas questões diretamente com a mãe ou o pai da criança. Deve-se encontrar uma forma de haver comunicação com todos os responsáveis, independentemente se os pais são casados ou não, se Na segunda situação, quando o que se espera de nós é o tratamento do problema de aprendizagem, nossa preocupação se centrará na criação de condições psicológicas ótimas para que o aprendente ou a família assumam o tratamento, participem e cooperem para a solução, ou seja, é preciso que operem junto ao psicopedagogo a partir do diagnóstico, que é onde começa o processo de reconhecimento de si mesmo. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 27 of 77 09/02/2024, 08:54 moram ou não na mesma cidade. Essa comunicação pode ser realizada de forma presencial, por escrito ou por videochamada, que está se tornando cada vez mais comum atualmente. A impossibilidade dessa comunicação e a justificativa para tal também lhe trará indícios para interpretação dos fatores que permeiam o problema de aprendizagem. Envolver toda a família no caso é deixar claro que todos devem estar comprometidos na situação. Além da família, é importante que o psicopedagogo saiba quem são os profissionais que lidam com o sujeito aprendente, como professor, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional; pois durante a investigação psicopedagógica, pode sentir a necessidade de conversar com esses profissionais ou pedir relatórios a eles. Lembre-se de que o psicopedagogo é, antes de tudo, um investigador, ele precisa ter a visão de todos os ângulos. Pode-se utilizar uma analogia com os alunos dizendo que o psicopedagogo deve olhar o problema de aprendizagem do alto, como se fosse um fiscal que estivesse sobrevoando de helicóptero uma floresta que está sendo desmatada, a fim de identificar o que está acontecendo, para que assim possa ter uma visão do todo! A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 28 of 77 09/02/2024, 08:54 A Entrevista de Anamnese A Entrevista de Anamnese, na maioria das vezes, acontece na primeira consulta. No caso de atendimento de adultos, realiza-se com a própria pessoa e, no caso do atendimento com crianças e adolescentes, primeiro se realiza a Entrevista de Anamnese com o responsável e depois com a própria criança ou adolescente. Recomendação • É importante que o aprendente não esteja presente durante a Entrevista de Anamnese com o responsável, pois as informações dadas pelos responsáveis podem influenciar de maneira negativa a autoestima da criança, além de inúmeras questões éticas que podem estar envolvidas. • É necessário estabelecer um contrato de confidencialidade com a família e também com a criança para que sintam segurança em conversar da maneira mais honesta e verdadeira possível, pois assim será possível estabelecer um vínculo saudável entre a família, o psicopedagogo e o aprendente. Segundo Paín (1985), a entrevista de anamnese que ela denomina como “primeira consulta” é uma ocasião para estabelecer hipóteses sobre os seguintes aspectos importantes para o diagnóstico do problema de aprendizagem: A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 29 of 77 09/02/2024, 08:54 a) Significação do sintoma na família ou, com maior precisão, articulação funcional do problema de aprendizagem; b) Significação do sintoma para a família, isto é, as reações comportamentais de seus membros ao assumir a presença do problema; c) Fantasias de enfermidade e de cura e expectativas acerca de sua intervenção no processo diagnóstico e de tratamento; d) Modalidade de função do casal em função de uma terceira pessoa, no caso, o psicopedagogo. (PAÍN, 1985, p. 42) O esclarecimento desses pontos é a chave para a compreensão diagnósticado sintoma, ela se revela no processo que se segue e que a autora denomina como “momento de devolução”. Paín (1985) considera que esse momento tem como objetivo fazer com que a família assuma o problema em sua dimensão real. Nesse sentido, não basta apresentar a conclusão do caso, mas sim corrigir ou modificar suas explanações A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 30 of 77 09/02/2024, 08:54 assinalando os aspectos latentes e ocultos no discurso da família. Essa tarefa é fundamental para que se estabeleça um vínculo saudável entre a família, o aprendente e o psicopedagogo, para que alcancem os resultados desejados quanto ao problema de aprendizagem. Roteiro de Anamnese O Roteiro de Anamnese deve ser utilizado com a família, isto é, com os responsáveis pelo aprendente, durante a primeira consulta. Esse roteiro serve apenas para o psicopedagogo guiar sua investigação. Recomendação • É importante que seja aplicado em forma de conversa, de maneira informal, e não como um questionário a ser respondido pelos informantes. • É necessário, ainda, que o psicopedagogo observe quem será o informante quanto ao sexo e idade e adapte o roteiro no que for conveniente. Você vai conhecer agora um exemplo de roteiro voltado para a família. Mas, lembre-se: o roteiro deve ser adaptado para a realidade de cada caso, dessa forma, há itens que poderão ser suprimidos e outros que poderão ser inseridos, cabe a você discernir as questões mais relevantes e adequadas em cada situação. I – IDENTIFICAÇÃO NOME: Roteiro de anamnese – família A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 31 of 77 09/02/2024, 08:54 IDADE: DATA DE NASCIMENTO: SEXO: ENDEREÇO: CIDADE: TELEFONE: E-MAIL: INFORMANTE: II – QUEIXA OU MOTIVO DA CONSULTA 1. Motivo da procura pelo atendimento psicopedagógico. 2. Desde quando há a queixa e quem a percebeu. 3. Circunstâncias que existiram em relação ao início da queixa. 4. Problemas ou situações que possam estar associados à queixa. 5. Maior preocupação dos responsáveis. III – ESCOLA 1. Idade de ingresso. 2. Frequência a creche e pré-escola. 3. Nome da escola atual, endereço, nome do(a) professor(a), ano escolar, período. 4. Motivo pelo qual foi matriculado(a) nesta escola. 5. Período de adaptação: à escola, ao(à) professor(a), aos colegas, aos horários. 6. Desempenho escolar (notas, retenção, evasão). 7. Atitudes do(a) professor (a) (comentários, críticas ou elogios). 8. Experiências negativas relacionadas à escola: incidência disciplinar, conflitos, perdas, bilhetes, pais chamados à escola, expulsão (descrever). 9. Comportamento ‒ brigas, agressões, queixas sobre “gozações” – investigar se houver. 10. Mudança de professor(a), classe ou escola, greves, pandemia, faltas ou outras interrupções do ano letivo – A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 32 of 77 09/02/2024, 08:54 pandemia, faltas ou outras interrupções do ano letivo – investigar se houver. 11. Atividades recreativas, competições e atividades preferidas. 12. Tarefas – investigar como realiza e se recebe ajuda. 13. Conservação do material, organização para ir à escola. 14. Relacionamentos na escola – colegas, professor(a). 15. Atividades extraescolares. 16. Comunicação/relacionamento escola/pais. IV – GESTAÇÃO E PARTO 1. Idade da mãe, planejamento da gravidez. 2. Reações da mãe, pai e familiares quanto à gravidez. 3. Relacionamento com o pai. 4. Histórico de gestação do(s) filho(s). Acompanhamento pré- natal. 5. Parto (a termo/pré-termo, tipo, dificuldades). 6. Pós-parto – complicações, saúde da criança, peso, período de internação, primeiro contato, alta mãe e criança simultâneas. 7. Conhecimentos da mãe sobre cuidado com o bebê e ajuda recebida. V – AMAMENTAÇÃO E ALIMENTAÇÃO 1. Amamentação no peito – tempo, sensações, desmame. 2. Uso de mamadeira – tempo, problemas com a retirada. 3. Alimentação atual – dificuldades, ajuda recebida, horários, companhia, habilidade para preparo. VI – DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR E COMUNICAÇÃO 1. Idades: sentar, engatinhar, andar e demais atividades. 2. Dificuldade atual quanto ao desenvolvimento físico. 3. Habilidades com bicicleta, patins e skate – investigar o que tem e como aprendeu. 4. Lateralidade – escrever, pentear, comer. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 33 of 77 09/02/2024, 08:54 4. Lateralidade – escrever, pentear, comer. 5. Idades – sorriso, primeiras palavras e fala compreensível por todos. 6. Dificuldades e habilidade com comunicação (conversa, compreende, canta, conta, inventa histórias). 7. Controle de esfíncteres – investigar quando houver dificuldades e quem fez a mediação. VII – ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA 1. Independência: escova os dentes, toma banho, se veste, dá laços, abotoa/desabotoa, escolhe roupas para vestir. 2. Tarefas/responsabilidades na casa. 3. Faz compras, lida com dinheiro, pega recados, tem noções de tempo. VIII – SEXUALIDADE 1. Curiosidade e perguntas – investigar. 2. Masturbação. 3. Sinais de puberdade. 4. Presenciou cenas de sexo. 5. Recebeu alguma orientação quanto à sexualidade. IX – SAÚDE 1. Doenças graves. 2. Doenças crônicas (doenças que sempre tem volta: asma, bronquite, crises alérgicas). 3. Acidente, cirurgia, hospitalização – aprofundar quando houver. 4. Quedas, pancadas na cabeça, convulsões, desmaios, crises de ausência, perdas de fôlego – investigar quando houver. 5. Tratamento médico, medicações, visitas ao médico. 6. Vacinas. 7. Dentista. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 34 of 77 09/02/2024, 08:54 8. Outros tratamentos. X – PERSONALIDADE, TEMPERAMENTO E HÁBITOS 1. Temperamento quando era bebê. 2. Temperamento atual. 3. Reação à frustração e apego. 4. Faz coisas por conta própria. 5. Autocríticas, expressa vontades e dificuldades, conta o que lhe acontece fora de casa, se preocupa com a aparência. 6. Reação quando fica nervoso(a). 7. Diferencia certo e errado. 8. Reações a castigos/ punições, pedidos, sofrimento do outro. 9. Comportamento agressivo – investigar quando houver. 10. Movimentos repetitivos (tiques) e hábitos – investigar quando houver. XI – RECURSOS AMBIENTAIS E LAZER 1. Interesses e preferências – brincadeiras e lazer. 2. Brincadeiras e brinquedos – tipos, só ou acompanhado(a). 3. Companhia de familiar para brincadeiras. 4. Amigos – escolha, idades, relacionamento, locais de encontro. 5. Passeios, visitas, acompanha pais a compras, férias. 6. Animal de estimação. 7. Material de leitura e estudo. 8. Leitura dos pais/avós para a criança. 9. Faz outras atividades: pinta, ouve música, ballet, judô etc. 10. Meios eletrônicos (TV, computador e celular) – uso e controle de acesso. XII – FAMÍLIA E PRÁTICAS EDUCATIVAS 1. Moradores da casa. 2. Idade, escolaridade e dificuldades escolares ou A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 35 of 77 09/02/2024, 08:54 comportamentais dos irmãos. 3. Idade, profissão, escolaridade e religião dos pais ou responsáveis. 4. Estado civil dos pais (se separados: investigar tempo, motivo, contato com cada um dos pais, companheiros dos pais e meios- irmãos, relacionamento da criança com eles). 5. Relacionamento dos pais. 6. Presenciou brigas/discussões em casa. 7. Cuidador na ausência dos pais. 8. Experiências de separação de pessoas queridas, morte, nascimento de irmãos (investigar ocasião e reações). 9. Práticas de educação: punições, castigos, elogios, críticas, ignorar comportamentos – investigar: envolvidos, frequênciase tipos de situações. 10. Participação nas dificuldades e decisões familiares. 11. Relacionamento com as pessoas da casa e pessoa que mais obedece. 12. Problemas de saúde física ou mental, vícios, envolvimento com polícia – investigar conhecimento da criança, nível de contato com a pessoa, reações da criança. 13. Comportamentos, atitudes, características positivas da criança. 14. Expectativas quanto ao futuro. 15. Em caso de adoção: motivo, idade, conhecimento da criança sobre sua história. XIII – OBSERVAÇÕES ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ *Roteiro elaborado pela Profa. Dra. Andresa Ferreira. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 36 of 77 09/02/2024, 08:54 *Roteiro elaborado pela Profa. Dra. Andresa Ferreira. Roteiro de Anamnese Vejamos, com a especialista Andresa Ferreira, a importância das partes que compõem o roteiro de uma anamnese na consulta realizada pelo psicopedagogo. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O conhecimento sobre o motivo da consulta é importante porque: A Mostra o tempo que a criança lida com o problema de aprendizagem. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 37 of 77 09/02/2024, 08:54 Parabéns! A alternativa C está correta. A forma como a família apresenta o caso, o tipo de encaminhamento que foi realizado e o nível de dificuldade que o aprendente ou a família teve até chegar à clínica psicopedagógica ajudam o psicopedagogo a perceber o tipo de vínculo que a família e o aprendente pode estabelecer com o atendimento psicopedagógico. Questão 2 Analise as proposições e julgue-as como verdadeiras (V) ou falsas (F). Em seguida, assinale a alternativa correta: B Permite que o psicopedagogo faça projeções antecipadas do caso clínico. C Revela o tipo de vínculo que a família e o próprio aprendente deseja estabelecer com o psicopedagogo. D Mostra o grau de preocupação que a família tem com o sintoma. E Permite que o sintoma seja tratado em um menor período. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 38 of 77 09/02/2024, 08:54 ( ) Quando a família tem a expectativa de tratamento do problema de aprendizagem, nossa preocupação se centrará na criação de condições psicológicas ótimas para que assumam o tratamento, participem e cooperem para a solução. ( ) A primeira consulta revela a totalidade das informações sobre o caso clínico, pois a entrevista com o responsável e/ou com o aprendente lhe dá uma visão holística da situação. ( ) O Roteiro de Anamnese deve ser adaptado para a realidade de cada caso clínico, o psicopedagogo pode inserir as questões de acordo com a demanda, considerando a idade, a queixa e questões relevantes que podem surgir, inclusive, no momento da entrevista. Parabéns! A alternativa E está correta. A expectativa da família quanto ao tratamento do problema de aprendizagem revela nossa responsabilidade de sinalizar tanto para A F – V – F B F – F – F C F – F – V D V – V – F E V – F – V A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 39 of 77 09/02/2024, 08:54 aprendizagem revela nossa responsabilidade de sinalizar tanto para a família quanto para o aprendente que o psicopedagogo não agirá sozinho, pelo contrário, necessitará do empenho de todos os envolvidos no caso. É importante que o psicopedagogo seja um exímio investigador para compreensão do caso clínico, buscando pistas durante todo o atendimento, desde o processo diagnóstico até a intervenção, e não só na entrevista inicial. O roteiro de anamnese deve ser modificado conforme as demandas dos casos clínicos. 3 - Instrumentos avaliativos para elaboração de hipóteses diagnósticas Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car informações importantes a partir de instrumentos avaliativos para elaboração de hipóteses diagnósticas. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 40 of 77 09/02/2024, 08:54 A Epistemologia Convergente A Epistemologia Convergente foi elaborada pelo educador e psicólogo argentino Jorge Visca. A criação do Centro de Estudos Psicopedagógicos, na década de 1970, com as pessoas que participavam de seu grupo de estudos, contribuiu para a sistematização de uma fundamentação e de um fazer psicopedagógico que estava tendo resultados frutíferos tanto para a formação de profissionais, quanto para o tratamento de crianças. Assim, a partir de suas ideias, de suas aulas e de suas investigações, surgiu o que ele denominou de Epistemologia Convergente. Segundo Visca (2010), a síntese dos aspectos teóricos-técnicos da corrente de pensamento que ele denominou como Epistemologia Convergente tem como objetivo apresentar os aspectos fundamentais que trazem a compreensão da clínica psicopedagógica tanto em relação à sua instância diagnóstica, quanto ao tratamento propriamente dito. A Epistemologia Convergente tem sua base: A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 41 of 77 09/02/2024, 08:54 Em linhas gerais, a Epistemologia Convergente abrange uma estrutura própria que conduz o atendimento psicopedagógico do começo ao fim e é extensamente detalhada por Jorge Visca e sua equipe. Essa estrutura é composta por temáticas que possuem objetivos e conteúdos próprios, são elas: enquadramento, contrato, diagnóstico, nosologia e processo corretor. Nessa ocasião, faremos um recorte de acordo com o objetivo deste módulo, que se refere ao diagnóstico. O diagnóstico na Epistemologia Convergente Visca (2010), caracteriza, em primeira instância, a matriz diagnóstica do pensamento e, em segunda instância, o processo diagnóstico. A matriz diagnóstica do pensamento está configurada por três elementos: • O diagnóstico propriamente dito. • O prognóstico. • As indicações. O processo diagnóstico é composto por ações do psicopedagogo que A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 42 of 77 09/02/2024, 08:54 ele chama de entrevistador e procedimentos internos do entrevistador. O esquema sequencial do processo diagnóstico proposto pela Epistemologia Convergente se configura da seguinte maneira: Ações do entrevistador Procedimentos internos do entrevistador 1) EOCA Ler sistemas de hipóteses. Organizar o primeiro sistema de hipóteses. Traçar linha de investigação. 2) TESTES Escolher os instrumentos. Elaborar o segundo sistema de hipóteses. Traçar linhas de investigação. 3) ANAMNESE Verificar e decantar o segundo sistema de hipóteses. Formular o terceiro sistema de hipóteses. 4) ELABORAÇÃO DO INFORMATIVO Elaborar uma imagem do sujeito (que não pode ser repetida para outro sujeito), a qual articula a aprendizagem com os aspectos energéticos e estruturais, atuais (a-históricos) e históricos que o condicionam. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 43 of 77 09/02/2024, 08:54 Tabela: Esquema sequencial do diagnóstico pela Epistemologia Convergente Visca, 2010, p. 97. Observe que a Epistemologia Convergente não coloca a Entrevista de Anamnese como indicação na primeira consulta, ao contrário da modalidade tradicional do processo de diagnóstico. Para a Epistemologia Convergente, a abertura do processo diagnóstico deve acontecer com a Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem, mais conhecida como EOCA.A justificativa para tal é que investigar a partir da criança, adolescente ou adulto traz uma “descontaminação” do que poderia ser trazido pelos informantes (pais ou responsáveis). De acordo com Visca (2010, p. 96), iniciar a sequência do processo diagnóstico com a anamnese indica que “os adultos têm razão e as crianças não têm”. Ressalta-se que esse instrumento, a EOCA, independentemente de ser precedido pela Entrevista de Anamnese, é um dos mais utilizados na clínica psicopedagógica quando se trata de investigação diagnóstica, por isso ele será tratado em maiores detalhes a seguir. Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem – EOCA A EOCA consiste em uma técnica simples, espontânea e rica em resultados. Ela tem como objetivo investigar os vínculos que o aprendente possui com os objetos e conteúdos da aprendizagem escolar. Consiste em uma caixa com materiais e um script a ser realizado pelo entrevistador, no caso, o psicopedagogo. Quanto aos materiais, listarei alguns dos mais utilizados, mas é A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 44 of 77 09/02/2024, 08:54 Quanto aos materiais, listarei alguns dos mais utilizados, mas é importante dizer que você pode modificar como julgar conveniente dependendo do nível escolar, da idade e demais características do seu entrevistado. Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem Neste vídeo, a especialista Andresa Ferreira relata uma experiência pessoal, refletindo sobre as principais características da Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem. Vamos assistir! No exemplo abaixo, foi considerado uma criança em idade escolar, listado os itens sugeridos originalmente por Visca (2010) e acrescentado, de acordo com experiência profissional, elementos que nos sugerem valiosas pistas investigativas: Materiais – EOCA: Folhas sulfite, com linhas e quadriculadas; A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 45 of 77 09/02/2024, 08:54 Folhas de papel colorido para dobradura; Lápis novo e sem ponta (para averiguar a proatividade em apontá-lo); Apontador; Caneta; Borracha; Tesoura; Régua; A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 46 of 77 09/02/2024, 08:54 Comanda: “Gostaria que mostrasse o que sabe fazer, o que tenho lhe ensinado e o que tem aprendido. Esse material é para você usar, se precisar, para mostrar-me o que eu gostaria de saber de você, como comentei”. Marcadores; Livros ou revistas; Miniaturas; Jogo (apenas um, por exemplo, UNO, dominó ou memória). A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 47 of 77 09/02/2024, 08:54 Depois da comanda, o entrevistado pode ter várias reações, como começar a falar, escrever, desenhar, fazer contas, pedir que diga o que deve fazer, ficar paralisado etc. Essa primeira forma de resposta é muito importante, pois, numa leitura sutil, diz muito sobre o sujeito. Deve-se fazer pequenas intervenções, somente quando necessário. Durante a aplicação da técnica, é importante observar três aspectos: Temática Refere-se a tudo o que o sujeito diz, lembrando que terá sempre algo manifesto e outras informações que ficarão latentes. Dinâmica Consiste em tudo o que o sujeito faz que não é estritamente verbal: gestos, tom de voz, expressão facial e corporal etc. Produto É o que o sujeito deixa registrado no papel e a sequência com que foi sendo produzido. Segundo Visca (2010), esses três níveis de observação é que resultarão A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 48 of 77 09/02/2024, 08:54 no primeiro sistema de hipóteses, o qual será constituído pelos sintomas (com seus indicadores) e certas ideias de quais são as causas atuais que os provocam. Provas Operatórias A aplicação das Provas Operatórias piagetianas permite o conhecimento do funcionamento e desenvolvimento das funções lógicas do sujeito. Elas são utilizadas quando se quer investigar o nível cognitivo em que a criança se encontra e se há defasagem em relação à sua idade cronológica. Recomendação A aplicação das provas deve ser realizada de forma minuciosa, pois qualquer alteração na condução pode alterar o resultado. Acompanhe com atenção a apresentação das provas operatórias a seguir. Provas de Conservação Pequenos conjuntos discretos de elementos, superfície, líquido, matérias, peso, volume, comprimento. Provas de Classi�cação A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 49 of 77 09/02/2024, 08:54 A aplicação das provas inclui técnica específica de como apresentar os materiais, as comandas solicitadas, as perguntas e argumentações que devem ser realizadas durante sua aplicação. No entanto, nesse momento, o objetivo é apenas de apresentar os instrumentos que fazem parte do processo diagnóstico, bem como sua fundamentação. Quanto à avaliação das Provas Operatórias, as respostas são divididas Mudança de critério, quantificação da inclusão de classes, interseção de classes. Prova de Seriação Seriação de palitos. Provas de Espaço Espaço unidimensional, bidimensional, tridimensional. Provas de Pensamento Formal Combinação de fichas, permutação de fichas, predição. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 50 of 77 09/02/2024, 08:54 Quanto à avaliação das Provas Operatórias, as respostas são divididas em três níveis que mostram em que período de desenvolvimento cognitivo o sujeito se encontra. Técnicas Projetivas As Técnicas Projetivas têm como objetivo investigar os vínculos que o sujeito pode estabelecer em três grandes áreas da sua vida: escolar, familiar e consigo mesmo. É por meio dessas técnicas que o psicopedagogo reconhece o grau de consciência dos distintos aspectos que constituem o vínculo de aprendizagem. Segundo Paín (1985), as técnicas projetivas tratam de desvendar quais são as partes do sujeito depositadas nos objetos que aparecem como suportes da identificação e que mecanismos atuam diante de uma instrução que obriga o sujeito a representar situações carregadas emotivamente. Essas emoções manifestas é que nos interessam como investigadores dos fatores que podem envolver o problema de aprendizagem. Há inúmeras técnicas projetivas, aqui citaremos apenas algumas das mais utilizadas e de uso não restrito a psicólogos, ou seja, o psicopedagogo pode aplicá-las e incluí-las em seu processo de diagnóstico. Uso não restrito a psicólogos Existem instrumentos de avaliação, conhecidos também como Testes Psicológicos, que só podem ser aplicados e interpretados por psicólogos registrados no Conselho Regional de Psicologia. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 51 of 77 09/02/2024, 08:54 Par educativo ou dupla educativa O objetivo é de investigar os vínculos de aprendizagem do sujeito por meio de um desenho no qual se pede para desenhar duas pessoas: uma que ensina e outra que aprende. A planta da sala de aula O objetivo é de investigar a representação do campo geográfico da sala de aula e sua posição real e desejada por meio da solicitação de que a criança desenhe a planta da sua sala de aula, como se estivesse vendo-a de cima. Família educativa O objetivo é de investigar o vínculo de aprendizagem com o grupo familiar e cada um dos membros da família a partir da solicitação de um desenho dos familiares, com cada um fazendo o que sabe fazer. Os quatro momentos do dia O objetivo é investigar os vínculos que o sujeito estabelece ao longo dodia por meio de uma consigna em que o entrevistador pede a criança que dobre uma folha em quatro partes iguais e Técnica Projetiva – vínculo escolar Técnica Projetiva – vínculo familiar A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 52 of 77 09/02/2024, 08:54 pede a criança que dobre uma folha em quatro partes iguais e desenhe quatro momentos de seu dia, desde a hora que acorda até a hora em que vai dormir. Fazendo o que mais gosta O objetivo é observar o tipo de atividade que mais gosta de fazer, o tipo de vínculo que possui consigo mesmo em termos de seus interesses, necessidades e limitações internas e externas na aprendizagem a partir da solicitação de que a criança a desenhe fazendo o que mais gosta. O desenho em episódios O objetivo é observar o vínculo de aprendizagem que o sujeito possui consigo mesmo e observar também alguns indicadores gráficos vinculados ao tempo, ao espaço e à causalidade. Tem também a finalidade de delimitar a permanência da identidade psíquica em função da qualidade de afetos expressados, a articulação dos aspectos sociais e a organização do raciocínio. A comanda é que a criança desenhe o que um menino ou menina (de acordo com o sexo do entrevistado) irá fazer desde a hora que acorda pela manhã, sai de casa e retorna novamente a sua casa. A interpretação de cada Técnica Projetiva deve ser realizada em função do sujeito em particular. A análise é minuciosa e envolve a observação de vários aspectos como tamanho do desenho, dos personagens, se ele Técnica Projetiva – vínculo consigo mesmo A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 53 of 77 09/02/2024, 08:54 se desenha ou não se desenha, quem aparece ou não no desenho, o distanciamento dos personagens, se usa borracha, se as figuras humanas possuem todos os membros, a posição do desenho na folha, o título que dá ao desenho e o relato que se faz dele. Em síntese, as técnicas projetivas se configuram em um recurso essencial como parte do processo investigativo para elaboração do diagnóstico do problema de aprendizagem. Síntese Diagnóstica A Síntese Diagnóstica é um exercício que o psicopedagogo precisa realizar após as sessões de investigação, é o que Jorge Visca chama de “elaboração do informativo”. Nesse exercício, deve-se verificar todos os resultados e analisar as observações feitas ao longo do processo para avaliar o peso de cada fator na ocorrência do problema de aprendizagem. Segundo Paín (1985), diagnosticar o não aprender como sintoma consiste em encontrar sua funcionalidade, isto é, sua articulação integrada pelo paciente e seus pais e/ou responsáveis. A falta de aprendizagem revelará seu significado se prestarmos atenção à maneira como o sujeito é para o outro, evidentemente, a partir de sua maneira particular de A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 54 of 77 09/02/2024, 08:54 evidentemente, a partir de sua maneira particular de ser como organismo e como história. É importante ressaltar que a síntese diagnóstica, bem como a devolutiva para os pais e/ou responsáveis deve ser feita com muita cautela. Sabe- se que muitas vezes há relação entre o sintoma do aprendente e a relação familiar, seja com projeções, cobranças, expectativas ou até mesmo devido a fatores inconscientes envolvidos. Por esse motivo, é preciso refletir e realizar a devolutiva de forma cuidadosa, mas ao mesmo tempo de maneira clara e objetiva, salientando os pontos positivos e pontos que ainda precisam ser trabalhados no processo interventivo com a ajuda de todos os envolvidos. Saiba mais É importante, ainda, realizar tal devolutiva também com o aprendente, para que estabeleça um vínculo de confiança e de responsabilidade no trabalhado que será desenvolvido. Assim, será possível estabelecer estratégias para traçar um caminho de tratamento do sintoma a partir do trabalho de intervenção psicopedagógica. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Relacione os instrumentos de investigação diagnóstica psicopedagógica aos seus respectivos objetivos: 1. EOCA 2. Provas Operatórias A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 55 of 77 09/02/2024, 08:54 3. Técnicas Projetivas I. Investigar o nível cognitivo do aprendente. II. Investigar os vínculos que o aprendente possui com a aprendizagem escolar. III. Investigar o vínculo afetivo do aprendente com a escola, família e consigo mesmo. Parabéns! A alternativa C está correta. O objetivo da EOCA é investigar o vínculo do sujeito com a aprendizagem escolar, observar suas defesas, condutas de evitação e desafios. As Provas Operatórias ou piagetianas, referem-se à análise do nível cognitivo, do funcionamento das funções lógicas do sujeito. E as Técnicas Projetivas investigam os vínculos que o sujeito estabelece com a escola, a família e consigo mesmo, a análise é feita por meio de desenhos e respostas verbais. A 1I – 2II – 3III B 1I – 2III – 3II C 1II – 2I – 3III D 1II – 2III – 3I E 1III – 2I – 3II A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 56 of 77 09/02/2024, 08:54 Questão 2 Na aplicação da Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem – EOCA, o psicopedagogo deve analisar os seguintes aspectos: Parabéns! A alternativa A está correta. Durante a aplicação da técnica, é importante observar três aspectos: a temática, que se refere a tudo o que o sujeito diz; a dinâmica, que diz respeito ao que o sujeito faz como gestos, tons de voz e demais expressões; e o produto, que fica registrado no papel. A Temática, dinâmica e produto B Comanda, aplicação e síntese C Personagens, espaço e tempo D Tema, aplicação e síntese E Tema, dinâmica e síntese A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 57 of 77 09/02/2024, 08:54 4 - Instrumento de prática clínica Ao �nal deste módulo, você será capaz de relacionar aspectos teóricos e conceituais aos instrumentos de prática clínica como projeto de intervenção psicopedagógica. A intervenção psicopedagógica O trabalho de intervenção psicopedagógica corresponde às sessões em que se busca o tratamento do sintoma, ou seja, almeja-se despertar o prazer da criança em aprender. A intervenção pode ocorrer na modalidade individual ou em grupo. Para tanto, é preciso estabelecer estratégias que levem a esse objetivo. Atenção! Para saber quais são essas estratégias, é necessário analisar o A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 58 of 77 09/02/2024, 08:54 processo de investigação diagnóstica. Na verdade, o trabalho interventivo já se inicia quando o paciente ou a família te procura para pedir ajuda com o sintoma, pois desde a entrevista de anamnese já se estabelece um processo reflexivo tanto na família, quanto no paciente e no psicopedagogo. A partir dos dados coletados nas primeiras entrevistas, já é possível desenhar o caso e os fatores que subjazem a ele. Uma questão importante a ser mencionada, antes de darmos continuidade às características do trabalho de intervenção, é que não existe um modelo de trabalho interventivo, ou seja, não é como uma “receita de bolo”, na qual se indicarmos os ingredientes e o modo de fazer, a pessoa que seguir as etapas e executar conforme o instruído, necessariamente chegará ao resultado esperado. A Psicopedagogia é um trabalho de investigação constante, é uma A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 59of 77 09/02/2024, 08:54 técnica na qual o psicopedagogo precisa ser perspicaz para interpretar cada gesto, cada fala (dito e não dito) e cada situação que se apresenta para vislumbrar qual caminho irá percorrer com o aprendente. Além disso, deve-se ter em mente que cada caso é um caso, ou seja, cada interpretação é única, cada processo de intervenção é individual, pois o trabalho desenvolvido com o João pode dar certo para o João, mas pode não dar certo para o José, ainda que o sintoma seja o mesmo. O trabalho do psicopedagogo deve ser minucioso, investigativo e perspicaz! As características do processo de intervenção psicopedagógica A intervenção psicopedagógica possui algumas características importantes de serem mencionadas. Como já dito, ela é única! O processo de intervenção vai sendo construído ao longo das sessões, ele se inicia desde o diagnóstico e percorre todo o tratamento. Apesar do trabalho interventivo não possuir receita, pode-se considerar algumas características que auxiliarão você a traçar o caminho a ser percorrido para se alcançar o objetivo do trabalho psicopedagógico. Atividade discursiva Você saberia resumir qual é o objetivo do trabalho psicopedagógico? Descreva com as suas palavras. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 60 of 77 09/02/2024, 08:54 Descreva com as suas palavras. Digite sua resposta aqui Chave de resposta O objetivo principal do trabalho psicopedagógico é eliminar o sintoma! Para que esse objetivo seja atingido, é preciso que a relação entre o psicopedagogo e o aprendente seja mediada por atividades bem definidas, contextualizadas, prazerosas e motivadoras. As atividades ou técnicas que serão utilizadas no trabalho interventivo têm que levar em conta que esse objetivo precisa ser alcançado, assim, o intuito é o de tratar o sintoma, isto é, solucionar o problema de aprendizagem. Para tanto, nem sempre deve-se elaborar atividades que trabalhem diretamente com o sintoma, pois assim pode-se afastar ainda mais o paciente do seu objetivo. Exemplo Se o paciente chegou com uma queixa de dificuldade em leitura e no processo diagnóstico você percebeu que há uma baixa autoestima devido às situações de fracasso escolar, não será uma boa ideia iniciar o trabalho interventivo solicitando que a criança leia. Isso não quer dizer que a leitura não será trabalhada nas sessões de intervenção, ela pode e deve ser trabalhada, mas no momento certo e da forma mais positiva e prazerosa possível para que as lembranças de fracasso não venham à A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 61 of 77 09/02/2024, 08:54 prazerosa possível para que as lembranças de fracasso não venham à tona e tornem o trabalho psicopedagógico ineficaz. É necessário que o psicopedagogo observe os fatores que podem estar interferindo no processo de aprender, pois muitas vezes deve-se trabalhar algo que tangencia o sintoma, para posteriormente trabalhar o sintoma em si. Para ilustrar essa questão, tomemos como exemplo um caso descrito por Bossa (2019), a qual recebeu em seu consultório um garoto de sete anos e oito meses com dificuldades de escrita, que já tinha repetido a 2ª série. A mãe, na entrevista inicial, dizia o quanto era importante que o filho estudasse, pois ela não pôde estudar e por isso queria que o filho tivesse a oportunidade que ela não teve quando criança. A autora conta que em uma das entrevistas de diagnóstico com a criança, enquanto conversavam sobre os seus projetos, a criança lhe disse “Quando crescer, quero ser igual a meu pai, quero trabalhar na feira. Na feira se ganha bastante dinheiro, meu pai me deu um Playstation com o dinheiro que ganhou. Quando eu me casar com uma mulher loira, vou dar uma Playstation também para o meu filho”. Ao A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 62 of 77 09/02/2024, 08:54 mulher loira, vou dar uma Playstation também para o meu filho”. Ao interpretar o caso, a autora assinala que o herói da criança, representado pelo pai, estudou até a segunda série e é casado com uma mulher loira, sua mãe. Nesse sentido, a autora a aponta que a criança, inconscientemente, não poderia sair da 2ª série, já que seu desejo era ser igual ao pai, para ter o amor da mãe. Dessa forma, a autora conta que foi preciso, primeiramente, uma intervenção familiar, orientando o pai a ajudar o filho a perceber a importância dos estudos para ser feirante. Assim, foi possível que a criança percebesse, ao contrário do que pensava, que para ser feirante assim como seu pai, ele precisava aprender a escrever. Concomitantemente a essa intervenção, a autora elaborou um plano de intervenção baseado na alfabetização, pensando a aprendizagem da A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 63 of 77 09/02/2024, 08:54 leitura e da escrita como a descoberta e a reconstrução desse sistema de representação da linguagem sem abandonar o aspecto subjetivo e afetivo. Pois bem, independente do plano de intervenção elaborado, deve-se sempre retomar o objetivo do tratamento. Segundo Paín (1985), ainda que o objetivo do tratamento seja a desaparição do sintoma, não basta a desaparição dele, devemos avaliar com consciência o resultado em que chegamos. Não basta aprender para aprender bem, é necessário colocar ênfase em como se aprende. Ela define a aprendizagem em três objetivos ideológicos fundamentais: O primeiro se refere a conseguir uma aprendizagem que seja uma realização para o sujeito, isto é, o processo pelo qual o aprendente se transforma. O segundo é conseguir uma aprendizagem independente por parte do sujeito, isto é, é preciso superar o vínculo de dependência do aprendente com o psicopedagogo. O terceiro é de propiciar uma correta A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 64 of 77 09/02/2024, 08:54 Técnicas psicopedagógicas Para cumprir os objetivos do enquadramento, isto é, do processo interventivo, é preciso considerar algumas técnicas descritas por Paín (1985), e que são fundamentais para o tratamento do sintoma. Essas técnicas são genéricas, por isso é possível aplicá-las em quaisquer planejamentos interventivos. As técnicas são as seguintes: Organização prévia da tarefa Em cada sessão, deve-se pensar previamente na tarefa a ser dada de acordo com a reflexão sobre a investigação diagnóstica, os materiais devem estar preparados de acordo com o objetivo de cada sessão. Graduação É importante que o psicopedagogo proponha atividades que estejam de acordo com as possibilidades do aprendente, ou O terceiro é de propiciar uma correta autovalorização, em outras palavras, a avaliação da tarefa é preocupação de cada sessão e constitui uma aprendizagem tão valiosa quanto a própria tarefa. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 65 of 77 09/02/2024, 08:54 seja, as tarefas não devem ser muito fáceis a ponto de não o desafiar e também não tão difíceis a ponto de não realizá-las de forma independente. É preciso que as atividades sejam adequadas às possibilidades reais, levando em conta sua estrutura cognitiva, suas estratégias, seus conhecimentos prévios, as questões culturais de seu ambiente e seus interesses pessoais. É importante, ainda, que haja uma gradação correta das dificuldades sucessivas em cada atividade. Autoavaliação É necessário que o psicopedagogo sempre esclareça para o aprendente qual é o objetivo de cada atividade. Isso significa que para ele avaliar sua aprendizagem, é preciso que tenha clareza do que deveria ter aprendido. Se o aprendente souberantecipadamente o que deve adquirir de conhecimento, poderá autoavaliar seu rendimento e, ao finalizar cada sessão, será capaz de realizar um balanço do que foi aprendido, do que precisa ser revisado e do que ainda não aprendeu. Historicidade É importante que o psicopedagogo explicite a história do tratamento para o paciente, pois desse modo ele poderá construir uma percepção de sua evolução. Resgatar a sequência das sessões, nos casos de problemas de aprendizagem, é construir uma memória, assim o aprendente consegue reter e integrar todos os momentos do tratamento, fazendo alusões ao já aprendido e ao que virá aprender. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 66 of 77 09/02/2024, 08:54 Informação A informação é necessária para que o sujeito possa aplicar suas estruturas cognitivas em um nível da realidade, ou seja, é preciso que o psicopedagogo primeiramente entenda a crença do sujeito e onde ele o coloca de acordo com essa crença. Em segundo lugar, é preciso explicitar a real colocação do problema e, em terceiro lugar, responder essa colocação com os benefícios e limites da ciência. Indicação A indicação refere-se ao assinalamento e interpretação. O psicopedagogo deve explicitar verbalmente as variáveis que definem, em dado momento, a situação de aprendizagem. Ele deve verbalizar as sequências de atividades para ajudar o aprendente a internalizar o esquema. O assinalamento, em geral, modifica o comportamento por meio das interações entre o psicopedagogo e o aprendente, pois este percebe que há uma real possibilidade de se chegar, paulatinamente e independentemente, ao conhecimento. O jogo A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 67 of 77 09/02/2024, 08:54 O jogo é um instrumento muito utilizado no atendimento psicopedagógico, tanto no processo de investigação quanto no desenvolvimento do plano de intervenção psicopedagógica. O jogo pode ser utilizado em relação a qualquer sintoma e com pacientes de qualquer faixa etária. Os jogos têm inúmeros objetivos, podem ser interpretados de acordo com diferentes referenciais teóricos e podem ser conduzidos e mediados de maneira individualizada. Isso significa que a mediação do jogo pode ser realizada de acordo com o objetivo que se pretende alcançar: o mesmo jogo pode ser usado de formas diferentes dependendo da situação em que se coloca. Por meio do jogo pode-se analisar e intervir em questões de personalidade e de comportamento e sua relação com o funcionamento cerebral. Por exemplo, podemos utilizar os jogos para trabalhar as funções executivas, que são habilidades cognitivas que regulam o comportamento, as emoções e os pensamentos. O desenvolvimento das funções executivas é fundamental para a vida humana, sobretudo para a aprendizagem e para o desenvolvimento cognitivo e socioemocional. Nesse sentido, por meio de jogos podemos ensinar estratégias cognitivas e metacognitivas, de forma lúdica e prazerosa, para que o aprendente desenvolva suas funções executivas, otimizando a sua aprendizagem. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 68 of 77 09/02/2024, 08:54 Na Psicopedagogia, o jogo se constitui em uma ferramenta criativa e curativa, portanto, terapêutica. Segundo Fernández: Não se pode haver construção do saber, se não se joga com o conhecimento. Ao falar de jogo, não estou fazendo referência a um ato, nem a um produto, mas a um processo. (FERNÁNDEZ, 1991, p. 165) Fernández (1991), considera o jogo de extrema importância e descreve a “hora de jogo psicopedagógica” como sendo um momento no qual é possível compreender alguns processos que levaram ao surgimento do sintoma. A autora diz que o espaço de aprendizagem e o espaço de jogar são os mesmos, pois o brincar possibilita o desenvolvimento das significações do aprender. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 69 of 77 09/02/2024, 08:54 É importante ressaltar que quando mencionamos “jogo”, estamos considerando os diferentes tipos de jogos. O jogo pode ser simbólico, o qual desenvolve a partir dos dois anos de idade, permitindo à criança assimilar o mundo a medida do seu eu, transformando-o para atender aos seus desejos e fantasias, ele ocorre quando a criança imita e dramatiza. Exemplo A criança que entra num caixote reproduzindo o barulho de um carro, imitando o pai ou a mãe que sai para trabalhar. Nesse jogo, há um momento de ressignificação por parte da criança, que pode estar relacionado com a dor da separação dos pais quando ouve o barulho do carro, ou seja, a criança quando brinca e reproduz o mundo adulto que ainda não lhe pertence, o faz para ressignificar e ajustar emoções com as quais ainda não consegue lidar de forma consciente. Há também os jogos relacionados a exercícios funcionais, como correr, saltar, jogar bolinha, que auxiliam no desenvolvimento integral do sujeito, ou seja, promovem o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social e que podem ser adaptados em algumas situações na sessão interventiva. Outro tipo de jogo é o de construção e os jogos de regras, os quais podem ser utilizados de maneira diversificada no tratamento dos mais variados sintomas, pois os jogos de construção e de regras envolvem as habilidades necessárias para promover estimulação cognitiva e intervir quanto aos problemas de aprendizagem. Resumindo Em síntese, o jogo é a principal ferramenta psicopedagógica, é por meio dele que colocamos a criança em contato com o conhecimento. É no jogo que a criança se percebe, se perde e se encontra. É no jogo que a criança percebe o significado do conhecimento. É o jogo que traz à tona a motivação da criança para a aprendizagem. O jogo possui em si uma ludicidade que tem o poder de despertar o prazer da criança em A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 70 of 77 09/02/2024, 08:54 ludicidade que tem o poder de despertar o prazer da criança em aprender. O Jogo no plano de intervenção psicopedagógica A especialista Andresa Ferreira expõe, neste vídeo, de que forma o jogo pode ser usado no atendimento psicopedagógico, os diversos tipos de jogos usados e a sua adaptação segundo o caso e faixa etária. Vamos assistir! Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Assinale a alternativa que contém técnicas sugeridas por Pain (1985) na elaboração da intervenção psicopedagógica: A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 71 of 77 09/02/2024, 08:54 Parabéns! A alternativa B está correta. As técnicas de intervenção psicopedagógica são a organização prévia da tarefa; graduação que corresponde aos graus de dificuldade da tarefa; autoavaliação por parte do aprendente; historicidade que diz respeito à consciência da evolução durante os atendimentos; a informação é necessária para que o sujeito possa aplicar suas estruturas cognitivas em um nível da realidade; e a indicação refere-se ao assinalamento e interpretação. A Organização prévia da tarefa; avaliação; historicidade; objetivo; jogo e síntese. B Organização prévia da tarefa; graduação; autoavaliação; historicidade; informação e indicação. C Organização prévia da tarefa; graduação; avaliação; informação e síntese. D Conhecimento prévio; graduação; avaliação; historicidade; informação e indicação. E Conhecimento prévio; graduação; avaliação; informação e síntese. A psicopedagogia clínica: aspectos teóricos e conceituais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02960/index.html# 72 of 77 09/02/2024, 08:54 Questão 2 Analise as
Compartilhar