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A psicopedagogia clínica aspectos teóricos e conceituais

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Prévia do material em texto

A psicopedagogia clínica:
aspectos teóricos e conceituais
Andresa Aparecida Ferreira
Descrição
As teorias que fundamentam o atendimento psicopedagógico clínico: da
investigação diagnóstica ao processo de intervenção.
Propósito
Conhecer as teorias que fundamentam a prática psicopedagógica é
fundamental para que o profissional tenha competência ao avaliar e
realizar o diagnóstico clínico a fim de que possa intervir de maneira
assertiva.
Objetivos
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Objetivos
Módulo 1
Corpo teórico que fundamenta a prática
psicopedagógica
Identificar os conceitos-chave do corpo teórico que fundamenta a
prática psicopedagógica.
Módulo 2
Aspectos fundamentais da demanda
psicopedagógica
Reconhecer aspectos fundamentais da demanda psicopedagógica.
Módulo 3
Instrumentos avaliativos para elaboração de
hipóteses diagnósticas
Identificar informações importantes a partir de instrumentos
avaliativos para elaboração de hipóteses diagnósticas.
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Módulo 4
Instrumento de prática clínica
Relacionar aspectos teóricos e conceituais aos instrumentos de
prática clínica como projeto de intervenção psicopedagógica.
Introdução
Este material convida você a conhecer as principais teorias que
fundamentam o atendimento psicopedagógico. O conhecimento
dessas teorias é a base para a compreensão de sua conduta
como psicopedagogo(a), pois, a partir dela, você poderá refletir
sobre o objeto de estudo da Psicopedagogia, a fim de preparar
um olhar aguçado sobre o fazer psicopedagógico.
Apresentaremos os conceitos-chave da literatura da área
psicopedagógica, com enfoque em duas grandes teóricas da
Psicopedagogia, as argentinas Alicia Fernández e Sara Paín.
Em seguida, passaremos a apresentar elementos para que você
compreenda as nuances presentes nos tipos de demandas
psicopedagógicas, bem como a apresentação do sintoma ao
psicopedagogo(a).
Posteriormente, conheceremos alguns instrumentos avaliativos

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que podem ser utilizados para elaborar hipóteses diagnósticas
dos problemas de aprendizagem.
E, por último, vamos refletir sobre a relação entre os aspectos
teóricos já estudados e os instrumentos de prática clínica, além
de apresentar o jogo como uma das técnicas de intervenção
psicopedagógica.
1 - Corpo teórico que fundamenta a prática psicopedagógica
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os conceitos-chave do corpo teórico que
fundamenta a prática psicopedagógica.
O que é Psicopedagogia?
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O que é Psicopedagogia?
Essa pergunta é muito instigante e poderia ser respondida de diferentes
maneiras, a partir de inúmeros referenciais teóricos. Poderíamos
também responder de forma mais “romântica” dizendo que
Psicopedagogia é a arte de despertar o prazer em aprender.
De qualquer forma, responder a essa pergunta requer
algumas reflexões e um aporte teórico bem
fundamentado, sobretudo, definir qual é o objeto de
estudo da Psicopedagogia.
Bossa (2019), renomada psicopedagoga brasileira, foi uma das
primeiras pessoas em nosso país a sistematizar as considerações dos
principais teóricos que contribuíram para a definição do objeto de
estudo da Psicopedagogia. Para definir o termo Psicopedagogia, bem
como seu objeto de estudo, a autora faz um resgate histórico de autores
que se preocuparam com os problemas de aprendizagem e salienta que
essa questão remonta ao século XIX e, em sua maioria, por teóricos
franceses, como Jacques Lacan, Maud Mannoni, Françoise Dolto, Julián
de Ajuriaguerra, Janine Mery, Michel Lobrot, Pierre Vayer, Maurice
Debesse, René Diatkine, Georges Mauco, Pichon-Rivière, entre tantos
outros.
Atenção!
É importante salientar que esses teóricos serviram como base para
grandes estudiosos, em sua maioria argentinos, como Alicia Fernández,
Sara Paín e Jorge Visca, os quais se esforçaram em construir um corpo
teórico consistente que atualmente dá base à Psicopedagogia. Além
dos teóricos franceses e argentinos, ressalta-se também importantes
pesquisadores brasileiros que se empenharam ao longo do tempo para
definir o objeto de estudo da Psicopedagogia e contribuíram de forma
considerável com reflexões a respeito do fazer psicopedagógico, tal
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considerável com reflexões a respeito do fazer psicopedagógico, tal
como Edith Rubinstein, Maria A. Neves, Maria L. Weiss e Nádia Bossa.
Bossa (2019), inclusive, ressalta que os teóricos brasileiros, ao definirem
o objeto de estudo da Psicopedagogia, possuem um ponto em comum,
pois todos consideram que os problemas advindos do processo de
aprendizagem são a causa e a razão da Psicopedagogia. Da mesma
forma, para os teóricos argentinos, os problemas de aprendizagem
constituem-se como o pilar-base da Psicopedagogia.
O problema de aprendizagem como sintoma
Para Paín (1985), a prática clínica, seja ela individual ou em grupo, é
permeada por um aporte teórico que fundamenta a construção do fazer
psicopedagógico. Para a autora, existem condições externas e internas
de aprendizagem:
Condições Externas
Referem-se aos estímulos, ao aspecto social da aprendizagem.
Condições Internas
Dizem respeito ao sujeito e fazem referência a três planos
interrelacionados:
• O corpo ou organismo;
• A condição cognitiva e de aptidão;
• A dinâmica do comportamento.
Para a autora, tais condições, internas e externas definem a
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Para a autora, tais condições, internas e externas definem a
aprendizagem e determinam as variáveis de sua ocorrência e, quando
não ocorre, instala-se o sintoma. Segundo Paín:
Podemos considerar o problema de
aprendizagem como um sintoma, no
sentido de que o não aprender não
configura um quadro permanente,
mas ingressa em uma constelação
peculiar de comportamentos, nos
quais se destaca como sinal de
descompensação. Da manipulação
casuística da sintomatologia
inerente ao déficit de aprendizagem,
concluímos que nenhum fator é
determinante de seu surgimento, e
que ele surge da fratura
contemporânea de uma série de
concomitantes.
(PAÍN, 1985, p. 27)
Portanto, definir o que é Psicopedagogia não é uma tarefa fácil, é
preciso ter clareza de todo o processo de aprendizagem, ou seja, sobre
os fatores que contribuem para sua efetivação e para a sua não
ocorrência. A Psicopedagogia diz respeito à aprendizagem, ela se
preocupa com a prevenção das dificuldades de aprendizagem e atua no
diagnóstico e tratamentos dos problemas de aprendizagem. É uma área
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diagnóstico e tratamentos dos problemas de aprendizagem. É uma área
interdisciplinar, que abrange muito mais do que conhecimentos da
Pedagogia e da Psicologia, já que se trata de uma observação do sujeito
como um todo, desde seus aspectos internos quanto externos. Dessa
forma, a Psicopedagogia é formada também a partir das contribuições
da Linguística, Sociologia e Neurologia, dentre tantas outras.
A Psicopedagogia se configura em uma área interdisciplinar entre
Educação e Saúde que estuda as características da aprendizagem
humana, ou seja, como se aprende, quais fatoresinterferem no processo
de aprendizagem, como reconhecer a ocorrência desses fatores, como
tratá-los e preveni-los.
Comentário
Há diferentes terminologias para se referir às questões relacionadas à
aprendizagem, sobretudo ao “não aprender” e que possuem em si
definições e características distintas umas das outras, por exemplo,
“dificuldades de aprendizagem”, “transtornos de aprendizagem”, dentre
outros. Ressalta-se aqui, que será utilizada ao longo do texto a
terminologia “problemas de aprendizagem” por ser o termo proposto
nas obras de referência.
O campo de atuação da
Psicopedagogia Clínica
Quando falamos em campo de atuação, devemos considerar não
somente o local onde trabalhamos, mas também a maneira como
abordamos o objeto de estudo dentro desse trabalho. A Psicopedagogia
trabalha com todas as faixas etárias, desde crianças, adolescentes,
adultos ou idosos e tem um leque amplo de atuação que é
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caracterizado, principalmente, pelo institucional (escolas, hospitais,
empresas) e pelo clínico.
Neste texto, daremos enfoque ao campo de atuação clínico da
Psicopedagogia.
A Psicopedagogia Clínica aborda seu objeto de estudo considerando os
enfoques preventivo e clínico.
O enfoque preventivo diz respeito a:
• Investigar e detectar fatores que podem interferir no
processo de aprendizagem;
• Orientar família, escola e sujeito sobre metodologias de
ensino e questões adjacentes que podem otimizar ou não
a aprendizagem;
• Realizar orientação vocacional individual e em grupo;
• Mobilizar recursos internos, do próprio sujeito, e externos,
do meio social no qual o sujeito está inserido, a fim de
auxiliá-lo em seu desenvolvimento e em sua
aprendizagem.
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O enfoque clínico se refere a atender as demandas dos
problemas de aprendizagem. Para tanto, utiliza-se
instrumentos investigativos para formular um diagnóstico e, a
partir dele, traça-se um plano de intervenção a fim de tratar e
solucionar a demanda.
O enfoque clínico não deixa de ser preventivo, pois quando se
trata determinados sintomas, previne-se o aparecimento de
outros.
A Psicopedagogia Clínica geralmente ocorre em clínicas e consultórios
particulares. As demandas psicopedagógicas de aprendizagem, na
maioria das vezes, são advindas da instituição escolar, pois o professor
identifica que algo não está indo bem e comunica a família. A família,
então, procura a clínica psicopedagógica a pedido da escola.
Em outras situações, não menos frequentes, a escola direciona a família
aos profissionais da área da Saúde. Com isso, as famílias procuram um
médico pediatra ou neurologista para investigar organicamente o que
pode estar prejudicando a aprendizagem do sujeito. E, a partir disso, são
encaminhados aos consultórios de Psicopedagogia.
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Como pode-se perceber, são muitos os envolvidos no caso até que a
demanda chegue ao psicopedagogo clínico. Sendo assim, é necessário
que o psicopedagogo clínico mantenha parceria com os membros da
equipe escolar, principalmente com os professores, e com todos os
profissionais da Saúde envolvidos no caso, como neurologista,
fonoaudiólogo, psicólogo e demais terapeutas.
Recomendação
A Psicopedagogia possui instrumentos de diagnóstico e ferramentas
interventivas próprios, mas não age sozinha! O psicopedagogo clínico
deve sempre ter diálogo com profissionais das outras áreas para ajudá-
lo a construir um caminho mais seguro em prol da aprendizagem do
sujeito.
A fundamentação do fazer
psicopedagógico
A Psicopedagogia, como já mencionado, tem suas raízes em teóricos
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europeus, sobretudo franceses, que se dedicaram a pensar sobre os
problemas de aprendizagem. Atualmente, sabe-se que a compreensão
das questões que envolvem o processo de aprendizagem tem sua
fundamentação em diferentes áreas. No entanto, as principais teorias
que embasam o fazer psicopedagógico de acordo com os
pesquisadores mais renomados da área, como Sara Paín e Alicia
Fernández, caracterizam-se na área da Psicologia.
As dimensões do processo de aprendizagem de
Sara Paín
Sara Paín é uma renomada psicóloga argentina, referência na área da
Psicopedagogia. Para Paín (1985), a compreensão do processo de
aprendizagem se dá a partir das dimensões biológica, cognitiva, social
e do processo de aprendizagem como função do eu.
 Na dimensão biológica há três tipos de
conhecimento: a hereditariedade; o das formas
lógico-matemáticas que se constroem
progressivamente a partir da equilibração; e o das
formas adquiridas em função da experiência.
 Na dimensão cognitiva há três tipos de
aprendizagem: quando o sujeito adquire uma
conduta nova pela experiência do ensaio e erro;
quando o sujeito confirma ou corrige hipóteses a
partir da manipulação dos objetos; quando o sujeito
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Em síntese, Sara Paín defende que a aprendizagem é um lugar de
adquire uma nova estrutura lógica de pensamento,
ou seja, coloca em xeque esquemas anteriores que
demonstram, em alguns momentos, não serem
capazes de certas transformações.
 Na dimensão social considera-se todos os
comportamentos dedicados à transmissão da
cultura, como as instituições escola e família. A
partir da educação dessas instituições o sujeito
histórico exercita, assume e se constitui em
determinada cultura, a qual possui linguagem,
alimentação e vestimentas próprias. A transmissão
da cultura é sempre ideológica.
 Na dimensão do processo de aprendizagem como
função do eu considera-se a visão psicanalítica, na
qual o ego (eu ou yo na língua original da autora) é
uma estrutura que tem por objetivo estabelecer
contato entre a realidade psíquica e a realidade
externa. Nessa dimensão, deve-se dar atenção ao
reverso da aprendizagem, isto é, ao que se oculta
quando se ensina, ao que se desaprende quando se
aprende.
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articulação de esquemas. Nesse lugar do processo de aprendizagem há,
ao mesmo tempo, um momento histórico, um organismo, uma etapa
genética da inteligência e um sujeito. A autora se refere ao materialismo
histórico, à teoria piagetiana da inteligência e à teoria psicanalítica,
assim, no processo de aprendizagem se instauram de forma simultânea
a ideologia, a operatividade e o inconsciente.
A abordagem psicopedagógica clínica de Alicia
Fernández
Alicia Fernández foi uma psicopedagoga argentina que dedicou sua vida
à Psicopedagogia, destacou-se com a publicação de livros que são a
base da fundamentação teórica da Psicopedagogia, dentre eles, a obra
intitulada A Inteligência Aprisionada. Para Fernández:
A libertação da inteligência
aprisionada somente poderá dar-se
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pelo encontro com o perdido prazer
de aprender. Por tal razão, cremos
que nossa principal tarefa com
relação aos pacientes é “ajudá-los a
recuperar o prazer de aprender”; e
da mesma forma pretendemos, para
nós mesmos, recuperar o prazer de
trabalhar aprendendo e de aprender
trabalhando.
(FERNÁNDEZ, 1991, p. 18)
A autora tem uma sensibilidade perspicaz quando se trata de descrevero fazer psicopedagógico. Para o psicopedagogo auxiliar o aprendente, o
que chamamos de aluno na escola ou de paciente no consultório, é
necessário desarmar os clichês.
Mas o que seria isso, desarmar os clichês?
Aprendente
Termo que ela utiliza para se referir àquele que aprende
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O termo clichês tem origem na imprensa tipográfica, se refere a palavras
e frases que eram usadas com maior frequência e que por isso o
impressor conservava em tipos já prontos. Grosso modo, no cotidiano,
usa-se clichê como sinônimo de jargão se referindo a frases comuns,
chavões e estereótipos. Nesse sentido, para pensar novas ideias ou para
aprender algo novo, é necessário desarmar os clichês, o que estava
pronto, o que se considerava como verdade única.
No fazer psicopedagógico, é preciso desarmar os clichês, é necessário
“pensar fora da caixa”, dos moldes preestabelecidos. Para que isso seja
possível, o psicopedagogo deve se atentar ao olhar e à escuta
psicopedagógica.
O olhar e a escuta psicopedagógica
Alicia Fernández considera o olhar e a escuta psicopedagógica
essencial para a prática clínica, mas salienta que antes de precisar o
tipo de olhar, é necessário situar esse olhar:
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O lugar de onde olhar é por meio do espaço transicional, de jogo,
confiança e criatividade, só assim poderá nascer o olhar
psicopedagógico clínico.
A escuta psicopedagógica diz respeito à atitude clínica, que
compreende a complexa relação entre ação e teoria, é a práxis do
terapeuta, no caso, do psicopedagogo.
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O discurso do aprendente deve ser considerado. É preciso
interpretá-lo à luz das teorias a fim de desvendar onde residem os
nós e entraves entre a inteligência e o desejo, em outras palavras,
a fim de libertar a inteligência aprisionada.
Para Fernández (1991) a atitude clínica incorpora três aspectos:
• O conhecimento sobre como se aprende e sobre o organismo,
corpo, inteligência e desejo.
• A teoria psicopedagógica que não é uma soma de conhecimentos
anteriores, mas uma teoria que alia esses conhecimentos à prática
com os problemas de aprendizagem.
• O saber sobre o aprender e o não aprender.
Em síntese, Alicia Fernández considera o fazer psicopedagógico como
um ato entre o ensinante e o aprendente. Nele, o ensinante deve
desvendar os entraves que estão impossibilitando a aprendizagem a
partir do olhar, da escuta, das relações familiares e do contexto em que
o sujeito está inserido.
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O fazer psicopedagógico deve intervir nos problemas de aprendizagem
colocando em evidência a necessária interrelação dos níveis orgânico,
corporal, intelectual e desejante, a partir de sua articulação sintomática,
em outras palavras, o fazer psicopedagógico tem como fim dar conta da
articulação inteligência-desejo.
O olhar e a escuta psicopedagógica
A especialista Andresa Ferreira reflete sobre o trabalho do
psicopedagogo clínico e as particularidades do olhar e da escuta deste
profissional.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Assinale a alternativa que corresponde à definição do objeto de
estudo da Psicopedagogia:
A
É a ciência que estuda os processos mentais e o
comportamento.
B É o estudo dos sentimentos, pensamentos e razão.
C
É a compreensão do comportamento humano e
suas emoções no ambiente escolar.
D
É o estudo dos problemas advindos do processo de
aprendizagem.
E
É a ciência que estuda a relação entre as funções
cerebrais e o comportamento.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
O objeto de estudo da Psicopedagogia difere de acordo com o
referencial teórico consultado, mas em todos eles há um ponto em
comum que se refere à Psicopedagogia como o estudo dos
problemas decorrentes do processo de aprendizagem do sujeito.
Questão 2
Considere as seguintes proposições e depois relacione com a
autora correspondente:
I – Para essa autora, a compreensão do processo de aprendizagem
se dá a partir das dimensões biológica, cognitiva, social e do
processo de aprendizagem como função do eu.
II – Ela define a atitude clínica como sendo o conhecimento sobre
como se aprende e como não se aprende, bem como a capacidade
de relacionar teoria à prática dos problemas de aprendizagem.
III – Essa autora considera que o sujeito liberta sua inteligência
aprisionada quando encontra o prazer em aprender.
A I Alicia Fernández – II Sara Paín – III Sara Paín.
B
I Sara Paín – II Alicia Fernández – III Alicia
Fernández.
C I Sara Paín – II Sara Paín – III Sara Paín.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
Para Sara Paín, o processo de aprendizagem se dá a partir das
dimensões biológica, cognitiva, social e do processo de
aprendizagem como função do eu. Para fundamentar como ocorre
esse processo, ela considera as teorias psicanalítica, piagetiana e
histórico-cultural. Alicia Fernández traz a importância de aspectos
para a atitude clínica como compreender o processo de aprender e
relacionar a teoria à prática clínica que lida com os problemas de
aprendizagem, a fim de auxiliar o aprendente a libertar sua
inteligência aprisionada, despertando seu prazer em aprender.
D
I Alicia Fernández – II Alicia Fernández – III Sara
Paín.
E
I Alicia Fernández – II Sara Paín – III Alicia
Fernández.
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2 - Aspectos fundamentais da demanda psicopedagógica
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer aspectos fundamentais da demanda
psicopedagógica.
Motivo da consulta
A etimologia do termo motivo vem do latim motivus, relativo a
movimento, é aquilo que nos move, nos leva a fazer algo ou justifica o
nosso comportamento. Nesse caso, o motivo da consulta
psicopedagógica parte de um problema de aprendizagem. Esse
problema de aprendizagem pode ter sido detectado pela própria família
ou pela instituição, que na maioria das vezes é a escola. Ele pode ter
sido encaminhado pelo(a) professor(a), médico(a), psicólogo(a), por
outra pessoa com problema semelhante ou, ainda, pela mídia ou
publicidade.
Atenção!
O conhecimento da via pela qual o aprendente chega até você, seja
individual ou institucional, é importante, pois mostra qual é o tipo de
vínculo que a família e o próprio aprendente deseja estabelecer com
você, psicopedagogo(a)!
Para compreender o motivo, pense que há uma diferença em dizer:
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• “Vim consultar porque estou com dificuldade para aprender”   OU
• “Marquei essa consulta porque meu filho não aprende”   COM
• “Vim consultar porque meu médico mandou”   OU
• “Marquei essa consulta para meu filho a pedido da escola”
Nas primeiras duas falas, percebe-se um grau de responsabilidade da
própria pessoa ou da família com o problema em questão, e nasúltimas
falas, percebe-se um grau de distanciamento do aprendente ou a família
com o problema.
Há uma probabilidade maior de que o atendimento
psicopedagógico ocorra de forma mais concisa, desde o
processo diagnóstico até o trabalho interventivo.
É necessário que se construa, junto ao aprendente e à própria
família, um senso de responsabilidade de que o trabalho
psicopedagógico só será efetivo com a participação consciente
deles próprios.
Outra questão importante a ser observada é o nível de dificuldade que o
aprendente ou a família teve até chegar à clínica psicopedagógica. No
caso de atendimento clínico em instituições públicas como hospitais,
por exemplo, há um processo longo, geralmente, desde o
encaminhamento da escola até chegar à instituição que realiza o
No primeiro caso 
No segundo caso 
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encaminhamento da escola até chegar à instituição que realiza o
atendimento, o que configura que se a família chegou até você é porque
ela se esforçou muito em busca da solução do problema.
No caso de clínicas particulares também é importante observar o nível
de ansiedade que o aprendente ou a família demonstra quando você
solicita a disponibilidade de dias e horários para o atendimento e
também o valor que será cobrado pelas consultas.
A forma como o problema de aprendizagem é apresentada ao
psicopedagogo também oferece indícios de resistência ou urgência que
a demanda carrega.
Exemplo
Se a pessoa diz:
“A professora disse que ele tem dificuldade para prestar atenção à aula,
mas eu sei que ele é atento, sempre atende às solicitações em casa” ou,
ainda, “Eu compreendo que não posso forçá-lo a ser como as outras
crianças, mas eu sinto que ele tem uma autocobrança de ser como os
outros”.
Nesses exemplos, é preciso observar a natureza dessas falas, o que
realmente pode ser considerado pelo dito e o que podemos investigar
por meio do “não dito”.
O psicopedagogo deve ser, antes de tudo, um exímio investigador, deve
ter a competência de ler nas entrelinhas!
Todas essas questões lhe dão sinais do tipo de vínculo e de
responsabilidade que o próprio aprendente ou a família assumem diante
do problema de aprendizagem.
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Tais observações devem ser feitas não somente quando o atendimento
é solicitado, mas ao longo de todo o processo, pois observar faltas,
atrasos e demais obstruções que ocorrem são cruciais para montar o
quebra-cabeça do fazer psicopedagógico.
A primeira consulta
Já vimos a importância de conhecer o motivo que levou o aprendente à
consulta. Agora, é importante saber qual o objetivo explícito da
demanda, ou seja, é preciso saber se a família quer apenas se consultar
para ter um diagnóstico ou se espera de nós um tratamento e solução
do caso.
 Na primeira situação, deve esclarecer o problema
de aprendizagem a partir do diagnóstico e orientar
quanto aos aspectos positivos e negativos que
podem interferir no caso.
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Pois bem, a partir desses elementos que precisam ser observados,
chegamos à primeira consulta, na qual a família e o próprio aprendente
vão passar por uma entrevista que chamamos de “Entrevista de
Anamnese”. No caso de atendimento com criança, faz-se a entrevista
primeiramente com a pessoa responsável por ela, que pode ser a mãe, o
pai, a avó, o tio ou demais responsáveis maiores de 18 anos.
Atenção!
Na maioria das vezes, essa entrevista se repete com algum outro
responsável pela criança, pois você vai naturalmente perceber essa
necessidade. Por exemplo, se a avó é a pessoa que procura e se
responsabiliza pelo atendimento, provavelmente sentirá a necessidade
de investigar algumas questões diretamente com a mãe ou o pai da
criança.
Deve-se encontrar uma forma de haver comunicação com todos os
responsáveis, independentemente se os pais são casados ou não, se
 Na segunda situação, quando o que se espera de
nós é o tratamento do problema de aprendizagem,
nossa preocupação se centrará na criação de
condições psicológicas ótimas para que o
aprendente ou a família assumam o tratamento,
participem e cooperem para a solução, ou seja, é
preciso que operem junto ao psicopedagogo a
partir do diagnóstico, que é onde começa o
processo de reconhecimento de si mesmo.
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moram ou não na mesma cidade. Essa comunicação pode ser realizada
de forma presencial, por escrito ou por videochamada, que está se
tornando cada vez mais comum atualmente. A impossibilidade dessa
comunicação e a justificativa para tal também lhe trará indícios para
interpretação dos fatores que permeiam o problema de aprendizagem.
Envolver toda a família no caso é deixar claro que todos devem estar
comprometidos na situação.
Além da família, é importante que o psicopedagogo saiba quem são os
profissionais que lidam com o sujeito aprendente, como professor,
psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional; pois durante a
investigação psicopedagógica, pode sentir a necessidade de conversar
com esses profissionais ou pedir relatórios a eles.
Lembre-se de que o psicopedagogo é, antes de tudo, um investigador,
ele precisa ter a visão de todos os ângulos. Pode-se utilizar uma
analogia com os alunos dizendo que o psicopedagogo deve olhar o
problema de aprendizagem do alto, como se fosse um fiscal que
estivesse sobrevoando de helicóptero uma floresta que está sendo
desmatada, a fim de identificar o que está acontecendo, para que assim
possa ter uma visão do todo!
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A Entrevista de Anamnese
A Entrevista de Anamnese, na maioria das vezes, acontece na primeira
consulta. No caso de atendimento de adultos, realiza-se com a própria
pessoa e, no caso do atendimento com crianças e adolescentes,
primeiro se realiza a Entrevista de Anamnese com o responsável e
depois com a própria criança ou adolescente.
Recomendação
• É importante que o aprendente não esteja presente durante a
Entrevista de Anamnese com o responsável, pois as informações
dadas pelos responsáveis podem influenciar de maneira negativa
a autoestima da criança, além de inúmeras questões éticas que
podem estar envolvidas.
• É necessário estabelecer um contrato de confidencialidade com a
família e também com a criança para que sintam segurança em
conversar da maneira mais honesta e verdadeira possível, pois
assim será possível estabelecer um vínculo saudável entre a
família, o psicopedagogo e o aprendente.
Segundo Paín (1985), a entrevista de anamnese que ela denomina como
“primeira consulta” é uma ocasião para estabelecer hipóteses sobre os
seguintes aspectos importantes para o diagnóstico do problema de
aprendizagem:
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a) Significação do sintoma na
família ou, com maior precisão,
articulação funcional do problema
de aprendizagem;
b) Significação do sintoma para a
família, isto é, as reações
comportamentais de seus membros
ao assumir a presença do problema;
c) Fantasias de enfermidade e de
cura e expectativas acerca de sua
intervenção no processo
diagnóstico e de tratamento;
d) Modalidade de função do casal
em função de uma terceira pessoa,
no caso, o psicopedagogo.
(PAÍN, 1985, p. 42)
O esclarecimento desses pontos é a chave para a compreensão
diagnósticado sintoma, ela se revela no processo que se segue e que a
autora denomina como “momento de devolução”. Paín (1985) considera
que esse momento tem como objetivo fazer com que a família assuma
o problema em sua dimensão real. Nesse sentido, não basta apresentar
a conclusão do caso, mas sim corrigir ou modificar suas explanações
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assinalando os aspectos latentes e ocultos no discurso da família. Essa
tarefa é fundamental para que se estabeleça um vínculo saudável entre
a família, o aprendente e o psicopedagogo, para que alcancem os
resultados desejados quanto ao problema de aprendizagem.
Roteiro de Anamnese
O Roteiro de Anamnese deve ser utilizado com a família, isto é, com os
responsáveis pelo aprendente, durante a primeira consulta. Esse roteiro
serve apenas para o psicopedagogo guiar sua investigação.
Recomendação
• É importante que seja aplicado em forma de conversa, de maneira
informal, e não como um questionário a ser respondido pelos
informantes.
• É necessário, ainda, que o psicopedagogo observe quem será o
informante quanto ao sexo e idade e adapte o roteiro no que for
conveniente.
Você vai conhecer agora um exemplo de roteiro voltado para a família.
Mas, lembre-se: o roteiro deve ser adaptado para a realidade de cada
caso, dessa forma, há itens que poderão ser suprimidos e outros que
poderão ser inseridos, cabe a você discernir as questões mais
relevantes e adequadas em cada situação.
I – IDENTIFICAÇÃO
NOME:
Roteiro de anamnese – família 
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IDADE:                   DATA DE NASCIMENTO:
SEXO:
ENDEREÇO:
CIDADE:
TELEFONE:
E-MAIL:
INFORMANTE:
II – QUEIXA OU MOTIVO DA CONSULTA
1. Motivo da procura pelo atendimento psicopedagógico.
2. Desde quando há a queixa e quem a percebeu.
3. Circunstâncias que existiram em relação ao início da queixa.
4. Problemas ou situações que possam estar associados à
queixa.
5. Maior preocupação dos responsáveis.
III – ESCOLA
1. Idade de ingresso.
2. Frequência a creche e pré-escola.
3. Nome da escola atual, endereço, nome do(a) professor(a), ano
escolar, período.
4. Motivo pelo qual foi matriculado(a) nesta escola.
5. Período de adaptação: à escola, ao(à) professor(a), aos
colegas, aos horários.
6. Desempenho escolar (notas, retenção, evasão).
7. Atitudes do(a) professor (a) (comentários, críticas ou elogios).
8. Experiências negativas relacionadas à escola: incidência
disciplinar, conflitos, perdas, bilhetes, pais chamados à escola,
expulsão (descrever).
9. Comportamento ‒ brigas, agressões, queixas sobre
“gozações” – investigar se houver.
10. Mudança de professor(a), classe ou escola, greves,
pandemia, faltas ou outras interrupções do ano letivo –
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pandemia, faltas ou outras interrupções do ano letivo –
investigar se houver.
11. Atividades recreativas, competições e atividades preferidas.
12. Tarefas – investigar como realiza e se recebe ajuda.
13. Conservação do material, organização para ir à escola.
14. Relacionamentos na escola – colegas, professor(a).
15. Atividades extraescolares.
16. Comunicação/relacionamento escola/pais.
IV – GESTAÇÃO E PARTO
1. Idade da mãe, planejamento da gravidez.
2. Reações da mãe, pai e familiares quanto à gravidez.
3. Relacionamento com o pai.
4. Histórico de gestação do(s) filho(s). Acompanhamento pré-
natal.
5. Parto (a termo/pré-termo, tipo, dificuldades).
6. Pós-parto – complicações, saúde da criança, peso, período de
internação, primeiro contato, alta mãe e criança simultâneas.
7. Conhecimentos da mãe sobre cuidado com o bebê e ajuda
recebida.
V – AMAMENTAÇÃO E ALIMENTAÇÃO
1. Amamentação no peito – tempo, sensações, desmame.
2. Uso de mamadeira – tempo, problemas com a retirada.
3. Alimentação atual – dificuldades, ajuda recebida, horários,
companhia, habilidade para preparo.
VI – DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR E COMUNICAÇÃO
1. Idades: sentar, engatinhar, andar e demais atividades.
2. Dificuldade atual quanto ao desenvolvimento físico.
3. Habilidades com bicicleta, patins e skate – investigar o que
tem e como aprendeu.
4. Lateralidade – escrever, pentear, comer.
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4. Lateralidade – escrever, pentear, comer.
5. Idades – sorriso, primeiras palavras e fala compreensível por
todos.
6. Dificuldades e habilidade com comunicação (conversa,
compreende, canta, conta, inventa histórias).
7. Controle de esfíncteres – investigar quando houver
dificuldades e quem fez a mediação.
VII – ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA
1. Independência: escova os dentes, toma banho, se veste, dá
laços, abotoa/desabotoa, escolhe roupas para vestir.
2. Tarefas/responsabilidades na casa.
3. Faz compras, lida com dinheiro, pega recados, tem noções de
tempo.
VIII – SEXUALIDADE
1. Curiosidade e perguntas – investigar.
2. Masturbação.
3. Sinais de puberdade.
4. Presenciou cenas de sexo.
5. Recebeu alguma orientação quanto à sexualidade.
IX – SAÚDE
1. Doenças graves.
2. Doenças crônicas (doenças que sempre tem volta: asma,
bronquite, crises alérgicas).
3. Acidente, cirurgia, hospitalização – aprofundar quando houver.
4. Quedas, pancadas na cabeça, convulsões, desmaios, crises de
ausência, perdas de fôlego – investigar quando houver.
5. Tratamento médico, medicações, visitas ao médico.
6. Vacinas.
7. Dentista.
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8. Outros tratamentos.
X – PERSONALIDADE, TEMPERAMENTO E HÁBITOS
1. Temperamento quando era bebê.
2. Temperamento atual.
3. Reação à frustração e apego.
4. Faz coisas por conta própria.
5. Autocríticas, expressa vontades e dificuldades, conta o que lhe
acontece fora de casa, se preocupa com a aparência.
6. Reação quando fica nervoso(a).
7. Diferencia certo e errado.
8. Reações a castigos/ punições, pedidos, sofrimento do outro.
9. Comportamento agressivo – investigar quando houver.
10. Movimentos repetitivos (tiques) e hábitos – investigar
quando houver.
XI – RECURSOS AMBIENTAIS E LAZER
1. Interesses e preferências – brincadeiras e lazer.
2. Brincadeiras e brinquedos – tipos, só ou acompanhado(a).
3. Companhia de familiar para brincadeiras.
4. Amigos – escolha, idades, relacionamento, locais de encontro.
5. Passeios, visitas, acompanha pais a compras, férias.
6. Animal de estimação.
7. Material de leitura e estudo.
8. Leitura dos pais/avós para a criança.
9. Faz outras atividades: pinta, ouve música, ballet, judô etc.
10. Meios eletrônicos (TV, computador e celular) – uso e controle
de acesso.
XII – FAMÍLIA E PRÁTICAS EDUCATIVAS
1. Moradores da casa.
2. Idade, escolaridade e dificuldades escolares ou
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comportamentais dos irmãos.
3. Idade, profissão, escolaridade e religião dos pais ou
responsáveis.
4. Estado civil dos pais (se separados: investigar tempo, motivo,
contato com cada um dos pais, companheiros dos pais e meios-
irmãos, relacionamento da criança com eles).
5. Relacionamento dos pais.
6. Presenciou brigas/discussões em casa.
7. Cuidador na ausência dos pais.
8. Experiências de separação de pessoas queridas, morte,
nascimento de irmãos (investigar ocasião e reações).
9. Práticas de educação: punições, castigos, elogios, críticas,
ignorar comportamentos – investigar: envolvidos, frequênciase
tipos de situações.
10. Participação nas dificuldades e decisões familiares.
11. Relacionamento com as pessoas da casa e pessoa que mais
obedece.
12. Problemas de saúde física ou mental, vícios, envolvimento
com polícia – investigar conhecimento da criança, nível de
contato com a pessoa, reações da criança.
13. Comportamentos, atitudes, características positivas da
criança.
14. Expectativas quanto ao futuro.
15. Em caso de adoção: motivo, idade, conhecimento da criança
sobre sua história.
XIII – OBSERVAÇÕES
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
*Roteiro elaborado pela Profa. Dra. Andresa Ferreira.
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*Roteiro elaborado pela Profa. Dra. Andresa Ferreira.
Roteiro de Anamnese
Vejamos, com a especialista Andresa Ferreira, a importância das partes
que compõem o roteiro de uma anamnese na consulta realizada pelo
psicopedagogo.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O conhecimento sobre o motivo da consulta é importante porque:

A
Mostra o tempo que a criança lida com o problema
de aprendizagem.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
A forma como a família apresenta o caso, o tipo de
encaminhamento que foi realizado e o nível de dificuldade que o
aprendente ou a família teve até chegar à clínica psicopedagógica
ajudam o psicopedagogo a perceber o tipo de vínculo que a família
e o aprendente pode estabelecer com o atendimento
psicopedagógico.
Questão 2
Analise as proposições e julgue-as como verdadeiras (V) ou falsas
(F). Em seguida, assinale a alternativa correta:
B
Permite que o psicopedagogo faça projeções
antecipadas do caso clínico.
C
Revela o tipo de vínculo que a família e o próprio
aprendente deseja estabelecer com o
psicopedagogo.
D
Mostra o grau de preocupação que a família tem
com o sintoma.
E
Permite que o sintoma seja tratado em um menor
período.
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(   ) Quando a família tem a expectativa de tratamento do problema
de aprendizagem, nossa preocupação se centrará na criação de
condições psicológicas ótimas para que assumam o tratamento,
participem e cooperem para a solução.
(   ) A primeira consulta revela a totalidade das informações sobre o
caso clínico, pois a entrevista com o responsável e/ou com o
aprendente lhe dá uma visão holística da situação.
(   ) O Roteiro de Anamnese deve ser adaptado para a realidade de
cada caso clínico, o psicopedagogo pode inserir as questões de
acordo com a demanda, considerando a idade, a queixa e questões
relevantes que podem surgir, inclusive, no momento da entrevista.
Parabéns! A alternativa E está correta.
A expectativa da família quanto ao tratamento do problema de
aprendizagem revela nossa responsabilidade de sinalizar tanto para
A F – V – F
B F – F – F
C F – F – V
D V – V – F
E V – F – V
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aprendizagem revela nossa responsabilidade de sinalizar tanto para
a família quanto para o aprendente que o psicopedagogo não agirá
sozinho, pelo contrário, necessitará do empenho de todos os
envolvidos no caso. É importante que o psicopedagogo seja um
exímio investigador para compreensão do caso clínico, buscando
pistas durante todo o atendimento, desde o processo diagnóstico
até a intervenção, e não só na entrevista inicial. O roteiro de
anamnese deve ser modificado conforme as demandas dos casos
clínicos.
3 - Instrumentos avaliativos para elaboração de hipóteses
diagnósticas
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car informações importantes a partir de
instrumentos avaliativos para elaboração de hipóteses diagnósticas.
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A Epistemologia Convergente
A Epistemologia Convergente foi elaborada pelo educador e psicólogo
argentino Jorge Visca. A criação do Centro de Estudos
Psicopedagógicos, na década de 1970, com as pessoas que
participavam de seu grupo de estudos, contribuiu para a sistematização
de uma fundamentação e de um fazer psicopedagógico que estava
tendo resultados frutíferos tanto para a formação de profissionais,
quanto para o tratamento de crianças. Assim, a partir de suas ideias, de
suas aulas e de suas investigações, surgiu o que ele denominou de
Epistemologia Convergente.
Segundo Visca (2010), a síntese dos aspectos
teóricos-técnicos da corrente de pensamento que ele
denominou como Epistemologia Convergente tem
como objetivo apresentar os aspectos fundamentais
que trazem a compreensão da clínica psicopedagógica
tanto em relação à sua instância diagnóstica, quanto
ao tratamento propriamente dito.
A Epistemologia Convergente tem sua base:
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Em linhas gerais, a Epistemologia Convergente abrange uma estrutura
própria que conduz o atendimento psicopedagógico do começo ao fim e
é extensamente detalhada por Jorge Visca e sua equipe. Essa estrutura
é composta por temáticas que possuem objetivos e conteúdos próprios,
são elas: enquadramento, contrato, diagnóstico, nosologia e processo
corretor.
Nessa ocasião, faremos um recorte de acordo com o objetivo deste
módulo, que se refere ao diagnóstico.
O diagnóstico na Epistemologia Convergente
Visca (2010), caracteriza, em primeira instância, a matriz diagnóstica do
pensamento e, em segunda instância, o processo diagnóstico. A matriz
diagnóstica do pensamento está configurada por três elementos:
• O diagnóstico propriamente dito.
• O prognóstico.
• As indicações.
O processo diagnóstico é composto por ações do psicopedagogo que
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ele chama de entrevistador e procedimentos internos do entrevistador. O
esquema sequencial do processo diagnóstico proposto pela
Epistemologia Convergente se configura da seguinte maneira:
Ações do entrevistador
Procedimentos internos do
entrevistador
1) EOCA
Ler sistemas de hipóteses.
Organizar o primeiro sistema
de hipóteses.
Traçar linha de investigação.
2) TESTES
Escolher os instrumentos.
Elaborar o segundo sistema
de hipóteses.
Traçar linhas de
investigação.
3) ANAMNESE
Verificar e decantar o
segundo sistema de
hipóteses.
Formular o terceiro sistema
de hipóteses.
4) ELABORAÇÃO DO
INFORMATIVO
Elaborar uma imagem do
sujeito (que não pode ser
repetida para outro sujeito), a
qual articula a aprendizagem
com os aspectos
energéticos e estruturais,
atuais (a-históricos) e
históricos que o
condicionam.
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Tabela: Esquema sequencial do diagnóstico pela Epistemologia Convergente
Visca, 2010, p. 97.
Observe que a Epistemologia Convergente não coloca a Entrevista de
Anamnese como indicação na primeira consulta, ao contrário da
modalidade tradicional do processo de diagnóstico. Para a
Epistemologia Convergente, a abertura do processo diagnóstico deve
acontecer com a Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem, mais
conhecida como EOCA.A justificativa para tal é que investigar a partir
da criança, adolescente ou adulto traz uma “descontaminação” do que
poderia ser trazido pelos informantes (pais ou responsáveis). De acordo
com Visca (2010, p. 96), iniciar a sequência do processo diagnóstico
com a anamnese indica que “os adultos têm razão e as crianças não
têm”.
Ressalta-se que esse instrumento, a EOCA, independentemente de ser
precedido pela Entrevista de Anamnese, é um dos mais utilizados na
clínica psicopedagógica quando se trata de investigação diagnóstica,
por isso ele será tratado em maiores detalhes a seguir.
Entrevista Operativa Centrada na
Aprendizagem – EOCA
A EOCA consiste em uma técnica simples, espontânea e rica em
resultados. Ela tem como objetivo investigar os vínculos que o
aprendente possui com os objetos e conteúdos da aprendizagem
escolar. Consiste em uma caixa com materiais e um script a ser
realizado pelo entrevistador, no caso, o psicopedagogo.
Quanto aos materiais, listarei alguns dos mais utilizados, mas é
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Quanto aos materiais, listarei alguns dos mais utilizados, mas é
importante dizer que você pode modificar como julgar conveniente
dependendo do nível escolar, da idade e demais características do seu
entrevistado.
Entrevista Operativa Centrada na
Aprendizagem
Neste vídeo, a especialista Andresa Ferreira relata uma experiência
pessoal, refletindo sobre as principais características da Entrevista
Operativa Centrada na Aprendizagem. Vamos assistir!
No exemplo abaixo, foi considerado uma criança em idade escolar,
listado os itens sugeridos originalmente por Visca (2010) e
acrescentado, de acordo com experiência profissional, elementos que
nos sugerem valiosas pistas investigativas:
Materiais – EOCA:

Folhas sulfite, com linhas e
quadriculadas;
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Folhas de papel colorido para
dobradura;
Lápis novo e sem ponta (para
averiguar a proatividade em
apontá-lo);
Apontador;
Caneta;
Borracha;
Tesoura;
Régua;
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Comanda:
“Gostaria que mostrasse o que sabe fazer, o que tenho lhe ensinado e o
que tem aprendido. Esse material é para você usar, se precisar, para
mostrar-me o que eu gostaria de saber de você, como comentei”.
Marcadores;
Livros ou revistas;
Miniaturas;
Jogo (apenas um, por exemplo,
UNO, dominó ou memória).
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Depois da comanda, o entrevistado pode ter várias reações, como
começar a falar, escrever, desenhar, fazer contas, pedir que diga o que
deve fazer, ficar paralisado etc. Essa primeira forma de resposta é muito
importante, pois, numa leitura sutil, diz muito sobre o sujeito. Deve-se
fazer pequenas intervenções, somente quando necessário. Durante a
aplicação da técnica, é importante observar três aspectos:
Temática
Refere-se a tudo o que o sujeito diz, lembrando que terá sempre
algo manifesto e outras informações que ficarão latentes.
Dinâmica
Consiste em tudo o que o sujeito faz que não é estritamente
verbal: gestos, tom de voz, expressão facial e corporal etc.
Produto
É o que o sujeito deixa registrado no papel e a sequência com que
foi sendo produzido.
Segundo Visca (2010), esses três níveis de observação é que resultarão
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no primeiro sistema de hipóteses, o qual será constituído pelos
sintomas (com seus indicadores) e certas ideias de quais são as causas
atuais que os provocam.
Provas Operatórias
A aplicação das Provas Operatórias piagetianas permite o
conhecimento do funcionamento e desenvolvimento das funções
lógicas do sujeito. Elas são utilizadas quando se quer investigar o nível
cognitivo em que a criança se encontra e se há defasagem em relação à
sua idade cronológica.
Recomendação
A aplicação das provas deve ser realizada de forma minuciosa, pois
qualquer alteração na condução pode alterar o resultado.
Acompanhe com atenção a apresentação das provas operatórias a
seguir.
 Provas de Conservação
Pequenos conjuntos discretos de elementos,
superfície, líquido, matérias, peso, volume,
comprimento.
 Provas de Classi�cação
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A aplicação das provas inclui técnica específica de como apresentar os
materiais, as comandas solicitadas, as perguntas e argumentações que
devem ser realizadas durante sua aplicação. No entanto, nesse
momento, o objetivo é apenas de apresentar os instrumentos que fazem
parte do processo diagnóstico, bem como sua fundamentação.
Quanto à avaliação das Provas Operatórias, as respostas são divididas
Mudança de critério, quantificação da inclusão de
classes, interseção de classes.
 Prova de Seriação
Seriação de palitos.
 Provas de Espaço
Espaço unidimensional, bidimensional,
tridimensional.
 Provas de Pensamento Formal
Combinação de fichas, permutação de fichas,
predição.
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Quanto à avaliação das Provas Operatórias, as respostas são divididas
em três níveis que mostram em que período de desenvolvimento
cognitivo o sujeito se encontra.
Técnicas Projetivas
As Técnicas Projetivas têm como objetivo investigar os vínculos que o
sujeito pode estabelecer em três grandes áreas da sua vida: escolar,
familiar e consigo mesmo. É por meio dessas técnicas que o
psicopedagogo reconhece o grau de consciência dos distintos aspectos
que constituem o vínculo de aprendizagem.
Segundo Paín (1985), as técnicas projetivas tratam de desvendar quais
são as partes do sujeito depositadas nos objetos que aparecem como
suportes da identificação e que mecanismos atuam diante de uma
instrução que obriga o sujeito a representar situações carregadas
emotivamente. Essas emoções manifestas é que nos interessam como
investigadores dos fatores que podem envolver o problema de
aprendizagem.
Há inúmeras técnicas projetivas, aqui citaremos apenas algumas das
mais utilizadas e de uso não restrito a psicólogos, ou seja, o
psicopedagogo pode aplicá-las e incluí-las em seu processo de
diagnóstico.
Uso não restrito a psicólogos
Existem instrumentos de avaliação, conhecidos também como Testes
Psicológicos, que só podem ser aplicados e interpretados por psicólogos
registrados no Conselho Regional de Psicologia.
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Par educativo ou dupla educativa
O objetivo é de investigar os vínculos de aprendizagem do sujeito
por meio de um desenho no qual se pede para desenhar duas
pessoas: uma que ensina e outra que aprende.
A planta da sala de aula
O objetivo é de investigar a representação do campo geográfico
da sala de aula e sua posição real e desejada por meio da
solicitação de que a criança desenhe a planta da sua sala de
aula, como se estivesse vendo-a de cima.
Família educativa
O objetivo é de investigar o vínculo de aprendizagem com o
grupo familiar e cada um dos membros da família a partir da
solicitação de um desenho dos familiares, com cada um fazendo
o que sabe fazer.
Os quatro momentos do dia
O objetivo é investigar os vínculos que o sujeito estabelece ao
longo dodia por meio de uma consigna em que o entrevistador
pede a criança que dobre uma folha em quatro partes iguais e
Técnica Projetiva – vínculo escolar 
Técnica Projetiva – vínculo familiar 
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pede a criança que dobre uma folha em quatro partes iguais e
desenhe quatro momentos de seu dia, desde a hora que acorda
até a hora em que vai dormir.
Fazendo o que mais gosta
O objetivo é observar o tipo de atividade que mais gosta de fazer,
o tipo de vínculo que possui consigo mesmo em termos de seus
interesses, necessidades e limitações internas e externas na
aprendizagem a partir da solicitação de que a criança a desenhe
fazendo o que mais gosta.
O desenho em episódios
O objetivo é observar o vínculo de aprendizagem que o sujeito
possui consigo mesmo e observar também alguns indicadores
gráficos vinculados ao tempo, ao espaço e à causalidade. Tem
também a finalidade de delimitar a permanência da identidade
psíquica em função da qualidade de afetos expressados, a
articulação dos aspectos sociais e a organização do raciocínio.
A comanda é que a criança desenhe o que um menino ou menina
(de acordo com o sexo do entrevistado) irá fazer desde a hora
que acorda pela manhã, sai de casa e retorna novamente a sua
casa.
A interpretação de cada Técnica Projetiva deve ser realizada em função
do sujeito em particular. A análise é minuciosa e envolve a observação
de vários aspectos como tamanho do desenho, dos personagens, se ele
Técnica Projetiva – vínculo consigo mesmo 
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se desenha ou não se desenha, quem aparece ou não no desenho, o
distanciamento dos personagens, se usa borracha, se as figuras
humanas possuem todos os membros, a posição do desenho na folha, o
título que dá ao desenho e o relato que se faz dele.
Em síntese, as técnicas projetivas se configuram em um recurso
essencial como parte do processo investigativo para elaboração do
diagnóstico do problema de aprendizagem.
Síntese Diagnóstica
A Síntese Diagnóstica é um exercício que o psicopedagogo precisa
realizar após as sessões de investigação, é o que Jorge Visca chama de
“elaboração do informativo”. Nesse exercício, deve-se verificar todos os
resultados e analisar as observações feitas ao longo do processo para
avaliar o peso de cada fator na ocorrência do problema de
aprendizagem.
Segundo Paín (1985), diagnosticar o não aprender
como sintoma consiste em encontrar sua
funcionalidade, isto é, sua articulação integrada pelo
paciente e seus pais e/ou responsáveis. A falta de
aprendizagem revelará seu significado se prestarmos
atenção à maneira como o sujeito é para o outro,
evidentemente, a partir de sua maneira particular de
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evidentemente, a partir de sua maneira particular de
ser como organismo e como história.
É importante ressaltar que a síntese diagnóstica, bem como a devolutiva
para os pais e/ou responsáveis deve ser feita com muita cautela. Sabe-
se que muitas vezes há relação entre o sintoma do aprendente e a
relação familiar, seja com projeções, cobranças, expectativas ou até
mesmo devido a fatores inconscientes envolvidos. Por esse motivo, é
preciso refletir e realizar a devolutiva de forma cuidadosa, mas ao
mesmo tempo de maneira clara e objetiva, salientando os pontos
positivos e pontos que ainda precisam ser trabalhados no processo
interventivo com a ajuda de todos os envolvidos.
Saiba mais
É importante, ainda, realizar tal devolutiva também com o aprendente,
para que estabeleça um vínculo de confiança e de responsabilidade no
trabalhado que será desenvolvido. Assim, será possível estabelecer
estratégias para traçar um caminho de tratamento do sintoma a partir
do trabalho de intervenção psicopedagógica.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Relacione os instrumentos de investigação diagnóstica
psicopedagógica aos seus respectivos objetivos:
1. EOCA
2. Provas Operatórias
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3. Técnicas Projetivas
I. Investigar o nível cognitivo do aprendente.
II. Investigar os vínculos que o aprendente possui com a
aprendizagem escolar.
III. Investigar o vínculo afetivo do aprendente com a escola, família
e consigo mesmo.
Parabéns! A alternativa C está correta.
O objetivo da EOCA é investigar o vínculo do sujeito com a
aprendizagem escolar, observar suas defesas, condutas de evitação
e desafios. As Provas Operatórias ou piagetianas, referem-se à
análise do nível cognitivo, do funcionamento das funções lógicas
do sujeito. E as Técnicas Projetivas investigam os vínculos que o
sujeito estabelece com a escola, a família e consigo mesmo, a
análise é feita por meio de desenhos e respostas verbais.
A 1I – 2II – 3III
B 1I – 2III – 3II
C 1II – 2I – 3III
D 1II – 2III – 3I
E 1III – 2I – 3II
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Questão 2
Na aplicação da Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem –
EOCA, o psicopedagogo deve analisar os seguintes aspectos:
Parabéns! A alternativa A está correta.
Durante a aplicação da técnica, é importante observar três
aspectos: a temática, que se refere a tudo o que o sujeito diz; a
dinâmica, que diz respeito ao que o sujeito faz como gestos, tons
de voz e demais expressões; e o produto, que fica registrado no
papel.
A Temática, dinâmica e produto
B Comanda, aplicação e síntese
C Personagens, espaço e tempo
D Tema, aplicação e síntese
E Tema, dinâmica e síntese
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4 - Instrumento de prática clínica
Ao �nal deste módulo, você será capaz de relacionar aspectos teóricos e conceituais aos
instrumentos de prática clínica como projeto de intervenção psicopedagógica.
A intervenção psicopedagógica
O trabalho de intervenção psicopedagógica corresponde às sessões em
que se busca o tratamento do sintoma, ou seja, almeja-se despertar o
prazer da criança em aprender. A intervenção pode ocorrer na
modalidade individual ou em grupo. Para tanto, é preciso estabelecer
estratégias que levem a esse objetivo.
Atenção!
Para saber quais são essas estratégias, é necessário analisar o
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processo de investigação diagnóstica.
Na verdade, o trabalho interventivo já se inicia quando o paciente ou a
família te procura para pedir ajuda com o sintoma, pois desde a
entrevista de anamnese já se estabelece um processo reflexivo tanto na
família, quanto no paciente e no psicopedagogo. A partir dos dados
coletados nas primeiras entrevistas, já é possível desenhar o caso e os
fatores que subjazem a ele.
Uma questão importante a ser mencionada, antes de darmos
continuidade às características do trabalho de intervenção, é que não
existe um modelo de trabalho interventivo, ou seja, não é como uma
“receita de bolo”, na qual se indicarmos os ingredientes e o modo de
fazer, a pessoa que seguir as etapas e executar conforme o instruído,
necessariamente chegará ao resultado esperado.
A Psicopedagogia é um trabalho de investigação constante, é uma
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técnica na qual o psicopedagogo precisa ser perspicaz para interpretar
cada gesto, cada fala (dito e não dito) e cada situação que se apresenta
para vislumbrar qual caminho irá percorrer com o aprendente. Além
disso, deve-se ter em mente que cada caso é um caso, ou seja, cada
interpretação é única, cada processo de intervenção é individual, pois o
trabalho desenvolvido com o João pode dar certo para o João, mas
pode não dar certo para o José, ainda que o sintoma seja o mesmo.
O trabalho do psicopedagogo deve ser minucioso, investigativo e
perspicaz!
As características do processo de intervenção
psicopedagógica
A intervenção psicopedagógica possui algumas características
importantes de serem mencionadas. Como já dito, ela é única! O
processo de intervenção vai sendo construído ao longo das sessões, ele
se inicia desde o diagnóstico e percorre todo o tratamento. Apesar do
trabalho interventivo não possuir receita, pode-se considerar algumas
características que auxiliarão você a traçar o caminho a ser percorrido
para se alcançar o objetivo do trabalho psicopedagógico.
Atividade discursiva
Você saberia resumir qual é o objetivo do trabalho psicopedagógico?
Descreva com as suas palavras.

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Descreva com as suas palavras.
Digite sua resposta aqui
Chave de resposta
O objetivo principal do trabalho psicopedagógico é eliminar o
sintoma!
Para que esse objetivo seja atingido, é preciso que a relação entre
o psicopedagogo e o aprendente seja mediada por atividades bem
definidas, contextualizadas, prazerosas e motivadoras.
As atividades ou técnicas que serão utilizadas no trabalho interventivo
têm que levar em conta que esse objetivo precisa ser alcançado, assim,
o intuito é o de tratar o sintoma, isto é, solucionar o problema de
aprendizagem. Para tanto, nem sempre deve-se elaborar atividades que
trabalhem diretamente com o sintoma, pois assim pode-se afastar ainda
mais o paciente do seu objetivo.
Exemplo
Se o paciente chegou com uma queixa de dificuldade em leitura e no
processo diagnóstico você percebeu que há uma baixa autoestima
devido às situações de fracasso escolar, não será uma boa ideia iniciar
o trabalho interventivo solicitando que a criança leia. Isso não quer dizer
que a leitura não será trabalhada nas sessões de intervenção, ela pode e
deve ser trabalhada, mas no momento certo e da forma mais positiva e
prazerosa possível para que as lembranças de fracasso não venham à
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prazerosa possível para que as lembranças de fracasso não venham à
tona e tornem o trabalho psicopedagógico ineficaz.
É necessário que o psicopedagogo observe os fatores que podem estar
interferindo no processo de aprender, pois muitas vezes deve-se
trabalhar algo que tangencia o sintoma, para posteriormente trabalhar o
sintoma em si.
Para ilustrar essa questão, tomemos como exemplo um caso descrito
por Bossa (2019), a qual recebeu em seu consultório um garoto de sete
anos e oito meses com dificuldades de escrita, que já tinha repetido a 2ª
série. A mãe, na entrevista inicial, dizia o quanto era importante que o
filho estudasse, pois ela não pôde estudar e por isso queria que o filho
tivesse a oportunidade que ela não teve quando criança.
A autora conta que em uma das entrevistas de diagnóstico com a
criança, enquanto conversavam sobre os seus projetos, a criança lhe
disse “Quando crescer, quero ser igual a meu pai, quero trabalhar na
feira. Na feira se ganha bastante dinheiro, meu pai me deu um
Playstation com o dinheiro que ganhou. Quando eu me casar com uma
mulher loira, vou dar uma Playstation também para o meu filho”. Ao
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mulher loira, vou dar uma Playstation também para o meu filho”. Ao
interpretar o caso, a autora assinala que o herói da criança,
representado pelo pai, estudou até a segunda série e é casado com uma
mulher loira, sua mãe.
Nesse sentido, a autora a aponta que a criança, inconscientemente, não
poderia sair da 2ª série, já que seu desejo era ser igual ao pai, para ter o
amor da mãe. Dessa forma, a autora conta que foi preciso,
primeiramente, uma intervenção familiar, orientando o pai a ajudar o
filho a perceber a importância dos estudos para ser feirante. Assim, foi
possível que a criança percebesse, ao contrário do que pensava, que
para ser feirante assim como seu pai, ele precisava aprender a escrever.
Concomitantemente a essa intervenção, a autora elaborou um plano de
intervenção baseado na alfabetização, pensando a aprendizagem da
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leitura e da escrita como a descoberta e a reconstrução desse sistema
de representação da linguagem sem abandonar o aspecto subjetivo e
afetivo.
Pois bem, independente do plano de intervenção elaborado, deve-se
sempre retomar o objetivo do tratamento. Segundo Paín (1985), ainda
que o objetivo do tratamento seja a desaparição do sintoma, não basta
a desaparição dele, devemos avaliar com consciência o resultado em
que chegamos.
Não basta aprender para aprender bem, é necessário
colocar ênfase em como se aprende.
Ela define a aprendizagem em três objetivos ideológicos fundamentais:
 O primeiro se refere a conseguir uma aprendizagem
que seja uma realização para o sujeito, isto é, o
processo pelo qual o aprendente se transforma.
 O segundo é conseguir uma aprendizagem
independente por parte do sujeito, isto é, é preciso
superar o vínculo de dependência do aprendente
com o psicopedagogo.
 O terceiro é de propiciar uma correta
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Técnicas psicopedagógicas
Para cumprir os objetivos do enquadramento, isto é, do processo
interventivo, é preciso considerar algumas técnicas descritas por Paín
(1985), e que são fundamentais para o tratamento do sintoma. Essas
técnicas são genéricas, por isso é possível aplicá-las em quaisquer
planejamentos interventivos. As técnicas são as seguintes:
Organização prévia da tarefa
Em cada sessão, deve-se pensar previamente na tarefa a ser
dada de acordo com a reflexão sobre a investigação
diagnóstica, os materiais devem estar preparados de acordo
com o objetivo de cada sessão.
Graduação
É importante que o psicopedagogo proponha atividades que
estejam de acordo com as possibilidades do aprendente, ou
O terceiro é de propiciar uma correta
autovalorização, em outras palavras, a avaliação da
tarefa é preocupação de cada sessão e constitui
uma aprendizagem tão valiosa quanto a própria
tarefa.
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seja, as tarefas não devem ser muito fáceis a ponto de não o
desafiar e também não tão difíceis a ponto de não realizá-las
de forma independente. É preciso que as atividades sejam
adequadas às possibilidades reais, levando em conta sua
estrutura cognitiva, suas estratégias, seus conhecimentos
prévios, as questões culturais de seu ambiente e seus
interesses pessoais. É importante, ainda, que haja uma
gradação correta das dificuldades sucessivas em cada
atividade.
Autoavaliação
É necessário que o psicopedagogo sempre esclareça para o
aprendente qual é o objetivo de cada atividade. Isso significa
que para ele avaliar sua aprendizagem, é preciso que tenha
clareza do que deveria ter aprendido. Se o aprendente souberantecipadamente o que deve adquirir de conhecimento, poderá
autoavaliar seu rendimento e, ao finalizar cada sessão, será
capaz de realizar um balanço do que foi aprendido, do que
precisa ser revisado e do que ainda não aprendeu.
Historicidade
É importante que o psicopedagogo explicite a história do
tratamento para o paciente, pois desse modo ele poderá
construir uma percepção de sua evolução. Resgatar a
sequência das sessões, nos casos de problemas de
aprendizagem, é construir uma memória, assim o aprendente
consegue reter e integrar todos os momentos do tratamento,
fazendo alusões ao já aprendido e ao que virá aprender.
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Informação
A informação é necessária para que o sujeito possa aplicar
suas estruturas cognitivas em um nível da realidade, ou seja, é
preciso que o psicopedagogo primeiramente entenda a crença
do sujeito e onde ele o coloca de acordo com essa crença. Em
segundo lugar, é preciso explicitar a real colocação do
problema e, em terceiro lugar, responder essa colocação com
os benefícios e limites da ciência.
Indicação
A indicação refere-se ao assinalamento e interpretação. O
psicopedagogo deve explicitar verbalmente as variáveis que
definem, em dado momento, a situação de aprendizagem. Ele
deve verbalizar as sequências de atividades para ajudar o
aprendente a internalizar o esquema. O assinalamento, em
geral, modifica o comportamento por meio das interações entre
o psicopedagogo e o aprendente, pois este percebe que há
uma real possibilidade de se chegar, paulatinamente e
independentemente, ao conhecimento.
O jogo
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O jogo é um instrumento muito utilizado no atendimento
psicopedagógico, tanto no processo de investigação quanto no
desenvolvimento do plano de intervenção psicopedagógica. O jogo pode
ser utilizado em relação a qualquer sintoma e com pacientes de
qualquer faixa etária. Os jogos têm inúmeros objetivos, podem ser
interpretados de acordo com diferentes referenciais teóricos e podem
ser conduzidos e mediados de maneira individualizada.
Isso significa que a mediação do jogo pode ser realizada de acordo com
o objetivo que se pretende alcançar: o mesmo jogo pode ser usado de
formas diferentes dependendo da situação em que se coloca.
Por meio do jogo pode-se analisar e intervir em questões de
personalidade e de comportamento e sua relação com o funcionamento
cerebral. Por exemplo, podemos utilizar os jogos para trabalhar as
funções executivas, que são habilidades cognitivas que regulam o
comportamento, as emoções e os pensamentos. O desenvolvimento
das funções executivas é fundamental para a vida humana, sobretudo
para a aprendizagem e para o desenvolvimento cognitivo e
socioemocional. Nesse sentido, por meio de jogos podemos ensinar
estratégias cognitivas e metacognitivas, de forma lúdica e prazerosa,
para que o aprendente desenvolva suas funções executivas, otimizando
a sua aprendizagem.
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Na Psicopedagogia, o jogo se constitui em uma ferramenta criativa e
curativa, portanto, terapêutica. Segundo Fernández:
Não se pode haver construção do
saber, se não se joga com o
conhecimento. Ao falar de jogo, não
estou fazendo referência a um ato,
nem a um produto, mas a um
processo.
(FERNÁNDEZ, 1991, p. 165)
Fernández (1991), considera o jogo de extrema importância e descreve
a “hora de jogo psicopedagógica” como sendo um momento no qual é
possível compreender alguns processos que levaram ao surgimento do
sintoma. A autora diz que o espaço de aprendizagem e o espaço de
jogar são os mesmos, pois o brincar possibilita o desenvolvimento das
significações do aprender.
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É importante ressaltar que quando mencionamos “jogo”, estamos
considerando os diferentes tipos de jogos. O jogo pode ser simbólico, o
qual desenvolve a partir dos dois anos de idade, permitindo à criança
assimilar o mundo a medida do seu eu, transformando-o para atender
aos seus desejos e fantasias, ele ocorre quando a criança imita e
dramatiza.
Exemplo
A criança que entra num caixote reproduzindo o barulho de um carro,
imitando o pai ou a mãe que sai para trabalhar. Nesse jogo, há um
momento de ressignificação por parte da criança, que pode estar
relacionado com a dor da separação dos pais quando ouve o barulho do
carro, ou seja, a criança quando brinca e reproduz o mundo adulto que
ainda não lhe pertence, o faz para ressignificar e ajustar emoções com
as quais ainda não consegue lidar de forma consciente.
Há também os jogos relacionados a exercícios funcionais, como correr,
saltar, jogar bolinha, que auxiliam no desenvolvimento integral do
sujeito, ou seja, promovem o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e
social e que podem ser adaptados em algumas situações na sessão
interventiva.
Outro tipo de jogo é o de construção e os jogos de regras, os quais
podem ser utilizados de maneira diversificada no tratamento dos mais
variados sintomas, pois os jogos de construção e de regras envolvem as
habilidades necessárias para promover estimulação cognitiva e intervir
quanto aos problemas de aprendizagem.
Resumindo
Em síntese, o jogo é a principal ferramenta psicopedagógica, é por meio
dele que colocamos a criança em contato com o conhecimento. É no
jogo que a criança se percebe, se perde e se encontra. É no jogo que a
criança percebe o significado do conhecimento. É o jogo que traz à tona
a motivação da criança para a aprendizagem. O jogo possui em si uma
ludicidade que tem o poder de despertar o prazer da criança em
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ludicidade que tem o poder de despertar o prazer da criança em
aprender.
O Jogo no plano de intervenção
psicopedagógica
A especialista Andresa Ferreira expõe, neste vídeo, de que forma o jogo
pode ser usado no atendimento psicopedagógico, os diversos tipos de
jogos usados e a sua adaptação segundo o caso e faixa etária. Vamos
assistir!
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Assinale a alternativa que contém técnicas sugeridas por Pain
(1985) na elaboração da intervenção psicopedagógica:

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Parabéns! A alternativa B está correta.
As técnicas de intervenção psicopedagógica são a organização
prévia da tarefa; graduação que corresponde aos graus de
dificuldade da tarefa; autoavaliação por parte do aprendente;
historicidade que diz respeito à consciência da evolução durante os
atendimentos; a informação é necessária para que o sujeito possa
aplicar suas estruturas cognitivas em um nível da realidade; e a
indicação refere-se ao assinalamento e interpretação.
A
Organização prévia da tarefa; avaliação;
historicidade; objetivo; jogo e síntese.
B
Organização prévia da tarefa; graduação;
autoavaliação; historicidade; informação e
indicação.
C
Organização prévia da tarefa; graduação; avaliação;
informação e síntese.
D
Conhecimento prévio; graduação; avaliação;
historicidade; informação e indicação.
E
Conhecimento prévio; graduação; avaliação;
informação e síntese.
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Questão 2
Analise as

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