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Direito 
Constitucional
Jurisprudencial 2023
Professor: Gustavo Brígido
FICHA TÉCNICA DO MATERIAL
grancursosonline.com.br
CÓDIGO:
27122023867
TIPO DE MATERIAL:
E-book
TÍTULO:
Direito Constitucional Jurisprudencial 2023
PROFESSOR:
Gustavo Brígido
ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO:
12/2023
Este material está sujeito a atualizações. O Gran não se responsabiliza por custos 
de impressão, que deve ser realizada sob responsabilidade exclusiva do aluno.
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Direito Constitucional
Jurisprudencial 2023
SUMÁRIO
Direito Constitucional Jurisprudencial 2023 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Principais Julgados – 2023 – STF e STJ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1. Direitos Fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2. Organização do Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3. Poder Legislativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4. Processo Legislativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
5. Da Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
6. Poder Executivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
7. Poder Judiciário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
8. Funções Essenciais à Justiça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
9. Segurança Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
10. Controle de Constitucionalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
11. Da Tributação e do Orçamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
 
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Direito Constitucional
Jurisprudencial 2023
DIREITO CONSTITUCIONAL JURISPRUDENCIAL 2023DIREITO CONSTITUCIONAL JURISPRUDENCIAL 2023
PRINCIPAIS JULGADOS – 2023 – STF E STJPRINCIPAIS JULGADOS – 2023 – STF E STJ
Este trabalho foi conduzido por criteriosa seleção de julgados do Supremo Tribunal Federal 
e do Superior Tribunal de Justiça, relacionados à disciplina de direito constitucional. Todos 
os textos foram extraídos literalmente dos portais de notícia dos respectivos tribunais: 
stf.jus.br e stj.jus.br.
1. DIREITOS FUNDAMENTAIS1. DIREITOS FUNDAMENTAIS
1.1. DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS1.1. DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
1.1.1. STF ADMITE VALIDADE DE PROVA OBTIDA COM ABERTURA DE ENCOMENDA 
POSTADA NOS CORREIOS 30/11/2023
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) definiu, na sessão desta quinta-feira 
(30), que é válida a abertura de encomenda postada nos Correios por funcionários da 
empresa, desde que haja indícios fundamentados da prática de atividade ilícita. Nesse 
caso, é necessário formalizar as providências adotadas para permitir o posterior controle 
administrativo ou judicial.
Nos estabelecimentos prisionais, também é válida a abertura de correspondência quando 
houver indícios fundamentados da prática de atividades ilícitas.
Aumento de apreensões
O relator do RE, ministro Edson Fachin, afirmou que os esclarecimentos propostos 
aprimoram o resultado do julgamento. Ele observou que, segundo dados da Polícia Federal, 
apenas no Centro de Triagem dos Correios em São José dos Pinhais (PR) foram apreendidas 
2.164 encomendas com entorpecentes entre 2019 e 2020.
O ministro Alexandre de Moraes destacou que, em 2019, foram apreendidas mais 
de 3 mil encomendas internacionais com drogas, além de aumento de mais de 60% em 
apreensões de armas, peças de armamentos e munições. Ele ressaltou que, em relação ao 
sistema penitenciário, durante a pandemia houve um aumento na apreensão de objetos 
ilícitos, como entorpecentes, celulares e carregadores.
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Jurisprudencial 2023
Esclarecimentos
A decisão desta quinta-feira ocorreu em um pedido de esclarecimento (embargos de 
declaração), formulado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no Recurso Extraordinário 
(RE) 1116949, em que o colegiado definiu como ilícita a prova obtida, sem autorização 
judicial ou fora das hipóteses legais, mediante abertura de carta, telegrama, pacote ou 
meio análogo. A PGR argumentou que seria necessário explicitar a diferença entre remessa 
de encomendas e correspondências e também o alcance em relação ao sistema prisional.
A nova tese de repercussão geral para o Tema n. 1.041 é a seguinte:
1 – Sem autorização judicial ou fora das hipóteses legais, é ilícita a prova obtida mediante 
abertura de carta, telegrama, pacote ou meio análogo, salvo se ocorrida em estabelecimento 
penitenciário quando houver fundados indícios da prática de atividades ilícitas.
2 – Em relação à abertura de encomenda postada nos Correios, a prova somente será lícita 
quando houver fundados indícios da prática de atividade ilícita, formalizando-se as providências 
adotadas para fins de controle administrativo ou judicial.
1.1.2. STF FIXA CRITÉRIOS PARA RESPONSABILIZAR EMPRESAS JORNALÍSTICAS POR 
DIVULGAÇÃO DE ACUSAÇÕES FALSAS 29/11/2023
Por maioria de votos, o Supremo Tribunal Federal (STF) definiu as condições em que as 
empresas jornalísticas estão sujeitas à responsabilização civil, ou seja, ao pagamento de 
indenização, se publicarem entrevista na qual o entrevistado atribua falsamente a outra 
pessoa a prática de um crime. A decisão se deu no julgamento do Recurso Extraordinário 
(RE) 1075412, concluído nesta quarta-feira (29), com a definição da tese de repercussão 
geral (Tema n. 995).
Indícios concretos
Segundo a decisão, a empresa só poderá ser responsabilizada se ficar comprovado que, 
na época da divulgação da informação, havia indícios concretos da falsidade da acusação. 
Outro requisito é a demonstração do descumprimento do dever de verificar a veracidade 
dos fatos e de divulgar a existência desses indícios.
A tese também estabelece que, embora seja proibido qualquer tipo de censura 
prévia, a justiça pode determinar a remoção de conteúdo da internet com informações 
comprovadamente injuriosas, difamantes, caluniosas, mentirosas.
Atentado
O caso concreto diz respeito a uma entrevista publicada pelo Diário de Pernambuco, 
em maio de 1995. O entrevistado afirmava que o ex-deputado Ricardo Zaratini teria sido 
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o responsável por um atentado a bomba, em 1966, no Aeroporto dos Guararapes (PE), que 
resultou em 14 feridos e na morte de duas pessoas.
O recurso ao STF foi apresentado pelo jornal contra decisão do Superior Tribunal de 
Justiça (STJ) que confirmou a condenação ao pagamento de indenização, considerando 
que, como já se sabia, na época, que a informação era falsa. Segundo a empresa, a decisão 
teria violado a liberdade de imprensa.
Liberdade de imprensa não é absoluta
No voto condutor do julgamento, o ministro Edson Fachin observou que a Constituição 
proíbe a censura prévia, mas a liberdade de imprensa e o direito à informação não são 
absolutos, o que possibilita a responsabilização posterior em caso de divulgação de notícias 
falsas. Acompanharam esse entendimento os ministros Nunes Marques, Alexandre de 
Moraes, Luiz Fux, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski (aposentado), Gilmar Mendes, Luís 
Roberto Barroso (presidente) e a ministra Cármen Lúcia.
Opinião
Ficaram vencidos o relator original, ministro Marco Aurélio (aposentado),e a ministra 
Rosa Weber (aposentada). Eles consideram que, se a empresa jornalística não emitir opinião 
sobre a acusação falsa, não deve estar sujeita ao pagamento de indenização.
Os parâmetros definidos no RE 1075412 serão aplicados a pelo menos 119 casos 
semelhantes que aguardavam a definição do Supremo.
Tese
A tese de repercussão geral fixada foi a seguinte:
1. A plena proteção constitucional à liberdade de imprensa é consagrada pelo binômio liberdade 
com responsabilidade, vedada qualquer espécie de censura prévia. Admite-se a possibilidade 
posterior de análise e responsabilização, inclusive com remoção de conteúdo, por informações 
comprovadamente injuriosas, difamantes, caluniosas, mentirosas, e em relação a eventuais 
danos materiais e morais. Isso porque os direitos à honra, intimidade, vida privada e à própria 
imagem formam a proteção constitucional à dignidade da pessoa humana, salvaguardando um 
espaço íntimo intransponível por intromissões ilícitas externas.
2. Na hipótese de publicação de entrevista em que o entrevistado imputa falsamente prática 
de crime a terceiro, a empresa jornalística somente poderá ser responsabilizada civilmente se: 
(i) à época da divulgação, havia indícios concretos da falsidade da imputação; e (ii) o veículo 
deixou de observar o dever de cuidado na verificação da veracidade dos fatos e na divulgação 
da existência de tais indícios.
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1.1.3. STF DECIDE QUE EXIGÊNCIA DE SEPARAÇÃO JUDICIAL NÃO É REQUISITO PARA 
DIVÓRCIO 08/11/2023
O Supremo Tribunal Federal (STF) definiu, na sessão desta quarta-feira (8), que as 
normas do Código Civil que tratam da separação judicial perderam a validade com a entrada 
em vigor da Emenda Constitucional (EC) n. 66/2010. Segundo a decisão, depois que essa 
exigência foi retirada da Constituição Federal, a efetivação do divórcio deixou de ter qualquer 
requisito, a não ser a vontade dos cônjuges.
Separação prévia
O texto original da Constituição previu a dissolução do casamento civil pelo divórcio, mas 
exigia a separação judicial prévia por mais de um ano ou a comprovação da separação de 
fato por mais de dois anos. A Emenda Constitucional (EC) n. 66/2010 suprimiu a exigência, 
porém não houve alteração no Código Civil no mesmo sentido.
Na decisão de hoje, o Plenário entendeu que, com a alteração do texto constitucional, 
a separação judicial deixou de ser uma das formas de dissolução do casamento, 
independentemente de as normas sobre o tema terem permanecido no Código Civil. Para o 
colegiado, a figura da separação judicial não pode continuar a existir como norma autônoma.
Controvérsia
O Recurso Extraordinário (RE) 1167478 (Tema n. 1.053) contesta uma decisão do Tribunal 
de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) que manteve sentença decretando o divórcio 
sem que tenha havido a separação prévia do casal. Segundo o TJ-RJ, a EC n. 66/2010 afastou 
essa exigência, bastando manifestar a vontade de romper o vínculo conjugal. No recurso 
ao Supremo, um dos cônjuges alega que a alteração constitucional não afasta as regras 
do Código Civil.
Simplificação
Prevaleceu o entendimento do relator, ministro Luiz Fux, no sentido de que a alteração 
constitucional simplificou o rompimento do vínculo matrimonial e eliminou as condicionantes. 
Com isso, passou a ser inviável exigir separação judicial prévia para efetivar o divórcio, pois 
essa modalidade de dissolução do casamento deixou de depender de qualquer requisito 
temporal ou causal.
Estado civil
Segundo a decisão, o estado civil das pessoas que atualmente estão separadas, por 
decisão judicial ou por escritura pública, permanece o mesmo.
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Os ministros Cristiano Zanin, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes 
e Luís Roberto Barroso (presidente) seguiram integralmente o voto do relator.
Já para os ministros André Mendonça, Nunes Marques e Alexandre de Moraes, embora 
também entendam que a separação deixou de ser requisito para o divórcio, o instituto 
permaneceria válido para os casais que optassem por ele.
Tese
A tese de repercussão geral fixada para o Tema n. 1.053 é a seguinte:
Após a promulgação da Emenda Constitucional n. 66/2010, a separação judicial não é mais 
requisito para o divórcio, nem subsiste como figura autônoma no ordenamento jurídico. Sem 
prejuízo, preserva-se o estado civil das pessoas que já estão separadas por decisão judicial ou 
escritura pública, por se tratar de um ato jurídico perfeito.
1.1.4. STF APROVA SÚMULA QUE PREVÊ FIXAÇÃO DE REGIME ABERTO E SUBSTITUIÇÃO 
DE PENA PARA TRÁFICO PRIVILEGIADO 19/10/2023
Na sessão desta quinta-feira (19), o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou Proposta 
de Súmula Vinculante (PSV n. 139) para fixar que o regime aberto e a substituição da pena 
privativa de liberdade (prisão) por restritiva de direitos (alternativas à prisão) devem ser 
implementados quando reconhecida a figura do tráfico privilegiado.
O tráfico privilegiado está previsto na Lei de Drogas (Lei n. 11.343/2006, artigo 33, 
parágrafo 4º) e consiste na diminuição da pena de um sexto a dois terços aos condenados 
que forem primários, tiverem bons antecedentes e não integrem organização criminosa.
A PSV n. 139 foi formulada inicialmente pelo ministro Dias Toffoli, quando exerceu a 
presidência do Tribunal. De acordo com o ministro, o STF já reconheceu que o tráfico de 
entorpecentes privilegiado não se harmoniza com a hediondez (maior gravidade do crime) 
do tráfico de drogas, o que, a seu ver, reforça o constrangimento ilegal da estipulação 
de regime inicial de cumprimento de pena mais gravoso, em especial o fechado, quando 
ausentes vetores negativos na primeira fase da dosimetria da pena.
A versão aprovada do texto teve o acréscimo sugerido pelo ministro Edson Fachin para 
que o benefício alcance a reincidência que não for específica, ou seja, no caso em que o réu 
não for reincidente pela prática do mesmo crime.
A redação aprovada para a súmula vinculante foi a seguinte:
É impositiva a fixação do regime aberto e a substituição da pena privativa de liberdade por 
restritiva de direitos quando reconhecida a figura do tráfico privilegiado (art. 33, § 4º, da Lei 
n. 11.343/2006) e ausentes vetores negativos na primeira fase da dosimetria (art. 59 do CP), 
observados os requisitos do art. 33, § 2º, alínea c, e do art. 44, ambos do Código Penal.
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Instrumento jurídico
A súmula vinculante é instrumento jurídico instituído pela Reforma do Judiciário (EC n. 
45/2004) para conferir segurança jurídica e uniformização de decisões judiciais. Somente 
o STF edita súmula vinculante, cujo entendimento deve ser adotado pelos demais órgãos 
do Poder Judiciário e pela administração pública.
1.1.5. STF RECONHECE VIOLAÇÃO MASSIVA DE DIREITOS NO SISTEMA CARCERÁRIO 
BRASILEIRO 04/10/2023
O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, nesta quarta-feira (4), a violação massiva 
de direitos fundamentais no sistema prisional brasileiro. Com a conclusão do julgamento 
da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 347, o Tribunal deu prazo 
de seis meses para que o governo federal elabore um plano de intervenção para resolver 
a situação, com diretrizes para reduzir a superlotação dos presídios, o número de presos 
provisórios e a permanência em regime mais severo ou por tempo superior ao da pena.
Tratamento desumano
Na sessão de hoje, o ministro Gilmar Mendes acompanhou as propostas apresentadas, 
na terça-feira (3), pelo ministro Luís Roberto Barroso (presidente). Segundo Mendes, os 
presos brasileiros são submetidos a tratamento desumano e inconstitucional, e é necessário 
garantir a eles direitos básicosassegurados a todos cidadãos.
Avanço
Ao final do julgamento, o ministro Barroso observou que a questão prisional é um tema 
de difícil solução em todo o mundo, mas a decisão do STF pode representar um avanço para 
superar o problema. “Espero que este seja um passo relevante para melhorar, minimamente 
que seja, as condições degradantes do sistema prisional brasileiro”, afirmou. Segundo o 
presidente, os presos são privados da liberdade, mas não de dignidade, e a decisão tem 
interesse social, a partir da premissa de que o sistema penitenciário deficiente realimenta 
a criminalidade.
Principais pontos
Veja abaixo os principais pontos da decisão:
1. Há um estado de coisas inconstitucional no sistema carcerário brasileiro, responsável pela 
violação massiva de direitos fundamentais dos presos. Esse estado de coisas demanda a atuação 
cooperativa das diversas autoridades, instituições e comunidade para a construção de uma 
solução satisfatória.
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Jurisprudencial 2023
2. Diante disso, União, estados e Distrito Federal, em conjunto com o Departamento de 
Monitoramento e Fiscalização do Conselho Nacional de Justiça (DMF/CNJ), deverão elaborar 
planos a serem submetidos à homologação do Supremo Tribunal Federal, no prazo de seis meses, 
especialmente voltados para o controle da superlotação carcerária, da má qualidade das vagas 
existentes e da entrada e saída dos presos.
3. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realizará estudo e regulará a criação de número de 
varas de execução penal proporcional ao número de varas criminais e ao quantitativo de presos.
1.1.6. JUIZ NÃO PODE MARCAR AUDIÊNCIA PARA RETRATAÇÃO EM CASO DE VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA SEM PEDIDO DA VÍTIMA 25/08/2023
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o juiz não pode, sem pedido da vítima, 
marcar audiência para que ela desista de processar o agressor nos crimes de violência 
contra mulher em que a ação penal seja condicionada à sua manifestação. A decisão 
unânime foi tomada na sessão virtual finalizada em 21/8, no julgamento da Ação Direta 
de Inconstitucionalidade (ADI) 7267.
Retratação tácita
Segundo o artigo 16 da Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006), nas ações penais 
públicas condicionadas à representação da vítima (lesão corporal leve e lesão culposa), a 
renúncia tem de ser admitida perante o juiz, em audiência especialmente designada para 
essa finalidade.
Na ação, a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) questionava 
a interpretação do dispositivo que tem levado magistrados a designar a audiência por 
conta própria, sem a manifestação da vítima. Segundo a entidade, o não comparecimento 
tem sido interpretado como renúncia tácita, com o arquivamento do processo. A Conamp 
sustenta que a finalidade da audiência é verificar o real desejo da ofendida de, se for o 
caso, retirar a representação contra o agressor, e não confirmá-la.
Livre vontade da vítima
Para o relator da ação, ministro Edson Fachin, a obrigatoriedade da audiência, sem 
manifestação nesse sentido, viola o direito à igualdade, porque discrimina injustamente 
a vítima. Ele explicou que a função da audiência perante o juiz não é apenas avaliar um 
requisito procedimental, mas permitir que a mulher possa livremente expressar sua vontade.
Segundo Fachin, a garantia da liberdade só é assegurada se a audiência for solicitada 
pela própria mulher, e obrigá-la a comparecer viola a intenção da vítima. Assim, o eventual 
não comparecimento não pode ser entendido como retratação ou renúncia tácita ao direito 
de representação.
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1.1.7. STF EQUIPARA OFENSAS CONTRA PESSOAS LGBTQIAPN+ A CRIME DE INJÚRIA 
RACIAL 22/08/2023
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu que atos ofensivos praticados 
contra pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ podem ser enquadrados como injúria racial. A 
decisão foi tomada na sessão virtual concluída em 21/8, no julgamento de recurso (embargos 
de declaração) apresentado pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, 
Transexuais e Intersexos (ABGLT) contra acórdão no Mandado de Injunção (MI) 4733.
Enquadramento
No julgamento do mandado de injunção, em junho de 2019, o Tribunal havia reconhecido 
a omissão do Congresso Nacional em criminalizar a discriminação por identidade de gênero 
e orientação sexual e determinado o enquadramento da homotransfobia no tipo penal 
definido na Lei do Racismo (Lei n. 7.716/1989), até que o Legislativo edite lei sobre a matéria.
Interpretação equivocada
Nos embargos, a ABGLT alegava que essa decisão tem sido interpretada de forma 
equivocada, no sentido de que a ofensa contra grupos LGBTQIAPN+ configura racismo, 
mas a ofensa à honra de pessoas pertencentes a esses grupos vulneráveis não configura 
o crime de injúria racial (artigo 140, parágrafo 3º, do Código Penal). Segundo a associação, 
isso retira, em grande parte, a aplicabilidade prática da decisão do Plenário, e, por isso, 
pediu que se defina que o entendimento também se aplica ao crime de injúria racial.
Desamparo
Em seu voto pelo acolhimento do recurso, o relator, ministro Edson Fachin, explicou 
que, no julgamento do Habeas Corpus (HC) 154248, também de sua relatoria, o STF já 
havia reconhecido que o crime de injúria racial é espécie do gênero racismo e, portanto, é 
imprescritível. Essa posição também foi inserida na legislação pelo Congresso Nacional por 
meio da Lei n. 14.532/2023.
Assim, para o relator, uma vez que a Corte, no julgamento do MI, reconheceu que a 
discriminação por identidade de gênero e orientação sexual configura racismo, a prática da 
homotransfobia pode configurar crime de injúria racial. “A interpretação que restringe sua 
aplicação aos casos de racismo e mantém desamparadas de proteção as ofensas racistas 
perpetradas contra indivíduos da comunidade LGBTQIAPN+ contraria não apenas o acórdão 
embargado, mas toda a sistemática constitucional”, afirmou.
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1.1.8. TESE DA LEGÍTIMA DEFESA DA HONRA É INCONSTITUCIONAL 01/08/2023
Por unanimidade dos votos, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional 
o uso da tese da legítima defesa da honra em crimes de feminicídio ou de agressão contra 
mulheres. O julgamento do mérito da matéria, objeto da Arguição de Descumprimento de 
Preceito Fundamental (ADPF) 779, foi retomado na sessão plenária desta terça-feira (1º), 
em que a Corte deu início às atividades do segundo semestre de 2023.
Princípios violados
A tese da “legítima defesa da honra” era utilizada em casos de feminicídio ou agressões 
contra mulher para justificar o comportamento do acusado. O argumento era de que o 
assassinato ou a agressão eram aceitáveis quando a conduta da vítima supostamente 
ferisse a honra do agressor.
No julgamento, o Plenário seguiu o relator, ministro Dias Toffoli, pela procedência integral 
do pedido apresentado pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) na ação, firmando o 
entendimento de que o uso da tese, nessas situações, contraria os princípios constitucionais 
da dignidade humana, da proteção à vida e da igualdade de gênero.
Nulidades
De acordo com a decisão, dispositivos do Código Penal e do Código de Processo Penal 
sobre a matéria devem ser interpretados de modo a excluir a legítima defesa da honra do 
âmbito do instituto da legítima defesa. Por consequência, a defesa, a acusação, a autoridade 
policial e o Juízo não podem utilizar, direta ou indiretamente, qualquer argumento que 
induza à tese nas fases pré-processual ou processual penal nem durante o julgamento do 
Tribunal do Júri, sob pena de nulidade do ato e do julgamento.
O Tribunal considerou, ainda, que, se invocarem a tese com a intenção de gerar nulidade,os advogados não poderão pedir novo julgamento do Júri.
Soberania dos vereditos
Por fim, a Corte também entendeu que a anulação de absolvição fundada em quesito 
genérico quando, de algum modo, implicar a restauração da tese da legítima defesa da 
honra não fere a soberania dos vereditos do Tribunal do Júri.
Rompimento com valores arcaicos
As ministras Cármen Lúcia e Rosa Weber (presidente do STF) votaram na sessão de hoje. 
Ao fazer um apanhado da legislação sobre o tema, a ministra Cármen Lúcia observou que 
a tese da legítima defesa da honra é mais do que uma questão jurídica: é uma questão de 
humanidade. “A sociedade ainda hoje é machista, sexista, misógina e mata mulheres apenas 
porque elas querem ser donas de suas vidas”, afirmou.
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Para a Rosa Weber, as instituições jurídicas brasileiras evoluíram em compasso com a 
história do mundo, rompendo com os valores arcaicos das sociedades patriarcais do passado. 
A seu ver, numa sociedade democrática, livre, justa e solidária, fundada no primado da 
dignidade humana, “não há espaço para a restauração dos costumes medievais e desumanos 
do passado pelos quais tantas mulheres foram vítimas da violência e do abuso em defesa 
da ideologia patriarcal fundada no pressuposto da superioridade masculina pela qual se 
legitima a eliminação da vida de mulheres”.
1.1.9. PRESCRIÇÃO DA EXECUÇÃO DA PENA COMEÇA A CONTAR DA DECISÃO DEFINITIVA 
PARA TODAS AS PARTES 05/07/2023
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o prazo de prescrição para o Estado 
executar a pena começa a ser contado a partir da condenação definitiva (trânsito em julgado) 
para a acusação e a defesa. A decisão foi tomada na sessão virtual encerrada em 30/6, por 
maioria de votos, no julgamento do Agravo em Recurso Extraordinário (ARE) 848107, com 
repercussão geral (Tema n. 788).
O recurso foi interposto pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) 
contra decisão do Tribunal de Justiça local (TJDFT) que havia reconhecido como marco 
inicial da contagem do prazo o trânsito em julgado para a acusação, com base no artigo 
112, inciso I, do Código Penal.
Para o MPDFT, a decisão teria contrariado entendimento do STF sobre a necessidade de 
trânsito em julgado para ambas as partes a fim de que fosse iniciada a execução. Segundo 
seu argumento, a pena não pode ser executada antes de se tornar definitiva.
Presunção de inocência
Em seu voto, o relator, ministro Dias Toffoli, lembrou que, em 2020, no julgamento das 
Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) 43, 44 e 54, o Plenário consolidou o 
entendimento de que o trânsito em julgado para ambas as partes é condição para a execução 
da pena, em razão da prevalência do princípio da presunção de inocência.
Para o relator, a expressão “para a acusação”, contida no inciso I do artigo 112 do Código 
Penal, é incompatível com a Constituição Federal, e o dispositivo deve ser interpretado em 
harmonia com o atual entendimento do STF.
Tese
A tese de repercussão geral fixada foi a seguinte:
O prazo para a prescrição da execução da pena concretamente aplicada somente começa a correr 
do dia em que a sentença condenatória transita em julgado para ambas as partes, momento 
em que nasce para o Estado a pretensão executória da pena, conforme interpretação dada 
pelo Supremo Tribunal Federal ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, inciso LVII, da 
Constituição Federal) nas ADC 43, 44 e 54.
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Efeitos da decisão
Seguindo proposta do relator, o colegiado determinou que a tese não se aplica aos casos 
em que a prescrição da pretensão executória já tenha sido reconhecida. Nas hipóteses em 
que a prescrição ainda não tenha sido analisada, o tema não se aplica aos processos com 
trânsito em julgado para a acusação ocorrido até 11/11/2020 (data do julgamento das ADCs) 
e se aplica àqueles com trânsito em julgado para a acusação ocorrido após aquela data.
No caso concreto, a Corte negou provimento ao recurso do MPDFT, por se enquadrar 
nos termos da modulação.
Divergência
Ficou parcialmente vencido o ministro Alexandre de Moraes, que ressalvou da aplicação 
da tese apenas as decisões com trânsito em julgado e, no caso concreto, dava provimento 
ao recurso.
1.1.10. STF VALIDA DECRETO QUE REVOGOU NORMA INTERNACIONAL SOBRE DISPENSA 
SEM JUSTA CAUSA 19/06/2023
Por maioria de votos, o Supremo Tribunal Federal declarou válido o Decreto presidencial 
n. 2.100/1996, que comunicava a retirada do Brasil do cumprimento da Convenção 158 da 
Organização Internacional do Trabalho (OIT), que proíbe a demissão sem causa. Na mesma 
decisão, tomada no julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 39, 
contudo, a Corte decidiu que a denúncia de tratados internacionais pelo presidente da 
República exige a anuência do Congresso Nacional. Esse entendimento vigorará a partir de 
agora, preservando os atos anteriores.
Convenção
Além de vedar a dispensa imotivada, a Convenção 158 da OIT prevê uma série de 
procedimentos para o encerramento do vínculo de emprego. A norma foi aprovada pelo 
Congresso Nacional e posteriormente promulgada pelo então presidente Fernando Henrique 
Cardoso. Meses após a promulgação, contudo, o presidente comunicou formalmente à OIT 
a retirada do Brasil dos países que a haviam assinado.
Na ação, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e 
a Confederação Nacional do Transporte (CNT) defendiam a validade do documento. A 
inconstitucionalidade do decreto é objeto, também, da ADI 1625, cujo julgamento está 
suspenso para ser concluído em sessão presencial do Plenário
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Risco de retrocesso
No voto que prevaleceu no julgamento, o relator, ministro Dias Toffoli, afirmou que 
a exclusão de normas internacionais do ordenamento jurídico brasileiro não pode ser 
mera opção do chefe de Estado. Como os tratados passam a ter força de lei quando são 
incorporados às leis brasileiras, sua revogação exige, também, a aprovação do Congresso.
Segundo Toffoli, apesar dessa exigência, na prática tem havido uma aceitação tácita da 
medida unilateral. Mas, a seu ver, essa possibilidade traz risco de retrocesso em políticas 
essenciais de proteção da população, porque a prerrogativa pode vir a recair sobre mandatário 
de perfil autoritário e sem zelo em relação a direitos conquistados.
Segurança jurídica
No caso concreto da Convenção 158, o Tribunal decidiu manter válido o decreto que a 
denunciou, em nome da segurança jurídica. A maioria do colegiado acompanhou a proposta 
do relator para aplicar a tese da inconstitucionalidade da denúncia unilateral de tratados 
internacionais apenas a partir da publicação da ata do julgamento da ação, mantendo, 
assim, a eficácia de atos praticados até agora.
1.1.11. STF INVALIDA COLETA COMPULSÓRIA DE MATERIAL GENÉTICO DE MÃES E BEBÊS 
NO RJ 13 04 2023
O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu, nesta quinta-feira (13), que é inconstitucional a 
coleta compulsória de material genético de mães e bebês no momento do parto e a manutenção 
dos dados à disposição da justiça, para eventual dúvida sobre troca de recém-nascidos. A 
decisão, unânime, foi tomada no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 
5545, ajuizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
A Lei estadual n. 3.990/2002 estabelece diversas medidas para evitar a troca de recém-
nascidos. Por unanimidade, o Plenário entendeu que os dispositivos que tratam da coleta de 
material genético sem autorização são desproporcionais e violam o princípio constitucional 
da proteção à privacidade.
Dados sensíveis
O relator da ADI, ministro Luiz Fux, em voto apresentadona sessão de quarta-feira (12), 
observou que a legislação brasileira classifica os dados genéticos como sensíveis e exige 
que sua guarda seja a mais cuidadosa possível. Contudo, a norma estadual é genérica e 
inadequada para assegurar a proteção à identidade genética, pois não estabelece protocolos 
de segurança para a coleta, o armazenamento ou a destruição dos dados, mesmo que a 
pedido dos envolvidos.
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Discriminações
Fux salientou que o vazamento de informações genéticas, sobretudo quando obtidas 
sem consentimento, pode propiciar diversas discriminações. Na sua avaliação, embora 
a troca de bebês em maternidades seja um problema grave, há medidas não invasivas à 
privacidade para evitá-lo, e é mais adequado que o material genético seja coletado a partir 
do momento em que ocorrer a dúvida sobre possível troca. O relator observou, ainda, que, 
segundo informações do governo estadual, a lei não chegou a ser implementada.
1.1.12. STF DERRUBA PRISÃO ESPECIAL PARA PESSOAS COM DIPLOMA DE NÍVEL SUPERIOR 
30 03 2023
O Plenário do Supremo Tribunal declarou que o dispositivo do Código de Processo 
Penal (CPP) que concede o direito a prisão especial a pessoas com diploma de ensino 
superior, até decisão penal definitiva, não é compatível com a Constituição Federal (não foi 
recepcionado). Na sessão virtual encerrada em 31/3, o colegiado seguiu o entendimento 
do relator, ministro Alexandre de Moraes, para quem não há justificativa razoável, com 
fundamento na Constituição Federal, para a distinção de tratamento com base no grau 
de instrução acadêmica.
O tema foi analisado na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 
334, ajuizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o artigo 295, inciso VII, 
do CPP, que prevê esse tratamento a “diplomados por qualquer das faculdades superiores 
da República”. Segundo a PGR, a discriminação por nível de instrução contribui para a 
perpetuação da seletividade do sistema de justiça criminal e reafirma “a desigualdade, a 
falta de solidariedade e a discriminação”.
Tratamento diferenciado
Em seu voto pela procedência do pedido, o ministro Alexandre de Moraes explicou que o 
instituto da prisão especial, na forma atual, não é uma nova modalidade de prisão cautelar, 
mas apenas uma forma diferenciada de recolhimento da pessoa presa provisoriamente, 
segregada do convívio com os demais presos provisórios, até a condenação penal definitiva.
A regra processual, que existe na legislação brasileira desde 1941, para o relator, dispensa 
um tratamento diferenciado, mais benéfico, ao preso especial. “Apenas o fato de a cela 
em separado não estar superlotada já acarreta melhores condições de recolhimento aos 
beneficiários desse direito, quando comparadas aos espaços atribuídos à população carcerária 
no geral – que consiste em um problema gravíssimo em nosso país, podendo extrapolar em 
até quatro vezes o número de vagas disponíveis”, ressaltou.
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Situação mais vulnerável
De acordo com o ministro, a Constituição Federal, o CPP e a Lei de Execuções Penais (LEP) 
legitimam o tratamento diferenciado na forma de recolhimento de determinados presos 
em razão de circunstâncias específicas. É o caso da diferenciação em razão da natureza do 
delito, da idade e do sexo da pessoa condenada e a segregação de presos provisórios de 
presos definitivos de acordo com a natureza da infração penal imputada.
Nesses casos, a medida visa evitar, por exemplo, violências decorrentes da convivência 
de homens e mulheres na mesma prisão, a influência de presos definitivos contra pessoas 
ainda presumidamente inocentes e, ainda, proteção a crianças e adolescentes que tenham 
cometido atos infracionais. “Em todas essas hipóteses, busca-se conferir maior proteção 
à integridade física e moral de presos que, por suas características excepcionais, estão em 
situação mais vulnerável”, observou.
Medida discriminatória
Contudo, a seu ver, esse raciocínio não se aplica à prisão especial para quem tem diploma 
universitário. “Trata-se, na realidade, de uma medida discriminatória, que promove a 
categorização de presos e que, com isso, ainda fortalece desigualdades, especialmente em 
uma nação em que apenas 11,30% da população geral tem ensino superior completo e em 
que somente 5,65% dos pretos ou pardos conseguiram graduar-se em uma universidade”. 
Ou seja, “a legislação beneficia justamente aqueles que já são mais favorecidos socialmente, 
os quais já obtiveram um privilégio inequívoco de acesso a uma universidade”.
Bacharelismo
O ministro lembrou o fenômeno do bacharelismo no Brasil, em que a posse de um título 
acadêmico legitimava o exercício da autoridade. A seu ver, ainda persiste, na sociedade 
brasileira, um ranço ideológico desse fenômeno. “A extensão da prisão especial a essas 
pessoas caracteriza verdadeiro privilégio que, em última análise, materializa a desigualdade 
social e o viés seletivo do direito penal e malfere preceito fundamental da Constituição que 
assegura a igualdade entre todos na lei e perante a lei”, concluiu.
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1.1.13. É OBRIGATÓRIA A COBERTURA, PELA OPERADORA DO PLANO DE SAÚDE, DE 
CIRURGIAS DE TRANSGENITALIZAÇÃO E DE PLÁSTICA MAMÁRIA COM IMPLANTAÇÃO DE 
PRÓTESES EM MULHER TRANSEXUAL 12/12/2023 – INFORMATIVO N. 798 – STJ
Informativo n. 798, 12 de dezembro de 2023.
Processo
REsp 2.097.812-MG, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 
21/11/2023, DJe 23/11/2023.
Ramo do Direito
DIREITO CIVIL, DIREITOS HUMANOS, DIREITO DA SAÚDE
Tema
Plano de saúde. Mulher transexual. Procedimentos cirúrgicos prescritos pelo médico assistente 
no processo transexualizador. Reconhecimento pelo CFM e incorporação ao SUS. Procedimentos 
listados no rol da ANS sem diretrizes de utilização. Cobertura obrigatória.
DESTAQUE
É obrigatória a cobertura, pela operadora do plano de saúde, de cirurgias de transgenitalização 
e de plástica mamária com implantação de próteses em mulher transexual.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
Os procedimentos de afirmação de gênero do masculino para o feminino são reconhecidos pelo 
Conselho Federal de Medicina (CFM) e foram também incorporados ao SUS, com indicação para 
o processo transexualizador, constando, inclusive, na tabela de procedimentos, medicamentos, 
órteses, próteses e materiais especiais do SUS, vinculados ao CID 10 F640 – transexualismo (atual 
CID 11 HA60 – incongruência de gênero), não se tratando, pois, de procedimentos experimentais.
Os procedimentos que integram a redesignação sexual no sexo masculino e a plástica mamária 
incluindo prótese, descritos na Portaria 2.803/2013 do Ministério da Saúde, constam do anexo I 
do rol de procedimentos e eventos em saúde da ANS (Resolução ANS 465/2021), sem diretrizes 
de utilização, a saber: orquiectomia, amputação total do pênis, neovagina, reconstrução da 
mama com prótese, dentre outros.
No processo transexualizador, a cirurgia plástica mamária reconstrutiva bilateral incluindo 
prótese mamária de silicone é procedimento que, muito antes de melhorar a aparência, visa à 
afirmação do próprio gênero, incluída no conceito de saúde integral do ser humano, enquanto 
medida de prevenção ao adoecimento decorrente do sofrimento causado pela incongruência 
de gênero, pelo preconceito e pelo estigma social vivido por quem experiencia a inadequação 
de um corpo masculino à sua identidade feminina.
Tratando-se de procedimentos cirúrgicos prescritos pelo médico assistente, que não se 
enquadram nas exceções do art. 10 da Lei n. 9.656/1998, que são reconhecidos pelo CFM e 
foram incorporados ao SUS para a mesma indicação clínica (CID10 F640 – transexualismo, atual 
CID 11 HA60 – incongruência de gênero), e que estão listados no rol da ANS sem diretrizes de 
utilização, encontram-se satisfeitos os pressupostos que impõem à operadora do plano de saúde 
a obrigação de sua cobertura, conforme preconizado no projeto terapêutico singular norteado 
por protocolos e diretrizes vigentes para o processo transexualizador.
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https://processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?acao=pesquisarumaedicao&livre=%270798%27.cod.
https://scon.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=%27202303396083%27.REG.
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Jurisprudencial 2023
A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que o descumprimento contratual por parte 
da operadora de saúde, que culmina em negativa de cobertura para procedimento médico-
hospitalar, enseja compensação por dano moral quando houver agravamento da condição de 
dor, abalo psicológico ou prejuízos à saúde já debilitada da paciente.
1.1.14. O GALPÃO DESTINADO PARA ATIVIDADES COMERCIAIS NÃO SE ENQUADRA NO 
CONCEITO DE DOMICÍLIO, AINDA QUE POR EXTENSÃO 12/12/2023 – INFORMATIVO N. 798 – STJ
Informativo n. 798, 12 de dezembro de 2023.
Processo
AgRg no HC 845.545-SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 
17/10/2023, DJe 20/10/2023.
Ramo do Direito
DIREITO CONSTITUCIONAL, DIREITO PROCESSUAL PENAL
Tema
Tráfico de drogas. Galpão destinado a estabelecimento comercial. Inviolabilidade de domicílio. 
Não ocorrência. Licitude das provas.
DESTAQUE
O galpão destinado para atividades comerciais não se enquadra no conceito de domicílio, ainda 
que por extensão.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário 603.616/RO, apreciando 
o Tema n. 280 da Repercussão Geral, de Relatoria do Ministro Gilmar Mendes, firmou a tese 
de que o ingresso em domicílio sem mandado judicial, tanto durante o dia quanto no período 
noturno, somente é legítimo se baseado em fundadas razões, devidamente amparadas pelas 
circunstâncias do caso concreto, que indiquem situação de flagrante no interior da residência.
Por sua vez, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, no HC 598.051/SP, estabeleceu 
diretrizes e parâmetros a fim de que seja reconhecida a existência de fundada suspeita de 
flagrante delito e, portanto, se tenha como devidamente justificado e aceitável juridicamente 
o ingresso de forças policiais na residência de cidadãos, abarcando, ainda, as hipóteses em que 
existe a alegação que houve consentimento expresso e voluntário.
No caso, as instâncias ordinárias salientaram que o local seria um galpão utilizado para atividade 
comercial. Desse modo, como se trata de estabelecimento comercial aberto ao público, não 
se vislumbra o enquadramento no conceito de domicílio, ainda que por extensão. Assim, não é 
abarcada, na hipótese, pela proteção constitucional prevista no art. 5º, inciso XI, da Constituição 
Federal.
Além disso, foi ressaltado a realização de diligências durante vários dias, tendo sido observada 
movimentação atípica, bem como o fato de que “na delegacia, assistido por advogado, o acusado 
nada mencionou sobre invasão dos policiais à empresa ou eventual excesso em suas condutas, ao 
contrário, disse que, após ter sido devidamente cientificado da diligência, autorizou o ingresso 
e, de pronto, confessou que havia drogas em algumas placas”.
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https://processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?acao=pesquisarumaedicao&livre=%270798%27.cod.
https://processo.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=%28%28AGRHC.clas.+ou+%22AgRg+no+HC%22.clap.%29+e+%40num%3D%22845545%22%29+ou+%28%28AGRHC+ou+%22AgRg+no+HC%22%29+adj+%22845545%22%29.suce.
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Jurisprudencial 2023
No mesmo sentido, “o estabelecimento comercial – em funcionamento e aberto ao público – não 
pode receber a proteção que a Constituição Federal confere à casa. Assim, não há violação à garantia 
constitucional da inviolabilidade do domicílio, a caracterizar a ocorrência de constrangimento 
ilegal” (AgRg nos EDcl no HC 704.252/SP, Rel. Ministro Joel Ilan Parciornik, Quinta Turma, julgado 
em 29/3/2022, DJe 4/4/2022).
1.1.15. A PRETENSÃO DE EXPEDIÇÃO DE NOVO PRECATÓRIO OU REQUISIÇÃO DE PEQUENO 
VALOR, FUNDADA NOS ARTS. 2º E 3º DA LEI N. 13.463/2017, SUJEITA-SE À PRESCRIÇÃO 
QUINQUENAL PREVISTA NO ART. 1º DO DECRETO N. 20.910/1932 E TEM, COMO TERMO 
INICIAL, A NOTIFICAÇÃO DO CREDOR, NA FORMA DO § 4º DO ART. 2º DA LEI N. 13.463/2017 
– 31/10/2023 – INFORMATIVO N. 793, 2023
Informativo n. 793, 31 de outubro de 2023.
RECURSOS REPETITIVOS
Processo
REsp 1.961.642-CE, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Primeira Seção, por unanimidade, julgado 
em 25/10/2023 (Tema n. 1.141).
REsp 1.944.707-PE, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Primeira Seção, por unanimidade, julgado 
em 25/10/2023 (Tema n. 1.141).
REsp 1.944.899-PE, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Primeira Seção, por unanimidade, julgado 
em 25/10/2023 (Tema n. 1.141).
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DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Tema
Lei n. 13.463/2017. Cancelamento de precatórios ou requisições de pequeno valor depositados 
há mais de dois anos. Pedido de expedição de novo ofício requisitório. Aplicação do regime 
prescricional previsto no Decreto n. 20.910/1932. Termo inicial. Ciência do cancelamento. Tema 
n. 1.141.
DESTAQUE
A pretensão de expedição de novo precatório ou requisição de pequeno valor, fundada nos arts. 
2º e 3º da Lei n. 13.463/2017, sujeita-se à prescrição quinquenal prevista no art. 1º do Decreto 
n. 20.910/1932 e tem, como termo inicial, a notificação do credor, na forma do § 4º do art. 2º 
da Lei n. 13.463/2017.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
A controvérsia consiste em definir se é prescritível a pretensão de expedição de novo precatório 
ou RPV, após o cancelamento da requisição anterior, de que tratam os arts. 2º e 3º da Lei n. 
13.463, de 06/07/2017.
O art. 1º do Decreto n. 20.910/1932, em termos gerais, sujeita à prescrição quinquenal as dívidas 
passivas da União, dos Estados e dos Municípios, “bem assim todo e qualquer direito ou ação 
contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza”.
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https://processo.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=%28RESP.clas.+e+%40num%3D%221961642%22%29+ou+%28RESP+adj+%221961642%22%29.suce.
http://www.stj.jus.br/repetitivos/temas_repetitivos/pesquisa.jsp?novaConsulta=true&tipo_pesquisa=T&cod_tema_inicial=1141&cod_tema_final=1141
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http://www.stj.jus.br/repetitivos/temas_repetitivos/pesquisa.jsp?novaConsulta=true&tipo_pesquisa=T&cod_tema_inicial=1141&cod_tema_final=1141
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Os termos amplos da previsão legal são reiterados pela jurisprudência do STJ, segundo a qual “a 
prescrição quinquenal prevista no art. 1º do Decreto n. 20.910/1932 deve ser aplicada a todo 
e qualquer direito ou ação contra a Fazenda Pública, seja ela federal, estadual ou municipal, 
independentementeda natureza da relação jurídica estabelecida entre a Administração Pública e 
o particular” (AgRg no AREsp 16.494/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, 
DJe de 3/8/2012).
Por outro lado, a jurisprudência do STJ não exige que cada norma, ao consagrar um direito, 
estabeleça a específica previsão do prazo prescricional a que ele se sujeita, pois, “como regra 
geral, a prescrição é quinquenal, estabelecida pelo art. 1º do Decreto n. 20.910/1932 (...)” (AgRg 
no REsp 862.721/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe de 7/6/2010).
Quanto à compreensão de que se estaria, no caso, diante de um direito potestativo, não é 
o que se infere da norma ora examinada. Verifica-se que a Lei n. 13.463/2017, ao mesmo 
tempo em que prevê a retirada do numerário depositado em favor do credor da sua esfera de 
disponibilidade, permite-lhe resguardar o seu direito mediante pedido de expedição de nova 
ordem de cumprimento da obrigação de pagar. Nesse momento, o credor volta a ter tão somente 
um crédito, cuja satisfação, evidentemente, depende de prestação do devedor, isto é, volta a ter 
uma pretensão. Essa alteração de posição jurídica, segundo se decidiu na ADI 5.755/DF, decorre 
de um ato ilícito, ofensivo ao devido processo legal em sua acepção material.
A atribuição de efeitos ex nunc à declaração de inconstitucionalidade não infirma essa conclusão, 
uma vez que, nela, o STF não afirma que as disposições da Lei n. 13.463/2017 são lícitas até o ano 
de 2022. Em vez disso, limita-se a manter, por razões de segurança orçamentária e de interesse 
social, os cancelamentos já operados antes de 06/07/2022.
Nesse sentido, fica claro no seguinte excerto do voto da Ministra Rosa Weber: “As disposições 
legais declaradas inconstitucionais ao julgamento do presente feito, não obstante viciadas na 
sua origem, ampararam a concretização de inúmeros atos jurídicos que levaram ao cancelamento 
de diversos precatórios e RPVs, praticados ao abrigo legal por longo período”. Tem-se, assim, 
configurado um direito que, violado, ensejou pretensão, por sua vez, sujeita à prescrição, na 
forma do art. 189 do Código Civil.
Por fim, cabe acrescentar que, se é o cancelamento do precatório ou RPV que faz surgir a pretensão, 
figura jurídica que atrai o regime prescricional do art. 1º do Decreto n. 20.910/1932, deve-se 
concluir que o termo inicial do prazo é precisamente a ciência desse ato de cancelamento, como 
indica a teoria da actio nata.
O STJ aplica essa orientação da teoria da actio nata em seu viés subjetivo, de modo que “a 
jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que, em conformidade com o princípio da 
actio nata, o termo inicial da prescrição ocorre a partir da ciência inequívoca da lesão ao direito 
subjetivo” (STJ, AgInt no REsp 1.909.827/SC, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, 
DJe de 19/4/2022).
No caso da Lei n. 13.463/2017, os §§ 3º e 4º do seu art. 2º estabelecem que a instituição 
financeira, após proceder ao cancelamento previsto na norma, dará ciência ao presidente 
do tribunal respectivo, que comunicará o fato ao juízo da execução, que, por sua vez, 
notificará o credor:
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Jurisprudencial 2023
Art. 2º.
(...)
§ 3º. Será dada ciência do cancelamento de que trata o caput deste artigo ao Presidente do 
Tribunal respectivo.
§ 4º. O Presidente do Tribunal, após a ciência de que trata o § 3º deste artigo, comunicará o fato 
ao juízo da execução, que notificará o credor.
Essa cautela do legislador deve orientar, também, a fixação do termo inicial da contagem 
do prazo quinquenal de que dispõe o titular para requerer a expedição do novo ofício 
requisitório, que deve coincidir com a notificação do credor, prevista no § 4º do art. 2º da 
Lei n. 13.463/2017.
Assim, para fins do recurso repetitivo, firma-se a tese no sentido de que:
A pretensão de expedição de novo precatório ou requisição de pequeno valor, fundada nos arts. 
2º e 3º da Lei n. 13.463/2017, sujeita-se à prescrição quinquenal prevista no art. 1º do Decreto 
n. 20.910/1932 e tem, como termo inicial, a notificação do credor, na forma do § 4º do art. 2º 
da referida Lei n. 13.463/2017.
1.1.16. A OBRA ARTÍSTICA REPRESENTADA PELA FOTOGRAFIA É PROTEGIDA PELA 
LEI DE DIREITOS AUTORAIS, SENDO QUE EVENTUAL EXPOSIÇÃO EM REDE SOCIAL SEM 
CONSENTIMENTO, REMUNERAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO POR MEIO DOS DEVIDOS CRÉDITOS, 
LESIONAM OS DIREITOS PATRIMONIAIS E MORAIS DO AUTOR – 31/10/2023 – INFORMATIVO 
N. 793 – STJ
Informativo n. 793, 31 de outubro de 2023.
TERCEIRA TURMA
Processo
REsp 1.831.080-SP, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por unanimidade, 
julgado em 17/10/2023, DJe 25/10/2023.
Ramo do Direito
DIREITO CONSTITUCIONAL, DIREITO AUTORAL
Tema
Divulgação de fotografias. Ausência de consentimento do autor. Prejuízo injustificado. Indenização. 
Danos materiais e morais. Contrafação. Reconhecimento.
DESTAQUE
A obra artística representada pela fotografia é protegida pela Lei de Direitos Autorais, sendo 
que eventual exposição em rede social sem consentimento, remuneração e identificação por 
meio dos devidos créditos, lesionam os direitos patrimoniais e morais do autor.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
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https://processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?acao=pesquisarumaedicao&livre=%270793%27.cod.
https://scon.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=%27201902329649%27.REG.
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Jurisprudencial 2023
Trata-se, na origem, de pedido indenizatório movido por fotógrafo profissional contra empresa 
de turismo por ter postado em rede social (Facebook) fotografias de sua autoria, registradas 
previamente em cartório de registro público de títulos e documentos e depositadas junto à 
Biblioteca Nacional.
O art. 28 da LDA (Lei de Direitos Autorais) dispõe que incumbe ao “autor o direito exclusivo de 
utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica”. Assim, sua utilização, por quaisquer 
meios ou modalidades, depende da prévia e expressa autorização do autor (art. 29, X, da LDA). 
Consectariamente, “pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que 
criou” (art. 22 da LDA).
A fotografia é uma modalidade de direito intelectual própria do direito autoral que é reconhecida 
tanto pela legislação brasileira como pela estrangeira.
Os arts. 46, VIII, e 48 da LDA harmonizam-se com o contexto integral da legislação autoral, que 
constitui um verdadeiro microssistema legislativo de tutela do Direito de Autor. Sua matriz é o 
art. 5º, inc. XXVII da Constituição Federal, que expressamente prevê que “aos autores pertence 
o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos 
herdeiros pelo tempo que a lei fixar”, valendo ainda citar os artigos 22, 29, I, e 79, inciso VII, da 
Lei n. 9.610/1998.
Portanto, a Lei n. 9.610/1998 não afasta a responsabilidade pela reprodução indevida (para fins 
lucrativos ou comerciais) de obra do autor, no caso de fotografia, realizada em praia.
A finalidade comercial da aludida reprodução é irrefutável, pois versa a publicação a respeito de 
venda de pacotes turísticos, sem menção ou indicação da autoria ou, pelo menos, de requerimento 
de autorização do autor da obra.
Ressalta-se que o ordenamento jurídico brasileiro, de forma ampla e genérica, confere à fotografia 
proteção própria de direito autoral. (arts. 7º, VII, e 79, da Lei n. 9.610/1998 e 2º da Convenção 
de Berna).
O Direito Autoral brasileiro está inserido no sistema de droit d’auteur, aproximando-se da linha 
dualística ao considerar nos direitos de autor duas diferentes ordens, quais sejam, a patrimonial 
e a moral.
O art. 27 da LDA é expresso: “os direitos morais do autor são inalienáveis e irrenunciáveis”. Por 
sua vez, o art. 108 da LDA estabelece que aquele, o qualna utilização, por qualquer modalidade, 
de obra intelectual, deixar de indicar ou de anunciar, como tal, o nome, pseudônimo ou sinal 
convencional do autor e do intérprete, além de responder por danos morais, está obrigado a 
divulgar a identidade.
Portanto, a divulgação das fotografias, na forma descrita, corresponde à contrafação, nos termos 
do arts. 29, I, e 108, da Lei n. 9.610/98, pois foi utilizada com clara intenção de lucro, e não de 
forma altruística de fomento ao turismo, da cultura ou de patrimônio histórico, porquanto 
incluída entre as paisagens que decoram o site de agência de viagens para promoção de sua 
atividade empresarial.
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1.2. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS1.2. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
1.2.1. PESSOAS JURÍDICAS NÃO PODEM APRESENTAR MANDADO DE SEGURANÇA AO 
STJ CONTRA DECISÕES DE TRIBUNAIS 23/11/2023
Por unanimidade, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que 
não cabe ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgar mandado de segurança (MS), em 
substituição de habeas corpus, apresentados por pessoa jurídica contra decisão de tribunais 
de segunda instância. A decisão se deu na sessão virtual finalizada em 20/11, no julgamento 
do Recurso Ordinário em Mandado de Segurança (RMS) 39028.
Crime ambiental
Na instância de origem, a JBS S/A foi denunciada, com duas outras pessoas físicas, 
por crime ambiental. Após o juízo extinguir o processo contra todos, o Tribunal de Justiça 
de Mato Grosso do Sul (TJ-MS), ao julgar recurso do Ministério Público, determinou o 
prosseguimento da ação penal apenas em relação à JBS.
Incompetência
Contra essa decisão, a empresa impetrou mandado de segurança no STJ, que reconheceu 
sua incompetência para julgar o pedido. A negativa foi fundamentada na Súmula n. 41 daquela 
corte, que afasta sua competência para processar e julgar, originariamente, mandado de 
segurança contra ato de outros tribunais.
Única opção
No Supremo, a JBS alegava que só tem como opção o mandado de segurança para afastar 
constrangimento ilegal, pois a jurisprudência rejeita o uso de habeas corpus por pessoas 
jurídicas. Assim, buscava que fosse reconhecida a competência do STJ para julgar mandado 
de segurança em hipóteses não previstas na Constituição no contexto de responsabilização 
penal da pessoa jurídica.
Ilegalidade
Em decisão monocrática, o relator, ministro André Mendonça, havia negado o pedido da 
empresa, que, em seguida, apresentou o agravo regimental julgado pela Segunda Turma. Em 
seu voto para manter sua decisão, o relator reiterou que, em caso de ilegalidade, a pessoa 
jurídica não pode se utilizar habeas corpus, que se destina à tutela do direito de ir e vir. 
O mandado de segurança, portanto, é a via processual adequada para que uma empresa 
questione ato do Poder Público no âmbito de ação penal.
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Atribuições
No caso específico dos autos, no entanto, o relator explicou que, entre as atribuições 
do STJ previstas de forma taxativa no artigo 105 da Constituição, não está a competência 
para julgar mandado de segurança contra atos de outros tribunais. Assim, o uso desse 
instrumento, ainda que seja como substitutivo do habeas corpus, deve obedecer às normas 
processuais, em especial as previstas nos dispositivos constitucionais relacionados à 
repartição de competência jurisdicional.
1.2.2. ASSOCIAÇÃO GENÉRICA NÃO PODE PROPOR AÇÃO COLETIVA SEM AUTORIZAÇÃO 
DOS ASSOCIADOS 07/02/2023
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em sessão nesta terça-feira 
(7), considerou que a Associação Brasileira de Contribuintes Tributários (ABCT) não tem 
legitimidade para impetrar mandado de segurança coletivo sem autorização expressa de 
seus associados. A decisão, por maioria de votos, foi tomada no Recurso Extraordinário 
com Agravo (ARE) 1339496.
No caso em análise, a associação recorria de decisão do Tribunal Regional da 2ª Região 
(TRF-2) que extinguira um mandado de segurança pedindo a exclusão do ICMS da base de 
cálculo das contribuições para o Programa de Integração Social (PIS) e para a Contribuição 
para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). O TRF-2 considerou que a associação, 
por ser genérica, não poderia propor a ação sem autorização expressa de seus filiados.
Precedente
Em voto apresentado em sessão virtual, o relator do recurso, ministro Edson Fachin, 
concordou com a argumentação da ABCT de que deveria ser aplicado ao caso o precedente 
do STF (ARE 1293130, Tema n. 1.119 da repercussão geral) de que as associações não 
necessitam de autorização expressa dos associados, da relação nominal ou da comprovação 
de filiação prévia para propor mandado de segurança coletivo.
Caráter genérico
Prevaleceu, contudo, o voto do ministro André Mendonça, que havia pedido vista do 
processo. Segundo ele, a tese firmada no Tema n. 1.119 se fundamenta na premissa de 
que a entidade representa uma categoria profissional. Portanto, não se aplica a este caso, 
pois a ABCT tem caráter genérico e poderia representar qualquer contribuinte brasileiro.
Banalização
Para Mendonça, o reconhecimento da legitimidade da ABCT para postular mandado 
de segurança coletivo seria um precedente indesejável, que permitiria a banalização 
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de associações e das finalidades associativas, com eventual prejuízo aos beneficiários 
supostamente defendidos. Ele foi acompanhado pelos ministros Nunes Marques, Ricardo 
Lewandowski e Gilmar Mendes.
1.2.3. O TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA, EM AÇÃO DE COBRANÇA DE VALORES 
PRETÉRITOS AO AJUIZAMENTO DE ANTERIOR MANDADO DE SEGURANÇA QUE RECONHECEU O 
DIREITO, É A DATA DA NOTIFICAÇÃO DA AUTORIDADE COATORA NO MANDADO DE SEGURANÇA, 
QUANDO O DEVEDOR É CONSTITUÍDO EM MORA (ARTS. 405 DO CÓDIGO CIVIL E 240 DO 
CPC) – 16/05/2023 – INFORMATIVO N. 774 – STJ
Informativo n. 774, 16 de maio de 2023.
RECURSOS REPETITIVOS
Processo
REsp 1.925.235-SP, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Primeira Seção, por unanimidade, julgado 
em 10/5/2023 (Tema n. 1.133).
Ramo do Direito
DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO CIVIL, DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Tema
Ação de cobrança de parcelas anteriores à impetração de mandado de segurança coletivo 
que reconheceu o direito. Termo inicial dos juros de mora. Notificação da autoridade coatora. 
Obrigação ilíquida. Mora ex persona. Arts. 405 do CC e 240 do CPC. Tema n. 1.133.
DESTAQUE
O termo inicial dos juros de mora, em ação de cobrança de valores pretéritos ao ajuizamento de 
anterior mandado de segurança que reconheceu o direito, é a data da notificação da autoridade 
coatora no mandado de segurança, quando o devedor é constituído em mora (arts. 405 do 
Código Civil e 240 do CPC).
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
A controvérsia consiste em definir se o termo inicial dos juros de mora, em ação de cobrança de 
valores pretéritos ao ajuizamento de anterior mandado de segurança, deve ser contado a partir 
da citação, na ação de cobrança, ou da notificação da autoridade coatora, quando da impetração 
do mandado de segurança.
O pressuposto básico para configuração da mora é a viabilidade no cumprimento da obrigação: 
em que pese a impossibilidade transitória de satisfazê-la, a prestação ainda é possível e útil.
Na questão jurídica posta incide a mora solvendi, uma vez que é concernente ao não pagamento, 
pelo Estado de São Paulo, de Adicional de Local de Exercício – ALE, devido a policiais militares 
inativos, no caso, no período que antecedeu à impetração da ação mandamental coletiva, na qual 
foi reconhecido o direito. Tem-se, portanto, obrigação de natureza positiva e ilíquida, exigível 
por força de decisão judicial.
A impetração de mandado de segurança repercutirá na ação de cobrançasob os seguintes 
aspectos: I) interromperá o prazo prescricional para ajuizamento do feito; II) delimitará o pedido 
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https://processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?acao=pesquisarumaedicao&livre=%270774%27.cod.
https://processo.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=%28RESP.clas.+e+%40num%3D%221925235%22%29+ou+%28RESP+adj+%221925235%22%29.suce.
http://www.stj.jus.br/repetitivos/temas_repetitivos/pesquisa.jsp?novaConsulta=true&tipo_pesquisa=T&cod_tema_inicial=1133&cod_tema_final=1133
http://www.stj.jus.br/repetitivos/temas_repetitivos/pesquisa.jsp?novaConsulta=true&tipo_pesquisa=T&cod_tema_inicial=1133&cod_tema_final=1133
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formulado, a partir do quinquênio que antecedeu à propositura do writ, e III) constituirá em 
mora o devedor.
A partir do regramento previsto para a constituição em mora do devedor, nas obrigações ilíquidas 
(art. 405 do Código Civil c/c art. 240 do CPC/2015), extrai-se que a notificação da autoridade 
coatora em mandado de segurança cientifica formalmente o Poder Público do não cumprimento 
da obrigação (mora ex persona). É, portanto, irrelevante, para fins de constituição em mora, a 
via processual eleita, pelo titular do direito, para pleitear a consecução da obrigação.
Desse modo, em se tratando de ação mandamental, cujos efeitos patrimoniais pretéritos deverão 
ser reclamados administrativamente, ou pela via judicial própria (Súmula n. 271/STF), a mora é 
formalizada pelo ato de notificação da autoridade coatora, sem prejuízo da posterior liquidação 
do quantum debeatur da prestação.
No ponto, cumpre esclarecer que a aludida limitação sumular apenas tem por escopo obstar o 
manejo do writ of mandamus como substitutivo da ação de cobrança (Súmula n. 269/STF), em 
nada interferindo na aplicação da regra de direito material referente à constituição em mora, 
a qual ocorre uma única vez, no âmbito da mesma relação obrigacional.
A citação válida da Fazenda Pública, entre outros efeitos, tem o condão de constituí-la em atraso 
no tocante ao direito que a parte autora entende titularizar (art. 405 do Código Civil de 2002), 
sendo desimportantes as eventuais limitações impostas pelo meio processual eleito para fazer 
valer, concretamente, o bem jurídico em discussão. Entender de modo contrário implicaria admitir 
que o instrumento processual manejado (no caso, ação de cobrança) é o parâmetro adequado para 
a fixação do termo inicial dos respectivos juros de mora, em detrimento do arcabouço normativo 
previsto pelo Código Civil de 2002, o qual, via de regra, considera a natureza da obrigação para 
a constituição formal do devedor em mora.
Portanto, em relação às parcelas pretéritas, cujo direito foi reconhecido, na via mandamental, 
o termo inicial dos juros de mora, na ação de cobrança, deve ser fixado na data da notificação 
da autoridade coatora, pois é o momento em que, nos termos do art. 405 do Código Civil c/c 
art. 240 do Diploma Processual, houve a interrupção do prazo prescricional e a constituição em 
mora do devedor.
1.3. DIREITOS SOCIAIS1.3. DIREITOS SOCIAIS
1.3.1. CONGRESSO DEVE REGULAMENTAR LICENÇA-PATERNIDADE EM 18 MESES, DECIDE 
STF – 14/12/2023
O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, nesta quarta-feira (14), a omissão 
legislativa sobre a regulamentação do direito à licença-paternidade e fixou prazo de 18 
meses para que o Congresso Nacional edite lei nesse sentido. Após o prazo, caso a omissão 
persista, caberá ao Supremo definir o período da licença.
A decisão foi tomada no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão 
(ADO) 20, apresentada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS). 
A ação começou a ser julgada no Plenário Virtual, mas foi destacada pelo ministro Luís 
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Roberto Barroso para julgamento presencial. Nos votos apresentados na sessão virtual, 
havia maioria para reconhecer omissão legislativa, mas divergência quanto ao prazo para 
a adoção das medidas legislativas necessárias para saná-la.
Insuficiente
Para o Plenário, a licença de cinco dias prevista no parágrafo 1º do artigo 10 do Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) há mais de três décadas é manifestamente 
insuficiente e não reflete a evolução dos papéis desempenhados por homens e mulheres 
na família e na sociedade.
Na sessão de ontem (13), o ministro Barroso propôs que, após o prazo de 18 meses, 
caso a omissão persistisse, o direito à licença-paternidade deveria ser equiparado ao da 
licença-maternidade. Contudo, após reunião deliberativa, os ministros estabeleceram que, 
se o Congresso não legislar ao final de 18 meses, o Supremo fixará o prazo de licença.
1.3.2. 2ª TURMA GARANTE MATRÍCULA DE CRIANÇA EM ESCOLA PÚBLICA DO DF PRÓXIMA 
À RESIDÊNCIA 31/10/2023
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) assegurou a uma menina de 11 
anos o direito de ser matriculada em escola pública próxima de sua residência, no Distrito 
Federal. A decisão unânime foi tomada no julgamento de agravo regimental no Recurso 
Extraordinário (RE) 1301366, na sessão virtual finalizada em 27/10.
Em dezembro de 2019, a mãe havia solicitado a matrícula da filha em escola da rede 
pública perto de sua casa, mas a Secretaria de Educação do DF alegou falta de vagas. A 
Defensoria Pública do Distrito Federal, então, acionou a Justiça para assegurar a matrícula, 
sustentando que a mãe não tinha condições de pagar escola particular nem transporte 
para a escola onde havia vaga.
Fila de espera
O pedido foi negado pela primeira instância e pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal 
e dos Territórios (TJDFT). Para a corte local, a transferência para a escola pretendida deveria 
seguir a lista de espera da Secretaria de Educação, e o acolhimento do pedido violaria o 
princípio da isonomia, pois outras crianças devidamente inscritas aguardam há mais tempo 
na lista. Segundo o TJDFT, o acesso ao ensino básico estaria assegurado com o oferecimento 
de vaga em escola o mais próximo possível da residência da menina.
A Defensoria Pública e o Ministério Público do DF então apresentaram o recurso 
extraordinário ao STF.
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Direito fundamental
Em decisão monocrática, o relator, ministro Ricardo Lewandowski (aposentado), havia 
acolhido o recurso, por entender que a educação é um dos direitos fundamentais da pessoa 
humana e com base no artigo 227 da Constituição Federal, que impõe à família, à sociedade 
e ao Estado assegurar à criança, com absoluta prioridade, o acesso à creche e à escola. Para 
ele, o tratamento isonômico que deve ser buscado pelo Estado é aquele em que crianças 
e adolescentes possam estudar em escolas próximas a suas casas, com a ampliação da 
oferta de vagas na rede pública.
Jurisprudência
Contra essa decisão individual, o Distrito Federal apresentou o agravo regimental 
julgado pela Segunda Turma. No entanto, o colegiado negou o recurso, seguindo o voto do 
relator, apoiado no posicionamento do Supremo de dar máxima efetividade ao artigo 208 
da Constituição, que trata de medidas por meio das quais o Estado deve garantir o direito 
à educação, assegurando à criança vaga próxima à sua residência.
1.3.3. 2ª TURMA ISENTA PACIENTE DE DOENÇA RARA DE RESSARCIR MEDICAMENTO DE 
ALTO CUSTO 19/09/2023
Na sessão desta terça-feira (19), a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) 
restabeleceu sentença que havia reconhecido o direito de uma mulher com amiotrofia 
espinhal progressiva (AME) de ter medicamento e tratamento custeados por seu plano de 
saúde. A decisão unânime se deu no julgamento de embargos de declaração no Recurso 
Extraordinário (RE) 1319935.
Alto custo
Na origem, a Justiça havia deferidoo pedido de tutela antecipada para o recebimento 
de medicamento de alto custo e os respectivos serviços de saúde. Contudo, o Tribunal de 
Justiça de São Paulo (TJSP) acolheu parcialmente a apelação do plano de saúde apenas 
para limitar a obrigação de custear o medicamento somente a partir da data de seu registro 
na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ficando a paciente sujeita à cobrança 
dos valores despendidos.
A Turma, inicialmente, não conheceu do recurso por questões processuais. Contra essa 
decisão, a segurada opôs os embargos, acolhidos na sessão de hoje.
Boa-fé
Em seu voto, o ministro Edson Fachin (relator) afirmou que pessoas beneficiárias de 
planos de saúde estão isentas de devolver produtos e serviços prestados por ordem judicial. 
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Segundo ele, a jurisprudência do STF é de que não é dever legal a reposição de verbas 
recebidas de boa-fé para custear direitos fundamentais de natureza essencial.
No caso, ficou constatada a natureza essencial e imprescindível do medicamento e dos 
tratamentos dispensados, nos termos do laudo médico pericial, para assegurar o direito 
à vida e à saúde da segurada, assim como o recebimento de boa-fé dos produtos e dos 
serviços de saúde.
1.3.4. STF DECLARA CONSTITUCIONALIDADE DA CONTRIBUIÇÃO ASSISTENCIAL A 
TRABALHADORES NÃO SINDICALIZADOS 12/09/2023
O Supremo Tribunal Federal (STF) julgou constitucional a instituição, por acordo ou 
convenção coletivos, de contribuições assistenciais para todos os empregados de uma 
categoria, ainda que não sejam sindicalizados, desde que assegurado o direito de oposição. 
A decisão foi tomada na sessão virtual encerrada em 11/9.
O novo entendimento, firmado no julgamento de embargos de declaração, altera a 
decisão de 2017 no Agravo no Recurso Extraordinário (ARE) 1018459, com repercussão 
geral reconhecida (Tema n. 935). Na ocasião, o Plenário havia julgado inconstitucional a 
cobrança da contribuição a trabalhadores não filiados a sindicatos.
Contribuição assistencial x imposto sindical
Em abril de 2023, ao analisar o pedido feito nos embargos, o relator, ministro Gilmar 
Mendes, aderiu aos fundamentos do voto do ministro Luís Roberto Barroso, especialmente 
em razão das alterações promovidas pela Reforma Trabalhista (Lei n. 13.467/2017) sobre 
a forma de custeio das atividades sindicais.
A mudança legislativa alterou, entre outros, o artigo 578 da Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT) para extinguir a contribuição sindical obrigatória (ou “imposto sindical”). 
Nesse novo cenário, os ministros passaram a entender que é constitucional a instituição, 
por acordo ou convenção coletiva, da chamada contribuição assistencial, imposta a todos 
os empregados da categoria, mesmo que não sindicalizados, desde que estes possam se 
opor a ela.
Financiamento
Segundo o relator, o fim do imposto sindical afetou a principal fonte de custeio das 
instituições sindicais. Como resultado, os sindicatos se viram esvaziados, e os trabalhadores, 
por consequência, perderam acesso a essa instância de deliberação e negociação coletiva.
Por isso, a possibilidade de criação da contribuição assistencial, destinada prioritariamente 
ao custeio de negociações coletivas, juntamente com a garantia do direito de oposição, 
assegura a existência do sistema sindicalista e a liberdade de associação.
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Tese
A tese de repercussão geral fixada no Tema n. 935 foi a seguinte:
É constitucional a instituição, por acordo ou convenção coletivos, de contribuições assistenciais 
a serem impostas a todos os empregados da categoria, ainda que não sindicalizados, desde que 
assegurado o direito de oposição.
1.3.5. STF MANTÉM JORNADA DE 12X36 POR MEIO DE ACORDO INDIVIDUAL ESCRITO 
06/07/2023
Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve regra da Reforma 
Trabalhista (Lei n. 13.467/2017) que permite a adoção da jornada de trabalho de 12 horas, com 
36 horas ininterruptas de descanso, por meio de acordo individual escrito entre o empregador 
e o trabalhador, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação.
A decisão se deu na sessão virtual finalizada em 30/6, no julgamento da Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADI) 5994, ajuizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores 
na Saúde (CNTS).
Aceitação pacífica
Prevaleceu o voto do ministro Gilmar Mendes. Ele lembrou que a aceitação da jornada 
de 12 x 36 já era pacífica na jurisprudência trabalhista e que o próprio STF, no julgamento 
da ADI 4842, considerou constitucional essa forma de trabalho para os bombeiros civis. 
Frisou ainda que, antes da Reforma Trabalhista, a Súmula n. 444 do Tribunal Superior do 
Trabalho (TST) considerava válida a adoção dessa jornada, desde que em caráter excepcional, 
se houvesse previsão em lei ou ajustada em negociação coletiva.
O relator observou que a Constituição da República não proíbe essa modalidade de 
jornada, mas apenas admite a relativização do tempo de trabalho de oito horas diárias ou 
44 horas semanais mediante compensação, conforme acordo ou negociação coletiva. Essa 
compensação, segundo ele, pode se dar na forma 12 x 36, em que as quatro horas a mais 
são compensadas por 36 horas seguidas de descanso. A seu ver, o acordo individual está 
inserido na liberdade do trabalhador, mote da Reforma Trabalhista.
Essa posição foi seguida pela ministra Cármen Lúcia e pelos ministros Dias Toffoli, Luiz 
Fux, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Nunes Marques.
Relator
O relator, ministro Marco Aurélio (aposentado), havia votado pela procedência do pedido, 
sob o fundamento de que o inciso XIII do artigo 7º da Constituição não contempla o acordo 
individual para a jornada de 12 x 36. A presidente do STF, ministra Rosa Weber, e o ministro 
Edson Fachin acompanharam esse entendimento.
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Direito Constitucional
Jurisprudencial 2023
1.3.6. STF INVALIDA NORMA DO AMAPÁ QUE RESTRINGE DIREITOS DE ALUNOS COM 
DEFICIÊNCIA NA REDE PÚBLICA 22/06/2023
Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) invalidou dispositivos 
de lei do Amapá que, embora dê prioridade a pessoas com deficiência em escola pública 
próxima à residência, criou conceitos e condições que afrontam a Constituição. A decisão 
unânime foi tomada na sessão virtual encerrada em 16/6, no julgamento da Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADI) 7028, ajuizada pelo procurador-geral da República, Augusto Aras.
A Lei estadual n. 2.151/2017 trata das condições para o reconhecimento da deficiência 
e da sua comprovação por meio de laudo médico para o recebimento dos benefícios. Ainda 
de acordo com a norma, instituições que não tenham as condições básicas para a educação 
de pessoas com deficiência estão isentas de recebê-las.
Conceituação
Em seu voto pela procedência do pedido, o relator, ministro Luís Roberto Barroso, 
observou que as expressões “deficiência física, mental ou sensorial” e “decorrentes de 
problemas visuais, auditivos, mentais, motores, ou má formação congênita” para definir os 
beneficiários da lei ofendem a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com 
Deficiência – incorporada ao direito brasileiro com status constitucional – e o Estatuto da 
Pessoa com Deficiência (Lei n. 13.146/2015).
Ele explicou que a convenção define pessoas com deficiência como as que têm 
impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial que 
possam obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições 
com as demais pessoas. Havendo uma conceituação constitucional, não cabe à lei estadual 
restringi-la, reduzindo o grupo de destinatários da proteção.
Laudo médico-hospitalar
Ainda segundo

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