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Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
 
Informativo comentado: 
 Informativo 982-STF 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
Julgamento ainda não concluído em virtude de adiamento: Rcl 32298 AgR/DF. Será comentado assim que chegar ao fim. 
 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
SERVIDORES PÚBLICOS 
▪ Servidor público municipal, que se aposenta pelo INSS (em razão de o Município não ter RPPS), é afastado do cargo 
pelo fato de a aposentadoria ser hipótese de vacância, não podendo ser reintegrado para ficar recebendo, 
simultaneamente, a aposentadoria e os proventos. 
 
SERVIÇOS PÚBLICOS 
▪ Em regra, é imprescindível prévia licitação para a concessão ou permissão da exploração de serviços de transporte 
coletivo de passageiros. 
 
DIREITO PENAL 
REINCIDÊNCIA 
▪ Admite-se o uso de informações processuais extraídas dos sítios eletrônicos dos tribunais, quando completas, a fim 
de demonstrar a reincidência do réu. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 
▪ É constitucional o Inquérito instaurado para investigar “fake news” e ameaças contra o STF. 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
IPTU 
▪ A diferenciação de alíquotas, por estar ou não edificado o imóvel urbano, não se confunde com a progressividade 
do IPTU; logo, não é inconstitucional mesmo que antes da EC 29/2000. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
Servidor público municipal, que se aposenta pelo INSS (em razão de o Município não ter RPPS), é 
afastado do cargo pelo fato de a aposentadoria ser hipótese de vacância, não podendo ser 
reintegrado para ficar recebendo, simultaneamente, a aposentadoria e os proventos 
 
Servidor público municipal (geralmente, de pequenas cidades do interior do Brasil) apresenta 
requerimento de aposentadoria. O Município não dispõe de regime próprio de previdência 
social. Logo a aposentadoria é solicitada perante o INSS. O Estatuto dos Servidores do Município 
prevê que a aposentadoria constitui hipótese de vacância do cargo público. Afastado do cargo, o 
servidor ajuíza ação buscando voltar aos quadros do Município, acumulando os vencimentos do 
cargo público com os proventos do RGPS. Esse pedido deve ser acolhido? 
NÃO. A legislação dispõe que a aposentadoria é causa de vacância do cargo público, o que 
determina o afastamento do servidor dos quadros da Administração. 
O acesso a cargos públicos rege-se pela Constituição Federal e pela legislação de cada unidade 
federativa. Se o legislador estabeleceu que a aposentadoria é causa de vacância, o servidor não 
pode, sem prestar novo concurso público, ser reintegrado ao mesmo cargo depois de se 
aposentar. 
Além disso, a acumulação de proventos e vencimentos somente é permitida quando se tratar 
de cargos, funções ou empregos acumuláveis na atividade, na forma permitida pela 
Constituição. 
STF. 1ª Turma. ARE 1234192 AgR/PR e ARE 1250903 AgR/PR, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ 
o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 16/6/2020 (Info 982). 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
João era ocupante de cargo de provimento efetivo no Município de Bituruna (PR). 
Como o Município não possuía regime próprio de previdência social, os servidores municipais eram filiados 
ao regime geral de previdência social (administrado pelo INSS). 
João requereu a sua aposentadoria e o pedido foi deferido. 
Com isso, passou a receber aposentadoria pelo RGPS (INSS). 
Como ele se aposentou, o Município “exonerou” João (melhor dizendo: declarou a vacância do cargo pela 
aposentadoria). Isso porque a lei municipal determina a extinção do vínculo funcional em razão da 
aposentadoria do servidor. 
 
Ação de reintegração 
Depois de alguns meses, João ajuizou ação contra o Município pedindo a reintegração no mesmo cargo 
que ocupava. 
Argumentou que, como foi aposentado pelo RGPS, a inativação não teria o condão de desfazer o vínculo 
funcional e estatutário do autor com o Município, pois as despesas com a aposentadoria seriam 
suportadas pelo INSS (e não pelos cofres públicos municipais). 
Em suma, pediu para ficar recebendo, simultaneamente, os proventos de aposentadoria pagos pelo RGPS 
com os vencimentos do cargo público que ocupava. 
 
O pedido de João deve ser acolhido? 
NÃO. 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
Não é possível que o servidor efetivo, depois de aposentado regularmente, seja reconduzido ao mesmo 
cargo sem a realização de concurso público, com o intuito de cumular vencimentos e proventos de 
aposentadoria. 
Se o servidor é aposentado pelo RGPS, a vacância do cargo respectivo não implica direito à reintegração 
ao mesmo cargo sem a realização de concurso. 
 
Em suma: 
A legislação dispõe que a aposentadoria é causa de vacância do cargo público, o que determina o 
afastamento do servidor dos quadros da Administração. 
O acesso a cargos públicos rege-se pela Constituição Federal e pela legislação de cada unidade 
federativa. Se o legislador estabeleceu que a aposentadoria é causa de vacância, o servidor não pode, 
sem prestar novo concurso público, ser reintegrado ao mesmo cargo depois de se aposentar. 
No caso em análise, o servidor pretende ser reintegrado no mesmo cargo após a aposentadoria, sem se 
submeter a concurso público, o que contraria a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 
Além disso, a acumulação de proventos e vencimentos somente é permitida quando se tratar de cargos, 
funções ou empregos acumuláveis na atividade, na forma permitida pela Constituição. 
STF. 1ª Turma. ARE 1234192 AgR/PR e ARE 1250903 AgR/PR, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. 
Min. Alexandre de Moraes, julgados em 16/6/2020 (Info 982). 
 
 
SERVIÇOS PÚBLICOS 
Em regra, é imprescindível prévia licitação para a concessão ou permissão 
da exploração de serviços de transporte coletivo de passageiros 
 
Salvo situações excepcionais, devidamente comprovadas, o implemento de transporte público 
coletivo pressupõe prévia licitação. 
STF. Plenário. RE 1001104, Rel. Marco Aurélio, julgado em 15/05/2020 (Repercussão Geral – Tema 854) 
(Info 982 – clipping). 
 
Serviço público de transporte coletivo 
O transporte coletivo é um serviço público que pode ser prestado: 
• diretamente pelo Poder Público (o que é mais raro); 
• pela iniciativa privada, por meio de contrato de concessão ou permissão. 
 
Veja o que diz o art. 30, V, da CF/88 para o caso específico do transporte coletivo intermunicipal: 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
(...) 
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços 
públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; 
 
Transporte público coletivo e licitação 
Algumas leis municipais ou estaduais, especialmente anteriores à CF/88, preveem que o transporte 
público coletivo poderia ser prestado por particulares escolhidos mediante procedimento de simples 
credenciamento, sem licitação. 
 
O que o STF entende sobre o assunto? 
O STF possui entendimento consolidado no sentido de que é imprescindível prévia licitação para a 
concessão ou permissão da exploração de serviços de transporte coletivo de passageiros: 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
A prestação do serviço de transporte interestadual e intermunicipal de passageiros deve ser precedida de 
licitação pública, nos termos do art. 175 da Constituição.STF. 2ª Turma. ARE 1118647 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 1º/08/2019. 
 
O entendimento do STF é baseado na redação do art. 175 da CF/88: 
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou 
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. 
 
O STF discutiu o tema em sede de repercussão geral e fixou a seguinte tese: 
Salvo situações excepcionais, devidamente comprovadas, o implemento de transporte público coletivo 
pressupõe prévia licitação. 
STF. Plenário. RE 1001104, Rel. Marco Aurélio, julgado em 15/05/2020 (Repercussão Geral – Tema 854) 
(Info 982 – clipping). 
 
Veja que a tese fixada afirma que, em regra, é necessária a prévia licitação, mas que esta pode ser 
dispensada em situações excepcionais, devidamente comprovadas. 
No acórdão não se detalhou quais seriam essas situações excepcionais. 
O que chamo atenção é para a redação que pode constar na prova objetiva. Veja que ambas as assertivas 
abaixo são corretas: 
• Incumbe ao Poder Público, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de 
licitação, a prestação de serviços públicos. 
• Salvo situações excepcionais, devidamente comprovadas, o implemento de transporte público coletivo 
pressupõe prévia licitação. 
 
Veja algumas questões de prova envolvendo o tema: 
++ (Juiz TJDFT 2016) A concessão de serviço público deve ser precedida sempre de licitação. A permissão 
de serviço público, porém, deverá ser feita por contratação direta. (errado) 
++ (Analista TRE/PI 2016) De acordo com a CF, a realização de licitação para a prestação de serviços 
públicos é obrigatória sob o regime de concessão, mas dispensável no caso de permissão. (errado) 
++ (Analista TCE/PR 2016) O serviço público é incumbência do Estado, conforme previsão expressa na 
Constituição Federal de 1988, podendo ser prestado diretamente pelo poder público ou sob o regime de 
concessão ou permissão. (certo) 
++ (Procurador do TCU 2015) Pode o Estado ser o titular exclusivo de um serviço público sem ter o dever 
de prestá-lo diretamente ou por meio de criatura sua, pois são admitidos legalmente os regimes de 
concessão ou permissão com a transferência do exercício da atividade por entidades privadas, tendo o 
Estado, nesses casos, o dever de fiscalizar a qualidade do serviço prestado. (certo) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
DIREITO PENAL 
 
REINCIDÊNCIA 
Admite-se o uso de informações processuais extraídas dos sítios eletrônicos dos tribunais, 
quando completas, a fim de demonstrar a reincidência do réu 
 
Importante!!! 
Para fins de comprovação da reincidência, é necessária documentação hábil que traduza o 
cometimento de novo crime depois de transitar em julgado a sentença condenatória por crime 
anterior, mas não se exige, contudo, forma específica para a comprovação. 
Desse modo, é possível que a reincidência do réu seja demonstrada com informações 
processuais extraídas dos sítios eletrônicos dos tribunais. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 448.972/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 16/08/2018. 
STF. 1ª Turma. HC 162548 AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 16/6/2020 (Info 982). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Na sentença condenatória, o juiz, na segunda fase da dosimetria da pena, aumentou a pena do réu, 
considerando a existência de reincidência, assim fundamentando sua decisão: 
“O réu é reincidente, conforme demonstrado pelas informações processuais extraídas do site do 
Tribunal, que atesta a existência de condenação criminal transitada em julgado antes dos fatos 
ora apurados.” 
 
A defesa apelou alegando que a reincidência somente poderia ser comprovada mediante certidão 
cartorária ou folha de antecedentes criminais que atestassem o trânsito em julgado da condenação 
anterior. Logo, a mera juntada de informações processuais extraídas da internet não seria documentação 
idônea para comprovar a condenação anterior e a respectiva reincidência. 
 
Agiu corretamente o juiz, segundo a jurisprudência? É possível que a comprovação da reincidência seja 
feita dessa forma? 
SIM. 
Para a comprovação da reincidência exige-se documentação hábil apta a comprovar que o agente 
cometeu novo crime depois de transitar em julgado a sentença que o tenha condenado por crime anterior 
(art. 63 do CP). 
A legislação estabelece apenas o momento em que a reincidência pode ser verificada, sem, contudo, exigir 
um documento específico para a sua comprovação. 
 
Admite-se o uso de informações processuais extraídas dos sítios eletrônicos dos tribunais, quando 
completas, a fim de demonstrar a reincidência do réu, sendo descabido o entendimento de que apenas a 
certidão cartorária tem condição de demonstrar a referida circunstância agravante. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 448.972/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 16/08/2018. 
 
Em suma: 
Para fins de comprovação da reincidência, é necessária documentação hábil que traduza o cometimento 
de novo crime depois de transitar em julgado a sentença condenatória por crime anterior, mas não se 
exige, contudo, forma específica para a comprovação. 
Desse modo, é possível que a reincidência do réu seja demonstrada com informações processuais 
extraídas dos sítios eletrônicos dos tribunais. 
STF. 1ª Turma. HC 162548 AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 16/6/2020 (Info 982). 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
 
Julgado acima foi além da Súmula 636 do STJ 
O STJ possui o seguinte enunciado aprovado em 26/06/2019: 
Súmula 636-STJ: A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus 
antecedentes e a reincidência. 
 
O entendimento acima foi além do que prevê que a súmula e afirmou que, mesmo com informações 
processuais retiradas da internet, ou seja, um documento menos formal que a folha de antecedentes, é 
possível a comprovação da reincidência. 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 
É constitucional o Inquérito instaurado para investigar “fake news” e ameaças contra o STF 
 
Importante!!! 
É constitucional a Portaria GP 69/2019, por meio da qual o Presidente do STF determinou a 
instauração do Inquérito 4781, com o intuito de apurar a existência de notícias fraudulentas 
(fake news), denunciações caluniosas, ameaças e atos que podem configurar crimes contra a 
honra e atingir a honorabilidade e a segurança do STF, de seus membros e familiares. 
Também é constitucional o art. 43 do Regimento Interno do STF, que foi recepcionado pela 
CF/88 como lei ordinária. 
O STF, contudo, afirmou que o referido inquérito, para ser constitucional, deve cumprir as 
seguintes condicionantes: 
a) o procedimento deve ser acompanhado pelo Ministério Público; 
b) deve ser integralmente observado o Enunciado 14 da Súmula Vinculante. 
c) o objeto do inquérito deve se limitar a investigar manifestações que acarretem risco efetivo 
à independência do Poder Judiciário (art. 2º da CF/88). Isso pode ocorrer por meio de ameaças 
aos membros do STF e a seus familiares ou por atos que atentem contra os Poderes instituídos, 
contra o Estado de Direito e contra a democracia; e, por fim, 
d) a investigação deve respeitar a proteção da liberdade de expressão e de imprensa, 
excluindo do escopo do inquérito matérias jornalísticas e postagens, compartilhamentos ou 
outras manifestações (inclusive pessoais) na internet, feitas anonimamente ou não, desde que 
não integrem esquemas de financiamento e divulgação em massa nas redes sociais. 
O art. 43 do RISTF prevê o seguinte: “Art. 43. Ocorrendo infração à lei penal nasede ou 
dependência do Tribunal, o Presidente instaurará inquérito, se envolver autoridade ou pessoa 
sujeita à sua jurisdição, ou delegará esta atribuição a outro Ministro.” 
Muito embora o dispositivo exija que os fatos apurados ocorram na “sede ou dependência” do 
próprio STF, o caráter difuso dos crimes cometidos por meio da internet permite estender 
(ampliar) o conceito de “sede”, uma vez que o STF exerce jurisdição em todo o território 
nacional. Logo, os crimes objeto do inquérito, contra a honra e, portanto, formais, cometidos em 
ambiente virtual, podem ser considerados como cometidos na sede ou dependência do STF. 
STF. Plenário. ADPF 572 MC/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 17 e 18/6/2020 (Info 982). 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 7 
Inquérito 4781 
No dia 14/03/2019, o então Presidente do STF Dias Toffoli, por intermédio da Portaria GP 69/2019, 
instaurou inquérito para apurar fakes news, ofensas e ameaças contra os Ministros da Corte. 
Foi designado o Ministro Alexandre de Moraes para conduzir o inquérito. 
Confira a íntegra da Portaria: 
O PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, no uso de suas atribuições que lhe confere o 
Regimento Interno, 
CONSIDERANDO que velar pela intangibilidade das prerrogativas do Supremo Tribunal Federal e 
dos seus membros é atribuição regimental do Presidente da Corte (RISTF, art. 13, I); 
CONSIDERANDO a existência de notícias fraudulentas (fake news), denunciações caluniosas, 
ameaças e infrações revestidas de animus calumniandi, diffamandi e injuriandi, que atingem a 
honorabilidade e a segurança do Supremo Tribunal Federal, de seus membros e familiares, 
RESOLVE, nos termos do art. 43 e seguintes do Regimento Interno, instaurar inquérito para 
apuração dos fatos e infrações correspondentes, em toda a sua dimensão, 
Designo para a condução do feito o eminente Ministro Alexandre de Moraes, que poderá requerer 
à Presidência a estrutura material e de pessoal necessária para a respectiva condução. 
 
ADPF 
Um partido político (Rede Sustentabilidade) ajuizou arguição de descumprimento de preceito 
fundamental (ADPF) contra a Portaria GP 69/2019. 
Segundo o partido, o documento não indicou ato que tenha sido praticado na sede ou nas dependências 
do STF, quem serão os investigados e se estão sujeitos à jurisdição do Tribunal. 
O partido afirmou que não compete ao Poder Judiciário, exceto em raras exceções, conduzir investigações 
criminais e aponta também a necessidade de representação do ofendido para a investigação dos crimes 
contra a honra e a falta de justa causa para a instauração de inquéritos por fatos indefinidos. 
Diante disso, pediu para se declarar a inconstitucionalidade da Portaria GP 69/2019, que ocasionou a 
abertura do Inquérito 4781. 
 
O pedido foi acolhido pelo STF? 
NÃO. 
O Plenário do STF, por maioria, julgou improcedente o pedido formulado ADPF. 
Por conseguinte, a Corte declarou: 
• a constitucionalidade da Portaria GP 69/2019, que instaurou o inquérito; e 
• a constitucionalidade do art. 43 do Regimento Interno do STF (RISTF), que lhe serviu de fundamento legal. 
STF. Plenário. ADPF 572 MC/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 17 e 18/6/2020 (Info 982). 
 
Condicionantes 
O STF, contudo, afirmou que o referido inquérito, para ser constitucional, deve cumprir as seguintes 
condicionantes: 
a) o procedimento deve ser acompanhado pelo Ministério Público; 
b) deve ser integralmente observado o Enunciado 14 da Súmula Vinculante: 
Súmula vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos 
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com 
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. 
 
c) o objeto do inquérito deve se limitar a investigar manifestações que acarretem risco efetivo à 
independência do Poder Judiciário (art. 2º da CF/88). Isso pode ocorrer por meio de ameaças aos membros 
do STF e a seus familiares ou por atos que atentem contra os Poderes instituídos, contra o Estado de 
Direito e contra a democracia; e, por fim, 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 8 
d) a investigação deve respeitar a proteção da liberdade de expressão e de imprensa, excluindo do escopo 
do inquérito matérias jornalísticas e postagens, compartilhamentos ou outras manifestações (inclusive 
pessoais) na internet, feitas anonimamente ou não, desde que não integrem esquemas de financiamento 
e divulgação em massa nas redes sociais. 
 
Veja abaixo os argumentos invocados pelo STF. 
 
ADPF 
A arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) é uma ação prevista no art. 102, § 1º, da 
CF/88. Confira: 
CF/Art. 102 (...) 
§ 1º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será 
apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. 
 
Foi editada a Lei nº 9.882/99 para regulamentar a ADPF. 
Trata-se de um instrumento de controle concentrado de constitucionalidade. 
A competência para julgar a ADPF de que trata o art. 102, § 1º da CF/88 é do STF. 
As hipóteses de cabimento da ADPF estão previstas no art. 1º da Lei nº 9.882/99: 
Art. 1º A arguição prevista no § 1º do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o 
Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, 
resultante de ato do Poder Público. 
Parágrafo único. Caberá também arguição de descumprimento de preceito fundamental: 
I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo 
federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição; 
 
Requisitos 
São três os requisitos para a propositura da ação: 
a) a legitimidade para agir; 
b) a controvérsia jurídica; e 
c) a subsidiariedade. 
 
Petição inicial 
A petição inicial da ADPF deverá conter: 
I - a indicação do preceito fundamental que se considera violado; 
II - a indicação do ato questionado; 
III - a prova da violação do preceito fundamental; 
IV - o pedido, com suas especificações; 
V - se for o caso, a comprovação da existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação do 
preceito fundamental que se considera violado. 
 
Além desses requisitos explícitos, existem os requisitos implícitos, reconhecidos jurisprudencialmente. 
Nesse sentido, a ação não é admitida quando a declaração de inconstitucionalidade parcial implicar 
inversão do sentido da lei. Isso porque não é permitido ao Poder Judiciário agir como legislador positivo. 
 
Legitimidade ativa 
Podem propor a ADPF os mesmos legitimados que podem ajuizar ADI e ADC. Nesse sentido é o art. 2º, I, 
da Lei nº 9.882/99: 
Art. 2º Podem propor arguição de descumprimento de preceito fundamental: 
I - os legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade; 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
 
Parâmetro (ou norma de referência) 
Em controle de constitucionalidade, quando falamos em “parâmetro”, queremos dizer quais serão as 
normas da Constituição que serão analisadas para sabermos se a lei ou o ato atacado realmente as violou. 
Em outras palavras, parâmetro são as normas que servirão como referência para que o Tribunal analise se 
determinada lei/ato é ou não inconstitucional. Se a lei/ato está em confronto com o parâmetro, ela é 
inconstitucional. 
A ADI e a ADC possuem como parâmetro toda e qualquer norma da Constituição Federal. Isso inclui:normas 
originárias, emendas constitucionais, normas do ADCT e tratados internacionais de direitos humanos 
aprovados por 3/5 dos membros de cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos de votação. 
A ADPF possui parâmetro mais restrito que a ADI e a ADC. O parâmetro da ADPF são os “preceitos 
fundamentais”. 
 
E quais são os chamados “preceitos fundamentais”? 
Não existe um dispositivo da Constituição ou uma lei que defina quais seriam esses preceitos 
fundamentais. Diante disso, entende-se que cabe ao STF, no caso concreto, dizer se aquele dispositivo 
invocado pelo autor pode ou não ser enquadrado como preceito fundamental. 
Conforme explicou o Min. Edson Fachin: 
“Compete ao STF o juízo acerca do que se há de compreender, no sistema constitucional, como 
preceito fundamental. O Tribunal identifica, assim, as disposições essenciais para a preservação 
dos princípios basilares dos preceitos fundamentais de um determinado sistema. 
Dessa forma, a lesão a preceito fundamental não se configurará apenas quando se verificar 
possível afronta a um princípio fundamental, mas também às regras que confiram densidade 
normativa ou significado específico a esse princípio.” 
 
Dentre os preceitos fundamentais, não se inclui apenas aqueles dispositivos expressos, mas também as 
prescrições implícitas, desde que consideradas fundamentais. 
 
Cabia ADPF no presente caso? 
SIM. Conforme vimos acima, a ADPF tem por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, 
resultante de ato do Poder Público. 
A portaria que determinou a instauração do inquérito é ato do Poder Público. Logo, se enquadra no objeto 
da ADPF. 
O autor argumenta que foram violados os seguintes preceitos fundamentais presentes na Constituição: 
liberdade pessoal, devido processo legal, dignidade da pessoa humana, prevalência dos direitos humanos, 
legalidade e a vedação a juízo ou tribunal de exceção. 
 
Subsidiariedade da ADPF 
Um dos requisitos da ADPF é que ela é subsidiária. 
A subsidiariedade da ADPF está prevista expressamente no art. 4º, § 1º, da nº 9.882/99: “a arguição não 
será admitida quando houver qualquer outro meio de sanar a lesividade”. 
Assim, só cabe ADPF se não houve outro meio eficaz de sanar a lesão. 
Não havia outro meio eficaz para se declarar, de forma ampla, geral e imediata, a inconstitucionalidade 
do inquérito. 
Ainda que, ordinariamente, o instrumento processual hábil ao trancamento de inquérito seja o habeas 
corpus, este é incabível contra ato de Ministro do STF. 
Além disso, ainda que se pudesse cogitar de recurso ao colegiado contra as decisões do inquérito, não 
parece haver outro meio, exceto a ADPF, capaz de solver todas as alegadas violações decorrentes da 
instauração e das decisões subsequentes. 
 Informativo 
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Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
 
Constitucionalidade do art. 43 do RISTF 
O inquérito foi instaurado com fundamento no art. 43 do Regimento Interno do STF (RISTF) que prevê: 
Art. 43. Ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do Tribunal, o Presidente 
instaurará inquérito, se envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição, ou delegará esta 
atribuição a outro Ministro. 
 
O RISTF, na parte relativa à matéria processual, foi formalmente recepcionado pela Constituição Federal 
com status de lei ordinária. 
Especificamente quanto ao art. 43 do RISTF, o STF decidiu que ele é compatível com a CF/88. 
Logo, o art. 43 do RISTF pode dar ensejo à abertura de inquérito, mas não pode ser uma espécie de salvo 
conduto genérico. 
Desse modo, ele deve ser lido sob o prisma dos seguintes princípios: 
• devido processo legal; 
• dignidade da pessoa humana; 
• prevalência dos direitos humanos; 
• submissão à lei; e 
• impossibilidade de existir juiz ou tribunal de exceção. 
 
Além disso, deve ser observado o princípio da separação de Poderes, uma vez que, via de regra, aquele 
que julga não deve investigar ou acusar. Essa norma regimental permite isso porque se está diante de uma 
situação excepcional que justifica o afastamento da regra. 
 
Inquérito não representa violação à liberdade de expressão 
A liberdade de expressão compreende o direito de informar, de buscar informação, de opinar e de criticar. 
Existem diversos dispositivos constitucionais e de direito internacional que protegem a liberdade de 
expressão. Isso significa que, não é admitida a censura prévia, mas, por outro lado, é possível a 
responsabilização civil e penal posterior em caso de ofensas que transbordem os limites legítimos desse 
direito. 
Um dos problemas contemporâneos relacionados com a liberdade expressão são as chamadas fake news, 
disseminadas especialmente pelas mídias sociais. 
Em alguns casos pode-se afirmar que não há mais propriamente sujeitos de direito, mas sim algoritmos 
que espalham determinados tipos de informação. 
Mesmo reconhecendo a importância da liberdade de expressão, que possui posição preferencial, deve-se 
admitir que seu uso em casos concretos pode se tornar abusivo. É por essa razão que o exercício legítimo 
da liberdade de expressão pode estar agregado a alguns condicionantes que balizam a aferição de 
responsabilidades civis e penais. 
 
Restrição à liberdade de expressão 
A restrição à liberdade de expressão deve ser permeada por alguns subprincípios. 
Assim, por exemplo, esse direito pode ser limitado se o agente dele se utiliza para o cometimento de 
crimes ou para a disseminação dolosa de informação falsa. 
Especificamente no que diz respeito à ameaça, exige-se seriedade, gravidade e verossimilhança, sendo 
indispensável que o ofendido se sinta ameaçado e acredite que algo de mal lhe possa acontecer. Quando 
a vítima é agente público, essa exigência é mais rigorosa, pois a submissão à crítica é inerente à sua 
atividade. A liberdade de expressão, nesse contexto, atua como exercício de direitos políticos e de controle 
da coisa pública. Isso porque não pode haver privilégios ou tratamentos desiguais com o escopo de 
beneficiar agentes públicos que exercem o poder em nome do povo. A proibição do dissenso equivale a 
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Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
impor um mandado de conformidade, condicionando a sociedade à informação oficial, ou um efeito 
dissuasório, culminando com a aniquilação do próprio ato individual de reflexão. 
Portanto, as exceções à liberdade de expressão são restritas, e seus limites estão na alteridade e na 
democracia. Nesse sentido, são vedados discursos racistas, de ódio, supressores de direitos e tendentes a 
excluir determinadas pessoas da sociedade. 
 
Investigação de crimes não é exclusividade do MP 
Compete ao MP promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei. 
Dentro do sistema constitucional, a regra é: 
• a autoridade policial investiga; 
• o MP acusa e 
• o juiz julga. 
 
Nesse ambiente interagem a advocacia e as defensorias como funções essenciais à Justiça. 
 
Vale ressaltar, contudo, que nem o MP tem exclusividade na investigação preliminar. Aliás, em regra, é a 
polícia judiciária quem conduz a investigação, acompanhada pelo MP, titular da acusação. 
Logo, o inquérito não viola o sistema investigatório por ter sido instaurado pelo Presidente do STF. 
 
Art. 43 do RISTF é instrumento de defesa da Constituição se houver omissão ou inércia dos órgãos de 
controle 
Nenhuma disposição constitucional pode ser interpretada ou praticada no sentido de permitir a grupos 
ou pessoas suprimirem o exercício dos direitos e garantias fundamentais. Assim, por exemplo, um partido 
político, cujos líderes incitam a violência, defendem políticas que não respeitam a democracia e tentam 
destruí-la, não pode invocara proteção contra penalidades impostas por atos praticados com essas 
finalidades. 
Não há ordem democrática sem respeito a decisões judiciais. Não há direito que justifique o 
descumprimento de uma decisão da última instância do Poder Judiciário. Afinal, é o Poder Judiciário o 
órgão responsável por afastar, mesmo contra maiorias, medidas que suprimam os direitos constitucionais. 
São inadmissíveis, portanto, a defesa da ditadura, do fechamento do Congresso ou do STF. Não há 
liberdade de expressão que ampare a defesa desses atos. 
Por essa razão, o equilíbrio e estabilidade entre os Poderes e a preservação da supremacia da Constituição 
estão ameaçados. Nesse contexto, ausente a atuação dos órgãos de controle com o fim de apurar o intuito 
de lesar ou expor a perigo de lesão a independência do Judiciário e o Estado de Direito, incide o art. 43 do 
RISTF. 
Esse dispositivo é regra excepcional que confere ao Judiciário função atípica na seara da investigação, de 
modo que seu emprego depende de rígido escrutínio. É um instrumento de defesa da própria Constituição, 
utilizado se houver inércia ou omissão dos órgãos de controle. 
A instauração do inquérito justifica-se, desse modo, para preservar a etapa de coleta de provas, evitando 
que matérias próprias do STF sejam submetidas a jurisdições incompetentes; e para impedir que suas 
ordens, autoridade e honorabilidade sejam desobedecidas ou ignoradas. 
Nesse quadro, a apuração inaugurada com fundamento nesse dispositivo regimental destina-se a reunir 
elementos que subsidiarão a representação ou encaminhamento ao MP. Os elementos reunidos pelo STF 
justificam a propositura da ação penal mediante o encaminhamento ao MP com os elementos necessários 
para essa propositura. As informações equivalem às que são coligidas em um inquérito. Como as ofensas 
são em massa e difusas, o inquérito se justifica para coligir esses elementos. 
 
O art. 43 do RISTF fala em infração à lei penal ocorrida “na sede ou dependência do Tribunal”. Os crimes 
investigados no Inquérito 4781 ocorreram nas dependências do STF? 
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Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 12 
Muito embora o art. 43 exija que os fatos apurados ocorram na “sede ou dependência” do próprio STF, o 
caráter difuso dos crimes cometidos por meio da internet permite estender (ampliar) o conceito de “sede”, 
uma vez que o STF exerce jurisdição em todo o território nacional. 
Logo, os crimes objeto do inquérito, contra a honra e, portanto, formais, cometidos em ambiente virtual, 
podem ser considerados como cometidos na sede ou dependência do STF. 
 
O STF pode determinar instauração de inquérito mesmo que o investigado não detenha foro por 
prerrogativa de função? 
SIM. O STF pode, diante da ciência da ocorrência em tese de um crime, determinar a instauração de 
inquérito, mesmo que não envolva autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição. 
 
No ato de instauração do inquérito, o Presidente do STF designou, sem sorteio, o Ministro Alexandre de 
Moraes para ser o relator. Isso viola o princípio do juiz natural? 
NÃO. De acordo com a regra regimental, o ministro competente para presidir o inquérito é o Presidente 
do STF ou algum outro Ministro que for designado para a atribuição. 
Nesse caso, como se trata de um ato delegação não era necessária a realização de sorteio, embora isso 
pudesse também ter sido feito. 
 
Voto vencido 
Ficou vencido o Ministro Marco Aurélio, que julgou procedente o pedido formulado na ADPF para fulminar 
o inquérito. 
Segundo o Ministro, o inquérito resultou de ato individual do presidente do STF e não passou pelo crivo 
do colegiado. Além disso, o relator do inquérito foi escolhido a dedo, sem a observância do sistema 
democrático de distribuição. Ademais, a portaria foi editada com base no art. 43 do RISTF. Ocorre que a 
Constituição Federal de 1988, ao consagrar sistema acusatório, não recepcionou o referido artigo do 
RISTF. Pontuou que, em Direito, o meio justifica o fim, jamais o fim justifica o meio utilizado. 
 
 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
IPTU 
A diferenciação de alíquotas, por estar ou não edificado o imóvel urbano, não se confunde com 
a progressividade do IPTU; logo, não é inconstitucional mesmo que antes da EC 29/2000 
 
Atenção! PGM 
São constitucionais as leis municipais anteriores à Emenda Constitucional n° 29/2000, que 
instituíram alíquotas diferenciadas de IPTU para imóveis edificados e não edificados, 
residenciais e não residenciais. 
STF. Plenário. RE 666156, Rel. Roberto Barroso, julgado em 11/05/2020 (Repercussão Geral – Tema 523) 
(Info 982 – clipping). 
 
IPTU 
IPTU significa imposto sobre propriedade territorial urbana de bens imóveis, sendo tributo de 
competência dos Municípios. 
 
O IPTU está previsto no art. 156, I, da CF/88: 
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Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: 
I - propriedade predial e territorial urbana; 
 
Normas que regem o IPTU 
• CF/88 (arts. 156, I, e § 1º; art. 182, § 4º, II); 
• CTN (arts. 32 a 34); 
• Estatuto da Cidade - Lei federal n. 10.257/2001 (art. 7º); 
• Lei municipal que institua o imposto (verificar a lei local). 
 
Características 
Trata-se de um imposto: 
• Real: incide sobre uma coisa (propriedade imobiliária urbana); 
• Direto: o próprio contribuinte é quem suporta o encargo financeiro da tributação (não há repercussão 
econômica); 
• Fiscal: a função precípua deste imposto é a arrecadação (imposto fiscal). Vale ressaltar, no entanto, que, 
em alguns casos, ele poderá assumir também um caráter extrafiscal (forma de estimular o cumprimento 
da função social da propriedade); 
• Progressivo: pode ser progressivo no tempo caso a propriedade não esteja cumprindo sua função social 
(art. 182, § 4º), além de poder ser progressivo em razão do valor do imóvel (art. 156, § 1º, I). 
 
Fato gerador 
O fato gerador 
do IPTU é a... 
• propriedade 
• domínio útil 
• posse 
- de bem imóvel 
- por natureza ou 
- por acessão física 
- localizado na zona urbana. 
 
Alíquota 
As alíquotas poderão ser livremente estipuladas pelos Municípios, desde que, obviamente, não sejam tão 
elevadas a ponto de caracterizar um confisco, o que é vedado constitucionalmente (art. 150, IV, da CF/88). 
Existem três critérios de diferenciação de alíquota no IPTU: 
a) Progressividade em razão do valor do imóvel (art. 156, § 1º, I); 
b) Progressividade em razão da função social da propriedade (art. 182, § 4º, II): aumento de alíquotas para 
desestimular que o imóvel fique não edificado, inutilizado ou subutilizado. 
c) Extrafiscalidade pela localização e uso (art. 156, § 1º, II). 
 
Obs: alguns autores chamam a extrafiscalidade pela localização e uso de “seletividade do IPTU”. É o caso 
de Hugo de Brito Machado e Ricardo Lobo Torres. 
 
Progressividade 
Progressividade é uma técnica de tributação que tem como objetivo fazer com que os tributos atendam à 
capacidade contributiva. 
Na prática, a progressividade funciona da seguinte forma: a lei prevê alíquotas variadas para o imposto e 
o aumento dessas alíquotas ocorre na medida em que se aumenta a base de cálculo. 
Assim, na progressividade, quanto maior a base de cálculo, maior será a alíquota. 
O exemplo comum citado pela doutrina é o do imposto de renda, que é progressivo. 
No IR, quanto maior for a renda (BC), maior será o percentual (alíquota) do imposto. Quanto mais a pessoa 
ganha, maior será a alíquota que irá incidir sobre seus rendimentos. 
 
 
 Informativo 
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O IPTU é progressivo? 
SIM. Existem duas espécies de progressividade no IPTU: 
a) Progressividade em razão do valor do imóvel (art. 156, § 1º, I): quanto maior o valor do imóvel, maior a 
alíquota. Trata-se de progressividade fiscal (com o objetivo de arrecadar mais). 
b) Progressividade em razão da função social da propriedade (art. 182, § 4º, II): aumento de alíquotas para 
desestimular que o imóvel fique não edificado, inutilizado ou subutilizado. Consiste em uma 
progressividade extrafiscal (tem por finalidade fazer cumprir um mandamento constitucional, qual seja, a 
função social da propriedade). 
 
O IPTU sempre teve essas duas espécies de progressividade? 
NÃO. 
Antes da EC 29/2000, a CF/88 permitia para o IPTU apenas a progressividade em razão da função social da 
propriedade (art. 182, § 4º, II) (letra “b” acima). A Constituição não previa, expressamente, a 
progressividade em razão do valor do imóvel (art. 156, § 1º, I) (letra “a” acima). 
Ocorre que, mesmo antes da EC 29/2000, muitos Municípios editaram leis prevendo alíquotas 
progressivas em razão do valor do imóvel. Em outras palavras, mesmo sem autorização expressa da CF/88, 
os Municípios fizeram leis fixando alíquotas de IPTU que variavam de acordo com o valor do imóvel. 
Quanto maior a faixa de valor, maiores eram as alíquotas. 
 
Exemplo hipotético de lei municipal prevendo progressividade em razão do valor: 
A Lei do Município XXX, editada em 1998, previa o seguinte: 
Art. 33. A alíquota para cálculo do IPTU é: 
I - Quanto aos imóveis residenciais: 
a) Para terrenos com valor venal até R$ 100 mil, alíquota de 5%; 
b) Para terrenos com valor venal acima de R$ 100 mil e até R$ 500 mil, alíquota de 7%; 
c) Para terrenos com valor venal acima de R$ 500 mil e até R$ 1 milhão, alíquota de 9%; 
d) Para terrenos com valor venal acima de R$ R$ 1 milhão, alíquota de 10%. 
 
II - Quanto aos imóveis não-residenciais: 
a) Para terrenos com valor venal até R$ 100 mil, alíquota de 6%; 
b) Para terrenos com valor venal acima de R$ 100 mil e até R$ 500 mil, alíquota de 8%; 
c) Para terrenos com valor venal acima de R$ 500 mil e até R$ 1 milhão, alíquota de 10%; 
d) Para terrenos com valor venal acima de R$ R$ 1 milhão, alíquota de 12%. 
 
Para o STF, as leis municipais que, antes da EC 29/2000, previam alíquotas progressivas em razão do 
valor do imóvel eram válidas? Essa Lei do Município XXX era válida? 
NÃO. Como vimos acima, antes da EC 29/2000, a CF/88 não previa, em seu texto, a progressividade em 
razão do valor do imóvel. Para o STF, essa lacuna era proposital e, não havendo previsão expressa, os 
Municípios estavam proibidos de instituir a progressividade em razão do valor. 
Antes da EC 29/2000 só era válida uma forma de progressividade no IPTU: a progressividade para cumprir 
a função social da propriedade. Logo essas leis municipais que trouxeram progressividade fiscal antes da 
EC 29/2000 eram inconstitucionais. Foi editada até uma súmula para expor esse entendimento: 
Súmula 668-STF: É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da emenda constitucional 
29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função 
social da propriedade urbana. 
 
 
 
 
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Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 15 
ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS PARA IMÓVEIS EDIFICADOS E NÃO EDIFICADOS 
Lei municipal YYY, do ano de 1999, previu o seguinte: 
Art. 67. O IPTU será calculado aplicando-se sobre a base de cálculo as alíquotas seguintes: 
I – imóveis edificados residenciais: alíquota de 1,2% 
II – imóveis edificados não residenciais: alíquota de 2,8% 
III – Imóveis não edificados: alíquota de 3,50%. 
 
Parágrafo único. Quando não ultrapassar o valor fixado na tabela abaixo, o imposto sofrerá o 
seguinte desconto: 
Valor do imposto até Desconto 
(Ufirs) (Ufirs) 
I – Imóveis Edificados: 
1 – Unidades Residenciais 2.600 / 130 
2 – Unidades Não Residenciais 3.000 / 515 
II – Imóveis Não Edificados 6.000 / 1.800. 
 
Essa Lei é de 1999, ou seja, anterior à EC 29/2000. Pode-se dizer, portanto, que essa lei é 
inconstitucional? Essa lei se amolda na vedação prevista na Súmula 668 do STF? 
NÃO. Essa Lei não estabeleceu alíquotas progressivas de IPTU. O que essa Lei estabeleceu foi a aplicação 
de alíquotas diferenciadas de IPTU, com fins extrafiscais, para imóveis edificados e não edificados, 
residenciais e não residenciais. 
A instituição de alíquotas diferenciadas em razão de estar ou não edificado, ou pelo fato de ele ser ou não 
residencial, não se confunde com o instituto da progressividade. 
 
Progressividade x seletividade 
O STF, seguindo a lição da doutrina, diferencia progressividade de seletividade de alíquotas. 
Conforme explica Hugo de Brito Machado: 
“progressivo é o imposto cuja alíquota cresce em função do crescimento de sua base de cálculo. 
Essa é a progressividade ordinária que atende ao princípio da capacidade contributiva. 
“(...) seletivo, por sua vez, é o imposto cujas alíquotas são diversas em razão da diversidade do 
objeto tributado. Assim, o IPTU será seletivo se as suas alíquotas foram diferentes, seja essa 
diferença em razão da utilização, ou da localização, ou de um outro critério qualquer, mas sempre 
diferença de imóvel para o outro imóvel.” (Curso de Direito Tributário. 28ª ed., São Paulo: 
Malheiros, 2007, p. 412). 
 
Confrontado esses conceitos com o teor da lei acima mencionada, conclui-se que nela não há 
progressividade na forma de cobrança do IPTU, haja vista que a diferenciação ali prevista para as alíquotas, 
bem como para o desconto (“isenção parcial”) vincula-se à utilização do imóvel, e não a aspectos ligados 
à capacidade econômica do contribuinte, como vem a ser, por exemplo, o valor do bem imóvel. 
 
Tese em repercussão geral 
O STF reafirmou esse entendimento fixando a seguinte tese: 
São constitucionais as leis municipais anteriores à Emenda Constitucional n° 29/2000, que instituíram 
alíquotas diferenciadas de IPTU para imóveis edificados e não edificados, residenciais e não residenciais. 
STF. Plenário. RE 666156, Rel. Roberto Barroso, julgado em 11/05/2020 (Repercussão Geral – Tema 523) 
(Info 982 – clipping). 
 
 
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EXERCÍCIOS 
 
Julgue os itens a seguir: 
1) O acesso a cargos públicos rege-se pela Constituição Federal e pela legislação de cada unidade federativa. 
Se o legislador estabeleceu que a aposentadoria é causa de vacância, o servidor não pode, sem prestar 
novo concurso público, ser reintegrado ao mesmo cargo depois de se aposentar. ( ) 
2) Salvo situações excepcionais, devidamente comprovadas, o implemento de transporte público coletivo 
pressupõe prévia licitação. ( ) 
3) (Juiz TJDFT 2016) A concessão de serviço público deve ser precedida sempre de licitação. A permissão de 
serviço público, porém, deverá ser feita por contratação direta. ( ) 
4) (Analista TRE/PI 2016) De acordo com a CF, a realização de licitação para a prestação de serviços públicos 
é obrigatória sob o regime de concessão, mas dispensável no caso de permissão. ( ) 
5) (Analista TCE/PR 2016) O serviço público é incumbência do Estado, conforme previsão expressa na 
Constituição Federal de 1988, podendo ser prestado diretamente pelo poder público ou sob o regime de 
concessão ou permissão. ( ) 
6) (Procurador do TCU 2015) Pode o Estado ser o titular exclusivo de um serviço público sem ter o dever de 
prestá-lo diretamente ou por meio de criatura sua, pois são admitidos legalmente os regimes de 
concessão ou permissãocom a transferência do exercício da atividade por entidades privadas, tendo o 
Estado, nesses casos, o dever de fiscalizar a qualidade do serviço prestado. ( ) 
7) Admite-se o uso de informações processuais extraídas dos sítios eletrônicos dos tribunais, quando 
completas, a fim de demonstrar a reincidência do réu. ( ) 
8) Ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do STF, o Presidente instaurará inquérito, se 
envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição, ou delegará esta atribuição a outro Ministro. ( ) 
9) O art. 43 do RISTF prevê o seguinte: “Art. 43. Ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do 
Tribunal, o Presidente instaurará inquérito, se envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição, ou 
delegará esta atribuição a outro Ministro.” Muito embora o dispositivo exija que os fatos apurados 
ocorram na “sede ou dependência” do próprio STF, o caráter difuso dos crimes cometidos por meio da 
internet permite estender o conceito de sede, uma vez que o STF exerce jurisdição em todo o território 
nacional. Logo, os crimes objeto do inquérito, contra a honra e, portanto, formais, cometidos em 
ambiente virtual, podem ser considerados como cometidos na sede ou dependência do STF. ( ) 
10) São constitucionais as leis municipais anteriores à Emenda Constitucional n° 29/2000, que instituíram 
alíquotas diferenciadas de IPTU para imóveis edificados e não edificados, residenciais e não residenciais. ( ) 
 
Gabarito 
1. C 2. C 3. E 4. E 5. C 6. C 7. C 8. C 9. C 10. C 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 17 
OUTRAS INFORMAÇÕES 
 
Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos Julgamentos por meio 
eletrônico* 
 Em curso Finalizados 
Pleno 17.06.2020 17.06.2020 e 
18.06.2020 
— 1 120 
1ª Turma 16.06.2020 — 3 14 168 
2ª Turma 16.06.2020 — 1 — 77 
 
* Emenda Regimental 52/2019-STF. Sessão virtual de 12 a 19 de junho de 2020. 
 
CLIPPING DAS SESSÕES VIRTUAIS 
DJE DE 15 A 19 DE JUNHO DE 2020 
QUESTÃO DE ORDEM NO ARE 665.134 
RELATOR: MIN. EDSON FACHIN 
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, resolveu a questão de ordem com a finalidade de fixar interpretação ao art. 998, 
parágrafo único, do CPC/15, assim como homologar pedido de renúncia da ação (art. 487, III, “c”, do mesmo diploma 
processual), com a reafirmação de jurisprudência em tema da sistemática da repercussão geral, fixando-se a seguinte tese 
jurídica (tema 520): “O sujeito ativo da obrigação tributária de ICMS incidente sobre mercadoria importada é o 
Estado-membro no qual está domiciliado ou estabelecido o destinatário legal da operação que deu causa à 
circulação da mercadoria, com a transferência de domínio”. Por fim, foi utilizada a técnica de declaração de 
inconstitucionalidade parcial, sem redução de texto, ao art. 11, I, “d”, da Lei Complementar federal 87/96, para fins de 
afastar o entendimento de que o local da operação ou da prestação, para os efeitos da cobrança do imposto e definição do 
estabelecimento responsável pelo tributo, é apenas e necessariamente o da entrada física de importado, tendo em conta a 
juridicidade de circulação ficta de mercadoria emanada de uma operação documental ou simbólica, desde que haja efetivo 
negócio jurídico. Tudo nos termos do voto do Relator. Plenário, Sessão Virtual de 17.4.2020 a 24.4.2020. 
QUESTÃO DE ORDEM. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. REPERCUSSÃO GERAL. 
REAFIRMAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE 
MERCADORIAS E SERVIÇOS – ICMS. IMPORTAÇÃO. ART. 155, §2º, IX, “A”, DA CONSTITUIÇÃO DA 
REPÚBLICA. ART. 11, I, “D” E “E”, DA LEI COMPLEMENTAR 87/96. ASPECTO PESSOAL DA HIPÓTESE DE 
INCIDÊNCIA. DESTINATÁRIO LEGAL DA MERCADORIA. DOMICÍLIO. ESTABELECIMENTO. 
TRANSFERÊNCIA DE DOMÍNIO. IMPORTAÇÃO POR CONTA PRÓPRIA. IMPORTAÇÃO POR CONTA E 
ORDEM DE TERCEIRO. IMPORTAÇÃO POR CONTA PRÓPRIA, SOB ENCOMENDA. 1. A despeito da eficácia do 
pedido de renúncia à pretensão do pedido vertido em libelo e respectiva decisão homologatória do juízo, é viável avançar 
quanto ao mérito da questão constitucional imbuída de repercussão geral. Art. 998, parágrafo único, CPC. Precedentes. 
2. É possível a reafirmação de jurisprudência no que diz respeito a questões iterativamente decididas pelo STF, sob o rito 
da repercussão geral. Precedente: RE-QO 582.650, de relatoria da Ministra Presidente Ellen Gracie, Tribunal Pleno, j. 
16.04.2008, DJe 24.10.2008. 3. Fixação da seguinte tese jurídica ao Tema 520 da sistemática da repercussão geral: “O 
sujeito ativo da obrigação tributária de ICMS incidente sobre mercadoria importada é o Estado-membro no qual 
está domiciliado ou estabelecido o destinatário legal da operação que deu causa à circulação da mercadoria, com 
a transferência de domínio.” Precedentes. 4. Utilização de técnica de declaração de inconstitucionalidade parcial, sem 
redução de texto, ao art. 11, I, “d”, da Lei Complementar federal 87/96, para fins de afastar o entendimento de que o local 
da operação ou da prestação, para os efeitos da cobrança do imposto e definição do estabelecimento responsável pelo 
tributo, é apenas e necessariamente o da entrada física de importado, tendo em conta a juridicidade de circulação ficta de 
mercadoria emanada de uma operação documental ou simbólica, desde que haja efetivo negócio jurídico. 5. Questão de 
ordem resolvida com a finalidade de fixar interpretação ao art. 998, parágrafo único, do CPC/15, assim como homologar 
pedido de renúncia da ação, nos termos do art. 487, III, “c”, do mesmo diploma processual, com a reafirmação de 
jurisprudência em Tema da sistemática da repercussão geral. 
 
ADI 2.680 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, julgou procedente o pedido formulado na ação direta para declarar a 
inconstitucionalidade dos artigos 1º, 2º, 3º e 4º da Emenda Constitucional nº 30, de 28 de fevereiro de 2002, do Estado 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 18 
do Rio Grande do Sul, nos termos do voto do Relator. Falou, pelo requerente, o Dr. Thiago Holanda Gonzalez, Procurador 
do Estado do Rio Grande do Sul. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Dias Toffoli 
(Presidente). Plenário, Sessão Virtual de 22.5.2020 a 28.5.2020. 
Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Emenda Constitucional 30, de 6 de março de 2003, que alterou o parágrafo 4º do 
artigo 149 da Constituição Estadual, bem como a ele acrescentou os parágrafos 11 e 12. 3. Violação ao art. 165, § 8º, da 
Constituição Federal. Inconstitucionalidade da norma que determina a execução obrigatória de orçamento elaborado com 
participação popular, inserida no § 4º do artigo 149 da Constituição Estadual. 5. Vinculação da vontade popular na 
elaboração de leis orçamentárias contraria a competência exclusiva do Chefe do Poder Executivo. Precedentes, 
jurisprudência e doutrina. 6. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente. 
 
ADI 2.861 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, julgou improcedente o pedido formulado na ação direta, nos termos do voto do 
Relator. Falou, pelo interessado Governador do Estado de São Paulo, o Dr. Paulo Henrique Procópio Florêncio, 
Procurador do Estado de São Paulo. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Dias 
Toffoli (Presidente). Plenário, Sessão Virtual de 22.5.2020 a 28.5.2020. 
Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Constituição, art. 140, § 8º, e Lei Complementar 756/1994 do Estado de São 
Paulo, que dispõem sobrea Superintendência de Polícia Técnico-científica. 3. As Constituições Estaduais podem criar 
órgãos ou entidades que desempenhem funções auxiliares às atividades policiais, sem atribuições de segurança pública. 
Precedentes. 4. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. 
 
ADI 4.729 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, julgou improcedente o pedido formulado na ação direta de inconstitucionalidade, 
nos termos do voto do Relator. Falou, pelo requerente, o Dr. Davi Machado Evangelista, Procurador do Estado do Amapá. 
Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Dias Toffoli (Presidente). Plenário, Sessão 
Virtual de 22.5.2020 a 28.5.2020. 
Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Lei 1.602/2011 do Estado do Amapá. Projeto “Oportunidade” para reinserção de 
apenados. 3. Inexistência de iniciativa reservada ao Chefe do Poder Executivo. 4. Competência privativa da União para 
legislar sobre licitações e contratos. Normas gerais. 5. Inexistência de vício de inconstitucionalidade formal. 6. 
Concretização de direitos fundamentais, internacionalmente assegurados. Direito do preso à ressocialização. 7. 
Inexistência de inconstitucionalidade material. 8. Importância das políticas públicas federais, estaduais e municipais, 
elaboradas com a colaboração do Poder Judiciário, Ministério Público e CNJ, para a reinserção dos presos e egressos do 
sistema penitenciário no mercado de trabalho. 9. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. 
 
RE 666.156 
RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO 
Decisão: Retirado de pauta em face da aposentadoria do Relator. Presidência do Senhor Ministro Joaquim Barbosa. 
Plenário, 26.11.2012. 
Decisão: O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 523 da repercussão geral, negou provimento ao recurso 
extraordinário, prejudicados os embargos de declaração opostos pela recorrente, nos termos do voto do Relator, vencido 
o Ministro Marco Aurélio, que dava provimento ao recurso. Foi fixada a seguinte tese: “São constitucionais as leis 
municipais anteriores à Emenda Constitucional n° 29/2000, que instituíram alíquotas diferenciadas de IPTU para 
imóveis edificados e não edificados, residenciais e não residenciais”. Falou, pela recorrente, o Dr. Diogo Ferraz Lemos 
Tavares. Plenário, Sessão Virtual de 1.5.2020 a 8.5.2020. 
Ementa: DIREITO TRIBUTÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL. IPTU. 
ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS. LEI MUNICIPAL ANTERIOR À EC 29/2000. CONSTITUCIONALIDADE. 
PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMAS. 1. Esta Corte, em diversos precedentes de ambas as Turmas, manifestou-
se pela possibilidade da instituição de alíquotas diferenciadas de IPTU com base na destinação e situação do imóvel 
(residencial ou comercial, edificado ou não edificado), em período anterior à edição da Emenda Constitucional n° 
29/2000. Entendeu-se que tal prática não se confunde com o estabelecimento de alíquotas progressivas, cuja 
constitucionalidade, em momento anterior à emenda constitucional, foi reconhecida apenas para assegurar o cumprimento 
da função social da propriedade. 2. Desse modo, mantenho o entendimento de ambas as Turmas desta Corte e nego 
provimento ao recurso. Proponho a fixação da seguinte tese em sede de repercussão geral: “São constitucionais as 
leis municipais anteriores à Emenda Constitucional n° 29/2000, que instituíram alíquotas diferenciadas de IPTU 
para imóveis edificados e não edificados, residenciais e não residenciais”. 
 
ADI 3.108 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 19 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO 
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, julgou improcedente o pedido formulado na ação direta, nos termos do voto do 
Relator. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Dias Toffoli (Presidente). Plenário, 
Sessão Virtual de 22.5.2020 a 28.5.2020. 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – DIPLOMA LEGAL – REVOGAÇÃO – PREJUÍZO PARCIAL. 
Ante a revogação de um dos atos normativos atacados, inexistentes as características iniciais de autônomo e abstrato, tem-
se o prejuízo parcial do pedido. TRANSPORTE COLETIVO DE PASSAGEIROS – CONCESSÃO – PERMISSÃO – 
AUTORIZAÇÃO – AUSÊNCIA – PROIBIÇÃO. Surge constitucional norma a proibir o transporte coletivo de 
passageiros realizado por pessoa, natural ou jurídica, que não possua a devida concessão, permissão ou autorização 
expedida pelo órgão competente. 
 
ACO 747 
RELATOR: MIN. LUIZ FUX 
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou improcedente o pedido formulado pelo Estado do Rio de Janeiro, condenando-
o ao pagamento dos honorários advocatícios, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro Marco Aurélio. Falou, 
pelo autor, o Dr. Marcelo Rocha de Mello Martins, Procurador do Estado. Não participou deste julgamento, por motivo 
de licença médica, o Ministro Dias Toffoli (Presidente). Plenário, Sessão Virtual de 22.5.2020 a 28.5.2020. 
EMENTA: AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. BÔNUS DE ASSINATURA. ART. 45, II, DA LEI 9.478/1997. ALEGAÇÃO 
DE EXISTÊNCIA DO DIREITO À PARTICIPAÇÃO, PELOS ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS, 
EM TAL VERBA RECEBIDA PELA UNIÃO. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL 
FEDERAL. LITÍGIO QUE ULTRAPASSA O MERO INTERESSE PATRIMONIAL. REPARTIÇÃO DE RECEITAS 
ORIGINÁRIAS. CONFLITO POTENCIALMENTE CAPAZ DE VULNERAR O PRINCÍPIO FEDERATIVO. ART. 
102, I, F, DO TEXTO CONSTITUCIONAL. PARCELA QUE CORRESPONDE AO VALOR PAGO PELA 
CONCESSIONÁRIA VENCEDORA DE LICITAÇÃO PARA EXPLORAÇÃO DE CAMPOS DE PETRÓLEO. 
PAGAMENTO QUE SE REALIZA EM COTA ÚNICA, NO MOMENTO DE ASSINATURA DO CONTRATO. 
VERBA DESVINCULADA DE QUALQUER ATIVIDADE PRODUTIVA. O DIREITO SUBJETIVO DE 
PARTICIPAÇÃO PREVISTO NO ART. 20, § 1º, DA CRFB/88 APENAS ALCANÇA AS PARCELAS 
DECORRENTES DO RESULTADO DA EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO. PREVISÃO CONSTITUCIONAL QUE 
NÃO ALCANÇA O BÔNUS DE ASSINATURA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL QUE PREVEJA O DIREITO 
DOS ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS À PARTICIPAÇÃO NAS VERBAS RELATIVAS AO 
BÔNUS DE ASSINATURA. INEXISTÊNCIA DO DIREITO ALEGADO. PEDIDO QUE SE JULGA 
IMPROCEDENTE. 1. O bônus de assinatura constitui-se como parcela devida pela própria adjudicação do contrato 
licitado, não sendo estimado em relação às futuras receitas do concessionário advindas de suas atividades, sendo paga 
anteriormente ao início de qualquer atividade de exploração e independentemente do êxito do empreendimento. 2. O 
bônus de assinatura (art. 45, II, da Lei 9.478/1997) corresponde ao valor pago pela concessionária vencedora de licitação 
de campos exploratórios de petróleo, cujo pagamento se dá no ato da assinatura do contrato, com a própria finalidade de 
que aquela entidade seja a vencedora do procedimento licitatório, obtendo a concessão para realização das atividades de 
pesquisa e exploração em determinada área licitada. 3. No âmbito do contrato de concessão de petróleo, das quatro formas 
de participação governamental previstas pelo art. 45 da Lei 9.478/1997 – royalties, participação especial, bônus de 
assinatura e pagamento pela ocupação ou retenção de área – apenas aquelas duas primeiras são resultantes das atividades 
de exploração de petróleo, sendo somente essas duas, como consectário lógico de tal premissa fática, alcançadas pela 
previsão constitucional do § 1º do art. 20. 4. O § 1º do art. 20 do texto constitucional não alcança, portanto, o bônus de 
assinatura, não havendo qualquer previsão legal – constitucional ou infraconstitucional – que preveja o direito dos 
Estados, Distrito Federal e Municípios à participação nas verbas a ele referentes. 5. O Supremo Tribunal Federal é 
competente para processar e julgar originariamente as causas que, nos termos do art. 102, I, f, da CRFB/88, envolva 
conflito potencialmente capaz de abalaro princípio federativo. 6. Ação cível originária que se julga IMPROCEDENTE. 
Honorários advocatícios. 
 
ADI 3.242 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou improcedente o pedido formulado na ação direta, nos termos do voto do Relator, 
vencido o Ministro Marco Aurélio. Plenário, Sessão Virtual de 8.5.2020 a 14.5.2020. 
Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Lei 10.743/2003, que dispõe sobre o Processo de Kimberley para certificação de 
diamantes brutos. 3. Medida Provisória 125/2003. Submissão à Comissão Mista de Deputados e Senadores antes de sua 
conversão em lei. Parecer do relator lido no Plenário da Câmara dos Deputados. 4. As ilações do autor a respeito da 
existência de uma convenção internacional que regula o Processo de Kimberley não bastam para demonstrar sua realidade. 
É ônus processual do requerente provar os fatos caracterizadores de vício formal no processo legislativo, para afastar a 
 Informativo 
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Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 20 
presunção de regularidade e veracidade de seus atos. Precedente. 5. Ação direta de inconstitucionalidade julgada 
improcedente. 
 
ADI 3.782 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou procedente o pedido formulado na ação direta para declarar a 
inconstitucionalidade do artigo 25 da Lei nº 4.620/2005, do Estado do Rio de Janeiro, e conferir interpretação conforme 
à Constituição aos seus artigos 17 e 18, para que o reenquadramento neles previsto se faça apenas para os servidores que 
cumpriam as exigências de qualificação para o novo cargo à época de sua admissão no serviço público, e modulou os 
efeitos da presente decisão de inconstitucionalidade, de modo a garantir que os servidores não sofram redução de seus 
vencimentos em razão do reenquadramento aqui determinado, sendo os valores auferidos a maior absorvidos pelos 
aumentos futuros, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro Marco Aurélio apenas quanto à modulação dos 
efeitos da decisão. Falou, pelo amicus curiae, a Dra. Alice Streit Lucena. Não participou deste julgamento, por motivo de 
licença médica, o Ministro Dias Toffoli (Presidente). Plenário, Sessão Virtual de 22.5.2020 a 28.5.2020. 
Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Artigos 17, 18 e 25 da Lei 4.620/2005 do Estado do Rio de Janeiro. Plano de 
cargos e carreira do Judiciário. 3. É possível ao Supremo Tribunal Federal analisar a validade de normas revogadas, 
quando seus efeitos são mantidos pelas normas cuja constitucionalidade é impugnada. 4. A organização de cargos de 
distintas atribuições e exigências de qualificação (técnico de atividade judiciária e analista judiciário) em carreira única 
constitui meio de provimento derivado, vedado pela Constituição. 5. Ação direta de inconstitucionalidade julgada 
procedente para declarar a inconstitucionalidade do art. 25 da Lei 4.620/2005 e conferir interpretação conforme à 
Constituição a seus arts. 17 e 18, para que o reenquadramento se faça a partir do cargo de admissão dos servidores. 6. 
Modulação de efeitos, de forma a garantir que os servidores não tenham decréscimo remuneratório, sendo a diferença 
absorvida pelos aumentos futuros. 
 
ADI 3.840 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou procedente o pedido formulado na ação direta para declarar a 
inconstitucionalidade da Lei nº 1.637, de 6 de junho de 2006, do Estado de Rondônia, e modulou os efeitos da decisão, 
de modo a garantir que os servidores tenham o pagamento do valor correspondente ao reajuste mantido até sua absorção 
integral por quaisquer reajustes futuros concedidos a eles, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro Marco 
Aurélio apenas quanto à modulação dos efeitos da decisão. Não participou deste julgamento, por motivo de licença 
médica, o Ministro Dias Toffoli (Presidente). Plenário, Sessão Virtual de 22.5.2020 a 28.5.2020. 
Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Servidor público do Poder Judiciário. Revisão geral das remunerações. 3. Lei 
1.637, de 6 de junho de 2006, do Estado de Rondônia. Iniciativa do Tribunal de Justiça. 4. Violação aos arts. 37, X, e 61, 
§1º, II, a, da Constituição Federal. 5. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente. 6. Modulação de efeitos 
da decisão. Manutenção do pagamento do valor correspondente ao reajuste, até que seja absorvido por quaisquer reajustes 
futuros. 
 
SEGUNDO ACORDO NA ADPF 165 
RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI 
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, homologou o Termo Aditivo ao Acordo Coletivo de Planos Econômicos, com 
fulcro no art. 487, III, do Código de Processo Civil, pelo prazo de 30 meses, ao término do qual as partes deverão prestar 
contas do número de aderentes e valores recebidos e a receber, para eventual prorrogação por mais 30 meses, devendo as 
controvérsias que possam surgir no curso da execução da avença ser solucionadas nestes mesmos autos, nos termos do 
voto do Relator. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Dias Toffoli (Presidente). 
Impedido o Ministro Roberto Barroso. Afirmou suspeição o Ministro Edson Fachin. Plenário, Sessão Virtual de 
22.05.2020 a 28.05.2020. 
Ementa: TERMO ADITIVO AO ACORDO COLETIVO DE PLANOS ECONÔMICOS. EXPURGOS 
INFLACIONÁRIOS. VIABILIDADE. LEGITIMADOS COLETIVOS PRIVADOS. NATUREZA DELIBATÓRIA DA 
HOMOLOGAÇÃO. REQUISITOS FORMAIS PRESENTES. REPRESENTATIVIDADE ADEQUADA. 
PUBLICIDADE AMPLA. PARECER FAVORÁVEL DO PARQUET. SALVAGUARDAS PROCESSUAIS 
PRESENTES. PROCESSO COLETIVO COMO INSTRUMENTO DE DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À 
JUSTIÇA. PLEITO GENÉRICO DE SUSPENSÃO DE PROCESSOS. INDEFERIMENTO. HONORÁRIOS 
ADVOCATÍCIOS CONTINGENTES DEVIDOS. REGRAS RELATIVAS AO CONTRATO DE MANDATO. 
INCENTIVOS FINANCEIROS PARA ATUAÇÃO NA SOCIEDADE CIVIL NA TUTELA DE DIREITOS 
COLETIVOS. JUSTA REMUNERAÇÃO DOS PATRONOS DE AÇÕES COLETIVAS. APRIMORAMENTO DO 
PROCESSO COLETIVO BRASILEIRO. BASE TERRITORIAL DA SENTENÇA COLETIVA. INTERPRETAÇÃO 
FAVORÁVEL AOS POUPADORES. NÃO VINCULAÇÃO ÀS TESES JURÍDICAS VEICULADAS NO ACORDO. 
 Informativo 
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Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 21 
CONTRATOS BANCÁRIOS DE ADESÃO. SUBMISSÃO À ARBITRAGEM. IMPOSSIBILIDADE NO CASO. 
CARÁTER SIGILOSO DO PROCEDIMENTO. EVENTUAL CONTROVÉRSIA HAVIDA NO CURSO DA 
EXECUÇÃO DO ADITIVO QUE DEVERÁ SER SOLUCIONADA NESTES MESMOS AUTOS. INCIDENTE 
PROCESSUAL RESOLVIDO COM A HOMOLOGAÇÃO DO ADITIVO COLETIVO PELO PRAZO DE 30 MESES, 
COM PRESTAÇÃO DE CONTAS, PARA ANÁLISE DE EVENTUAL PRORROGAÇÃO POR IGUAL PRAZO. I – 
Pedido de homologação de Termo Aditivo ao Acordo Coletivo de Planos Econômicos que aprimora as condições de 
anterior Instrumento de Acordo Coletivo, prevendo o pagamento das diferenças relativas aos Planos Econômicos Bresser, 
Verão, Collor I e Collor II. II – Viabilidade do acordo firmado por legitimados coletivos privados, em processo de índole 
objetiva, dada a existência de notável conflito intersubjetivo subjacente e a necessidade de conferir-se efetividade à 
prestação jurisdicional. III – Presença das formalidades extrínsecas e das salvaguardas necessárias para a chancela do 
acordo, notadamente das relativas à representatividade adequada, publicidade ampla dos atos processuais, admissão de 
amici curiae e complementação da atuação das partes pela fiscalização do Ministério Público. IV – Indeferimento do 
pedido genérico de suspensão de processos individuais e coletivos. V – Divergências entre a parte e seu advogado quanto 
à adesão do acordo solucionam-se por meio das regras relativas ao contrato de mandato. VI – Adoção de um sistema de 
honoráriosadvocatícios contingentes que é de suma importância para fortalecer a posição do autor coletivo e, 
consequentemente, do próprio processo coletivo. VII – Cláusulas que fazem referência à base territorial abrangida pela 
sentença coletiva originária devem ser interpretadas favoravelmente aos poupadores, aplicando-se o art. 103 do Código 
de Defesa do Consumidor, em detrimento do art. 16 da Lei da Ação Civil Pública, prestigiando-se o atual posicionamento 
do STJ a respeito, tal como cristalizado no Recurso Especial 1.243.887/PR, julgado sob a sistemática dos recursos 
repetitivos (Tema 480). VIII – Necessidade de pacificação da controvérsia espelhada nestes autos, a qual, há décadas, se 
arrasta irresolvida nos distintos foros do País, possibilitando-se aos interessados aderir ou não ao ajuste, conforme a 
conveniência de cada um. IX – Ausência de comprometimento desta Suprema Corte com as teses jurídicas veiculadas na 
avença, especialmente aquelas que pretendam, explícita ou implicitamente, vincular terceiras pessoas ou futuras decisões 
do Poder Judiciário. X – Direitos dos poupadores que não podem estar sujeitos, ainda que indiretamente, à solução arbitral, 
sob pena de ofensa ao art. 4º, § 2º, da Lei da Arbitragem e, ainda, porque o interesse público que caracteriza este processo 
contrasta com o sigilo do procedimento arbitral, notadamente aquele levado a efeito pelo Centro de Arbitragem e 
Mediação da Câmara de Comércio Brasil Canadá. XI – Eventual controvérsia havida no curso da execução da avença 
deverá ser solucionada nestes mesmos autos. XI – Homologação de acordo judicial, pelo prazo inicial de 30 meses, 
prorrogáveis por mais 30 meses, com prestação de contas na forma da fundamentação. 
 
ADI 3.392 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou improcedente o pedido formulado na ação direta, nos termos do voto do Relator, 
vencidos os Ministros Edson Fachin, Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. Não participou deste 
julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Dias Toffoli (Presidente). Plenário, Sessão Virtual de 22.5.2020 a 
28.5.2020. 
Ação Direta de Inconstitucionalidade. 2. Art. 1º, da Emenda Constitucional nº 45/2004, na parte em que deu nova redação 
ao art. 114, §§ 2º e 3º, da Constituição Federal. 3. Necessidade de “mutuo acordo” para ajuizamento do Dissídio Coletivo. 
4. Legitimidade do MPT para ajuizar Dissídio Coletivo em caso de greve em atividade essencial. 5. Ofensa aos artigos 
5º, XXXV, LV e LXXVIII, e 60, § 4º, IV, da Constituição Federal. Inocorrência. 6. Condição da ação estabelecida pela 
Constituição. Estímulo às formas alternativas de resolução de conflito. 7. Limitação do poder normativo da justiça do 
trabalho. Violação aos artigos 7º, XXVI, e 8º, III, e ao princípio da razoabilidade. Inexistência. 8. Recomendação do 
Comitê de Liberdade Sindical da Organização Internacional do Trabalho. Indevida intervenção do Estado nas relações 
coletivas do trabalho. Dissídio Coletivo não impositivo. Reforma do Poder Judiciário (EC 45) que visa dar celeridade 
processual e privilegiar a autocomposição. 9. Importância dos acordos coletivos como instrumento de negociação dos 
conflitos. Mútuo consentimento. Precedentes. 10. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. 
 
REFERENDO NA MEDIDA CAUTELAR NA ADI 6.327 
RELATOR: MIN. EDSON FACHIN 
Decisão: O Tribunal, por maioria, preliminarmente, conheceu da presente Ação Direta de Inconstitucionalidade como 
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental e, no mérito, presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora, 
referendou a liminar deferida a fim de conferir interpretação conforme à Constituição ao artigo 392, § 1º, da CLT, assim 
como ao artigo 71 da Lei n.º 8.213/91 e, por arrastamento, ao artigo 93 do seu Regulamento (Decreto n.º 3.048/99), e 
assim assentar a necessidade de prorrogar o benefício, bem como considerar como termo inicial da licença-maternidade 
e do respectivo salário-maternidade a alta hospitalar do recém-nascido e/ou de sua mãe, o que ocorrer por último, quando 
o período de internação exceder as duas semanas previstas no art. 392, § 2º, da CLT, e no art. 93, § 3º, do Decreto n.º 
3.048/99, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro Marco Aurélio, que indeferia a liminar. O Ministro Gilmar 
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Informativo 982-STF (25/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 22 
Mendes acompanhou o Relator com ressalvas. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro 
Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de 27.3.2020 a 02.04.2020. 
EMENTA: REFERENDO DE MEDIDA CAUTELAR. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ADI. 
IMPUGNAÇÃO DE COMPLEXO NORMATIVO QUE INCLUI ATO ANTERIOR À CONSTITUIÇÃO. 
FUNGIBILIDADE. ADPF. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. REQUISITOS 
PRESENTES. CONHECIMENTO. PROBABILIDADE DO DIREITO. PROTEÇÃO DEFICIENTE. OMISSÃO 
PARCIAL. MÃES E BEBÊS QUE NECESSITAM DE INTERNAÇÃO PROLONGADA. NECESSIDADE DE 
EXTENSÃO DO PERÍODO DE LICENÇA-MATERNIDADE E DE PAGAMENTO DE SALÁRIO-MATERNIDADE 
NO PERÍODO DE 120 DIAS POSTERIOR À ALTA. PROTEÇÃO À MATERNIDADE E À INFÂNCIA COMO 
DIREITOS SOCIAIS FUNDAMENTAIS. ABSOLUTA PRIORIDADE DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS. DIREITO 
À CONVIVÊNCIA FAMILIAR. MARCO LEGAL DA PRIMEIRA INFÂNCIA. ALTA HOSPITALAR QUE 
INAUGURA O PERÍODO PROTETIVO. 1. Preliminarmente, assento, pela fungibilidade, o conhecimento da presente 
ação direta de inconstitucionalidade como arguição de descumprimento de preceito fundamental, uma vez que impugnado 
complexo normativo que inclui ato anterior à Constituição e presentes os requisitos para a sua propositura. 2. Margem de 
normatividade a ser conformada pelo julgador dentro dos limites constitucionais que ganha relevância no tocante à 
efetivação dos direitos sociais, que exigem, para a concretização da igualdade, uma prestação positiva do Estado, material 
e normativa. Possibilidade de conformação diante da proteção deficiente. Precedente RE 778889, Relator(a): Min. 
ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 10/03/2016. 3. O reconhecimento da qualidade de preceito 
fundamental derivada dos dispositivos constitucionais que estabelecem a proteção à maternidade e à infância como 
direitos sociais fundamentais (art. 6º) e a absoluta prioridade dos direitos da crianças, sobressaindo, no caso, o direito à 
vida e à convivência familiar (art. 227), qualifica o regime de proteção desses direitos. 4. Além disso, o bloco de 
constitucionalidade amplia o sistema de proteção desses direitos: artigo 24 da Convenção sobre os Direitos da Criança 
(Decreto n.º 99.710/1990), Objetivos 3.1 e 3.2 da Agenda ODS 2030 e Estatuto da Primeira Infância (Lei n.º 13.257/2016), 
que alterou a redação do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.º 8.069/1990), a fim de incluir no artigo 8º, que 
assegurava o atendimento pré e perinatal, também o atendimento pós-natal. Marco legal que minudencia as preocupações 
concernentes à alta hospitalar responsável, ao estado puerperal, à amamentação, ao desenvolvimento infantil, à criação 
de vínculos afetivos, evidenciando a proteção qualificada da primeira infância e, em especial, do período gestacional e 
pós-natal, reconhecida por esta Suprema Corte no julgamento do HC coletivo das mães e gestantes presas (HC 143641, 
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 20/02/2018, PROCESSO ELETRÔNICO 
DJe-215 DIVULG 08-10-2018 PUBLIC 09-10-2018). 5. É indisputável que essa importância seja ainda maior em relação 
a bebês que, após um período de internação, obtêm alta, algumas vezes contando com já alguns meses de vida, mas nem 
sempre sequer com o peso de um bebê recém-nascido a termo, demandando cuidados especiais em relação a sua 
imunidade e desenvolvimento. A alta é,

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