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III. Observa-se no neologismo a presença de dois sufixos, um deles possui o mesmo valor semânti- co de -mento, em “pensamento”. IV. Se em vez de “política” (em “política norte-ameri- cana”), tivéssemos “ataques”, o primeiro elemento da composição permaneceria invariável e o se- gundo elemento concordaria apenas em gênero. Está(ão) correta(s) apenas: I e III. II e III. C I e IV. I, III e IV. I, II e III. 8 Leia o anúncio a seguir. Do Rio Grande à Grande Rio Anúncio publicitário. a) Explique o recurso expressivo utilizado pela enunciação fazendo uso das letras x e y; a seguir comente-o. b) Explique a alteração de significado. c) Em “grande compositor”, o adjetivo tem valor sub- jetivo, infere um julgamento de valor. Explique o seu valor no texto publicitário. d) No anúncio, observa-se uma quebra do parale- lismo semântico. Identifique-a e comente-a. A seguir, refaça a frase, alterando uma das palavras, de modo que haja paralelismo. 9 UFF Veja as manchetes a seguir. • A ovelha Dolly, primeiro animal adulto clonado, com Emília e o Visconde de Sabugosa, personagens de Monteiro Lobato, autor do livro A re-forma da na- tureza, em ilustrações de Manuel Victor Filho • Ciência modifica plantas e animais, no Brasil e no mundo, para produzir medicamentos e poder aplicar a técnica de clonagem na medicina • Os escritores Silviano Santiago, José J. Veiga, João Batista Melo e Bráulio Tavares fazem os contos da era clônica • Godard filma livro sobre metamorfose de mulher em leitoa Folha de S.Paulo, 16 maio 1997. Caderno Mais!. A separação intencional do prexo re-, na manchete do caderno MAIS!, pressupõe um novo valor semân- tico para a palavra “reforma”, no contexto em que se insere. O efeito de sentido dessa separação: integra personagens ficcionais (Emília e Visconde de Sabugosa) a situações não ficcionais de trans- formação da natureza. produz uma leitura restritiva das possibilidades da ciência na aplicação da técnica da clonagem. C indica um recurso linguístico de formação paras- sintética que enfatiza a matéria sobre clonagem, desenvolvida no caderno. propicia uma leitura concomitante da ideia de “for- ma” e “reforma” da natureza vinculada ao assunto do caderno MAIS!. 10 O texto a seguir foi extraído da Folha de S.Paulo. Jair Bolsonaro (PFL-RJ), que empregou filho e mulher, afirmou que a discussão foi “demagógica”. “Eu não estou preocupado porque meu filho não é imbecil e minha mulher não é jumenta.” ACM Neto (PFL-BA) falava em “nepetismo”. Leila Suwwan. Comissão da Câmara aprova propostas contra nepotismo. Folha de S.Paulo. 14 abr. 2005. A4. a) Explique o uso das aspas em “demagógica” e “nepetismo”. b) O que significa “nepotismo”? c) Que derivação observa-se em “jumenta”? 11 UFRJ Leia o texto a seguir. Lídio Corró, um sentimental, sente um aperto no peito, ainda há de morrer numa hora dessas, de emoção. Pedro Archanjo mantém-se sério por um momento; distante, grave, quase solene. De repente se transforma e ri, seu riso alto, claro e bom, sua infinita e livre gargalhada: pensa na cara do professor Argolo, na do doutor Fontes, dois luminares, dois sabidórios que da vida nada sabem. São mestiças a nossa face e a vossa face: é mestiça a nossa cultura, mas a vossa é importada, é merda em pó. Iam morrer de congestão. Seu riso acendeu a aurora e iluminou a terra da Bahia. Jorge Amado. Tenda dos milagres. São Paulo: Martins, s/d, p.163. a) Qual o efeito pretendido pelo narrador ao utilizar, ironicamente, o termo “sabidórios”? b) Que outro termo, derivado do mesmo radical de “sabidório”, poderia ser utilizado, sem prejuízo do efeito pretendido pelo narrador? Texto para a questão 12. A bem dizer, sou Ponciano de Azeredo Furtado, coro- nel de patente, do que tenho honra e faço alarde. Herdei do meu avô Simeão terras de muitas medidas, gado do mais gordo, pasto do mais fino. Leio no corrente da vista e até uns latins arranhei em tempos verdes da infância, com uns padres-mestres a dez tostões por mês. Digo, modéstia de lado, que já discuti e joguei no assoalho do Foro mais de um doutor formado. Mas disso não faço glória, pois sou sujeito lavado de vaidade, mimoso no trato, de palavra educada. Já morreu o antigamente em que Ponciano man- dava saber nos ermos se havia um caso de (1) lobisomem a sanar ou pronta justiça a ministrar. Só de uma regalia não abri mão nesses anos todos de pasto e vento: a de falar alto, sem freio nos dentes, sem medir consideração, seja em compartimento do governo, seja em sala de desem- bargador. Trato as partes no macio, em jeito de moça. Se não recebo cortesia de igual porte, abro o peito: – Seu filho da égua, que pensa que é? Nos currais do Sobradinho, no debaixo do capotão de meu avô, passei os anos de pequenice, que pai e mãe perdi no gosto do primeiro leite. Como fosse dado a fazer garatujações e desabusado de boca, lá num inverno dos antigos, Simeão coçou a cabeça e estipulou que o neto devia ser doutor de lei: – Esse menino tem todo o sintoma do povo da política. É invencioneiro e (2) linguarudo. [...] J.C. Carvalho. O coronel e o lobisomem. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978. 106 LÍNGUA PORTUGUESA Capítulo 2 Morfologia – Formação de palavras 12 Uerj Observe as seguintes palavras. lobisomem (ref. 1) linguarudo (ref. 2) Identique o processo de formação de cada uma de- las, segundo o seu emprego no texto. 13 UFJF O marketing venceu mais uma... As palavras marketing, marqueteiro e marquetear são empregadas hoje, com signicativa frequência, na Lín- gua Portuguesa. Identique e descreva os processos de formação responsáveis pela introdução de cada um dos três termos em nossa língua. Texto para a questão 14. Julho de 1990 Nunca se imprimiu tanto. E nunca se aproveitou tão pouco. Devoram-se toneladas de papel impresso em to- das as línguas, mas a percentagem de nutrientes desse palavrório é quase nada. A chamada democratização da cultura, em vez de sucos, fabrica perto de 100% de re- frescos aguados, essas publicações fajutas já chamadas non-books. O antilivro vai expulsando do mercado a ciência, a informação e a literatura. O grotesco é que os no- vos gêneros de impressão não chegam nem mesmo a cumprir o que nos prometem nos títulos e nas orelhas; a livralhada sexual é idiota; a violenta é pueril; a de terror não chega a impressionar crianças; a esotérica é de dar pena; a fofoqueira ainda pode distrair, mas mente pelos dedos. [...] O século XX lê mais que o século passado. Mas nosso avô comia um bife, e o nosso contemporâneo entulha-se com um saco de farinha ou pólvora ou titica. Paulo Mendes de Campos. Jornal do Brasil. 8 abr. 2001. 14 UFJF Observe as palavras maiúsculas a seguir, sele- cionadas do texto lido. “A CHAMADA democratização da cultura...” “A LIVRALHADA sexual é idiota...” A respeito das formas -ADA, pode-se dizer que: a têm valor semântico distinto. b aplicam-se à mesma classe de palavra. c são invariáveis. d são livres. e formam palavras compostas. 15 Fuvest A gente via Brejeirinha: primeiro, os cabelos, com- pridos, lisos, louro-cobre; e, no meio deles, coisicas diminutas: a carinha não comprida, o perfilzinho agu- do, um narizinho que-carícia. Aos tantos, não parava, andorinhava, espiava agora – o xixixi e o empapar-se da paisagem – as pestanas til-til. Porém, disse-se-dizia ela, pouco se vê, pelos entrefios: – “Tanto chove, que me gela!” Guimarães Rosa. “Partida do audaz navegante”. In: Primeiras estórias. Nova Fronteira, 2001. p. 167. ) Os diminutivos com que o narrador caracteriza a personagem traduzem também sua atitude em re- lação a ela. Identifique essa atitude, explicando-a brevemente. ) “Andorinhava” é palavra criada por Guimarães Rosa. Explique o processo de formação dessa palavra. Indique resumidamente o sentido dessa palavra no texto. Texto para as questões 16 e 17. Um chamado João João era fabulista? fabuloso? fábula? Sertão místico disparando no exílio da linguagem comum? Projetava na gravatinha a quinta face das coisas inenarrávelnarrada? Um estranho chamado João para disfarçar, para farçar o que não ousamos compreender? [...] Mágico sem apetrechos, civilmente mágico, apelador de precípites prodígios acudindo a chamado geral? [...] Ficamos sem saber o que era João e se João existiu deve pegar. Carlos Drummond de Andrade. Correio da Manhã. 22 nov.1967. João Guimarães Rosa. In: Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. 16 Unicamp Na segunda estrofe, há dois processos muito interessantes de associação de palavras. Em “inenar- rável/narrada” encontramos claramente um processo de derivação. Em “disfarçar/farçar”, temos a sugestão de um processo semelhante, embora “farçar” não conste dos dicionários modernos. ) Relacione o significado de “inenarrável” com o processo de sua formação; e o de “farçar”, na re- lação sugerida no poema, com “disfarçar’. ) Explique como esses processos contribuem na construção dos sentidos dessa estrofe. 17 Unicamp Ainda em relação ao texto lido, responda: ) No título, “chamado” sintetiza dois sentidos com que a palavra aparece no poema. Explique esses dois sentidos, indicando como estão pre sentes nas passagens em que “chamado” se encontra. ) Na primeira estrofe do poema, “fábula” é derivada em “fabulista” e “fabuloso”. Mostre de que modo a formação morfológica e a função sintática das três palavras contribuem para a formação da imagem de Guimarães Rosa. F R E N T E 1 107 18 Fuvest Prefixos que têm o mesmo sentido ocorrem nas seguintes palavras: íntima/agremia. resiste/deslizam. C desprazeres/indissolúvel. imperturbável/transforma. revelado/persiste. Texto para questão 19. S. Paulo, 13-XI-42 Murilo São 23 horas e estou honestissimamente em casa, ima- gine! Mas é doença que me prende, irmão pequeno. Tomei com uma gripe na semana passada, depois, desensarado, com uma chuva, domingo último, e o resultado foi uma sinusitezinha infernal que me inutilizou mais esta semana toda. E eu com tanto trabalho! Faz quinze dias que não faço nada, com o desânimo de após-gripe, uma moleza invencí- vel, e as dores e tratamento atrozes. Nesta noitinha de hoje me senti mais animado e andei trabalhandinho por aí. [...] Mário de Andrade. Cartas a Murilo Miranda. 19 Fuvest No texto, as palavras sinusitezinha e trabalhan- dinho exprimem, respectivamente: delicadeza e raiva. modéstia e desgosto. C carinho e desdém. irritação e atenuação euforia e ternura. Texto para a questão 20. Omar se dirigiu à mãe, abriu os braços para ela, como se fosse ele o filho ausente, e ela o recebeu com uma efu- são que parecia contrariar a homenagem a Yaqub. Ficaram juntos, os braços dela enroscados no pescoço do Caçula, ambos entregues a uma cumplicidade que provocou ciúme em Yaqub e inquietação em Halim. “Obrigado pela festa”, disse ele, com um quê de ci- nismo na voz. “Sobrou comida para mim?” “Meu Omar é brincalhão”, Zana tentou corrigir, beijando os olhos do filho. “Yaqub, vem cá, vem abraçar o teu irmão.” Milton Hatoum. Dois irmãos. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p.19. 20 Quanto ao valor semântico do sufixo -ão, em “brinca- lhão”, é correto afirmar que: possui valor denotativo, indica garoto grande que brinca; no contexto valoriza positivamente a ima- gem do filho. possui valor denotativo, transmite um conteúdo eufórico que procura ratificar um comportamento inadequado (...tentou corrigir...). C possui valor conotativo, transmite um conteúdo eufórico que serve de desculpa para um possível deslize do filho. possui valor conotativo, transmite um conteúdo dis- fórico, de filho que não sabe se comportar. possui valor denotativo, indica pessoa alegre, que quer animar o ambiente; tem conteúdo eufórico. 21 Unicamp Leia os seguintes artigos do Capítulo VIII do novo Código Civil (Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002): Art. 1.548. É nulo o casamento contraído: I. pelo enfermo mental sem o necessário discernimen- to para os atos da vida civil; II. por infringência de impedimento. [...] Art. 1.550. É anulável o casamento: I. de quem não completou a idade mínima para casar; [...] VI. por incompetência da autoridade celebrante. a) Os enunciados que introduzem os artigos 1.548 e 1.550 têm sentido diferente. Explique essa diferença, comparando, do ponto de vista morfo- lógico, as palavras nulo e anulável. b) Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portu- guesa (2001), infringência vem de infringir (violar, transgredir, desrespeitar) + o sufixo “-ência”. Com- pare o processo de formação dessa palavra com o de incompetência, indicando eventuais diferen- ças e semelhanças. 22 Fuvest Leia a seguinte fala, extraída de uma peça tea- tral, e responda ao que se pede. Odorico – Povo sucupirano! Agoramente já investido no cargo de Prefeito, aqui estou para receber a confirmação, ratificação, a autenticação e, por que não dizer, a sagração do povo que me elegeu. Dias Gomes. O Bem-Amado: farsa sócio-político-patológica em 9 quadros. 5. ed. Ediouro,1980. p. 17. a) A linguagem utilizada por Odorico produz efeitos humorísticos. Aponte um exemplo que comprove essa afirmação. Justifique sua escolha. b) O que leva Odorico a empregar a expressão “por que não dizer”, para introduzir o substantivo “sa- gração”? 108 LÍNGUA PORTUGUESA Capítulo 2 Morfologia – Formação de palavras