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LÍNGUA PORTUGUESA Capítulo 6 Romantismo: prosa160 O texto sinaliza, na descrição de Peri, aquilo que o torna um herói inigualável. Descreva essa(s) características(s). 5 Leia os textos e faça o que se pede a seguir: Texto 1 Convencida de que todos os seus inúmeros apaixona- dos, sem exceção de um, a pretendiam unicamente pela riqueza, Aurélia reagia contra essa afronta, aplicando a esses indivíduos o mesmo estalão. Assim costumava ela indicar o merecimento de cada um dos pretendentes, dan- do-lhes certo valor monetário. Em linguagem financeira, Aurélia cotava os seus adoradores pelo preço que razoa- velmente poderiam obter no mercado matrimonial. Uma noite, no Cassino, a Lísia Soares, que fazia-se íntima com ela, e desejava ardentemente vê-la casada, dirigiu-lhe um gracejo acerca do Alfredo Moreira, rapaz elegante que chegara recentemente da Europa: — É um moço muito distinto, respondeu Aurélia sor- rindo; vale bem como noivo cem contos de réis; mas eu tenho dinheiro para pagar um marido de maior preço, Lísia; não me contento com esse. Riam-se todos destes ditos de Aurélia, e os lançavam à conta de gracinhas de moça espirituosa; porém a maior parte das senhoras, sobretudo aquelas que tinham filhas moças, não cansavam de criticar desses modos desenvol- tos, impróprios de meninas bem-educadas. ALENCAR, José de. Senhora. São Paulo: FTD, 2010. p. 15. (Grandes leituras Clássicos da Literatura Brasileira) Texto 2 Chegando à maioridade Jorge tomou conta de seu avul- tado patrimônio e começou a viver essa vida dos nossos moços ricos, os quais pensam que gastar o dinheiro que seus pais ganharam é uma profissão suficiente para que se dispensem de abraçar qualquer outra. Temos, infelizmente, muitos exemplos dessas esterili- dades a que se condenam homens que, pela sua posição independente, podiam aspirar a um futuro brilhante. Durante três anos o moço entregou-se a esse delírio do gozo que se apodera das almas ainda jovens; saciou-se de todos os prazeres, satisfez todas as vaidades. As mulheres lhe sorriram, os homens o festejaram; teve amantes, luxo, e até essa glória efêmera, auréola passageira que brilha algumas horas para aqueles que pelos seus vícios e pelas suas extravagâncias excitam um momento a curiosidade pública. ALENCAR, José de. A viuvinha. São Paulo: FTD, 2011. p. 80. (Grandes leituras – Clássicos da Literatura Brasileira) A viuvinha, de José de Alencar, é um romance do começo de sua produção literária; e Senhora, do m. Ambos apresentam uma crítica em comum, destacada nos trechos apresentados. Explique. Leia o fragmento a seguir, do romance Memórias de um sargento de milícias, para responder às questões de 6 a 8. Chegaram todos depois de longo caminhar, e quando já brilhava nos céus um desses luares magníficos que só fazem no Rio de Janeiro, a uma casa da Rua da Vala. Na- queles tempos uma noite de luar era muito aproveitada, ninguém ficava em casa; os que não saíam a passeio sen- tavam-se em esteiras às portas, e ali passavam longas horas em descantes, em ceias, em conversas, muitos dormiam a noite inteira ao relento. Como os nossos conhecidos já tinham dado um gran- de passeio, adotaram o expediente das esteiras à porta, e continuaram assim pela noite em diante a súcia em que haviam gasto o dia, pois aquilo que Leonardo vira nos Cajueiros, e em que também tomara parte, era o final de uma patuscada que havia começado ao amanhecer, de uma dessas romarias consagradas ao prazer, que eram então tão comuns e tão estimadas. Agora devemos dar ao leitor conhecimento da nova gente, no meio da qual se acha o nosso Leonardo. Se nós pudéssemos socorrer aqui do amigo José Manuel, sem dúvida nos desfolharia ele toda a árvore genealógica des- sa família a quem o amigo do Leonardo chamava a sua gente: porém contentem-se os leitores com o presente sem indagar o passado. Saibam pois que a família era com- posta de duas irmãs, ambas viúvas, ou que pelo menos diziam sê-lo, uma com três filhos e outra com três filhas; passando qualquer das duas dos seus quarenta e tantos; ambas gordas e excessivamente parecidas. Os três filhos da primeira eram três formidáveis rapagões de 20 anos para cima, empregados todos no Trem; as três filhas da segunda eram três raparigas desempenadas, orçando pela mesma idade dos primos, e bonitas cada uma no seu gênero. F R E N T E 2 161 Uma delas já os leitores conhecem; é Vidinha, a cantora de modinhas; era solteira como uma de suas irmãs; a úl- tima era também solteira, porém não como estas duas. O amigo do Leonardo que explique o que isso quer dizer, e explicando dará também a conhecer o que era ele próprio na família. Os mais que se achavam presentes eram pela maior parte vizinhos que se reuniam para aquelas súcias, que eram tradicionais na família. ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. São Paulo: Nobel, 2008. p. 115-6. 6 No trecho do romance de Manuel Antônio de Almeida, é possível identificar traços dos costumes da época? Dê exemplos. 7 Quais estratégias o narrador utilizou para que o leitor daquele tempo se identificasse com o texto e se inte- ressasse por ele? 8 É possível afirmar que a literatura pode ser o retrato de uma época? Justifique. 9 Leia os textos a seguir: Texto I Ao pôr do sol perde o pampa os toques ardentes da luz meridional. As grandes sombras, que não interceptam montes nem selvas, desdobram-se lentamente pelo campo fora. É então que assenta perfeitamente na imensa planície o nome castelhano. A savana figura realmente em vasto lençol desfraldado por sobre a terra, e velando a virgem natureza americana. Essa fisionomia crepuscular do deserto é suave nos primeiros momentos; mas logo após ressumbra tão funda tristeza que estringe a alma. Parece que o vasto e imenso orbe cerra-se e vai minguando a ponto de espremer o coração. ALENCAR, José de. O gaúcho: romance brasileiro. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1870. v. I. p. 4. (Adapt.). Texto II Ora, é a perspectiva dos cerrados, não desses cerrados de arbustos raquíticos, enfezados e retorcidos de São Paulo e Minas Gerais, mas de garbosas e elevadas árvores que, se bem não tomem todo o corpo de que são capazes à beira das águas correntes ou quando regadas pela linfa dos córregos, contudo ensombram com folhuda rama o terreno que lhes fica em derredor e mostram na casca lisa a força da seiva que as alimenta; ora são campos a perder de vista, cobertos de macega alta e alourada ou de viridente e mimosa grama, toda salpicada de silvestres flores; ora sucessões de luxuriantes capões, tão regulares e simétricos em sua disposição que surpreendem e em- belezam os olhos; ora, enfim, charnecas meio apauladas, meio secas, onde nasce o altivo buriti e o gravatá entrança o seu tapume espinhoso. TAUNAY, Visconde de. Inocência. São Paulo: FTD, 2011. p. 20. Ambos os textos apresentam uma detalhada des- crição de espaços da natureza brasileira. Quais são as semelhanças e as diferenças nessas duas descrições? LÍNGUA PORTUGUESA Capítulo 6 Romantismo: prosa162 1 Famerp 2020 Quanto à matéria, o romance brasileiro nas- ceu regionalista e de costumes; ou melhor, pendeu desde cedo para a descrição dos tipos humanos e formas de vida social nas cidades e nos campos. O romance histórico se enquadrou aqui nesta mesma orientação; o romance constituiu desenvolvimento à parte, do ponto de vista da evolução do gênero, e corresponde a certas necessidades, poéticas e históricas, de estabelecer um pas- sado heroico e lendário para a nossa civilização, a que os desejavam, numa utopia retrospectiva, dar tanto quanto possível traços autóctones. A figura dominante do período, , passou por todas essas vertentes e em todas deixou boas obras. (Antonio Candido. Formação da literatura brasileira, 1975. Adaptado.) As três lacunas do texto são preenchidas por: A urbano – românticos – Manuel Antônio de Almeida. b indianista – românticos – José de Alencar. c urbano – naturalistas – Aluísio Azevedo. d urbano – românticos – José de Alencar. E indianista – naturalistas – Aluísio Azevedo. 2Fuvest 2018 Leia o texto e responda ao que se pede. Não veem teus olhos lá o formoso jacarandá, que vai subindo às nuvens? A seus pés ainda está a seca raiz da murta* frondosa, que todos os invernos se cobria de rama e bagos vermelhos, para abraçar o tronco irmão. Se ela não morresse, o jacarandá não teria sol para crescer tão alto. José de Alencar, Iracema. * Murta: arbusto, árvore pequena. a) É possível relacionar a imagem da murta ao desti- no de Iracema no romance? Explique. ) A frase “Se ela não morresse, o jacarandá não te- ria sol para crescer tão alto” pode ser entendida como uma alegoria do processo de colonização do Brasil? Explique. 3 Uespi 2012 O Romantismo brasileiro encerra determi- nadas características próprias. Seja porque ele nasce quase conjugado com a nossa Independência política e a criação do Estado-Nação, seja porque recaiu sobre os escritores pátrios a missão de construir parte da nossa identidade nacional e cultural. Ainda sobre o Roman- tismo no Brasil e a obra de José de Alencar, assinale a alternativa correta. A Iracema não só inaugurou o indianismo, como José de Alencar lhe deu continuidade ao escrever O Guarani e Ubirajara. b Iracema se enquadra dentro do chamado romance psicológico, que veio a ser cultivado por quase to- dos os romancistas brasileiros. c A paisagem brasileira foi sempre um elemento se- cundário ou quase inexistente na obra de Alencar, particularmente em Iracema. d Os Timbiras é um poema épico escrito por Alencar. Neste, ele retoma muitos dos personagens que en- contramos em Iracema. E Encontramos em Iracema tanto um delineado argumento histórico quanto o lirismo que vai carac- terizar a literatura indigenista. 4 Unicamp 2012 Os animais desempenham um papel simbólico no romance Iracema. Dentre eles, desta- cam-se o cão Japi e a jandaia (ou ará), que aparecem nos excertos a seguir. Poti voltou de perseguir o inimigo. [...] O cão fiel o seguia de perto, lambendo ainda nos pelos do focinho a marugem do sangue tabajara, de que se fartara; o senhor o acariciava satisfeito de sua coragem e dedicação. Fora ele quem salvara Martim [...]. — Os maus espíritos da floresta podem separar outra vez o guerreiro branco de seu irmão pitiguara. O cão te seguirá daqui em diante, para que mesmo de longe Poti acuda a teu chamado. — Mas o cão é teu companheiro e amigo fiel. — Mais amigo e companheiro será de Poti, servindo a seu irmão que a ele. Tu o chamarás Japi; e ele será o pé ligeiro com que de longe corramos um para o outro. [...] Tanto que os dois guerreiros tocaram as margens do rio, ouviram o latir do cão, que os chamava, e o grito da ará, que se lamentava. A ará, pousada no jirau fronteiro, alonga para sua formosa senhora os verdes tristes olhos. Desde que o guerreiro branco pisou a terra dos tabajaras, Iracema a esqueceu. [...] Iracema lembrou-se que tinha sido ingrata para a jan- daia esquecendo-a no tempo da felicidade; e agora ela vinha para a consolar no tempo da desventura. [...] Na seguinte alvorada foi a voz da jandaia que a des- pertou. A linda ave não deixou mais sua senhora [...]. A jandaia pousada no olho da palmeira repetia tris- temente: — Iracema! Desde então os guerreiros pitiguaras, que passavam perto da cabana abandonada e ouviam ressoar a voz plan- gente da ave amiga, se afastavam, com a alma cheia de tristeza, do coqueiro onde cantava a jandaia. E foi assim que um dia veio a chamar-se Ceará o rio onde crescia o coqueiro, e os campos onde serpeja o rio. ALENCAR, José de. Iracema. São Paulo: Ática, 1992. p. 52 e 80. a) Explique o papel simbólico desempenhado pelo cão. ) Explique o papel simbólico desempenhado pela jandaia ou ará. 5 Ufam 2015 Leia as armativas a seguir, feitas sobre a obra de José de Alencar, um dos principais nomes da cção romântica brasileira. Em seguida, assinale aquela que não está correta. A Escreveu cerca de vinte romances, com os temas mais variados: indianistas, urbanos, regionais e históricos. Exercícios propostos