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Interpretação de Texto - Livro Único-034-036

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INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Capítulo 1 Aspectos do texto – nível fundamental 34
comunicação de dados estão se integrando às tecnologias 
de impressão, para permitir que documentos sejam produ-
zidos e impressos em qualquer lugar do mundo.
30 UEL O paradoxo a que se refere o texto constitui-se:
A no fato de trabalhos complexos provocarem a an-
siedade do usuário do computador tanto quanto 
um trabalho relativamente simples.
b no fato de os sistemas de impressão ainda não se-
rem muito eficazes, apesar de as tecnologias de 
transmissão de informações estarem bastante de-
senvolvidas.
C no fato de o usuário não se sentir seguro acerca do 
que foi produzido no computador mesmo quando 
vê a informação impressa no papel.
D na existência de mecanismos altamente sofistica-
dos para a transmissão da informação ao lado da 
manutenção do sistema de impressão em papel.
E na existência de maquetes tradicionais ao lado de 
modelos computadorizados em três dimensões.
31 UEL Ao usar a expressão “Mais ainda”, no último pará-
grafo do texto, o autor:
A introduz uma ideia que vai além do já afirmado: a 
tecnologia de equipamentos de impressão de-
pende do desenvolvimento das tecnologias de 
transmissão de informações.
b apresenta um novo argumento para defender a 
ideia de que a impressão em papel não é algo em 
extinção.
C cita mais uma prova da variedade e dos reduzidos 
custos das modernas impressoras.
D defende, entusiasticamente, apoiado num novo 
dado, o uso de documentos impressos.
E contesta, aduzindo mais um item, a necessidade 
de as novas tecnologias garantirem a produção e 
impressão de documentos a longa distância.
32 UEL Por mais que no computador tudo possa parecer 
em ordem, o usuário costuma sentir certa insegurança. 
Assinale a alternativa que, substituindo a locução con-
juntiva inicial do período, lhe altera o sentido.
A Embora.
b Apesar de que.
C Mesmo que.
D Se bem que.
E A não ser que.
Textos para as questões de 33 a 43.
Maíra
Maíra só descobriu todo o seu poder, um dia, quan-
do brincava com Micura na praia. Cada um deles tinha, 
levantada, uma mão cheia de vaga-lumes para alumiar, 
mas a luzinha era muito pouca. Maíra desenhou, assim 
mesmo, ali na areia da praia, uma arraia com seu ferrão e 
tudo. Mas naquela penumbra se distraiu e pisou na arraia 
desenhada. Foi aquela ferroada! Compreendeu, então, 
que podia fazer qualquer coisa:
– Sou Maíra – lembrou – sou o arroto de Deus-Pai. 
Ele, o ambir, agora tem nome: é Mairahú, meu pai. Meu 
filho será Mairaíra. – Pegou então a conversar com o ir-
mão, Micura, sobre o que podiam fazer.
Maíra: – O mundo de Mairahú, meu pai, é feio e 
triste. Não é um mundo bom para a gente viver. Podemos 
melhorá-lo.
Micura: – Não vá o Velho se ofender!
Maíra: – Pode ser. É melhor não fazer nada.
Micura: – Bobagem. Alguma coisinha podemos fazer.
Maíra: – Vamos, então, tomar dos que têm, o que eles 
têm, para dar aos que não têm.
Micura saltou alegre: – Sim, vamos, primeiro o fogo. 
Ando com frio e com muita vontade de comer um chur-
rasco.
O fogo era do Urubu-rei que mandava na aldeia gran-
de das gentes urubus. Eles só comiam corós de carniça 
tostados no borralho. Não precisavam tanto do fogo. Usa-
vam mais era luz para ver bem a carniça e o calor para 
esquentar o corpo nu quando se desvestiam das penas 
para brincar de gente.
O jeito que os gêmeos encontraram para roubar o 
fogo foi matar um veado grande, muito grande, deixá-lo 
apodrecer para criar bastante bicho-coró e, então, mandar 
levar uma moqueca de corós para o Urubu-rei e convidá-
-lo para vir à comilança. Assim fizeram. Maíra desenhou 
um cervo enorme, soprou para que vivesse e o matou ali 
mesmo. Quando estava bem podre e bichado, manda-
ram o passarinho que fala mais línguas, um papagaio, 
maracanã, atrás do Urubu-rei. Eles ficaram escondidos 
debaixo da carniça para agarrar o reizão bicéfalo quando 
ele pousasse. Assim fizeram. Quando o Urubu-rei estava 
bem preso, Maíra gritou:
– Calma, meu rei. Não tenha medo. Só quero o 
fogo pro meu povinho. Todos andam com frio. Só co-
mem o cru.
Mas se armou a maior das confusões porque o Urubu-
-rei começou a responder com as duas cabeças, falando 
ao mesmo tempo, cada qual dizendo uma coisa. Maíra 
não entendia nada. Aí uma cabeça do Urubu-rei virou-se 
para a outra e as duas caíram numa discussão cerrada. O 
tempo ia passando sem que Maíra soubesse o que fazer. 
Afinal, teve a ideia de mandar Micura agarrar o rei-fala-
dor. Levantou, então, suas duas mãos e fez de cada uma 
delas uma cabeça de urubu com bico e tudo e passou, 
assim, a conversar duro com as duas cabeças do reizão. 
Só deste modo conseguiu que ele mandasse trazer o fogo, 
mas o rei ainda quis enganar Maíra entregando fogos que 
queimavam pouco e não davam luz. Felizmente ali estava 
Micura experimentando tudo. Provava um e dizia:
– Não, este não serve não; não é o fogo que preci-
samos. Não, este também não é o fogo que precisamos. 
Não, este também não é o fogo de verdade. – Afinal, 
conseguiram o fogo verdadeiro e fizeram o trato.
Maíra: – Vocês urubus vão comer carniça com fartura; 
o chefão de duas cabeças vai ficar com uma só, para não 
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enganar mais ninguém, mas nesta vai usar esse diadema 
vermelho e branco que eu lhe dou agora.
Urubu-rei: – Fiquem com o fogo vocês, mairuns. Mas 
façam muita carniça pra nós.
Darcy Ribeiro. Maíra.
Prometeu acorrentado
Ésquilo
(A cena é o pico duma montanha deserta. Chegam 
Poder e Vigor, que trazem preso Prometeu; segue-os, co-
xeando, Hefesto, carregando correntes, cravos e malho.)
Poder. Eis-nos chegados a um solo longínquo da terra, 
caminho da Cítia, deserto ínvio. Hefesto, é mister, te de-
sincumbas das ordens enviadas por teu pai acorrentando 
este celerado, com liames inquebráveis de cadeias de aço, 
aos rochedos de escarpas abruptas. Ele roubou uma flor 
que era tua, o brilho do fogo, vital em todas as artes, e 
deu-a de presente aos mortais; é preciso que pague aos 
deuses a pena desse crime, para aprender a acatar o po-
der real de Zeus e renunciar o mau vezo de querer bem 
à Humanidade.
Hefesto. Poder e Vigor, a incumbência de Zeus para 
vós está terminada; nada mais vos embarga. Eu, porém, 
não me animo a agrilhoar à força um deus meu parente 
a um píncaro aberto às intempéries. Todavia, é imperioso 
criar essa coragem; é grave negligenciar as ordens de meu 
pai. [...]
Poder. Basta! Para que te atardares em lástimas per-
didas?
Por que não abominas o deus mais odioso aos deuses, 
que entregou aos mortais um privilégio teu?
Hefesto. O parentesco e a amizade são forças for-
midáveis.
Poder. Concordo, mas como se podem transgredir as 
ordens de teu pai? Isso não te infunde medo?
Hefesto. Tu és sempre cruel e audacioso.
Poder. Lamentos não curam os teus males; não te can-
ses à toa em lástimas ineficazes.
Hefesto. Oh! que ofício detestável!
[...] Hefesto. Podemos ir. Seus membros já estão amar-
rados.
Poder. (a Prometeu) Abusa, agora! Furta aos deuses 
seus privilégios para entregá-los aos seres efêmeros! Que 
alívio te podem dar deste suplício os mortais? Errados an-
daram os deuses em te chamarem Prometeu; tu mesmo 
precisas de alguém que te prometa um meio de safar-te 
destes hábeis liames! (Retiram-se Poder, Vigor e Hefesto.)
Prometeu. Éter divino! Ventos de asas ligeiras! Fontes 
dos rios! Riso imensurável das vagas marinhas! Terra, mãe 
universal! Globo do sol, que tudo vês! Eu vos invoco. Vede 
o que eu, um deus, sofro da parte dos deuses! Contemplai 
quão ignominiosamente estracinhado hei de sofrer pelas 
miríades de anos do tempo em fora! Tal é a prisão aviltante 
criada para mim pelo novo capitão dos bem-aventurados! 
Ai! Ai! Lamento os sofrimentos atuais e os vindouros, a 
conjeturar quando deverá despontar enfim o termo deste 
suplício. Mas que digo? Tenho presciência exata de todo 
o porvire nenhum sofrimento imprevisto me acontecerá. 
Cumpre-me suportar com a maior resignação os decretos 
dos fados, sabendo inelutável a força do Destino. Contudo, 
não posso calar nem deixar de calar minha desdita. Por ter 
feito uma dádiva aos mortais, estou jungido a esta fatali-
dade, pobre de mim! Sou quem roubou, caçada no oco 
duma cana, a fonte do fogo, que se revelou para a Huma-
nidade mestra de todas as artes e tesouro inestimável. Esse 
o pecado que resgato pregado nestas cadeias ao relento.
Teatro grego. Seleção, introdução, notas e trad. direta do grego por 
Jaime Bruna. São Paulo: Cultrix, 1964.
33 Vunesp Estabeleça, com base nas informações do tex-
to, qual o castigo que, por ordem de Zeus, está sendo 
aplicado a Prometeu por ter roubado o fogo para os 
homens.
34 Vunesp Determine, na hierarquia das entidades do frag-
mento de Maíra, qual a divindade mais elevada.
35 Vunesp Comprove, transcrevendo uma passagem do 
fragmento, a origem divina de Maíra.
36 Vunesp Mencione uma das ações de Maíra que carac-
terizam seu poder de divindade.
37 Vunesp Explique o sentido que apresentam no texto as 
expressões “seres efêmeros” e “bem-aventurados”.
38 Vunesp Utilizando outras palavras e expressões, es-
creva uma frase que traduza o significado da seguinte 
fala de Prometeu: Por ter feito uma dádiva aos mor-
tais, estou jungido a esta fatalidade.
39 Vunesp Aponte a diferença entre os objetivos de Maíra 
e Prometeu ao entregar o fogo aos homens.
40 Vunesp Identifique o sentimento comum de Maíra e de 
Prometeu com relação aos homens.
41 Vunesp Indique duas palavras ou locuções com as quais 
o escritor, no fragmento de Maíra, evita repetir o nome 
“Urubu-rei”.
42 Vunesp Aponte a quem se refere Prometeu, no frag-
mento de Ésquilo, com a expressão “novo capitão dos 
bem-aventurados”.
43 Vunesp Dê duas oposições de ordem abstrata obser-
vadas em “Prometeu acorrentado”.
44 Unesp 2020 Para responder à questão 44, leia o poe-
ma “O sobrevivente”, extraído do livro Alguma poesia, 
de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1930. 
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Capítulo 1 Aspectos do texto – nível fundamental 36
O sobrevivente
Impossível compor um poema a essa altura da evo-
lução da humanidade. 
Impossível escrever um poema ― uma linha que seja 
― de verdadeira poesia. 
O último trovador morreu em 1914. 
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais. 
Há máquinas terrivelmente complicadas para as ne-
cessidades mais simples. 
Se quer fumar um charuto aperte um botão. 
Paletós abotoam-se por eletricidade. 
Amor se faz pelo sem-fio. 
Não precisa estômago para digestão. 
Um sábio declarou a O Jornal que ainda 
falta muito para atingirmos um nível razoável de cul-
tura. 
Mas até lá, felizmente, 
estarei morto. 
Os homens não melhoraram 
e matam-se como percevejos. 
Os percevejos heroicos renascem. 
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado. 
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um se-
gundo dilúvio. 
(Desconfio que escrevi um poema.) 
(Poesia 1930-1962, 2012.)
a) Explicite a antítese contida em “Há máquinas terri-
velmente complicadas para as necessidades mais 
simples.” (2a estrofe). 
b) Identifique o pressuposto contido no trecho “E se 
os olhos reaprendessem a chorar” (4a estrofe), re-
lacionando-o com o tema geral do poema.
Texto para a questão 45.
Memes no museu
Um fenômeno em exposição
O professor Viktor Chagas chegou ao Museu da Re-
pública, no Rio de Janeiro, cumprimentou os seguranças e 
apontou para a maior tela do salão térreo. “Esta é a famosa 
pintura da confecção da bandeira, de Pedro Bruno”, dis-
se, apressado. O quadro A Pátria, de 1919, retrata uma 
criança agarrada a uma imensa bandeira do Brasil que 
está sendo confeccionada por um grupo de mulheres. É 
uma das imagens emblemáticas da virada republicana do 
país. O professor subiu as escadas, atravessou uma sala, 
depois outra, e por fim se postou diante de uma imagem 
menor que reproduzia a tela de Pedro Bruno, mas cober-
ta de letras brancas que diziam: “Ordem e Progresso: é 
verdade esse bilete.” 
Trata-se de uma das montagens que Chagas pinçou da 
internet para integrar a exposição “A política dos memes e 
os memes da política”, organizada por ele. “O meme, em 
essência, é tudo que é replicado. E sempre pressupõe mui-
tas camadas de significados”, afirmou o professor, diante 
da imagem. “Este meme, por exemplo, só ganha sentido 
ao conhecermos o quadro original, o contexto político 
do momento e outro meme que mostrava o recado de um 
menino para a sua mãe” (“Senhores paes, amanhã não vai 
ter aula poorque pode ser feriado. Assinado: Tia Paulinha. 
É verdade esse bilete”). A frase final do recado virou mote 
para diversos memes. 
A exposição espalha-se por quatro salas que tratam 
da relação dos memes com os símbolos nacionais, a pro-
paganda política, a persuasão e a desinformação, entre 
outros temas. Tudo é acompanhado de textos que mostram 
a complexidade das forças políticas e sociais em jogo nas 
imagens. “Ver um meme na parede de um museu: essa 
provocação sempre foi nossa intenção”, disse Chagas, do 
Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade 
Federal Fluminense (UFF). “Queremos que as pessoas en-
carem o objeto do meme como algo relevante, fugindo do 
oba-oba, do besteirol, da balbúrdia.” [...] 
Formado em jornalismo pela Universidade do Estado 
do Rio de Janeiro (UERJ), com mestrado e doutorado em 
história pela Fundação Getulio Vargas, Chagas sempre 
trabalhou com temas relacionados à mídia e ao poder. 
Quando foi contratado pela UFF, em 2011, começou a 
ser indagado pelos alunos sobre fenômenos da internet. 
Leigo no assunto, ele passou a pesquisar sobre memes 
e percebeu que tinham muito a ver com seus temas de 
estudo. Organizou, então, um grupo de alunos para ca-
talogar os memes e analisá-los. A ideia era colocar as 
pesquisas como verbetes na Wikipédia, mas seus colegas 
na universidade não endossaram a proposta. Disseram que 
uma enciclopédia deveria prezar pela relevância e, para 
a academia, memes não eram importantes. 
Chagas decidiu, então, montar uma “enciclopédia” 
por conta própria. Criou com sua equipe o #MUSEUde-
MEMES, um site que reúne as intervenções mais difundidas 
e influentes, que explica em que contexto surgiram e que 
impacto político e/ou social tiveram. Na última contagem 
feita, estavam catalogadas e analisadas no museu cerca de 
200 famílias de memes, séries com o mesmo tema. 
O site também abriga cerca de 1.200 trabalhos escri-
tos cadastrados (teses, artigos etc.) e tornou-se referência 
no assunto. Em quatro anos de existência, teve mais de 
2 milhões de visitantes, marca considerável para um pro-
jeto acadêmico. Chagas, porém, sentia falta desta parte 
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