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Figura de Linguagem GABARITO

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FIGURA DE LINGUAGEM
São recursos que tornam as mensagens que emitimos mais expressivas. Subdividem-se em: figuras de palavras, figuras de pensamento, figuras de construção e figuras de som.
FIGURA DE PALAVRA
Consiste na substituição de uma palavra por outra, ou seja, no emprego figurado e/ou simbólico. Por ter uma relação próxima (contiguidade), ou uma relação de associação, comparação (similaridade). 
METÁFORA
Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas através do que possamos compreender como semelhante. A metáfora é subjetiva e momentânea. Caso se cristalize, deixará de ser metáfora e passará a ser catacrese.
Ex.:
"Meu pensamento é um rio subterrâneo." (Fernando Pessoa)
Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar algum.
COMPARAÇÃO
É a desenvolturalidade de dois termos entre os quais existe alguma relação de semelhança, como na metáfora. A comparação, porém, é feita por meio de um conectivo (com, como, parecia, etc.) e busca realçar determinada qualidade do meio termo (como, tal, qual, assim, quanto, etc.).
Ex.: O mar canta como um canário
METONÍMIA 
A metonímia consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido.
Ex.:
1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.)
2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= As lâmpadas iluminam o mundo.)
3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da cruz. (= Não te afastes da religião.)
4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso havana. (= Fumei um saboroso charuto.)
5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócrates tomou veneno.)
6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que produzo.)
7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (= Bebeu todo o líquido que estava no cálice.)
8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás dos jogadores.)
9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressadamente. (= Várias pessoas passavam apressadamente.)
10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse mundo.)
11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram chamadas, não apenas uma mulher.)
12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (= Minha filha adora o iogurte que é da marca danone.)
13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Alguns astronautas foram à Lua.)
14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado.)
CATACRESE
Ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, toma-se outro "emprestado".
Ex.: Asa da xícara, batata da perna, pé da mesa, maçã do rosto, etc.
PERÍFRASE
Trata-se de uma expressão que designa um ser através de alguma de suas características ou atributos, ou de um fato que o celebrizou. Quando indica uma pessoa, recebe o nome de antonomásia.
Ex.: 
A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua atraindo visitantes do mundo todo.
O Divino Mestre (=Jesus Cristo) passou a vida praticando o bem.
SINESTESIA
Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
Ex.: 
Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = auditivo; áspero = tátil)
No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os acontecimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual)
FIGURAS DE PENSAMENTO
São recursos estilísticos para tornar nossa expressão mais contundente e provocar impacto no ouvinte ou leitor.
ANTÍTESE
Utilização de dois termos que contrastam entre si. O contraste que se estabelece serve, essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos que não se conseguiria com a exposição isolada dos mesmos.
Ex.:
O mito é o nada que é tudo. (Fernando Pessoa)
Quando um muro separa, uma ponte une.
Felicidade e tristeza tomaram conta de sua alma.
PARADOXO
Uma proposição aparentemente absurda, resultante da união de ideias contraditórias.
Ex.: Na reunião, o funcionário afirmou que o operário quanto mais trabalha mais tem dificuldades econômicas.
EUFEMISMO
Emprego de uma expressão mais suave para comunicar algo chocante ou desagradável.
Ex.:
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Senhor. (= morreu)
O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)
Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)
HIPÉRBOLE
O contrário do eufemismo, ou seja, a ideia exagerada de algo.
Ex.:
Faria isso milhões de vezes se fosse preciso.
"Rios te correrão dos olhos, se chorares." (Olavo Bilac)
IRONIA
Dizer o contrário do que se pretende. A ironia precisa ser muito bem construída, caso contrário pode passar uma ideia exatamente oposta à desejada pelo emissor.
Ex.: 
Como você foi bem na última prova, não tirou nem a nota mínima!
Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que estão por perto.
PROSOPOPEIA OU PERSONIFICAÇÃO
Atribuir ações ou qualidades de seres animados a seres inanimados, ou características humanas a seres não humanos.
Ex.:
As pedras andam vagarosamente.
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um cego que guia.
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra.
O vento fazia promessas suaves a quem o escutasse.
Chora, violão.
APÓSTROFE
Consiste na "invocação" de alguém ou de alguma coisa personificada. Realiza-se por meio do vocativo.
Ex.:
Moça, que fazes aí parada?
"Pai Nosso, que estais no céu..."
GRADAÇÃO
Dispor as ideias por meio de palavras, sinônimas ou não, em ordem crescente ou decrescente. 
Ex.:
"Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu amor". (Olavo Bilac)
"O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-se." (Padre Antônio Vieira)
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO OU SINTÁTICAS
Ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade ao significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela maior expressividade que se dá ao sentido.
ELIPSE
Consiste na omissão de um ou mais termos numa oração que podem ser facilmente identificados, tanto por elementos gramaticais presentes na própria oração, quanto pelo contexto.
Ex.:
A cada um o que é seu. (Deve se dar a cada um o que é seu.)
Tenho duas filhas, um filho e amo todos da mesma maneira. (Nesse exemplo, as desinências verbais de tenho e amo permitem-nos a identificação do sujeito em elipse "eu".)
Regina estava atrasada. Preferiu ir direto para o trabalho. (Ela, Regina, preferiu ir direto para o trabalho, pois estava atrasada.)
As rosas florescem em maio, as margaridas em agosto. (As margaridas florescem em agosto.)
ZEUGMA
Uma forma de elipse cujo termo foi mencionado anteriormente.
Ex.:
Ele gosta de geografia; eu, de português.
Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só móveis modernos.
Ela gosta de natação; eu, de vôlei.
No céu há estrelas; na terra, você.
SILEPSE
A silepse é a concordância que se faz com o termo que não está expresso no texto, mas sim com a ideia que ele representa.
Ex.: 
Silepse de gênero: Vossa excelência está preocupado. (Nesse exemplo, o adjetivo preocupado concorda com o sexo da pessoa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa excelência).
Silepse de número: Como vai com a turma? Estão bem? (“Estão” concorda com a ideia de pluralidade que está contida em “turma”).
Silepse de pessoa: Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins públicos. (Machado de Assis) (O verbo “somos” não concorda gramaticalmente com o sujeito “carioca”, mas com a ideia: nós, cariocas, somos...). 
POLISSÍNDETO / ASSÍNDETO
Polissíndeto: É uma figura caracterizada pela repetição enfática dos conectivos.
Ex.: "Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e morre." (Olavo Bilac)
Assíndeto: É uma figura caracterizada pela ausência, pela omissão das conjunções coordenativas.
Ex.: Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família.
PLEONASMO
Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as mesmas palavras ou não. Tem como finalidaderealçar a ideia, torná-la mais expressiva.
Ex.: O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo.
Obs.: O pleonasmo só tem razão de ser quando confere mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um pleonasmo vicioso.
Ex.:
Vi aquela cena com meus próprios olhos.
Vamos subir para cima.
ANÁFORA
É a repetição de uma ou mais palavras no início de várias frases, criando assim, um efeito de reforço e de coerência.
Ex.: 
"Se você gritasse
Se você gemesse,
Se você tocasse
a valsa vienense
Se você dormisse,
Se você cansasse,
Se você morresse...
Mas você não morre,
Você é duro José!"
(Carlos Drummond de Andrade)
ANACOLUTO
Consiste na mudança da construção sintática no meio da frase, ficando alguns termos desligados do resto do período.
Ex.: Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
HIPÉRBATO / INVERSÃO
É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da ordem direta dos termos da oração.
Ex.: São como cristais as palavras.
FIGURAS DE SOM
ALITERAÇÃO
Repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro significativo.
Ex,: Três pratos de trigo para três tigres tristes. 
ASSONÂNCIA
Repetição ordenada de sons vocálicos idênticos.
Ex.: “Sou um mulato nato no sentido lato / mulato democrático do litoral”.
ONOMATOPEIA
Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade.
Ex.: Tic-tac, tic-tac fazia o relógio da sala de jantar.
EXERCÍCIOS
QUESTÃO 1
Quando era novo, em Pringles, havia donos de automóveis que se gabavam, sem mentir, de tê-los desmontado “até o último parafuso” e depois montá-los novamente. Era uma proeza bem comum, e tal como eram os carros, então, bastante necessária para manter uma relação boa e confiável com o veículo. Numa viagem longa era preciso levantar o capô várias vezes, sempre que o carro falhava, para ver o que estava errado. Antes, na era heroica do automobilismo, ao lado do piloto ia mecânico, depois rebaixado a copiloto. [...] 
      Na realidade, os bricoleurs* de vila ou de bairro não se limitavam aos carros, trabalhavam com qualquer tipo de máquinas: relógios, rádios, bombas d´água, cofres. [...] Desnecessário dizer, assim, que desde que os carros vêm com circuitos eletrônicos, o famoso “até o último parafuso” perdeu vigência. 
      Houve um momento, neste último meio século, em que a humanidade deixou de saber como funcionavam as máquinas que utiliza. De forma parcial e fragmentária, sabem apenas alguns engenheiros dos laboratórios de Pesquisa e Desenvolvimento de algumas grandes empresas, mas o cidadão comum, por mais hábil e entendido que seja, perdeu a pista há muito. Hoje em dia usamos os artefatos tal como as damas de antigamente usavam os automóveis: como “caixas-pretas”, com um Input (apertar um botão) e um Output (desliga-se o motor), na mais completa ignorância do que acontece entre esses dois polos. 
      O exemplo do carro não é por acaso, acredito ter sido a máquina de maior complexidade até onde chegou o saber do cidadão comum. Até a década de 1950, antes do grande salto, quando ainda se desmontavam carros e geladeiras no pátio, circulava uma profusa bibliografia com tentativas patéticas de seguir o rastro do progresso. [...]
      Hoje vivemos num mundo de caixas-pretas. Ninguém se assusta por não saber o que acontece dentro do mais simples dos aparelhos de que nos servimos para viver. [...] 
      O que aconteceu com as máquinas é apenas um indício concreto do que aconteceu com tudo. A sociedade inteira virou uma caixa-preta. A complicação da economia, os deslocamentos populacionais, os fluxos de informação traçando caprichosas espirais num mundo de estatísticas contraditórias, acabaram por produzir uma cegueira resignada cuja única moral é a de que ninguém sabe “o que pode acontecer”; ninguém acerta os prognósticos, ou acerta só por casualidade. Antes isso acontecia apenas com o clima, mas à imprevisibilidade do clima o homem respondeu com civilização. Agora a própria civilização, dando toda a volta, se tornou imprevisível. 
(César Aira. In: Marco M. Chaga, org. Pequeno manual de procedimentos. Tradução: Eduardo Marquardt. Cuuritiba: Arte & Letra, 2007, p.49-51) 
* bricoleur: aquele que faz qualquer espécie de trabalho
Considere a oração “Hoje vivemos num mundo de caixas-pretas.”(5º§) para responder à questão.
A oração em questão tem sua expressividade estruturada por meio da seguinte figura de estilo: 
a) ironia.
b) comparação. 
c) eufemismo. 
d) metáfora. 
e) personificação. 
Leia o texto a seguir para responder as questões 2 e 3.
Texto I
O açúcar
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
dono da mercearia.
Este açúcar veio
De uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
Em lugares distantes, onde não há hospital
nem escola,
homens que não sabem ler e morrem de fome
aos 27 anos
plantaram e colheram a cana
que viraria açúcar.
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
GULLAR, Ferreira. Toda poesia (1950-1980). São Paulo: Círculo do Livro, 1983, p.227-228.
QUESTÃO 2
Em “Vejo-o puro/e afável ao paladar/como beijo de moça, água/na pele, flor” (v.5-8), combinam-se duas figuras de linguagem para tornar a linguagem ainda mais expressiva. São elas, respectivamente: 
a) hipérbole e metáfora.
b) personificação e metonímia.
c) sinestesia e símile.
d) ironia e eufemismo.
QUESTÃO 3
Na última estrofe do poema, estabelece-se uma relação antitética que está explicitada, expressivamente, através da seguinte classe gramatical: 
a) adjetivo.
b) substantivo.
c) verbo.
d) pronomes.
QUESTÃO 4
Texto 
      O menino parado no sinal de trânsito vem em minha direção e pede esmola. Eu preferia que ele não viesse. [...] Sua paisagem é a mesma que a nossa: a esquina, os meios-fios, os postes. Mas ele se move em outro mapa, outro diagrama. Seus pontos de referência são outros. 
      Como não tem nada, pode ver tudo. Vive num grande playground, onde pode brincar com tudo, desde que “de fora”. O menino de rua só pode brincar no espaço “entre” as coisas. Ele está fora do carro, fora da loja, fora do restaurante. A cidade é uma grande vitrine de impossibilidades. [...] Seu ponto de vista é o contrário do intelectual: ele não vê o conjunto nem tira conclusões históricas – só detalhes interessam. O conceito de tempo para ele é diferente do nosso. Não há segunda-feira, colégio, happy hour. Os momentos não se somam, não armazenam memórias. Só coisas “importantes”: “Está na hora do português da lanchonete despejar o lixo...” ou “estão dormindo no meu caixote...”[...] 
      Se não sentir fome ou dor, ele curte. Acha natural sair do útero da mãe e logo estar junto aos canos de descarga pedindo dinheiro. Ele se acha normal; nós é que ficamos anormais com a sua presença. 
(JABOR, A. O menino está fora da paisagem. O Estado de São Paulo, São Paulo, 14 abr. 2009. Caderno 2, p. D 10) 
Em “A cidade é uma grande vitrine de impossibilidades.”(2º§), para conferir expressividade ao seu texto, o autor faz uso da seguinte figura de estilo: 
a) metonímia. 
b) personificação. 
c) paradoxo. 
d) metáfora. 
QUESTÃO 5
O vencedor: uma visão alternativa
    Nos sete primeiros assaltos, Raul foi duramente castigado. Não era de espantar: estava inteiramente fora de forma. Meses de indolência e até de devassidão tinham produzido seus efeitos. O combativo boxeador de outrora, o homem que, para muitos, fora estrela do pugilismo mundial, estava reduzido a um verdadeiro trapo. O público não tinha a menor complacência com ele: sucediam-se as vaias e os palavrões.
    De repente, algo aconteceu. Caído na lona, depoisde ter recebido um cruzado devastador, Raul ergueu a cabeça e viu, sentada na primeira fila, sua sobrinha Dóris, filha do falecido Alberto. A menina fitava-o com o olhos cheios de lágrimas. Um olhar que trespassou Raul como uma punhalada. Algo rompeu-se dentro dele. Sentiu renascer em si a energia que fizera dele a fera do ringue. De um salto, pôs-se de pé e partiu como um touro para cima do adversário. A princípio o público não se deu conta do que estava acontecendo. Mas quando os fãs perceberam que uma verdadeira ressurreição se tinha operado, passaram a incentivá-lo. Depois de uma saraivada de golpes certeiros e violentíssimos, o adversário foi ao chão. O juiz procedeu à contagem regulamentar e proclamou Raul o vencedor.
    Todos aplaudiram. Todos deliraram de alegria. Menos este que conta a história. Este que conta a história era o adversário. Este que conta a história era o que estava caído. Este que conta a história era o derrotado. Ai, Deus. 
(SCLIAR, Moacyr. Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.58-59)
Observe os seguintes fragmentos:
“o homem que, para muitos, fora estrela do pugilismo mundial,”(1º§) 
“Um olhar que trespassou Raul como uma punhalada.” (2º§)
Sobre a linguagem figurada empregada, considere as seguintes afirmativas: 
I. No primeiro, percebe-se um exemplo de metáfora. 
II. Nos dois casos, nota-se uma espécie de comparação simbólica. 
III. Ocorre entre “olhar” e “punhalada” uma relação metonímica
Assim, é correto o que se diz:
a) Em todas as afirmativas.
b) Apenas em I e III.
c) Apenas em I e II.
d) Apenas em I.
QUESTÃO 6
Camelos e beija-flores... 
 (Rubem Alves) 
      A revisora informou delicadamente que era norma do jornal que todas as “estórias” deveriam ser grafadas como “histórias”. É assim que os gramáticos decidiram e escreveram nos dicionários. 
      Respondi também delicadamente: “Comigo não. Quando escrevo ‘estória’ eu quero dizer ‘estória’. Quando escrevo ‘história’ eu quero dizer ‘história’. Estória e história são tão diferentes quanto camelos e beija-fores...”
      Escrevi um livro baseado na diferença entre “história” e “estória”. O revisor, obediente ao dicionário, corrigiu minhas “estórias” para “história”. Confiando no rigor do revisor, não li o texto corrigido. Aí, um livro que era para falar de camelos e beija-flores, só falou de camelos. Foram-se os beija-flores engolidos pelos camelos... 
      Escoro-me no Guimarães Rosa. Ele começa o Tutameia com esta afirmação: “A estória não quer ser história. A estória, em rigor, deve ser contra a história.” 
      Qual é a diferença? É simples. Quando minha filha era pequena eu lhe inventava estórias. Ela, ao final, me perguntava: “Papai, isso aconteceu de verdade?” E eu ficava sem lhe poder responder porque a resposta seria de difícil compreensão para ela. A resposta que lhe daria seria: “Essa estória não aconteceu nunca para que aconteça sempre...” 
      A história é o reino das coisas que aconteceram de verdade, no tempo, e que estão definitivamente enterradas no passado. Mortas para sempre. [...] 
      Mas as estórias não aconteceram nunca. São invenções, mentiras. O mito de Narciso é uma invenção. O jovem que se apaixonou por sua própria imagem nunca existiu. Aí, ao ler o mito que nunca existiu eu me vejo hoje debruçado sobre a fonte que me reflete nos olhos dos outros. Toda estória é um espelho. [...] 
      A história nos leva para o tempo do “nunca mais”, tempo da morte. As estórias nos levam para o tempo da ressurreição. Se elas sempre começam com o “era uma vez, há muito tempo” é só para nos arrancar da banalidade do presente e nos levar para o tempo mágico da alma. 
      Assim, por favor, revisora: quando eu escrever “estória” não corrija para “história”. Não quero confundir camelos e beija-flores...
“A resposta que lhe daria seria: “Essa estória não aconteceu nunca para que aconteça sempre...”(5º§)
No último período, ocorre um jogo de palavras entre os advérbios explicitando a seguinte figura de linguagem
a) ironia. 
b) eufemismo. 
c) paradoxo. 
d) personificação. 
e) antítese. 
QUESTÃO 7
A mentirosa liberdade 
      Comecei a escrever um novo livro, sobre os mitos e mentiras que nossa cultura expõe em prateleiras enfeitadas, para que a gente enfie esse material na cabeça e, pior, na alma - como se fosse algodão-doce colorido. Com ele chegam os medos que tudo isso nos inspira: medo de não estar bem enquadrados, medo de não ser valorizados pela turma, medo de não ser suficientemente ricos, magros, musculosos, de não participar da melhor balada, de um clube mais chique, de não ter feito a viagem certa nem possuir a tecnologia de ponta no celular. Medo de não ser livres.
      Na verdade, estamos presos numa rede de falsas liberdades. Nunca se falou tanto em liberdade, e poucas vezes fomos tão pressionados por exigências absurdas, que constituem o que chamo a síndrome do “ter de”. Fala-se em liberdade de escolha, mas somos conduzidos pela propaganda como gado para o matadouro, e as opções são tantas que não conseguimos escolher com calma. Medicados como somos (a pressão, a gordura, a fadiga, a insônia, o sono, a depressão e a euforia, a solidão e o medo tratados a remédio), [...] a alegria, de tanta tensão, nos escapa. [...] 
      Parece que do começo ao fim passamos a vida sendo cobrados: O que você vai ser? O que vai estudar? Como? Fracassou em mais um vestibular? [...] Treze anos e ainda não ficou? [...] Já precisa trabalhar? Que chatice! E depois: Quarenta anos ganhando tão pouco e trabalhando tanto? E não tem aquele carro? Nunca esteve naquele resort? 
      Talvez a gente possa escapar dessas cobranças sendo mais natural, cumprindo deveres reais, curtindo a vida sem se atordoar. Nadar contra toda essa correnteza. Ter opiniões próprias, amadurecer ajuda. Combater a ânsia por coisas que nem queremos, ignorar ofertas no fundo desinteressantes, como roupas ridículas e viagens sem graça, isso ajuda. Descobrir o que queremos e podemos é um aprendizado, mas leva algum tempo: não é preciso escalar o Himalaia social nem ser uma linda mulher nem um homem poderoso. É possível estar contente e ter projetos bem depois dos 40 anos, sem um iate, físico perfeito e grande fortuna. Sem cumprir tantas obrigações fúteis e inúteis, como nos ordenam os mitos e mentiras de uma sociedade insegura, desorientada, em crise. Liberdade não vem de correr atrás de “deveres” impostos de fora, mas de construir a nossa existência, para a qual, com todo esse esforço e desgaste, sobra tão pouco tempo. Não temos de correr angustiados atrás de modelos que nada têm a ver conosco, máscaras, ilusões e melancolia para aguentar a vida, sem liberdade para descobrir o que a gente gostaria mesmo de ter feito. 
                                                                                             (LUFT, Lya. Veja, 25/03/09, adaptado)
A referência ao algodão-doce colorido, no primeiro período do texto, ilustra a expressividade da linguagem por meio da seguinte figura de estilo: 
a) metáfora 
b) eufemismo 
c) comparação 
d) hipérbole
e) personificação
QUESTÃO 8
Texto
   Há algum tempo venho afinando certa mania. Nos começos chutava tudo o que achava. [...] Não sei quando começou em mim o gosto sutil. [...]
  Chutar tampinhas que encontro no caminho. É só ver a tampinha. Posso diferenciar ao longe que tampinha é aquela ou aquela outra. Qual a marca (se estiver de cortiça para baixo) e qual a força que devo empregar no chute. Dou uma gingada, e quase já controlei tudo. [...] Errei muitos, ainda erro. É plenamente aceitável a ideia de que para acertar, necessárias pequenas erradas. Mas é muito desagradável, o entusiasmo desaparecer antes do chute. Sem graça.
  Meu irmão, tino sério, responsabilidades. Ele, a camisa; eu, o avesso. Meio burguês, metido a sensato. Noivo...
  - Você é um largado. Onde se viu essa, agora! [...]
  Cá no bairro minha fama andava péssima. Aluado, farrista, uma porção de coisas que sou e que não sou. Depois que arrumei ocupação à noite, há senhoras mães de família que já me cumprimentaram.Às vezes, aparecem nos rostos sorrisos de confiança. Acham, sem dúvida, que estou melhorando.
  - Bom rapaz. Bom rapaz.
  Como se isso estivesse me interessando...
Faço serão, fico até tarde. Números, carimbos, coisas chatas. Dez, onze horas. De quando em vez levo cerveja preta e Huxley. (Li duas vezes o “Contraponto” e leio sempre). [...] Dia desses, no lotação. A tal estava a meu lado querendo prosa. [...] Um enorme anel de grau no dedo. Ostentação boba, é moça como qualquer outra. Igualzinho às outras, sem diferença. E eu me casar com um troço daquele? [...] Quase respondi...
- Olhe: sou um cara que trabalha muito mal. Assobia sambas de Noel com alguma bossa. Agora, minha especialidade, meu gosto, meu jeito mesmo, é chutar tampinhas da rua. Não conheço chutador mais fino. 
(ANTONIO, João. Afinação da arte de chutar tampinhas. In: Patuleia: gentes de rua. São Paulo: Ática, 1996) 
Vocabulário: 
Huxley: Aldous Huxley, escritor britânico mais conhecido por seus livros de ficção científica. 
Contraponto: obra de ficção de Huxley que narra a destruição de valores do pós-guerra na Inglaterra, em que o trabalho e a ciência retiraram dos indivíduos qualquer sentimento e vontade de revolução. 
No terceiro parágrafo, no trecho “Ele, a camisa; eu, o avesso.”, foi empregado um recurso coesivo que confere expressividade ao texto. Trata-se da: 
a) elipse. 
b) anáfora.
c) catáfora.
d) repetição. 
e) sinonímia.

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