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divisão em quatro partes. Platão sugere que as partes não 
são divididas igualmente, mas mantendo uma mesma pro-
porção em cada divisão. Nem mesmo entre os especialistas 
há consenso sobre o sentido dessa desigualdade; para nós, 
é suficiente imaginar as quatro partes iguais.
Para cada uma dessas partes, Platão credita um certo 
tipo de objeto e um tipo de conhecimento apropriado a 
esse objeto. O primeiro tipo de objeto são as sombras e 
reflexos de objetos físicos, sendo o modo de conhecimento 
correspondente a eles a imaginação. Esses são os 
objetos com menor grau de realidade, e o conhecimento 
correspondente é o que possui menor grau de clareza. 
Conforme seguimos a linha, há uma gradação crescente 
em ambos os aspectos: os objetos de conhecimento 
se tornam mais reais que os anteriores, servindo como 
modelos dos quais os anteriores são cópias, e o tipo de 
conhecimento envolvido se torna também mais claro. Das 
sombras e reflexos, passamos aos objetos físicos em si, 
cujo conhecimento correspondente é a crença. Essas duas 
primeiras partes ainda se encontram na primeira grande 
divisão, que corresponde ao mundo sensível, sujeito à 
mudança e à destruição.
Os próximos objetos na escala de realidade e 
consequente clareza de conhecimento são os objetos 
matemáticos: números, formas, proporções. Ainda que eu 
possa desenhar um triângulo ou construir um objeto em 
forma triangular, minha representação do triângulo não é o 
triângulo. O nome que ele dá a esse tipo de conhecimento 
pode ser traduzido como “raciocínio”. O último grau na escala 
de realidade e de clareza é ocupado pelas ideias. Elas são o 
modelo copiado por todas as outras formas de existência, e 
apenas com respeito a elas é possível haver a forma mais clara 
de conhecimento. O objetivo último do projeto educacional 
que Platão propõe para os governantes é a possibilidade 
de alcançar este tipo de conhecimento, que ninguém pode 
ensinar diretamente, de forma que a cidade fosse governada 
por aqueles que fossem capazes de apreender diretamente 
as ideias de Justiça, Bondade e Harmonia, entre outras. Em 
resumo, Platão está propondo o governo do rei-filósofo.
A terceira alegoria trazida por Platão é, sem dúvida, 
a mais célebre de todas e talvez a parte mais conhecida 
de sua filosofia. Trata-se da Alegoria da Caverna, às 
vezes mais conhecida – de forma menos precisa – como 
o mito da caverna. Ela se inicia assim: imagine um grupo 
de prisioneiros vivendo no fundo de uma caverna. Eles 
sempre viveram aprisionados, de modo que não sabem o 
que existe lá fora, e estão acorrentados de tal forma que 
são forçados a olhar sempre para o fundo da caverna. A 
caverna vai ficando mais baixa conforme nos aproximamos 
do fundo. Próximo à entrada, existe uma fogueira, cuja luz 
se projeta no fundo da caverna formando uma espécie 
de tela de cinema. Às vezes, pessoas carregando objetos 
passam entre a fogueira e o fundo da caverna, sendo suas 
sombras projetadas no fundo e vistas pelos prisioneiros. 
Como eles nunca saíram da caverna nem sequer puderam 
olhar para trás, isto é, diretamente para a fogueira, eles 
acreditam que apenas existam sombras e, portanto, que 
elas produzem os sons que eles escutam.
Platão narra, então, o que acontece quando um dos pri-
sioneiros se liberta de suas correntes e sai da caverna, ainda 
que seja difícil e ele sinta seus olhos doerem ao se voltar 
para a luz. Ele passa por quatro etapas: primeiro olha para 
as pessoas com os objetos passando em frente à fogueira 
e compreende que elas são as causas das sombras que os 
prisioneiros veem; depois, olha para a fogueira e compreende 
que ela é a fonte da luz que permite que as sombras sejam 
produzidas e que ele agora enxergue essas coisas direta-
mente. A seguir, ele sai da caverna e vê os mesmos objetos 
que viu dentro da caverna, agora iluminados pela luz do Sol, e 
percebe que eles se apresentam de forma muito mais nítida. 
O último estágio é conseguir olhar diretamente para o Sol e 
compreender que a existência de todo o resto depende dele, 
assim como nossa capacidade de enxergar tudo.
Fig. 8 Ilustração grega da Alegoria da Caverna. As sombras parecem ser a 
realidade.
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Platão coloca, então, a pergunta: o que aconteceria se 
o prisioneiro regressasse à caverna e contasse aos seus 
colegas tudo o que viu? Será que eles acreditariam nele? 
Ou relutariam em aceitar que tudo o que conheceram até 
agora era uma parte muito pequena da realidade? A res-
posta de Sócrates (o personagem que relata as alegorias) 
é que eles o tratariam como louco e o matariam.
A interpretação mais comum sobre a Alegoria da 
Caverna é considerá-la uma imagem de nossa relação 
Objetos Estados da mente
Mundo 
inteligível
Mundo 
sensível
Ideias
Objetos 
matemáticos
Coisas 
visíveis
Imagens 
Raciocínio 
(dianoia)
Crença 
(pistis)
Imaginação 
(eikasia)
A
B
C
D
Inteligência (nóesis) 
ou conhecimento 
(episteme)
Fig. 7 Esquema que ilustra a Alegoria da Linha, de Platão.
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FILOSOFIA Capítulo 4 Platão 44
com o conhecimento. Devido à dificuldade de abandonar 
nossas certezas e empreender esse doloroso processo 
de aquisição do conhecimento, muitas pessoas rejeitarão 
qualquer incentivo para que elas também busquem 
mais conhecimento e preferirão desacreditar aqueles 
que o fazem. A Alegoria da Caverna seria, então, uma 
representação da busca pelo conhecimento e de suas 
dificuldades e, em algum sentido, da própria filosofia.
A Alegoria da Caverna nada mais é do que uma expli-
cação mais figurativa do que a Alegoria da Linha. O interior 
da caverna representa o mundo sensível, em que tudo é 
material e, portanto, sujeito à mudança, oferecendo-se ape- 
nas a uma forma limitada de conhecimento – iluminado 
apenas pela fogueira. O exterior representa o mundo in-
teligível, em que os objetos podem ser vistos muito mais 
claramente, sendo o Sol o ápice de tudo que podemos 
conhecer e responsável pela luz que torna todo o resto 
acessível aos nossos olhos. A primeira alegoria, que não 
mencionamos, faz justamente um paralelo entre o Sol e a 
ideia do Bem, considerada por Platão superior em relação 
a todas as outras ideias e causa de tudo que existe.
Ao final de A República, Platão inclui outra narrativa que 
se tornou também bastante conhecida: o Mito de Er. Este 
é um mito tradicional da cultura grega, mas é alterado e 
usado por Platão para explicar sua teoria da reminiscência. 
Conta Platão que, após a morte, quando as almas estão 
fazendo a travessia entre uma encarnação e outra, atra-
vessam um rio chamado Léthes, que, em grego, significa 
esquecimento. Nesse ponto da travessia, as almas estão 
com sede e bebem a água do rio – mas beber dessa água 
faz com que elas esqueçam o que aprenderam em sua vida 
anterior. Quanto mais água bebem, mais elas esquecem. 
Desse modo, aqueles que na vida anterior tenham se de-
dicado à filosofia, cultivado sua racionalidade e aprendido 
a resistir aos impulsos do corpo, beberão menos, e terão 
mais facilidade para recuperar o conhecimento das ideias 
em sua nova vida.
Os sofistas ameaçavam as tradições gregas não so-
mente por suas concepções éticas e políticas, mas também 
pela compreensão que traziam sobre a natureza e origem 
do universo. Para Platão, não só as implicações éticas deri-
vadas dessa visão de mundo são inaceitáveis, mas a própria 
concepção sobre a natureza. Segundo sua teoria, a nature-
za não está sujeita ao acaso cego, mas é produto de uma 
causa inteligente e moral. Em um diálogo de maturidade, 
o Timeu, Platão narra esse processo e dá nome ao criador 
deste mundo: o Demiurgo. O Demiurgo não cria o mundo 
do nada, mas o ordena a partir de um caos primordial e o 
faz contemplando as ideias.
Fig. 9 O Demiurgo, criador e ordenador do mundo material.
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1 UTFPR 2011 “Luta de gregos contra gregos, motivada 
pelo conflito de interesses econômicos e políticos entre 
Atenas e Esparta. O confronto entre esses dois blocos de 
cidades gregas se arrastou por 27 anos. Provocou a morte 
de milhares de civis e terminou com a derrota de Atenas 
e suas aliadas. Empobrecidas e desunidas por tantas guer-
ras prolongadas, as cidades gregas foram presa fácil para 
o poderoso exército de Filipe II, rei da Macedônia, que 
acabou por conquistar a Grécia, em 338 a.C.”
Estamos falando da Guerra:
A Greco-Pérsica.
b do Peloponeso.
C Púnica.
d Sassânida.
E Alexandrina.
2 UFU 2011 No pórtico da Academia de Platão, havia a se-
guinte frase: “não entre quem não souber geometria”. 
Essa frase reflete sua concepção de conhecimento: 
quanto menos dependemos da realidade empírica, 
mais puro e verdadeiro é o conhecimento tal como 
vemos descrito em sua Alegoria da Caverna.
“A ideia de círculo, por exemplo, preexiste a toda a 
realização imperfeita do círculo na areia ou na tábula re-
coberta de cera. Se traço um círculo na areia, a ideia que 
guia a minha mão é a do círculo perfeito. Isso não impede 
que essa ideia também esteja presente no círculo imperfeito 
que eu tracei. É assim que aparece a ideia ou a forma.”
JEANNIÈRE, Abel. Platão. Tradução de Lucy Magalhães. 
Rio de Janeiro: Zahar, 1995. 170 p.
O último livro de A República traz também um tema considerado 
bastante controverso na obra de Platão. Trata-se da expulsão dos 
poetas da cidade. O raciocínio de Platão é o seguinte: a arte é 
sempre imitação da realidade, ou melhor, da realidade aparente, 
que por sua vez é imitação das ideias. Assim, a arte nos deixaria 
ainda mais distantes da perfeição das ideias e do conhecimento 
delas. Além disso, a arte enfraqueceria nossa capacidade racional 
e nos tornaria mais sujeitos aos nossos impulsos, já que o controle 
da razão sobre eles diminuiria.
Saiba mais
Revisando
PV_2021_FIL_FU_CAP4.INDD / 07-09-2020 (16:26) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL PV_2021_FIL_FU_CAP4.INDD / 07-09-2020 (16:26) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL
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Com base nas informações apresentadas, assinale a 
alternativa que interpreta corretamente o pensamento 
de Platão.
A A Alegoria da Caverna demonstra, claramente, que 
o verdadeiro conhecimento não deriva do “mundo 
inteligível”, mas do “mundo sensível”.
b Todo conhecimento verdadeiro começa pela per-
cepção, pois somente pelos sentidos podemos 
conhecer as coisas tais quais são.
C Quando traçamos um círculo imperfeito, isto de-
monstra que as ideias do “mundo inteligível” não 
são perfeitas, tal qual o “mundo sensível”.
d As ideias são as verdadeiras causas e princípio 
de identificação dos seres; o “mundo inteligível” é 
onde se obtêm os conhecimentos verdadeiros.
3 UFSJ Na obra “O que é Filosofia”, de Caio Prado Júnior, 
“O Mundo das ideias”, para Platão, pode ser assim 
descrito:
A os dados da experiência são reflexos ou cópias ir-
retocáveis e perfeitas das ideias.
b todas as ideias que podemos registrar em nossa 
mente, em estado de vigília.
C um processo de construção do mundo sensível.
d o pensamento, a função pensante e a atividade ra-
cional do Homem.
4 Enem 2012 Para Platão, o que havia de verdadeiro em 
Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto 
de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma 
relação entre objeto racional e objeto sensível ou material 
que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. 
Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-
se em sua mente.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: 
Odysseus, 2012 (adaptado).
O texto faz referência à relação entre razão e sensa-
ção, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de 
Platão (427–346 a.C.). De acordo com o texto, como 
Platão se situa diante dessa relação?
A Estabelecendo um abismo intransponível entre as 
duas.
b Privilegiando os sentidos e subordinando o conhe-
cimento a eles.
C Atendo-se à posição de Parmênides de que razão 
e sensação são inseparáveis.
d Afirmando que a razão é capaz de gerar 
conhecimento, mas a sensação não.
E Rejeitando a posição de Parmênides de que a sen-
sação é superior à razão.
5 Uncisal 2011 Um dos textos mais consagrados da his-
tória da filosofia é a alegoria da caverna, escrito por 
Platão. Sobre esse texto, pode-se afirmar que
A se trata de uma obra religiosa que narra o encontro 
do filósofo com Deus.
b se trata de um texto que apresenta dimensões pe-
dagógicas, filosóficas e políticas.
C seu percurso narra o aprisionamento do filósofo, 
que perde a liberdade de que desfrutava e passa a 
viver solitário em uma caverna.
d o texto exalta a importância dos sofistas para o co-
nhecimento filosófico.
E o texto pressupõe a identificação do conhecimento 
filosófico com o senso comum.
6 UFSC 2019 Em relação ao mito da caverna de Platão, é 
correto afirmar que:
01 as sombras projetadas na parede da caverna 
representam meras opiniões, consideradas erro-
neamente pelos prisioneiros como conhecimento.
02 apesar de estarem acorrentados, os prisioneiros 
conseguem ter plena clareza quanto à realidade 
existente fora da caverna.
04 simboliza o sofrimento e o anseio da libertação dos 
escravos na Atenas do século IV a.C.
08 o interior da caverna representa o mundo da igno-
rância e o exterior da caverna representa o mundo 
do conhecimento.
16 o prisioneiro que consegue se libertar volta à ca-
verna para compartilhar o conhecimento adquirido 
fora dela, embora seja ridicularizado pelos demais 
prisioneiros.
32 os prisioneiros que permanecem na caverna pos-
suem mais conhecimento do que o prisioneiro 
libertado.
64 quando retorna à caverna, aquele que conseguiu 
se libertar dos grilhões é bem recebido por seus 
antigos companheiros, que o veem como um sábio 
que irá libertá-los.
Soma: 
7 UEG 2019 Considerando a história contada por Platão 
no livro VII da República, mais conhecida como Mito 
da Caverna, podemos deduzir que:
A o homem, apesar de nascer bom, puro e de posse 
da verdade, pode desviar-se e passar a acreditar 
em outro mundo mais perfeito de puras ideias.
b não podemos confiar apenas na razão, pois so-
mente guiados pelos sentimentos e testemunhos 
dos sentidos poderemos alcançar a verdade.
C a caverna, na alegoria platônica, representa tudo 
aquilo que impede o surgimento da consciência 
filosófica, que possibilitaria uma ascensão para o 
mundo inteligível.
d a razão deve submeter-se aos testemunhos dos 
sentidos, pois a verdade que está no mundo 
inteligível só será atingida mediante a sensibilidade.
E os homens devem se libertar da crença na 
existência em outro mundo e buscar resolver seus 
conflitos aprofundando-se em sua interioridade.
PV_2021_FIL_FU_CAP4.INDD / 07-09-2020 (16:26) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL PV_2021_FIL_FU_CAP4.INDD / 07-09-2020 (16:26) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL

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