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Livro- Texto - Unidade II

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57
FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA E EDUCAÇÃO
O PROBLEMA DO CONHECIMENTO
5 A TEORIA DO CONHECIMENTO NA ANTIGUIDADE E NA IDADE MÉDIA
Como foi abordado anteriormente, o problema sobre o conhecimento sempre preocupou o ser 
humano, mesmo quando ele não tinha plena consciência dessa atividade. Encontramos no pensamento 
mítico a primeira tentativa de ordenar o caos, de dar uma explicação para o mundo. 
Os filósofos, posteriormente conhecidos como pré-socráticos, partem do pressuposto básico 
de que todo o existente deriva de uma matéria primeira já existente e não questionam a origem 
dessa matéria primeira, justamente para não caírem em um circulus vitiosus sem fim. Cada qual 
ao seu modo busca dar uma explicação racional para o existente. A cosmogonia mítica vai sendo 
aos poucos substituída por uma cosmologia racional. O problema que unifica todo o período que 
ficou conhecido como cosmológico é a busca de explicar de onde vêm todas as coisas, ou seja, 
qual é a matéria primordial, a arché, que dá origem a todas as outras coisas existentes: pedra, 
flor, madeira, animal etc.? De onde vem tudo isso? Vimos que o mérito desses primeiros filósofos 
foi buscar uma explicação racional parta o existente e não simplesmente aceitar aquilo que a 
tradição mítica transmitia.
5.1 Platão 
Figura 20 – Platão. Detalhe de Escola de Atenas. Rafael 
Disponível em: https://bit.ly/3lov7VC. Acesso em: 13 set 2014.
Unidade II
58
Unidade II
Para Platão, a definição das coisas está condicionada ao princípio de identidade e permanência. Ou 
seja, uma coisa é aquilo que é e não outra, e deve ser sempre do mesmo modo. No mundo sensível isso 
não é possível, já que ele é múltiplo e em constante mutação. Na visão de Platão, este é o mundo das 
aparências, das sombras, mera cópia do mundo das ideias, do mundo real. A verdade encontra-se no 
mundo das ideias, idêntico e permanente, regido pelo conhecimento. Para atingir esse mundo das ideias, 
é necessário depurar os sentidos dos enganos e erros e, por meio do exercício filosófico, ir ascendendo 
até a verdade.
Assim, para Platão, o mundo sensível é o nosso mundo material de cópias, de aparências, um 
mundo imperfeito, em constante mutação. Já o mundo inteligível, é o mundo imaterial das ideias. 
Este é perfeito e imutável. 
Vamos ver agora um texto que ilustra a concepção platônica sobre o processo do conhecimento. 
Trata-se da Alegoria ou mito da caverna, que se encontra no seu livro A república. A passagem que 
veremos a seguir foi recontada por Marilena Chaui.
Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração 
após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus 
pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer 
sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para frente, não podendo 
girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna 
permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na 
semiobscuridade, enxergar o que se passa no interior.
A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela 
e os prisioneiros – no exterior, portanto – há um caminho ascendente ao 
longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de 
um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam 
estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas 
as coisas.
Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros 
enxergam na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas 
transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens 
que as transportam.
Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras 
vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, 
nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há 
outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que 
enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda 
luminosidade possível é a que reina na caverna.
59
FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA E EDUCAÇÃO
Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? 
Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda 
a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e 
a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a 
caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o 
caminho ascendente, nele adentraria.
Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na 
verdade é a luz do sol e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, 
acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as 
estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, 
descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens 
(as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente 
agora está contemplando a própria realidade.
Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, 
ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria 
libertá-los.
Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam 
dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem 
silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e se, 
mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair 
da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas, quem sabe, alguns 
poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidissem 
sair da caverna rumo à realidade.
O que é a caverna? O mundo em que vivemos. Que são as sombras das 
estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos. Quem é 
o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a luz 
exterior do sol? A luz da verdade. O que é o mundo exterior? O mundo das 
ideias verdadeiras ou da verdadeira realidade. Qual o instrumento que 
liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? 
A dialética. O que é a visão do mundo real iluminado? A Filosofia. Por 
que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão 
está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembleia 
ateniense)? Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o 
único verdadeiro (CHAUI, 1997, p. 40). 
Exemplo de aplicação
Por que aquele que sai da caverna pode ser chamado de filósofo? Reflita.
60
Unidade II
Conforme foi abordado anteriormente, para Platão, o mundo sensível é o nosso mundo material, é 
o mundo das aparências, que é múltiplo, mutável – regido pela doxa (opinião). Já o mundo das ideias é 
idêntico e permanente, regido pela episteme (conhecimento). Dessa forma, é necessário sair do mundo 
das aparências e ascender até o mundo verdadeiro das ideias. 
Para Platão, é necessário lembrar-se das verdades contempladas, mas esquecidas. Para ilustrar 
sua teoria, Platão recorre ao mito de Er, que se encontra no livro X de A república. Platão nos conta, 
pela boca de Sócrates, que Er era armênio, natural da Panfília, e morrera em uma batalha. Após 
dez dias, encontraram seu corpo, e o mesmo estava intacto. Levado para os funerais, Er ressuscitou 
e relatou o que viu no reino dos mortos. Segundo Er, as almas contemplam as ideias verdadeiras 
enquanto aguardam o momento de reencarnarem para se purificarem dos erros do passado. Após 
escolherem como querem reencarnar, devem voltar para o mundo sensível. No retorno à Terra, devem 
atravessar o rio Letes, que é o rio do esquecimento. Como atravessam uma região muito quente, 
sentem muita sede. Dessa forma, aquelas que bebem muita água do rio Letes esquecem todas as 
verdades contempladas. Daí que conhecer implica recordar o que já se sabe, mas foi esquecido. Vamos 
ver a seguir um trecho desse mito.
Platão – Er e a visão do outro mundo
Er, filho de Armênio, originário de Panfília. Ele morrera numa batalha; 
dez dias depois, quando recolhiam os cadáveres já putrefatos, o seu foi 
encontrado intacto. Levaram-no para casa, a fim de o enterrarem, mas, ao 
décimo segundo dia,quando estava estendido na pira, ressuscitou. Assim 
que recuperou os sentidos, contou o que tinha visto no além.
[...]
O espetáculo das almas que escolhem a sua condição, acrescentava Er, valia 
a pena ser visto, porque era digno de dó, ridículo e estranho. Com efeito, 
era segundo os hábitos da vida anterior que, a maioria das vezes, faziam a 
sua escolha. Ele dizia ter visto a alma que foi um dia a de Orfeu escolher 
a vida de um cisne, porque, por ódio ao sexo que lhe dera a morte, não 
queria nascer de uma mulher. Tinha visto a alma de Tâmiras escolher a vida 
de um rouxinol, um cisne trocar a sua condição pela do homem e outros 
animais canoros fazerem o mesmo. A alma chamada em vigésimo lugar a 
escolher optou pela vida de um leão: era a de Ajax, filho de Télamon, que 
não queria voltar a nascer no estado de homem, pois não tinha esquecido o 
julgamento das armas. A seguinte era a alma de Agamenon; tendo também 
aversão pelo gênero humano, por causa das desgraças passadas, trocou a sua 
condição pela de uma águia. A alma de Atalanta, estando junto com as que 
tinham obtido uma situação intermediária, considerando as grandes honras 
prestadas aos atletas, não pôde ir mais além e escolheu-as. Em seguida, viu 
a alma de Epeio, filho de Panopeu, passar à condição de mulher perita, e, 
ao longe, nas últimas filas, a do bobo Tersites revestir-se da forma de um 
61
FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA E EDUCAÇÃO
macaco. Por fim, a alma de Ulisses, a quem a sorte fixara o último lugar, 
adiantou-se para escolher; despojada da sua ambição pela lembrança das 
fadigas passadas, andou muito tempo à procura da condição tranquila de 
um homem comum. Com certa dificuldade, descobriu uma que jazia a um 
canto, desdenhada pelos outros; e, quando a viu, disse que não teria agido de 
maneira diferente se a sorte a tivesse chamado em primeiro lugar e, alegre, 
escolheu-a. De igual modo os animais passavam à condição humana ou à 
de outros animais, os injustos nas espécies ferozes, os justos nas espécies 
domesticadas; faziam-se assim cruzamentos de todas as espécies. 
Depois que todas as almas escolheram a sua vida, avançaram para Láquesis 
pela ordem que a sorte lhes fixara. Esta deu a cada uma o gênio que tinha 
preferido, para lhe servir de guardiã durante a existência e realizar o seu 
destino. O gênio conduzia-a primeiramente a Cloto e, fazendo-a passar por 
baixo da mão desta e sob o turbilhão do fuso em movimento, ratificava o 
destino que ela havia escolhido. Depois de ter tocado o fuso, levava-a para 
a trama de Átropo, para tomar irrevogável o que tinha sido fiado por Cloto; 
então, sem se voltar, a alma passava por baixo do trono da Necessidade; 
e, quando todas chegaram ao outro lado, dirigiram-se para a planície do 
Letes, passando por um calor terrível que queimava e sufocava, pois esta 
planície está despida de árvores e de tudo o que nasce da terra. Ao anoitecer, 
acamparam nas margens do rio Ameles, cuja água nenhum vaso pode conter. 
Cada alma é obrigada a beber uma certa quantidade dessa água, mas as que 
não usam de prudência bebem mais do que deviam. Ao beberem, perdem 
a memória de tudo. Então, quando todas adormeceram e a noite chegou à 
metade, um trovão se fez ouvir, acompanhado de um tremor de terra, e as 
almas, cada uma por uma via diferente, lançadas de repente nos espaços 
superiores para o lugar do seu nascimento, faiscaram como estrelas. Quanto a 
ele, dizia Er, tinham-no impedido de beber a água; contudo, ele não sabia por 
onde nem como a sua alma se juntara ao corpo: abrindo de repente os olhos, 
ao alvorecer, vira-se estendido na pira. 
E foi assim, Glauco, que o mito foi salvo do esquecimento e não se perdeu, e 
pode salvar-nos, se lhe prestarmos fé; então atravessaremos com facilidade 
o Letes e não mancharemos a nossa alma. Portanto, se acreditas em mim, 
crendo que a alma é imortal e capaz de suportar todos os males, assim 
como todos os bens, nos manteremos sempre na estrada ascendente e, de 
qualquer maneira, praticaremos a justiça e a sabedoria. Assim estaremos 
de acordo conosco e com os deuses, enquanto estivermos neste mundo e 
quando tivermos conseguido os prêmios da justiça, como os vencedores que 
se dirigem à assembleia para receberem os seus presentes. E seremos felizes 
neste mundo e ao longo da viagem de mil anos que acabamos de relatar 
(PLATÃO, 1997, p. 352).
62
Unidade II
5.2 Aristóteles
Figura 21 – Aristóteles. Cópia de Lysippus
Disponível em: https://bit.ly/3k7uJvl. Acesso em: 13 set 2014.
Já Aristóteles, que foi discípulo de Platão, posteriormente irá criticar seu mestre em relação ao 
processo de conhecimento. Aristóteles não concorda com o dualismo platônico e reabilita a importância 
dos sentidos no processo de conhecimento. Vamos ver um trecho de sua obra Metafísica:
Por natureza, todos os homens desejam o conhecimento. Uma indicação disso 
é o valor que damos aos sentidos; pois, além de sua utilidade, são valorizados 
por si mesmos e, acima de tudo, o da visão. Não apenas com vistas à ação, 
mas, mesmo quando não se pretende ação alguma, preferimos a visão, em 
geral, a todos os outros sentidos. A razão disso é que a visão é, de todos eles, 
o que mais nos ajuda a conhecer as coisas, revelando muitas diferenças. 
[...] É pela memória que os homens adquirem experiência, porque as 
inúmeras lembranças da mesma coisa produzem finalmente o efeito de 
uma experiência única. A experiência parece muito semelhante à ciência e 
à arte, mas na verdade é pela experiência que os homens adquirem ciência 
e arte; pois, como diz Polo com razão, “a experiência produz arte, mas a 
inexperiência produz o acaso”. A arte se produz quando, a partir de muitas 
noções da experiência, se forma um juízo universal a respeito de objetos 
semelhantes (MARCONDES, 2000, p. 43).
Dessa forma, Aristóteles concebe o conhecimento como um processo linear e cumulativo, que 
tem início com as impressões sensíveis e pode desenvolver-se até o conhecimento abstrato mais 
geral. O conhecimento tem início com a experiência sensível, e esta, unida à memória, produz 
um conhecimento de experiência, ou seja, um conhecimento do tipo “saber fazer”. Acima deste, 
63
FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA E EDUCAÇÃO
está a arte (técnica), um conhecimento das regras, ou seja, sabe-se o “porquê das coisas”. Depois 
deste, temos o conhecimento da teoria (ciência), é um conhecimento mais abstrato e genérico, 
desvinculado da prática, conhecem-se as leis da natureza e os princípios gerais. E acima deste, 
ainda, temos a sabedoria (filosofia), é o conhecimento mais abrangente e global, é o conhecimento 
das causas primeiras e universais.
Exemplo de aplicação
Qual a relação entre o conhecimento de experiência e a memória? Reflita.
5.3 A filosofia medieval: patrística e escolástica 
A Idade Média abrange o período entre o século V (queda do Império Romano do ocidente) 
e o século XV (queda do Império Romano do oriente, quando Constantinopla foi tomada pelos 
turcos). A Igreja Católica nasce dentro do Império Romano e, a princípio, é proibida e perseguida, 
mas paulatinamente vai se fortalecendo até se tornar a religião oficial do Império. Com a crise 
do Império Romano, a Igreja Católica emerge como a principal força aglutinadora em um mundo 
fragmentado pelas invasões bárbaras. A Igreja desponta como a grande herdeira do patrimônio 
cultural da antiguidade clássica. Ela é detentora da escrita e do conhecimento, e, nos mosteiros, 
encontram-se abrigadas as grandes bibliotecas. Dessa forma, a Igreja Católica se torna a detentora 
da força espiritual e política do período. Uma das principais questões discutidas nesse tempo é a 
relação entre teologia e filosofia, ou seja, entre fé e razão.
Figura 22 – Retrato de Santo Agostinho (Anônimo)
Disponível em: https://bit.ly/3EcebKL. Acesso em: 13 set 2014.
64
Unidade II
No período de decadência do Império Romano, quando o cristianismo se 
expande, a partir do século II – portanto ainda na Antiguidade –, surge a 
filosofia dos Padres da Igreja, conhecidatambém como patrística. No esforço 
de converter os pagãos, combater as heresias (doutrinas que se opõem aos 
dogmas da Igreja) e justificar a fé, desenvolvem a apologética, elaborando 
textos de defesa do cristianismo. A aliança entre fé e razão estende-se 
por toda Idade Média: a razão é auxiliar da fé e a ela subordinada. Daí a 
expressão agostiniana “Credo ut intelligam”, que significa “Creio para que 
possa entender”.
Os padres recorrem inicialmente à filosofia platônica por intermédio do 
neoplatonismo de Plotino (204-270) e realizam uma grande síntese com 
a doutrina cristã, adaptando o pensamento pagão. O principal nome da 
patrística é Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona, cidade do norte 
da África. Agostinho retoma a dicotomia platônica “mundo sensível e mundo 
das ideias”, mas substitui este último pelas ideias divinas. Segundo a teoria 
da iluminação, recebemos de Deus o conhecimento das verdades eternas: 
tal como o Sol, Deus ilumina a razão e torna possível o pensar correto.
[...] A partir do século IX, desenvolve-se a escolástica, filosofia cristã que 
atinge seu apogeu no século XIII, com Santo Tomás de Aquino. Nesse período 
continua a aliança entre razão e fé, em que a razão é sempre considerada a 
“serva da teologia”.
[...] Santo Tomás de Aquino (1225-1274) utiliza traduções de Aristóteles 
feitas diretamente do grego e faz a síntese mais fecunda da escolástica, que 
será conhecida como filosofia aristótelico-tomista.
Embora continuasse a valorizar a fé como instrumento do conhecimento, 
Tomás de Aquino, devido à influência aristotélica, nem por isso desconsidera 
a importância do conhecimento natural. Se a razão não pode conhecer, por 
exemplo, a essência de Deus, pode, no entanto, demonstrar sua existência 
ou a criação divina do mundo. Além disso, tal como Aristóteles, Aquino 
reconhece a participação dos sentidos e do intelecto: o conhecimento 
começa pelo contato com as coisas concretas, passa pelos sentidos internos 
da fantasia ou da imaginação até a apreensão de formas abstratas. Dessa 
forma, o conhecimento processa um salto qualitativo ao partir da apreensão 
da imagem, que é concreta e particular, até a elaboração da ideia, que é 
abstrata e universal (ARANHA, 2003, p. 126).
65
FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA E EDUCAÇÃO
Figura 23 – Santo Tomás. De Jusepe Martínez
Disponível em: https://bit.ly/3EfaF27. Acesso em: 13 set 2014.
Exemplo de aplicação
Por que durante a Idade Média a filosofia se torna serva da teologia? Reflita.
 Saiba mais
Alguns filmes que podem propiciar uma inter-relação com os conteúdos 
da unidade:
The Matrix. Dir. Wachowski Brothers, 136 minutos, 1999 (primeiro filme 
da série).
Santo Agostinho. Dir. Roberto Rossellini, 115 minutos, 1972.
O nome da rosa. Dir. Jean-Jacques Annaud, 131 minutos, 1986.
Sugestões de leitura
PLATÃO. A república. Tradução de Enrico Corvisieri. São Paulo: Nova 
Cultural, Livro VII, 1997.
FARIA, M. do C. B. de. Aristóteles: a plenitude como horizonte do ser. 
São Paulo: Moderna, 2006, (Coleção Logos).
66
Unidade II
6 A TEORIA DO CONHECIMENTO NA IDADE MODERNA
Figura 24 – Francis Bacon
Disponível em: https://bit.ly/3huweSC. Acesso em: 13 set 2014.
Mas, afinal, o que vem a ser o conhecimento? O processo de conhecimento pressupõe um sujeito 
que deseja conhecer e um objeto a ser conhecido. Mas existe um objeto independente do sujeito? O 
sujeito é ativo nesse processo ou o sujeito é passivo?
Se na Idade Antiga e na Idade Média se têm diferentes explicações para o conhecimento, não se 
tem como problema, como dúvida, a capacidade humana em conhecer. As transformações trazidas no bojo 
do Renascimento – antropocentrismo, heliocentrismo, tendência à laicização do saber, individualismo – 
levarão pensadores do século XVII a questionar a própria capacidade humana de conhecer. Qual o 
método adequado para adquirir conhecimento? Como garantir que o conhecimento obtido é de fato 
verdadeiro? Se a preocupação anterior era uma preocupação metafísica do conhecimento do ser 
enquanto ser, agora há uma preocupação epistemológica de como se processa o conhecimento do 
ser. O problema deixa de ser o existente em si, para se colocar no sujeito cognoscente, que conhece 
o existente.
 Observação
Antropocentrismo: forma de pensamento [...], que atribui ao ser 
humano uma posição de centralidade em relação a todo o universo [...] 
(Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa).
Heliocêntrico: que tem o Sol como centro (Dicionário Eletrônico Houaiss 
da Língua Portuguesa).
67
FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA E EDUCAÇÃO
As principais correntes que, na Idade Moderna, buscam explicar o processo de conhecimento 
na relação sujeito e objeto são a do racionalismo e a do empirismo. Os racionalistas têm seu grande 
representante em Descartes. De um modo geral, priorizam a razão no processo de conhecimento 
e aceitam a existência de ideias inatas, independentes da experiência. Já os empiristas, entre eles 
Bacon, Locke, Hume, enfatizam o importante papel da experiência sensível para a aquisição do 
conhecimento. Não aceitam a tese das ideias inatas ou de um conhecimento independente ou 
anterior à experiência. Vejamos dois representantes dessas correntes, René Descartes e John Locke.
 Observação
Laicizar: tornar laico, subtrair à influência religiosa; dar caráter, estatuto 
laico, não confessional a (instituição governamental, administrativa); laicificar 
(Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa).
6.1 O racionalismo
O filósofo René Descartes relata, em Discurso do método, que, após o término de seus estudos 
no renomado colégio europeu La Fleche, concluiu decepcionado que não foi possível adquirir um 
“conhecimento claro e seguro” das coisas necessárias para a vida. Apesar do contato com excelentes 
mestres e do acesso a todo conhecimento científico produzido até então, Descartes julgava que se 
encontrava, ainda, envolvido por muitas dúvidas e erros. 
Figura 25 – Retrato de René Descartes. De Frans Hals 
Disponível em: https://bit.ly/390IxS6. Acesso em: 13 set 2014.
68
Unidade II
 Dessa forma, como o objetivo de René Descartes é obter um conhecimento verdadeiro, no qual 
não reste nenhuma possibilidade de incerteza, passa a utilizar a dúvida como método, levando esta às 
últimas consequências. Duvida do senso comum, dos sentidos, que às vezes enganam, dos raciocínios, 
dos pensamentos, enfim, de tudo o que havia entrado no seu espírito até então. Entretanto, por mais 
que duvidasse de tudo, não podia duvidar de que ele que duvidava não fosse alguma coisa, ou seja, no 
mínimo algo que duvida, algo que pensa.
E, notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa 
que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes 
de a abalar, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulo, como o primeiro 
princípio da filosofia que procurava (DESCARTES, 1983, p. 46).
Descartes estabelece, assim, o primeiro princípio de sua filosofia, a certeza de sua existência, de 
que é um ser que pensa e não uma mera ilusão. Também conclui que por duvidar é um ser imperfeito, 
enquanto que o conhecimento é um atributo de maior perfeição. Donde só poderia ter aprendido a 
pensar de algo mais perfeito, ou seja, de Deus. Deus é a causa para explicar a existência de um ser 
menos perfeito. Pois a criação não é superior ao criador, e aquela traz sempre impressa a marca deste.
Mas qual a garantia de que esse ser pensante vê o mundo tal qual como é? De que os objetos das 
ideias claras e distintas são de fato reais? De que os pensamentos que temos quando sonhamos são 
menos verdadeiros que aqueles que temos em vigília?
Para Descartes, a resposta para essas questões encontra-se em Deus. Deus, sendo perfeito, tem como 
atributo a existência e a bondade, por isso não engana. Daí segue que tudo que concebemos clara e 
distintamente é verdadeiro.
Portanto, a razão pode conhecer o mundo, por meio de um método de pensamento que contenha 
ideias claras e distintas. E Deus, sendo perfeito e bom,logo não enganador, dá a garantia de que essas ideias 
são verdadeiras.
Assim, o racionalismo cartesiano se apoia na prova ontológica de Deus, na existência de um Deus 
bom, não enganador. Descartes em Meditações retoma essa questão e afirma que Deus também é a 
garantia de que algumas ideias que temos são verdadeiras. “Ora, destas ideias, umas me parecem ter 
nascido comigo, outras ser estranhas e vir de fora, e outras ser feitas e inventadas por mim mesmo” 
(1983, p. 102). As ideias inatas são aquelas que já nascem com a pessoa. Elas não resultam de uma 
experiência sensorial com as coisas, ou seja, não tiveram origem fora do indivíduo, tampouco resultam 
da própria fantasia e imaginação, pois também não foram compostas por ideias vindas da experiência. 
As ideias matemáticas, as ideias geométricas, a ideia de infinito etc. são exemplos, para Descartes, de 
ideias inatas. Essas ideias têm origem em Deus, ou seja, é o criador que coloca essas ideias nos seres 
racionais; dessa forma, são inatas e verdadeiras.
69
FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA E EDUCAÇÃO
6.2 O empirismo
Figura 26 – John Locke. De Godfrey Kneller 
Disponível em: https://bit.ly/3z5vtoZ. Acesso em: 13 set 2014.
Jonh Locke, em seu Ensaio acerca do entendimento humano, critica a teoria das ideias inatas de 
Descartes. Ele concebe que a alma é como uma lousa sem inscrições, como uma lousa em branco, e, dessa 
forma, o processo de conhecimento só se inicia na relação com os objetos, na experiência sensível.
Vamos ver um trecho de um texto do próprio Locke sobre esse assunto.
Suponhamos que a mente é, como dissemos, um papel em branco, desprovida 
de todos os caracteres, sem quaisquer ideias; como será suprida? De onde lhe 
provém este vasto estoque, que a ativa e que a ilimitada fantasia do homem 
pintou nela com uma variedade quase infinita? De onde apreende todos 
os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo, numa palavra, 
da experiência. Todo nosso conhecimento está nela fundado, e dela deriva 
fundamentalmente o próprio conhecimento. Empregada tanto nos objetos 
sensíveis externos como nas operações internas de nossas mentes, que são 
por nós mesmos percebidas e refletidas, nossa observação supre nossos 
entendimentos com todos os materiais do pensamento. Dessas duas fontes 
de conhecimento jorram todas as nossas ideias, ou as que possivelmente 
teremos (LOCKE, 1973, p. 165).
Para Locke, a experiência sensível, a experiência com o mundo material exerce um papel fundamental 
na aquisição do conhecimento. Enquanto Descartes enfatiza o papel do sujeito no processo de 
conhecimento, Locke enfatiza o papel da experiência sensível nesse processo. 
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Unidade II
6.3 O criticismo kantiano1
Figura 27 – Immanuel Kant 
Disponível em: https://bit.ly/2VCW9jg. Acesso em: 13 set 2014.
O filósofo Immanuel Kant afirma ter realizado uma espécie de “inversão copernicana” com o 
conhecimento. E o que isso significa? Por “inversão copernicana”, deve-se entender a transformação 
realizada por Kant na epistemologia, semelhante à transformação realizada por Nicolau Copérnico na 
concepção do Universo. A concepção de Universo aceita até Copérnico era a geocêntrica. Essa concepção 
defendia a tese de que a Terra encontrava-se no centro do Universo e que o Sol, a Lua e os demais planetas 
giravam ao seu redor. A teoria proposta por Copérnico no século XVI provoca uma verdadeira revolução 
no modelo tradicional geocêntrico aceito até então. Na teoria heliocêntrica de Copérnico, a Terra perde 
seu lugar privilegiado na hierarquia do sistema, e o Sol passa a ocupar o seu lugar. Kant denominou o 
que realizou de uma espécie de “inversão copernicana” no campo epistemológico. O problema sobre a 
origem do conhecimento era respondido até o século XVIII por duas principais teorias: a do racionalismo 
e a do empirismo. Conforme vimos, os racionalistas, de um modo geral, priorizam a razão no processo 
do conhecimento e aceitam a existência de ideias inatas, independentes da experiência. Já os empiristas, 
de um modo geral, enfatizam o papel da experiência sensível para aquisição do conhecimento. O 
conhecimento depende e resulta da soma e associação das sensações exteriores na percepção, ou seja, o 
sujeito na aquisição do conhecimento tem uma relação passiva com o mundo. Porém, segundo Kant, as 
investigações sobre o conhecimento não devem partir dos objetos do conhecimento, mas sim da própria 
razão que produz o conhecimento. Assim como Copérnico colocou o Sol no centro do sistema, Kant 
coloca a razão no centro das investigações, para que primeiro fosse examinado como se processa e se 
fundamenta o conhecimento e o que é possível conhecer. Segundo expõe Kant, no prefácio da segunda 
edição da sua Crítica da razão pura,
1 O texto deste item foi extraído do capítulo 1 de Fernandes (2006).
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FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA E EDUCAÇÃO
até hoje se admitia que o nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; 
porém, todas as tentativas para descobrir a priori, mediante conceitos, algo 
que ampliasse o nosso conhecimento, malogravam-se com este pressuposto. 
Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas 
da metafísica, admitindo que os objectos se deveriam regular pelo nosso 
conhecimento, o que assim já concorda melhor com o que desejamos, a saber, 
a possibilidade de um conhecimento a priori desses objectos; que estabeleça 
algo sobre eles antes de nos serem dados. Trata-se aqui de uma semelhança 
com a primeira ideia de Copérnico; não podendo prosseguir na explicação dos 
movimentos celestes enquanto admitia-se que toda a multidão de estrelas se 
movia em torno do espectador, tentou ver se não daria melhor resultado fazer 
antes girar o espectador e deixar os astros imóveis. [...] Se a intuição tivesse de 
se guiar pela natureza dos objetos, não vejo como deles se poderia conhecer 
algo a priori; se, pelo contrário, o objeto (enquanto objecto dos sentidos) se 
guiar pela natureza da nossa faculdade de intuição, posso perfeitamente 
representar essa possibilidade (1994, p. 20).
Kant irá concluir nos seus estudos que não são os sujeitos que se conformam aos objetos, mas sim 
que são os objetos que se conformam às faculdades do sujeito. Para ele, o conhecimento é constituído 
de forma e matéria. A forma do conhecimento é dada pela razão, que é uma estrutura a priori, isto é, 
anterior à experiência e independente dela. Já os seus conteúdos são empíricos, ou seja, a matéria do 
conhecimento depende da experiência que temos com os objetos. 
Dessa forma, enquanto os racionalistas privilegiam a razão no processo de conhecimento e os 
empiristas, a experiência sensível, Kant realiza uma espécie de síntese entre as duas concepções. Para 
ele, o conteúdo do conhecimento vem de fora, isto é, do mundo exterior, mas esse conteúdo adapta-se 
à nossa forma de conhecer, isto é, à nossa estrutura racional interior.
Exemplo de aplicação
Reflita sobre as três concepções de conhecimento: racionalismo, empirismo e criticismo kantiano.
 Saiba mais
DESCARTES, R. Discurso do método. Trd. Enrico Corvisieri. Disponível 
em: http://br.egroups.com/group/acropolis. Acesso em: 13 set. 2014. 
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Unidade II
 Resumo
• Para Platão, a definição das coisas está condicionada ao princípio de 
identidade e permanência. Ou seja, uma coisa é aquilo que é e não 
outra e deve ser sempre do mesmo modo. No mundo sensível isso 
não é possível, já que ele é múltiplo e em constante mutação. É o 
mundo das aparências, das sombras, mera cópia do mundo das ideias, 
do mundo real. A verdade encontra-se no mundo das ideias, idêntico 
e permanente, regido pelo conhecimento. Para atingir esse mundo 
das ideias é necessário depurar os sentidos dos enganos e erros e 
através do exercício filosófico ir ascendendo até a verdade.
• Aristóteles, que foi discípulo de Platão, posteriormente irá criticar 
seu mestre em relação ao processo de conhecimento. Aristóteles não 
concorda com o dualismo platônico e reabilita a importância dos 
sentidos no processode conhecimento. Para Aristóteles, o modo de 
existir do mundo é o devir. E é possível conhecer as causas do devir 
através do estudo do ser.
• Os racionalistas têm seu grande representante em Descartes, de 
um modo geral, priorizam a razão no processo de conhecimento e 
aceitam a existência de ideias inatas, independentes da experiência. 
Já os empiristas, enfatizam o importante papel da experiência 
sensível para aquisição do conhecimento. Não aceitam a tese das 
ideias inatas ou de um conhecimento independente ou anterior à 
experiência. Jonh Locke critica a teoria das ideias inatas de Descartes. 
Ele concebe que a alma é como uma lousa em branco e, dessa forma, 
o processo de conhecimento só se inicia na relação com os objetos, 
na experiência sensível.
• Kant irá concluir nos seus estudos que não são os sujeitos que 
se conformam aos objetos, mas sim, que são os objetos que se 
conformam às faculdades do sujeito. Para ele, o conhecimento 
é constituído de forma e matéria. A forma do conhecimento é 
dada pela razão, que é uma estrutura a priori, isto é, anterior 
à experiência e independente dela. Já os seus conteúdos são 
empíricos, ou seja, a matéria do conhecimento depende da 
experiência que temos com os objetos. Segundo Kant: Qual o 
engano dos inatistas? Supor que os conteúdos são inatos. E 
qual o engano dos empiristas? Supor que a estrutura da razão é 
causada pela experiência.
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FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA E EDUCAÇÃO
 Saiba mais
Alguns filmes que podem propiciar uma inter-relação com os conteúdos 
da unidade:
Descartes. Dir. Roberto Rossellini, 162 minutos, 1974.
Giordano Bruno. Dir. Giuliano Montaldo, 114 minutos, 1973.
Sugestões de leitura
DESCARTES, R. Textos selecionados. 3. ed. São Paulo: Abril cultural, 
1983, (Coleção Os pensadores).
HESSEN, J. Teoria do Conhecimento. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
 Exercícios
Questão 1. (Cesgranrio – 2009) Três professores de filosofia – Lucas, Márcia e Antônio – fizeram um 
curso de formação continuada, promovido pela Secretaria Estadual de Educação, sobre uma importante 
teoria filosófica. Após o curso, os professores fizeram os seguintes comentários: 
Lucas – As formas existem independentes de nossas mentes. Tanto é assim, que chegamos ao mundo, 
ao nascermos, e vamos embora, ao morrermos, e as formas continuam aqui independentes de nós. 
Márcia – Se for assim, as formas existem de forma perfeita e estática num outro mundo. Por isso, 
podemos reconhecer o mundo que habitamos em suas contínuas transformações. 
Antônio – Então, existem dois mundos? O mundo das formas e o mundo das aparências? Eu não 
entendo como esta teoria explica a relação de um mundo com o outro. 
De acordo com a conversa acima, conclui-se que: 
A) A Secretaria promoveu um curso sobre a teoria das ideias de Platão. 
B) Os professores fizeram um curso sobre o empirismo de Hume. 
C) Os professores conversam sobre o existencialismo humanista de Sartre. 
D) Márcia compreendeu a moderna teoria das transformações sociais. 
E) Lucas não entendeu a teoria aristotélica sobre experiência e conhecimento. 
Resposta correta: alternativa A.
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Unidade II
Análise das alternativas
A) Alternativa correta.
Justificativa: a alternativa é verdadeira porque as ideias levantadas pelos professores que fizeram o 
curso resumem as principais ideias de Platão, colocadas inclusive, em seu conhecido texto A alegoria da 
caverna que trata do processo do conhecimento humano que deve ser um movimento para a iluminação 
(mundo das ideias), a saída do mundo das sombras (mundo sensível) que é ilusório.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: a alternativa não pode ser considerada correta, pois para Hume, que é um filósofo 
empirista, a relação com o mundo sensível é importante para a aquisição do conhecimento.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: a alternativa não pode ser considerada correta, pois para Sartre, que é um filósofo 
existencialista, os dois mundos, tanto o sensível, quanto o das ideias são ilusórios e imprecisos.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: a alternativa não pode ser considerada correta, pois o argumento de Márcia parte da 
ideia de Platão da imutabilidade das formas do mundo das ideias. 
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: a alternativa não pode ser considerada correta, pois Lucas entendeu a teoria platônica sobre 
a experiência do conhecimento, que fala que as formas existem independentemente de nossas mentes.
Questão 2. (USCS – 2009) A chave da compreensão do pensamento político, epistemológico, ético 
e espiritual de Platão encontra-se: 
A) No mundo das ideias, o qual existe de forma absoluta. 
B) No mundo sensível, indispensável ao conhecimento do mundo. 
C) No mundo das ideias, relacionado ao imaginário do ser humano. 
D) O hiperurânio, ou mundo psicofísico do ser humano.
E) No mundo das mudanças constantes.
Resposta correta: alternativa A.
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FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA E EDUCAÇÃO
Análise das alternativas
A) Alternativa correta.
Justificativa: a alternativa é correta, porque a definição das coisas está condicionada ao princípio 
de identidade e permanência. Essa permanência está no mundo das ideias, já que o mundo sensível está 
em constante mutação.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: a alternativa não pode ser considerada correta, porque o mundo sensível está em 
constante mutação, representando apenas ilusões. Para ele, o verdadeiro conhecimento está no mundo 
das ideias.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: a alternativa não pode ser considerada correta, porque o mundo das ideias se relaciona 
a verdades imutáveis e não ao imaginário do ser humano.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: a alternativa não pode ser considerada correta, porque a verdade está no mundo das 
ideias e não no mundo psicofísico do ser humano.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: a alternativa não pode ser considerada correta porque a ideia de que o mundo sensível 
está em constante mudança é de Heráclito.

Outros materiais