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livro - Unid I Nutrição Materna, da criança e do adolescente - nutrição 5sem

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Autoras: Profa. Rita Cristina Chaim
 Profa. Bettina Gerken Brasil
Colaboradoras: Profa Mônica Teixeira
 Profa. Carolina Kurashima
Nutrição Materna da 
Criança e do Adolescente
Professoras conteudistas: Rita Cristina Chaim / Bettina Gerken Brasil
Rita Cristina Chaim 
Nutricionista formada pela Faculdade de Enfermagem do Sagrado Coração (1982), com mestrado em Ciência 
de Alimentos pela Universidade Estadual de Londrina (1989) e doutorado em Fisiopatologia em Clínica Médica pela 
Universidade Estadual Paulista (2003). Docente do curso de graduação de Nutrição e Enfermagem no Instituto Filadélfia 
de Londrina (1983 a 1989), da Universidade do Sagrado Coração (1986 a 2014) e do curso de Nutrição da UNIP desde 
2016, ministrando as disciplinas Planejamento de Cardápios nos Ciclos da Vida e Nutrição Materna da Criança e do 
Adolescente. É também membro do Grupo de Apoio ao Aleitamento Materno Exclusivo (Gaame) de Bauru-SP.
Bettina Gerken Brasil 
Nutricionista formada pela Universidade de São Paulo (1997), com mestrado (2000) e doutorado (2005) em Saúde 
Pública, pela Faculdade de Saúde Pública da mesma universidade, esse último versando sobre nutrição materna e 
infantil (mais especificamente, aleitamento materno). Desde então, está envolvida nessa área, no atendimento 
ambulatorial ou como docente responsável pela disciplina Nutrição Materna da Criança e do Adolescente na UNIP, 
onde atua como docente desde 2004.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
C434n Chaim, Rita Cristina.
Nutrição Materna da Criança e do Adolescente / Rita Cristina 
Chaim, Bettina Gerken Brasil. – São Paulo: Editora Sol, 2021.
228 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Gestação. 2. Alimentação. 3. Desenvolvimento. I. Chaim, Rita 
Cristina. II. Brasil, Bettina Gerken. III. Título.
CDU 613.2
U511.10 – 21
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Aline Ricciardi
 Ingrid Lourenço
 Talita Lo Ré
Sumário
Nutrição Materna da Criança e do Adolescente
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 GESTANTE ........................................................................................................................................................... 11
1.1 Aspectos fisiológicos e metabólicos do período gestacional ............................................. 11
1.2 Principais hormônios e suas funções na gestação ................................................................. 13
1.3 Adaptações fisiológicas ...................................................................................................................... 14
1.4 Fatores epidemiológicos na gravidez: idade materna, estado nutricional, 
intervalo interpartal e paridade ............................................................................................................. 16
1.5 Fatores epidemiológicos na gestação .......................................................................................... 17
1.5.1 Ganho ponderal gestacional .............................................................................................................. 18
1.5.2 Peso e altura ............................................................................................................................................. 24
1.5.3 Acompanhamento pré-natal: cálculo da idade gestacional, calendário de 
consultas, procedimentos para consulta de nutrição ......................................................................... 26
1.5.4 Assistência pré-natal: cuidado nutricional .................................................................................. 29
1.5.5 Atenção à gestante e puérpera no SUS ......................................................................................... 33
2 NECESSIDADES NUTRICIONAIS DA GESTANTE .................................................................................... 37
2.1 Energia ...................................................................................................................................................... 37
2.2 Recomendações de nutrientes ....................................................................................................... 41
2.3 Gestantes gemelares ........................................................................................................................... 46
3 SINAIS E SINTOMAS DA GESTAÇÃO ......................................................................................................... 47
3.1 Constipação e flatulências ............................................................................................................... 47
3.2 Náuseas e vômitos ............................................................................................................................... 48
3.3 Sialorreia ou ptialismo ....................................................................................................................... 48
3.4 Pirose e sensação de plenitude ....................................................................................................... 49
3.5 Picamalácia ............................................................................................................................................. 49
3.6 Cafeína e edulcorantes ...................................................................................................................... 50
3.7 Gestação de risco ................................................................................................................................. 51
3.7.1 Gestante adolescente ............................................................................................................................ 51
3.7.2 Diabetes gestacional .............................................................................................................................. 53
3.7.3 Distúrbio hipertensivo específico da gestação ........................................................................... 56
3.7.4 Aids ............................................................................................................................................................... 57
3.7.5 Ganho excessivo de peso durante a gestação ............................................................................ 58
3.7.6 Desnutrição e anemia ........................................................................................................................... 58
4 O RECÉM-NASCIDO DE RISCO ................................................................................................................... 60
4.1 Classificação da prematuridade .....................................................................................................60
4.2 Terapia nutricional ............................................................................................................................... 64
4.3 Necessidades nutricionais ................................................................................................................. 64
4.4 Avaliação do crescimento ................................................................................................................. 65
4.5 Características morfofuncionais digestivas ............................................................................... 70
Unidade II
5 NUTRIZ E OS PRIMEIROS ANOS DE VIDA .............................................................................................. 76
5.1 Nutriz ........................................................................................................................................................ 76
5.1.1 Introdução à lactogênese .................................................................................................................... 76
5.1.2 Lactogênese .............................................................................................................................................. 77
5.1.3 Dieta materna no aleitamento materno ....................................................................................... 79
5.1.4 Peso pós-parto ......................................................................................................................................... 81
5.1.5 Avaliação nutricional da nutriz ......................................................................................................... 83
5.2 Aleitamento materno (AM) .............................................................................................................. 89
5.2.1 Situação do aleitamento materno no Brasil ................................................................................ 89
5.2.2 Fisiologia da lactação ............................................................................................................................ 93
5.2.3 Composição do leite materno, aspectos imunológicos ........................................................100
5.2.4 Técnicas de amamentação e relactação ......................................................................................108
5.2.5 Dificuldades, problemas e causas de desmame precoce.......................................................112
5.2.6 Vantagens da amamentação ...........................................................................................................115
5.2.7 Promoção, prevenção, apoio ao aleitamento materno e Guia alimentar para 
crianças brasileiras menores de 2 anos ................................................................................................... 117
5.2.8 Promoção, proteção e apoio ao aleitamento: banco de leite humano ..........................121
5.2.9 Covid-19 e amamentação ................................................................................................................ 124
5.2.10 Código Internacional de Comercialização de substitutos do leite materno e 
Norma Brasileira para Comercialização de Alimentos para Lactentes (2006) ....................... 125
6 ALIMENTAÇÃO NO PRIMEIRO ANO DE VIDA ......................................................................................129
6.1 Aleitamento materno e desmame ...............................................................................................131
6.2 Utilização de fórmulas lácteas e leite de vaca .......................................................................132
6.3 Tipos de leite e indicações ..............................................................................................................132
6.4 Introdução da alimentação complementar .............................................................................135
6.5 Necessidades nutricionais durante a alimentação complementar ................................139
6.5.1 Técnicas de alimentação complementar .....................................................................................141
6.5.2 Cuidados com a higiene durante a alimentação complementar ..................................... 143
6.6 Técnicas de aconselhamento nutricional .................................................................................144
6.7 Orientações para a mãe que trabalha fora ..............................................................................145
6.8 Preparando-se para a volta ao trabalho ...................................................................................147
6.9 PNS 2013 e consumo alimentar de crianças menores de 2 anos ..................................148
6.10 Alimentação de crianças vegetarianas....................................................................................149
Unidade III
7 CRIANÇA E ADOLESCENTE .........................................................................................................................157
7.1 Transição nutricional em menores de 5 anos .........................................................................157
7.2 Alimentação do pré-escolar e do escolar .................................................................................159
7.2.1 Aspectos fisiológicos .......................................................................................................................... 159
7.2.2 Crescimento ........................................................................................................................................... 159
7.2.3 Desenvolvimento ................................................................................................................................. 162
7.2.4 Avaliação do crescimento ................................................................................................................ 163
7.2.5 Recomendações nutricionais .......................................................................................................... 166
7.2.6 Características de uma dieta adequada ..................................................................................... 167
7.2.7 Nutrição em condições clínicas especiais ...................................................................................170
7.2.8 Intolerância à lactose ..........................................................................................................................171
7.2.9 Alergia à proteína do leite de vaca (APLV) ................................................................................ 173
7.2.10 Diarreia aguda e persistente ......................................................................................................... 175
7.2.11 Obstipação intestinal ........................................................................................................................ 176
7.2.12 Erros inatos do metabolismo (EIM) ............................................................................................ 178
8 ALIMENTAÇÃO DO ADOLESCENTE ..........................................................................................................179
8.1 Necessidades nutricionais ...............................................................................................................180
8.2 Orientações nutricionais .................................................................................................................181
8.3 Transtornos alimentares na adolescência ................................................................................184
8.4 Prevalência de excesso de peso e obesidade...........................................................................185
8.5 Determinantes de excesso de peso e obesidade ....................................................................186
9
APRESENTAÇÃO
O fenômeno da nutrição, considerado a capacidade do corpo de retirar nutrientes e energia dos 
alimentos, é um dos processos mais interessantes da fisiologia. Como o corpo utilizaesses nutrientes 
para subsidiar seus processos bioquímicos, genéticos e fisiológicos, trata-se do ponto central da ciência 
da nutrição. Quando pensamos no ciclo da vida, entendemos o quão importante são os nutrientes e 
a energia para garantir todo o processo. Quando olhamos um período em específico, no nosso caso o 
período materno-infantil, vemos o quão fantástica é a vida e a nutrição. Neste livro-texto abordaremos 
esses processos e o papel da nutrição na promoção, na prevenção e no tratamento da saúde do grupo 
materno-infantil. Para isso, passaremos por pontos como o diagnóstico nutricional de gestantes, feto, 
nutrizes, crianças e adolescentes, além de trabalhar a gestação de risco e o papel da nutrição nessa 
situação específica.
A intervenção nutricional, através de esquemas alimentares que atendam às necessidades de 
gestantes, nutrizes, crianças e adolescentes, será trabalhada tendo como base o conhecimento anterior. 
Outro ponto importante a ser abordado é o aleitamento materno, tanto do ponto de vista da nutriz 
como da criança, atentando sobretudo à sua importância, fisiologia e técnicas relacionadas.
INTRODUÇÃO
O fenômeno da nutrição é um dos atributos biológicos mais importantes em todo o ciclo da vida. 
Não seria diferente nos processos de rápida multiplicação celular que acontecem na vida intrauterina, 
na fase de lactação, nos primeiros anos de vida da criança e na fase da adolescência. São as fases 
de crescimento humano e são essenciais para a saúde da fase adulta. Fisiologicamente falando, são 
caracterizadas pelo anabolismo do crescimento, e não por catabolismo; por processos de síntese, e não 
pelo desgaste de células e tecidos.
Sabe-se que a nutrição pode resultar em vulnerabilidade, riscos e consequências muitas vezes 
irreversíveis para o binômio mãe-filho. Tendo tal fato em vista, nessa disciplina pretendemos compreender 
o diagnóstico de nutrição desse grupo, a saber: gestantes, nutrizes, lactentes, crianças e adolescentes, 
sadios ou enfermos. Também trabalharemos as necessidades nutricionais, a avaliação e a elaboração de 
esquemas alimentares para esse grupo, reconhecendo as gestantes de risco. A importância da prescrição 
de dietas adequadas nessa fase, para prevenção de complicações e promoção de saúde, é um dos pontos 
mais importantes de nossa disciplina.
Outro ponto importante, que, além de ser uma questão clínica para o nutricionista, mostra-se uma 
questão de saúde pública, é o tema do aleitamento materno. No Brasil, as taxas de aleitamento são 
muito baixas e um dos diagnósticos para isso é a falta de preparo e apoio profissional para essa prática. 
Formar profissionais que saibam atuar nessa área é um dos pontos mais importantes para a saúde 
pública brasileira e para o SUS.
Considerando ainda a alimentação, aleitamento materno e alimentação complementar, vamos 
discutir a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e perceber como a indústria 
10
é um ponto nevrálgico nesse momento, pois infelizmente provoca mais desmame precoce do que 
incentiva a boa nutrição e o aleitamento materno.
Por fim, vale lembrar que esse momento do ciclo da vida é um dos mais importantes para a saúde 
pública e para o desenvolvimento do nosso país. Crianças saudáveis serão adultos saudáveis, com 
desenvolvimento cognitivo adequado para compor uma sociedade mais justa, humana e solidária.
11
NUTRIÇÃO MATERNA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Unidade I
1 GESTANTE
A gestação é considerada um estado fisiológico especial com duração de 40 semanas e com 
características heterogêneas nos seus aspectos fisiológicos, metabólicos e nutricionais.
Além das adaptações orgânicas que geram mudanças no corpo, devem ser consideradas 
outras modificações de ordem psicológica (emoções, ansiedades), familiar e, por que não, sociais 
(ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009).
O organismo materno deve adaptar-se às condições que a gestação impõe e a isso dá-se o nome de 
risco gravídico, ou seja, há uma maior oportunidade de ocorrerem agravos físicos, psíquicos e sociais. Essa 
suscetibilidade a adaptações leva a considerar a gestante vulnerável, além de ações a serem realizadas 
para que se estabeleça o binômio mãe-filho (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009).
O olhar da nutrição nessa fase relaciona-se ao fato de as condições maternas poderem exercer 
influência direta sobre o desenvolvimento fetal, e, por isso, a dieta durante a gestação, assim como 
o estado de saúde materno, é um importante elemento para o perfeito aproveitamento do potencial 
genético fetal, sabendo-se que uma alimentação deficiente pode predispor a doenças carenciais 
(ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009).
1.1 Aspectos fisiológicos e metabólicos do período gestacional
O aparelho reprodutor feminino, durante os anos reprodutivos da mulher, se prepara para a gestação 
durante os ciclos sexuais (ciclos menstruais) a cada 28 dias (variações individuais entre 20 e 45 dias) 
(GUYTON, 1984a).
Esse processo é comandado pelos hormônios hipotalâmicos, que induzem o ovário ao 
amadurecimento de um óvulo no folículo de Graaf e sua expulsão para a trompa de Falópio 
(GUYTON, 1984a).
É na primeira porção da trompa de Falópio que ocorrerá a fecundação (pareamento dos cromossomos 
femininos e masculinos) e início da divisão celular mitótica, por aproximadamente três dias, até o óvulo 
chegar ao útero (GUYTON, 1984b).
No início do processo, as células em divisão (denominadas blastômeros) constituem uma massa 
celular compacta denominada mórula e, continuando a multiplicar-se, formam uma estrutura cavitária 
de células chamada de blastocisto (GUYTON, 1984b).
12
Unidade I
O blastocisto continua a ser transportado até o útero e, por volta do sétimo ou oitavo dia após a 
ovulação, haverá o processo de implantação no endométrio (nidificação) (GUYTON, 1984b).
As células periféricas do blastocisto (trofoblastos) serão as responsáveis pela colocação do ovo em 
posição segura e sofrerão divisões e diferenciações para formar a placenta. Até que a diferenciação 
se complete, entre 8 e 12 semanas, a nutrição do feto será realizada pela utilização dos nutrientes da 
decídua (endométrio modificado por ação da progesterona).
Ocorrida a nidificação, o ovo continua a dividir suas células, formando estruturas ramificadas, 
denominadas vilosidades do córion, que penetram no interior da parede uterina e formam o cordão 
umbilical (duas artérias e uma veia), a placenta e o embrião. Perto da 12ª semana gestacional, a placenta 
já estará apta para as trocas nutricionais até o final da gestação (GUYTON, 1984b).
Estabelecidas as estruturas, o oxigênio e os nutrientes serão trazidos pela corrente sanguínea 
materna e serão transportados, via cordão umbilical, para o embrião.
Figura 1 – Placenta, cordão umbilical e feto
Perto da 12ª semana gestacional, fase onde há o predomínio de intensa multiplicação celular 
(hiperplasia), as células sanguíneas do embrião começam a se desenvolver, juntamente ao 
desenvolvimento dos vasos sanguíneos que formarão o precursor do coração (canal cardíaco) e outras 
estruturas que darão condições de o embrião iniciar seus processos metabólicos (GUYTON, 1984b).
A partir da 12ª semana, tem início o predomínio da fase hipertrófica das células (crescimento celular), 
além da fase fetal com a aquisição de funções das estruturas formadas (GUYTON, 1984b).
13
NUTRIÇÃO MATERNA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Com essas considerações, vê-se a importância de um estado nutricional adequado da mulher que 
pretende engravidar, pois no início da gestação (até por volta da 12ª à 14ª semana gestacional) ocorrem 
as diferenciações celulares e as necessidades embrionárias são supridas pelo organismo materno. 
Quando o feto tem suas estruturas diferenciadas e especializadas (órgãos com funções), ele passa a 
utilizar os nutrientes recebidos via alimentação materna e, então, a atenção deve ser dada para que não 
comprometa seu crescimento e desenvolvimento.
1.2 Principais hormônios e suas funções na gestação
A gestaçãodepende de um sistema hormonal hipotalâmico e ovariano eficientes, pois eles controlam 
o amadurecimento do óvulo e, no caso da gestação, seu desenvolvimento (GUYTON, 1984a; VITOLO, 
2008a; PEIXOTO, 2014).
Ciclicamente, os hormônios hipotalâmicos agem nos ovários para que os folículos se desenvolvam. 
Os hormônios são o HLHFE (hormônio liberador do hormônio folículo estimulante) e o HLHL (hormônio 
liberador do hormônio luteinizante).
O HLHFE age na adeno-hipófise para que essa libere o HFE (hormônio folículo estimulante), o HLHL 
age na adeno-hipófise para que essa libere o HL (hormônio luteinizante). O HFE e o HL, quando chegam 
ao ovário, estimulam o amadurecimento do óvulo no folículo de Graaf.
Hipotálamo
Adeno-hipófise
Ovário
Útero
HFE
HL
HLHL
HLHFE
Estrogênio
Progesterona
Estrogênio
Progesterona
Figura 2 – Hierarquia do sistema hormonal feminino
Uma vez maduro, o folículo se rompe e o óvulo é expelido para a cavidade pélvica/trompa de Falópio. 
O rompimento do folículo leva a alterações que promovem sua transformação em corpo-lúteo (ou 
amarelo), que passa, então, a secretar os hormônios estrogênio e progesterona. Essa produção se dá até 
aproximadamente as 12 primeiras semanas da gestação, quando, então, a placenta se torna responsável 
pela produção de estrogênio e progesterona (GUYTON, 1984a).
14
Unidade I
 Observação
Se não ocorrer a fecundação, os níveis de estrogênio e progesterona 
diminuem, estimulando a adeno-hipófise a iniciar um novo ciclo de 
amadurecimento de óvulo.
O estrogênio é responsável pelo aumento do útero (hipertrofia e hiperplasia das fibras musculares) 
e pelo aumento da elasticidade uterina, participando da mamogênese e também das modificações na 
genitália externa (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009).
A progesterona, entre outras funções, atua na parede uterina preparando-a para receber o ovo fecundado 
(processo conhecido como nidificação). Age, ainda, diminuindo a contração da musculatura lisa uterina, 
evitando a expulsão do ovo, e promove alterações na trompas de Falópio de modo que seu revestimento 
secrete nutrientes para o zigoto durante o período de divisão celular. Tem também ação nos alvéolos 
mamários para que esses adquiram a característica secretora (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009).
Quando ocorre a fecundação, tem início a fase de produção dos hormônios placentários (GUYTON, 
1984a). Assim que a placenta é formada (próximo da 8ª e da 9ª semanas de gestação), entre outras funções, 
ela inicialmente produz pouco e aumenta gradativamente os hormônios estrogênio, progesterona, 
gonadotrofina coriônica humana (HCG) e lactogênio placentário humano (PEIXOTO, 2014).
O estrogênio placentário, por ocasião do parto, é o responsável por promover o relaxamento dos 
ligamentos pélvicos para facilitar a expulsão do feto (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009).
A gonadotrofina coriônica humana é responsável pela prevenção da involução do corpo-lúteo e por 
induzi-lo a secretar maiores quantidades de estrogênio e progesterona. Quando a placenta produz esses 
hormônios em quantidades suficientes (por volta da 15ª semana gestacional), há uma diminuição na 
sua produção (PEIXOTO, 2014).
O lactogênio placentário humano é responsável pelo crescimento fetal ao promover a deposição 
proteica (anabolismo), a glicogenólise e a lipólise, além de bloquear a gliconeogênese. A glicogenólise 
aumenta a glicemia materna, a lipólise faz com que os ácidos graxos livres sejam usados como fonte 
energética e isso permite maior disponibilidade de glicose para o feto (PEIXOTO, 2014).
A somatomamotropina coriônica atua no metabolismo dos carboidratos e lipídios maternos, 
reduzindo sua utilização pela mãe para utilização fetal (PEIXOTO, 2014).
1.3 Adaptações fisiológicas
O organismo materno sofre adaptações em suas funções fisiológicas e metabólicos para que a 
gestação se desenvolva adequadamente. Essas adaptações podem ser vistas externamente (peso) e 
também nos valores bioquímicos laboratoriais (plasma e urina) que apresentam valores diferentes dos 
de mulheres não grávidas (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009).
15
NUTRIÇÃO MATERNA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
As principais modificações que ocorrem são devido ao crescimento e desenvolvimento do feto no 
útero, à sobrecarga fisiológica que acomete o organismo materno, aos hormônios secretados nesse 
período (pela placenta ou pelas glândulas endócrinas).
As mudanças observadas são no ganho de peso, no metabolismo, no sistema cardiorrespiratório e no 
sistema renal, entre outros (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009).
As alterações no sistema circulatório ocorrem devido ao débito cardíaco materno, que se eleva 
em 30% a 40% acima do normal (devido ao metabolismo aumentado e ao maior fluxo sanguíneo). 
Há também um aumento do volume plasmático em 50%, o que leva a uma adaptação com aumento 
de 20% na concentração de eritrócitos e hemoglobina. Esse maior aumento plasmático e a menor 
concentração de massa são responsáveis pela diminuição nos valores da hemoglobina (perto de 20%) 
e nos valores do hematócrito (perto de 15%). Mesmo ocorrendo essas alterações, o volume corpuscular 
médio (VCM) e a concentração de hemoglobina (HCM) permanecem inalteradas se a paciente não estiver 
com quadro de anemia. Essa diminuição nos valores do hematócrito devido à hemodiluição estimula a 
medula óssea, e os valores tendem a se normalizar no final da gestação. Esse fato é responsável pelos 
valores diferenciados no hemograma de uma gestante (NEUHOUSER, 2010).
As adaptações maternas (respiração, aumento de peso e produção hormonal) e o crescimento fetal 
elevam o metabolismo basal entre 15% e 20%, principalmente no final da gestação, sendo mantido pelos 
hormônios maternos (tiroxina, corticoides). Como há um aumento de peso, há maior gasto energético 
para a realização das atividades diárias (NEUHOUSER, 2010).
Alguns ajustes no metabolismo materno ocorrem para que a glicose seja a principal fonte energética 
do feto (70%), seguida dos aminoácidos (20%) e muito pouco dos lipídios (NEUHOUSER, 2010).
A respiração materna aumenta em cerca de 20% acima do normal (para captação de O2 para as 
funções metabólicas e excreção de CO2) e essa hiperventilação dos centros respiratórios é garantida 
pelos hormônios progesterona (ventilação) e estrogênio (vascularização). Essa hiperventilação 
garante o fornecimento de mais oxigênio, mas pode ser responsável por um desconforto nasal 
(ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009).
Devido ao aumento no tamanho do feto, principalmente ao final da gestação, o diafragma pode 
sofrer compressão, o que faz com que consiga movimentar-se em menor profundidade, resultando em 
uma respiração dispneica/ofegante.
O metabolismo também promove um aumento dos produtos de excreção, o que faz com que o 
sistema renal aumente o ritmo de formação de urina. Há ainda um aumento (perto de 50%) na taxa 
de filtração glomerular, o que faz com que haja aumento na excreção de água, eletrólitos e produtos 
do metabolismo, mas os hormônios esteroides produzidos pela placenta e pelo córtex da suprarrenal 
garantem a maior absorção de água, sódio e cloretos pelos túbulos renais. Verifica-se, assim, um relativo 
equilíbrio entre o aumento na filtração e na absorção (VITOLO, 2008a; PEIXOTO, 2014).
16
Unidade I
Durante a gestação, são observadas ainda alterações no peso da mulher. Espera-se um aumento 
devido ao crescimento fetal e aos acúmulos maternos; entretanto, no início da gestação, devido à 
presença de náuseas e vômitos (que podem estar relacionados aos níveis aumentados de estrogênio 
aliados à menor ingestão alimentar), podem ocorrer perdas, bem como alteração dos estoques 
musculares e de reservas adiposas. Devido às alterações fetais, é esperado maior ganho de peso a partir da 
12ª semana gestacional e, se a mulher não mantiver um nível de atividade física mínimo, o ganho pode 
ser muito acima do esperado (VITOLO, 2008a).
Níveis aumentados de progesterona, além de relaxarem a musculatura uterina, também diminuem o 
trânsitointestinal, podendo levar à constipação intestinal, mas garantem maior tempo de absorção de 
nutrientes e reabsorção de água (NEUHOUSER, 2010).
Devido ao aumento uterino/fetal e à necessidade de equilíbrio, há adaptação com alteração no 
centro de gravidade da gestante, o que predispõe à lordose da coluna lombar (ACCIOLY; SAUNDERS; 
LACERDA, 2009).
 Saiba mais
Você pode entender melhor as alterações no organismo e no corpo de 
uma gestante acessando a obra indicada a seguir.
OBER, W. C.; BARTHOLOMEW, E. F.; NATH, J. L. Anatomia e fisiologia 
humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
1.4 Fatores epidemiológicos na gravidez: idade materna, estado nutricional, 
intervalo interpartal e paridade
Espera-se que o organismo materno consiga se adaptar às mudanças impostas pela gestação e 
evolua favoravelmente durante o período; entretanto, alguns fatores podem interferir e predispor a mãe 
e o feto a riscos (BRASIL, 2012a).
A gravidez, se olhada sob o enfoque de risco, pode apresentar alguma probabilidade de ter 
intercorrências, com graus variáveis. A detecção precoce e a intervenção garantem “cuidados que vão 
desde o mínimo, para os indivíduos sem problemas ou com poucos riscos de sofrerem danos, até o máximo 
necessário para aqueles com alta probabilidade de sofrerem agravos à saúde” (BRASIL, 2012a, p. 9).
Entre os principais fatores de risco estão a idade materna, o estado nutricional, o intervalo interpartal 
e a paridade, além da identificação precoce no decorrer do pré-natal e da atenção por parte da equipe 
da saúde, que em muito ajudam no prognóstico da gestação (BRASIL, 2012b).
A idade materna, se menor que 15 anos, caracteriza a mulher como imatura biologicamente, pois 
o crescimento dos ossos longos (principalmente o pélvico) ainda está ocorrendo. Juntamente com a 
17
NUTRIÇÃO MATERNA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
idade cronológica deve ser considerada a idade ginecológica (após a menarca), sendo que a literatura 
considera a ideal aquela maior que 5 anos. Esses fatores podem predispor o binômio mãe-bebê a risco de 
prematuridade, anemia e distúrbios hipertensivos específicos da gestação (DHEG). Alie-se à adolescência 
a possibilidade de erros alimentares próprios da fase (VITOLO, 2015c; BRASIL, 2012b).
A idade ainda deve ser considerada nas gestantes com mais de 35 anos, uma vez que estão 
predispostas a riscos de abortos espontâneo, hipertensão arterial, DHEG, diabetes gestacional. Se a 
gestante tiver mais que 40 anos aumentam os riscos para síndrome de Down e outras doenças genéticas 
(ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009).
Há que se considerar o peso pré-gestacional e o peso ganho durante a gestação. Baixo peso materno 
(inicial e perpetuado durante a gestação) pode predispor o feto a retardo no crescimento intrauterino 
(RCIU) devido ao menor transporte de nutrientes e oxigênio em decorrência da menor adaptação 
materna (expansão do volume plasmático e fluxo placentário). Uma criança que tem seu crescimento 
comprometido durante a fase gestacional tem piores prognósticos pós-natal (deficiência imunológica, 
problemas no crescimento físico, possível comprometimento neurológico e funções inadequadas 
de alguns órgãos) (QUEIRÓZ; NÓBREGA, 1998). Peso excessivo materno (inicial ou ganho durante a 
gestação) também não é desejável por aumentar os riscos de diabete e hipertensão maternas. Para o 
feto, pode levar a um aumento na lipogênese fetal e peso excessivo, o que não é benéfico para o feto e 
induz a mãe a risco obstétrico por predispor ao parto cesáreo (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009).
A paridade, se associada a outro fator como idade ou peso, pode levar ao aparecimento de DHEG 
(em primigestas) (VITOLO, 2015c) e, apesar de algumas controvérsias, há que se considerar que o estresse 
que a gestação impõe, se associado a uma alimentação deficiente, pode comprometer a recuperação do 
organismo materno (densidade mineral óssea e outras reservas) (BRASIL, 2012b).
O intervalo interpartal considerado adequado é aquele compreendido entre 2 e 5 anos. Se menor 
que 2 anos, é considerado muito curto, sendo fator de risco para anemia, desnutrição, crescimento 
intrauterino restrito e incompatível com um tempo adequado para amamentação da criança 
(recomendado até 2 anos). Se o intervalo for maior que 5 anos, é considerado muito longo e o 
organismo materno se comporta novamente como primigesta (BRASIL, 2012b).
1.5 Fatores epidemiológicos na gestação
A gestação é um estado fisiológico especial na vida da mulher, a qual envolve mudanças dinâmicas 
do olhar físico, social e emocional e deve ser tratada como uma experiência de vida saudável. O 
acompanhamento nesse período contribui para diminuir a morbimortalidade materno-infantil, o que 
está de acordo com a quinta meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e, hoje, a 
terceira dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) (ROMA, 2019).
A assistência pré-natal adequada na atenção primária à saúde permite que sejam detectadas 
situações de risco, possibilitando, assim, a intervenção precoce e melhorando os indicadores de saúde 
relacionados à mãe e ao bebê.
18
Unidade I
Isso se faz necessário pois alguns fatores predispõem a gestante a riscos: idade menor que 15 ou 
maior que 35 anos; ocupação de risco químico, biológico, físico; estrutura familiar insegura; baixa 
escolaridade; antropometria (baixa estatura, peso muito baixo ou excessivo); presença de doenças 
crônicas ou debilitantes (BRASIL, 2012b).
O Ministério da Saúde, dentro da Política Nacional de Humanização, recomenda que a gestante seja 
acolhida na rede pública e que os profissionais favoreçam a criação de vínculo pela construção de uma 
relação de confiança e compromisso entre a gestante e a equipe (BRASIL, 2012b).
1.5.1 Ganho ponderal gestacional
O ganho de peso gestacional é um indicador de saúde importante, pois ganho inadequado nesse 
período, seja o excessivo ou o insuficiente, está associado a desfechos indesejáveis tanto para a mãe 
(como a retenção do peso pós-parto) quanto para o bebê (como prematuridade, baixo peso ao nascer e 
macrossomia fetal) (BRASIL, 2018a).
O acompanhamento durante o pré-natal com registros, análises e interpretação correta dos dados 
permite verificar se o crescimento embriofetal está ocorrendo e resultará em um recém-nascido que 
expressou totalmente seu potencial genético (BRASIL, 2018a).
O crescimento intrauterino pode ser modificado por alguns fatores, como nível socioeconômico 
e educacional, presença de enfermidades crônicas (hipertensão arterial, nefropatias, diabetes com 
vasculopatias) e agudas (anemias frequentes, infecções), ganho insuficiente de peso materno, intervalo 
entre as gestações menor que 2 anos, falta de acompanhamento no pré-natal, tabagismo, etilismo e 
consumo exagerado de cafeína (BRASIL, 2012b).
Uma criança que nasce a termo e com um peso adequado tem melhores condições de continuar 
seu crescimento e desenvolvimento normais, contribuindo para isso com a realização das consultas do 
pré-natal o mais cedo possível, a fim de que, caso seja identificada alguma dificuldade no crescimento 
intrauterino, ainda haja tempo de revertê-la.
Durante as consultas do pré-natal, para a identificação de possíveis agravos, é realizada a avaliação 
antropométrica que possibilita o diagnóstico e o risco nutricional, bem como planejar a orientação 
alimentar e nutricional para garantir uma evolução do peso satisfatória até o final do período.
Apesar do aumento de peso ser bastante variável em diferentes mulheres, esse deve ocorrer como 
resposta aos processos fisiológicos da gestante (crescimento fetal e materno) (BRASIL, 2012b).
Entre as medidas sugeridas para acompanhamento da evolução gestacional, recomenda-se a 
aferição de medidas antropométricas de peso e altura, uma vez que tem valor clínico para avaliação do 
ganho de peso gestacional. Medidas de dobras cutâneas são confiáveis, mas não são úteis clinicamente 
porque não existem equações adequadamente validadas que usem as espessurasdessas dobras para prever 
a composição corporal total das mulheres grávidas, nem existem padrões de referência para medidas 
de espessura das dobras cutâneas validadas em função dos resultados fetais (IOM, 1990).
19
NUTRIÇÃO MATERNA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
O acompanhamento da evolução ponderal é realizado através de curvas de referência para o ganho 
de peso. Já foram utilizadas diversas curvas propostas por diversos estudos e diversas organizações 
(nomograma e curva de Rosso, curva de ganho de peso proposta pela OMS/OPAS, curva do Instituto de 
Medicina Americano – IOM). Entretanto, na atualidade, o Ministério da Saúde propõe o uso da curva 
proposta por Atalah, com estudos sendo realizados para reformulação e adequação de acordo com 
diferentes estados nutricionais (BRASIL, 2020a).
A avaliação antropométrica nutricional deve ser realizada o mais cedo possível. Para gestantes com 
idade superior a 18 anos, a altura é aferida na primeira consulta e o peso em todas as outras. Para 
gestantes com idade inferior a 18 anos, a altura deve ser aferida pelo menos trimestralmente e o peso, 
em todas as consultas. A aferição das medidas antropométricas na primeira consulta subsidia a previsão 
de ganho de peso até o fim da gestação. Para essa avaliação são necessários o peso e a altura (obtidos 
segundo técnicas padronizadas), além da idade gestacional (em semanas) (BRASIL, 2012b).
As recomendações são para que o diagnóstico antropométrico seja realizado com o peso 
pré-gestacional referido ou, então, a medição calculada preferencialmente com o peso até a 13ª semana 
gestacional. Entretanto, caso isso não seja possível, o diagnóstico antropométrico deve ser realizado na 
primeira consulta do pré-natal.
O Caderno de Atenção ao Pré-Natal de Baixo Risco traz os procedimentos padronizados para 
aferição das medidas antropométricas no sistema de saúde e como é feito o cálculo do IMC (BRASIL, 
2012b). O nutricionista, enquanto avaliador, pode ser o responsável pelas aferições, entretanto, 
dependendo de como é a rotina do local de trabalho, pode ser que a medida seja realizada por outra 
pessoa. Nesses casos, ele deve treinar a pessoa que realizará a medida e periodicamente verificar a 
fidedignidade do procedimento.
Com os valores de peso e altura, faz-se o cálculo do IMC e localiza-se, na tabela a seguir, o diagnóstico 
antropométrico; ou seja, em qual faixa de adequação a gestante se encontra (baixo peso, peso adequado, 
sobrepeso ou obesidade).
Tabela 1 – Avaliação do estado nutricional da gestante 
segundo o IMC por semana gestacional
Semana 
gestacional
Baixo peso: 
IMC menor do que
Peso adequado: 
IMC entre
Sobrepeso: 
IMC entre
Obesidade: 
IMC maior do que
6 19,9 20,0 e 24,9 25,0 e 30,0 30,1
7 20,0 20,1 e 25,0 25,1 e 30,1 30,2
8 20,1 20,3 e 25,2 25,1 e 30,1 30,2
9 20,2 20,4 e 25,3 25,3 e 30,2 30,3
10 20,2 20,5 e 25,4 25,3 e 30,2 30,3
11 20,3 20,7 e 25,6 25,4 e 30,3 30,4
12 20,4 20,8 e 25,7 25,5 e 30,3 30,4
13 20,6 20,9 e 25,8 25,7 e 30,4 30,5
20
Unidade I
Semana 
gestacional
Baixo peso: 
IMC menor do que
Peso adequado: 
IMC entre
Sobrepeso: 
IMC entre
Obesidade: 
IMC maior do que
14 20,7 21,1 e 25,9 25,8 e 30,5 30,6
15 20,8 21,2 e 26,0 25,9 e 30,6 30,7
16 21,0 21,3 e 26,1 26,0 e 30,7 30,8
17 21,1 21,5 e 26,2 26,1 e 30,8 30,9
18 21,2 21,6 e 26,3 26,2 e 30,9 31,0
19 21,4 21,8 e 26,4 26,3 e 30,9 31,0
20 21,5 21,9 e 26,6 26,4 e 31,0 31,1
21 21,7 22,1 e 26,8 26,5 e 31,1 31,2
22 21,8 22,3 e 26,9 26,7 e 31,2 31,3
23 22,0 22,5 e 27,0 26,9 e 31,3 31,4
24 22,2 22,7 e 27,2 27,0 e 31,5 31,6
25 22,4 22,8 e 27,3 27,1 e 31,6 31,7
26 22,6 23,0 e 27,5 27,3 e 31,7 31,8
27 22,7 23,2 e 27,6 27,4 e 31,8 31,9
28 22,9 23,4 e 27,8 27,6 e 31,9 32,0
29 23,1 23,5 e 27,9 27,7 e 32,0 32,1
30 23,3 23,7 e 28,0 27,9 e 32,1 32,2
31 23,4 23,9 e 28,1 28,0 e 32,2 32,3
32 23,6 24,0 e 28,3 28,1 e 32,3 32,4
33 23,8 24,2 e 28,4 28,2 e 32,4 32,5
34 23,9 24,3 e 28,5 28,4 e 32,5 32,6
35 24,1 24,5 e 28,7 28,5 e 32,6 32,7
36 24,2 24,6 e 28,8 28,6 e 32,7 32,8
37 24,4 24,8 e 28,9 28,8 e 32,8 32,9
38 24,5 25,0 e 29,1 28,9 e 32,9 33,0
39 24,7 25,0 e 29,2 29,0 e 33,0 33,1
40 24,9 25,1 e 29,2 29,2 e 33,1 33,2
41 25,0 29,3 e 33,2 33,3
42 25,0 29,3 e 33,2 33,3
Fonte: Brasil (2012b, p. 75-76).
Mediante o diagnóstico apresentado pela gestante, estima-se o ganho até o final da gestação de 
acordo com a tabela proposta pelo IOM, pela OMS e adotada pelo Ministério da Saúde (tabela a seguir). 
Os ganhos de peso sugeridos variam de acordo com o estado nutricional inicial aferido por ocasião 
da primeira consulta do pré-natal e possibilitam que o nutricionista consiga realizar as orientações 
necessárias à gestante, estabelecendo quais as melhores estratégias para que ela tenha um ganho de 
peso adequado, orientando-a sobre a forma como a alimentação contribui para isso (BRASIL, 2012b).
Para o primeiro trimestre, o ganho sugerido é para o período; para os demais meses, o ganho 
esperado é semanal.
21
NUTRIÇÃO MATERNA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Tabela 2 – Ganho de peso recomendado (kg) na gestação 
segundo o estado nutricional inicial
Estado nutricional inicial (IMC)
Recomendação de ganho de 
peso (kg) semanal médio no 
2º e 3º trimestres*
Recomendação de ganho de 
peso (kg) total na gestação
Baixo peso (< 18,5 kg/m2) 0,5 (0,44 e 0,58) 12,5 e 18,0
Adequado (18,5-24,9 kg/m2) 0,4 (0,35 e 0,50) 11,5 e 16,0
Sobrepeso (25,0-29,9 kg/m2) 0,3 (0,23 e 0,33) 7,0 e 11,5
Obesidade (> 30 kg/m2) 0,2 (0,17 e 0,27) 5,0 e 9,0
*ganho de peso no primeiro trimestre entre 0,5 e 2,0 kg
Fonte: Brasil (2012b, p. 77).
O acompanhamento da evolução do ganho ponderal nos meses subsequentes é feito pela curva 
proposta por Atalah, que estará no prontuário e também na carteira da gestante (deve ser preenchida 
nos dois lugares).
A altura já aferida na primeira consulta e o peso aferido na visita permitem, novamente, o cálculo do 
IMC, além de possibilitar o peso acompanhado de acordo com a idade gestacional.
O gráfico de acompanhamento fornece quatro possíveis diagnósticos: baixo peso (BP), peso 
adequado (A), sobrepeso (S) ou obesidade (O) e permite que se faça a evolução e, dependendo da 
localização, o diagnóstico nutricional.
 Observação
Para anotação no gráfico, em algumas situações haverá necessidade 
de arredondamento da idade gestacional em semanas completas. Nesses 
casos, se a idade gestacional for apresentada em semanas e dias, o 
arredondamento deve ser feito da seguinte forma: se os valores forem 
1, 2 ou 3 dias, considerar o número de semanas completas; no caso de 4, 5 
ou 6 dias, considerar a semana seguinte (BRASIL, 2012b).
Por exemplo: 18 semanas e 2 dias devem ser considerados 18 semanas, 
já 18 semanas e 5 dias constarão como 19 semanas.
22
Unidade I
Figura 3 – Acompanhamento da evolução do peso gestacional segundo o IMC
Uma vez preenchido o gráfico, faz-se a evolução do peso nas visitas e a interpretação serve para 
nortear a conduta nutricional. Espera-se que o ganho de peso seja ascendente e que a inclinação da curva 
esteja de acordo com o diagnóstico nutricional. O quadro a seguir sumariza, mediante o diagnóstico 
antropométrico nutricional, qual deve ser a interpretação esperada.
Quadro 1 – Possíveis diagnósticos antropométricos 
e como deve ser o ganho ponderal
Encontrado Estado nutricional O que se espera
Baixo peso (BP)
Deve apresentar uma curva ascendente com inclinação maior 
do que o que estabelece como referência (curva que delimita o 
BP de A). Espera-se que o ganho de peso seja suficiente para a 
gestante sair do BP e chegar ao A.
23
NUTRIÇÃO MATERNA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Encontrado Estado nutricional O que se espera
Adequado (A)
Deve apresentar curva ascendente com inclinação semelhante 
à curva estabelecida (paralela às curvas que delimitam a área 
de estado nutricional adequado no gráfico), o que fará com que 
ela permaneça com o que se espera como sendo adequado.
Sobrepeso (S)
Deve apresentar inclinação ascendente, semelhanteà da curva 
que delimita a parte inferior da faixa de sobrepeso ou à da 
curva que delimita a parte superior dessa faixa, a depender do 
seu estado nutricional inicial. Por exemplo, se uma gestante de 
sobrepeso inicia a gestação com IMC próximo ao limite inferior 
dessa faixa, sua curva de ganho de peso deve ter inclinação 
ascendente semelhante à curva que delimita a parte inferior 
dessa faixa no gráfico.
Obesidade (O)
Deve apresentar inclinação ascendente, mas com inclinação 
semelhante ou inferior (desde que ascendente) à curva que 
delimita a parte inferior da faixa de obesidade.
Fonte: Brasil (2012b, p. 79).
Gestante adolescente
Apesar dessa classificação de IMC ser para adultos, o Ministério da Saúde, declara que a curva de 
Atalah pode ser usada para adolescentes se elas engravidaram dois ou mais anos depois da menarca 
ou com idade superior a 15 anos, pois a interpretação dos achados é equivalente à das adultas 
(BRASIL, 2008b).
Para gestantes que engravidaram com menos de dois anos após a menarca e idade inferior a 15 anos 
acompanhadas pela curva de Atalah, é provável que se observe que muitas serão classificadas como de 
baixo peso (BRASIL, 2008b). Nesses casos, sugere-se que as adolescentes sejam avaliadas em seu estado 
antropométrico usando os critérios de diagnóstico de adolescentes (anexo D). Após serem aferidos o 
peso e a estatura, deve-se preencher os gráficos de crescimento segundo os percentis ou os escores do 
IMC para a estatura, verificando qual o diagnóstico nutricional (quadro a seguir). Com o diagnóstico 
prévio, ao ser colocada na curva de Atalah, é possível individualizar a evolução de uma gestante sendo 
acompanhada numa curva elaborada com dados de mulheres adultas.
24
Unidade I
Tabela 3 – IMC pré-gestacional de adolescentes do sexo feminino
Percentil Escore Z Diagnóstico nutricional
< 3 < -2 Magreza
≥ 3 e < 85 ≥ -2 e < +1 Eutrofia
≥ 85 e < 97 ≥ +1 e < +2 Sobrepeso
≥ 97 ≥ +2 Obesidade
Fonte: Brasil (2008b, p. 26).
1.5.2 Peso e altura
A aferição de peso e altura durante a gestação é essencial para uma correta avaliação antropométrica 
e a segurança no diagnóstico e evolução depende da realização correta dos procedimentos para aferição. 
O ganho ponderal feito de maneira imprecisa pode levar a diagnóstico errôneo e comprometer toda a 
conduta da equipe.
As mulheres adultas não têm ganho na estatura, e mesmo a mulher tendo a aferição da altura 
na primeira visita, não pode, em situação alguma, caso seja aferida numa outra vez, ter uma medida 
diferente. No caso de gestantes adolescentes, dependendo da idade, pode ser necessário aferir a altura 
para verificar possível crescimento, e uma aferição malfeita pode mostrar uma altura menor do que a 
aferida anteriormente.
Devido à necessidade de medidas confiáveis, as técnicas de aferição antropométrica devem ser 
conhecidas e periodicamente conferidas.
Aferição do peso
Feita pelo uso de balança eletrônica ou mecânica, mas certificando-se de que estejam calibradas e 
em bom funcionamento.
As gestantes devem ser pesadas sem sapatos e com o mínimo de roupas possível, sendo que em 
alguns locais é fornecido um avental para que sejam minimizadas as interferências das roupas.
Se a balança for eletrônica, a gestante deverá subir e permanecer parada, com os braços estendidos 
ao longo do corpo, fazendo-se, na fixação do valor no visor da balança, a leitura.
Para a aferição em balança tipo plataforma, cabe verificar se está zerada (A) e destravada (B). Pede-se, 
então, para a gestante subir na plataforma, ficando ereta, com os braços estendidos ao longo do corpo, 
sem se apoiar em qualquer lugar ou se mexer, mantendo-se de costas para o medidor.
O avaliador deverá mover o marcador maior (C) do zero da escala até o ponto em que o braço da 
balança se incline para baixo (isso significa que o peso da gestante ultrapassou o valor). Deve-se, então, 
voltar o marcador para o nível imediatamente anterior (e, como o peso é inferior ao da gestante, 
25
NUTRIÇÃO MATERNA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
o braço da balança irá se inclinar para cima). Procede-se o movimento do marcador menor (D), 
que deverá estar no zero da escala, até o ponto em que haja equilíbrio entre o peso da escala e o 
peso da gestante (o braço da balança fica em linha reta e o cursor aponta para o ponto médio da 
escala) (E).
AA
BB
CC
DD
Figura 4 – Cursores da balança tipo plataforma
EE
Figura 5 – Cursores com peso aferido de forma correta
Deve-se fazer a leitura do peso em quilogramas e gramas, obedecendo a graduação da escala, que 
geralmente é de 100 g. Caso o cursor esteja entre os valores inteiros, deve-se fazer a leitura do menor 
valor (por exemplo, se estiver entre 200 g e 300 g, o valor a ser considerado será de 200 g).
Aferição da altura
Trata-se da medida feita utilizando a haste vertical da balança, medida feita com a gestante descalça, 
no centro da plataforma da balança, com os braços relaxados e estendidos ao longo do corpo.
26
Unidade I
A gestante deverá estar com os calcanhares, as nádegas e a face posterior da cabeça encostadas 
na haste. Os olhos deverão estar olhando para frente (borda inferior da órbita ocular no mesmo plano 
horizontal que o meato do ouvido externo).
O avaliador posicionará a haste vertical da balança pressionando suavemente os cabelos da 
gestante, até que a haste encoste no couro cabeludo. Segura-se a haste, para não mover, e faz-se a leitura 
do valor, aproximando para o valor inferior (por exemplo, 165,7 m deverá ser considerado 165,5 m).
 
Figura 6 – Haste vertical da balança e antropômetro afixado na parede
1.5.3 Acompanhamento pré-natal: cálculo da idade gestacional, calendário de 
consultas, procedimentos para consulta de nutrição
O acompanhamento no pré-natal é fundamental para a prevenção e/ou detecção precoce de 
patologias, tanto maternas como fetais, permitindo um desenvolvimento saudável do bebê e reduzindo 
os riscos da gestante (BRASIL, 2018a).
Durante as consultas deverão ser coletadas informações para que seja possível a realização de ações 
que permitam conhecer e acompanhar de modo individual a evolução da gestação em todos os seus 
aspectos e pelos componentes da equipe, propondo ações e condutas adequadas.
Para tanto, na primeira consulta realizam-se questionamentos que permitam caracterizar a gestante 
sob os aspectos socioepidemiológico, de antecedentes pessoais gerais, ginecológicos, obstétricos 
(pregressos e atual), história clínica (possíveis sintomas e sinais), situação alimentar e aspectos 
psicológicos (ansiedade, dúvidas).
No início do pré-natal, preferencialmente na primeira consulta, é realizada uma anamnese detalhada 
com a história clínica pregressa, fazendo-se exame físico, exames bioquímicos complementares e 
determinação correta da idade gestacional, com posterior acompanhamento da evolução do crescimento 
fetal, da altura uterina e do aumento do peso materno (BRASIL, 2012b).
27
NUTRIÇÃO MATERNA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Os exames bioquímicos (BRASIL, 2012b) solicitados são:
• hemograma;
• tipagem sanguínea e fator Rh;
• Coombs indireto (se for Rh negativo);
• glicemia de jejum;
• teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR;
• teste rápido diagnóstico anti-HIV;
• anti-HIV;
• toxoplasmose IgM e IgG;
• sorologia para hepatite B (HBsAg);
• exame de urina e urocultura;
• ultrassonografia obstétrica (não é obrigatório), com a função de verificar a idade gestacional;
• citopatológico de colo de útero (se necessário);
• exame da secreção vaginal (se houver indicação clínica);
• exame parasitológico de fezes (se houver indicação clínica);
• eletroforese de hemoglobina (se a gestante for negra, tiver antecedentes familiares de anemia 
falciforme ou apresentar história de anemia crônica).
Os dados são coletados em impressos próprios que devem ser preenchidos para compor o prontuário 
para também alimentar o banco de dados do Ministério da Saúde (SisPreNatal), a fim de auxiliar na 
avaliação das políticas públicas (BRASIL,2008b; BRASIL, 2012b).
Cálculo da idade gestacional
Para a avaliação da evolução do ganho ponderal, é imprescindível que a idade gestacional 
esteja correta. Ela deverá vir expressa no prontuário (anotada por outro membro da equipe que 
não o nutricionista que realizou o cálculo) ou confirmada por exame de ultrassonografia obstétrica 
(ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009).
28
Unidade I
Quando esse dado não está disponível, é possível fazer o cálculo. Nesses casos, se a mulher conhece 
a data da última menstruação (DUM), toma-se essa data e, com o auxílio de um calendário, conta-se 
o número de dias do primeiro dia de sangramento e do último ciclo menstrual e a data da consulta, 
dividindo-se o valor por 7 (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009).
Exemplo de aplicação
Para calcularmos o período de gestação de uma mulher, dispomos dos seguintes dados:
DUM (Data da última menstruação) = 25 de março
Data da consulta = 29 de abril
Seguindo o cálculo dado anteriormente, temos:
Intervalo = 35 dias/7 = 5 semanas
Outra maneira é usar um gestograma, colocando-se a seta sobre o primeiro dia de sangramento 
do último ciclo menstrual para ter mostrada a idade gestacional. O gestograma está disponível para 
compra, impressão e montagem, e também como aplicativo.
Pode acontecer de a mulher desconhecer a DUM, mas saber o período. Nesses casos, se ela apontar 
como ocorrido no começo, meio ou final do mês, serão considerados os dias 5, 15 e 25, respectivamente, 
para a realização dos cálculos (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009). Caso a mulher não tenha noção 
da data ou do período menstrual, é necessário realizar exame físico da altura uterina ou do solicitar uma 
ultrassonografia obstétrica.
Figura 7 – Gestograma
29
NUTRIÇÃO MATERNA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Calendário de consultas
A OMS recomenda que sejam realizadas seis ou mais consultas de pré-natal, sendo que, para as 
mulheres de baixo risco, esse número pode ser reduzido; da mesma forma, pode haver mais 
acompanhamentos para as pacientes de maiores riscos. A recomendação é para que as consultas sejam 
mensais até a 28ª semana, quinzenais entre as 28ª e 36ª semanas e semanais até o termo (BRASIL, 2012b).
Procedimentos para consulta de nutrição
O estado nutricional é importante durante a vida toda, mas, na gestação, o bebê dependerá 
da mãe para receber os nutrientes necessários para garantir seu crescimento e desenvolvimento 
(ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009).
A identificação das características de alimentação na gestação permite realizar ações de motivação 
para hábitos alimentares saudáveis, garantir nutrientes para as necessidades da mãe e do bebê e ganho 
de peso de acordo com as recomendações, além de prevenção e tratamento de possíveis carências 
nutricionais (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009).
Para a realização da consulta de nutrição, alguns locais disponibilizam o prontuário da gestante com 
dados antropométricos coletados; entretanto, caso isso não seja a rotina do local, inicialmente deverá 
ser realizada a aferição (VITOLO, 2015d).
O nutricionista deve ainda fazer a leitura cuidadosa dos dados já coletados (não existe nada pior para 
o paciente do que perceber que todos perguntam a mesma coisa, tendo que repetir informações que já 
foram dadas) e, caso tenha dúvida, refazer a medição, mas mostrando que está apenas complementando 
o prontuário.
Uma vez conhecida a história da gestante, deverá proceder com a coleta dos dados referentes 
à alimentação e, para isso, recomenda-se que seja realizada uma anamnese alimentar com uso de 
inquéritos alimentares (História Dietética, Recordatório de 24h, Questionário de Frequência Alimentar, 
Registro ou Diário Alimentar) que se adéquem à realidade e à viabilidade do atendimento, mas com 
profundidade de dados necessária para que seja possível conhecer os hábitos, as preferências e as 
possibilidades de consumo.
Isso é necessário pois atividades de educação alimentar e nutricional implicam mudanças de 
comportamento, e orientações realizadas superficialmente, sem considerar a realidade do paciente, 
não garantem isso. Não é porque a gestante sabe que um alimento é nutritivo que fará uso dele 
(ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009).
1.5.4 Assistência pré-natal: cuidado nutricional
A assistência tem como objetivo evitar alterações de saúde e garantir que a alimentação supra 
as adequações fisiológicas impostas pela gestação, como prevenir anemia, deficiência de vitamina A, 
inadequação do ganho de peso gestacional ou ainda outras intercorrências gestacionais (BRASIL, 2012b).
30
Unidade I
A assistência nutricional às gestantes é realizada através de atendimentos individuais e em grupos. 
Nos atendimentos em grupo, depois do acolhimento, o nutricionista deve nortear a participação das 
mulheres nas dúvidas e queixas para nortear orientações nutricionais gerais para uma alimentação 
saudável e equilibrada segundo o contexto do momento. Caso alguma dúvida necessite de suporte de 
material educativo, poderá ser respondida na próxima reunião ou, então, no atendimento individual.
No atendimento individual, devem ser avaliados o prontuário e os dados coletados anteriormente 
(histórias sociodemográfica, clínica, obstétrica, funcional, antropométrica, dietética e exames 
complementares), para então fazer as orientações alimentares levando em consideração o diagnóstico 
antropométrico, as recomendações energéticas e de nutrientes e possíveis alterações, sejam fisiológicas 
ou patológicas (BRASIL, 2012b).
Atendimento individual
É importante sempre lembrar que o atendimento nutricional deve ser individualizado e o mais 
detalhado possível, além de adequado às condições socioeconômicas e às variáveis coletadas 
no prontuário.
Sugere-se que as orientações sobre alimentação sejam realizadas com base nas recomendações do 
Ministério da Saúde (texto a seguir). Em conjunto com a alimentação, deve ser incentivada a prática de 
atividade física (dentro da condição obstétrica).
Orientações para alimentação saudável da gestante
• Fracionar a dieta/alimentação diária, ou seja, realizar um número maior de refeições 
(5 a 6 ao dia) com menor volume. Preferencialmente três grandes refeições (café da 
manhã, almoço e jantar) e 2 a 3 lanches saudáveis por dia. Evitar ficar mais de três 
horas sem comer.
• Entre as refeições beber de 6 a 8 copos de água (cerca de 2 litros).
• Incluir na alimentação leite e derivados, além de uma porção de carne, peixe ou ovos. 
Retirar a pele e a gordura da carne antes da preparação, tornando esse alimento 
mais saudável.
• Consumir diariamente legumes, verduras e frutas da época, que, além de terem custo 
menor, têm melhor valor nutricional. 
• Diminuir o consumo de gorduras. Esforçar-se para consumir, no máximo, uma 
colher (sopa) de óleos vegetais ou azeite ou meia colher (sopa) de manteiga ou 
margarina por dia.
• As farinhas integrais, além de serem fontes de carboidratos, são boas fontes de fibras, 
vitaminas e minerais.
31
NUTRIÇÃO MATERNA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
• Preferir o consumo de arroz com feijão, pois se trata de uma combinação equilibrada 
de nutrientes.
• Diminuir a quantidade de sal na alimentação e retirar o saleiro da mesa. Evitar o 
consumo de alimentos industrializados, como hambúrguer, charque, salsicha, 
linguiça, presunto, salgadinhos, conservas de vegetais, sopas prontas, molhos e 
temperos prontos.
• Utilizar temperos naturais, como cheiro-verde, alho, cebola, ervas frescas ou secas e 
limão para temperar e valorizar o sabor natural dos alimentos.
• Preferir alimentos em sua forma mais natural, evitando, ao máximo, o consumo de 
ultraprocessados .
• Para prevenir ou tratar um quadro de anemia, deve-se minimizar ao máximo o 
consumo de café, chá, mate, refrigerante, leite e derivados e alimentos ricos em fibras 
(farelos ou integrais) junto às grandes refeições. Deve-se ainda consumir diariamente 
alimentos ricos em ferro, como carnes, miúdos, feijão, lentilha, grão-de-bico, soja, 
folhas verde-escuras, grãos integrais, castanhase outros. Lembrar que, junto com 
esses alimentos, devem ser consumidas fontes de vitamina C, como acerola, goiaba, 
laranja, caju, limão e outras.
• Diminuir o consumo de açúcar, evitar refrigerantes e sucos industrializados, 
chocolates, doces, biscoitos recheados e outras guloseimas.
• Os adoçantes devem ser utilizados apenas pelas mulheres que precisam controlar o 
ganho de peso e para as diabéticas.
• Fazer sempre a leitura dos rótulos dos alimentos e preferir aqueles livres de 
gorduras trans.
Fonte: Brasil, 2017.
Tabagismo
O tabagismo durante a gestação é contraindicado devido aos malefícios que pode causar para a 
saúde da mulher e para o desenvolvimento saudável do feto. O período da gestação motiva a mulher a 
mudar esse hábito e, apesar de ser difícil, algumas conseguem diminuir o consumo ou parar (LEOPÉRCIO; 
GIGLIOTTI, 2004).
Estudos mostram que o tabagismo está associado à redução da fertilidade, ao aumento das 
complicações da gravidez, como placenta prévia e descolamento prematuro da placenta, e uma variedade 
de efeitos adversos fetais. Pode comprometer o feto, levando ao baixo peso ao nascer (BPN) e peso 
pequeno para a idade gestacional (PIG), bem como a mortes perinatais e risco maior de síndrome da 
morte súbita infantil, redução da função pulmonar, aumento da incidência de distúrbios neurocognitivos 
e aumento do risco de tabagismo e obesidade (MURIN; RAFII; BILELLO, 2011).
32
Unidade I
As alterações no crescimento se devem aos efeitos da nicotina, que promove a vasoconstrição, 
diminuindo a disponibilidade de oxigênio para o feto, e também ao CO (monóxido de carbono) que se 
liga à hemoglobina, comprometendo o transporte do oxigênio (O2). O CO liga-se à hemoglobina materna 
e fetal em uma ligação 200 vezes mais forte que com o O2, formando a carboxihemoglobina (COHb), a 
qual tem uma meia-vida de eliminação de cinco a seis horas (TACON; AMARAL; TACON, 2018).
Deve-se considerar ainda que a hemoglobina fetal faz uma ligação com o CO mais forte que a 
materna e essa hipóxia tecidual estimula a eritropoiese, que eleva o hematócrito da gestante fumante 
e de seu feto, resultando em hiperviscosidade sanguínea, o que aumenta o risco de infarto cerebral no 
neonato e mau desempenho da placenta (LEOPÉRCIO; GIGLIOTTI, 2004).
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (Center for Disease Control and Prevention – CDC), 
uma agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos responsável por 
informações para nortear decisões de saúde, orienta sobre os efeitos do tabagismo na gravidez, tanto 
para complicações maternas quanto para o feto e a criança – figura a seguir (CDC, 2020).
Figura 8 – Mensagem do CDC afirmando que fumar durante a gestação 
coloca o bebê sob risco de apresentar prejuízos ao nascer
Esclarece que monóxido de carbono da fumaça do cigarro compromete o recebimento de oxigênio 
pelo feto e pode comprometer seu desenvolvimento. Deve ser considerado ainda que outras substâncias 
tóxicas estão presentes no tabaco e essas substâncias podem prejudicar não só durante a gravidez, mas 
também depois do nascimento, uma vez que, recebendo passivamente os componentes da fumaça, 
pode haver comprometimento nos pulmões (CDC, 2020).
O uso de tabaco durante a gravidez predispõe o bebê a apresentar maiores riscos de problemas no 
nascimento (LEOPÉRCIO; GIGLIOTTI, 2004). Parar de fumar ajuda a diminuir o risco de doenças; portanto, o 
uso dessa substância deve ser desestimulado, pois os riscos, tanto para a gestante quanto para a criança, 
podem ser reduzidos se o uso for interrompido durante a gestação. Estudos mostram que, se o tabagismo 
é cessado no primeiro trimestre da gestação, os efeitos no peso e na estatura do feto desaparecem, por 
isso é indicado que a gestante pare de fumar logo que for diagnosticada a gravidez (BRASIL, 2015a).
33
NUTRIÇÃO MATERNA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Uso abusivo de álcool
Assim como outras substâncias, o álcool pode causar danos ao feto e isso faz com que as gestantes 
sejam encorajadas a evitar seu consumo em toda a gestação, mas principalmente na fase embrionária, 
quando é intensa a divisão e a diferenciação celular (ou seja, nos três primeiros meses) (BRASIL, 2012b).
A recomendação do não uso de bebidas alcoólicas está no fato de o etanol e seus metabólitos 
(acetaldeído) atravessarem a barreira placentária e exporem o feto às ações de seus componentes, 
pois, como o metabolismo e o sistema de eliminação fetal são mais lentos, os efeitos são prolongados. 
Acrescente-se a isso que o líquido amniótico fica também impregnado de etanol e acetaldeído.
É desconhecida a existência de uma quantidade segura para a ingestão de álcool durante a gestação, 
sabendo-se, por outro lado, que o consumo pode predispor a baixo peso, malformações e hipotonicidade 
no recém-nascido (BRASIL, 2012b).
A ingestão em excesso pelas gestantes pode trazer como consequência a Síndrome Alcoólica 
Fetal (SAF), que se manifesta com algumas alterações mais sutis na morfologia da face (microcefalia, 
nariz curto, queixo fino, bochechas planas, anomalias nas orelhas) e sinais de irritação, tremores e a 
característica do bebê de mamar e dormir pouco. Nos casos mais graves, são observados problemas 
físicos e mentais, que variam de intensidade de acordo com a gravidade do caso. Estudos mostram que 
cerca de um terço dos bebês de mães dependentes do álcool que fizeram uso excessivo dessa substância 
durante a gravidez foram afetados pela SAF (BRASIL, 2012b).
Outras drogas
Estudos sobre o uso de maconha, cocaína e crack durante a gestação têm sido realizados devido ao 
aumento no consumo que, além de consequências de ordem social, mostram que podem provocar efeitos 
deletérios no feto. A preocupação em conhecer os efeitos deve-se ao fato de essas drogas atravessarem a 
barreira placentária e comprometerem o desenvolvimento em alguma de suas fases. Apesar de não terem 
sido encontrados resultados conclusivos, que mostrem quais são os riscos a que os fetos são expostos e por 
qual motivo algumas pessoas, mesmo expostas aos riscos, possuem fetos normais, alguns dados mostram 
que pode haver malformação, prematuridade, baixo peso, diminuição do perímetro cefálico, morte súbita, 
sofrimento fetal, convulsões e parada cardiorrespiratória. Para as gestantes, pode aumentar a incidência de 
complicações como deslocamento de placenta, isquemias, infarto e morte (TACON; AMARAL; TACON, 2018).
Esses fatos mostram que é importante empreender ações que protejam o feto e a gestante dos 
efeitos dessas substâncias (TACON; AMARAL; TACON, 2018).
1.5.5 Atenção à gestante e puérpera no SUS
O Ministério da Saúde, dentro da proposta de atenção obstétrica e neonatal, tem como objetivo 
qualificar a rede de assistência, a capacitação profissional e a normalização das práticas de saúde 
em busca de uma atenção pré-natal e puerperal de qualidade e humanizada, capaz de “acolher com 
dignidade a mulher e o recém-nascido, enfocando-os como sujeitos de direitos” (BRASIL, 2005a, p. 9).
34
Unidade I
Desde 2003, a Política Nacional de Humanização busca efetivar os princípios do Sistema Único de 
Saúde (SUS) nos serviços de saúde, estimulando a comunicação entre gestores, trabalhadores e usuários 
nos processos de gestão e de cuidado (BRASIL, 2005a).
As ações da Política Nacional de Humanização tomam o acolhimento como postura prática nas 
ações de atenção e gestão das unidades de saúde, o que favorece a construção de uma relação de 
confiança e compromisso dos usuários com as equipes e os serviços, contribuindo para a promoção da 
cultura de solidariedade e para a legitimação do sistema público de saúde (BRASIL, 2005a).
A atenção pré-natal e puerperal deve acolher a mulher desde o início da gravidez e realizar ações de 
promoção e prevenção da saúde, além de diagnóstico e tratamento adequado dos problemas que possam vir 
a ocorrer nesse período de modo a garantir tanto a gestação como o nascimento saudável (BRASIL, 2005a).
Para isso, a rede de assistênciadeve considerar que a mulher e sua família devem ser informadas dos 
procedimentos que serão realizados e das condutas que serão tomadas, sempre pautados nos princípios 
éticos (BRASIL, 2015a).
O cuidado com as gestantes e puérperas deve ter o envolvimento dos profissionais de saúde, 
garantindo o acesso a cuidado e qualidade da atenção oferecida (GUIMARÃES; SILVA, 2003).
A atenção pré-natal e puerperal de qualidade e humanizada é fundamental para a saúde materna e 
neonatal, e, para sua humanização e qualificação, deve-se:
• construir um novo olhar sobre o processo saúde/doença, que compreenda a pessoa em sua 
totalidade corpo/mente e considere o ambiente social, econômico, cultural e físico no qual vive;
• estabelecer novas bases para o relacionamento dos diversos sujeitos envolvidos na produção de 
saúde – profissionais de saúde, usuários(as) e gestores;
• empreender a construção de uma cultura de respeito aos direitos humanos, entre os quais estão 
incluídos os direitos sexuais e os direitos reprodutivos, com a valorização dos aspectos subjetivos 
envolvidos na atenção (BRASIL, 2005a).
A Unidade Básica de Saúde (UBS) é a porta de entrada preferencial da gestante no sistema de 
saúde. É nela que é possível a acolhida das necessidades, permitindo acompanhamento longitudinal e 
continuado (BRASIL, 2005a).
Quando se faz uma avaliação da necessidade de cada usuária, levando em consideração as orientações 
e os protocolos preestabelecidos, garante-se às gestantes uma linha de cuidado materno-infantil.
Muitas vezes, o local de acolhida da gestante dispõe de uma equipe suficiente para o atendimento 
básico, e, na necessidade de outras redes assistenciais (de média ou alta complexidade, de urgência e 
emergência, entre outras) ou de equipamentos do sistema de saúde (exames de imagem, laboratoriais, 
entre outros), há um fluxo preestabelecido que permite a assistência integral.
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NUTRIÇÃO MATERNA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
No acolhimento humanizado e integral à mulher, devem ser realizadas ações que possibilitem:
• recepção da usuária e escuta qualificada;
• favorecimento do vínculo;
• olhares de avaliação de vulnerabilidades;
• momentos que permitam que a gestante expresse suas preocupações e angústias;
• participação do parceiro nas ações do pré-natal;
• conhecimento ao direito de acompanhante no parto e pós-parto.
 Observação
A Lei n. 11.108, de 7 de abril de 2005, garante às parturientes o direito 
à presença de alguém da família, amigo(a) ou doula durante o trabalho de 
parto e pós-parto imediato (BRASIL, 2005b).
Pode-se, portanto, afirmar que um parto e um nascimento saudáveis têm como antecessor uma 
assistência pré-natal realizada por equipe treinada e engajada dentro dos princípios da humanização 
(BRASIL, 2005a).
A síntese do pré-natal pode ser observada nos 10 passos propostos pelo Ministério da Saúde 
(BRASIL, 2012b).
10 Passos para o Pré-Natal de Qualidade na Atenção Básica
1° passo: Iniciar o pré-natal na Atenção Primária à Saúde até a 12ª semana de gestação 
(captação precoce).
2° passo: Garantir os recursos humanos, físicos, materiais e técnicos necessários à 
atenção pré-natal.
3° passo: Toda gestante deve ter assegurado a solicitação, realização e avaliação em 
termo oportuno do resultado dos exames preconizados no atendimento pré-natal.
4° passo: Promover a escuta ativa da gestante e de seus(suas) acompanhantes, 
considerando aspectos intelectuais, emocionais, sociais e culturais, e não somente um 
cuidado biológico: “rodas de gestantes”.
36
Unidade I
5° passo: Garantir o transporte público gratuito da gestante para o atendimento 
pré-natal, quando necessário.
6° passo: É direito do(a) parceiro(a) ser cuidado (realização de consultas, exames e ter 
acesso a informações) antes, durante e depois da gestação: “pré-natal do(a) parceiro(a)”.
7° passo: Garantir o acesso à unidade de referência especializada, caso seja necessário.
8° passo: Estimular e informar sobre os benefícios do parto fisiológico, incluindo a 
elaboração do “Plano de Parto”.
9° passo: Toda gestante tem direito de conhecer e visitar previamente o serviço de saúde 
no qual irá dar à luz (vinculação).
10º passo: As mulheres devem conhecer e exercer os direitos garantidos por lei no 
período gravídico-puerperal.
Fonte: Brasil (2018a, p. 12-13).
 Saiba mais
Existe um programa denominado 1000 dias, período compreendido 
desde a concepção até os 2 anos de idade (270 dias de gestação + 730 
dias, até que o bebê complete 2 anos). O programa está voltado para a 
promoção da saúde das gestantes, do aleitamento materno e de uma 
alimentação equilibrada. Os cuidados nessa etapa, a qual tem início 
no período gestacional, contribuem para potencializar características 
biológicas, intelectuais e sociais da criança. Vale a pena conhecer melhor 
essa proposta. Para isso, consulte os textos indicados a seguir.
CUNHA, A. J. L. A. da; LEITE, A. J. M.; ALMEIDA, I. S. de. Atuação do 
pediatra nos primeiros mil dias da criança: a busca pela nutrição e pelo 
desenvolvimento saudáveis. Jornal de Pediatria, Porto Alegre, v. 91, n. 6, 
supl. 1, p. S44-S51, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/jped/
v91n6s1/0021-7557-jped-91-06-s1-0s44.pdf. Acesso em: 28 jan. 2021.
PRIMEIROS mil dias de vida são cruciais para desenvolvimento do 
cérebro. ONU News, Nova York, 10 jan. 2017. Disponível em: https://
news.un.org/pt/story/2017/01/1573791-primeiros-mil-dias-de-vida-sao-
cruciais-para-desenvolvimento-do-cerebro. Acesso em: 28 jan. 2021.
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NUTRIÇÃO MATERNA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
2 NECESSIDADES NUTRICIONAIS DA GESTANTE
Durante a gestação, para garantir o crescimento e o desenvolvimento fetal e da placenta, o organismo 
materno sofre uma série de ajustamentos fisiológicos e metabólicos, preservando sua homeostasia 
(VITOLO, 2015a).
Os nutrientes são responsáveis por muitos desses ajustes e devem ser fornecidos por adequações da 
dieta, segundo as recomendações das DRI (Dietary Reference Intake) (anexo A).
2.1 Energia
O cálculo da necessidade energética leva em consideração o peso pré-gestacional, a composição 
corporal, como está o ganho de peso, a idade gestacional e o nível de atividade física diária realizada 
(GUIMARÃES; SILVA, 2003).
Para o cálculo correto, esses fatores devem ser considerados pois, se o suprimento de energia for 
inadequado, as proteínas, as vitaminas e os minerais não podem ser usados nas funções metabólicas. 
O desvio da proteína para função energética pode comprometer a síntese proteica pelo feto e pelos 
tecidos maternos (GUIMARÃES; SILVA, 2003).
As recomendações energéticas, bem como o acréscimo para o período gestacional, são 
sugeridas pela OMS, pelo National Research Council/Recommended Dietary Allowance (NRC/RDA) 
e atualizadas pelo Institute of Medicine (IOM) (IOM, 2005). Para isso, calcula-se o valor energético 
total (VET) e acrescentam-se as calorias suficientes para suprir as necessidades do período.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) – 1985
A OMS sugere que o cálculo das necessidades da gestante seja feito utilizando as equações 
propostas para mulheres e, ao resultado encontrado, seja acrescentada a quantidade 250 kcal/dia 
durante toda a gestação (entretanto, caso a gestante diminua a atividade física, o acréscimo deve ser 
de 200 kcal/dia) (OMS, 1998).
Assim, para o cálculo da recomendação de energia diária, primeiramente calcula-se a taxa metabólica 
basal (TMB) ou gasto energético basal (GEB) segundo a faixa etária e, posteriormente, faz-se o acréscimo 
para a realização das atividades. O resultado encontrado corresponde à necessidade de uma mulher sem 
estar gestante, portanto, faz-se, então, o acréscimo das calorias sugeridas (250 kcal/dia ou 200 kcal/dia).
Tabela 4 – Equação para cálculo da TMB/GEB
Faixa etária (anos) TMB/GEB
10 a 18 (12,2 x peso) + 746
18 a 30 (14,7 x peso) + 496
30 a 60 (8,7 x peso) + 829
Fonte: Report of a Joint FAO/WHO/UNU Expert Consultation (1985, p. 78).
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Unidade I
Tabela 5 – Equação para cálculo

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