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Medicina - 5º Semestre - Ana Paula Cuchera 27 de fev. de 2023 Porque avaliar o crescimento? - A avaliação do crescimento é a medida que melhor define a saúde e o estado nutricional de crianças, já que distúrbios na saúde e nutrição, independente da causa, invariavelmente afetam o crescimento infantil - Objetivos da avaliação do crescimento: ● Detecção precoce → identificar possíveis fatores de reverter (prevenção) ○ Ou seja, detectar problema e obter a sua recuperação (prevenção e tratamento) ou minimizar seu impacto (se inevitáveis) ○ Peso → qualquer distúrbio irá afetar invariavelmente o crescimento dela ● Identificar as variações de normalidade → tranquilizando a criança e a família, evitando possíveis intervenções prejudiciais OBS! Iatrogenia → ação que ao invés de melhorar o estado da criança, acaba piorando ● EX: filho come normalmente e a mãe da suplemento alimentar → ela estará induzindo obesidade no bebê Com que frequência? - 1º ano de vida:mensal - 2º ano de vida: a cada 2 meses - 2 a 10 anos: a cada 6 meses (1 ano) Avaliação do crescimento - Ver fatores intrínsecos e extrínsecos - Clínico ● Anamnese (história clínica e alimentar) ● Exame físico ● Antropometria: peso, estatura, PC, CA, IMC. - Exames laboratoriais ● Dosagens de ferro, cálcio, proteínas ● Idade óssea OBS! Estresse tóxico → tudo que for fator ambiental e nutricional que afeta a criança - Isso desenvolve fator de risco para fatores psicológicos, cardiovasculares, etc. OBS! Fome oculta → tipo de desnutrição. - Quando têm peso certo, mas tem carência de nutrientes 1 Anamnese - Condições que possam interferir no crescimento: ● Condições intrauterinas ● Prematuridade ● Alimentação ● Antecedentes pessoais ● Antecedentes familiares Condições intrauterinas e Prematuridade - Condições intrauterinas: estado nutricional da mãe prévio à gestação, doenças maternas, asfixia perinatal, etc. - Prematuridade: abaixo de 37 semanas ● Idade corrigida → sempre corrigir a idade para 40 semanas ● Ex: criança que nasceu de 36 semanas pode sentar sem apoio com 7 meses devido a idade corrigida e vai estar dentro da normalidade OBS! Sentar sem apoio é normal com 6 meses OBS! O estado nutricional da mãe afeta a criança → ela é mais propensa a enfermidades (diabetes, obesidade, etc.) - Leite é produzido pela ocitocina e prolactina → mãe estressada pode secar o leite, uma vez ocitocina acaba - Tabagismo → pode gerar insuficiência placentária - Asfixia perinatal → (bebê não respira) pode ser por partos demorados ou por doenças prévias Condições de gestão e parto - Peso de nascimento: 800g e idade gestacional (IG) 34 semanas ● < P10 (PIG) → tabela - Tabela: peso do nascimento x idade gestacional ● Vale desde 29 semanas até 42 semanas independente do jeito que ele nasceu ● O valores da tabelas variam entre P10 e P90 ● PIG e GIG → fazem hipoglicemia ○ PIG → Pequeno para a Idade Gestacional (abaixo de P10) ○ AIG → Adequado para a Idade Gestacional (P10-P90) ○ GIG → Grande para a Idade Gestacional (maior que P90) ● PIG e GIG → tem fatores de risco alto, ficar atento (chances de fazer hipoglicemia) ● PIG → faz hipoglicemia por não ter reserva de nutrientes ● GIG → faz hipoglicemia pelo excesso de insulina circulante (comum emmães diabéticas) 2 Histórico Alimentar - Aleitamento materno → passa IgA ● Sem aleitamento a criança fica mais suscetível a alergias, infecções do trato gastrointestinal ● Mais comum diarreia e vômito → não ganha peso - Dieta de transição (época de introdução, qualidade, quantidade, aceitação) - Alimentação atual ● Técnica ● Quais alimentos (Qualidade) ● Quantidade ● Aceitação ● Dinâmica familiar Antecedentes - Antecedentes pessoais: - Existem diversas coisas que podem afetar o crescimento: ● Doenças crônicas → como a doença celíaca ● Cardiopatia → gasto energético muito grande (dificuldade de ganho de peso) ● Internações ● Cirurgias ● Hábitos de vida ● Medicamentos em uso → corticóide (incha e abre o apetite) - Antecedentes familiares: ● Estatura dos pais ● Condições socioeconômicas → Exemplo parasitoses ● Emocionais → Estresse tóxico OBS! Fibrose cística → secreções ficam espessas inclusive a do pâncreas (não consegue absorver adequadamente nutrientes) → perder peso e não crescer Exame físico - Características fenotípicas (síndromes) ● Exemplo: Síndrome de Down, Acondroplasia, Turner → cada um tem uma tabela específica pois o biotipo é diferente ● Exemplo: Síndrome de Down → mais baixo e commaior peso - Dados antropométricos - Sinais clínicos de desnutrição - Sinais clínicos de obesidade - Maturação puberal (adolescentes) 3 Sinais clínicos de desnutrição - Tecido celular subcutâneo (quantidade, distribuição, presença de edema) - Mucosas (coloração) - Pele (textura, temperatura, elasticidade, lesões) - Cabelos (quantidade, distribuição, coloração, desprendimento) ● Cabelo fino opaco e loiro ● Sinal da bandeira → Quando tem parte do cabelo loiro e parte escuro (significa que a criança temmomentos de desnutrição) - Musculatura (força muscular) - Esqueleto (sinais de raquitismo) OBS! Síndrome de Kwashiorkor - falta de nutrientes (proteínas) Obesidade: - Resistência insulínica → acantose nigricans - Estrias → sinal de obesidade com resistência insulínica 4 Antropometria - Peso - Estatura - IMC - Perímetro cefálico - CA (circunferência abdominal) - Segmentos inferior e superior* - Envergadura* - Dobras cutâneas* - Técnicas de obtenção: (como medir e quais instrumentos usar) ● PESO → Balança ○ Primeira → Usar até os 2 anos (variação de 10g) - como a variação é pequena é preciso tirar toda a roupa ○ Criança de 0 a 2 anos: balança pediátrica com graduação de 10g ou balança pediátrica digital, previamente calibradas, criança despida; mãos e pés não devem tocar outra superfície; ○ Segunda → Usar depois dos 2 anos (variação de 100g) ○ Criança maior de 2 anos e adolescentes: balança tipo adulto, com graduação de 100g, ou balança digital, commínimo de roupa ● ALTURA → régua e estadiômetro (vertical) ○ Até 24 meses: régua antropométrica (horizontal) ○ É CHAMADO DE COMPRIMENTO!! ○ Acima de 24 meses: antropômetro/ estadiômetro (vertical) ○ É CHAMADO DE ESTATURA!! 5 Vigilância do crescimento 1º ano de vida - PESO: - Ganho de peso inicial ● Recém-nascido: perda até 10% do peso primeiros dias; recuperação até 10º dia de vida ● Ganho insuficiente: rever e orientar técnica de amamentação ○ Ver a técnica de amamentação, se ocorreu apojadura, ou até mesmo se teve alguma coisa grave ● Pré-termos: IG corrigida OBS! Apojadura → nome da descida do leite (ocorre entre o 3º e 5º dia de vida) → por isso a criança perde peso no começo e depois recupera - Ganho diário: ● 25 - 30 gramas/dia (1º Trimestre) ● 20 gramas/dia (2º Trimestre) ● 10-15 gramas/dia (2º Semestre) - Lactentes: ● Peso x2 (duplica) aos 5-6 meses ● Peso x3 (triplica) aos 12 meses ○ Para verificar crianças que não foram consultas iniciais → quando não tem acompanhamento ○ É uma estimativa para ver se a criança ganhou peso bem - Peso com 1 ano de idade: ● x2 (duplica) aos 5 anos SABER: 1º ano de vida - ESTATURA: - Evolução: ● 0 a 3 meses: 3,5 cm/mês ● 4º ao 6º mês: 2 cm/mês ● 7º ao 9º mês: 1,5 cm/mês ● 10º ao 12º mês: 1-1,2 cm/mês ● Ao final do 1º ano: aumento 50% da estatura ao nascimento (25 cm/15cm nos primeiros 6m e 10 cm nos outros 6m) ● 1º ao 3º ano: 1 cm/mês ● > 3 anos: 3 a 6 cm/ano (até o início da puberdade) OBS! Parada ou desaceleração do crescimento: carência nutricional - Estatura alvo: (estimativa) 6 - Canal familiar: varia 10 para cima e 10 para baixo - É a média que a criança pode ficar Perímetro cefálico - Reflete de forma indireta o crescimento cerebral nos dois primeiros anos de vida. - Pontos de referência: occipício e glabela (Testa e osso no fim da cabeça) ● Microcefalia < -2 DP ● Macrocefalia > +2 DP ○ Pode ser causado por hidrocefalia - Medidas do perímetro cefálico ● P10-90 → Normal na idade gestacional ● Menor que P10 → microcefalia ● Maior que P90 → macrocefalia - Perímetro cefálico:● 2 cm/mês 1º trimestre ● 1 cm/mês 2º trimestre ● 0,5 cm/mês 2º semestre ● Ao final do 1º ano: 12 cm ● 1º ao 3º ano: 0,25 cm/mês ● Entre 3 e 6 anos: 1 cm/ano RESUMO - SABER Circunferência abdominal - Circunferência da cintura: fortemente associada à gordura visceral e ao risco cardiovascular. - Várias formas de aferição: a mais empregada é a que utiliza o ponto médio entre a última costela fixa e a crista ilíaca superior, aproximadamente 2 dedos acima da cicatriz umbilical - Quando acima do P90: tem boa correlação com o desenvolvimento de dislipidemia, hipertensão arterial e resistência insulínica ● P90 é o percentil 7 Estado nutricional - O estado nutricional é uma característica individual ou populacional que resulta do balanço entre a ingestão e a perda de nutrientes, levando em conta sua ingestão, absorção, utilização e excreção. - Pode manifestar uma nutrição adequada, carência de nutrientes específicos ou algum outro distúrbio nutricional. - Avaliação do Estado Nutricional (Tratado de Pediatria - SBP, 2022) ● Utiliza‐se um conjunto de técnicas e medidas para obter indicadores que irão definir o estado nutricional do indivíduo ou caracterizar distúrbios de ordem nutricional ○ Peso, estatura, IMC, circunferências corpóreas (crânio, braço, cintura, quadril, panturrilha), dobras cutâneas (tricipital, bicipital, suprailíaca, subescapular, panturrilha, abdominal) e tamanho dos segmentos corpóreos. Escore-Z e Percentil na Avaliação Nutricional ● Escore-Z e percentil: são formas de expressar, de modo padronizado, a posição relativa de uma observação no interior de uma distribuição. 8 - Escore Z → é um estimador que quantifica a distância de um valor observado em relação à mediana de uma população. ● Número de desvios-padrão que separa uma variável aleatória x da média - Percentil → também expressa a posição relativa ocupada por determinada observação no interior de uma distribuição. ● É proveniente da divisão de uma série de observações em uma população de referência em cem partes iguais, estando os dados ordenados do menor para o maior, em que cada ponto de divisão corresponde a um percentil. 9 - Cada valor de escore-z apresenta um valor de percentil correspondente ● Por exemplo, o escore-z 0 corresponde ao percentil 50, isto é, em uma população saudável, espera-se encontrar 50% dos indivíduos abaixo desse valor - Escore Z → medido como -4, -3, -2, -1, 0, +1, +2, +3, +4 - Percentil → medido como porcentagem OBS! Esses dois valores estão relacionados. Ex: -1 equivale a 15,9% de percentil ou +3 equivale a 99,87% Índices de Curvas e Referências - Recomendações atuais: ● Curvas da OMS (2006/2007): ○ Curvas anteriores (1977): utilizavam como referência populações com aleitamento artificial e menos representativas ○ Nova curva da OMS: ■ Cerca de 8.500 lactentes e crianças sadias ■ Diferentes continentes: África, Américas, Ásia e Europa ■ Crianças em aleitamento materno OBS! Quanto mais longe do comum →mais chance de ter doenças. - Curvas de Crescimento: OMS 2006 Conclusões ● Referência OMS em relação aos dados de cada país: Grande uniformidade entre os 6 centros ● O padrão da OMS deve ser usado para avaliar crianças de qualquer país, independente de etnia, condição socioeconômica e tipo de alimentação. Indicadores por idade 10 Curvas da OMS: Percentil - Principais: ● Peso para idade ● Estatura para idade ● IMC OBS! Percentil temmenos linhas que escore Z Curvas da OMS: Escore Z - Principais: ● Peso para idade ● Estatura para idade ● IMC OBS! Usada mais por ser mais específica 11 Curvas de Crescimento - DECORAR 1- ESTATURA: ● Percentil ○ Abaixo de P3 → baixa estatura para a idade ○ Acima de P3 → estatura adequada para a idade ● Escore Z ○ Acima -2 → adequada estatura para a idade ○ Entre -2 e -3 → baixa estatura para a idade ○ Menos de - 3 → muito baixa estatura para a idade ● Comparando os Escore : ○ P99,9 = +3 SD ○ P 97 = +2 SD ○ P 85 = + 1SD ○ P 50 = 0 SD ○ P 15 = -1 SD ○ P 03 = -SD ○ P 0,1 = -3SD - Exemplo: ● 12 anos: 1,45cm (Z-1) → estatura adequada para a idade ● 9 anos: 1,17cm (Z-2 e-3) → baixa estatura para a idade ● 6 anos: 0,95cm (Z-3) → estatura muito baixa para a idade 12 - PESO: ● Percentil ○ Acima de P97 → peso elevado para a idade ○ Abaixo de P3 → peso adequado para a idade ○ Acima de P3 → estatura adequada para idade OBS! As marcações com asterisco demonstram como é feito o gráfico de uma criança - Definições de obesidade e sobrepeso: Gráfico IMC (OMS) ● Para menores de 5 anos: ○ Risco para sobrepeso: entre P85 e P97 (z score entre +1 e +2) ○ Sobrepeso: entre P97 e P99,9 (z score entre +2 e +3) ○ Obesidade:maior que P99,9 (z score > +3) OBS! Normalidade = EUTROFIA ● Para maiores de 5 anos: ○ Sobrepeso: entre P 85 e 97 (z score entre +1 e +2) ○ Obesidade: entre P 97 e 99,9 (z score entre +2 e +3) ○ Obesidade Grave:maiores que P99,9 (z score > +3) 13 ● Adolescentes ○ Índice de massa corporal (IMC) ○ Estatura para a idade ○ Considerar em conjunto com o estadiamento puberal de Tanner ○ Avaliação semestral - Diagnósticos: ● Crescimento físico ○ Estatura normal/adequada para idade ○ Baixa estatura/muito baixa estatura ● Condição nutricional ○ Eutrofia ○ Distrofia ■ Desnutrição proteico-calórica (ou energético-proteica) ■ Sobrepeso/obesidade/obesidade grave ■ Magreza/magreza acentuada OBS! Um diagnóstico para cada curva Antropometria Infantil - Peso x Estatura x IMC Caso clínico 1 ● 1ª consulta ● Menino, 8 anos ● Nasceu de parto cesária, IG 35 semanas ● Apgar 8 e 9 ● Peso: 1.800 g e comprimento 42 cm ao nascer ● Peso atual: 33 Kg ● Estatura: 1,28 m ● IMC: 20,14 Kg/m2 - Atenção!! Não são as curvas da OMS!! - São específicas para IG/peso ou Ig/estatura do ao nascer. - 35 sem = 1800g OBS! RNPT – PIG (Pequeno para a Idade Gestacional): Baixo peso (abaixo de 2500g) 14 - Este paciente também possui baixa estatura ao nascer OBS! Quando o paciente possui baixo peso e baixa estatura, indica que houve algum problema na gestação e este bebê não se desenvolveu adequadamente - Quando o bebê é PIG, mas tem estatura normal indica que no final da gravidez houve alguma intercorrência e o bebê não ganhou peso, porém ele desenvolveu normalmente - Exemplos: ● 8 anos e 1,28m → estatura adequada para a idade (escore 0 e +1) ● 8 anos IMC 20,14 → obesidade (escore +2 e +3) Exemplo de evolução: IMC - meninos 0-5 anos Caso clínico 2 ● Gestação: mãe desenvolveu pré-eclâmpsia ● Parto cesária (37 semanas) ● Apgar: 9-10 ● PN: 2.580 g ● Comprimento: 47 cm ● PC= 35cm, PT=32cm ● Peso a alta (3º dia de vida): 2420 g - 37 sem = 2580g OBS! RNPT – AIG (Adequado para a Idade Gestacional) 15 OBS! Perímetro cefálico adequado para idade ou normocrania Caso clínico 3 ● Gestação: mãe fumante e com HAS crônica ● Nasceu de parto cesária (rotura prematura de membranas)IG 37 semanas ● APGAR 9/10 ● PN: 2.290 g ● Comprimento: 44 cm ● PC: 32,5 cm ● Peso na alta: 2070 g (7 dv) - 37 sem = 2290g OBS! RNPT – PIG (Pequeno para a Idade Gestacional): Baixo peso (abaixo de 2500g) OBS! Catch up → quando a criança está avançando para os níveis normais - PIG sem catch up → quando não avança para os níveis de normalidade Caso clínico 4 ● Menino 4 anos ● Peso 20,5kg ● Estatura 110cm ● IMC 17 16 - IMC = Z entre +1 e +2 (risco de sobrepeso) Caso clínico 5 ● Menina 13 anos ● Peso 60kg ● Estatura 155cm ● IMC 25 - Estatura = Z entre -1 e 0 (Estatura adequada para idade) - IMC = Z entre +1 e +2 (Sobrepeso) Caso clínico 6 ● Menino 9 anos ● Peso 22kg ● Estatura 130cm ● IMC 13 - Peso = Z entre -2 e -1 (Peso adequado para idade) 17 - Estatura = Z entre -1 e 0 (Estatura adequada para idade) - IMC = Z entre -2 e -3 (Magreza) 18
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