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SP 3.1 - PROCESSOS CONSUPTIVOS CAQUEXIA SÍNDROME DO IDOSO FRÁGIL

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RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA 
 
SP 3.1 – UM NÚMERO PARA NÃO 
ESQUECER... PROCESSOS CONSUPTIVOS / 
CAQUEXIA / SÍNDROME DO IDOSO FRÁGIL 
FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIA 
 
1. DEFINIR SARCOPENIA 
 
À medida que se envelhece, ocorrem várias 
modificações na composição corporal do indivíduo 
idoso. Entre essas alterações, a diminuição da massa 
muscular é a de maior importância clínica e funcional. 
O termo sarcopenia foi proposto pela primeira vez em 
1989 por Irwin Rosenberg para descrever a perda de 
massa muscular relacionada com o envelhecimento. A 
palavra provém do grego (sarx (carne) + (penia (perda). 
Desde então, o conceito de sarcopenia tem sido 
modificado à medida que novos conhecimentos sobre 
o tema são publicados. 
O conceito atual define sarcopenia não apenas como o 
processo de perda de massa muscular relacionada com 
o envelhecimento, mas também inclui a perda da força 
e da função muscular. Contudo, ainda não temos na 
literatura uma definição amplamente aceita e que seja 
adequada para uso tanto em pesquisa científica quanto 
na prática clínica. 
EPIDEMIOLOGIA 
Dependendo da definição utilizada, a prevalência em 
indivíduos entre 60 e 70 anos de idade varia de 5 a 13%. 
Já entre os idosos com idade superior a 80 anos, a 
prevalência pode variar de 11 a 50%. 
Mesmo utilizando-se uma estimativa conservadora de 
prevalência da sarcopenia, essa condição acomete 
atualmente cerca de 50 milhões de pessoas no mundo 
e afetará mais de 200 milhões nos próximos 40 anos. 
O pico de massa muscular em um indivíduo saudável 
ocorre por volta dos 25 anos de idade. Assim como a 
força, a massa muscular é praticamente mantida entre 
os 25 e 50 anos, com redução de apenas 5% no número 
de fibras musculares e cerca de 10% no tamanho das 
fibras. 
Contudo, é entre os 50 e os 80 anos de idade que 
ocorre a maior perda de massa muscular. O número de 
fibras sofre uma redução de 35%, enquanto o tamanho 
das fibras é reduzido em cerca de 30%. 
É interessante notar que, ao contrário da redução do 
número de fibras, que ocorre na mesma proporção 
entre as fibras de contração lenta (tipo I) e as fibras de 
contração rápida (tipo II), a diminuição do tamanho das 
fibras ocorre predominantemente entre as do tipo II. 
Diversos estudos têm demonstrado ainda que entre as 
de contração rápida, a do tipo IIB é a que apresenta a 
maior porcentagem de redução, tanto no número 
quanto no tamanho das fibras, quando comparado à 
fibra tipo IIA. 
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS 
Apesar do aumento do número de pesquisadores 
interessados em estudar sarcopenia, ainda não há 
consenso em relação à definição clínica e aos critérios 
diagnósticos. Na lista da Classificação Estatística 
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados 
com a Saúde (CID-10) ainda não há, até o momento, 
código que identifique a sarcopenia como doença. 
Tentando minimizar essas diferenças e reduzir as 
incertezas sobre o assunto, a Sociedade Europeia de 
Medicina Geriátrica decidiu criar, em 2009, um Grupo 
de Estudo em Sarcopenia, o (European Working Group 
on Sarcopenia in Older People, conhecido pela sigla 
EWGSOP, com a função de estabelecer definições e 
critérios diagnósticos com o objetivo de facilitar a 
identificação da síndrome na prática clínica e 
padronizar critérios para serem utilizados nas 
pesquisas. 
Sarcopenia é uma síndrome caracterizada por 
progressiva e generalizada perda de massa e força 
muscular com risco de eventos adversos, como 
incapacidade física, perda da qualidade de vida e 
morte. A recomendação do EWGSOP é que se utilize a 
diminuição da massa muscular e a diminuição da 
função muscular (força ou desempenho) como critérios 
para o diagnóstico da sarcopenia. A utilização do 
critério de avaliação da função muscular permite que o 
diagnóstico tenha maior valor clínico. Alguns autores 
têm argumentado que o termo dinapenia se encaixaria 
melhor para descrever a perda de força e função 
muscular associada ao envelhecimento, contudo o 
termo sarcopenia já é amplamente reconhecido e 
substituí-lo poderia levar a mais confusão. Quadro 90.2 
 
 
 
 
 RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA 
 
 
Critérios para diagnóstico da sarcopenia: 
→ Diminuição da massa muscular 
→ Diminuição da força muscular 
→ Diminuição do desempenho físico 
Diagnóstico: documentação do critério 1 + critério 2 
ou 3. 
 
ETIOLOGIA E PATOGÊNESE 
Múltiplos fatores de risco e vários mecanismos 
contribuem para o desenvolvimento da sarcopenia. 
Dentre os principais fatores de risco estão a falta de 
atividade física, a baixa ingesta calórica e proteica, 
assim como modificações hormonais e alterações nos 
níveis de citocina que ocorrem a partir do 
envelhecimento. 
Alterações no remodelamento do tecido muscular, 
perda de neurônios motores alfa, além de alterações 
no recrutamento de células musculares e apoptose são 
mecanismos que contribuem para a patogênese da 
sarcopenia. 
Fatores genéticos podem ter papel importante na 
explicação das diferenças entre força e desempenho 
muscular entre grupos de indivíduos. 
A sarcopenia é encontrada em outras síndromes que 
cursam com grande perda de massa muscular, como a 
caquexia. A diferenciação entre essas síndromes é 
importante para que identifique-se a abordagem 
diagnóstica e terapêutica apropriada para cada 
condição. 
2. DIFERENCIAR SÍNDROME CONSUMPTIVA E 
CAQUEXIA. 
 
A síndrome consumptiva nada mais é do que um 
conjunto de sinais e sintomas que corroboram com 
a suspeita clínica de perda de peso não intencional. 
 
Dessa forma, a síndrome consumptiva se caracteriza 
por ser um diagnóstico sindrômico que o examinador 
pode utilizar quando se deparar com os achados 
semiológicos característicos da mesma. 
 
Por outro lado, a caquexia é uma perda de massa 
muscular não intencional, podendo apresentar 
perda de concomitante de gordura ou não. 
Paradoxalmente, os pacientes que apresentam 
caquexia apresentam um aumento significativo da 
taxa de síntese proteica, haja vista a grande 
quantidade de “matéria-prima”, os aminoácidos, 
disponível. Geralmente os pacientes que apresentam 
caquexia possuem algum tipo de doença orgânica 
como base. 
 
2. ESTUDAR A SÍNDROME CONSUMPTIVA 
 
CONCEITO 
A Síndrome consumptiva é definida como um 
emagrecimento involuntário, na qual ocorre um 
desbalanço entre o consumo de energia e a perda 
energética. 
 
Além disso, considera-se emagrecimento involuntário 
se houver uma perda d e > 10% do peso basal em 
6 a 12 meses. 
 
Dessa forma, existem alguns conceitos que devem 
ser diferenciados dentro da temática de 
emagrecimento involuntário: 
 
CAQUEXIA: é a perda de peso associada à perda de 
massa muscular, podendo haver ou não perda de 
gordura. É o estado mais grave de emagrecimento. 
 
DESNUTRIÇÃO: que é a deficiência de nutrientes 
específicos ou globais, associa da ou não à perda de 
peso. 
 
SARCOPENIA: que é uma síndrome geriátrica, 
caracterizada por perda de massa muscular, de força 
e de desempenho, gerando um déficit funcional no 
idoso. 
 
DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTÉICA: ocorre por 
aporte inadequado de energia, associado ou não ao 
déficit de proteínas. 
 
____________________________________________ 
EPIDEMIOLOGIA 
A síndrome consumptiva possui uma incidência 
semelhante entre homens e mulheres e seus 
principais fatores de risco são o tabagismo, idade 
avançada, doenças crônicas e deficientes físicos. 
 
Dentre as principais causas relacionadas 
epidemiologicamente a essa perda involuntária de 
peso, temos as neoplasias malignas com o à causa 
 RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA 
 
mais comum, seguida de causas gastrointestinais 
não malignas e causas psiquiátricas.____________________________________________ 
FISIOPATOLOGIA 
A base fisiológica da perda de peso é explicada 
de 3 formas: 
 
➔ Diminuição da ingesta de alimentos 
 
➔ Metabolismo acelerado 
 
➔ Aumento da perda de energia. 
 
Isso quer dizer que a perda de peso pode ter causas 
multifatoriais que inclui desde uma alteração da 
ingesta calórica, da absorção intestinal, da 
motilidade intestinal, do uso de medicamentos e 
abuso de drogas, da produção aumentada de 
substâncias endógenas, como o fator de necrose 
tumoral e interleucinas, bem como compressões 
tumorais ou dor oncológica. 
 
Também, é importante salientar que a regulação do 
apetite sofre alterações com o envelhecimento, a 
chama da “anorexia fisiológica da idade” , no qual, 
por exemplo, ocorre um aumento da colecistocinina 
(hormônio que estimula a digestão de carboidrato, 
gordura e proteínas), que associada à uma 
diminuição do metabolismo basal pode levar a uma 
perda de peso importante. 
 
Alguns estudos (Santa casa de são Paulo) ainda 
mostram que há um declínio natural da sensibilidade 
ao paladar e olfato com o aumento da idade, o que 
pode contribuir para a diminuição de peso. 
____________________________________________ 
CLASSIFICAÇÃO 
 
A perca de peso pode ser classificada em 2 grandes 
grupos: 
 
1. PERDA DE PESO INVOLUNTÁRIA COM AUMENTO 
DO APETITE 
 
Esta condição está associada com o aumento do 
gasto energético ou perda de calorias pelas fezes ou 
urina. Ou seja, a quantidade de calorias ingeridas é 
insuficiente para suprir o déficit energético. 
 
As principais causas dessa condição são: 
hipertireoidismo, diabetes mellitus descompensado, 
síndrome da má absorção, feocromocitoma, 
aumento importante de atividade física. 
 
No hipertireoidismo, essa perda de peso está 
associada c om um aumento do gasto energético 
basal associado com um déficit da absorção 
intestinal devido ao aumento da motilidade. 
 
Obs: Em pacientes idosos com apatia e 
emagrecimento, devemos sempre lembrar do 
Hipertireoidismo apatético. Essa é uma forma atípica 
do hipertireoidismo, que acomete pessoas idosas e 
pode culminar em fibrilação atrial de forma aguda, 
portanto deve sempre ser lembrado como uma 
hipótese diagnóstica diante de um quadro clínico 
sugestivo! 
 
No DM descompensado, a causa da perda de peso 
esta associada à deficiência de insulina, que é um 
hormônio anabólico (consome energia ) e a 
hiperglicemia com glicosúria, causando uma 
desidratação. 
 
2. PERDA DE PESO INVOLUNTÁRIA COM 
DIMINUIÇÃO DO APETITE 
 
Neste grupo de doenças, incluem -se as doenças 
psiquiátricas como de pressão, distúrbio bipolar, 
distúrbio de personalidade, paranoia. Também o uso 
crônico de drogas, doenças como câncer, 
endocrinopatias, doenças crônicas, DPOC e doenças 
gastrointestinais. 
 
A perda de peso devido ao câncer (comumente 
chamada de síndrome anorexia-caquexia) é comum 
e pode acabar sendo a primeira manifestação (CA 
de estômago, CA pâncreas, CA intestinal, CA 
pulmonar) ou até uma manifestação tardia do tumor 
(Melanoma, CA de próstata, CA de fígado, Leucemia). 
Isso porque, devemos lembrar que o câncer é uma 
doença inflamatória, portanto vamos ter uma grande 
produção de citocinas (TNF, IL) que são anorexígenas 
e geram uma saciedade precoce. E, além disso, 
podem promover um aumento da lipólise e 
proteólise que cursa c om um aumento do gasto 
energético, levando ao 
emagrecimento. 
 
As doenças gastrointestinais, como úlceras pépticas, 
doença celíaca e doenças inflamatórias intestinais 
também geram o emagrecimento. Isso porque essas 
patologias podem causar dor durante a alimentação, 
disfagia, um estado inflamatório sistêmico e perda 
de nutrientes nas fezes. 
 RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA 
 
 
Nos pacientes com HIV a perda de peso é um 
sintoma comum e está associada à diminuição da 
ingesta calórica, já que o gasto energético se 
mantem o mesmo. Já a perda de peso súbita no 
paciente com HIV geralmente esta relacionada com 
um a infecção secundaria. 
 
Pacientes com doenças psiquiátricas 
frequentemente apresentam perda de peso como 
um dos critérios diagnósticos, como é o caso da 
Depressão Maior. 
 
*Anorexia nervosa é um distúrbio psiquiátrico, 
porém é classificado como uma perda de peso 
voluntária. 
 
O uso crônico de álcool, nicotina, opiácios e 
estimulantes do SNC diminuem o apetite e causam 
perda de peso. No paciente alcoolista crônico, ele 
troca a grande maioria das suas refeições pela 
bebida e isso gera um déficit nutricional, levando ao 
emagrecimento. 
 
Nas doenças cardiopulmonares, a perda de peso 
relaciona-se à insuficiência cárdica ou caquexia 
cardíaca e a DPOC. No entanto, essa perda de peso 
pode ser ocultada pelo edema que aparece 
concomitantemente. 
 
Já as doenças neurológicas, como demências, 
esclerose múltipla, Parkinson podem estar 
associadas com a s alterações de motilidade 
gastrointestinal, bem como disfagia, alterações de 
olfato e paladar, constipação, disfunção esficteriana 
e falta de apetite. 
 
Os pacientes em situações de isolamento social 
tendem a apresentar redução do apetite. Nos idosos, 
esse isolamento não se refere somente ao ato de 
comer, como também da dificuldade de preparar os 
alimentos. 
 
____________________________________________ 
QUADRO CLÍNICO 
No paciente com SC devemos caracterizar a perda de 
peso, avaliar o apetite e a presença de sintomas 
associados. 
 
As perdas ponderais associadas com malignidade 
usualmente se a presentam associados a suores 
noturnos, febre e fadiga excessiva. 
 
Já os sintomas associados a má absorção são a 
esteatorreia, perda muscular, diarreia e até 
hematomas, p ela perda de vitamina K, e 
consequentemente sangramentos espontâneos. 
 
Os sintomas associados aos transtornos psiquiátricos 
podem ser sintomas depressivos, perda do prazer 
nos hábitos diários, pensamentos e planejamentos 
suicidas, presença de desgaste nas pontas dos dedos 
(devido a vômitos forçados). 
 
A febre também é um sintoma importante 
relacionado a perda ponderal, que pode estar 
presente em quadros inflamatórios, como infecções, 
neoplasias, reumatologicos e outras doenças 
sistêmicas. 
 
____________________________________________ 
DIAGNÓSTICO 
 
ANAMNESE 
Durante investigação etiológica de síndrome 
consumptiva, é necessário perguntar ao paciente sobre 
seu apetite, atividade física, como é o padrão da perda 
de peso (flutuante ou estável), por quanto tempo vem 
perdendo peso e se a perda é voluntária ou involuntária. 
Como auxílio no raciocínio diagnóstico para síndrome 
consumptiva, Robbins publicou regra mnemônica que 
consiste em nove “D”s de causas de perda de peso nesta 
população: 
1. Dentição: alteração na cavidade oral 
2. Disfagia 
3. Distúrbio do paladar (Disgeusia) 
4. Diarréia 
5. Depressão 
6. Doença crônica 
7. Demência 
8. Disfunção (física, cognitiva e psicossocial) ou 
dependência 
9. Drogas 
 
 
 RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA 
 
É importante também questionar quais 
medicamentos são usados por esse paciente, pois 
existem alguns que são capazes de causar perda de 
peso por diversos mecanismos. 
 
Vale a pena ainda utilizar alguns instrumentos que 
poderão auxiliar na avaliação da perda de peso, tais 
como o MNA que avalia o riscode desnutrição em 
idosos, e inclui a medida de circunferência do braço. 
 
____________________________________________ 
 
Outra regra mnemônica para lembrar-se dos 
diagnósticos diferenciais para perda de peso é MEALS 
ON WHEELS. 
Medication: medicamentos 
Emotional problems: problemas emocionais, 
principalmente depressão, alcoolismo 
Anorexia nervosa 
Late Life: paranoia 
Swallowing: deglutição 
Oral factors: fatores orais 
No Money: problemas financeiros 
Wandering ou comportamentos alterados 
H: hipertireoidismo/hipotireoidismo, 
hiperparatireoidismo, hipoadrenalismo 
Enteric problems: problemas entéricos 
Eating: problemas para se alimentar sozinho 
Low salt, low cholesterol: dieta sem gordura e sal 
Stones, social problems: problemas sociais 
 
____________________________________________ 
 
EXAME FÍSICO 
 
O exame físico do paciente com perda de peso deve 
ser detalhado e incluir exame de pele (observar 
sinais de desnutrição, deficiência de vitamina), 
cavidade oral, avaliação de tireoide, avaliação 
cardiovascular, pulmonar e abdominal, toque retal, 
palpação de linfonodos, exame neurológico, 
incluindo o Mini Exame de Estado Mental e as 
medidas antropométricas para o cálculo de IMC e 
sinais vitais. 
• Peso e altura (IMC) 
• Pele: sinais de desnutrição 
• Cavidade oral: dentição, articulação 
temporomandibular, testar paladar 
• Palpação tireóide 
• Propedêutica cardiovascular, respiratório e 
abdominal: doença crônica 
• Toque retal: neoplasias palpáveis 
• Palpação de linfonodos 
• Exame neurológico: incluindo mini mental 
____________________________________________ 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
 
Nos casos em que a história e o exame físico não 
forem indicativos da causa, os seguintes 
exames são sugeridos: 
 
1) Hemograma 
2) Eletrólitos 
3) Glicemia 
4) Função renal e hepática 
5) TSH 
6) Sorologia para HIV 
7) Proteína C reativa 
8) Parasitológico de fezes 
9) Raio X de tórax 
10) Urina 1 
11) PPD 
 
Embora as concentrações de albumina sérica, 
transferrina, colesterol e contagem de leucócitos 
possam ajudar a estabelecer o diagnóstico de 
desnutrição, suas determinações não contribuem 
para determinar a causa do problema. 
 
Na ausência de alteração nesses exames 
complementares iniciais, deve-se seguir a 
investigação de exames de rastreamento para 
câncer, conforme sexo e idade. 
 
 
 RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA 
 
____________________________________________ 
TRATAMENTO 
O tratamento da síndrome consumptiva é sempre 
multidisciplinar. O primeiro passo sempre é tratar a 
causa base, pois melhorando isso garante ao 
paciente o retorno do ganho de peso. 
 
Entretanto, deve-se realizar uma avaliação 
psicossocial, em busca de patologias psiquiátricas 
que causam emagrecimento. 
 
O tratamento pode envolver ainda uma avaliação 
com odontologia, fonoaudiologia, fisioterapia, 
nutricionista e educadores físicos. 
 
3. CARACTERIZAR A CAQUEXIA 
 
CONCEITO 
A denominação “caquexia” deriva do grego, “kakos”, 
má e “hexis”, condição. Embora a síndrome venha 
sendo mais estudada no câncer, não está a esse 
restrito, atingindo também pacientes com falência 
cardíaca congestiva, com moléstias digestivas, defeitos 
tubulares renais, queimaduras, sepses e AIDS. O caráter 
multifatorial e sistêmico da caquexia dificulta 
sobremaneira a elaboração de critérios que a definam 
de forma indiscutível. 
A síndrome da caquexia é definida como “uma 
síndrome metabólica complexa associada à doença e 
caracterizada pela perda de massa muscular, com ou 
sem perda de tecido adiposo, que não pode ser 
totalmente revertida pela terapia nutricional 
convencional, conduzindo ao comprometimento 
funcional progressivo do organismo, e 
frequentemente associada a anorexia, inflamação e 
resistência à insulina. 
A perda de tecido adiposo é decorrente do aumento na 
lipólise, devido à expressão aumentada de lipase 
hormônio-sensível. 
A perda de peso na caquexia é diferente da que ocorre 
por jejum, na depressão primária, no envelhecimento 
e na síndrome de má absorção. 
A caquexia cursa com níveis elevados de citocinas 
inflamatórias e proteínas de fase aguda e resistência à 
insulina. Lipólise acelerada, em vez de diminuição na 
lipogênese, tem sido aceita como o fator mais 
importante na perda de tecido adiposo do paciente 
caquético. 
A caquexia produz uma depleção marcante da 
musculatura esquelética, com queda de 75% da massa 
proteica e 30% de perda de peso, sendo que o 
compartimento de proteínas não musculares 
permanece relativamente preservado. 
____________________________________________ 
EPIDEMIOLOGIA 
No câncer, está presente mais frequentemente em 
pacientes com tumores sólidos (é a mais comum 
manifestação do câncer avançado em pacientes com 
tumores gástricos, do pâncreas, de pulmão, de próstata 
e de cólon, com a exceção de tumores de mama. 
O grau de manifestação da síndrome varia entre 
pacientes com o mesmo tipo histológico e estágio de 
progressão tumoral, não apresentando associação 
evidente com o tamanho da massa do tumor, ou a 
localização. 
A caquexia ocorre em 80% ou mais dos pacientes com 
câncer avançado, sendo responsável pela diminuição, 
em torno de 60%, da massa corporal em relação ao 
peso ideal. Está associada também à morbimortalidade 
e à redução da qualidade de vida desses doentes. 
Em torno de 20% de todas as mortes por câncer são 
causadas por caquexia, devido à imobilidade ou 
falência cardiorrespiratória. 
A incidência de caquexia depende do tamanho do 
tumor, sendo bastante frequente em tumores 
pulmonares e de trato gastrintestinal. Entretanto, 
metade de todos os pacientes oncológicos sofre 
alguma perda de peso, aumentando para 86% tal fato, 
nas duas últimas semanas de vida do doente. Perda de 
peso maior do que 2,75% ao mês é um fator 
independente de mau prognóstico. 
Revisões mais recentes demonstram que a fadiga é o 
sintoma de maior prevalência, atingindo 74% dos 
pacientes, seguida por perda de apetite (53%), perda 
de peso (46%), modificações na percepção de sabor, 
vômito e saciedade precoce (entre 20% e 23%). 
Concomitantemente, há alteração no perfil hormonal 
plasmático e reduzida atividade de hormônios 
anabólicos, bem como disfunção hipotalâmica. 
Não é possível o estabelecimento de políticas de 
tratamento e gastos por parte de autoridades 
 RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA 
 
competentes frente à exiguidade de dados 
epidemiológicos concretos. 
____________________________________________ 
FISIOPATOLOGIA 
Os mecanismos que levam à caquexia são obscuros e, 
provavelmente, multifatoriais. 
Os aspectos que favorecem o aparecimento da 
caquexia são anorexia e alterações metabólicas: estado 
inflamatório exacerbado, aumento da proteólise 
muscular, resistência à insulina e metabolismo de 
carboidratos, proteínas e lipídios prejudicados. As 
anormalidades metabólicas são causadas por 
mediadores inflamatórios do hospedeiro (como as 
citocinas) e do tumor. 
A síndrome anorexia-caquexia (SAC) fundamenta-se, 
primordialmente, na redução do apetite e nas 
alterações metabólicas desencadeadas no paciente. 
Observa-se, em resposta à inflamação crônica, síntese 
hepática de proteínas de fase aguda, a saber, proteína 
C-reativa (PCR), proteína amiloide sérica A, β2-
macroglobulina e α1-antitripsina. 
A depleção de aminoácidos essenciais e o balanço 
nitrogenado negativo encontram-se evidentes, com 
redução da imunidade humoral em relação à celular, 
pela diminuição de anticorpos. 
Classicamente pensava-se que a síndrome anorexia-
caquexia, na doença maligna, fosse condição 
acompanhada por alto consumo energético induzido 
pelo câncer e estímulo à produção de fatores capazes 
de promoveranorexia. Propunha-se terapia nutricional 
agressiva. 
No entanto, a definição atual da SAC reflete diversas 
modificações metabólicas associadas à liberação de 
substâncias pelo hospedeiro, como Fator de Necrose 
Tumoral (TNF-α), Interleucina-6 (IL-6), Interleucina-1 
(IL-1) e fator inibidor de leucemia, ao lado de produtos 
catabólicos gerados pelo tumor, como o fator 
mobilizador de lipídeos (LMF) e o fator indutor de 
proteólise (PIF). Estes dois últimos possuem ação direta 
sobre os tecidos do hospedeiro e são responsáveis pela 
lipólise e pelo catabolismo protéico, respectivamente. 
 
Atrofia muscular decorre da diminuição da síntese 
proteica, com aumento de sua degradação. Estudos 
com camundongos têm implicado dois fatores 
catabólicos como importantes na perda muscular do 
paciente caquético: fator indutor de proteólise (PIF) e 
angiotensina II. 
Níveis de PCR têm sido correlacionados com um 
prognóstico adverso em tumores gastrintestinais, 
pulmonares, mieloma múltiplo, melanoma, linfomas, 
tumores de ovário e rins. Tal elevação tem sido 
associada com hipermetabolismo, anorexia e maior 
perda de peso em pacientes com câncer. PCR, o 
protótipo da proteína de fase aguda, pode ser usada 
como um marcador indireto da atividade de citocinas 
pró-inflamatórias. 
Diversos mediadores inflamatórios são produzidos por 
animais submetidos a modelo experimental de 
caquexia, tais como fator de necrose tumoral alfa (TNF-
a), IL-6, óxido nítrico e prostaglandina E (PGE2). Níveis 
séricos de IL-1, IL-6, IL-8, TNF-a, fator de crescimento 
endotelial vascular (VEGF) se mostraram elevados em 
pacientes caquéticos. 
O tumor primário foi demonstrado como a fonte 
principal de tais mediadores, já que esses achados não 
foram completamente explicados pelo grau de 
infiltrado celular inflamatório no tumor, sugerindo que 
o próprio tecido tumoral contribuía significativamente 
para a produção de resposta inflamatória sistêmica. 
Ademais, linfócitos T citotóxicos tumor-específicos e 
anticorpos IgG específicos para epítopos do tumor são 
encontrados no sangue periférico de indivíduos com 
câncer. 
 
CLASSIFICAÇÃO 
A síndrome anorexia-caquexia (SAC) em câncer 
classifica-se em: 
1) primária: consequências metabólicas da presença 
do câncer gerando alterações inflamatórias. Ocorre 
consumo progressivo e frequentemente irreversível de 
proteína visceral, musculatura esquelética e tecido 
adiposo, além de anorexia, saciedade precoce e 
astenia; 
2) secundária: resultante da diminuição na ingestão e 
absorção de nutrientes por obstruções tumorais do 
trato gastrintestinal (TGI), anorexia por efeito do 
tratamento e ressecções intestinais maciças. 
As duas condições, em geral, podem aparecer 
concomitantemente no mesmo indivíduo. 
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_________________________________________ 
ETIOLOGIA 
NEOPLASIAS 
A caquexia foi bem melhor estudada quando a mesma 
está relacionada ao câncer, tanto que o termo 
caquexia do câncer é bastante utilizado. Tal fato foi 
justificado devido aos enormes fatores associado a 
essa malignidade que colaboram para a perda de 
peso ou o hipermetabolismo. 
Tal fator é explicado através da enorme circulação 
de citocinas e polipeptídios oriundos do sistema 
imunológico que resultam em uma resposta 
inflamatória intensa, justificando o estado 
hipermetabólico. Além do câncer as lesões, infecções e 
doenças crônicas apresentam mecanismos 
semelhantes que induzem esse estado. 
A hipótese que justifica a indução de um estado 
hipermetabólico na presença de uma gama de 
citocinas circulantes derivam da introdução 
sistemática desses agentes em um organismo. 
Além disso, não podemos desconsiderar o papel da 
predisposição genética a qual algumas substâncias 
derivadas de tumor são potencialmente indutoras da 
caquexia, pois elas interagem com genes do músculo 
esquelético. 
De forma sintética o câncer é um estado de 
consumo de energia associado ao um 
hipercatabolismo (aumento da concentração dos 
hormônios catabólicos, com o adrenalina e cortisol , e 
redução dos anabólicos, in sulina). Desse modo, 
estabelece um estado de depleção de massas magra 
que culmina em um emagrecimento involuntário. 
 
DOENÇAS GASTROINTESTINAIS 
As doenças gastrointestinais formam um grupo 
importante para a síndrome consumptiva, pois elas 
agem localmente no TGI promovendo danos à 
fisiologia do sistema. 
As principais doenças envolvidas são: a úlcera 
péptica (como sabemos é a formação de um a lesão 
na mucosa gastrointestinal que resulta em processo 
inflamatório e sintomas anorexígenos), doença celíaca 
(um a hipersensibilidade ao glúten que resulta em 
um mecanismo imunológico que pode causar uma 
síndrome absortiva, através da atrofia das 
vilosidades) e a doença inflamatória intestinal 
(responsáveis por alterar o hábito intestinal). 
Lembrar de falar de pancreatite aguda e síndrome da 
mesentérica superior (angina mesentérica). 
Todo esse grupo de patologias resultam em dor, 
disfagia, na presença de um estado inflamatório 
sistêmico e perda de nutrientes pelas fezes. A clínica 
dos pacientes que possuem essas afecções intestinais é 
marcada pela presença de anorexia, dor abdominal , 
disfagia, saciedade precoce, diarreia, esteatorreia ou 
sangramento crônico. 
Quanto aos pacientes que possuem a doença 
inflamatória intestinal podem apresentar sinais e 
sintom as extraintestinais. São eles: atrites, lesões nas 
mucosas, danos metabolismo hepático, uveíte e 
retardo no crescimento. 
 
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS 
Esse grupo abrange cerca de 10 -23% dos casos de 
perda de peso de forma não intencional . As 
principais etiologias são a depressão e os 
transtornos alimentares. 
A depressão induz a perda de peso decorrente a todo 
seu processo fisiopatológico o qual ocorre de forma 
multifatorial e sobreposta. Sendo assim, seus sinais 
e sintomas corroboram para esses mecanismos: 
isolamento social, demência, disfagia e uso de 
medicamentos. 
Quanto aos transtornos psiquiátricos são marcados 
pela diminuição da ingesta de nutrientes, compulsão 
alimentar e uso de medicamentos para perda de peso. 
O DSM-5 traz com o critério diagnóstico dois conceitos: 
a anorexia nervosa (incapacidade ou falta de desejo 
de manter um peso corporal adequado – medo de 
engordar) e bulimia nervosa (com pulsão alimentar 
com perda do controle da quantidade de alimentos 
que ingere, seguido de comportamentos 
compensatórios, com o jejum prolongado e 
autoindução de vômitos – pontas dos dedos e unhas 
desgastados pelo contato com o ácido clorídrico). 
Além disso, a perda de peso se encontra presente em 
pacientes que possuem transtornos psiquiátricos: 
portadores de transtorno bipolar, hiperatividades e 
ansiedade podem causar padrões anormais de 
alimentação. 
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ENDOCRINOPATIAS 
Hipertireoidismo: resulta em um estado de 
hipermetabolismo que culmina no aumento da 
concentração sérica de hormônio tireoidiano 
circulante. O paciente apresenta uma hiperfagia 
(aumento da ingesta de alimentos), mas, 
paradoxalmente, a presença de emagrecimento. A 
perda de peso é justificada pelo aumento da taxa 
metabólica basal, pelo aumento da motilidade 
gastrointestinal, hiperdefecação e má absorção de 
alimentos. 
Pacientes que possuem tal afecção apresenta um a 
incidência maior de possuir doença celíaca. 
Geralmente, o hipertireoidismo em jovens cursa com 
o aumento da ingesta de alimentos, enquanto que 
emidosos ocorre anorexia. 
 
Diabetes Mellitus: na diabetes ocorre o que se chama 
de “forme celular” a qual traduz a pouca 
concentração de glicose dentro das células. Tal 
fato pode ser explicado pela redução da 
sensibilidade à insulina (principalmente em 
portadores de diabetes descontrolada), ou redução 
da concentração da insulina. Desse modo, o paciente 
pode apresentar o apetite preservado ou até m 
esmo aumentado, na tentativa de manter o nível 
glicêmico alto. 
 
DOENÇAS NEUROLÓGICAS 
Várias doenças neurológicas, incluindo acidente 
vascular cerebral, demência, doença de Parkinson e 
esclerose lateral amiotrófica, podem levar à perda 
de peso. A perda de peso pode ser decorrente de 
um ou mais déficits, com o cognição alterada, 
disfunção motora e disfagia, as sociados a esses 
distúrbios. Em um estudo de coorte prospectivo com 
1.900 pessoas, um declínio do peso da meia-idade foi 
associado a um risco aumentado de 
comprometimento cognitivo leve. 
Uma atenção aos pacientes com demência: devemos 
pesá-los rotineiramente, e solicitar um 
acompanhamento mais próximo desse paciente, pois 
eles normal mente não reportam os sintomas, pois 
acabam não se lembrando no momento da consulta. 
 
 
MEDICAMENTOS / SUBSTÂNCIAS 
Medicamentos de venda livre, prescritos e ilícitos 
podem levar à perda de peso. A perda de peso é 
um efeito adverso conhecido de vários 
medicamentos prescritos com uns, incluindo 
anticonvulsivantes, medicamentos para diabetes e 
medicamentos para tireoide. 
É importante ressaltar que os inibidores 
anticolinesterásicos (IAChE) usados para tratar a 
demência podem contribuir para a perda de peso. 
Perda de peso acentuada pode ocorrer após redução 
ou retirada de alguns medicamentos antipsicóticos. Os 
pacientes que apresentam perda de peso geralmente 
são tratados por muitos anos com altas doses. A perda 
de peso com a retirada de agentes antipsicóticos 
mais recentes ocorre com pouca frequência. 
____________________________________________ 
QUADRO CLÍNICO 
Na clínica, os sintomas e sinais registrados variam 
consideravelmente entre os pacientes e a 
heterogeneidade das manifestações é aceita como a 
própria característica intrínseca à síndrome. Por essa 
razão, ao longo da última década, muitas propostas 
têm sido apresentadas e aos poucos, é possível 
vislumbrar pontos de congruência entre as mesmas, 
proporcionando o embrião de uma definição 
consensual. 
Sintomas clínicos: 
→ Exacerbada perda de peso involuntária 
(massa magra) 
→ Anorexia 
→ Alterações no paladar 
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→ Vômito 
→ Saciedade precoce 
→ Má absorção intestinal 
→ Astenia 
→ Fadiga 
→ Perda de habilidades motoras e físicas 
→ Apatia 
→ Perda da imuno-competência 
→ Caos metabólico 
→ Desequilíbrio iônico 
→ Alteração no perfil hormonal plasmático 
→ Disfunção hipotalâmica 
 
A perda de peso e de apetite são normalmente os 
primeiros sintomas percebidos pelo paciente. 
No momento do diagnóstico, entre 54% e 70% dos 
pacientes relatam redução involuntária do peso. 
Diferentemente do que se observa no jejum, pacientes 
caquéticos perdem massa gorda e magra de forma 
similar. Contudo, as recentes tentativas de definição da 
síndrome consideram que a caquexia está associada à 
espoliação de massa magra, em concomitância ou não, 
à perda de massa gorda. 
A perda de massa magra envolve a perda de proteínas 
não só a partir da musculatura esquelética, mas 
também da cardíaca, resultando em alterações da 
função do coração 
___________________________________________ 
ESTÁGIOS 
Os parâmetros para determinar a inclusão do paciente 
em cada um dos estágios abrangem a determinação da 
concentração de proteína C-reativa no soro, avaliação 
da anorexia e fatores correlatos (redução do apetite, 
alterações na percepção gustativa e olfativa, motilidade 
gastrointestinal reduzida, constipação, dor, entre 
outros), metabólitos indicadores de catabolismo, 
massa e força muscular (dinamometria dos membros 
superiores), bem como manifestações psicossociais. 
PS.: alerta-se a possíveis variações decorrentes da 
especificidade da população analisada, como por 
exemplo, idade, sexo, etnicidade. 
Essa classificação é feita segundo a gravidade, e garante 
que o paciente receba o tratamento mais adequado às 
suas necessidades: 
PRÉ-CAQUEXIA: definido como aquele no qual, o 
paciente apresenta perda de peso igual ou superior a 
5%, anorexia e alterações metabólicas. 
CAQUEXIA: considera-se perda de peso igual ou 
superior a 5%, ou de 2%, com IMC < 20kg/m2, ou 
sarcopenia acompanhada de perda de peso corporal 
equivalente ou superior a 2%. Referem ainda presença 
frequente de redução da ingestão e de inflamação 
sistêmica. 
CAQUEXIA REFRATÁRIA: inclui os pacientes com 
diferentes graus de caquexia, mas nos quais há intenso 
catabolismo e que não respondem ao tratamento anti-
câncer. Ainda nesse estágio, pacientes com baixo 
escore de desempenho e sobrevida esperada inferior a 
três meses devem ser incluídos. 
 
___________________________________________ 
DIAGNÓSTICO 
Novos conceitos de diagnóstico e de avaliação 
propostos como fadiga, força muscular reduzida e 
estresse oxidativo auxiliam na compreensão e 
identificação da SAC. 
O diagnóstico para caquexia em adultos deve incluir 
perda de peso (≥ 5% em 12 meses ou menos) e, no 
mínimo, três dos seguintes critérios: 
• reduzida força muscular 
• fadiga 
• anorexia 
• baixo índice de massa magra 
• bioquímica diferenciada (marcadores 
inflamatórios aumentados: PCR >5,0 mg/L, IL-6 
>4,0 pg/mL; anemia (<12 g/dL); baixa albumina 
sérica (< 3,2 g/dL). 
Segundo os critérios da Sociedade Americana de 
Oncologia Clínica (ASCO), a caquexia é descrita quando 
há: 
→ Perda de peso superior a 5% nos últimos 6 
meses; ou 
→ IMC < 20 kg/m² com perda de peso contínua 
(> 2%); ou 
→ Depleção de massa muscular (sarcopenia) e 
perda de peso > 2%. 
 
____________________________________________ 
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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
SÍNDROME DA FRAGILIDADE 
A caquexia apresenta várias semelhanças, em sua 
fisiopatologia e apresentação clínica, com a síndrome 
da fragilidade, como a perda de peso, redução da força 
e fadiga; no entanto, a caquexia é, como a própria 
definição deixa claro, induzida por uma doença crônica, 
como o câncer, a insuficiência cardíaca, a doença 
pulmonar obstrutiva crônica e outras, enquanto a 
síndrome da fragilidade incide de maneira 
independente destes diagnósticos. 
Além disso, aspectos fisiopatológicos da síndrome da 
fragilidade não estão, necessariamente, envolvidos no 
desenvolvimento da caquexia. 
 
DESNUTRIÇÃO 
É necessário distinguir desnutrição e caquexia neste 
contexto. Na primeira, há mobilização preferencial de 
gordura ao tecido muscular e na segunda, mobilização 
semelhante dos dois tecidos. Caquexia é considerada o 
resultado da interação entre a doença de base e a 
diminuída disponibilidade de nutrientes. A má nutrição 
é um estado no qual o desequilíbrio (deficiência ou 
excesso) de energia, proteínas e outros nutrientes 
provoca efeitos adversos mensuráveis sobre a forma do 
corpo, tamanho, composição, função e evolução 
clínica. A redução da disponibilidade de nutrientes, no 
entanto, pode ser um componente que desempenha 
papel na patogênese da caquexia. Salienta-se que nem 
todos os pacientes desnutridos são caquéticos, mas 
todos os pacientes caquéticos são invariavelmente 
desnutridos. 
____________________________________________ 
TRATAMENTO 
Há controvérsias na literatura sobre a reversão da 
caquexia. Diferente da desnutrição que poderia ser 
revertida com a oferta adequada de energia e 
nutrientes,a caquexia seria uma condição irreversível, 
mesmo diante de oferta adequada de substrato. 
Pacientes com caquexia e em cuidados paliativos 
necessitam de abordagem que permita a melhora da 
qualidade de vida. O tratamento da caquexia deve ser 
precoce, tratando preferencialmente a causa. 
O melhor tratamento para a síndrome da caquexia/ 
anorexia é a cura do câncer. No entanto, esta não é a 
realidade de um paciente com doença oncológica 
avançada. Outras opções destinam-se ao aumento da 
ingestão alimentar. Muitas vezes, deve-se associar ou 
até mesmo garantir o aumento dessa ingestão pelo 
tratamento farmacológico. 
Como a maioria dos estudos controlados e 
randomizados não demonstrou benefícios da 
intervenção nutricional isolada no ganho de peso e na 
qualidade de vida, o tratamento da caquexia passa a 
ser associado ao uso de grande variedade de agentes 
farmacológicos, cujo objetivo principal é obter melhora 
na qualidade de vida do paciente oncológico. 
 
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 
Os tratamentos ‘potenciais’, sugeridos pela literatura, 
podem incluir estimulantes de apetite, treinamento de 
exercícios e agentes anabolizantes, incluindo 
testosterona, em combinação com a aplicação de 
suplementos nutricionais e intervenções 
anticatabólicas, porém nenhuma destas estratégias 
tem eficácia comprovada. 
Dentre os medicamentos de maior evidência 
destacam-se: 
A. Estimulantes de Apetite: 
1) Progestágenos: Medicamentos de primeira linha 
para o tratamento da caquexia tumoral. Estudos 
prospectivos controlados e randomizados evidenciam 
o benefício do uso de acetato de megestrol e acetato 
de medroxiprogesterona na síndrome caquexia- 
anorexia. São fármacos sintéticos derivados da 
progesterona. O acetato de megestrol apresenta 
eficácia superior quando comparado com outras 
classes. 
• Categoria farmacológica: agente antineoplásico, 
hormônio, estimulante de apetite 
• Solução oral: 40mg/mlL solução com 240 mL pode 
ser administrada com água, suco. 
• Dose: Iniciar com 160 mg VO e progredir conforme 
resposta clínica para 400-1200mg/dia. 
• Dose ideal: 800 mg/dia 
• Indicação: tratamento paliativo para o câncer de 
mama e endométrio, tratamento da caquexia e 
anorexia ou perda inexplicável de peso. 
• Mecanismos de ação: Agente progestacional e 
antiinflamatório, atua como inibidor do 
neuropeptídeo Y (Neuropeptídeo orexígeno) no 
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hipotálamo, modula os canais de cálcio no núcleo 
ventro medial (NVM) do hipotálamo conhecido 
como centro da saciedade. Age também na inibição 
de citocinas pró-inflamatórias IL-1, IL-6 e TNF. Os 
estudos com megestrol evidenciam melhora do 
peso, apetite e qualidade de vida. Apesar do 
favorável efeito para imagem corporal os derivados 
de progesterona promovem maior aumento de 
massa gorda e não de massa magra. Altas doses de 
acetato de megestrol produzem aumento de peso e 
apetite, enquanto que doses baixas 300mg 
produzem apenas aumento do apetite. 
• Excreção: urinária e fezes 
• Metabolismo: Hepático 
• Meia vida: 13-105 horas com pico de ação em 1-3 
horas 
• Interações medicamentosas: as aminoglutetimidas 
podem aumentar o metabolismo dos 
progestágenos. Monitorar o uso combinado com 
ervas e alimentos ex: mandioca, planta medicinal 
raiz vermelha (bloodroot), erva de damiana e álcool. 
• Monitorar: pressão arterial, peso, glicemia, 
fenômenos tromboembólicos. 
• Efeitos colaterais: Fenômenos tromboembólicos, 
hiperglicemia, hipertensão, sangramento uterino 
supressão e insuficiência adrenal, retenção hídrica 
(se retirado abruptamente), impotência, ansiedade 
e insônia. 
• Contra indicação: antecedentes de trombose 
venosa profunda (TVP) e embolia pulmonar 
• Nível de evidência: B para tratamento da anorexia e 
caquexia do câncer. 
 
2) Corticóides: Fármacos previamente utilizados como 
primeira linha para síndrome caquexia/anorexia. 
Podem ser utilizadas dexametasona, prednisolona e 
metilprednisolona. 
Mecanismo de ação: O mecanismo de ação dos 
corticóides sobre o apetite deve-se à inibição das 
proteínas pró inflamatórias IL-1 e TNF-∂. Essas 
diminuem a ingestão e atuam sobre os receptores 
anorexígenos como a leptina, o fator de liberação de 
corticotropina e a serotonina.em também aumentando 
o nível do neuropeptídeo Y que é responsável pelo 
aumento de apetite. A ação que gera o bem estar e o 
aumento de apetite (diminuem a náusea e melhoram a 
astenia) é limitante em período de quatro semanas. 
Melhoram, portanto, em curto prazo, o apetite e a 
ingestão alimentar sem assegurar ganho de peso. 
Devido à ação limitada e aos efeitos colaterais é o 
medicamento de escolha para pacientes em fase 
avançada da doença oncológica, gerando melhora na 
qualidade de vida, porém sem efeito na diminuição da 
mortalidade. 
Efeitos colaterais: Imunossupressão, hiperglicemia, 
osteoporose, fraqueza muscular, delírios, insônia, 
irritabilidade, cushing, candidíase oral. 
Fármacos/doses: 
a. Dexametasona (Decadron®, Decadronal®, 
Duodecadrom®) 2-8mg /dia: via oral EV ou SC 
Formas de apresentação: Comprimidos: 0,5 
mg/cp/;0,75mg/cp; 4mg/cp Elixir: 0,5mg/5mL; 
0,1mg/1mL Injetável: 2mg/1mL; 10mg/2mL; 
16mg/2mL Preferir dar o medicamento pela 
manhã e no início da tarde para evitar insônia 
 
b. Prednisolona: (Predisin®, Prednisolon®, 
Prelone®) ação intermediiária, 5 mg/cp VO 
8/8hs Formas de apresentação: Comprimidos: 
5mg/cp, 20mg/cp Solução oral: 3mg/mL; 
6,7mg/Ml 
 
c. Metilperdnisolona: 125 mg IM (Solumedrol®) 
 
3. Anabolizantes: O termo esteroides anabólicos se 
refere à testosterona e derivados. 
3.a) Testosterona: 
Classificação: Anabolizante esteróide, derivado 
sintético 
Modo de ação e metabolismo: promove acúmulo de 
proteína e impede a perda progressiva de nitrogênio 
associada à caquexia. O benefício potencial em 
aumentar a massa corporal não é persistente. A 
testosterona liga-se aos receptores androgênicos. Sofre 
modificação para dihidrotestoterona, que também age 
no receptor androgênico. Sofre depois processo de 
aromatização para estrógeno. Outros mecanismos 
incluem efeito anticatabólico por interferir na 
expressão de receptores glIcocorticóides e ainda por 
gerar alterações de comportamento. 
Indicações clínicas: disfunções hipogonadais em 
homens, atraso da puberdade, promoção do 
crescimento e em doenças crônicas associadas ao 
catabolismo, anorexia e caquexia. 
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Efeitos colaterais: masculinização, retenção de fluidos e 
hepatotoxicidade 
 
4. Cloridrato De Ciproeptadina: Antihistamínico 
piperimídico e antagonista forte do receptor 
histamínico H1. Importante bloqueador 
serotoninérgico (5HT) na musculatura lisa, fraca ação 
anticolinérgica e média atividade como depressor do 
sistema nervoso central. É efetivo no controle de 
fenômenos alérgicos na pele, particularmente quando 
acompanhados de prurido. Útil em condições como 
cefaléia e anorexia devido ao bloqueio 5HT. Atua como 
antagonista serotoninérgico no centro do apetite 
hipotalâmico, com o aumento do apetite. 
 
5. Anti-inflamatórios Não Hormonais: Os fármacos 
antiinflamatórios não hormonais (AINEs) de uso 
terapêutico geral são vários. Também são muito 
utilizados para tratamento da febre em pacientes com 
câncer. 
Mecanismo de ação: inibidores da síntese de 
prostaglandinas2. 
O Ibuprofeno, na dose de 400mg, três vezes ao dia, foi 
demonstrado que diminui os níveis de proteínas de 
fase aguda, de interleucina-6 e cortisol e normalizou a 
cinética das proteínas totais corporais em alguns 
pacientes com câncer colorretal. Em estudo 
envolvendo pacientes com neoplasia de pâncreas, 
estabilizou o peso e melhorou a qualidade de vida, 
talvez por diminuição do gasto energético. 
A indometacina, na dose de 50mg, duas vezes ao dia, 
em extenso estudo duplo mascarado, compacientes 
portadores de tumores sólidos, obteve impacto no 
estado geral dos pacientes e na sobrevida geral. 
Estas medicações podem ter algum papel no 
tratamento paliativo da febre e da caquexia em 
pacientes com câncer, apesar dos efeitos colaterais 
gastrointestinais. Os AINEs agem pela inibição da 
produção de prostaglandinas pelas enzimas COX-1 e 
COX-2. Os inibidores seletivos de COX-2, como o 
celecoxibe, apresentam menor toxicidade 
gastrointestinal e menor inibição da atividade das 
plaquetas. por esse motivo, são alternativas 
terapêuticas em relação aos AINEs. Os inibidores de 
COX-2, em modelos experimentais, demonstraram 
atividade antiangiogênica e anti-tumoral. 
6. Anti-fator De Necrose Tumoral (Anti-tnfα): A 
pentoxifilina é uma metilxantina e pode inibir a 
produção de TNF-alfa pelos monócitos e linfócitos. 
 
____________________________________________ 
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO 
Medidas Dietéticas 
No câncer avançado, os objetivos da intervenção 
nutricional têm como ênfase promoção da qualidade 
de vida e alívio dos sintomas do paciente. 
Especialmente neste caso, o plano de cuidado 
nutricional proposto deve envolver a discussão ética 
entre os profissionais, o paciente e sua família. 
Nessa etapa, é importante conhecer as preferências e 
os hábitos alimentares do paciente a fim de 
desenvolver estratégias que favoreçam manutenção ou 
melhor qualidade de vida. 
A prescrição médica de dieta via oral para conforto 
pode ser uma estratégia utilizada. As alterações no 
paladar e olfato, frequentemente presentes em 
pacientes com caquexia e câncer avançado, limitam o 
consumo alimentar via oral. O controle desses 
sintomas, bem como da saciedade precoce e do 
funcionamento intestinal, tornam-se importantes para 
favorecer a aceitação alimentar. 
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Estratégias são úteis neste sentido e incluem a oferta 
de refeições menores e mais frequentes ao longo do 
dia, incentivo para alimentação em ambiente agradável 
e, em especial, boa apresentação da refeição. 
Além disso, é necessário evitar o isolamento dos 
pacientes durante as suas refeições e tornar esse 
momento uma ocasião social. 
Incluem-se também nas recomendações para manejo 
da caquexia evitar agredir o paladar/odor, evitar 
refeições de alto conteúdo de gordura, que atrasa o 
esvaziamento gástrico, sendo percebida como 
saciedade precoce. 
 
4. CARACTERIZAR A SÍNDROME DO IDOSO 
FRÁGIL 
 
CONCEITO 
Há cerca de 30 anos é reconhecida, por diferentes 
autores, a existência de um quadro de fragilização que 
acomete parte dos idosos, e cujo conceito vem se 
modificando ao longo do tempo. 
Em suas definições iniciais, o conceito de fragilidade era 
de natureza basicamente funcional, sendo classificados 
como frágeis aqueles idosos com dependências em 
variados graus. 
Assim, Woodhouse (1988) definiu como frágil o idoso 
dependente de outros para as atividades da vida diária 
e Gillick (1989) classificou como frágeis as pessoas 
debilitadas, que não podiam sobreviver sem o auxílio 
de outros. 
Com o passar do tempo, e especialmente na última 
década, o conceito de fragilidade do idoso evoluiu para 
proposições de natureza não mais exclusivamente 
funcionais, mas, agora, de base fisiopatológica. 
Estudos de diversos grupos mostraram, em idosos 
fragilizados, a redução da reserva funcional e a 
disfunção de diversos sistemas orgânicos, o que 
reduziria, acentuadamente, a capacidade de 
restabelecimento das funções após agressões de várias 
naturezas, a eficiência de medidas terapêuticas e de 
reabilitação, a resposta dos sistemas de defesa, a 
interação com o meio e, em última análise, a 
capacidade de sobrevida. 
Em resumo, foi definido a fragilidade como uma 
síndrome de declínio espiral de energia, embasada por 
um tripé de alterações relacionadas com o 
envelhecimento, composto por sarcopenia, 
desregulação neuroendócrina e disfunção 
imunológica. 
Os idosos portadores desta tríade estariam propensos 
à redução acentuada da massa muscular e a um estado 
inflamatório crônico que, se associados a fatores 
extrínsecos como a incidência de doenças agudas ou 
crônicas, a imobilidade, a redução da ingestão 
alimentar e outros, levariam a um ciclo vicioso de 
redução de energia e aumento da dependência e 
suscetibilidade a agressores. 
A grande importância desta mudança de paradigma, 
passando-se de uma abordagem puramente funcional 
para a proposição de um mecanismo fisiopatológico 
comum aos estados de fragilidade do idoso, é que, a 
partir desta nova perspectiva, torna-se possível investir 
em pesquisas que identifiquem vias finais comuns que 
levem à fragilidade e intervenções que as modifiquem. 
Isto vem claramente acontecendo e diversos autores 
estudam, atualmente, os diferentes fatores de gênese 
da fragilidade do idoso, sendo que além da 
confirmação dos já relatados, outros fatores como 
resiliência psicológica, estrutura de apoio social, 
cognição e genéticos vêm sendo propostos. 
____________________________________________ 
EPIDEMIOLOGIA 
A incidência e a prevalência da síndrome da fragilidade 
variam, em diferentes estudos, em função da definição 
adotada para a síndrome. 
Segundo os critérios diagnósticos propostos por Fried e 
Walston, a prevalência, reproduzida por vários autores 
de localidades diferentes, varia de 2,5%, entre os idosos 
com idade entre 65 e 70 anos, a mais de 30% entre os 
idosos com 90 anos ou mais. 
Resultados preliminares de estudos realizados no 
Brasil, ainda em fase de publicação, sugerem níveis de 
incidência e prevalência semelhantes, quando 
adotados os mesmos critérios. Na cidade de Ribeirão 
Preto, a prevalência de fragilidade entre 385 idosos 
com média de idade de 74 anos, segundo os critérios 
de Fried (et al., foi de 7,3% entre os homens e 10% 
entre as mulheres. 
Em diversos estudos, idosos classificados como frágeis 
apresentam maior taxa de hospitalização, sofrem mais 
quedas, apresentaram piora nas atividades de vida 
diária e maior mortalidade, ou seja, estudos 
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epidemiológicos confirmam que a presença da 
fragilidade, conforme sua definição mais aceita 
atualmente, implica desfechos negativos – o que é 
elemento essencial para sua classificação como 
síndrome. 
____________________________________________ 
FISIOPATOLOGIA E FATORES PREDISPONENTES 
O estudo da fisiopatologia da fragilidade é dificultado 
pela complexidade dos sistemas envolvidos e pela 
coexistência frequente de doenças agudas, crônicas e 
incapacidades. Segundo a teoria proposta por Fried (et 
al., a síndrome seria embasada na redução da atividade 
de eixos hormonais anabólicos, na instalação da 
sarcopenia e na presença de um estado inflamatório 
crônico subliminar. 
 
Estas três alterações, quando intensas o suficiente, 
interagiriam de maneira deletéria (p. ex., a inflamação 
e as alterações hormonais induzindo a sarcopenia; esta, 
por sua vez, diminuindo a atividade física e 
promovendo mais inflamação e alterações 
hormonais), precipitando a ocorrência de um ciclo 
autossustentado de redução de energia, perda de 
peso, inatividade, baixa ingestão alimentar e 
sarcopenia. 
Diversos fatores, como doenças agudas e crônicas, 
alterações próprias do envelhecimento, efeito de 
medicamentos, quedas e outras contribuiriam para 
que uma pessoa idosa entrasse no ciclo de 
fragilidade. 
 
Ciclo da fragilidade, conforme proposto por Fried et 
al. Observa-se a existência de um ciclo central, em 
que a redução da massa e da força muscular se 
associam a redução da atividade física e redução da 
ingestão alimentar que, por sua vez, precipitam a 
piora da massa e da força muscular. Vários fatores 
(“entradas”) se precipitam e perpetuam esse 
círculo vicioso. 
Esta teoria tem recebido boa aceitação na comunidade 
científica, porémdiversos autores têm proposto o 
envolvimento de outros fatores na gênese da 
fragilidade. 
Como exemplos, Bortz propôs a importância da carga 
genética, estilo de vida e doenças ou lesões; 
Morley propôs como fatores etiológicos da síndrome 
idade, genética e nível educacional prévio, além de 
prejuízo cognitivo. 
São ainda citados como envolvidos na patogênese da 
fragilidade a carga alostática ao longo da vida, o 
acúmulo de lesões oxidativas do DNA, o declínio na 
capacidade de reparo, anormalidades na transcrição, 
deleções e mutações no DNA mitocondrial, 
encurtamento telomérico e alterações proteicas como 
glicação e oxidação. 
 Estudo realizado por nosso grupo, ainda em fase de 
publicação, verificou, pela análise da expressão gênica 
em larga escala de idosos frágeis e grupo controle, uma 
série de genes diferencialmente modulados, quando 
comparados pacientes idosos frágeis com sadios. 
Diversas vias de processos biológicos foram 
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demonstradas comprometidas, em especial as de 
reparo de lesões no DNA, sistemas de processamento 
e degradação de proteínas e as vias relacionadas com a 
resposta ao estresse. Fica evidente, portanto, que, 
embora existam pontos de concordância fundamentais 
acerca da fisiopatologia da síndrome da fragilidade, 
diferentes fatores envolvidos na sua patogênese ainda 
se encontram em investigação. 
 
_______________________________________ 
QUADRO CLÍNIICO 
As manifestações da síndrome da fragilidade propostas 
por Fried são: 
→ Perda de peso não intencional 
→ Fraqueza muscular 
→ Fadiga 
→ Redução da velocidade da marcha 
→ Redução do nível de atividade física. 
 
Ainda que não determinantes da presença da 
fragilidade, são frequentes, entre os seus portadores: 
• Anormalidades da marcha e balanço 
• Ocorrência de quedas 
• Sintomas depressivos 
• Redução da massa óssea 
• Alterações cognitivas 
• Déficits sensoriais 
• Vulnerabilidade a processos infecciosos ou 
traumáticos 
• Má resposta às terapêuticas instituídas 
 
____________________________________________ 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
ATENÇÃO! 
A incapacidade e a fragilidade apresentam 
similaridades óbvias, o que promove algum grau de 
confusão entre seus conceitos. No entanto, enquanto a 
fragilidade é um quadro necessariamente 
multissistêmico de instalação lenta e que promove 
vulnerabilidade da regulação homeostática, a 
incapacidade pode se instalar de maneira aguda e 
comprometer um único sistema, como em um acidente 
vascular cerebral que evolua para a permanência de 
sequelas e que, não necessariamente, implica 
instabilidade homeostática de seu portador. 
Neste caso, o portador da incapacidade pode não ser 
portador de fragilidade, exemplo que diferencia as 
duas condições. Do mesmo modo, a fragilidade deve 
ser diferenciada da presença de comorbidades! 
 
ATENÇÃO! 
Outros dois conceitos, de emprego cada vez mais 
frequente, e que também devem ser diferenciados de 
fragilidade são a sarcopenia e a caquexia. 
Recentemente, foi publicado um consenso europeu 
que define a sarcopenia como a redução da massa 
muscular, relacionada com o envelhecimento, 
associada à redução da força e/ou função. Na verdade, 
este é um conceito em evolução e ainda em disputa: 
pesquisadores mais “puristas” da sarcopenia insistem 
que esta seja definida exclusivamente pela redução da 
massa muscular, sendo que a perda de função ou força 
seriam mais bem definidas como “dinapenia”. De 
qualquer maneira, a sarcopenia pode estar presente 
sem os outros comemorativos da síndrome de 
fragilidade, sendo, quando coexistente, apenas um dos 
componentes de um processo muito mais complexo. Já 
a síndrome da caquexia é definida como “uma 
síndrome metabólica complexa associada à doença e 
caracterizada pela perda de músculo, com ou sem a 
perda de massa gorda”. 
A caquexia apresenta várias semelhanças, em sua 
fisiopatologia e apresentação clínica, com a síndrome 
da fragilidade, como a perda de peso, redução da força 
e fadiga; no entanto, a caquexia é, como a própria 
definição deixa claro, induzida por uma doença crônica, 
como o câncer, a insuficiência cardíaca, a doença 
pulmonar obstrutiva crônica e outras, enquanto a 
síndrome da fragilidade incide de maneira 
independente destes diagnósticos. Além disso, 
aspectos fisiopatológicos da síndrome da fragilidade 
não estão, necessariamente, envolvidos no 
desenvolvimento da caquexia. 
____________________________________________ 
 
 
 
 
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 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS 
CRITÉRIOS CLÍNICOS 
Diversos autores propuseram, nas últimas décadas, 
critérios próprios para a definição de fragilidade, o que 
impede a definição de critérios universalmente aceitos 
ou empregados. 
Os critérios mais frequentemente empregados em 
estudos internacionais são adaptados a partir dos 
estudos de Fried e Walston, compondo cinco diferentes 
critérios. 
 
Idosos portadores de três ou mais: FRÁGEIS 
Idosos com um ou dois critérios: PRÉ-FRÁGEIS 
Idosos sem a presença destes critérios: NÃO FRÁGEIS 
 
CRITÉRIOS DE FRAGILIDADE: 
→ Redução da força de preensão palmar: 
Abaixo do percentil 20 da população, corrigido por 
gênero e índice de massa corporal 
→ Redução da velocidade de marcha: 
Abaixo do percentil 20 da população, em teste de 
caminhada de 4,6 m, corrigido por gênero e estatura. > 
7 segundos para 4 m. 
→ Perda de peso não intencional: 
Acima de 4,5 kg referidos ou 5% do peso corporal, se 
medido, no último ano 
→ Sensação de exaustão: 
Autorreferida (Questões do questionário CES-D) 
→ Atividade física baixa: 
Abaixo do percentil 20 da população, em kcal/semana. 
Gasto calórico < 383 kcal/semana em homens, ou < 270 
kcal/semana em mulheres. 
 
CRITÉRIOS LABORATORIAIS 
Mesmo que, dada a fisiopatologia da fragilidade, 
diversos exames laboratoriais possam estar alterados 
(marcadores de aumento da atividade inflamatória, 
redução da creatinina sérica, redução da albumina 
sérica, anemia, alterações hormonais), nenhum destes 
testes, empregados isolados ou em conjunto, possibilita 
o diagnóstico de fragilidade ou para ele contribui de 
modo definido. 
____________________________________________ 
TRATAMENTO 
Diversas modalidades de tratamento vêm sendo 
propostas para a síndrome da fragilidade, mas ainda não 
estão disponíveis tratamentos específicos para a 
síndrome como um todo. 
Tratamentos medicamentosos embasados na 
fisiopatologia desta condição (p. ex., anti-inflamatórios, 
reposição hormonal, anabolizantes para reduzir a perda 
de massa muscular), embora ainda em fase de estudos, 
não se mostraram, isoladamente, eficazes para a 
terapêutica. 
As intervenções atualmente propostas se baseiam 
especificamente em: 
• Atividade física, para promover o aumento da 
massa muscular 
• Suplementação alimentar, para reduzir a perda de 
massa magra e promover a melhoria do estado 
energético 
• Suplementações hormonais, buscando quebrar o 
ciclo da fragilidade em seus componentes 
relacionados com a desregulação neuroendócrina 
• Medicações de diversas naturezas, com atuação 
em componentes da fisiopatologia da síndrome 
(anti-inflamatórios, miostáticos, anabolizantes 
etc.). 
A intervenção mais bem estudada em relação à 
síndrome da fragilidade é a prática de atividade física. A 
literatura evidencia, em seu conjunto, que o 
treinamento de força isolado pode melhorar este 
parâmetro mas, no conjunto, aumenta o risco de lesões 
e não promove a melhora global do paciente. A 
combinação de treinamento de força com exercícios 
para flexibilidade, equilíbrio e capacidade aeróbica 
mostra mais benefícios nos estudos realizados até o 
momento que, ressalte-se, ainda são escassos. 
A suplementação alimentar isolada, conquanto 
importante para a manutenção do estado nutricional e 
promoção de sua melhoria,não apresenta benefícios 
bem demonstrados. Sua associação à atividade física, 
por outro lado, apresenta evidências de benefícios. 
Suplementações com hormônio de crescimento, DHEA, 
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progestágenos e outros tratamentos hormonais não se 
mostraram benéficas, os efeitos colaterais suplantando, 
de uma maneira geral, os benefícios. A exceção relativa 
que se apresenta é a suplementação de testosterona, 
em homens frágeis que apresentam deficiência deste 
hormônio. 
Alguns estudos demonstram que, quando não 
contraindicada, a suplementação, associada à atividade 
física, apresenta efeitos benéficos para a fragilidade e a 
qualidade de vida. No entanto, mais estudos são 
necessários em uma gama mais ampla de pacientes com 
fragilidade. 
Outras medicações para o tratamento da fragilidade 
ainda se encontram em estudo, não estando indicadas, 
no momento, para o emprego na prática clínica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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