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UM OLHAR... UM OUTRO OLHAR... UM NOVO OLHAR... UM OLHAR MAIS NOVO AINDA... MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) O Modernismo representou um rompimento de artistas e intelectuais com a arte acadêmica e o tradicionalismo cultural no Brasil. Influenciados pelos movimentos de vanguarda na Europa, os modernistas brasileiros da primeira fase adotaram uma postura radical e destrutiva em suas produções artísticas. Semana de 22 – o evento A Semana de Arte Moderna aconteceu entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, e apresentou música, dança, pintura, escultura e literatura de vanguarda. Semana de 22 – o evento A reação do público foi de perplexidade e choque. O dia 15 foi o mais agitado. Menotti Del Picchia iniciou a noite com uma conferência. Entre vaias e urros do público, Ronald de Carvalho declamou “Os sapos”, de Manuel Bandeira, ridicularizando os poetas parnasianos. Consequências da Semana Isoladamente, a Semana de Arte Moderna não representou uma mudança significativa para as artes brasileiras. Mas desencadeou uma efervescência cultural que consolidou o Modernismo no Brasil. O que a Semana da Arte Moderna representou? 1. (CESCEM) A Semana de Arte Moderna representou, no panorama cultural da época: a) a ruptura total com o passado artístico mais recente, no qual nada permitia prevê-la; daí a comoção que causou. b) o resultado da condensação de aspirações vagas, ainda informes até então, mas perceptíveis nas preferências do público em geral. c) a congregação de tendências que, sob formas várias e nas várias artes, se vinham delineando desde a década anterior. d) a reação aos ataques que os últimos parnasianos dirigiam contra a obra incipiente dos primeiros modernistas. e) a decorrência de reelaboração de recursos estilísticos presentes tanto na poesia parnasiana quanto na simbolista. O Modernismo: a ruptura com as tradições. A arte é muitas coisas. Uma das cosisa que a arte é, parece, é uma transformação simbólica do mundo. Quer dizer: o artista cria um mundo outro – mais bonito ou mais intenso ou mais significativo ou mais ordenado – por cima da realidade imediata. (Ferreira Gullar) “O artista, ao recriar a realidade, estabelece uma outra verdade. (...) Através das obras literárias, tomamos contato com a vida, nas suas verdades eternas, comuns a todos os homens e lugares, porque são as verdades da mesma condição humana.” (Afrânio Coutinho) “a vida só é possível reinventada.” (Cecília Meireles) A PRIMEIRA FASE DO MODERNISMO NO BRASIL Realizada a Semana de Arte Moderna e ainda sob os ecos das vaias e gritarias, tem início uma primeira fase modernista, que se estende de 1922 a 1930, caracterizada pela tentativa de definir e marcar posições. Constitui, portanto, um período rico em manifestos e revistas de vida efêmera: são grupos em busca de definição. Contexto histórico 1912: aumento da inflação e greves operárias em São Paulo 1914: retorno da política do café com leite; Venceslau Brás elege-se presidente da República. 1914: Início da Primeira Guerra Mundial 1922: fundação do Partido Comunista Brasileiro 1925-1927: Coluna Prestes 1929: quebra da Bolsa de Nova York; queda do preço do café; falência de fazendeiros; lançamento da candidatura de Getúlio Vargas à presidência do Brasil COMO CAI NO VESTIBULAR 3. (UFV) O Modernismo Brasileiro eclodiu com a Semana de Arte Moderna, em 1922. Sobre o movimento SOMENTE podemos afirmar que: a) os artistas brasileiros queriam formalizar uma grande manifestação para consagrar os ideais clássicos, expressos através do Parnasianismo. b) a intelectualidade brasileira, de fato, já estava tomando rumos diversos daqueles presentes no século XIX, porém a tendência da poesia era a de permanecer melancólica e saudosista. c) seria um acontecimento de cunho eminentemente nacionalista, sem qualquer ligação com tendências ou movimentos que não fossem integralmente gerados no Brasil. d) a Semana ratificaria as premissas do direito à pesquisa estética, disseminada em tantas expressões (literatura, música, pintura, escultura) quantas fossem as dos participantes do movimento. e) teria como figuras de proa os nomes de Victor Brecheret, Anita Malfatti, Oswald de Andrade e Rui Barbosa. CARACTERÍSTICAS 1.Liberdade de Criação Poética (Manuela Bandeira) Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor. Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar o cunho vernáculo de um vocábulo. Abaixo os puristas ( ... ) Quero o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbados O lirismo difícil e pungente dos bêbados O lirismo dos clowns de Shakespeare -Não quero mais saber do lirismo que não é libertação CARACTERÍSTICAS 2.Desprezo pela Gramática Normativa Vício na Fala (Oswald de Andrade) Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió Para pior pió Para telha dizem teia Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados 3.Nacionalismo crítico Erro de Português (Oswald de Andrade) Quando o português chegou Debaixo duma bruta chuva Vestiu o índio Que pena! Fosse uma manhã de sol O índio tinha despido O português CARACTERÍSTICAS 5.Coloquialismo Pronominais (Oswald de Andrade) Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro 6.Cotidiano Poema Tirado de uma Notícia de Jornal (Manuel Bandeira) João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número. Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Dançou Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado CARACTERÍSTICAS 7.Paródia Escapulário (Oswald de Andrade) No Pão d Açúcar De cada dia Dai-nos Senhor A poesia De Cada Dia 8.Poema-Piada Relicário (Oswald de Andrade) No baile da Corte Foi o Conde d’Eu quem disse Pra Dona Benvinda Que farinha de Suruí Pinga de Parati Fumo de Baependi É comê bebê pitá e caí. NACIONALISMO CRÍTICO AS MENINAS DA GARE (Oswald de Andrade) Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis Com cabelos mui pretos pelas espáduas E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas Que de nós as muito bem olharmos Não tínhamos nenhuma vergonha NACIONALISMO CRÍTICO NACIONALISMO UFANISTA Martim Cererê Cassiano Ricardo Por se tratar de uma ilha deram-lhe o nome de ilha de Vera Cruz. Ilha cheia de graça Ilha cheia de pássaros Ilha cheia de luz. Ilha verde onde havia mulheres morenas e nuas anhangás a sonhar com histórias de luas e cantos bárbaros de pajés em poracés batendo os pés. Depois mudaram-lhe o nome Pra terra de Santa Cruz. Terra cheia de graça Terra cheia de pássaros Terra cheia de luz. NACIONALISMO UFANISTA Aquarela do Brasil Ary Barroso Brasil! Meu Brasil brasileiro Meu mulato inzoneiro Vou cantar-te nos meus versos O Brasil, samba que dá Bamboleio, que faz gingar Ó Brasil, do meu amor Terra de Nosso Senhor Brasil! Pra mim, pra mim, pra mim Ah, abre a cortina do passado Tira a mãe preta do cerrado Bota o rei congo no congado Brasil Pra mim! Deixa cantar de novo o trovador A merencória luz da lua Toda canção do meu amor Quero ver essa dona caminhando Pelos salões arrastando O seu vestido rendado Brasil! Pra mim, pra mim, pra mim Brasil! Terra boa e gostosa Da morena sestrosa De olhar indiferente