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F R E N T E 2 151 Para responder às questões de 1 a 3, considere o tex- to a seguir. Contraditoriamente, foi o patrocínio da fração mais europeizada da aristocracia rural de São Paulo, aberta às influências internacionais, que permitiu o florescimento das inovações estéticas. O café pesou mais do que as indústrias. Os velhos troncos paulistas, ameaçados em face da burguesia e da imigração, se juntaram aos artistas numa grande “orgia intelectual”, conforme a definição de Mário de Andrade Segundo ele, “foi da proteção desses salões literários [promovidos pela aristocracia rural] que se alastrou pelo Brasil o espírito destruidor do movimento modernista”. MARQUES, Ivan Cenas de um modernismo de província São Paulo: Editora 34, 2011. p. 11. 1 PUC-Campinas 2016 O Modernismo de 22 caracteri- zou-se, de fato, por algumas contradições, entre as quais a que o texto aponta: a Os mentores modernistas promoveram ideais esté ticos para agradar burgueses e aristocratas b Uma economia voltada para a industrialização pro piciou o desenvolvimento da produção rural c Membros da aristocracia paulista renunciaram a seu gosto estético em nome da arte popular. d Membros da recém formada burguesia impuseram seu gosto estético aos aristocratas. e Um setor da economia rural estimulou um movi- mento cultural de raiz urbana e moderna. 2 PUC-Campinas 2016 O “espírito destruidor” que cos- tuma atuar em um movimento de vanguarda está presente e bem tipificado nesta formulação de um manifesto estético do Modernismo: a Das tuas águas tão verdes não havemos de nos afastar b Sê como o sândalo, que perfuma o machado que o fere c Ainda se rebelam na Hélade os engenheiros de nossa reconstrução. d Penetra surdamente no reino das palavras. e É preciso expulsar o espírito bragantino e as or- denações. 3 PUC-Campinas 2016 Sobre o movimento a que o texto se refere é correto afirmar que, além de ter sido uma manifestação intelectual e artística, a foi um movimento político de contestação à ordem social vigente, na medida em que rompeu com o conservadorismo elitista dominante nas artes. b expressou a pujança do movimento operário e sua oposição à dominação oligárquica ao utilizar as no vas maneiras de encarar as artes. c foi um movimento de protesto em relação às formas de expressão primitivista, que até então predomi- navam nas artes plásticas e na literatura. d reafirmou os valores artísticos do Brasil rural e patriarcal, assim como a permanência da estética naturalista e simplista da arte nacional. e transformou-se em um marco de resistência artís- tica à política tradicional da República Velha e ao modernismo norte-americano dominante. Para responder às questões 4 e 5, considere o texto a seguir Retrato do Brasil: ensaio sobre a tristeza brasileira, de Paulo Prado (escritor a quem Mário de Andrade dedicou Macunaíma), é hoje um livro quase esquecido. Quando saiu, porém, alcançou êxito excepcional: quatro edições entre 1928 e 1931. O momento era propício para tentar explicações do Brasil, país que se via a si mesmo como um ponto de interrogação. Terra tropical e mestiça condenada ao atraso ou promessa de um eldorado sul-americano? BOSI, Alfredo. Céu, Inferno. São Paulo: Ática, 1988. p. 137. 4 PUC-Campinas 2016 A razão pela qual o escritor Mário de Andrade dedicou a Paulo Prado seu romance Macunaíma é sugerida no próprio texto, uma vez que nesse romance o autor pretende a romper com as amarras desse gênero da ficção, apostando em uma narração caótica e puramente experimental. b historiar a saga da família Prado, identificando-a com a história dos chamados barões do café da Pauliceia c criar um protagonista cuja história espelhe e transfi- gure a diversidade e a busca de identidade cultural do povo brasileiro. d denunciar o nacionalismo das tendências artísticas que retratam o Brasil como se fosse o centro do universo. e lamentar o atraso de nosso país, enquanto sugere que nosso futuro está na modernização e na tecnologia. 5 PUC-Campinas 2016 A tendência de aprofundar o co- nhecimento do Brasil, em uma linha nacionalista e tropical, no período referido no texto, está indiciada já em expressões que identificam obras e grupos literá- rios, tais como a Vamos caçar papagaios e Verde-amarelismo. b A frauta de Pã e Tropicália. c Os sertões e Pós-modernismo. d A cinza das horas e Futurismo e Sentimento do mundo e Neoliberalismo. 6 UEPG 2016 Sobre a Semana de Arte Moderna no Bra- sil, assinale o que for correto 01 O Movimento Pau-Brasil, fundado por Oswald de Andrade, propôs a valorização das raízes nacio- nais, que deveriam ser o ponto de partida para os artistas brasileiros. Exercícios complementares LÍNGUa PORTUGUeSa Capítulo 12 O Modernismo no Brasil: primeira geração152 02 A divisão entre os defensores de uma estética conservadora e os de uma renovadora no Brasil, prevaleceu por muito tempo e atingiu seu clímax na Semana de Arte Moderna realizada nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. 04 Em sua marcante atuação na Semana de Arte Moderna de 1922, Tarsila do Amaral colaborou decisivamente para o desenvolvimento da arte moderna brasileira, pois produziu uma obra indi- cadora de novos rumos para a pintura brasileira. 08 Na Semana de Arte Moderna de 1922, o compo- sitor Heitor Villa-Lobos apresentou as primeiras audições de várias obras, dentre elas a “Segunda Sonata”, “A Fiandeira”, “Solidão”, “Historietas” e “Num Berço Encantado” Soma: 7 PUC-Minas 2014 Exortação Ribeiro Couto e Manuel Bandeira, poetas do Brasil, do Brasil, nosso irmão, disseram: “ — É preciso criar a poesia brasileira, de versos quentes, fortes, como o Brasil, sem macaquear a literatura lusíada”. Angola grita pela minha voz, Pedindo a seus filhos nova poesia! [ ] Angola, grande promessa do futuro, forte realidade do presente, inspira novos ideais encerra ricos motivos É preciso inventar a poesia de Angola! GOMES, Maurício. In: MACÊDO, Tania; CHAVES, Rita. Literaturas de língua portuguesa: marcos e marcas. Angola, 2007. p. 61. No poema, a literatura brasileira é vista como uma re- ferência para a literatura angolana. Segundo o texto, isso ocorre devido: a à autonomia da poesia brasileira em relação à poe- sia de Portugal. b à indicação de semelhanças culturais e históricas entre os dois países. c ao caráter político da literatura de resistência pro- duzida no Brasil d à capacidade de constante reinvenção dos poetas brasileiros. Textos para a questão 8 Texto 1 Retrato de Novembro I Os trabalhadores protestam na rua, Excelência. Não me incomodam! Como?! Não vou sair para essas bandas! Querem avistar-se com Vossa Excelência Não os conheço! Já estão a fazer barulho. Manda-os embora! Não abalam. Manda-os calar! Não nos escutam, Excelência. Bom, somos um país livre! Mas a gritaria vai-nos incomodar. Fecha as portas e as janelas! Mesmo assim os ouviremos. Tapa os ouvidos! Também não resulta, Excelência Então, ignora-os! Como?! Finge que não existem! Vai ser difícil, Excelência Mas não impossível! II E os massacres no Alentejo, Excelência? Oh nada de extraordinário a assinalar Senão os coveiros já teriam reclamado Horas suplementares! (Mário de Andrade) Texto 2 Alerta Lá vem o lança-chamas Pega a garrafa de gasolina Atira Eles querem matar todo amor Corromper o polo Estancar a sede que eu tenho doutro ser Vem de flanco, de lado Por cima, por trás Atira Atira Resiste Defende De pé De pé De pé O futuro será de toda a humanidade (Oswald de Andrade) 8 UPE 2017 Acerca dos Textos 1 e 2, bem como dos seus autores e do contexto histórico e literário em que es- tão inscritos, analise as seguintes proposições. I. O Texto 1 é um poema em que o autor se reve- la comprometido com as causas sociais de seu tempo, e em que um eu lírico questionador faz vir à tona imagens da indiferença de quem está no poder, subjugando o oprimido. F R E N T E 2 153 II Mário de Andrade foi o autor de Macunaíma, cujo protagonista é um“herói sem nenhum ca ráter”, uma espécie de mito grego, nascido na selva amazônica que vai até São Paulo, em busca de um valioso talismã. Sobre o nascimento des- se mito, confira o seguinte trecho: “No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite” III O Texto 2 é um poema, cujo eu lírico é um revolu cionário, em luta por sua liberdade. A sua causa, isto é, o seu ideal, é a humanidade. IV. Para Oswald de Andrade, no seu Manifesto da Poesia Pau-brasil, “a poesia existe nos fatos”. Isso faz entender que ele conseguiu reunir, na sua poesia e na sua prosa, elementos para um olhar crítico sobre a realidade brasileira Estão CORRETAS: A I e II, apenas b I, III e IV, apenas II e III, apenas. d II e IV, apenas. E I, II, III e IV. Leia o texto para responder à questão 9. 5. Perigo das Armas Entrei para a escola mista de D. Matilde. Ela me deu um livro com cem figuras para contar a mamãe a história do Rei Carlos Magno Roldão num combate espetou com um pau a gengiva aflita do Maneco que era filho da venda da esquina e mamãe botou no fogo a minha Durindana 6. Maria da Glória Preta pequenina do peso das cadeias. Cabelos brancos e um guarda-chuva O mecanismo das pernas sob a saia centenária de- senrolava-se da casa lenta à escola pela manhã branca e de tarde azul Ia na frente bamboleando maleta pelas portas lam- piões eu menino. 7. Felicidade Napoleão que era um grande guerreiro que Maria da Glória conheceu em Pernambuco disse que o dia mais feliz da vida dele foi o dia em que eu fiz a minha primeira comunhão. 8. Fraque do ateu Saí de D. Matilde porque marmanjo não podia con- tinuar na classe com meninas. Matricularam me na escola modelo das tiras de qua dros nas paredes alvas escadarias e um cheiro de limpeza. Professora magrinha e recreio alegre começou a aula da tarde um bigode de arame espetado no grande professor Seu Carvalho. No silêncio tique taque da sala de jantar informei mamãe que não havia Deus porque Deus era a natureza Nunca mais vi o Seu Carvalho que foi para o Inferno. ANDRADE, Oswald de. Memórias sentimentais de João Miramar São Paulo: Companhia das Letras, 2016. 9 UFJF/Pism 2 2017 Explique de que maneira o trecho do romance Memórias sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade, caracteriza uma escrita de van- guarda modernista. 10 ESPM 2016 O ensaísta Roberto Schwarz alude ao fato de haver no país um descompasso ideológico, isto é, o desconcerto de uma sociedade escravista, mais as ideias importadas do liberalismo europeu. De onde a sensação de que, no Brasil, as ideias estão deslocadas em relação ao seu uso europeu: há um desacordo entre a situação local e o molde importa- do. As ‘nossas’ coisas, assim, não seriam nossas. Dos itens a seguir, o exemplo literário que reete o espírito do tema anteriormente exposto é: A “Alguém há de cuidar que é frase inchada/Daquela que lá se usa entre essa gente” (Cláudio Manuel da Costa) b “Invejo o ourives quando escrevo;/Imito o amor/ Com que ele, em ouro, o alto-relevo/Faz de uma flor.” (Olavo Bilac) “Minha terra tem primores,/Que tais não encontro eu cá;/Em cismar – sozinho à noite –/Mais prazer encontro eu lá;” (Gonçalves Dias) d “A praça! A praça é do povo/Como o céu é do con- dor,” (Castro Alves) E “Tupi or not tupi, that is the question” (Oswald de Andrade) 11 Imed 2016 Leia o texto a seguir, de Oswald de Andrade: Pronominais Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro Analise as assertivas a seguir a partir do texto: I. O poema “Pronominais” foi escrito em um período em que a Literatura brasileira discutia aspectos da língua como elemento caracterizador da identida- de nacional. II. O poema expõe a ironia de Oswald de Andrade às disparidades sociais e demonstra sua preocu- pação social com os marginalizados. III. Assim como Oswald de Andrade, Mário de Andrade apresentou em suas produções a sua preocupa- ção com uma língua escrita mais próxima da fala, uma das principais características da primeira fase modernista. Qual(is) está(ão) correta(s)? A Apenas I. b Apenas II. Apenas I e III. d Apenas II e III. E I, II e III.