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_Coleção O que é e o que faz - Volume 2 - Análise Textual dos Discursos

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O que é e o que faz a 
Análise Textual 
dos Discursos
Coleção O que é e o que se faz?
Volume 2
Reitor
José Daniel Diniz Melo
Vice-Reitor
Henio Ferreira de Miranda
Diretoria Administrativa da EDUFRN
Maria das Graças Soares Rodrigues (Diretora)
Helton Rubiano de Macedo (Diretor Adjunto)
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Conselho Editorial
Maria das Graças Soares Rodrigues (Presidente)
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Marcelo de Sousa da Silva
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Nereida Soares Martins
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Samuel Anderson de Oliveira Lima
Tatyana Mabel Nobre Barbosa
Secretária de Educação a Distância
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Secretária Adjunta de Educação a Distância
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Coordenadora de Produção de Materiais Didáticos
Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo
Coordenação Editorial
Mauricio Oliveira Jr.
Gestão do Fluxo de Revisão
Edineide Marques
Gestão do Fluxo de Editoração
Mauricio Oliveira Jr.
Conselho Técnico-Científico – SEDIS
Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo – SEDIS (Presidente)
Aline de Pinho Dias – SEDIS
André Morais Gurgel – CCSA
Antônio de Pádua dos Santos – CS
Célia Maria de Araújo – SEDIS
Eugênia Maria Dantas – CCHLA
Ione Rodrigues Diniz Morais – SEDIS
Isabel Dillmann Nunes – IMD
Ivan Max Freire de Lacerda – EAJ
Jefferson Fernandes Alves – SEDIS
José Querginaldo Bezerra – CCET
Lilian Giotto Zaros – CB
Marcos Aurélio Felipe – SEDIS
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Maria da Penha Casado Alves – SEDIS
Nedja Suely Fernandes – CCET
Ricardo Alexsandro de Medeiros Valentim – SEDIS
Sulemi Fabiano Campos – CCHLA
Wicliffe de Andrade Costa – CCHLA
Revisão Linguístico-textual
Fabíola Gonçalves
Revisão de ABNT
Edineide Marques
Revisão Tipográfica
Maria das Graças Soares Rodrigues
Diagramação
Maria Clara Galvão
Diagramação
Victor Hugo Rocha Silva
Maria das Graças Soares Rodrigues 
Sueli Cristina Marquesi
Organizadoras
O que é e o que faz a 
Análise Textual dos 
Discursos
Coleção O que é e o que se faz?
Volume 2
Prefácio
Ana Lúcia Tinoco Cabral
Rivaldo Capistrano Júnior
Maria Das Graças Soares Rodrigues
Tradução
Maria das Graças Soares Rodrigues 
Maria Eduarda Giering
Ana Lúcia Tinoco Cabral
Rosalice Pinto
Natal, 2023
Todos os direitos desta edição reservados à EDUFRN – Editora da UFRN
Av. Senador Salgado Filho, 3000 | Campus Universitário
Lagoa Nova | 59.078-970 | Natal/RN | Brasil
e-mail: contato@editora.ufrn.br | www.editora.ufrn.br
Telefone: 84 3342 2221
Rodrigues, Maria das Graças Soares.
 O que é e o que faz a Análise Textual dos Discursos [recurso eletrônico] / 
organizado por Maria das Graças Soares Rodrigues e Sueli Cristina Marquesi. – 1. 
ed. – Natal: EDUFRN, 2023. (O que é e o que faz..., v. 2).
 1800 KB; 1 PDF.
 ISBN 978-65-5569-372-0
1. Análise do Discurso. 2. Discurso. 3. Sujeito. 4. Enunciação. 5. Interação. I. 
Marquesi, Sueli Cristina. II. Título.
CDU 81
R969q
Catalogação da publicação na fonte
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Secretaria de Educação a Distância 
Elaborada por Edineide da Silva Marques CRB-15/488.
Publicação digital financiada com recursos do Fundo de Pós-graduação (PPg-UFRN). A 
seleção da obra foi realizada pela Comissão de Pós-graduação, com decisão homologada 
pelo Conselho Editorial da EDUFRN, conforme Edital nº 01/2023-PPG/EDUFRN/
SEDIS, para a linha editorial Técnico-científica.
Fundada em 1962, a Editora da UFRN continua 
até hoje dedicada à sua principal missão: produzir 
impacto social, cultural e científico por meio de livros. 
Assim, busca contribuir, permanentemente, para uma 
sociedade mais digna, igualitária e inclusiva.
Prefácio
O Grupo de Trabalho Linguística de Texto e Análise da 
Conversação (GT LTAC), da Associação Nacional de Pós-
Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (Anpoll), foi 
criado em 1985 e conta com um grande número de pesqui-
sadores, pertencente aos mais diversos Programas de Pós-
Graduação e atuantes em grupos de pesquisa consolidados, 
que, sob perspectivas teórico-metodológicas variadas, elege 
como objeto empírico o texto, em diferentes modalidades 
e em diferentes contextos de interação. O grupo, marcado 
pela pelo caráter interdisciplinar desde a sua criação, tem 
como grandes temas i) processos discursivo-interacionais de 
negociação de sentido(s) e ii) estratégias de textualização em 
contextos de interação diversos.
Em 2021, por iniciativa dos coordenadores Ana Lúcia 
Tinoco Cabral e Rivaldo Capistrano Júnior, procedeu-se 
ao mapeamento dos temas, das interfaces e das áreas de 
pesquisa de interesse dos membros do GT. O resultado, além 
de reiterar o interesse pelos grandes temas, apontou cinco 
áreas de atuação, a saber: Linguística Textual, Análise Textual 
dos Discursos, Análise da Conversação, Semiolinguística e 
Pragmática.
Com base nesse mapeamento e com o apoio dos mem-
bros do GT LTAC, da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPG/UFRN) 
e da Editora da Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte (EDUFRN), deu-se o início do projeto de publicação 
eletrônica da coleção O que é e o que faz..., uma coletânea de 
entrevistas, coordenada pelos professores Ana Lúcia Tinoco 
Cabral, Rivaldo Capistrano Júnior e Maria das Graças Soares 
Rodrigues e organizada em cinco volumes, a saber: 
Volume 1: O que é e o que faz a Linguística Textual, organizado 
por Rivaldo Capistrano Júnior (Ufes) e Vanda Maria da Silva 
Elias (Unifesp);
Volume 2: O que é e o que faz a Análise Textual dos Discursos, 
organizado por Maria das Graças Soares Rodrigues (UFRN) 
e Sueli Cristina Marquesi (PUC-SP);
Volume 3: O que é e o que faz a Pragmática, organizado 
por Rodrigo Albuquerque (UnB), Ana Lúcia Tinoco Cabral 
(PUC-SP) e Maria da Penha Pereira Lins (UFES);
Volume 4: O que é e o que faz a Análise da Conversação, 
organizado por Gil Roberto Costa Negreiros (UFSM) e Ana 
Rosa Ferreira Dias (PUC-SP; USP);
Volume 5: O que é e o que faz a Semiolinguística, organizado 
por Aparecida Lino Pauliukonis (UFRJ), Lúcia Helena Martins 
Gouvêa (UFRJ) e Rosane Santos Monnerat (UFF).
Os diferentes volumes têm, além de perguntas específicas, 
perguntas em comum, que objetivam manter o fio condutor da 
proposta da coleção. Em resposta às perguntas de entrevista, 
cada entrevistado tem a oportunidade de discorrer sobre o 
quadro e os avanços teórico-metodológicos de sua área, de 
apontar (novas) questões de investigação e de indicar apli-
cações de suas pesquisas para o ensino, em seus diferentes 
níveis e em diversas modalidades.
Desse modo, a coletânea tem como objetivos i) fomentar 
atividades vinculadas à implementação, à divulgação da 
produção científica e à formação e/ou consolidação de redes 
de pesquisa de membros do GT LTAC e de outros GTs da 
ANPOLL; ii) apresentar e promover temas fundamentais dos 
estudos sobre o texto; aumentar a visibilidade da produção do 
GT LTAC junto à comunidade científica nacional e interna-
cional; iii) fomentar a discussão sobre diferentes perspectivas 
de análise e de investigação do texto; iv) promover a interface 
entre essas diferentes perspectivas; v) contribuir para a for-
mação inicial e continuada de professores e de pesquisadores. 
Desejamos aos leitores que a pluralidade de perspectivas 
teórico-metodológicas presentes nos cinco volumes da coleção 
promova o intercâmbio entre pesquisadores e fomente novas 
pesquisas em Linguística de Texto e Análise da Conversação.
Apresentação
Este volume integra a coleção O que é e o que faz..., que se 
constitui de cinco coletâneas, as quais reúnem entrevistas com 
célebres professorese pesquisadores brasileiros e estrangeiros, 
dedicados aos estudos orientados pela Análise Textual dos Discursos (ATD) 
fundada por Jean-Michel Adam. Os pesquisadores brasileiros 
são professores universitários e membros do GT Linguística 
de Texto e Análise da Conversação da Associação Nacional de 
Pós-graduação em Letras e Linguística (ANPOLL), enquanto 
os entrevistados estrangeiros são professores e pesquisadores 
universitários de instituições dos seguintes países: França, 
Romênia e Suíça.
Foram entrevistados nove professores e pesquisadores, 
os quais responderam as mesmas perguntas. As entrevistas 
são textos acadêmico-científicos, e, assim, certamente, con-
tribuirão não só com os alunos da graduação mas também 
com mestrandos, doutorandos e demais pesquisadores que 
se interessam por questões linguísticas à luz das diferen-
tes modalidades de manifestação da língua: falada, escrita, 
multimodal e digital. Além disso, a coleção também trará 
contributos para os professores de Língua Portuguesa do 
Ensino Básico.
A ordem de colocação da entrevista neste volume seguiu 
dois critérios: (1) a primeira entrevista é com Jean-Michel 
Adam, fundador da Análise Textual dos Discursos (ATD), e 
(2) seguiu-se a ordem alfabética do primeiro nome dos oito 
entrevistados, que se encontram após Jean-Michel Adam. 
A primeira pergunta dirigida aos entrevistados é indutora 
de uma contextualização histórica acerca do envolvimento 
do pesquisador com a abordagem teórica focalizada neste 
volume. Nessa direção, o leitor terá acesso ao percurso dos 
convidados a partir do primeiro contato com a Análise Textual 
dos Discursos.
Ressalta-se que o primeiro entrevistado deste volume, Jean-
Michel Adam, professor emérito da Universidade Lausanne, 
socializa que seu ponto de partida nos anos 1970 se deveu 
à “tomada de consciência de um déficit de textualidade da 
análise de discurso (AD)”. Isso levou o autor a considerar, 
evidentemente, a anterioridade dos trabalhos dedicados à 
textualidade por outros grandes autores, de variados olhares 
teóricos, em diferentes países. Essa postura revela ética, res-
peito, conhecimento, valorização do que já estava disponível 
em circulação acerca do tema. Para o autor, “o conceito de 
texto deve integrar os diferentes grandes regimes mediológi-
cos: orais, escriturais, icônicos e digitais”. O autor é membro 
do Grupo de Pesquisa em Análise Textual dos Discursos 
(ATD) registrado na Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte (UFRN) e no Conselho Nacional de Desenvolvimento 
Científico e Tecnológico Diretório (CNPq), assim como do 
Center of Comparative Studies of Literatures in European 
Languages (CLE), da Universidade de Lausanne.
O segundo entrevistado é Alexandro Teixeira Gomes, pro-
fessor e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande 
do Norte. O autor relata que seu primeiro contato com a 
Análise Textual dos Discursos (ATD) foi com a obra A lin-
guística textual: introdução à análise textual dos discursos, de 
Jean-Michel Adam. O ponto de vista do autor acerca dessa obra 
segue transcrito ipsis litteris: “Encantei-me completamente 
pela obra em função da riqueza de detalhes, da consistência 
teórica, da proposta analítica e do refinamento do texto. Senti 
como um divisor de águas na minha formação [...]”. Destaca-se 
que o entrevistado adotou essa abordagem teórica em suas 
várias publicações. É pesquisador do Grupo de Pesquisa em 
Análise Textual dos Discursos. Lidera o Grupo de Pesquisa 
Laboratório de Estudos Linguísticos da UFRN.
O terceiro entrevistado é o professor e pesquisador da 
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), Ananias 
Agostinho da Silva. O autor ressalta que seu “encontro com 
a Análise Textual dos Discursos (ATD) ocorreu durante o 
curso de doutorado, na Universidade Federal do Rio Grande 
do Norte, no início de 2012, sobretudo pelo ingresso no 
Grupo de Pesquisa em Análise Textual dos Discursos [...]”. 
O entrevistado publicou inúmeros trabalhos, ancorando-se 
teoricamente na ATD, contribuindo, pois, para a difusão 
dessa abordagem teórica e o desenvolvimento de análises 
que se interessem pelo texto e pelo discurso. É pesquisador 
do Grupo de Pesquisa em Análise Textual dos Discursos, 
do Grupo de Pesquisa Protexto, Grupo de Pesquisa Texto, 
Escrita e Leitura e lidera o Grupo de Pesquisa em Estudos 
Linguísticos do Texto.
A quarta entrevistada é a professora e pesquisadora da 
Universidade Stefan cel Mare, na Romênia, Corina Iftimia. A 
professora explica que seu envolvimento com a Análise Textual 
dos Discursos teve início com a tradução para o romeno da 
obra Linguística Textual: introdução à análise textual dos 
discursos, de Jean-Michel Adam. Expressa seu ponto de vista 
concernente à contemporaneidade da ATD, comentando que 
“quanto aos desafios, creio que a ATD tem tudo para se dedicar 
ao campo das produções textuais digitais”. Sublinha-se que 
a entrevistada desenvolve pesquisa nos campos da tradução, 
do discurso político, entre outros.
A quinta entrevistada é a professora e pesquisadora da 
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Maria 
Eliete de Queiroz. A entrevistada relata que seu primeiro 
contato com a Análise Textual dos Discursos foi em um evento 
realizado na Universidade Federal do Ceará, por ocasião 
do lançamento da tradução do livro Linguística Textual: 
introdução à análise textual dos discursos, de Jean-Michel 
Adam, em 2008. A autora destaca como um ponto de diferença 
entre a ATD e outras teorias “o tratamento discursivo que 
é dado a suas categorias de análise”. Ademais, aponta como 
“grande desafio para os estudiosos do texto e do discurso 
[...] as discussões sobre o texto digital, o texto digital nativo 
e seus regimes de textualidade”. A professora desenvolve seus 
trabalhos com ancoragem teórica na ATD. É pesquisadora 
do Grupo de Pesquisa em Análise Textual dos Discursos 
e do Grupo de Pesquisa em Produção e Ensino de Texto, 
respectivamente, da UFRN e da Uern.
O sexto entrevistado é o professor e pesquisador da 
Universidade de Lorraine, Guy Achard-Bayle. Esse autor des-
taca que foi a partir das diferentes obras de Jean-Michel Adam 
que ele se envolveu com a Análise Textual dos Discursos. Relata 
que seguiu e estudou “as reedições de sua obra Introdução à 
Análise Textual dos Discursos [...] a evolução de seu percurso 
na linguística textual até a ATD”. Considera que a “linguística 
textual de corpus e comparativa permitiu avanços significativos 
em matéria de ATD”. O autor é renomado por seus trabalhos 
sobre língua, texto, discurso. Integra o Grupo de Pesquisa 
Praxiteste, da Universidade de Lorraine.
O sétimo entrevistado é o professor titular e pesquisador, 
Luis Passeggi, da Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte. Integra a equipe da UFRN de tradutores das seguintes 
obras de Jean-Michel Adam, publicadas individualmente 
ou em coautoria: Jean-Michel Adam (2008/2011) - A lin-
guística textual: introdução à análise textual dos discursos; 
Jean-Michel Adam; Ute Heidmann (2011) - O texto literário, 
por uma abordagem interdisciplinar; Jean-Michel Adam; 
Ute Heidmann; Dominique Maingueneau (2010) - Análises 
textuais e discursivas. Metodologia e aplicações; Jean-Michel 
Adam (2022) - A noção de texto. Seu envolvimento com a 
Análise Textual dos Discursos começou com a obra de Jean-
Michel Adam; Jean-Pierre Goldenstein (1975) - Linguistique 
et discours littéraire: théorie et pratique des textes (Larousse). 
É vice-líder do Grupo de Pesquisa em Análise Textual dos 
Discursos, da UFRN.
A oitava entrevistada é a professora emérita e pesquisadora 
da Universidade de Toulon, Michèle Monte. Seu envolvimento 
com a Análise Textual dos Discursos está ligado aos traba-
lhos de Jean-Michel Adam, assim como de outros autores 
e os próprios trabalhos que a autora desenvolve com textos 
poéticos. A autora propõe “uma análise enunciativa que se 
aplica tanto ao poema como à narrativa ou à argumentação”. 
Ela distingue “o enunciador textual responsável pelo textodo 
autor social e do locutor (identificado pelas marcas dêiticas)”. 
Ademais, a pesquisadora propõe “a análise de qualquer texto 
como a conjunção de três dimensões: semântica, estética 
e enunciativa”. A autora integra o Laboratoire Babel, em 
que se desenvolvem pesquisas sobre linguagens, literaturas, 
civilizações e sociedades.
A nona entrevistada é a professora e pesquisadora Rodica-
Marioara Nagy, da Universidade Stefan cel Mare. Recebeu 
influência de vários autores orientais, assim como ocidentais 
que focalizam o texto e o discurso em seus estudos. Nessa 
direção, relata que “as pesquisas científicas da segunda metade 
do século XX, distinguem-se particularmente das que tratam 
dos problemas de linguagem e de comunicação [...] das que têm 
como objeto as estruturas que ultrapassam o nível da frase”. 
Explica, ainda, a “análise textual do discurso tem por objeto 
as produções transfrásticas com certa significação social”.
Espera-se que este conjunto de entrevistas contribua 
com os interlocutores interessados pela Análise Textual dos 
Discursos. Ressalta-se que essa abordagem teórica é inter-
disciplinar, transdisciplinar e multidisciplinar, oferecendo, 
assim, contributos para várias áreas do conhecimento.
Junho de 2023.
Maria das Graças Soares Rodrigues (UFRN)
Sueli Cristina Marquesi (PUC-SP)
Organizadoras
Sumário
Jean-Michel Adam ..............................................................................18
Alexandro Teixeira Gomes ...............................................................56
Ananias Agostinho da Silva ..............................................................68
Corina Iftimia ......................................................................................98
Maria Eliete de Queiroz ...................................................................110
Guy Achard-Bayle .............................................................................116
Luis Passeggi .......................................................................................147
Michèle Monte ...................................................................................157
Rodica-Mărioara Nagy .....................................................................172
18
JEAN-MICHEL ADAM
Universidade de Lausanne - Suíça
Tradução – Maria das Graças Soares Rodrigues
Questões gerais
1) Como você chegou à Análise Textual dos Discursos 
(ATD)? Quais autores lhe serviram de inspiração?
A tomada de consciência de um déficit de textualidade 
da análise de discurso (AD) é o ponto de partida de minhas 
pesquisas, no início dos anos 1970. Essa constatação me 
levou a focalizar as teses, introduzidas na França por Denis 
Slakta e Bernard Combettes, do Segundo Círculo de Praga 
(Mathesius, Firbas, Danes) sobre a dinâmica tema-rema da 
frase, as progressões temáticas e os encadeamentos interfrás-
ticos. Interessei-me muito cedo pelas “gramáticas de texto” 
anglo-saxônicas e, em particular pelos trabalhos de Teun A. 
JEAN-MICHEL ADAM
19
van Dijk, Harald Weinrich, Michael A. K. Halliday e Ruqaiya 
Hasan, Robert E. Longacre e Eugenio Coseriu.
A linguística da enunciação de Émile Benveniste e seu 
programa de “translinguística dos textos e das obras”, for-
mulado na “Semiologia da língua” (1969), serviram-me de 
referência para articular as pesquisas da textualidade e a 
questão da discursividade. Benveniste apresenta a semântica 
do discurso como uma superação intralinguística da semió-
tica saussuriana e a superação “translinguística” como uma 
“metassemântica” construída ancorada na “semântica da 
enunciação”. A linguística da enunciação assegura a conti-
nuidade do dispositivo entre a subjetivação enunciativa da 
língua e a produção de um texto. A finalidade da “Semiologia 
da língua” é inseparável das pesquisas que Benveniste fazia 
sobre “A língua de Baudelaire”1. Benveniste teorizou progra-
maticamente a abertura do campo da linguística no discurso 
(abertura fundada na enunciação) e em uma linguística dos 
textos que não excluía as obras da arte verbal.
Os trabalhos dinamarqueses de Lita Lundquist sobre a 
linguística textual (LT) me permitiram avançar epistemologi-
camente, no diálogo permanente com meus amigos Bernard 
Combettes e Michel Charolles, bem como com Jean-Paul 
1 LAPLANTINE, Chloé (ed.). Emile Benveniste: Baudelaire. Limoges: 
Lambert-Lucas, 2011.
JEAN-MICHEL ADAM
20
Bronckart e sua teoria do interacionismo sociodiscursivo. 
Essas trocas me levaram a desenvolver uma concepção da 
LT enunciada pela primeira vez em Éléments de linguistique 
textuelle (1990) e, em 1992, na primeira exposição do conjunto 
de minha teoria das sequências textuais: Les Textes: types et 
prototypes. 
Minha pesquisa da unidades textuais transfrásticas 
identificáveis se desenvolveu a partir dos anos 1960 sobre 
a narrativa: trabalhos de Roland Barthes, Tzvetan Todorov, 
Gérard Genette, Algirdas J. Greimas, Paul Larivaille e Gérard 
Genot, na França, de William Labov e Joshua Waletzky nos 
Estados Unidos, de Umberto Eco na Itália, mas também os 
de psicologia cognitiva e de psicolinguística textual desen-
volvidos, em particular, nos laboratórios de Dijon (Michel 
Fayol) e de Poitiers, com os quais tive a chance de dialogar 
muito ativamente nos anos 1980. Quase ao mesmo tempo, 
interessei-me pela descrição (devo muito aos trabalhos de 
poética de Philippe Hamon e à sua consideração da tradição 
retórica). Em seguida, trabalhei sobre a argumentação, em 
contato com os pesquisadores da Escola de Bruxelas, suces-
sores de Chaïm Perelman (Marc Dominicy, Emmanuelle 
Danblon e Michel Meyer), e sobretudo com os pesquisadores 
do Centro de pesquisas semiológicas de Neuchâtel. Em diálogo 
com Jean-Blaise Grize e Marie-Jeanne Borel, que era minha 
JEAN-MICHEL ADAM
21
colega na Universidade de Lausanne, teorizei a questão da 
explicação e da sequência explicativa, depois a do diálogo e 
da sequência dialogal, estimulado pelas pesquisas realizadas 
em Genebra por Eddy Roulet e, em Lyon, por Catherine 
Kerbrat-Orecchioni.
Ao lado desses trabalhos de LT, minha abordagem da ques-
tão dos gêneros discursivos se desenvolveu em diálogo com 
os trabalhos de Dominique Maingueneau e sob a influência 
dos Genres du discours, de Tzvetan Todorov2 (Seuil, 1978). 
Isso me permitiu superar a problemática dos “tipos de textos” 
considerando que as regulações de alto nível são antes de tudo 
discursivas e genéricas. Os trabalhos de William Labov sobre 
piadas ou insultos rituais (LABOV, 1972), esse gênero próprio 
de um grupo sociolinguístico (o inglês vernacular dos jovens 
dos guetos americanos) se tornou para mim um modelo de 
análise de fatos linguísticos estreitamente relacionados e 
determinados pelos gêneros de discurso. Pude, assim, verificar 
microlinguisticamente a justeza das proposições teóricas 
de Mikhaïl M. Bakhtine e de Valentin N. Vološinov sobre a 
aprendizagem conjunta da língua e dos gêneros de discurso 
(ver meu artigo traduzido para o português: O contínuo 
da linguagem: língua e discurso, gramática e estilística. In. 
Estudios linguísticos/Linguistic studies, n. 9, 2014, p. 15-25).
2 N.T. Traduções brasileiras. 
JEAN-MICHEL ADAM
22
2) Quais de suas produções em revistas e/ou em livros 
impressos ou eletrônicos você destacaria?
Sou muito apegado ao meu primeiro livro sobre LT 
(Éléments de linguistique textuelle. Bruxelles: Mardaga, 1990.) 
e ao meu último, sobre a questão do parágrafo (Le Paragraphe: 
entre phrases et texte. Paris: Armand Colin, 2018.), bem como 
ao meu texto na Encyclopédie grammaticale du français sobre 
A noção de texto (2019), que acabou de ser traduzido por Maria 
das Graças Soares Rodrigues, João Gomes da Silva Neto e Luis 
Passeggi (A noção de texto. Natal: EDUFRN, 2022).
Dos meus trabalhos, os mais lidos, citados, inclusive, 
traduzidos no Brasil, são A linguística textual: introdução 
à análise textual dos discursos, tradução Maria das Graças 
Soares Rodrigues, João Gomes da Silva Neto, Luis Passeggi 
e Eulália Vera Lúcia FragaLeurquin. São Paulo, Cortez, 
2008/2011, e Textos: tipos e protótipos, tradução Mônica 
Magalhães Cavalcante et al. São Paulo: Editora Contexto, 2019.
3) Considerando a ATD como um campo de estudos situ-
ado na Linguística textual, discursiva e enunciativa, quais 
procedimentos teórico-analíticos você destacaria?
Participei da introdução na França da LT, porque a AD 
apresentava um déficit na definição do conceito de texto. A 
JEAN-MICHEL ADAM
23
prioridade, portanto, por um tempo, foi dar um lugar à LT 
ao lado da AD. Hoje se admite que os analistas de discurso 
devem se apoiar nos aportes da LT, quando estudam textos 
reunidos em um corpus. Assumo, de minha parte, o papel 
auxiliar do trabalho sobre as unidades dos diferentes níveis e 
etapas da análise e de desenvolvimento de uma LT a serviço 
da análise da diversidade das práticas discursivas.
Com as edições sucessivas de La Linguistique textuelle. 
Introduction à l’analyse textuelle des discours  (1.ed., em 
2005), desenvolvi progressivamente uma teoria global dos 
níveis de estruturação: no nível microtextual, distingo o plano 
frástico e os diferentes planos interfrásticos de estruturação 
(microligações e fatos de segmentação); no nível mesotextual, 
considero as sequências textuais e os parágrafos  como 
unidades transfrásticas de estruturação: no nível macrotex-
tual, interesso-me pelas organizações composicionais globais: 
planos de textos e fenômenos peritextuais, agrupamentos 
de textos em uma unidade superior como as hiperestrutu-
ras jornalísticas e que a gente encontra nos manuais e nas 
enciclopédias, composições textuais semioticamente mistas 
(textos icônicos publicitários e literários).
A ATD torna-se discursiva a partir do momento em que 
o texto estudado é colocado em relação com outros tex-
tos, no seio de um corpus constituído para a análise. Fiquei 
JEAN-MICHEL ADAM
24
interessado, há alguns anos, pelo fato de que não conheço 
texto literário ou político que apresente um só estado tex-
tual. Estamos sempre lidando com vários estados textuais, 
manuscritos principalmente, editoriais, mas também com 
diferentes traduções para os textos literários, com estados 
frequentemente orais e escritos para os discursos políticos. 
A comparação desses estados textuais é muito interessante 
e se trata mesmo de uma introdução filológica, frequente-
mente negligenciada e que tem como consequência o fato de 
considerar o texto como um objeto natural, uma evidência, 
quando ele é o resultado de uma construção, que é necessário 
descrever as etapas e as razões. É isso que proponho nas 
páginas de Linguística textual (Capítulo 7) nas quais coloco 
em relação o Apelo de 18 de junho de 1940 e a alocução de 
capitulação do Marechal Pétain de 17 de junho; faço também 
no estudo do cartaz da França Livre e de sua tradução inglesa 
em Problèmes du texte. Leçons d’Aarhus3 (2013). Para dar 
apenas mais um exemplo, estudei o célebre discurso proferido 
pelo general de Gaulle, na sacada da Prefeitura de Montreal, 
em 24 de julho de 1967, procedendo à comparação dos estados 
3 ADAM, Jean-Michel. Problèmes du texte. Leçons d’Aarhus. Pré-Publications, 
n. 200, Aarhus Universitet, Fransk Institut for Æstetik og Kommunikation, 
2013. Disponível em: https://docplayer.fr/8410133-Problemes-du-texte-la-
-linguistique-textuelle-et-la-traduction.html. Acesso em: 8 jun. 2023.
https://docplayer.fr/8410133-Problemes-du-texte-la-linguistique-textuelle-et-la-traduction.html
https://docplayer.fr/8410133-Problemes-du-texte-la-linguistique-textuelle-et-la-traduction.html
JEAN-MICHEL ADAM
25
textuais escritos e audiovisuais dessa célébre gafe diplomática 
do presidente francês4.
4) Quais são os objetivos específicos da ATD que a dife-
renciam de outras teorias do texto?
A análise textual dos discursos deve ser situada em rela-
ção “a vários campos disciplinares: uns literários, outros 
mais linguísticos”. Competindo com a estilística literária, a 
análise textual literária foi desenvolvida na Bélgica (Cahiers 
d’analyse textuelle fundados em 1959 e muito ativos até os 
anos 1970). Em 1979, Michel Riffaterre se posiciona contrário 
em A Produção do texto, no qual ele considera que “o texto é 
único em seu gênero” e, querendo explicar, ele opõe a AT à 
estilística do desvio, à retórica e à poética, por considerá-las 
muito gerais. Roland Barthes também situou dois dos seus 
estudos no campo da análise textual: análise textual de um 
texto bíblico, em 1972, e análise textual de um conto de Edgar 
Poe, em 1973. Ele opôs, então, a análise textual à análise 
estrutural, em que ele empreendeu a desconstrução com o 
que se tornou a “semiologia negativa”. No campo linguístico, 
4 ADAM, Jean-Michel. L’analyse textuelle des discours. L’exemple de “Vive 
le Québec libre !”. In : CORCUERA, J. Fidel; GALAN, Antonio Gaspar; 
DIJAN, Mónica; VICENTE, Javier; BERNAL, Chesús (dir.). Les discours 
politiques. Paris: L’Harmattan, 2016. p. 11-31.
JEAN-MICHEL ADAM
26
Lafont e Gardès-Madray fizeram da Introduction à l’analyse 
textuelle (LAROUSSE, 1976) uma introdução à praxemática 
(desenvolvida pelos linguistas da Universidade Paul Valéry, 
de Montpellier). A linguista dinamarquesa Lita Lundquist, 
próxima da Textanalyse alemã (PLETT 1975; TITZMANN 
1977), publicou em forma de livro, em 1983, o conteúdo de sua 
tese sobre A coerência textual: sintaxe, semântica, pragmática 
(1980) falando, ela também, de análise textual.  Teun A. van 
Dijk definiu a dupla tarefa da análise textual como ao mesmo 
tempo teórica (definir as propriedades de todos os textos) e 
descritiva (estudar um só texto ou determinado corpus). É 
preciso acrescentar que o termo “análise textual” toma hoje 
um sentido novo e dominante: o da análise dos dados textuais 
ou análise textual utilizada pelos cientistas da computação. 
Quando falo, de minha parte, sobre a ATD, estou próximo 
de van Dijk, Lundquist e da Textlinguistik anglo-saxônico no 
que concerne às pesquisas de linguística textual (LT), mas 
coloco esse domínio em relação com a AD. Distingo a ATD 
da LT, que tem por objetivo propor uma teoria do conjunto 
das unidades e dos níveis de análise microtextual, mesotextual 
(parágrafos e sequências textuais) e macrotextual (problemas 
de composição e planos e textos, plurissemioticidade dos 
textos icônicos e questões de coletâneas de textos). Essa des-
crição geral dos procedimentos de textualização, articulada 
JEAN-MICHEL ADAM
27
com a diversidade das práticas discursivas e dos gêneros de 
discurso, tem por objetivo viabilizar a análise linguística 
de textos precisos constituídos em corpus pelo pesquisador. 
Trata-se, pois, como um último recurso, de dar conta com 
a ATD do que importa prioritariamente: a produção co(n)
textual de sentido.
5) Pesquisar implica não só ter o conhecimento de con-
ceitos e de procedimentos analíticos mas também saber 
as possibilidades de seu campo de investigação. Poderia 
ressaltar delimitações bem como interfaces de sua abor-
dagem teórico-analítica?
Vocês têm razão, a ATD deve ser situada em relação à lin-
guística do discurso geral, em relação à análise conversacional 
e às interações sociodiscursivas, à sociolinguística, à psicologia 
cognitiva, às ciências da informação e da comunicação, à 
semiologia da imagem e a todas as pesquisas linguísticas que 
focalizam as unidades da discursividade (anáforas, correfe-
rências conectores, tempos verbais etc.).
6) Dos resultados de seus trabalhos, seria possível indicar 
contribuições para o ensino?
JEAN-MICHEL ADAM
28
Sei que meus trabalhos são muito usados no domínio da 
aprendizagem das línguas, mas sou incapaz de responder 
precisamente a sua questão. Meus trabalhos permitem ter 
consciência do fato de que a passagem da língua como sistema 
ao discurso é uma operação complexa que vem quase de duas 
linguísticas complementares (tese de Benveniste). Em meus 
trabalhos, o conceito de texto torna-se de primeira ordem 
da linguística, em conformidade com o princípio enunciado 
por Saussure, em1984, e comentado por Benveniste5 em um 
artigo em que ele reconstitui o ensinamento do linguista suíço 
na Escola dos Altos estudos: “Antes de tudo, não devemos 
nos afastar desse princípio que o valor de uma forma está 
completamente no texto de onde ele é extraída, quer dizer, no 
conjunto das circunstâncias morfológicas, fonéticas, ortográ-
ficas, que a circundam e a esclarecem”6. Weinrich o disse com 
outras palavras na sua última edição de Tempus: “Os textos 
de uma língua não se encontram nem no fim, nem além da 
5 BENVENISTE, Emile. Ferdinand de Saussure à l’École des Hautes Études. 
Annuaire 1964-1965, de l’École Pratique des Hautes Études, 4ème section, 
1965. p. 20-34.
6 SAUSSURE, Ferdinand de. Sur le nominatif pluriel et le génitif singulier 
de la déclinaison consonnantique en lithuanien. Recueil des publications 
scientifiques de Ferdinand de Saussure, 1922 [1894]. p. 514.
JEAN-MICHEL ADAM
29
gramática, mas no seu ponto de partida”7. O que ilustra seus 
trabalhos sobre os tempos verbais: “[...] as formas temporais 
nos chegam principalmente – e nos revisitam – através dos 
textos. É isso que elas exprimem com outros signos, e também 
com outros tempos, um complexo de determinações, uma 
rede de valores textuais”. Mais recentemente, Franck Neveu 
considera o texto como “um observatório da língua”8 e ele 
atribui a esse conceito uma tripla função definidora “de esta-
belecimento, de atestação e de instituição dos acontecimentos 
linguísticos”.
7) A quais avanços da ATD na contemporaneidade daria 
destaque e como vê os desafios de seu futuro?
Respondo essa questão mais adiante: questões 10 e 11.
7 « Die Texte einer Sprache stehen also nicht am Ende oder gar weit jenseits 
der Grammatik, sondern an ihrem Anfang » (Tempus, Stuttgart-Belin-Köln, 
Kohlhammer, 1994 [1964/1971]. p. 308; trad. Française, Le Temps. Paris: 
Seuil, 1973, p. 13).
8 NEVEU, Franck. Critique du concept d’homonymie textuelle. Langages, n. 
163, 2006, p. 86.
JEAN-MICHEL ADAM
30
8) Que leituras você indicaria para quem está iniciando 
seus estudos na ATD?
Os livros que citei em resposta à questão 2 bem como o 
livro escrito com Ute Heidmann e Dominique Maingueneau: 
Análises textuais e discursivas, no qual colaboraram Maria 
das Graças Soares Rodrigues, João Gomes da Silva Neto, Luis 
Passeggi (São Paulo, Cortez editora, 2010). Devo acrescen-
tar, todavia, os mais importantes e interessantes trabalhos 
brasileiros de Ingedore Koch e de Luiz Antônio Marcuschi:
KOCH, Ingedor G. Villaça. Introdução à Lingüística Textual. 
São Paulo: Martins Fontes, 2004.
KOCH, Ingedor G. Villaça; FÁVERO, Leonor. Lingüística 
Textual: Introdução. São Paulo: Cortez, 1983.
MARCUSCHI, Luiz A. A Lingüística de texto: o que é e como 
se faz. Recife: EDUFPE, 1983.
31
JEAN-MICHEL ADAM
Questões específicas
9) Levando em conta que a ATD tem suas origens na 
Linguística de Texto e na Enunciação, como você a carac-
teriza hoje?
Na minha opinião, a ATD tem dois objetivos principais: a 
teorização precisa de três níveis de textualização (micronível, 
mesonível e macronível) e da articulação da textualidade 
com a genericidade (os gêneros de discurso e o que se chama 
hoje as “tradições discursivas”). Para uma descrição dos três 
níveis de textualização, remeto ao número 27 de Letra Magna: 
“Micronível, mesonível e macronível da estrutura textual” 
(Letra Magna, ano 17, n. 27, 1. sem. 2021. Disponível em: 
http://www.letramagna.com/artigos.html).
Para a articulação com a enunciação, disse acima (questão 
1) que meu programa de trabalho se situava no desenvolvi-
mento da “translinguística dos textos, das obras” de Émile 
Benveniste, e remeto, por isso à primeira parte do capítulo 
1 de A linguística textual (páginas 39 e 40 e Esquema 2). A 
consideração da ancoragem enunciativa garante a inscrição 
da LT na AD e é, para mim, todo o sentido da ATD: descrever 
a singularidade de uma ancoragem contextual (enunciativa 
e discursiva) que transforma a língua (sistema “semiótico”) 
em discurso (“língua discursiva” do próprio Saussure).
http://www.encyclogram.fr/notx/039/039_Notice.php
JEAN-MICHEL ADAM
32
Remeto, por exemplo, ao ponto 2.4. do capítulo 3 de A 
linguística textual (páginas 156-161) em que mostro como os 
signos da língua do Século XVII, os adjetivos “bela” e “bonita”, 
adquirem um novo sentido na língua discursiva dos contos em 
prosa de Charles Perrault. A enunciação é essa operação de 
transformação dos lexemas da língua em vocábulos de dado 
texto. Igualmente, no ponto 6.2 desse mesmo capítulo (páginas 
199-203), descrevo o posicionamento enunciativo de Charles 
de Gaulle em um cartaz da Segunda Guerra mundial (1940). 
A forma como uma cena de enunciação é construída a fim de 
tornar possível e de legitimar a fala, com o objetivo último 
de tornar possível um ato de discurso (aqui “O Apelo de 18 
de junho de 1940”), é o objeto da análise textual e discursiva.
Quanto aos gêneros de discurso, meu trabalho trata 
sobre os gêneros instrucionais e programadores9 ou sobre os 
gêneros de contos10, para tomar apenas esses dois exemplos, 
que tiveram claramente por objetivo articular ATD e AD 
acerca dessa questão, que só foi reconhecida como central 
na AD nos anos 1980. É por isso que trabalhei muito sobre 
9 Ver as páginas 253 a 297 de Textos. Tipos e protótipos. Coordenadora da 
tradução, Mônica Magalhães Cavalcante. Tradução Mônica Magalhães 
Cavalcante et al., São Paulo: Contexto, 2019, p. 253-297.
10 Remeto, em particular, ao livro escrito com Ute Heidmann: O texto literário. 
Por uma abordagem interdisciplinar. Organizador da tradução, João Gomes 
da Silva Neto; coordenadora da tradução Maria das Graças Soares Rodrigues; 
tradução Maria das Graças Soares Rodrigues et al. São Paulo: Cortez, 2011.
JEAN-MICHEL ADAM
33
os gêneros da mídia escrita e, antes de explorar os gêneros de 
contos, sobre dois grandes gêneros da retórica – o epidítico 
e o deliberativo –, aplicando-os no discurso publicitário 
e no discurso político. Em Genres de récits. Narrativité et 
généricité des textes (Louvain-la-Neuve, Academia, 2011), 
tomo o exemplo dos usos de uma das grandes formas de 
textualização, a narrativa, definida como um gênero textual 
atualizado em diferentes gêneros de discursos: no discurso 
literário com os casos da narrativa no teatro e na poesia, os 
usos da narrativa no discurso publicitário e nos diferentes 
gêneros da mídia escrita (fait divers, breve e anedota) e nos 
vários gêneros do discurso político (face a face, televisado, 
entrevista, discurso de campanha). O mesmo trabalho falta ser 
feito com os gêneros textuais da descrição, da argumentação, 
da explicação e do diálogo.
10) Considerando as novas textualidades do mundo digital, 
quais procedimentos analíticos da ATD você indica para 
os que se dedicam à pesquisa de textos digitais? 
Respondo a essa questão em uma conferência on-line:
Por uma teoria modular do texto que integra os regimes 
semiomediológicos de textualidad. Ciclo de conferências: 
Cartografia dos gêneros discursivos, FELCS-UFRN You Tube, 
JEAN-MICHEL ADAM
34
Université Fédérale du Rio Grande do Norte, Brésil, 30 novem-
bre 2021 https://www.youtube.com/watch?v=ol611X9ED-A.
Na minha opinião, o conceito de texto deve integrar os 
diferentes grandes regimes mediológicos: orais, escriturais, 
icônicos e digitais. Esses quatro regimes semiomediológicos 
determinam as formas de textualidade, algumas vezes dife-
rentes e entrecruzadas. Assim, a codificação digital possui 
uma propriedade particular: todo i-Phone ou i-Pad reúne os 
regimes mediológicos da escrita e da fala, da imagem fixa e 
móvel, da navegação na internet, da ecrileitura digital. As 
formas mistas são, portanto, de um grande interesse para a 
linguística do texto e do discurso.
Reinvesti nesse sentido em meus trabalhos sobre a ico-
notextualidade publicitária e jornalística (com a questão 
das hiperestruturas na mídia escrita) e sobre as variações 
escriturais e audiovisuais do domínio textual. A comple-
xidadedos problemas do texto exige cruzar as fronteiras 
e, portanto, deve-se dar uma grande atenção aos trabalhos 
desenvolvidos em outras disciplinas. Isso implica muita 
modéstia e, parece-me, a necessidade de não se rejeitarem 
rapidamente os trabalhos desenvolvidos, no início, a partir 
de corpus prioritariamente escritos. Jack Goody, especialista 
na interface entre o oral e o escrito, sublinhou, já em 1987, 
que as propriedades da escritura não foram abolidas pelo 
https://www.youtube.com/watch?v=ol611X9ED-A
JEAN-MICHEL ADAM
35
mundo digital. Não deixamos, dizia ele, o mundo da escrita, 
que se tornou simplesmente mais complicado. É isso que a 
ATD deve tentar descrever com muita precisão e modéstia: 
não é somente acumulando as análises e os estudos de textos 
digitais que poderemos avançar.
11) Considerando os avanços da era digital, qual seu conceito 
de texto hoje?
Respondo longamente a essa questão complementar da 
precedente em A noção de texto (Natal, EDUFRN, 2022). 
Insisto somente aqui no fato de que ampliei minha definição 
do conceito de texto, incorporando o que era o objetivo de 
um dos maiores linguistas do texto: o linguista húngaro János 
Sándor Petöfi. Como disse em resposta à questão precedente, 
“a maior parte dos textos é de textos multimidiáticos [...] a 
linguística orientada para o texto deve pesquisar os mais 
vastos fundamentos interdisciplinares”11.
11 PETÖFI, János S. La textologie sémiotique et la méthodologie de la recherche 
linguistique. Cahiers de l’ILSL, n. 6, p. 213, 1995.
36
JEAN-MICHEL ADAM
Universidade de Lausanne
Versão em francês
Questions générales
1) Comment êtes-vous arrivés à l’Analyse Textuelle des 
Discours (ATD) ? Quels auteurs vous ont-ils inspirés ?
La prise de conscience d’un déficit de textualité de l’analyse 
de discours (AD) est le point de départ de mes recherches, au 
début des années 1970. Ce constat m’a amené à me tourner 
vers les thèses, introduites en France par Denis Slakta et 
Bernard Combettes, du Second Cercle de Prague (Mathesius, 
Firbas, Danes) sur la dynamique thème-rhème de la phrase, 
les progressions thématiques et les enchaînements inter-
phrastiques. Je me suis intéressé très tôt aux « grammaires 
de texte » anglo-saxonnes et, en particulier aux travaux de 
JEAN-MICHEL ADAM
37
Teun A. van Dijk, Harald Weinrich, Michael A. K. Halliday 
& Ruqaiya Hasan, Robert E. Longacre et Eugenio Coseriu.
La linguistique de l’énonciation d’Émile Benveniste et son 
programme de « translinguistique des textes et des œuvres », 
formulé dans « Sémiologie de la langue » (1969), m’ont servi 
de repère pour articuler les recherches sur la textualité et la 
question de la discursivité. Benveniste présente la sémantique 
du discours comme un dépassement intra-linguistique de la 
sémiotique saussurienne et le dépassement « translinguis-
tique » comme une « métasémantique » construite sur la 
« sémantique de l’énonciation ». La linguistique de l’énon-
ciation assure le continu du dispositif, entre subjectivation 
énonciative de la langue et production d’un texte. La fin de 
« Sémiologie de la langue » est inséparable des recherches que 
Benveniste menait sur « La langue de Baudelaire ». Benveniste 
a théorisé programmatiquement l’ouverture du champ de la 
linguistique au discours (ouverture fondée sur l’énonciation) 
et à une linguistique des textes qui n’excluait pas les œuvres 
d’art verbal.
Les travaux danois de Lita Lundquist sur la linguistique 
textuelle (LT) m’ont permis d’avancer épistémologiquement, 
dans un dialogue permanent avec mes amis Bernard Combettes 
et Michel Charolles, ainsi qu’avec Jean-Paul Bronckart et sa 
théorie de l’interactionnisme socio-discursif. Ces échanges 
JEAN-MICHEL ADAM
38
m’ont poussé à développer une conception de la LT énoncée 
pour la première fois dans Éléments de linguistique textuelle 
(1990) et, en 1992, dans le premier exposé d’ensemble de 
ma théorie des séquences textuelles : Les Textes : types et 
prototypes. 
Ma recherche d’unités textuelles transphrastiques identi-
fiables s’est développée à partir des travaux des années 1960 
sur le récit : travaux de Roland Barthes, Tzvetan Todorov, 
Gérard Genette, Algirdas J. Greimas, Paul Larivaille et Gérard 
Genot, en France, de William Labov et Joshua Waletzky 
aux États-Unis, d’Umberto Eco en Italie, mais aussi ceux 
de psychologie cognitive et de psycholinguistique textuelle 
développés, en particulier, dans les laboratoires de Dijon 
(Michel Fayol) et de Poitiers, avec lesquels j’ai eu la chance 
de dialoguer très activement dans les années 1980. Je me 
suis, presque en même temps, intéressé à la description (je 
dois beaucoup aux travaux de poétique de Philippe Hamon 
et à sa prise en compte de la tradition rhétorique). J’ai ensuite 
travaillé sur l’argumentation, en contact avec les chercheurs de 
l’École de Bruxelles, successeurs de Chaïm Perelman (Marc 
Dominicy, Emmanuelle Danblon et Michel Meyer), et surtout 
avec les chercheurs du Centre de recherches sémiologiques 
de Neuchâtel. En dialogue avec Jean-Blaise Grize et Marie-
Jeanne Borel, qui était ma collègue à l’université de Lausanne, 
JEAN-MICHEL ADAM
39
j’ai théorisé la question de l’explication et de la séquence 
explicative, puis celle du dialogue et de la séquence dialogale, 
stimulé par les recherches menées, à Genève autour d’Eddy 
Roulet et, à Lyon, autour de Catherine Kerbrat-Orecchioni.
À côté de ces travaux de LT, mon approche de la question 
des genres discursifs s’est développée en dialogue avec les 
travaux de Dominique Maingueneau et sous l’influence des 
Genres du discours de Tzvetan Todorov (Seuil 1978). Cela m’a 
permis de dépasser la problématique des « types de textes » 
en considérant que les réglages de haut niveau sont avant 
tout discursifs et génériques. Les travaux de William Labov 
sur les vannes ou insultes rituelles (LABOV, 1972), ce genre 
propre à un groupe socio-linguistique (l’anglais vernaculaire 
des jeunes des ghettos américains) est devenu pour moi un 
modèle d’analyse de faits linguistiques en rapport étroit de 
détermination par les genres de discours. J’ai ainsi pu vérifier 
micro-linguistiquement la justesse des propositions théo-
riques de Mikhaïl M. Bakhtine et Valentin N. Vološinov sur 
l’apprentissage conjoint de la langue et des genres de discours 
(voir mon article traduit en portugais : « O contínuo da lin-
guagem : língua e discurso, gramática e estilística », Estudios 
linguísticos/Linguistic studies, 9, Lisboa, Edições Colibri & 
Revista do CNUL, 2014, p. 15-25).
JEAN-MICHEL ADAM
40
2) Parmi vos publications dans des revues, des livres impri-
més et des livres numériques, quelles sont celles que vous 
considérez les plus remarquables ?
Je suis très attaché à mon premier livre sur la LT (Éléments 
de linguistique textuelle, Bruxelles, Mardaga, 1990) et à mon 
dernier, sur la question du paragraphe (Le Paragraphe : entre 
phrases et texte, Paris, Armand Colin, 2018), ainsi qu’à ma 
notice de l’Encyclopédie grammaticale du français sur La 
notion de Texte (2019), qui vient d’être traduit par Maria das 
Graças Soares Rodrigues, João Gomes da Silva Neto & Luis 
Passeggi (A noção de texto, Natal, EDUFRN, 2022).
Mes travaux les plus lus, cités et d’ailleurs traduits au 
Brésil, sont A lingüística textual (São Paulo, Cortez editor; 
trad. Maria das Graças Soares Rodrigues, João Gomes da Silva 
Neto & Luis Passeggi, 2008 & 2011) et Textos. Tipos e protó-
tipos (São Paulo, Editora Contexto, trad. Mônica Magalhães 
Cavalcante et al., 2019).
JEAN-MICHEL ADAM
41
3) Si l’on considère l’ATD comme un champ d’études situé 
dans la Linguistique textuelle, discursive et énonciative, 
quelles démarches théoriques-analytiques pourrez-vous 
mettre en relief ?
J’ai participé à l’introduction en France de la LT parce que 
l’AD présentait un déficit de définition du concept de texte. 
La priorité a donc été, un temps, de donner une place à la LT 
à côté de l’AD. Il est aujourd’hui admis que les analystes de 
discours doivents’appuyer sur les apports de la LT, quand ils 
étudient des textes réunis dans un corpus. J’assume, pour ma 
part, ce rôle auxiliaire de travail sur les unités des différents 
niveaux et paliers d’analyse et de développement d’une LT au 
service de l’analyse de la diversité des pratiques discursives.
Avec les éditions successives de La Linguistique textuelle. 
Introduction à l’analyse textuelle des discours (1ère édition en 
2005), j’ai progressivement développé une théorie globale 
des paliers de structuration : au palier micro-textuel, je dis-
tingue le plan phrastique et différents plans interphrastiques 
de structuration (micro-liages et faits de segmentation) ; au 
palier méso-textuel, je considère les séquences textuelles 
et les paragraphes comme des unités transphrastiques de 
structuration ; au palier macro-textuel, je m’intéresse aux 
organisations compositionnelles globales : plans de textes et 
phénomènes péri-textuels, groupements de textes dans une 
JEAN-MICHEL ADAM
42
unité supérieure comme les hyperstructures journalistiques 
et celles que l’on trouve dans les manuels et les encyclopédies, 
compositions textuelles sémiotiquement mixtes (icono-textes 
publicitaires et littéraires).
L’ATD ne devient discursive qu’à partir du moment où le 
texte étudié est mis en relation avec d’autres textes, au sein 
d’un corpus constitué pour l’analyse. Je me suis intéressé, 
depuis quelques années, au fait que je ne connais pas de texte 
littéraire ou politique qui présente un seul état textuel. On a 
toujours affaire à plusieurs états textuels, manuscrits d’abord, 
éditoriaux ensuite, mais aussi à différentes traductions pour 
les textes littéraires, à des états très souvent oraux et écrits 
pour les discours politiques. La comparaison de ces états 
textuels est très intéressante et il s’agit même d’un préalable 
philologique trop souvent négligé et qui a pour conséquence 
le fait de prendre le texte pour un objet naturel, une évidence, 
alors qu’il est le résultat d’une construction dont il faut décrire 
les étapes et les raisons.
C’est ce que je mets en œuvre dans les pages de Linguistique 
textuelle (Chapitre 7) où je mets en relation l’Appel du 18 juin 
1940 et l’allocution de capitulation du maréchal Pétain du 17 
juin. Je le fais aussi dans l’étude de l’affiche de la France Libre 
et de sa traduction anglaise dans Problèmes du texte. Leçons 
d’Aarhus (2013). Pour ne prendre qu’un autre exemple, j’ai 
JEAN-MICHEL ADAM
43
étudié le célèbre discours prononcé par le général de Gaulle 
au balcon de l’Hôtel de ville de Montréal, le 24 juillet 1967, 
en procédant à la comparaison des états textuels écrits et 
audio-visuels de cette célèbre gaffe diplomatique du président 
français.
4) Quelles sont les objectifs spécifiques de l’ATD, qui la 
rendent différente d’autres théories du texte?
L’analyse textuelle des discours doit être située par rapport 
à plusieurs champs disciplinaires : les uns littéraires, les autres 
plus linguistiques. En concurrence avec la stylistique littéraire, 
l’analyse textuelle littéraire a été développée en Belgique 
(Cahiers d’analyse textuelle fondés en 1959 et très actifs jusque 
dans les années 1970). Opposition sur laquelle revient Michael 
Riffaterre, en 1979, dans La Production du texte où il considère 
que « le texte est unique en son genre » et, voulant expliquer 
l’unique, il oppose l’AT à la stylistique de l’écart, à la rhé-
torique et à la poétique, qu’il trouve trop générales. Roland 
Barthes a, lui aussi, situé deux de ses études dans le champ de 
l’analyse textuelle : analyse textuelle d’un texte biblique, en 
1972, et analyse textuelle d’un conte d’Edgar Poe, en 1973. Il 
opposait alors l’analyse textuelle à l’analyse structurale dont 
il entreprenait la déconstruction avec ce qui allait devenir la 
« sémiologie négative ». Dans le champ linguistique, Lafont 
JEAN-MICHEL ADAM
44
et Gardès-Madray ont fait de leur Introduction à l’analyse 
textuelle (Larousse, 1976) une introduction à la praxématique 
(développée par les linguistes de l’université Paul Valéry de 
Montpellier). La linguiste danoise Lita Lundquist, proche 
de la Textanalyse allemande (Plett 1975 et Titzmann 1977), 
a manuélisé, en 1983, le contenu de sa thèse sur La cohérence 
textuelle : syntaxe, sémantique, pragmatique (1980) en parlant, 
elle aussi, d’analyse textuelle. Teun A. van Dijk définissait 
quant à lui la double tâche de l’analyse textuelle comme à 
la fois théorique (définir les propriétés de tous les textes) et 
descriptive (étudier un seul texte ou un corpus précis). Il faut 
ajouter que le terme « analyse textuelle » a pris aujourd’hui 
un sens nouveau et dominant : celui de l’analyse des données 
textuelles ou analyse textuelle outillée des informaticiens.
Quand je parle, pour ma part, d’ATD, je suis proche de van 
Dijk, Lundquist et de la Textlinguistik anglo-saxonne pour ce 
qui concerne les recherches de linguistique textuelle (LT), mais 
je mets ce domaine en relation avec l’AD. Je distingue l’ATD 
de la LT, qui a pour but de fournir une théorie d’ensemble 
des unités et des paliers d’analyse micro-textuel, méso-tex-
tuel (paragraphes et séquences textuelles) et macro-textuel 
(problèmes de composition et plans de textes, plurisémio-
ticité des icono-textes et questions des recueils de textes). 
Cette description générale des procédures de textualisation, 
JEAN-MICHEL ADAM
45
articulée à la diversité des pratiques discursives et des genres 
de discours, a pour but de permettre l’analyse linguistique de 
textes précis constitués en corpus par le chercheur. Il s’agit 
bien, en dernier recours, avec l’ATD, de rendre compte de ce 
qui importe prioritairement : la production co(n)textuelle 
de sens.
5) Faire de la recherche ne signifie pas seulement avoir la 
connaissance des concepts et des procédures analytiques 
spécifiques, mais aussi connaître les possibilités de son 
champ de recherche. Dans cette perspective, quelles seraient, 
selon vous, les délimitations et aussi quelles seraient les 
interfaces de votre approche théorique-analytique ?
Vous avez raison, l’ATD doit être située par rapport à la 
linguistique du discours en général, par rapport à l’analyse 
conversationnelle et des interactions socio-discursives, à la 
socio-linguistique, à la psychologie cognitive, aux sciences 
de l’information et de la communication, à la sémiologie de 
l’image et à toutes les recherches linguistiques portant sur 
les unités de la mise en discours (anaphores, co-référence, 
connecteurs, temps verbaux, etc.).
JEAN-MICHEL ADAM
46
6) A partir des résultats de vos travaux, est-ce que vous 
pourriez indiquer des contributions pour l’apprentissage 
d’une langue ?
Je sais que mes travaux sont beaucoup utilisés dans le 
domaine de l’apprentissage des langues, mais je suis inca-
pable de répondre précisément à votre question. Mes travaux 
permettent de prendre conscience du fait que le passage de la 
langue comme système au discours est une opération complexe 
qui relève presque de deux linguistiques complémentaires 
(thèse de Benveniste). Dans mes travaux, le concept de texte 
devient un concept premier de la linguistique, conformément 
au principe énoncé par Saussure en 1894 et commenté par 
Benveniste dans un article où il retrace l’enseignement du 
linguiste suisse à l’École des Hautes Études : « Avant tout on 
doit ne pas se départir de ce principe que la valeur d’une forme 
est tout entière dans le texte où on la puise, c’est-à-dire dans 
l’ensemble des circonstances morphologiques, phonétiques, 
orthographiques, qui l’entourent et l’éclairent ». Weinrich le 
dit autrement dans la dernière édition de Tempus : « Les textes 
d’une langue ne se trouvent pas à la fin ni même au-delà de la 
grammaire, mais à son point de départ ». Ce qu’illustrent ses 
travaux sur les temps verbaux : « […] les formes temporelles 
viennent d’abord à nous – et nous reviennent – à travers des 
textes. C’est là qu’elles dessinent avec d’autres signes, et aussi 
JEAN-MICHELADAM
47
avec d’autres temps, un complexe de déterminations, un 
réseau de valeurs textuelles ». Plus récemment, Franck Neveu 
considère le texte comme « un observatoire de la langue » 
et il assigne à ce concept une triple fonction définitoire 
« d’établissement, d’attestation et d’institution des événements 
linguistiques ».
7) Quels sont les progrès de l’ATD qu’aujourd’hui vous 
aimeriez souligner et comment envisagez-vous les enjeux 
de son avenir ? 
Je réponds à cette question plus loin : questions 10 et 11.
8) Quelles lectures pourriez-vous suggérer pour quelqu’un 
qui vient de débuter dans le domaine de l’ATD ? 
Les livres que je citais en réponse à votre question 02, 
ainsi que le livre écrit avec Ute Heidmann & Dominique 
Maingueneau : Análises textuais e discursivas, auquel ont 
collaboré Maria das Graças Soares Rodrigues, João Gomes 
da Silva Neto, Luis Passeggi (São Paulo, Cortez editora, 2010). 
Je dois ajouter toutefois les très importants et intéressants 
travaux brésiliens d’Ingedore Koch et de Luiz A. Marcuschi :
Koch, Ingedor G. Villaça. Introdução à Lingüística Textuale, 
São Paulo, Martins Fontes, 2004.
JEAN-MICHEL ADAM
48
Koch, Ingedor G. Villaça; Fàvero, Leonor. Lingüística Textuale. 
Introdução, São Paulo, Cortez, 1983.
Marcuschi, Luiz A. A Lingüística de texto: o que é e como se 
faze. Recife: UFPE, 1983.
Questions spécifiques
9) Compte tenu du fait que l’ATD a ses origines dans la 
Linguistique textuelle et dans l’Énonciation, comment la 
caractériseriez-vous aujourd’hui ?
Selon moi, l’ATD a deux objectifs principaux : la théorisa-
tion précise des trois niveaux de textualisation (microtextuel, 
mésotextuel et macrotextuel) et de l’articulation de la textualité 
avec la généricité (les genres de discours et ce que l’on appelle 
aujourd’hui les « traditions discursives »). Pour une description 
des trois niveaux de textualisation, je renvoie au numéro 27 
de Letra Magna : « Micronível, mesonível e macronível da 
estrutura textual » (Letra Magna, Ano 17-n°27. 1er semestre 
2021. http://www.letramagna.com/artigos.html).
Pour l’articulation à l’énonciation, j’ai déjà dit plus haut 
(question 01) que mon programme de travail se situait dans 
le développement de la « translinguistique des textes, des 
œuvres » d’Émile Benveniste, et je renvoie, pour cela à la 
http://www.encyclogram.fr/notx/039/039_Notice.php
JEAN-MICHEL ADAM
49
première partie du chapitre 1 de A lingüística textual (pages 39 
et 40 et Esquema 2). La prise en compte de l’ancrage énonciatif 
assure l’inscription de la LT dans l’AD et c’est, pour moi, 
tout le sens de l’ATD : décrire la singularité d’un ancrage 
contextuel (énonciatif et discursif) qui transforme la langue 
(système « sémiotique ») en discours (« langue discursive » 
de Saussure lui-même).
Je renvoie, pour exemple, au point 2.4 du chapitre 3 de de 
A lingüística textual (pages 156-161) où je montre comment 
des signes de la langue du XVIIe siècle, les adjectifs « belle » et 
« jolie », prennent un sens nouveau dans la langue discursive 
des contes en prose de Charles Perrault. L’énonciation est 
cette opération de transformation des lexèmes de la langue 
en vocables d’un texte donné. De même au point 6.2 de ce 
même chapitre (pages 199-203), je décris le positionnement 
énonciatif de Charles de Gaulle dans l’affiche de la seconde 
guerre mondiale (1940). La façon dont une scène d’énonciation 
est construite afin de rendre possible et de légitimer la parole, 
dans le but ultime de rendre possible un acte de discours (ici 
« l’Appel du 18 juin 1940 »), est l’objet d’une analyse textuelle 
et discursive.
Pour ce qui est des genres de discours, mes travaux sur les 
genres instructionnels et programmateurs ou sur les genres 
de contes, pour ne prendre que ces deux exemples, ont eu 
JEAN-MICHEL ADAM
50
clairement pour but d’articuler ATD et AD autour de cette 
question qui n’a été reconnue comme centrale dans l’AD 
que dans les années 1980. C’est pour cela que j’ai beaucoup 
travaillé sur les genres de la presse écrite et, avant d’explorer 
les genres de contes, sur deux grands genres de la rhéto-
rique – l’épidictique et le délibératif –, en les appliquant au 
discours publicitaire et au discours politique. Dans Genres de 
récits. Narrativité et généricité des textes (Louvain-la-Neuve, 
Academia, 2011), je prends l’exemple des usages d’une des 
grandes formes de textualisation, le récit, défini comme un 
genre textuel actualisé dans différents genres de discours : 
dans le discours littéraire avec les cas du récit au théâtre et 
dans la poésie, les usages du récit dans le discours publicitaire 
et dans différents genres de la presse écrite (fait divers, brève 
et anecdote) et dans plusieurs genres du discours politique 
(face-à-face télévisé, entretien, discours de campagne). Le 
même travail reste à faire à propos des genres textuels de la 
description, de l’argumentation, de l’explication et du dialogue.
10) Compte tenu de la réalité des nouvelles textualités des 
textes numériques, quelles procédures analytiques de l’ATD 
pourriez-vous suggérer à ceux qui se dédient à la recherche 
dans le domaine des textes numériques ?
Je réponds à cette question dans une conférence en ligne :
JEAN-MICHEL ADAM
51
Por uma teoria modular do texto que integra os regimes 
semiomediológicos de textualidad. Ciclo de conferências : 
Cartografia dos gêneros discursivos, FELCS-UFRN You Tube, 
Université Fédérale du Rio Grande do Norte, Brésil, 30 novem-
bre 2021 https://www.youtube.com/watch?v=ol611X9ED-A.
Selon moi, le concept de texte doit intégrer les différents 
grands régimes médiologiques : oraux, scripturaux, iconiques 
et numériques. Ces quatre régimes sémio-médiologiques 
déterminent des formes de textualité à la fois différentes et 
entrecroisées. Ainsi, le codage numérique possède une pro-
priété particulière : tout i-Phone ou i-Pad réunit les régimes 
médiologiques de l’écrit et de la parole, de l’image fixe et 
mobile, de la navigation internet, de l’écrilecture numérique. 
Les formes mixtes sont donc d’un très grand intérêt pour la 
linguistique du texte et du discours.
Je réinvestis dans ce sens mes travaux sur l’icono-textualité 
publicitaire et journalistique (avec la question des hyperstuc-
tures dans la presse écrite) et sur les variations scripturales 
et audio-visuelles d’un même discours politique. Comme le 
disent les spécialistes du domaine du textiel, la complexité 
des problèmes du texte exige un dépassement des frontières 
et donc une très grande attention aux travaux menés dans 
d’autres disciplines. Cela implique beaucoup de modestie et, 
me semble-t-il, la nécessité de ne pas trop rapidement rejeter 
https://www.youtube.com/watch?v=ol611X9ED-A
JEAN-MICHEL ADAM
52
les travaux développés, au départ, sur des corpus prioritai-
rement écrits. Jack Goody, spécialiste de l’interface entre 
l’oral et l’écrit, soulignait déjà, en 1987, que les propriétés 
de l’écriture n’ont pas été abolies par le monde numérique. 
Nous n’avons pas quitté, disait-il, le monde de l’écriture, qui 
est simplement devenu beaucoup plus compliqué. C’est ce que 
l’ATD doit tenter de décrire avec beaucoup de précision et de 
modestie : ce n’est qu’en accumulant les analyses et études de 
textes numériques que nous pourrons avancer. 
11) Compte tenu du progrès de l’ère numérique, quel est 
votre concept de texte aujourd’hui ?
Je réponds longuement à cette question complémentaire de 
la précédente dans A noção de texto (Natal, EDUFRN, 2022). 
J’insiste seulement ici sur le fait que j’ai élargi ma définition 
du concept de texte, en rejoignant ce qui était l’objectif d’un 
des plus grands linguistes du texte : le linguiste hongrois János 
Sándor Petöfi. Comme je le dis en réponse à la précédente 
question, « la plupart des textes sont des textes multimédiaux 
[…] la linguistique orientée vers le texte a dû rechercher de 
plus vastes fondements interdisciplinaires ».
JEAN-MICHEL ADAM
53
Références bibliographiques des travaux 
deJ.-M. Adam concernant l’ATD
2022. A noção de texto, trad. Maria das Graças Soares Rodrigues, 
João Gomes da Silva Neto e Luis Passeggi, Natal, EDUFRN.
2021. « Micronível, mesonível e macronível da estrutura textual », 
Letra Magna, Ano 17-n°27. 1er semestre 2021. http://www.letramagna.
com/artigos.html
2020 [2005]. La Linguistique textuelle. Introduction à l’analyse 
textuelle des discours, 4ème édition, Paris, Armand Colin. Tradução : A 
lingüística textual, São Paulo, Cortez editor; trad. Maria das Graças 
Soares Rodrigues, João Gomes da Silva Neto & Luis Passeggi, 2008 & 
2011.
2020. La notion de Paragraphe. Notice de l’Encyclopédie 
Grammaticale du Français
http://www.encyclogram.fr/notx/039/039_Notice.php
2020. Le texte est-il soluble dans le textiel ? Corela, HS-33 | 2020, 
http://journals.openedition.org/corela/11938
2019. La notion de Texte. Notice de l’Encyclopédie Grammaticale du 
Français,
http://www.encyclogram.fr/notx/026/026_Notice.php
2018. Le Paragraphe: entre phrases et texte, Paris, Armand Colin.
2017 [1992]. Les Textes: types et prototypes, 4ème édition, Paris, 
Armand Colin. Tradução : Textos. Tipos e protótipos, São Paulo, 
Editora Contexto, trad. Mônica Magalhães Cavalcante et al., 2019.
http://www.encyclogram.fr/notx/039/039_Notice.php
http://www.encyclogram.fr/notx/039/039_Notice.php
http://www.encyclogram.fr/notx/039/039_Notice.php
http://journals.openedition.org/corela/11938
http://www.encyclogram.fr/notx/026/026_Notice.php
JEAN-MICHEL ADAM
54
2017. « O que é Linguística Textual ? », in Linguística textual. 
Interfaces e delimitações, Edson Rosa Francisco de Souza, Eduardo 
Penhavel & Marcos Rogério Cintra, dir., Sao Paulo, Cortez editora, p. 
23-57.
2016. « Uma abordagem textual da argumentação : “esquema”, 
sequência e período », ReVEL, edição especial vol. 14, n°12, p. 297-319. 
Tradução Georgiana Miranda e Camile Maria Botelho Tanto.
[http://www.revel.inf.br/files/72c08a41ab6fd277b1be53924f0b19e9.
pdf].
2014. « O contínuo da linguagem : língua e discurso, gramática e 
estilística », Estudios linguísticos/Linguistic studies, 9, Lisboa, Edições 
Colibri & Revista do CNUL, p. 15-25.
2009. Le texte littéraire. Pour une approche interdisciplinaire, Jean-
Michel Adam & Ute Heidmann, Louvain-la-Neuve, Academia-
Bruylant. Tradução : O texto literário. Por uma abordagem 
interdisciplinar, São Paulo, Cortes, trad. Maria das Graças Soares 
Rodrigues et al., 2011.
2010. Análises textuais e discursivas, Jean-Michel Adam, Ute 
Heidmann, Dominique Maingueneau, Maria das Graças Soares 
Rodrigues, João Gomes da Silva Neto, Luis Passeggi, São Paulo, 
Cortez editora.
1999. Linguistique textuelle. Des genres de discours aux textes, Paris, 
Nathan.
1996. L’analyse des récits, Jean-Michel Adam & Françoise Revaz, 
Paris, Seuil, coll. Mémo n°22. Tradução : A análise da Narrativa, 
Lisboa, Gradiva, trad. Maria Adelaide Coelho da Silva e Maria de 
Fátima Aguiar, 1997. 
http://www.revel.inf.br/files/72c08a41ab6fd277b1be53924f0b19e9.pdf
http://www.revel.inf.br/files/72c08a41ab6fd277b1be53924f0b19e9.pdf
JEAN-MICHEL ADAM
55
1990. Éléments de linguistique textuelle, Bruxelles, Mardaga.
Deux conférences en ligne :
Por uma teoria modular do texto que integra os regimes semiome-
diológicos de textualidad. Ciclo de conferências : Cartografia dos 
gêneros discursivos, FELCS-UFRN You Tube, Université Fédérale du 
Rio Grande do Norte, Brésil, 30 novembre 2021
https://www.youtube.com/watch?v=ol611X9ED-A
Faire texte : os níveis de análise linguística. Do interfrástico ao 
transfrástico / Les paliers d’analyse linguistique. De l’interphras-
tique au transphrastique.
Conférence donnée en français dans le cadre de l’association brési-
lienne des linguistes
ABRALIN ao Vivo-Linguist Online, le 20 juillet 2020
https://www.youtube.com/watch?v=5Ae3GOox4Ss
https://www.youtube.com/watch?v=ol611X9ED-A
https://www.youtube.com/watch?v=5Ae3GOox4Ss
56
ALEXANDRO TEIXEIRA GOMES
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Perguntas Gerais
1) Como você chegou à Análise Textual dos Discursos 
(ATD)? Quais autores lhe serviram de inspiração?
Meu primeiro contato com a Análise Textual dos 
Discursos, doravante ATD, se deu ao tomar conhecimento 
da tradução da obra A linguística textual: introdução à análise 
textual dos discursos, de Jean-Michel Adam, realizada por 
Maria das Graças Soares Rodrigues, João Gomes da Silva 
Neto, Luis Passeggi e Eulália Vera Lúcia Fraga Leurquin, 
em 2008.  Encantei-me completamente pela obra em função 
da riqueza de detalhes, da consistência teórica, da proposta 
analítica e do refinamento do texto. Senti como um divisor 
de águas na minha formação, no sentido de que me deu 
ALEXANDRO TEIXEIRA GOMES
57
muitas respostas a perguntas que até o momento eu não 
conseguia responder com as demais teorias. Importante dizer 
que, após a leitura de Adam (2008), formulei um projeto 
de doutoramento sob a égide da ATD resultando na tese 
intitulada A responsabilidade enunciativa na sentença judicial 
condenatória, defendida em agosto de 2014. 
2) Quais de suas produções em revistas e/ou em livros 
impressos ou eletrônicos você destacaria?
Desde 2010, minhas pesquisas têm se ancorado no âmbito 
da ATD. Foram livros, capítulos de livros, artigos em perió-
dicos publicados, dentre os quais destaco os seguintes:
1- Organização do dossiê especial do periódico Letra 
Magna intitulado “Interlocuções no âmbito da Análise Textual 
dos Discursos”, em parceira com a Profa. Dra. Maria das 
Graças Soares Rodrigues;
2- Organização do livro intitulado Análise Textual dos 
Discursos: perspectivas teóricas e metodológicas, em parceria 
com o Prof. Dr. Luiz Álvaro Sgadari Passeggi e com a Profa. 
Dra. Maria das Graças Soares Rodrigues;
3- Publicação do artigo intitulado “A responsabilidade 
enunciativa no texto jurídico: uma análise dos conectores 
ALEXANDRO TEIXEIRA GOMES
58
no gênero discursivo sentença judicial condenatória”, em 
parceria com o Prof. Dr. Lucélio Dantas de Aquino;
4- Publicação do capítulo de livro intitulado “A responsa-
bilidade enunciativa na denúncia contra a presidente Dilma 
Rousseff: uma análise da seção conclusão do parecer emitido 
pelo relator do processo na câmara dos deputados”, em par-
ceria com a Profa. Dra. Maria das Graças Soares Rodrigues;
5- Publicação do capítulo de livro intitulado “A categoria 
do mediativo: noções básicas”, em parceria com a Profa. Dra. 
Maria das Graças Soares Rodrigues.
3) Considerando a ATD como um campo de estudos situ-
ado na Linguística textual, discursiva e enunciativa, quais 
procedimentos teórico-analíticos você destacaria?
A ATD caracteriza-se por uma proposta teórica, metodoló-
gica, descritiva e empírica pautada, sobretudo, por uma sólida 
consistência teórica e por uma rica proposta analítica. Nesse 
sentido, destacamos como procedimentos teórico-analíticos 
mais salientes, no âmbito da ATD, os seguintes: 
 I. a criação de uma unidade textual elementar de 
análise; 
II. a proposição de que o estudo do texto e do discurso 
ocorra a partir de determinados níveis de análise, 
ALEXANDRO TEIXEIRA GOMES
59
funcionando como teorias parciais no âmbito da 
ATD;
III. a orientação de que as análises sejam sempre pau-
tadas em textos e/ou discursos empíricos; 
IV. a prescrição de que a relação entre texto e dis-
curso ocorre de maneira sempre contextualizada 
e articulada;
 V. a compreensão de que os gêneros textuais/discur-
sivos ocorrem como elemento de intersecção entre 
texto e discurso. 
4) Quais são as preocupações específicas da ATD que a 
diferenciam de outras teorias do texto?
Considero que os procedimentos teórico-analíticos 
propostos pela ATD são as preocupações específicas que a 
diferenciam de outras teorias do texto, com destaque para i) 
a proposição de uma unidade textual elementar de análise; ii) 
a orientação de que o estudo do texto e do discurso ocorra a 
partir de determinados níveis de análise; iii) a prescrição de 
que a relação entre texto e discurso ocorre de maneirasempre 
contextualizada e articulada, tendo os gêneros textuais/dis-
cursivos como elemento de intersecção entre texto e discurso.
 
ALEXANDRO TEIXEIRA GOMES
60
5) Pesquisar implica não só ter o conhecimento de con-
ceitos e de procedimentos analíticos mas também saber 
as possibilidades de seu campo de investigação. Poderia 
ressaltar delimitações bem como interfaces de sua abor-
dagem teórico-analítica?
No âmbito da ATD, nossas investigações têm considerado, 
sobretudo, o nível 7, que focaliza o fenômeno da respon-
sabilidade enunciativa, entendido por Adam (2008) como 
o fenômeno que permite aferir o grau de engajamento do 
locutor em um ato de enunciação.
No seio dos estudos enunciativos da linguagem, as dis-
cussões sobre a responsabilidade enunciativa podem e devem 
realizar interfaces com diferentes quadros teóricos, a exemplo 
da teoria da polifonia, da teoria dos atos de fala, da teoria das 
operações enunciativas, da teoria do ponto de vista, da teoria 
do quadro mediativo, entre outras. 
Importante destacar que essa possibilidade de interface é 
uma das grandes contribuições da ATD no sentido de assegu-
rar aos pesquisadores condições para o desenvolvimento de 
pesquisas articuladas do ponto de vista teórico, metodológico 
e analítico. 
ALEXANDRO TEIXEIRA GOMES
61
6) Dos resultados de seus trabalhos, seria possível indicar 
contribuições para o ensino?
Evidentemente. As investigações que realizamos sob a 
ótica da ATD buscam analisar/explicar o discurso com base 
nas marcas/pistas textuais. Em Gomes e Araújo (2005), nós já 
destacávamos que, ao usar a abordagem teórica, metodológica 
e descritiva de estudo do texto, conforme proposto pela ATD, 
o professor poderá oferecer ferramentas para uma melhor 
compreensão de inúmeros aspectos do ensino de línguas no 
âmbito do ensino de gramática, de leitura, de produção de 
texto, de convenções gráficas e ortográficas, além de poder 
considerar os elementos de ordem cultural, bem como questões 
voltadas para identificação de crenças, valores, variações 
linguísticas, níveis de formalidade e de polidez, entre outros. 
Isso permite uma reorientação do ensino, deixando de lado 
práticas pautadas no paradigma puramente formal para se 
realizar um trabalho com os elementos linguísticos sob uma 
ótica discursiva. O resultado, compreendemos, fará com que os 
alunos consigam aprender melhor e, consequentemente, usar 
adequadamente os recursos linguísticos nos textos produzidos 
com vista a alcançar seus propósitos argumentativos. Isso por-
que “se trata de uma abordagem diferente da visão tradicional, 
uma vez que aqui a materialidade do texto é entendida como 
‘detalhes semiolinguísticos das formas-sentido mediadoras 
ALEXANDRO TEIXEIRA GOMES
62
dos discursos’” (ADAM, 2010, p. 9), ou seja, não diz respeito 
a analisar os signos linguísticos apenas do ponto de vista 
formal, dissociados dos seus contextos de uso, mas, sim, de 
estudar tais elementos a partir de seu entendimento textual 
e discursivo (GOMES, 2014).
7) A quais avanços da ATD na contemporaneidade daria 
destaque e como vê os desafios de seu futuro?
Acredito que o maior avanço da ATD na atualidade é sua 
consolidação como teoria enunciativa de estudo do texto e do 
discurso. Frente a isso, penso que seu maior desafio seja o de 
explicar mais algumas questões que ainda carecem de melhor 
sistematização, a exemplo do conceito e da abrangência de 
proposição-enunciada e da discussão sobre em que medida 
os procedimentos analíticos de corpora do off-line podem 
ser empregados, usando as mesmas ferramentas, em corpora 
do on-line, considerando as textualidades digitais.
8) Que leituras você indicaria para quem está iniciando 
seus estudos na ATD?
ADAM, J-M. A. Linguística textual: introdução à análise 
textual dos discursos. São Paulo: Cortez, 2011.
ALEXANDRO TEIXEIRA GOMES
63
GOMES, A. T.; PASSEGGI, L.; RODRIGUES, M. G. S. (org.). 
Análise Textual dos Discursos: perspectivas teóricas e meto-
dológicas. Coimbra: Grácio Editor, 2018.
GOMES, A. T.; RODRIGUES, M. G. S. Interlocuções no 
âmbito da Análise Textual dos Discursos. Letra Magna, v. 
17, 2021.
JUAN, H. C. Teorías de pragmática, de lingüística textual y 
de análisis del discurso.Z Cuenca: Ediciones de la Universidad 
de Castilla la Mancha, 2006.
RODRIGUES, M. das G. S.; NETO, J. G. da S.; PASSEGGI, L. 
Análises textuais e discursivas: metodologia e aplicação. São 
Paulo: Cortez, 2010.
Perguntas Específicas:
9) Levando em conta que a ATD tem suas origens na 
Linguística de Texto e na Enunciação, como você a carac-
teriza hoje?
Caracterizo a ATD, hoje, como uma teoria enunciativa 
de estudo do texto e do discurso.
ALEXANDRO TEIXEIRA GOMES
64
10) Considerando as novas textualidades do mundo digital, 
quais procedimentos analíticos da ATD você indica para 
os que se dedicam à pesquisa de textos digitais? 
Em Gomes e Rodrigues (2021), já havíamos comentado que 
A grandeza da ATD é ser dinâmica, é ser adequada ao 
tratamento linguístico de dados tanto lineares como 
multilineares, é, também, prestar-se à análise de textos 
multimodais, conseguindo, assim, desvelar a singularidade 
de cada texto e de cada discurso, ou seja, recobre os mais 
variados dispositivos enunciativos que constituem os 
textos concretos e dos quais subjazem múltiplos discursos.
Nesse sentido, entendo que todos os procedimentos ana-
líticos da ATD podem ser usados em qualquer modalidade 
de texto, incluindo, obviamente, os textos digitais ou textos 
on-line. De todo modo, entendo, outrossim, que é preciso que 
nós pesquisadores do âmbito da ATD nos debrucemos na 
discussão sobre em que medida os procedimentos analíticos 
de corpora do off-line podem ser empregados, usando as 
mesmas ferramentas, em corpora do on-line, considerando 
as textualidades digitais. É um grande desafio que temos, 
cuja discussão não pode ser prescindida pela ATD.
ALEXANDRO TEIXEIRA GOMES
65
11) Considerando os avanços da era digital, qual seu conceito 
de texto hoje?
Com base em Cavalcante (2016) e Adam (2022), compre-
endemos o texto como um evento comunicativo dialógico e 
negociável de sentido completo, determinado por formas de 
textualidade oral, escritural, multimodal e digital, que podem 
ser, ao mesmo tempo, diferentes e entrecruzadas, lineares e 
multilineares. Trata-se de uma abstração única e irrepetível, 
marcada pela coerência e por propósitos comunicativos claros 
a partir de suas condições de produção histórica, social e 
cultural.  
66
ANANIAS AGOSTINHO DA SILVA
Universidade Federal Rural do Semi-Árido
Perguntas Gerais
1) Como você chegou à Análise Textual dos Discursos 
(ATD)? Quais autores lhe serviram de inspiração?
Essa questão possui, pelo menos, dois percursos de res-
posta, os quais não se excluem. No primeiro deles, posso dizer 
que o meu encontro com a Análise Textual dos Discursos 
(ATD) ocorreu durante o curso de doutorado, na Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte, no início de 2012, sobretudo 
pelo ingresso no Grupo de Pesquisa em Análise Textual dos 
Discursos, coordenado pela professora Maria das Graças 
Soares Rodrigues e pelo professor Luis Passeggi. Naquele 
momento, o grupo começava a se consolidar como centro 
ANANIAS AGOSTINHO DA SILVA
67
de pesquisa especializado em análises textuais do discurso, 
com a publicação de alguns trabalhos de referência, como: 
 I. a tradução de A linguística textual: introdução à 
análise textual dos discursos, de Adam (2008);
 II. a organização e tradução do livro Análises textuais e 
discursivas: metodologia e aplicações, por Rodrigues, 
Silva Neto e Passeggi (2010);
III. a publicação de um capítulo sobre análise textual 
dos discursos no livro de celebração dos vinte e 
cinco anos do Grupo de Trabalho Linguística de 
Texto e    Análise da Conversação, da Associação 
Nacional de Pós-Graduação em Letras e Linguística 
(ANPOLL), Linguística de texto e análise da conver-
sação: panorama das pesquisas no Brasil, organizado 
por Bentes e Leite (2010);
IV. o artigo

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