Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Interpretação de texto Português Prof.ª Fabíola Soares PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Principais tópicos da aula ❏ Compreensão x Interpretação ❏ Apresentação de gêneros textuais específicos ❏ Interpretação de textos não-verbais ❏ Interpretação de textos literários ❏ Tipos de intertextualidade 1. Interpretação X Compreensão ➢ Como interpretar textos? É muito comum, entre os candidatos, a preocupação com a interpretação de textos. Isso acontece porque lhes faltam informações específicas a respeito desta tarefa constante em provas relacionadas a concursos militares. Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento de responder às questões relacionadas a textos. TEXTO – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz de produzir INTERAÇÃO COMUNICATIVA (capacidade de CODIFICAR E DECODIFICAR). CONTEXTO – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente daquele inicial. INTERTEXTO - comumente são os textos que apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores por meio de citações. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares EXPLICAR, COMENTAR, JULGAR, TIRAR CONCLUSÕES, DEDUZIR. INTELECÇÃO, ENTENDIMENTO, ATENÇÃO AO QUE REALMENTE ESTÁ ESCRITO. TIPOS DE ENUNCIADOS: TIPOS DE ENUNCIADOS: INFERE-SE DO TEXTO QUE... O TEXTO DIZ/ APRESENTA QUE... É POSSÍVEL DEDUZIR QUE... O AUTOR SUGERE QUE... APÓS A ANÁLISE DO TEXTO, CONCLUI-SE QUE... DE ACORDO COM O TEXTO, É CORRETA OU ERRADA A AFIRMAÇÃO... QUAL É A INTENÇÃO DO AUTOR AO AFIRMAR QUE... O AUTOR/ NARRADOR AFIRMA... PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares ❖ ERROS DE INTERPRETAÇÃO É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de interpretação. Os mais frequentes são: 1. Extrapolação (“viagem”) Ocorre quando se sai do contexto, acrescentando ideias que não estão no texto, quer por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação. 2. Redução É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema desenvolvido. 3. Contradição Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, consequentemente, errando a questão. OBSERVAÇÃO - Muitos pensam que há a visão do escritor e a visão do leitor. Pode ser que existam, mas em uma prova de concurso, o que deve ser levado em consideração é o que o AUTOR DIZ e nada mais. 1.1 Pressupostos e subentendidos Chamam-se pressupostos os elementos circunstanciais que podem ser considerados como antecedentes necessários de outro, que se está analisando. O pressuposto é uma conjectura, uma suposição, uma pressuposição. A seguir, veem-se alguns exemplos de mensagens que contêm pressupostos ● Ele lamentou a derrota do seu time. ● Ela esqueceu totalmente o aniversário de seu casamento. ● Começou a funcionar a estação X do metrô. ● Ele deixou de comer compulsivamente. Veja, agora, alguns exemplos de mensagens que contêm subentendidos: ● Diante da negativa de X em relação a um pedido feito, Y diz: “O verdadeiro amigo não nos deixa na mão diante de nossas dificuldades.” ● A filha, parada diante da vitrine da loja de brinquedos, diz para o pai: “Está vendo aquela boneca que fala? Todas as minhas amiguinhas têm uma...” PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares 2. Leitura e interpretação de gêneros textuais específicos 2.1 Gêneros textuais O texto informativo lida com dados factuais e a divulgação desses dados. É uma atividade comunicativa que deve levar em conta a pertinência dos fatos: o que vale a pena ser divulgado, para quem e por que razão? Talvez não interesse para o Brasil a construção de uma nova linha de metrô em Tóquio, mas certamente interessa saber que haverá uma extensão no prazo de entrega do Imposto de Renda. Por isso, o jornalista deve selecionar o que dizer. Há a possibilidade de haver textos jornalísticos em diversos meios: PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares 2.1.1 Entrevista • Texto que envolve perguntas e respostas, entre um entrevistador (quem pergunta) e um entrevistado (quem responde). • Costuma mesclar uma linguagem mais formal com uma mais informal, já que conta com as marcas da oralidade (de quando a entrevista foi feita presencialmente). • É apresentado na forma do discurso direto. Exemplo de entrevista Observe abaixo parte de uma entrevista de Paulo Freire, publicada em 1992, pela Fundação Perseu Abramo. Fundação Perseu Abramo - O conceito de alienação tem origem na Psiquiatria, por exemplo. Paulo Freire - Exato. São coisas aparentemente coincidentes. E a esse conjunto de aparentes coincidências eu chamo de tramas no tempo, das quais extraímos tudo. FPA - Além da Psiquiatria, qual era o outro gosto que lhe tocava? PF - Era fazer Linguística. Não foi por coincidência que, ao estudar e ao me entregar ao problema da alfabetização, caí numa compreensão mais dinâmica, mais processual, mais dialética da linguagem. Nesse sentido, até recusando a falsa modéstia, eu diria que aceito que se diga “a alfabetização antes e depois de Paulo Freire”. É que eu trouxe para a compreensão da alfabetização uma dimensão histórico-social-linguística que não existia antes. Ou melhor, que não era percebida. FPA - Na proposta de alfabetização aparecem duas possibilidades frustradas de uma carreira: ora de psiquiatra, ora de linguista. PF - De todo modo, qualquer desses caminhos me teria trazido à prática educativa em que, na verdade, eu sempre me senti profundamente completo. FPA - Essa opção que o senhor está contando agora já foi documentada antes? PF - Não, isso está sendo dito pela primeira vez. Eu não tinha como estudar Linguística a não ser vindo para São Paulo, onde eu não teria condições de sobreviver. Aos 18 anos, a única saída foi me tornar um bom professor de sintaxe da Língua Portuguesa, dar aulas e acompanhar meus alunos particulares, com o que eu ajudava a família. Eu não podia sair de Recife, mas gostava de estudar. A saída foi estudar Direito. Confesso que hoje, ao perguntar-me sobre o tempo vivido, tento encontrar sabores antigos no corpo do tempo que estou vivendo e descubro certo gosto, por exemplo, nas análises filosóficas em torno do Direito. Lembro-me do prazer com que ouvia aulas dos professores discutindo filosoficamente o Direito, a Teoria do Estado etc. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares 2.1.2 Nota • Texto muito curto, que passa apenas as informações mais básicas, sem aprofundamento. • Geralmente não contam com declarações de envolvidos. • Podem falar sobre eventos passados que tiveram menor relevância ou sobre fatos que ainda estão em curso e, portanto, ainda não se tem informação suficiente para escrever nada além de uma nota. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Exemplo de Nota: O Museu do Amanhã, na cidade do Rio de Janeiro, propõe uma reflexão sobre a sociedade brasileira e o mundo e o nosso papel na construção de um futuro mais sustentável. O Catavento Cultural, em São Paulo, tem como missão apresentar a ciência de forma instigante a crianças. Em Porto Alegre, o Museu de Ciências e Tecnologia é um dos maiores museus interativos de ciências naturais da América Latina. (Disponível em:https://super.abril.com.br/ciencia/15-livros-sites-e-passeios-para-explicar-ciencia-para-criancas/ . Acesso em: maio 2022.) PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares https://super.abril.com.br/ciencia/15-livros-sites-e-passeios-para-explicar-ciencia-para-criancas/ 2.1.3 Notícia • Texto jornalístico cuja pauta se baseia em fatos ocorridos no momento presente, ou seja, fala sobre eventos que influenciamdiretamente na data da publicação. É factual: não procura causas e consequências do evento relatado. • São textos curtos e simples, sem grandes análises ou aprofundamento na opinião do jornalista/veículo de comunicação. Podem contar com citações dos envolvidos, no entanto. • Devem ser apurados rapidamente e publicados enquanto ainda possuem relevância para o tempo presente. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Professor faz sucesso na internet com vídeos em que interage com ele mesmo Matthew Weathers já participou de uma conferência internacional para falar sobre seus vídeos. Canal do norte-americano no YouTube tem quase 1 bilhão de visualizações. O professor norte-americano Matthew Weathers tem feito sucesso no YouTube com os vídeos que exibe em sala de aula, e já soma quase 1 bilhão de visualizações na plataforma. O que chama atenção no conteúdo é que o docente interage com ele mesmo em produções simples, mas divertidas. Para isso, Weathers filma e edita vídeos para que a versão gravada converse com seu eu verdadeiro na sala de aula. As produções, que podem ir de um vídeo simples compartilhado com os alunos em uma aula on-line a uma produção mais elaborada com referências da cultura pop, não fazem parte do material pedagógico, mas garantem boas risadas aos alunos. "É interessante ver a reação deles e definitivamente é um diferencial. Tento fazer as minhas aulas o mais interessante possível, deixando o espaço mais descontraído, mas os vídeos são minha marca registrada", diz ele em conversa com o g1. Um dos vídeos, feito especialmente para o 1º de abril, conhecido como o Dia da Mentira, e divulgado em 2017 acumula mais de 125 milhões de visualizações em seu canal. Nele, a versão real do docente rabisca sem querer a tela de projeção da sala de aula e conta com sua versão gravada para ajudá-lo a corrigir o erro. Disponível em https://g1.globo.com/educacao/noticia/2022/05/08/professor-faz-sucesso-na-internet-com-videos-em-que-interage-com-ele-mesmo.ghtml. Acesso em maio 2022 PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares https://www.youtube.com/channel/UCGS_2Mqg-ZzRL4Y73mg65NA https://www.youtube.com/watch?v=pvGKP29_xCY https://g1.globo.com/educacao/noticia/2022/05/08/professor-faz-sucesso-na-internet-com-videos-em-que-interage-com-ele-mesmo.ghtml 2.1.4 Crítica / Resenha •Análise interpretativa de algum objeto, comumente associada a produtos culturais ou artísticos. •Exige aprofundamento no tema, buscando informações externas a ele e emissão de juízo de valor. •Permite informalidade na escrita. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares “Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) trabalha como palhaço para uma agência de talentos e, toda semana, precisa comparecer a uma agente social, devido aos seus conhecidos problemas mentais. Após ser demitido, Fleck reage mal à gozação de três homens em pleno metrô e os mata. Os assassinatos iniciam um movimento popular contra a elite de Gotham City, da qual Thomas Wayne (Brett Cullen) é seu maior representante.” Aguardado há algum tempo, Coringa chega com muitas filas e sessões lotadas nos cinemas. Mas não espere ver um filme de super- herói tradicional. Nada de ficção. Muita realidade, numa cidade sem regras, com um povo transgressor e censura de 16 anos. Toddy Phillips, o diretor, nos apresenta um filme tenso, com trilha sonora, ora em violoncelo dissonante, ora em música pura. E alta. Penetrante. Não há quem saia indiferente a Joaquin Phoenix e sua entrega. Ele é o Coringa. Sem qualquer referência aos outros filmes, essa é uma história original. Em que você é jogado na vida de Arthur com tanta precisão, que fica preso a ela por 2h02. Sem perceber. A começar com a risada, incontrolável de Arthur. Que mesmo lutando, não tem qualquer controle sobre isso. E o mais importante: a risada evolui. Até que ele mesmo se sinta confortável com ela. Um trabalho artístico impressionante. Assisti a cópia dublada, infelizmente as sessões legendadas estavam lotadas, e adorei que as páginas do diário de Arthur, em que ele anota suas piadas e sentimentos, são todas em português. Não me lembro de já ter visto isso antes. Ajudem aí, por favor, citando outro filme em que isso aconteça. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares A construção de Arthur em Coringa é um exemplo do que um bom roteiro é capaz de fazer. Ele não nasceu pronto. A vida, a doença e a realidade o transformam, pouco a pouco, de palhaço a assassino. Suas reações nos fazem a todo o momento perguntar: ele já está Coringa? Outro aspecto positivo do filme é a admirável ambientação de época, anos 70. Tudo perfeito. E um elenco competente, inclusive com o astro Robert de Niro, aqui completamente ofuscado pelo brilho de Phoenix. Aos poucos somos levados ao início de Batman, pois o candidato à Prefeitura de Gothan, provocador do levante do povo oprimido, é nada mais nada menos do que Thomas Wayne, pai de Bruce. Coringa é muito real. Sua transformação poderia acontecer em qualquer cidade, de qualquer país. Seu estado psicológico demente cresce conforme as respostas às reações que provoca. Talvez muitos se lembrem do personagem na pele de Jack Nicholson ou do memorável Heath Ledger. Para mim, Joaquin está em igual condição à Heath. Ou até melhor. O físico, a risada, a dança, os trejeitos… Tudo está perfeito. Atentem para a cena no banheiro. Emblemática. Era uma cena simples, em que ele se olharia no espelho e tiraria a maquiagem. Faltava algo. Então, após uma hora com toda a equipe esperando, Toddy Phillips mostra à Phoenix um trecho de uma das composições de Hildur Gudnadottir. O ator simplesmente começou a dançar, dando origem à cena. Coringa é perturbador. Comovente. Fantástico. O melhor trabalho de Joaquin Phoenix. Não é sorumbático somente (palavras usadas por meu irmão), mas é um prêmio para nós espectadores (nas palavras de meu primo). https://wp.ufpel.edu.br/empauta/resenha-coringa/ https://wp.ufpel.edu.br/empauta/resenha-coringa/ 2.1.5 Reportagem •Aprofundamento da notícia: além de informar, interpreta o fato citado. •Pode ou não se referir a um fato do tempo presente, ou seja, não se prende à cobertura dos fatos, mas sim à sua análise. •Maior extensão e multiplicidade de fontes. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Biomassa já responde por quase 10% de toda a matriz energética do Brasil Biomassa é a matéria de origem vegetal ou animal que pode virar energia. Entre os resíduos usados, está o bagaço de cana e os resíduos florestais. A biomassa já responde por quase 10% da matriz energética brasileira e hoje é uma das principais linhas de pesquisa no país. Inclusive, já tem empresa produzindo a própria energia a partir da casca de arroz e de aveia. A maioria dos brasileiros pode até não saber o que é biomassa, mas ela está pertinho da gente, todo santo dia. "Biomassa é toda matéria de origem vegetal ou animal que inclui resíduos, inclui plantações energéticas, inclui plantações de árvores, que podem ser também aproveitadas energeticamente e, até mesmo, resíduos sólidos urbanos, como, por exemplo, o lixo das cidades, resíduos rurais e resíduos de animais", explica Suani Coelho, coordenadora do Centro Nacional de Referência em Biomassa da USP (Universidade de São Paulo). É difícil imaginar um país com mais biomassa que o Brasil e com tanto potencial. A biomassa responde por 9,53% da matriz energética brasileira. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares 2.1.6 Artigo •Texto opinativo, normalmente escrito por colaboradores eventuais ou jornalistas convidados. •Muitas vezes é chamado de artigo de opinião (e tende a aparecer nas provas). •Sua redação é bastante semelhante à de um texto dissertativo, contando com introdução, desenvolvimento e conclusão. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Trecho de artigo de opinião escrito por Renato Zerbini Ribeiro Leão, Ph.D. em direito internacional e relações internacionais. Membro do Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da ONU. Publicado no Correio Braziliense,26/01/2020. A arte engloba arquitetura, cinema, dança, desenho, escultura, fotografia, literatura, música, pintura, poesia. Hoje em dia, em pleno século 21, até mesmo a televisão, a moda, a publicidade e os videojogos são por muitos considerados como manifestações artísticas. Segundo René Huyghe, a arte e o homem são indissociáveis. Não há arte sem homem, muito menos homem sem arte. O ser isolado ou a civilização que não chega à arte estão ameaçados por uma secreta asfixia espiritual, por uma turbação moral. Para a Unesco, a arte é chave para formar gerações capazes de reinventar o mundo herdado. Ela reforça a vitalidade das identidades culturais e promove a relação com outras comunidades. A arte é a capacidade humana de criação. É a expressão ou aplicação de habilidades criativas e a imaginação para criar obras que são apreciadas principalmente por sua beleza, intelecto ou poder emocional. Seus resultados são obtidos por distintos meios. A arte de cozinhar, de pintar quadros, de grafitar, as artes plásticas, a arte de compor (poemas e partituras musicais), a gravura, a impressão de livros e, até mesmo, atrelados a um conceito mais severo, meios hoje em dia causadores de grande repulsa social, como a caça e a guerra, podem ser considerados como arte. O ser humano e a arte estão rigorosamente conectados. A arte liberta. E, atualmente, a arte de viver cada vez mais se faz indispensável para a emancipação humana. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares 2.1.7 Crônica •Texto que equilibra referências a fatos corriqueiros ou eventos que se deram no presente, elaborações filosóficas ou metafóricas e, muitas vezes, elementos narrativos. •É um tipo bastante popular no Brasil desde o século XIX. •É escrita em linguagem informal e despretensiosa, gerando aproximação com o público. Furto de Flor, de Carlos Drummond de Andrade Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor. Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem. Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la no jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer. Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares 2.1.8 Editorial •Textos que costumam aparecer no início das edições, expondo o posicionamento do jornal e da equipe de jornalistas. •Por vezes, pode vir intitulado como "Carta ao leitor" ou "Carta do editor". •São textos normalmente curtos e sintéticos, por vezes apresentando um resumo dos textos da edição. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Editorial | Contra a política da guerra, um projeto coletivo A política que precisamos, no Brasil e no mundo, ainda precisa ser gestada Editorial Brasil de Fato MG Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG | 24 de Fevereiro de 2022 às 18:39 O mundo parece que vai de mal a pior. Sem contar a pandemia, que já causou a morte de quase 6 milhões de pessoas, temos a notícia recente sobre a ação do exército russo na Ucrânia em resposta a expansão militar dos Estados Unidos, por meio da OTAN, na região. Há entre o povo brasileiro uma sensação de impotência e de falta de esperança. Esse sentimento é um pouco inevitável, visto o crescimento generalizado do pensamento fascista, aliado a disputas econômicas incessantes, ao avanço sobre os territórios e à violência sobre as populações. Fome, desespero e destruição tomam conta da população Este momento histórico, que exacerba o autoritarismo e a violência, também indica uma tarefa que parece primordial: é preciso transformar radicalmente a política. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Interpretação de texto Português Prof.ª Fabíola Soares Nome Professor | Data Textos não-verbais PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares 1- Identificar: - Qual é o tipo de imagem que estamos vendo? (publicidade, quadro, charge etc.?) - Quais as técnicas empregadas nessa imagem?(fotografia, pintura, escultura etc?) - Observar cores, traços, formas etc. 2 - Analisar: - O que compõe essa imagem? - Há textos que complementam a imagem? - Observar quais são os elementos mais destacados e se há detalhes menos óbvios. 3 - Contextualizar: - Qual foi o momento histórico da procução dessa imagem? - Com que objetivo essa imagem foi criada e onde ela foi veiculada ou exposta? - Buscar informações nas legendas! Signos presentes na imagem em si. Signos externos. Tirinhas, cartuns, tiras, quadrinhos... são todos nomes para o mesmo tipo de texto. As tirinhas são composições que misturam texto e imagem, normalmente numa sucessão de quadros. É uma linguagem com a qual a maioria de nós está habituado, portanto, se torna mais fácil compreender e interpretar. Normalmente há dois tipos de questão que podem envolver tirinhas: • Questões de gramática, a partir dos textos das tirinhas; e • Questões de interpretação de texto, que exigem a união entre textos verbais e não verbais para compreender a mensagem. Veja um exemplo de questão de interpretação de texto literário: PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Examine a tira do cartunista Andre Dahmer. (Disponível em < https://twitter.com/depositodetiras/status/1304403051323719682> Acesso em 24 jul.2020) Na tira, a ideia de signos é entendida pelo interlocutor da personagem em dúvida como a) ilustre b) excêntrica c) corriqueira d) relativa e) relevante PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Caricaturas: desenhos de pessoas da vida real com traços exagerados. O objetivo da caricatura é tornar cômica a personagem retratada, muitas vezes tornando mais evidentes seus traços menos elogiosos. Além disso, as charges também são comuns nas provas. São ilustrações cujo objetivo é satirizar alguém ou alguma situação. Muitas vezes, as charges apresentam caricaturas das personagens retratadas, para tornar a situação ainda mais irônica. A charge costuma conter críticas de cunho político-social e falar sobre acontecimentos da atualidade. Por isso, para compreender bem uma charge é preciso estar a par dos acontecimentos recentes. É, portanto, uma narrativa efêmera: retrata acontecimentos contemporâneos, notícias. As charges costumam contar com algumas estratégias: ➢ Dão mais valor ao poder das imagens do que das palavras, ou seja, as charges costumam ter mais textos não verbais do que verbais. ➢ Lidam com a sátira, a exposição ao ridículo, principalmente a partir do exagero. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Tirinha Na maior parte das vezes, critica situações corriqueiras ou comportamentos sociais. Charge Na maior parte das vezes, critica situações e eventos bem situados no tempo e no espaço. É ligada a atualidades. Veja um exemplo de questão que envolve a comparação entre um texto verbal e um texto não verbal: Texto I Não cante vitória muito cedo, não Nem leve flores para a cova do inimigo Que as lágrimas do jovem São fortes como um segredo Podem fazer renascer um mal antigo, sim, o sim Tudo poderia ter mudado, sim Pelo trabalho que fizemos, tu e eu Mas o dinheiro é cruel E um vento forte levou os amigos Para longe das conversas, dos cafés e dos abrigos E nossa esperança de jovens não aconteceu E nossa esperança de jovens não aconteceu, não, não (Não leve flores, Belchior) PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Texto II Considerando a relação entre os textos I e II, conclui-se que a charge a) reafirma a possibilidade expressa no texto I de que somente através da ação se promovem mudanças. b) indica que só se é possível promover as mudanças desejadas no texto I com investimento em pesquisa. c) recuperao tema da canção, personificando o dilema do texto I a partir da figura de dinossauros. d) evidencia uma prática cultural brasileira de apenas acreditar na possibilidade de mudanças quando se é jovem. Textos literários Pode-se dizer que uma obra literária pode ser interpretada segundo dois aspectos: forma e conteúdo. Quanto à forma, convém dividir os textos literários em prosa e poesia. ★ Prosa A prosa é o texto escrito em parágrafos. É um texto escrito sem necessariamente considerar divisões rítmicas ou sonoras. Ela pode ser dividida em dois grandes grupos: narrativa e demonstrativa. ❖ Prosa narrativa: textos históricos ou de ficção que se proponham a narrar fatos e acontecimentos. Leia este trecho do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis: “Cândido Neves, — em família, Candinho, — é a pessoa a quem se liga a história de uma fuga, cedeu à pobreza, quando adquiriu o ofício de pegar escravos fugidos. Tinha um defeito grave esse homem, não aguentava emprego nem ofício, carecia de estabilidade; é o que ele chamava caiporismo. Começou por querer aprender tipografia, mas viu cedo que era preciso algum tempo para compor bem, e ainda assim talvez não ganhasse o bastante; foi o que ele disse a si mesmo. O comércio chamou-lhe a atenção, era carreira boa. Com algum esforço entrou de caixeiro para um armarinho. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares A obrigação, porém, de atender e servir a todos feria-o na corda do orgulho, e ao cabo de cinco ou seis semanas estava na rua por sua vontade. Fiel de cartório, contínuo de uma repartição anexa ao Ministério do Império, carteiro e outros empregos foram deixados pouco depois de obtidos. Quando veio a paixão da moça Clara, não tinha ele mais que dívidas, ainda que poucas, porque morava com um primo, entalhador de ofício. Depois de várias tentativas para obter emprego, resolveu adotar o ofício do primo, de que aliás já tomara algumas lições. Não lhe custou apanhar outras, mas, querendo aprender depressa, aprendeu mal. Não fazia obras finas nem complicadas, apenas garras para sofás e relevos comuns para cadeiras. Queria ter em que trabalhar quando casasse, e o casamento não se demorou muito.” ❖ Prosa demonstrativa: textos ligados à oratória (como discursos) e didáticos (ensaios, tratados, diálogos, etc.). Leia este trecho do discurso proferido por Machado de Assis na ocasião da inauguração da estátua em homenagem a José de Alencar: “Hoje, senhores, assistimos ao início de outro monumento, este agora de vida, destinado a dar à cidade, à pátria e ao mundo a imagem daquele que um dia acompanhamos ao cemitério. Volveram anos; volveram coisas; mas a consciência humana diz-nos que, no meio das obras e dos tempos fugidios, subsiste a flor da poesia, ao passo que a consciência nacional nos mostra na pessoa do grande escritor o robusto e vivaz representante da literatura brasileira.” Nome Professor | Data Na literatura, a preocupação está na prosa narrativa, de ficção. A chamada prosa literária é uma das mais importantes para o estudo dos vestibulares. Nela se encontram os contos, as novelas e os romances: Sobre o ritmo do texto em prosa, a principal questão a se analisar é a paragrafação. Cada tipo de texto pede um modo de organização de parágrafos. Em textos dissertativos, por exemplo, tende-se a dividir os parágrafos por assuntos. Na prosa literária a organização não se dá necessariamente assim. Os autores trabalham a construção dos parágrafos de acordo com seu estilo pessoal e com o momento da narração. Pode-se dividir os parágrafos de acordo com seu tamanho ou conteúdo: Português- Prof.ª Fabíola Soares Conto: Histórias curtas, com apenas um conflito e poucas personagens. Novela: Histórias de tamanho intermediário, com diversos conflitos que se seguem e muitas personagens. Romance: História mais longa, com um conflito central e outros secundários que ocorrem em paralelo, complementando-se. As personagens podem aparecer e desaparecer. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares ➢ Tamanho: Curtos: Se focam apenas nas informações mais importantes, descritas de maneira sucinta. Textos infantis, por exemplo, costumam contar com esse tipo de parágrafo. “André, o bom Andrezinho, menino querido e estimado por todos que o conheciam, achava-se desesperado, banhado em lágrimas, aflito, porque sabia que o seu extremoso pai estava nos paroxismos finais da vida” (Histórias da Avozinha, Figueiredo Pimentel) Médios: “Isaura era filha de uma linda mulata, que fora por muito tempo a mucama favorita e a criada fiel da esposa do comendador. Este, que como homem libidinoso e sem escrúpulos olhava as escravas como um serralho à sua disposição, lançou olhos cobiçosos e ardentes de lascívia sobre a gentil mucama. Por muito tempo resistiu ela às suas brutais solicitações; mas por fim teve de ceder às ameaças e violências. Tão torpe e bárbaro procedimento não pôde por muito tempo ficar oculto aos olhos de sua virtuosa esposa, que com isso concebeu mortal desgosto.” (A escrava Isaura, Bernardo Guimarães). Longos: “Quando o testamento foi aberto, Rubião quase caiu para trás. Adivinhais por quê. Era nomeado herdeiro universal do testador. Não cinco, nem dez, nem vinte contos, mas tudo, o capital inteiro, especificados os bens, casas na Corte, uma em Barbacena, escravos, apólices, ações do Banco do Brasil e de outras instituições, joias, dinheiro amoedado, livros, — tudo finalmente passava às mãos do Rubião, sem desvios, sem deixas a nenhuma pessoa, nem esmolas, nem dívidas. Uma só condição havia no testamento, a de guardar o herdeiro consigo o seu pobre cachorro Quincas Borba, nome que lhe deu por motivo da grande afeição que lhe tinha. Exigia do dito Rubião que o tratasse como se fosse a ele próprio testador, nada poupando em seu benefício, resguardando-o de moléstias, de fugas, de roubo ou de morte que lhe quisessem dar por maldade; cuidar finalmente como se cão não fosse, mas pessoa humana. Item, impunha-lhe a condição, quando morresse o cachorro, de lhe dar sepultura decente em terreno próprio, que cobriria de flores e plantas cheirosas; e mais desenterraria os ossos do dito cachorro, quando fosse tempo idôneo, e os recolheria a uma urna de madeira preciosa para depositá-los no lugar mais honrado da casa.” (Quincas Borba, Machado de Assis) PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares ➢ Conteúdo: ● Descritivos: Parágrafos com muitos adjetivos, cujo objetivo é detalhar algum personagem, local ou situação. “É uma sala em quadro, toda ela de uma alvura deslumbrante, que realçavam o azul celeste do tapete de riço recamado de estrelas e a bela cor de ouro das cortinas e do estofo dos móveis. A um lado duas estatuetas de bronze dourado representando o amor e a castidade, sustentam uma cúpula oval de forma ligeira, donde se desdobram até o pavimento, bambolins de cassa finíssima.” (Senhora, José de Alencar) ● Dissertativos: Parágrafos que apresentam ideias e as defendem por meio de argumentos. “Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição da sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelomotivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.” (Quincas Borba, Machado de Assis) PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares ● Narrativos: Parágrafos que efetivamente contam as ações das personagens e suas repercussões na história. “A coisa se deu assim. Depois do meu telegrama (lembram-se: o telegrama em que recusei duzentos mil-réis àquele pirata), a Gazeta entrou a difamar-me. A princípio foram mofinas cheias de rodeios, com muito vinagre, em seguida o ataque tornou-se claro e saíram dois artigos furiosos em que o nome mais doce que o Brito me chamava era assassino. Quando li essa infâmia, armei-me de um rebenque e desci à cidade.” (São Bernardo, Graciliano Ramos) ★ Poesia Antes de entrar na estrutura da poesia em si, vamos observar os gêneros literários em que se divide a poesia. Gêneros Os gêneros poéticos, também chamados de gêneros literários são divididos em três, de acordo com suas estruturas formais e de conteúdo: lírica, épica e dramática. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Gênero lírico • Poemas que falam sobre os sentimentos e estados de espírito, direcionados diretamente ao leitor. • As emoções e opiniões do eu-lírico são bastante evidentes. • Engloba a poesia satírica, ou seja, aquela que promove sentimentos de escárnio. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Gênero épico • Poemas em que são narrados grandes feitos heroicos, reais ou mitológicos. • Os relatos são grandiosos e extensos, contando com muitas estrofes. • Ilíada e Odisseia (Homero) e Os Lusíadas (Luís de Camões) são os poemas épicos mais conhecidos. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Gênero dramático • Na poesia dramática não há a figura de um narrador, ou seja, as personagens são responsáveis por contar a própria história. • Pode apresentar traços tanto épicos quanto líricos em seu conteúdo, porém sua característica mais marcante é não ter narrador. • É percursora do texto teatral. ➔ Estrutura da poesia Vamos partir do poema “Mar Português”, de Fernando Pessoa: Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Estes são os elementos básicos de um poema: • Verso: cada uma das linhas do poema. Pode ter regularidade de tamanho ou não. • Estrofe: conjunto de versos, que pode se estruturar de maneira regular ou não. Cada linha pulada no poema representa uma mudança de estrofe “Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar!” • Rima: repetição fonética que ocorre em um intervalo. Identifica-se, principalmente, pelo som das últimas palavras dos versos. “Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares • Eu lírico ou voz lírica ou sujeito lírico: a pessoa que se expressa no poema. Não confunda com o próprio poeta. Enquanto artista, um poeta pode falar sobre diversos assuntos e com diversos pontos de vista. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares ● Métrica A métrica de um poema se dá pelo número de sílabas de um verso. Conta-se as sílabas até a última sílaba tônica, ou seja, a sílaba forte da última palavra do verso. Isso ocorre porque o que dá ritmo a um texto poético é o som das sílabas tônicas. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Tipos de intertextualidade Entende-se por intertextualidade a relação entre dois ou mais textos, entendendo qual a natureza dessa relação. Algumas vezes a intertextualidade é mais evidente outras não. Pode também aparecer entre textos de diferentes naturezas, verbais e visuais. Veja alguns exemplos para compreender melhor a ideia. ● Intertextualidade explícita Ela faz referência explícita à famosa capa do álbum Abbey Road (1969), dos Beatles. Essa fotografia já foi recriada por diversos artistas e com diversos personagens. Aqui, colocamos alguns autores de língua portuguesa no lugar dos integrantes da banda. Temos, da esquerda para a direita, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Intertextualidade implícita Observe a comparação entre esses dois poemas: Com licença poética (Adélia Prado) Poema de Sete Faces (Carlos Drummond de Andrade) Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira. Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada. Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir. Não tão feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem dor. Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos — dor não é amargura. Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô. Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem. Mulher é desdobrável. Eu sou. Quando nasci, um anjo torto Desses que vivem na sombra Disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida As casas espiam os homens Que correm atrás de mulheres A tarde talvez fosse azul Não houvesse tantos desejos O bonde passa cheio de pernas Pernas brancas pretas amarelas Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração Porém meus olhos Não perguntam nada (...) Muitas vezes você encontrará as palavras alusão ou referência para se referir à ideia de intertextualidade. Lembre-se: Alusão: menção rápida ou vaga. Referência: menção ou ato de se reportar a algo. Citação Um dos tipos de intertextualidade possíveis é a citação. A citação é o ato de referenciar a fala de outra pessoa. Ela pode ocorrer tanto de maneira direta quanto indireta. ➔ Citação direta Ocorre quando o autor coloca as palavras de outro autor em seu texto assim como elas foram escritas e referencia a origem da citação. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares CAPÍTULO XLVII Talvez o Rio de Janeiro para ela fosse Botafogo, e propriamente a casa de Natividade. O pai não apurou as causas da recusa; supô-las políticas, e achou novas forças para resistir às tentações de D. Cláudia: "Vai- te, Satanás; porque escrito está: Ao Senhor teu Deus adorarás, e a ele servirás". E seguiu-se como na Escritura: "Então o deixou o Diabo; e eis que chegaram os anjos e o serviram". (Esaú e Jacó, Machado de Assis) ➔ Citação indireta Ocorre quando o autor cita as palavras de outro autor, reescrevendo o texto original ou apenas citando as palavras sem referenciar a origem. (...) Eu saía fora, a um lado e outro, a ver se descobria algum sinal de regresso. Soeur Anne, soeur Anne, ne vois-tu rien venir? Nada, coisa nenhuma; tal qual como na lenda francesa. Nada mais do que a poeira da estrada e o capinzal dos morros. (O espelho, Machado de Assis) PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Epígrafe Uma epígrafe é frase que vem no início de um livro, um capítulo, um conto etc.. Ela funciona como um tema do texto, ou seja, resume o sentido ou mensagem da obra como um todo. São citações diretas de outros autores. “Eu sou pobre, pobre, pobre, vou-me embora, vou-me embora ................................. Eu sou rica, rica, rica, vou-me embora, daqui!...” (Cantiga antiga) “Sapo não pula por boniteza, mas porém por precisão.” (Provérbio capiau) (A hora e a vez de Augusto Matraga, Guimarães Rosa) PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Paráfrase A paráfrase é uma reescrita do texto. Ocorre quando um autor reescreve, com suas próprias palavras, o texto de outro, mantendo o sentido original. Veja um exemplo: Texto Original: Comprar por impulso e se livrar de bens que já não são atraentes, substituindo-os por outros mais vistosos, são nossasemoções mais estimulantes. Completude de consumidor significa completude na vida. (Zygmunt Bauman. A riqueza de poucos beneficia todos nós?, 2015. Adaptado.) Paráfrase: Ser completo enquanto consumidor significa ser completo na vida. As sensações que mais nos estimulam vêm da compra por impulso e de livrar-nos de coisas menos atrativas, trocando-as por outras mais interessantes. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares Paródia Uma paródia acontece quando se faz uma releitura de uma obra, ou seja, uma reinterpretação de algo que já existe. Ela costuma assumir tom jocoso ou irônico e, frequentemente, parte de uma obra muito conhecida, de modo que a referência é rapidamente reconhecida. Veja esse poema consagrado de Gonçalves Dias. É seu poema mais conhecido de exaltação à pátria. Como muitos escritores que se encontravam longe do Brasil, sua terra natal se mostrava um espaço idealizado pela saudade. Texto original: Canção do Exílio Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Paródia: Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá seno A cosseno B seno B cosseno A O sinal que vai aqui É o mesmo que vai pra lá Obrigado Prof. Nome do Professor OBRIGADA! Prof. ª Fabíola Soares @professorafabiolasoares
Compartilhar