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Relatório de Ecologia do Fogo

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Universidade de Brasília – Instituto de Ciências Biológicas – Departamento de Ecologia
Disciplina: Ecologia do Fogo no Cerrado
Relatório de Ecologia do Fogo
O Cerrado é um dos biomas mais ricos em diversidade do mundo e é caracterizado por diferentes tipos de formações vegetais que, de forma mais simples se diferenciam em formações florestais com predominância de hábitos arbóreos; formações savânicas, onde há a presença de árvores espalhas sobre uma grande cobertura de ervas e gramíneas; e as formações campestres, onde há exclusivamente a predominância de ervas e gramíneas. Alguns fatores históricos no Cerrado como a freqüência do fogo, a intensidade de pastoreio e a gênese pedológica aliado a fatores ambientais como as diferenças de altura, clima e etc, foram determinantes para a ampla variação de fitofisionomias (Silva Jr. et al., 2014).
O fogo já é reconhecido por cientistas como fenômeno natural e parte da dinâmica natural do Cerrado, porém sua presença em áreas de conservação ainda gera polêmica e está longe de chegar a um consenso (França et al., 2007). A presença ou ausência de fogo em unidades de conservação é um grande dilema, pois choca-se com as limitações de conhecimento sobre a complexidade dos ecossistemas. Ao se estabelecer uma unidade de conservação e uma proteção contra o fogo em uma área que antes sofria de queimadas freqüentes, é observada uma mudança em sua estrutura que resultará em uma maior arborização e dominância de espécies sensíveis ao fogo, visto que esse é o fator principal que altera a estrutura de savanas tropicais (Moreira et al. 2000). Essa mudança na estrutura de um ecossistema pode afetar drasticamente as populações que ali vivem criando um desequilíbrio ambiental naquela área.
O manejo integrado do fogo é uma abordagem que considera aspectos ecológicos, culturais e de manejo para propor uso de queimas controladas, bem como a preservação e combate a incêndios (Schmidt et al. 2016). O manejo do fogo em áreas protegidas deve estar voltado, em primeiro lugar, à conservação da biodiversidade e, em segundo lugar, à garantia de segurança das demais atividades desenvolvidas na área (França et al., 2007). É preciso muito conhecimento e informação sobre os efeitos do fogo na biodiversidade de uma área específica para elaborar um plano de manejo de fogo. Atualmente muitos parques, reservas e unidades de conservação adotam uma política de supressão contra o fogo, quando: existe risco de propagação do fogo de forma descontrolada; quando o fogo é de origem antrópica e criminal; quando sua origem é externa a área protegida e quando apresenta risco a infra-estrutura ao redor. Essa política de supressão exige uma grande conscientização e uma brigada extremamente capacitada a lhe dar com o fogo, e muitas vezes apresentam resultados pouco eficazes, visto que a queimada irá variar com o combustível, as características físicas do local e a intensidade do fogo, porém é uma medida extremamente necessária para incêndios que fogem das características de queima natural da região.
Um exemplo é o que acontece no Parque Kruger situado no sul da África. O parque conta com uma área de 20.000 km². Nesse parque em 1952 foi implantado um projeto de pesquisa de longo prazo para avaliar o impacto do regime de queima e do manejo de fogo, porém toda a produção científica produzida com o projeto não influenciou a tomada de decisões sobre a política de manejo do parque e do país. Ainda assim a quantidade de dados gerados tem melhorado a relação entre o conhecimento técnico e a capacidade de decisões relativas a manejo, devido a isso, atualmente o Parque Kruger é pioneiro no uso de queimadas de alta intensidade com a finalidade de matar árvores e manter a vegetação aberta para favorecer pastoreio.
Tendo em vista toda a situação apresentada, e o exemplo do Parque Kruger. Acredito que a melhor forma de se montar uma boa estratégia de manejo de fogo em uma unidade de conservação seria primeiramente o incentivo em estudos na área para levantamento de dados e conhecimento técnico a respeito do ecossistema local e posteriormente montar um plano de manejo integrado de fogo, baseado no conhecimento científico produzido, que visasse o uso de queimadas controladas em condições próximas a de queimadas naturais e o uso da supressão de fogo somente em caso de incêndios criminais ou acidentais.
Referências Bibliográficas:
1. França, H., Neto, M. B. R., & Setzer, A. W. (2007). O fogo no Parque Nacional das Emas (Vol. 27). MMA.
2. Júnior, M. C. da Silva; Soares-Silva, L. H, et al. (2014). O Bioma Cerrado. In: Guia do observador de árvores: tronco, copa e folha. Rede Sementes do Cerrado, Brasília. p. 22-55
3. Miranda, H. S. (2010). Efeitos do regime do fogo sobre a estrutura de comunidades de cerrado: Resultados do projeto Fogo. Brasília-DF, Ibama.
4. Moreira, A. G. (2000). Effects of fire protection on savanna structure in Central Brazil. Journal of biogeography, 27(4), 1021-1029.
5. Schmidt, I. B., Fonseca, C. B., Ferreira, M. C., & Sato, M. N. (2016). Experiências internacionais de manejo integrado do fogo em áreas protegidas–recomendações para implementação de manejo integrado de fogo no Cerrado. Biodiversidade Brasileira, 6(2), 41-54.
6. Van Wilgen, B. W., Biggs, H. C., & Potgieter, A. L. F. (1998). Fire management and research in the Kruger National Park, with suggestions on the detection of thresholds of potential concern. Koedoe, 41(1), 69-87.

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