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BIBLIA DE ESTUDO DE GENEVRA - NOVO TESTAMENTO - 02. Marcos

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Prévia do material em texto

O Evangelho Segundo 
MARCOS 
O Autor Nenhum dos quatro Evangelhos decla-
ra seu autor. Juntos. fornecem à Igreja um testemu-
nho autorizado e coletivo da pessoa e da obra de 
Jesus através dos apóstolos - um tema freqüente-
mente enfatizado em Marcos (3.14; 4.10; 5.37; 8.32 e notas) Não 
há nada de incoerente no fato dos apóstolos se utilizarem de coo-
peradores tais como João Marcos. cujo nome aparece no alto des-
te Evangelho. para transformar este testemunho individual e 
coletivo em texto escrito. Quanto ao relacionamento entre João 
Marcos e os apóstolos. ver At 12.12,25; 13.5, 13; CI 4.10; 2Tm 
4.11; Fm 24. 
A autoria de Marcos é estabelecida por certas considerações 
externas. Apesar do título "Segundo Marcos" não ser original, ele 
aparece em todas as antigas listas canônicas e em muitos manus-
critos arcaicos e acredita-se que tenha sido incluído bem no início 
da história do texto. Em segundo lugar. todos os primeiros pais da 
Igreja, tais como Papias ( 140 d.C.). Justino Mártir ( 150 d.C.). lrineu 
(185 d.C.) e Clemente de Alexandria (195 d.C.). afirmam que Mar-
cos escreveu o segundo Evangelho. Papias refere-se a Marcos 
como o "intérprete de Pedro". Outra razão para se aceitar a autenti-
cidade da autoria de Marcos é que, no segundo e terceiro séculos 
da Igreja, livros que falsamente reivindicavam autoria apostólica 
para si. em geral, atribuíam sua autoria a apóstolos bem conheci-
dos em vez de a figuras secundárias como João Marcos. 
No próprio texto, uma indicação velada da ligação de Marcos 
com este Evangelho pode ser observada em outra nota aparente-
mente irrelevante a respeito de um "certo rapaz" que fugiu quando 
Jesus foi preso. Alguns intérpretes sugeriram que esta é a forma 
de Marcos referir-se a si próprio na ocasião (14.51, nota). A possí-
vel evidência da posição de Marcos como "intérprete" de Pedro 
(acima) é a ordem cronológica simplificada dos acontecimentos re-
gistrados em Marcos. que reflete a narração dos mesmos fatos por 
Pedro no Livro de Atos dos Apóstolos (At 3.13-14; 10.36-43) 
~ Data e Ocasião Se Marcos foi usado por Mateus e Lucas. ele é o mais antigo dos Evangelhos e não pode ser datado muito depois do ano 70 d.C. ~"'~- Admite-se. geralmente, que os Evangelhos de Mate-
us e Lucas foram escritos por volta de 80 a 90 d.C. No entanto. se 
os livros de Lucas e Atos foram concluídos em torno de 62 d.C .. 
quando termina a narrativa de Atos, o evangelho de Marcos seria 
ainda anterior. Além dessas considerações. há base para argumen-
tar que todos os livros do Novo Testamento foram escritos antes de 
70 d.C .. a data da destruição do templo em Jerusalém e. portanto. 
procedem da primeira geração apostólica. 
Os pais da Igreja sustentavam que Marcos foi dirigido à igreja 
de Roma ou. genericamente. à Itália. Esta tese é apoiada pela as-
sociação de Marcos com Pedro, que em 1 Pe 5.13 dirige-se aos 
cristãos na "Babilônia" (uma provável referência a Roma). pela in-
fluência do latim no texto grego e pela provável referência aos 
membros da igreja de Roma (15.21; cf. Rm 16.13). A tradução de 
termos semíticos (3.17; 5.41; 15.22) e a cuidadosa explicação dos 
costumes judeus (7.2-4; 15.42) sugere que o autor tinha em mente 
os leitores gentios. sem. no entanto. excluir gentios convertidos ao 
judaísmo. 
•
. ,1 Características e Temas 
1. O Propósito do Evangelho. O primei-
, ro propósito de Marcos é apresentar por escrito o 
-~ testemunho dos apóstolos a respeito dos fatos da 
vida. morte e ressurreição de Jesus. Marcos não pretende escre-
ver uma biografia completa ou mesmo um relato completo do mi-
nistério público de Jesus. O registro histórico é simplificado. 
adaptando-se à estrutura básica da proclamação do Evangelho: o 
início do ministério de Jesus com João Batista; o ministério públi-
co de Jesus na Galiléia e nas regiões circunvizinhas; e sua jornada 
final a Jerusalém para o sacrifício na cruz. Segundo o Evangelho 
de João, Jesus fez pelo menos cinco visitas a Jerusalém (Me 
1.14. nota). Mateus e Lucas registram mais dos ensinamentos de 
Jesus do que Marcos, mas o objetivo de Marcos é diferente. 
Usando detalhes históricos. apresenta uma narrativa ampla do 
que os apóstolos pregavam a respeito da cruz de Cristo (At 
1.21-22; 2.22-24; 1 Co 2.2). 
2. Jesus como o Verdadeiro Israelita. Marcos re-
trata Jesus como o verdadeiro israelita cuja vida como um todo de-
monstra a necessidade de submissão à Palavra escrita de Deus 
(1.13, nota; 12.35-37). Neste aspecto. e mais genericamente no 
serviço e no sofrimento (8.34-9.1). Jesus é apresentado e apre-
senta a si próprio como o modelo para os seus discípulos. 
3. Jesus como o Filho de Deus. Marcos apresenta 
a divindade de Jesus como Filho de Deus e Filho do Homem ( 1 .11 ; 
2.10,28; 3.11; 5.7; 9.7; 14.62; 15.39) brilhando através do estado 
ambíguo de humilhação necessário para seu chamado messiânico 
terreno. Marcos também chama a atenção para o desejo de Jesus 
de esconder sua verdadeira identidade como Messias e Filho de 
Deus (o assim chamado "segredo messiânico") daqueles que ine-
vitavelmente não o entenderiam (1.34.44; 3.12; 5.43; 7.36-37; 
8.26,30; 9.9). 
4. O Evangelho como o Poder de Deus. Marcos 
enfatiza a importância da pregação e do ensino da mensagem do 
Evangelho não apenas como uma verdade teológica. mas como o 
"poder de Deus" (12.24; cf. Rm 1.16) sobre o mal e a doença (1.27; 
cf. 16.15-18). 
5. A Missão aos Gentios. Marcos mostra o interesse 
de Jesus para com os gentios e a validade da missão da Igreja 
para com eles. Esta ênfase aparece no esboço básico do livro. no 
l 
,. 
MARCOS 1146 
cuidado tomado para explicar os termos e os costumes judaicos, 
na declaração de que o templo era uma "casa de oração para todas 
as nações" (11.17). e na confissão final de Cristo pela boca de um 
gentio (15.39) 
Dificuldades de Interpretação 
A questão do gênero literário do Evangelho de 
Marcos tem ocupado estudiosos continuamente, 
especialmente nos últimos dois séculos. A questão 
é importante porque determina o contexto para se interpretar os 
elementos individuais do Evangelho. Alguns acreditam que os 
Evangelhos têm um único gênero literário, correspondente à singu-
laridade da mensagem Cristã. Outros acham que os Evangelhos 
deveriam ser comparados às biografias gregas e romanas que 
combinam em uma obra literária feitos extraordinários e ensina-
mentos memoráveis. Os Evangelhos diferem de tais biografias, es-
pecialmente na ênfase que colocam nos últimos dias e na morte de 
Jesus, e no seu silêncio sobre a maior parte de sua vida adulta. Já 
Esboço de Marcos 
1. Prólogo: o início do ministério de Jesus ( 1.1-13) 
A. O testemunho de João Batista a respeito de Jesus 
(1.1-8) 
B. O batismo de Jesus e o testemunho do Pai ( 1.9-11) 
C. A tentação de Jesus (1.12-13) 
li. O ministério público de Jesus na Galiléia (1.14-6.44) 
A. O ministério inicial (1.14-3.12) 
1. A chegada à Galiléia (1.14-15) 
2. O chamamento dos primeiros discípulos (1.16-20) 
3. Exorcismos e curas em Cafarnaum (1.21-34) 
4. Ministério em toda a Galiléia ( 1.35-45) 
5. Uma cura em Cafarnaum (2.1-12) 
6. O chamamento de Levi (2.13-17) 
7. Controvérsias com as autoridades (2.18-3.12) 
B. O ministério posterior (3.13-6.44) 
1. O chamamento dos doze (3.13-19) 
2. Controvérsias em Cafarnaum (3.20-35) 
3. As parábolas do reino (4.1-34) 
4. A jornada em Decápolis (4.35-5.20) 
5. Retorno à Galiléia (5.21-6.6) 
6. Missão dos doze na Galiléia (6.7-30) 
7. Alimento para cinco mil na Galiléia (6.31-44) 
foi dito, e com propriedade, que os Evangelhos são narrativas da 
Paixão com longas introduções. 
Marcos mesmo situa o começo de seu Evangelho no Antigo 
Testamento (1.1-4, notas). e seu ponto de referência básico deve 
ser encontrado lá, especialmente no Livro de Êxodo. Êxodo é um 
documento pactuai cujo enfoque é o registro de como a aliançafoi 
iniciada sob a liderança de Moisés. Este enfoque corresponde, nos 
Evangelhos, ao significado da morte de Jesus, na qual ele derra-
mou o sangue da nova aliança (14.24 e nota). O resto de Êxodo diz 
respeito à carreira de Moisés, o mediador da aliança; um registro 
dos sinais que Deus realizou através dele para estabelecer a fé en-
tre o povo de Deus no meio de um Egito incrédulo; e um registro da 
legislação da aliança. Da mesma forma, Jesus chamou para si um 
novo povo, demonstrando sua autoridade através de milagres e si-
nais, e outorgou seu ensinamento como o "novo mandamento" (Jo 
13.34) da nova aliança. Como um registro da vida e dos ensina-
mentos de Jesus, Marcos assume seu lugar na história da reden-
ção como um documento canônico do Novo Testamento. 
··--·--·----~ 
Ili. Ministério às regiões gentias (6.45-9.32) 
A. Visita a Genesaré (6.45-7.23) 
B. Ministério em Tiro, Sidom e Decápolis 
(7.24-8.9) 
C. Ministério às regiões de Cesaréia de Felipe 
(8.10-9.32) 
IV. Retorno a Cafarnaum; conclusão do ministério na 
Galiléia (9.33-50) 
V. Viagem final para a Judéia e Jerusalém (cap. 10) 
A. Ensinamento a caminho de Jerusalém (10.1-45) 
B. Uma cura em Jericó (10.46-52) 
VI. A paixão (caps. 11-15) 
A. Entrada triunfal em Jerusalém (11.1-11) 
B. Purificação do templo (11.12-26) 
C. Controvérsias no pátio do templo (11.27-12.44) 
D. Profecias no monte das Oliveiras (cap. 13) 
E. Ungido em Betânia (14.1-11) 
F. Refeição pascal em Jerusalém (14.12-31) 
G. Prisão e julgamento de Jesus ( 14.32-15.20) 
H. Morte e sepultamento de Jesus (15.21-47) 
VII. Aparições de Jesus ressurreto em Jerusalém 
(cap. 16) 
1147 MARCOS 1 
O BATISMO DE JESUS 
Me 1.9 
Há continuidade entre o batismo de João para o arrependimento (Me 1.4) e o batismo trirlitário instituído por Jesus (Mt 
28. 19l. Ambos eram simbolos de purificação e visavam à remissão de pecados (Me 1.4; At 2.38). Porém não eram idênticos. 
Os que foram batizados por João necessitavam também do batismo cristão (At 19.5). O batismo cristão é limsiílai de inicia-
ção que indica o relacionamento com Cristo, que já veio; o batismo de João foi um rito preparatório, significando preparação 
para a vinda de Cristo e seu juízo (Mt 3.7-12; Lc 3.7-18; At 19.4). 
Jesus insistiu com João, seu primo, que o batizasse, passando por cima dos protestos de João (Mt 3.13-15). Em seu papel 
de Messias, ·nascido sob a ler (GI 4.4), Jesus tinha de submeter-se a todas as exigências da lei de Deus para Israel e identifi-
car-se com aqueles cujos pecados ele tinha vindo carregar. Seu batismo anunciou que ele viera para tomar o lagft 'P8çador 
sujeito ao juízo de Detis. Nesse sentido é que ele foi batizado por João para "cumprir tode a justiça" (Mt 3;15; cf. Is 53.11 ). 
No batismo de Cristo houve uma manifestação da Trindade: o Pai falou do céu, e uma pomba desceu cOmó um sinal da unção 
do Espírito. A significação da pomba descendo e parrnanecendo não foi que Jesus estava sendo enchido com o Espfrito pela pri-
meira vez. porém significava que ele estava sendo marcado como Aquele que tinha o Espírito e que batizaria c0m o Espírito (Jo 
1.32-33) e, desse modo, estava inaugurando a era do Espírito, que foi o cumprimento das esperanças de Israel (Lc 4.1, 14, 18-21 ). 
} ªPrincípio do evangelho de Jesus Cristo, bfiJho de Deus. 
João Batista 
2 Conforme está escrito 1 na profecia de Isaías: 
e Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual 
preparará o teu caminho; 
3 dvoz do que clama no deserto: Preparai o caminho do 
Senhor, endireitai as suas veredas; 
4 e apareceu João Batista no deserto, pregando batismo de 
arrependimento 2 para remissão de pecados. S!Saíam a ter 
los de camelo; ele trazia um cinto de couro e se alimentava 
de gafanhotos e mel silvestre. 
João dá testemunho de Jesus 
7 E pregava, dizendo: h Após mim vem aquele que é mais 
poderoso do que eu, do qual não sou digno de, curvando-
me, desatar-lhe as correias das sandálias. 8 iEu vos tenho ba-
tizado com água; ele, porém, vos batizará icom o Espírito 
Santo. 
com ele toda a província da Judéia e todos os habitantes de O batismo de Jesus 
Jerusalém; e, confessando os seus pecados, eram batizados 9 'Naqueles dias, veio Jesus de Nazaré da Galiléia e por 
por ele no rio Jordão. ó g As vestes de João eram feitas de pê- João foi batizado no rio Jordão. to mLogo ao sair da água, viu 
• CAPITUL01 lªLc3.22bMt14.33 2CM13.1 ITReMnosprofetas Jdls40.3 4eMt3.12Quporcausadoperdão S/Mt3.5 
68Mt3.4 7hJ01.27 8iAt1.5;11.16ils44.3 91Mt3.13-17 tomMt3.16 
•1.1 Principio. Diferente de Mateus e Lucas. Marcos não contém uma narrativa 
do nascimento de Jesus. O "princípio" (cf. Gn 1.1; Jo 1.1) é identificado com o mi-
nistério de João Batista (cf. At 1.22) e com as profecias do Antigo Testamento, 
anunciando a vinda de João Batista. 
evangelho. Um termo de comunicado e correspondência política ou pessoal, 
que significa "boas novas". Os gregos usavam esta palavra para referir eventos 
tais como o nascimento de um imperador ou uma grande vitória militar. 
de Jesus Cristo. Esta frase pode ser entendida ou como "a respeito de Jesus 
Cristo". ou como "da parte de Jesus Cristo". O evangelho é "a respeito" de Jesus 
Cristo, mas é também "da parte" dele (Rm 1.9; 1Co 9.12; 2Co 10.14). O Evange-
lho de Marcos reivindica autoridade divina e se oferece como a palavra de Cristo 
através de seus apóstolos, à Igreja (cf. Ap 1.1). 
Filho de Deus. Marcos apresenta a Jesus. no começo do seu Evangelho, como 
o divino e eterno Filho. Ver notas em 13.32; 14.36; 15.39; cf. Rm 1.3. 
•1.2 está escrito. Colocando aqui esta citação do Antigo Testamento. Marcos 
procura mostrar o progresso orgânico da revelação sob o controle do divino Se-
nhor da história. Se o Antigo Testamento é o início e a fonte do evangelho, o evan-
gelho revelado através de Jesus Cristo é a interpretação final e inspirada do 
Antigo Testamento. 
na profecia. Ver nota textual. A citação é uma cadeia de textos (Êx 23.20; MI 
3.1; Is 40.3), referentes a mensageiros que Deus tem enviado como meio de pre-
paração. 
•1.4 João. As citações do Antigo Testamento colocam João Batista na 
pré-planejada história do trato de Deus com seu povo segundo a aliança. 
no deserto. A pregação de João, no deserto. lembra a Israel, simbolicamente, as 
suas origens na aliança celebrada no êxodo (cf. Jr 2.2). O deserto é o lugar tradici-
onal de encontro entre Deus e seu povo. 
batismo de arrependimento. A comunidade de Oumran, com a qual João pode 
ter tido contato em sua juventude, praticava rituais de purificações e batismos. 
Também os convertidos ao judaísmo eram batizados. A inovação de João foi exi-
gir um único batismo de israelitas que já estavam na comunidade da aliança. Para 
ele, o exigir um tal gesto de arrependimento radical é um sinal da chegada da 
nova aliança. Ver nota em Mt 3.6. 
para remissão de pecados. João, na verdade, não concede perdão de peca-
dos. O perdão definitivo de pecados pertence à aliança (Jr 31.34) que o Messias 
inaugurará. 
•1.5 toda ... todos. Isto é uma hipérbole (recurso literário que exagera). indican-
do que o povo da aliança foi a João numa grande multidão, sem dúvida como fa-
mílias inteiras (4.1; 6.44 e notas). 
•1.6 pêlos de camelo. As vestimentas e o alimento de João o identificam como 
um tipo clássico de profeta do Antigo Testamento (2Rs 1.8; Zc 13.4). 
•1.7 E pregava. A identidade daquele a quem João anuncia e diante de quem 
ele se sente indigno de ajoelhar-se é evidente nas profecias do Antigo Testamen-
to já citadas. É o "Senhor" que, "de repente, virá ao seu templo ... o Anjo da Alian-
ça", tendo sido precedido pelo "meu mensageiro" (MI 3.1 ). 
•1.8 Espírito Santo. A nova aliança traz renovação ao povo de Deus (Jr 
31.33-34; Ez 37 .14) através do Filho e do Espírito, que o Filho possui em medida 
plena (Is 42.1; 61.1 ). 
•1.9 Naqueles dias. De acordo com Jo 2.20, um dos primeirosatos de Jesus, 
que se seguiu ao seu batismo. teve lugar quando a reconstrução do templo esta-
va no seu quadragésimo sexto ano. Posto que Herodes começou a reconstrução 
no ano 19 a.e .. Jesus foi batizado por volta de 27 d.C. 
por João foi batizado. Jesus sabe que isto é parte do plano divino, para "cum-
prir toda justiça" (Mt 3.15). pelo qual, em sua humanidade, ele se identifica plena-
mente com a condição humana e começa o processo de levar os pecados da 
humanidade. Ver nota teológica "O Batismo de Jesus". 
•1.1 O Logo. Esta importante palavra (às vezes traduzida "imediatamente") é 
MARCOS 1 1148 
os céus rasgarem-se e o Espírito "descendo como pomba so-
bre ele. 11 Então, foi ouvida uma voz dos céus: ºTu és o meu 
Filho amado, em ti me comprazo. 
A tentação de Jesus 
12 PE logo o Espírito 3 o impeliu para o deserto, l3 onde 
permaneceu quarenta dias, sendo tentado por Satanás; estava 
com as feras, qmas os anjos o serviam. 
Jesus volta para a Galiléia 
14 'Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galiléia, 
5pregando o evangelho 4 de Deus, ts dizendo: 10 tempo está 
cumprido, e ºo reino de Deus está próximo; arrependei-vos e 
crede no evangelho. 
tamente as redes e o seguiram. 19 Pouco mais adiante, viu 
Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no 
barco consertando as redes. 20 E logo os chamou. Deixando 
eles no barco a seu pai Zebedeu com os empregados, segui-
ram após Jesus. 
A cura de um endemoninhado em Cafarnaum 
21 ªDepois, entraram em Cafarnaum, e, logo no sábaÜ(), 
foi ele bensinar na sinagoga. 22 e Maravilhavam-se da sua 
doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e 
não como os escribas. 23 Não tardou que aparecesse na sina-
goga um homem possesso de d espírito imundo, o qual bra-
dou: 24 eoue temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para 
perder-nos? Bem !sei quem és: 80 Santo de Deus! 2s Mas Je-
sus ho repreendeu, dizendo: 5 Cala-te e sai desse homem. 
A vocação de discípulos 26 Então, o espírito imundo, iagitando-o violentamente e 
16 vcaminhando junto ao mar da Galiléia, viu os irmãos bradando em alta voz, saiu dele. 27 Todos se admiraram, a 
Simão e André, que lançavam a rede ao mar, porque eram ponto de perguntarem entre si: 60ue vem a ser isto? Uma 
pescadores. 17 Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu vos fa- nova 7 doutrina! Com autoridade ele ordena aos espíritos 
rei xpescadores de homens. 18 Então, zeles deixaram imedia- imundos, e eles lhe obedecem! 28 Então, !correu célere a 
• n;t 10; 11 ºMt 31;,1218 12 PMt 4.1-11 3enviou-oparafora ~qM~-;-1-14 'Mt 4. ;;-;Mt 4.23 4Cf. NU; TR e M acres-
centam do reino; NU omite 1 S l[GI 4.4] u Mt3.2; 4.17 16 Vlc 5.2-11 17 XMt 13.47-48 18 z [Lc 14.26] 21 ª Lc 4.31-37 bMt 4.23 
22 e Mt 7.28-29; 13.54 23 d [Mt 12.43] 24 e Mt 8 28-29/Tg 2.19 g SI 16.10 25 h [Lc 4 39] 5 Lit Amordaça-te 26 i Me 9.20 
27 ô Cf. NU; TR e M Oue é isto? Oue nova doutrina é esta? Pois com autoridade ordena 7 ensino 28 /Mt 4.24; 9.31 
característica de Marcos !doze vezes no restante do Novo Testamento e quarenta e 
duas vezes em Marcos). A palavra sugere. talvez, não rapidez, mas a certeza e a 
inevitabilidade do soberano plano de Deus. recordando os caminhos direitos (a 
mesma raiz grega) divinamente preparados para a vinda de Jesus e seu ministério. 
Espírito descendo. A descida do Espírito é um sinal da Messianidade de Jesus lv. 
8, nota). No batismo de Jesus. como mais tarde no batismo cristão IMt 28.19). to-
das as três pessoas da Trindade estão envolvidas. A iniciativa do Pai, a obra vicária 
do Filho e glória e o poder capacitador do Espírito estão todos presentes 
•1.11 Tu és o meu filho amado. O mistério da pessoa de Jesus encontra ex-
pressão na divina declaração. Ele. a Segunda Pessoa da Trindade, é, ao mesmo 
tempo, o representante do crente, o verdadeiro e fiel "filho" de Israel (Êx 4 23). 
em quem o Pai se compraz e a quem o Pai reconhece como Filho, tanto no sentido 
pessoal como no sentido oficial (SI 2. 7; Is 42.1 J. Ver nota no v. 1. 
•1.12 o Espírito o impeliu. O verbo grego traduzido por "impelir" é forte e dá a 
idéia de necessidade divina e escriturística. O Espírito está impelindo Jesus para o 
"deserto", exatamente como Israel - chamado "filho" (Êx 4 23) e batizado em 
Moisés no mar (1Co 10.2; cf. Êx 14.13-31 J - foi conduzido pelo Espírito nas colu-
nas de nuvem e fogo (Êx 14 19-20). ao longo do caminho da provação. no deserto. 
•1.13 quarenta dias. Possivelmente uma referência simbólica aos quarenta 
anos da experiência de Israel, no deserto IDt 1.3; cf. v. 12. nota). 
feras. Este detalhe dá ênfase ao fato de que o deserto é um lugar de maldição, 
onde o diabo manda IMt 12.43; cf. Ef 2.2). Jesus entra neste domínio e amarra o 
valente !ver nota em 3.23-27). Esta é uma espécie de reconstituição da prova a 
que Adão foi submetido. Ainda que Adão tenha sido provado num jardim e não te-
nha sido ameaçado por feras, ele sucumbiu à tentação de Satanás. No deserto, 
Jesus, o segundo Adão, começa a derrotar Satanás e inicia sua obra de reden-
ção, sendo aprovado no teste de obediência filial. 
mas os anjos o serviam. An1os acompanharam Israel no deserto (Êx 14.19; 
23.20; 32.34; 33.2). A experiência de Jesus no deserto é um tipo da que o cristão 
tem no mundo, que é experimentada por causa do domínio de Satanás (Ef 6.12). 
Ver nota em 10.30. 
•1.14 Depois de João ... para a Galiléia. Alega-se freqüentemente que a cro-
nologia dos três Evangelhos Sinóticos é irreconciliável com a de João, por três 
principais razões: 
(ai a purificação do templo é colocada em d~erentes períodos do ministério de 
Jesus (11.15. nota); 
(b) nos Evangelhos Sinóticos. Jesus vai a Jerusalém só uma vez, na última se-
mana do seu ministério. enquanto no de João ele esteve Já cinco vezes; 
lei em João, Jesus tem o seu primeiro ministério na Judéia ao mesmo tempo 
que João Batista (Jo 3.22-24). enquanto nos Sinóticos Jesus começa o seu minis-
tério na Galiléia. Contudo. ao dizer que um ministério na Galiléia começa só depois 
que João Batista é preso. Marcos não está negando que houve um ministério ante-
rior na Judéia; esse ministério simplesmente não faz parte de sua narrativa. 
•1.15 O tempo está cumprido. Os tempos passados. especialmente os atos 
de salvação de Deus em favor de seu povo Israel. atingiram seu clímax no atual 
tempo de salvação, através de Jesus. 
o reino de Deus está próximo. O reino de Deus é aquele estado final de acon-
tecimentos onde o supremo reinado de Deus é plenamente reconhecido sobre o 
universo transformado. e nos corações do seu povo redimido e glorificado. Este 
reino "está próximo" no sentido de que a vinda de Jesus põe em movimento tudo 
aquilo que contribui para a sua realização. Deus exige arrependimento e crença 
como respostas a estas novas. Ver nota no v. 4. 
•1.16 mar da Galiléia. É um lago interior de aproximadamente 21 km de com-
primento por treze de largura. É conhecido no Novo Testamento como Lago de 
Genesaré (Lc 5.1) ou mar de Tiberíades (Jo 5.1). 
•1.17 Vinde após mim ... pescadores de homens. Marcos, imediatamente. 
mostra Jesus chamando discípulos para segui-lo e chamarem outros para ele. 
Este primeiro ministério estabelecido na Igreja nascente tem como seu objetivo 
principal buscar os perdidos. Esta ênfase sobre a evangelização foi bem percebida 
por Paulo, que disse "Ai de mim se não pregar o evangelho" (1 Co 9.16) 
•1.19 Tiago ... João. Note-se que Jesus não recruta seus apóstolos e "pesca-
dores de homens" dentre os da cúpula religiosa, mas dentre as pessoas simples. 
de atividades comuns. 
•1.20 empregados. Este pormenor sugere um pequeno e próspero negócio. 
•1.22 como quem tem autoridade. O ensino de Jesus é diferente do ensino 
dos escribas, porque está ligado à sua pessoa 12.10) e à sua interpretação das 
Escrituras 112 35-40) Seu conteúdo é novo, anunciando a vinda do reino (v. 15) e 
a derrota de Satanás (v 27) 
•1.24 Que temosnós contigo. Esta expressão distancia a pessoa que fala da-
quela a quem se dirige. Ocorre em outro lugar no Novo Testamento (Jo 2.4). 
Nazareno, Nazaré ficava ao ocidente do mar da Galiléia e era a cidade natal de 
Jesus. 
Santo de Deus. Jesus é descrito deste modo só neste incidente (Lc 4.34). Os 
demônios tremem na presença da santidade divina. 
•1.25 Cala-te. Esta forte expressão dá ênfase ao poder de Jesus para estabele-
cer o seu reino em face da presença do mal. 
1149 MARCOS 1, 2 
fama de Jesus em todas as direções, por toda a circunvizi-
nhança da Galiléia. 
A cura da sogra de Pedro 
29 1E, saindo eles da sinagoga, foram, com Tiago e João, di-
retamente para a casa de Simão e André. 30 A sogra de Simão 
achava-se acamada, com febre; e logo lhe falaram a respeito 
dela. 31 Então, aproximando-se, tomou-a pela mão; e a febre a 
deixou, passando ela a servi-los. 
Muitas outras curas 
32 mA tarde, ao cair do sol, trouxeram a Jesus todos os en-
fermos e endemoninhados. 33 Toda a cidade estava reunida à 
porta. 34 E ele curou muitos doentes de toda sorte de enfer-
midades; também nexpeliu muitos demônios, ºnão lhes per-
mitindo que falassem, porque sabiam quem ele era. 
Jesus se retira para orar 
35 PTendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para um 
lugar deserto e ali q orava. 36 Procuravam-no diligentemente 
Simão e os que com ele estavam. 37Tendo-o encontrado, lhe 
disseram: 'Todos 5 te buscam. 38 Jesus, porém, lhes disse: 1Va-
mos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de que eu 
pregue também ali, pois ªpara isso é que eu vim. 39 vEntão, 
foi por toda a Galiléia, pregando nas sinagogas deles e xexpe-
lindo os demônios. 
Se quiseres, podes purificar-me. 41 Jesus, profundamente 
ªcompadecido, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero, 
fica limpo! 42 bNo mesmo instante, lhe desapareceu a lepra, e 
ficou limpo. 43 Fazendo-lhe, então, veemente advertência, 
logo o despediu 44 e lhe disse: Oiha, não digas nada a ninguém; 
mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação 
co que Moisés determinou, para servir de testemunho ao 
povo. 45 d Mas, tendo ele saído, entrou a propalar muitas coisas 
e a divulgar a noticia, a ponto de não mais poder Jesus entrar 
publicamente em qualquer cidade, mas permanecia fora, em 
lugares ermos; •e de toda parte vinham ter com ele. 
A cura de um paralítico em Cajamaum 
2 Dias depois, ªentrou Jesus de novo em Cafarnaum, e logo correu que ele estava em casa. 2 / Muitos afluíram 
para ali, tantos que nem mesmo junto à porta eles achavam 
lugar; e anunciava-lhes a palavra. 3 Alguns foram ter com ele, 
conduzindo um bparalítico, levado por quatro homens. 4 E, 
não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, des-
cobriram o eirado no ponto correspondente ao em que ele es-
tava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jaiia o 
doente. s Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os 
teus pecados estão perdoados. 6 Mas alguns dos escribas es-
tavam assentados ali e arrazoavam em seu coração: 7 Por 
que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! couem pode per-
doar pecados, senão um, que é Deus? 8 E Jesus, percebendo 
logo por seu espírito que eles assim arraioavam, disse-lhes: 
A cura de um leproso Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração? 
40 z Aproximou-se dele um leproso rogando-lhe, de joeihos: 9 d Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os 
• 29 ILc 4.38-39 32 mMt 8.16-17 34 nMt 9.33; Lc 13.32 ºMe 3.12; Lc 4.41; At 16.17-18 35 Plc 4.42-43 QMt 26.39,44; Me 6.46; Lc 
5.16; 6.12; 9.28-29; Hb 5.7 37 r Mt 4.25; Jo 3.26; 12.19 s [Hb 11.6] 38 t Lc 4.43 u [Is 61.1-2; Me 10.45; Jo 16.28; 17.4,8] 39 v SI 
22.22; Mt 4.23; 9.35; Me 1.21; 3.1; Lc 4.44 x Me 5.8, 13; 7.29-30 40 ZMt 8.2-4; Lc 5.12-14 41 ª Lc 7.13 42 b Mt 15.28; Me 5.29 
44Clv14.1-32 45 dMt 28.15; Lc 5.15 e Me 2.2,13; 3.7; Lc 5.17; Jo 6.2 
CAPITULO 2 1 a Mt 9.1 2 1 Cf. NU; TR e M acrescentam imediatamente; NU omite 3 b Mt 4.24; 8.6; At 8.7; 9.33 7 e Jó 14.4; Is 
43.25; Dn 9.9 9 dMt 9.5 
•1.29 Tiago e João. Ver v. 19. 
•1.30 A sogra de Simão. Pedro era casado (ver também 1 Co 9.5). mostrando 
que o casamento é normal entre os líderes cristãos. Ao mesmo tempo, o celibato 
permanece como uma possibilidade legítima (Mt 19.12; 1Co 7.7-8,32). 
•1.32 ao cair do sol. Jesus já tinha curado no dia de sábado (v. 25). Nesta oca-
sião, o povo esperava ainda o pôr-do-sol, quando o sábado terminava, para levar 
seus doentes a Jesus. 
•1.34 muitos demônios. A quantidade de possessão demoníaca na população 
judaica da Galiléia (v. 32, nota) é surpreendente, ainda que a influência pagã ou 
gentílica, na Galiléia, não deva ser esquecida. 
não lhes permitindo que falassem. Este é o primeiro exemplo daquilo que tem 
sido chamado o "segredo Messiânico" (v. 43; 3.12; 4.10-11; 5.19; 8.30; 9.9). A 
revelação de Jesus como o Messias tinha de começar discretamente e avançar 
por estágios, de modo que o plano de Deus, para a morte de seu servo, não fosse 
comprometido por qualquer excesso de entusiasmo popular. 
•1.35 lugar deserto. Lit., "lugar desabitado", onde Jesus trava sua luta espiritu-
al (v. 12; cf. v. 3) e que é também, como o antigo Israel, um tipo da presente cami-
nhada cristã (1Co 10.1-11; Hb 13.12-13). 
•1.38 para isso é que eu vim. Jesus ~firma seu programa de pregação evan-
gelística com firme clareza. Em Lc 19.1 O, ele diz: "porque o Filho do Homem veio 
buscar e salvar o perdido". E assim ele se move, percorrendo a Galiléia várias ve-
zes (v. 39; 6.6; Lc 8.1 ). 
•1.40 um leproso. Sob a lei mosaica, certas doenças de pele tornavam a pes-
soa cerimonialmente impura, excluindo-a do convívio da sociedade (Lv 13.46). 
•1.43 veemente advertência. Ver nota no v. 34. O verbo grego expressa pro-
funda emoção, como no caso de Jesus diante do túmulo de Lázaro (Jo 11.33,38). 
•1.44 servir de testemunho. Jesus respeita a lei mosaica como o grande 
sumo sacerdote de outra linhagem (Hb 7.11-8.13). mas não está preso e nem 
limitado por ela. Ainda que tocar um leproso fosse uma violação às leis da pureza 
ritual (Lv 5.3). Jesus o tocou quando o curou. 
•1.45 entrou a propalar muitas coisas. Este não é o tempo para a proclama-
ção desenfreada (v. 34, nota), ainda que devesse chegar o tempo, na história da 
redenção (depois da ressurreição). quando a pregação aberta seria adequada (Mt 
10.27; Lc 12 2-3). 
•2.1 casa. Jesus era de Nazaré, cerca de 32 km de distância, e a casa de Simão 
Pedro (1.29) podia estar servindo como morada em Cafarnaum, uma cidade mais 
centralmente localizada e com direto acesso ao mar da Galiléia. 
•2.4 descobriram o eirado. As casas tinham o teto plano feito de ramos e bar-
ro seco, sustentado por vigas de madeira. 
•2.5 os teus pecados estão perdoados. A resposta de Jesus é extraordiná-
ria por duas razões: primeiro, o homem tinha vindo em busca de cura física, mas 
Jesus lhe fala a respeito da doença mais profunda do pecado. da qual geral-
mente a doença física é conseqüência, e a respeito da cura radical do perdão, 
da qual esta cura física específica era um sinal. Segundo, Jesus reivindica para 
si o poder de perdoar pecados que, em toda a Bíblia, é atribuído só a Deus (Êx 
34.7; Is 1.18). Os mestres da lei, imediatamente, acusaram a Jesus de "blasfê-
mias" (v. 7; 3.29, nota). no que estariam certos se Jesus fosse um mero ho-
mem. 
•2.9 Oual é mais fácil. Jesus pede aos escribas que reconsiderem o seu julga-
mento à luz do seu poder de curar (cf. Jo 5.36; 10.25,38). poder que, em última 
análise. é poder divino (SI 41.1; Jr 3.22; Os 14.4). 
MARCOS 2 1150 
teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda? 
to Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a 
terra 2 autoridade para perdoar pecados - disse ao paralítico: 
11 Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua 
casa. 12 Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando 
o Jeito, retirou-se à vistade todos, a ponto de se admirarem to-
dos e e darem glória a Deus, dizendo: Jamais vimos coisa assim! 
A vocação de Levi 
13/De novo, saiu Jesus para junto do mar, e toda a multi-
dão vinha ao seu encontro, e ele os ensinava. 14 gOuando ia 
passando, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria e 
disse-lhe: hSegue-me! Ele se levantou e io seguiu. 
Jesus come com pecadores 
Do jejum 
18 Ora, mos discípulos de João e os fariseus estavam je-
juando. Vieram alguns e lhe perguntaram: Por que motivo 
jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus 
discípulos não jejuam? 19 Respondeu-lhes Jesus: Podem, por-
ventura, jejuar os 5 convidados para o casamento, enquanto o 
noivo está com eles? Durante o tempo em que estiver presen-
te o noivo, não podem jejuar. 20 Dias virão, contudo, em que 
lhes será ntirado o noivo; e, nesse tempo, jejuarão. 21 Nin-
guém costura remendo de pano novo em veste velha; porque 
o remendo novo tira parte da veste velha, e fica maior a rotu-
ra. 22 Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrá-
rio, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como 
os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos. 
15 i Achando-se Jesus à mesa na casa de Levi, estavam jun- Jesus é senhor do sábado 
tamente com ele e com seus discípulos muitos publicanos e 23 ºOra, aconteceu atravessar Jesus, em dia de sábado, as 
pecadores; porque estes eram em grande número e também searas, e os discípulos, ao passarem, Pcolhiam espigas. 
o seguiam. 16 Os escribas 3dos fariseus, vendo-o comer em 24 Advertiram-no os fariseus: Vê! Por que fazem o que qnão é 
companhia dos pecadores e publicanos, perguntavam aos dis- lícito aos sábados? 25 Mas ele lhes respondeu: Nunca lestes 'o 
cípulos dele: Por que come [e bebe] ele com os publicanos e que fez Davi, quando se viu em necessidade e teve fome, ele 
pecadores? 17 Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: 10s e os seus companheiros? 26 Como entrou na Casa de Deus, 
sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim cha- no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da pro-
mar justos, e sim pecadores.4 posição, 5 os quais não é lícito comer, senão aos sacerdotes, e 
• 10 ;P~~~r -- 12~~t1531:-[F~--;-11 13fMt ~~ ~~Mt 99-13; Lc-;-27~32 hMt 4 19: 822; 1921, ~-;43; ~226; 21 2;'Lc 1~2~---~ 
15 i Mt 9.10 16 3 Cf. NU; TA e Me; NU omite 171Mt912-13; 18.11; Lc 5.31-32; 19.10 4 Cf. NU; TA e M acrescentam para 
arrependimento, NU omite )B mMt 9.14-17; Lc 5.33-38 19 5Ljt.filhos do quarto nupcial 20 nAt 1.9; 13.2-3; 14.23 23ªMt12.1-8; 
Lc6.1-5PDt23.25 24QEx20.10;3115 25'1Sm21.1-6 26Slv245-9 
•2.10 Filho do Homem. Jesus empregou esta frase regularmente para designar-
se a si mesmo, associando-se, no seu ministério, com o "filho do Homem" celes-
tial, de Dn 7.13-14 (v 28; 8.31; 9.31; 10.33,45; 13.26). Ver nota em Mt 820. 
•2.14 Levi. filho de AHeu. Na narrativa paralela de Mt 9.9-13, esta pessoa é 
chamada Mateus. Uma vez que Mateus aparece na lista de apóstolos de Marcos 
(3.18) - e não há menção de Levi - parece-nos que Levi tinha por sobrenome 
Mateus e era por esse nome que foi mais conhecido na Igreja Primitiva. 
coletoria. As cabinas de coletor ficavam nas estradas, pontes e canais para cobrar 
tributos e à beira dos lagos para impostos sobre o pescado. Ver nota em Lc 3.12. 
Ele se levantou. A exigência radical do chamado de Jesus e a incondicional obe-
diência daquele que ouve são mostradas de maneira relevante ao leitor. 
•2.15 estavam juntamente com ele. O contato com os pecadores faria de Je-
sus também um pecador, uma vez que os regulamentos rabínicos proibiam espe-
cificamente uma tal comunhão à mesa. Por outro lado, os "pecadores" veriam 
nisto um gesto de amizade e aceitação 114 20, nota) 
pecadores. Um termo de desdém usado pelos fariseus para todos os judeus que 
não seguiam suas tradições de pureza legal. 
•2.16 fariseus. Descendentes teológicos dos Hasidim - um movimento de de-
voção, cultura e lealdade à lei de Moisés do século li a.C., contra a influência gre-
ga pagã. Nos tempos de Jesus, a estrita observância da lei - especialmente a 
pureza ritual - era regulada por um conjunto de ensinos éticos conhecidos como 
"a tradição dos anciãos" (7.3). desenvolvidos pelos rabinos como uma aplicação 
da lei a situações específicas A dificuldade de conhecimento desta tradição e to-
das suas muitas interpretações sutis, criaram uma lacuna social e religiosa entre 
uma elite hipócrita - "os 1ustos" - e a população geral, os "pecadores". 
•2.17 respondeu-lhes ... não vim chamar. Notemos a enfática declaração de 
prioridade da sua missão (cf. 1.38). Nas palavras de Jesus, há tanto verdade 
quanto ironia severa. Os publicanos (coletores de impostos). as prostitutas e ou-
tros semelhantes são espiritualmente "doentes", mas Jesus não pretende que os 
fariseus pensem em si mesmos como "sãos" (cf. Lc 18.9-14). Jesus põe abaixo 
as categorias artificiais de toda religião legalista, baseada na justiça própria. 
Como o Antigo Testamento (SI 14.1-3), Jesus ensina que todos são pecadores 
(71-8) e que a justiça é o primeiro e mais importante dom de Deus para os peca-
dores arrependidos (SI 51.1-18; Lc 19.9; Rm 3.22) 
•2.18 jejuando. A lei Mosaica exigia só um jejum por ano, no Dia da Expiação (Lv 
16.29-31; cf. At 27.9, que o chama de "Dia do Jejum"). Não obstante, como um 
sinal de contrição e penitência e associado à oração, o jejum era uma parte da 
piedade, no Antigo Testamento, desde o tempo dos juízes (Jz 20.26; 1 As 21.27) 
e, muitas vezes, tornava-se um ritual vazio (Is 58.3). Os fariseus e seus seguido-
res, aparentemente, jejuavam duas vezes por semana (Lc 18.12). Uma vez que a 
mensagem de João Batista centrava-se no arrependimento (Mt 3.11). o jejum 
era apropriado para os discípulos dele. Jesus, porém, cuja própria mensagem in-
cluía o arrependimento, não insistiu sobre o jejum. 
•2. 19 Respondeu-lhes Jesus. A razão oferecida por Jesus destaca-o de tudo 
aquilo que era antes, porque o "noivo"" agora chegou e o "novo" (vs. 21-22) está 
presente. Ao comparar-se com o "noivo", Jesus afrrma a presença do reino como 
um tempo de celebração, como as bodas. Jesus come e bebe com publicanos e 
pecadores, trazendo alegria e salvação a eles (Lc 19 6,9). 
•2.20 jejuarão. Para Jesus a presente celebração é provisória (v. 19), pois ele 
tem que sofrer e morrer, e "lhes será tirado o noivo" (ver f\t 13.2; 1413). 
•2.21-22 As figuras da veste nova e dos odres velhos continuam a dar ênfase à 
nova situação criada pela vinda do reino e de seu Rei, e procuram mostrar, através 
desses símbolos da ação insensata, a impropriedade do jejum nesta nova s·1tuação. 
•2.23 dia de sábado. O problema com o raciocínio legalista de certos fariseus é 
ilustrado neste incidente. Os discípulos não estavam furtando nem trabalhando no 
campo (Ot 23.25). Seus acusadores consideraram mesmo o "'colher espigas" (para 
alimentar-se) como ceifa, o que era proibido pela lei no dia de sábado (Êx 34.21) 
•2.25 ele lhes respondeu: Nunca lestes. A pergunta de Jesus sugere uma 
crítica irônica ao conhecimento que os fariseus tinham das Escrituras (Jo 3.1 O; 
5.39,47). Jesus não se justifica deixando as Escrituras de lado, mas revela conhe-
cer sua profundidade e sua adequada aplicação às necessidades humanas. 
Davi. Executando uma missão divina (1 Sm 21.5) como ungido do Senhor, Davi 
comeu o pão consagrado, normalmente reservado aos sacerdotes. Cristo, como 
Filho de Davi, permite a seus discípulos satisfazerem suas necessidades físicas, 
de modo a poderem continuar sua missão de redenção, uma obra que é sempre 
lícita realizar. 
•2.26 Abiatar. De acordo com 1 Sm 21.1-6, foi Aimeleque. pai de Abiatar, que deu 
1151 MARCOS 2, 3 
deu também aos que estavam com ele? 27 E acrescentou: O 
sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem 
por causa do 1sábado; 28 de sorte que "o Filho do Homem é 
senhor também do sábado. 
O homem da mão ressequida3 De novo, ªentrou Jesus na sinagoga e estava ali um ho-mem que tinha ressequida uma das mãos. 2 E bestavam 
observando a Jesus para ver se o e curaria em dia de sábado, a 
fim de 1 o acusarem. 3 E disse Jesus ao homem da mão resse-
quida: 2Vem para o meio! 4 Então, lhes perguntou: É lícito 
nos sábados fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá-
la? Mas eles ficaram em silêncio. 5 Olhando-os ao redor, in-
dignado e condoído com da dureza do seu coração, disse ao 
homem: Estende a mão. Estendeu-a, e a mão lhe foi restaura-
da. 3 6 e Retirando-se os fariseus, conspiravam logo com / os 
herodianos, contra ele, em como lhe tirariam a vida. 
jesus se retira. A cura de muitos à beira-mar 
7 Retirou-se Jesus com os seus discípulos para os lados do 
mendou a seus discípulos que sempre lhe tivessem pronto 
um barquinho, por causa da multidão, a fim de não o compri-
mirem. 10 Pois curava 'a muitos, de modo que todos os que 
padeciam de qualquer enfermidade se arrojavam a ele para io 
tocar. 11 1Também os espíritos imundos, quando o viam, 
prostravam-se diante dele e exclamavam: mTu és o Filho de 
Deus! 12 Mas nJesus lhes advertia severamente que o não ex-
pusessem à publicidade. 
A escolha dos doze apóstolos. Os seus nomes 
13 ºDepois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo 
quis, e vieram para junto dele. 14 Então, designou doze 4 para 
estarem com ele e para os enviar a pregar 15 e a exercer a 5 au-
toridade 6de expelir demônios. 16 7Eis os doze que designou: 
PSimão, a quem acrescentou o nome de Pedro; 17Tiago, filho 
de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais deu o nome de Boa-
nerges, que quer dizer: filhos do trovão; 18 André, Filipe, Bar-
tolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, 
o Zelote, 19 e Judas Iscariotes, que foi quem o traiu. 
mar. Seguia-o da Galiléia uma grande multidão. gTambém da A blasfêmia dos escribas 
Judéia, B de Jerusalém, da Iduméia, dalém do Jordão e dos ar- 20 Então, ele foi para casa. Não obstante, a multidão 
redores de Tiro e de Sidom uma grande multidão, sabendo afluiu de novo, qde tal modo que nem podiam comer. 21 E, 
hquantas coisas Jesus fazia, veio ter com ele. 9 Então, reco- quando 'os parentes de Jesus ouviram isto, saíram para o 
e~2;1Dt5~- 28UMt128--~-~~~--~ --~- ~~-~- - ~-~-~ ~-~- ~ ~~-~~~ 
CAPÍTULO 3 1 ªLc 6.6-11 2 bLc 14.1; 20.20 cLc 13.14 ltrazeremacusaç6es contra ele 3 2Lit.Levanta para o meio 5 dZc 7.12 3Cf. 
NU; TR e M acrescentam são como a outra, NU omite 6 e Me 12.13 /Mt 22.16 7 8Lc 6.17 8 h Me 5.19 10 iLc 7.21iMt9.21; 14.36 
11 ILc 4.41 mMt 8.29; 14.33 12 n Me 1.25.34 13 o Lc 9.1 14 4NU acrescenta a quem ele também chamou apóstolos 15 5 poder 
6 Cf. NU; TR e M acrescentam para curar enfermidades e, NU omite 16 P Jo 1.42 1 Cf. NU; TR e M omitem Eis os doze que designou 
20 qMc 6.31 21'Me6.3 
a Davi pão consagrado. Contudo, Abiatar certamente estava vivo e, talvez. pre-
sente quando ocorreu o incidente referido. Portanto. "no tempo do sumo sacerdo-
te Abiatar" é frase rigorosamente certa. É provável que Jesus tenha referido a 
Abiatar porque ele era bem conhecido como um dos principais defensores de 
Davi. 
•2.28 senhor ... do sábado. Outra vez (cf. v. 1 O) Jesus declara sua autoridade 
como Filho do Homem que traz bênçãos, esta vez como Mediador da lei do Anti-
go Testamento referente ao sábado. Esta reivindicação é feita contra tradiçõ~s 
que tinham tornado em peso o quarto mandamento que é estimulador da vida (Ex 
20.8-11) Desde que o sábado foi instituído na criação e não apenas sob Moisés, 
o senhor do sábado é também Senhor da criação. 
•3.1 ressequida uma das mãos. Esta não era uma doença de vida ou morte, 
cuja cura era permitida no dia de sábado, segundo as regras dos fariseus (v. 4, 
nota). A ação de Jesus pareceria uma provocação deliberada tanto quanto um 
ato de misericórdia. 
•3.2 estavam observando a Jesus. Os fariseus (v. 6) fizeram da ação de Je-
sus uma prova, como evidentemente Jesus queria que eles fizessem. 
•3.4 É lícito. Jesus antecipa a crítica deles. reiterando o ensino a respeito dosá-
bado, ensino que ele começou em 2.25-28. Os fariseus sustentavam que só a 
ajuda essencial ao doente era lícita no sábado. Jesus mostra que a interpretação 
deles era contra o espírito do mandamento. que existia para promover o "bem" 
(2.27). O bem que Jesus faz, trazendo a redenção, é exigido -e não proibido-
pela lei divina. 
•3.6 herodianos. Um grupo político. não religioso. que apoiava a dinastia de He-
rodes. Apoiavam a aliança com Roma e dependiam dela. Ao colaborarem com os 
herodianos, os fariseus tinham se afastado para bem longe do ideal do Antigo 
Testamento para o povo de Deus (cf. Dt 17.15). Para mais informações sobre essa 
conspiração, ver Me 8.15; 12.13. 
•3.8 grande multidão. A frase é repetida duas vezes (vs 8-9). O ministério pú-
blico de Jesus, apesar da oposição da elite governante, (v. 6). está se tornando 
um movimento de massa. Jesus é tão pressionado pela multidão que precisa re-
fugiar-se num pequeno barco (v 9). O povo, de toda parte, vem à Galiléia para 
ouvir a Jesus. 
•3.11 quando o viam. Ainda que as multidões sejam constituídas de judeus (cf. 
7.26-29). Jesus está se defrontando constantemente com pessoas possuídas 
por espíritos malignos. Na presença de Jesus, a verdadeira natureza do combate 
torna-se evidente (Ef 6.12). Os demônios são desmascarados e revelam a verda-
deira identidade de Jesus, o Filho de Deus (1.1, 1539. notas). 
•3.12 advertia severamente. Ver 1.34,43. 
•3.13 os que ele mesmo quis. Marcos dá ênfase ao fato de que a escolha dos 
apóstolos tem origem no determinado propósito de Jesus. 
•3.14 designou doze. Num tal contexto, a significação do número "doze" dificil-
mente pode passar despercebida. Jesus estava estabelecendo a constituição do 
novo Israel (Mt 19 28). Ver "Os Apóstolos", em At 1.26. 
para estarem com ele. Um sinal que aponta para a singularidade dos "doze" é o 
tempo que eles passam com o Jesus terreno, um tempo de preparação. 
pregar. Outra vez (1.14, 17) é prioridade da missão a pregação, juntamente com 
o exorcismo. O tempo de preparação tem um ênfase marcantemente prática. 
•3.18 Tadeu. Marcos e Mt 10.2-4 listam nomes idênticos para os doze. A lista 
paralela de Lc 6.12-16 (cf. At 1.13) tinha "Judas" ao invés de "Tadeu" Uma pos-
sível explicação desta diferença é que Tadeu pode ter tido um segundo nome, 
Judas. 
Zelote. Ver nota em Mt 10.4. 
•3.19 lscariotes. Alguns crêem que Judas era um revolucionário político, por-
que "lscariotes" pode ter sido uma derivação do latim sicarius, "assassinos" 
Mais provavelmente, no entanto, a palavra deve ter uma origem semítica -ish. 
que significa "homem (de)" e Queriote. uma cidade, em Israel, perto de Hebrom 
(Js 15.25). 
•3.21 parentes de Jesus. Alguns intérpretes identificam estes como a família 
de Jesus; outros propõem companheiros ou amigos. Contudo, o grupo está pos-
sivelmente identificado no v. 31, como "seus irmãos e sua mãe" 
l 
MARCOS 3 1152 
O PECADO IMPERDOÁVEL 
Mc3.29 
A solene advertência de Jesus a respeito de um pecado que nãO será perdoado, nem neste mundo nem no vindouro, é re-
gistrada pelos três Evangelhos Sinóticos (Mt 12.31-32; Me 3.28-30; lc 12.1 O). Especificamente, esse pecado é a "blasfêmia 
contra o Espírito Santo". Essa blasfêmia é um ato consumado pela palavra, entendida como L!fll'&>fPressão dos penn~os 
do coração (Mt 12.33-37; cf. Rm 10.9-10). No contexto específico, os opositores de Jesus estavam dizendo que o.Poder que 
estava operando boas obras entre eles não era Deus, mas o diabo. Jesus faz distinção entre essa blasfêmia e outros pecados, 
tanto pecados da língua como outros pecados em geral. Como a Bíblia ensina, Deus perdoou pecados de incesto, assassi-
natos, mentira e, mesmo, os pecados de Paulo como perseguidor da Igreja, pecados que Paulo cometeu quando respirava 
"ameaças e morte contra os discípulos do Senhor" (At 9.1 ). 
O que tomadiferente dos outros o pecado imperdoável é a sua relação com o Espírito Santo. A obra do Espirita Santo é ilu-
minar a mente dos pecadores (Ef 1.17-18), revelar e ensinar o evangelho (Jo 14.26), persuadir as almas a arrepender-se e a 
crer na verdade (cf. At 7.51 ). O Espírito não só explica a Palavra de Deus, mas também abre a mente do modo que ela possa 
ser entendida (2Co 3.16-17). Quando a influência do Espírito é deliberada e conscientemente recusada, em oposição à luz, en-
tão o pecado irreversível pode ser cometido como um ato voluntário e deliberado de malícia. Em resposta a essa atitude, há 
um endurecimento do coração, vindo da parte de Deus, que impede o arrependimento e a fé (Hb 3.12-13). Nesse caso, Deus 
permite que a decisão da vontade humana seja permanente. Deus não faz isto levianamente e sem causa, mas em resposta a 
um ultraje cometido contra seu amor. 
Uma pessoa que quer arrepender-se, isto é, que quer desfazer-se dos pecados que tenha cometido, não sofreu esse endu-
recimento e não cometeu o profundo ato de ódio que Deus determinou não será perdoado. Qualquer pessoa que nasceu de 
novo não cometerá esse pecado, porque o Espírito vive nela e Deus não está dividido contra si mesmo (1Jo 3.9). 
Os outros versículos que tratam do pecado imperdoável são Hb 6.4-6; 10.26-29; 1 Jo 5.16-17. Esses versículos mostram 
que a possibilidade de esse pecado ser cometido depende de ter havido iluminação e entendimento específicos da parte de 
Deus e que isso não é matéria comum de todo dia. Jesus disse que todos os "pecados" e "blasfêmias" serão perdoados, ex-
ceto esse um pecado. 
prender; 5 porque diziam: Está fora de si. 22 Os escribas, que 
haviam descido de Jerusalém, diziam: 1Ele está possesso de 
Belzebu. E: É pelo "maioral dos demônios que expele os de-
mônios. 23 vEntão, convocando-os Jesus, lhes disse, por 
rito Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de 
pecado eterno. 30 Isto, porque ªdiziam: Está possesso de um 
espírito imundo. 
meio de parábolas: Como pode Satanás expelir a Satanás? Afamília de jesus 
24 Se um reino estiver dividido contra si mesmo, tal reino 31 bNisto, chegaram sua mãe e seus irmãos e, tendo fica-
não pode subsistir; 25 se uma casa estiver dividida contra si do do lado de fora, mandaram chamá-lo. 32 Muita gente es-
mesma, tal casa não poderá subsistir. 26 Se, pois, Satanás se tava assentada ao redor dele e lhe disseram: Olha, tua mãe, 
levantou contra si mesmo e está dividido, não pode subsis- teus irmãos 8e irmãs estão lá fora à tua procura. 33 Então, 
tir, mas perece. 27 xNinguém pode entrar na casa do valente ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus ir-
para roubar-lhe os bens, sem primeiro amarrá-lo; e só então mãos? 34 E, correndo o olhar pelos que estavam assentados 
lhe saqueará a casa. 28 zEm verdade vos digo que tudo será ao redor, disse: Eis minha mãe e meus irmãos. 35 Portanto, 
perdoado aos filhos dos homens: os pecados e as blasfêmias qualquer que fizer ca vontade de Deus, esse é meu irmão, 
que proferirem. 29 Mas aquele que blasfemar contra o Espf- irmã e mãe . 
• SJo?.5;10.20 221Mt9.34;10.25U[Jo12.31;14.30;16.11] 23VMt12.25-29 27X[ls49.24-25] 28Zlc12.10 30•Mt9.34 
31 b Mt 12.46-50 32 8 Cf. NU e M; TR omite e (tuas) irmãs 35 e Ef 6.6 
Está fora de si. A frase expressa uma atitude de descrença para com Jesus da 
parte daqueles que, humanamente, estavam mais próximos dele. 
•3.22 Belzebu. O termo grego beelzeboul, o deus de Ecrom (2Rs 1.2; Mt 10.25, 
nota). Os fariseus usam esta palavra como um nome para Satanás e acusam Je-
sus de expulsar demônios pelo poder de Satanás. 
•3.23-27 parábolas. Ver nota em 4.2. Esta parábola ilustra a declaração de 
Jesus de que o reino 1á chegou (Mt 12.28), porque um mais forte do que o "va-
lente" está presente e é capaz de amarrar Satanás e livrar o povo de seus domí-
nios. 
•3.29 bl,!lsfemar contra o Espírito Santo. Para várias formas de blasfêmias, 
ver 2.7; Ex 22.28; Lv 24.10-16; Ez 35.12-13; Jo 10.33-36; At 6.11. A blasfêmia 
imperdoável especificada aqui é o ato de associar, deliberadamente, o poder e a 
obra de Jesus - que está cheio do Espírito Santo - com a obra de Satanás. Isto 
é identificar o bem espiritual supremo com o mal espiritual supremo, endurecen-
do o coração de maneira a tornar o arrependimento - e, portanto. o perdão -
impossíveis. Ver nota teológica "O Pecado Imperdoável". 
•3.31 mãe ... irmãos. Ver v. 21 e nota. Os estudiosos Católicos Romanos. para 
quem a virgindade eterna de Maria é um dogma, sustentam que "irmãos" pode 
referir-se a relacionamentos mais amplos de família, apontando para Gn 13.8; 
14.16; Lv 10.4; 1 Cr 23.22. Contudo, em Marcos, o termo parece ser sempre usa-
do para significar irmãos de sangue dos mesmos pais. Mt 1.25 indica que Maria e 
José começaram a ter relações conjugais normais, depois do nascimento de Je-
sus, acrescentando um sentido adicional à designação de Lc 2.7, onde Jesus é 
chamado o "primogênito" de Maria. 
•3.35 qualquer que fizer a vontade de Deus. A chegada do reino de Deus 
muda os relacionamentos humanos. Os que se opõem ao seu progresso - quer 
sejam mães ou irmãos - devem ser deixados; os que estão no reino se tomam 
nossos amigos mais íntimos. mais próximos e mais queridos que quaisquer ou-
tros. 
1153 MARCOS 4 
A parábola do semeador 
4 ªVoltou Jesus a ensinar à beira-mar. E reuniu-se numero-sa multidão a ele, de modo que entrou num barco, onde 
se assentou, afastando-se da praia. E todo o povo estava à beira-
mar, na praia. 2 Assim, lhes ensinava muitas coisas por pará-
bolas, no decorrer do seu bdoutrinamento. 3 Ouvi: Eis que 
saiu o semeador a semear. 4 E, ao semear, uma parte caiu à bei-
ra do caminho, e vieram as aves / e a comeram. 5 Outra caiu 
em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto 
não ser profunda a terra. 6 Saindo, porém, o sol, a queimou; 
e, porque não tinha raiz, secou-se. 7 Outra parte caiu entre os 
espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram, e não deu 
fruto. 8 Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto, que vin-
gou e cresceu, produzindo a trinta, a sessenta e a cem por 
um. 9 E acrescentou:2 Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. 
A explicação da parábola 
to couando Jesus ficou só, os que estavam junto dele com 
os doze o interrogaram a respeito das parábolas. 11 Ele lhes res-
pondeu: A vós outros vos é dado d conhecer o 3 mistério do rei-
no de Deus; mas, eaos de fora, tudo se ensina por meio de 
parábolas, 12 para que, !vendo, vejam e não percebam; e, ou-
vindo, ouçam e não entendam; para que não venham a con-
verter-se, e haja perdão para eles. 13 Então, lhes perguntou: 
Não entendeis esta parábola e como compreendereis todas as 
parábolas? 14 gO semeador semeia a palavra. 15 São estes os da 
beira do caminho, onde a palavra é semeada; e, enquanto a ou-
vem, logo vem Satanás e tira a palavra semeada neles. 16 Seme-
lhes chegando a angústia ou a perseguição por causa da pala-
vra, logo se escandalizam. 18 Os outros, os semeados entre os 
espinhos, são os que ouvem a palavra, 19mas hos cuidados do 
mundo, ; a fascinação da riqueza e as demais ambições, concor-
rendo, sufocam a palavra, ficando ela infrutífera. 200s que fo-
ram semeados em boa terra são aqueles que ouvem a palavra e 
a recebem, ifrutificando a trinta, a sessenta e a cem por um. 
A parábola da candeia 
21 1Também lhes disse: Vem, porventura, a candeia para 
ser posta debaixo do alqueire ou da cama? Não vem, antes, 
para ser colocada no velador? 22 m Pois nada está oculto, se-
não para ser manifesto; e nada se faz escondido, senão para 
ser revelado. 23 nse alguém tem ouvidos para ouvir, ouça. 
24 Então, lhes disse: Atentai no que ouvis. ºCom a medida 
com que tiverdes medido vos medirão também, e ainda se 
vos acrescentará. 25 PPois ao que tem se lhe dará; e, ao que 
não tem, até o que tem lhe será tirado. 
A parábola da semente 
26 Disse ainda: qO reino de Deus é assimcomo se um ho-
mem lançasse a semente à terra; 27 depois, dormisse e se 
levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e rcres-
cesse, não sabendo ele como. 28 A terra por si mesma 5 fruti-
fica: primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão 
cheio na espiga. 29 E, quando o fruto já está maduro, logo 
1se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa. 
lhantemente, são estes os semeados em solo rochoso, os quais, A parábola do grão de mostarda 
ouvindo a palavra, logo a recebem com alegria. 17 Mas eles não 30 Disse mais: "A que assemelharemos o reino de Deus? 
têm raiz em si mesmos, sendo, antes, de pouca duração; em Ou com que parábola o apresentaremos? 31 É como um grão 
• ~~~ÍTULO--; -;-ª ~ 8.4-1O-2 ~e; ;; 4 1 c;-N~ M~~R ~re~~n~do céu, ~U ~~ omit~ ~ 2 a ~-C-e M; TR acr~scenta para 
eles; NU e M omitem 10 CMt 13.10; Lc 8.9 11 d[Mt 11 25; 1 Co 2 10-16; 2Co 4.6] e [1 Co 5.12-13; CI 4.5; 1Ts 4.12; 1Tm 3.7] 3verdades 
secretas ou ocultas 12/ls 6.9-10; 43.8; Jr 5.21; Ez 12.2; Mt 13.14; Lc 8.10; Jo 12.40; Rm 11.8 14gMt13.18-23; Lc 8.11-15 19 h Lc 
21.34 ipy 23.5; Ec 5.13; Lc 18.24; 1Tm 6.9-10, 17 20 i[Jo 152,5; Rm 7.4] 21 IMt 5.15; Lc 8.16; 11.33 22 mEc 12.14; Mt 10.26-27; Lc 
12.3; [1 Co 4 5] 23 n Mt 11.15; 13 9,43; Me 4.9; Lc 8.8; 14.35; Ap 3.6, 13,22; 13.9 24 ° Mt 7.2; Lc 6.38; 2Co 9.6 25 PMt 13.12; 25.29; 
Lc8.18;19.26 26q[Mt1324-30,36-43];Lc8.1 27T[2Co3.18;2Pe3.18] 28 5 [Jo12.24] 29t[Mc13.30];Ap14.15 30UMt 
12 31-32; Lc 13.18-19; [At 241; 4.4; 5.14; 19.20] 
•4.2 parábolas. Ver Mt 13.3, nota. 
•4.3-8 semeador a semear. Na Palestina do século I, o semear precedia o arar. 
Nos caminhos feitos pelos aldeães e nas áreas espinhosas, as sementes eram 
enterradas pelo arado. Lugares rochosos. cobertos por uma fina camada de terra, 
só se tomavam visíveis depois de arados. 
•4.9 Quem tem ouvidos. Ver também v. 23; Mt 11.15; 13.9,43; Lc 8.8; 14.35; 
Ap 2.7; cf. SI 115.6. Esta frase é uma chamada para ficar atento. 
•4.10 Quando Jesus ficou só. Jesus estava só com os seus discípulos, em 
particular com os doze (3.14, nota), dando-lhes instruções especiais. Este aspec-
to do ministério terreno de Jesus está em todos os Evangelhos. 
•4,11 mistério ... parábolas. Ver nota textual. O "mistério" se refere à revelação 
divina especial (Rm 16.25; Ef 1.9; 3.3,9), a noção do Antigo Testamento de que o 
profeta. pelo Espírito, está presente no conselho deliberativo de Deus. Aquilo q~e 
ele ouve torna-se sua mensagem autorizada, divinamente inspirada para o povo (Ex 
24. 15-18; Dt 33.2; 1Fls 22 19; Is 6.1-13; Jr23.18; Am 3.7). Tal revelação se cumpre 
plenamente no evangelho, que Paulo, mais tarde, chamará o "mistério de Cristo" (Ef 
3.4; CI 4.3) ou "o mistério do evangelho" (Ef 6.19). Aqui, o mistério do reino é que o 
reino vem com Jesus, porque ele é o Rei. Esse "mistério" revelado aos discípulos é 
contrastado com "parábolas" contadas "aos de fora". Para "os de fora", a parábola 
é um enigma (contrastar Jo 16.29), obscurecendo o seu entendimento, como as 
Escrituras tinham profetizado (v. 12, citando Is 6 9-10). Para "os de fora", Jesus per-
manece um enigma provocativo, como será através de todo o seu ministério. 
•4.13 todas as parábolas. Esta explicação a respeito da função das parábolas 
aplica-se a todas as parábolas. Ver nota em Mt 13.13. 
•4.14-20 O "mistério" da parábola não é o seu ensino moral a respeito da dureza 
dos corações humanos. O "mistério" está no paradoxo que a vinda do reino de 
Deus deve ser comparada com uma frágil semente. O Filho do Homem, que exer-
ce toda autoridade na terra (2.11,27), aparece como Jesus de Nazaré. A vinda do 
reino não é igualmente visível a cada um, embora seja um reino de poder. Os que 
estão fora têm corações não receptivos. Para aqueles que têm ouvidos para ouvir, 
a parábola revela o "mistério" da redenção encoberto na pessoa e obra do próprio 
Cristo (1.34, nota) 
•4.19 fascinação da riqueza. Cf. Ef 4.22. 
•4.22 nada está oculto .•• senão para ser revelado. Durante o ministério ter-
reno de Cristo, coisas estão encobertas; mas virá o dia, da ressurreição em dian-
te, quando tudo será revelado (Mt 10.26-27; Lc 12.2-3). 
•4.24 Com a medida com que tiverdes medido. A futura disseminação do 
mistério do reino será recompensada na medida direta da fidelidade da pessoa à 
esta obra. 
•4.25 ao que tem se lhe dará. Este princípio é ilustrado nas parábolas dos ta-
lentos (Mt 2514-30) e das minas (Lc 19.11-27). 
•4.30-32. A parábola do grão de mostarda é outra vez relacionada com a presen-
te manifestação do reino, na pessoa de Jesus. 
l 
1 
MARCOS 4, 5 1154 
de mostarda, que, quando semeado, é a menor de todas as se-
mentes sobre a terra; 32 mas, uma vez semeada, cresce e se 
torna maior do que todas as hortaliças e deita grandes ramos, 
a ponto de as aves do céu poderem aninhar-se à sua sombra. 
Por que jesus falou por parábolas 
33 vE com muitas parábolas semelhantes lhes expunha a 
palavra, conforme o permitia a capacidade dos ouvintes. 34 E 
sem parábolas não lhes falava; tudo, porém, xexplicava em 
particular aos seus próprios discípulos. 
Jesus acalma uma tempestade 
35 zNaquele dia, sendo já tarde, disse-lhes Jesus: Passemos 
para a outra margem. 36 E eles, despedindo a multidão, o le-
varam assim como estava, no barco; e outros barcos o segui-
am. 37 Ora, levantou-se grande temporal de vento, e as ondas 
se arremessavam contra o barco, de modo que o mesmo já es-
tava a encher-se de água. 38 E Jesus estava na popa, dormindo 
sobre o travesseiro; eles o despertaram e lhe disseram: ªMes-
tre, bnão te importa que pereçamos? 39 E ele, despertando, 
e repreendeu o vento e disse ao mar: d Acalma-te, 4 emudece! 
O vento se aquietou, e fez-se grande bonança. 40 Então, lhes 
disse: Por que sois assim tímidos?! ecomo5 é que não tendes 
fé? 41 E eles, possuídos de grande temor, diziam uns aos ou-
tros: Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem? 
A cura do endemoninhado geraseno 
5 Entrementes, ªchegaram à outra margem do mar, à terra dos 1 gerasenos. 2 Ao desembarcar, logo veio dos sepul-
cros, ao seu encontro, um homem possesso de bespírito 
imundo, 3 o qual vivia nos sepulcros, e nem mesmo com ca-
deias alguém podia 2prendê-lo; 4porque, tendo sido muitas 
vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias !oram quebra-
das por ele, e os grilhões, despedaçados. E ninguém podia 
subjugá-lo. s Andava sempre, de noite e de dia, clamando por 
entre os sepulcros e pelos montes, ferindo-se com pedras. 
ó Quando, de longe, viu Jesus, correu e o adorou, 7 excla-
mando com alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do 
Deus Altíssimo? cconjuro-te3 por Deus que não me atormen-
tes! 8 Porque Jesus lhe dissera: dEspírito imundo, sai desse 
homem! 9 E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu 
ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos. to E rogou-
lhe encarecidamente que os não mandasse para fora do país. 
11 Ora, pastava ali pelo monte uma grande manada de epor-
cos. 12 E os espíritos imundos rogaram a Jesus, dizendo: 
Manda-nos para os porcos, para que entremos neles. 13 4Je-
sus o permitiu. Então, saindo os espíritos imundos, entraram 
nos porcos; e a manada, que era cerca de dois mil, precipi-
tou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do mar, onde se 
afogaram. 14 Os porqueiros fugiram e o anunciaram na cida-
de e pelos campos. 
Os gerasenos rejeitam a jesus 
Então, saiu o povo para ver o que sucedera. IS Indo ter com 
Jesus, viram/o endemoninhado, o que tivera a legião, gassen-
tado, hvestido, em perfeito juízo; e temeram. 16 Os que haviam 
presenciado os fatos contaram-lhes o que acontecera ao ende· 
moninhado e acerca dos porcos. 17 E i entraram a rogar-lhe que 
• 33 v Mt 13.34-35; [Jo 16.12] 34 x Lc 24.27.45 35 z Mt 8.18,23-27; Lc 8.22.25 38 a [Mt 23.8-1 O] b SI 44.23 39 e Me 9.25; Lc 
4.39 d SI 65.7; 89.9; 93.4; 104.6-7; Mt 8.26; Lc 8.24 4 Lit. Fique qweto 40 e Mt 14.31-32; Lc 8.25 5NUAinda não tendesfé? 
CAPiTuLO 5 1 ªMt8.28-34; Lc 8.26-37 1 Cf. NU; TR e Mgadarenos 2 bMc 1.23; 7.25; [Ap 16.13-14] 3 2NU acrescenta mais 7 CMt 
26.63; Me 1.24; At 19.133fu te exijo 8 d Me 1.25; 9.25; [At 16.18] 11 eLv 11.7-8; Dt 14.8; Lc 15.15-16 13 4NU Ele IS!Mt 4.24; 
8.16; Me 1.32 glc 10.39 h [Is 61.10] 17 iMt 8.34; At 16.39 
•4.32 avas do céu. Em Dn 4.21, a mesma metáfora se refere ao domínio mundi-
al de Nabucodonosor. 
•4.33-34 Ver vs. 10-12. 
•4.35 a outra margem. De acordo com 3.7, Jesus está na Galiléia. A "outra 
margem" do lago é a região dos gadarenos, em Decápolis 15.1, nota). 
•4.37 grande temporal. O mar da Galiléia fica a cerca de 213 m abaixo do nível 
do mar, tem cerca de 21 km de comprimento por cerca de 13 km de largura. Na 
sua extremidade meridional, há um vale profundo cercado por rochas escarpa-
das. O vento, afunilando-se através de colinas que o cercam e através deste vale, 
pode açoitar o lago, provocando repentinas e violentas tempestades. 
•4.38 donnindo. Jesus tinha estado ensinando o dia todo e, sem dúvida, estava 
exausto. Marcos, assim como João IJo 4.6; 11.35,38). dá ênfase à plena huma-
nidade de Jesus. 
•4.39 Acalma-te, amudaca. Lit. "seja amordaçada". Jesus tem autoridade 
sobre a terra para perdoar pecados 12.10), é Senhor do sábado 12.28). tem au-
toridade no seu ensino 11.22) e sobre os demônios 11.27) e agora demonstra 
sua autoridade sobre a natureza. O ato de acalmar a tempestade parece-se 
com o seu poder de exorcizar: há a expressão demoníaca de violência 11.26; 
5.4, 13). a ordem para a natureza aquietar-se 11.25, nota) e a calma resultante 
15.15). Jesus amarra "o valente" 13.23-27) e corrige com seu poder a criação fí-
sica. 
•5.1 terra dos garasanos. Gerasa ficava a uns 48 km a sudeste do lago. Gadara 
estava cerca de 10 km ao sul do lago !Mt 8.28, nota), e ocorre em outros manus-
critos gregos. Há também uma aldeia chamada Kersa, à margem oriental, com a 
mesma espécie de despenhadeiros e sepulcros descritos na história. Jesus entra 
em Decápolis, uma associação de dez cidades-estados gregas. antecipando a fu-
tura missão da Igreja aos gentios. O caráter gentílico da população se torna claro, 
uma vez que os judeus não criavam porcos, porque a lei mosaica os considerava 
animais imundos. 
•5.2 vaio dos sepulcros. Este homem endemoninhado estava afastado do seu 
contato humano normal, separado de sua aldeia e de sua família lv. 19). 
•5.3 nem ... alguém podia prendi-lo. Violência e força física incomum, que o 
levam a uma lenta autodestruição (v. 5; 9.22). parece freqüentemente caracteri-
zar o endemoninhado lv. 13; 1.26; 9.18,20,22,26); porém, ante a força espiritual 
de Jesus, os demônios se acovardam e fogem. 
•5. 7 Que tenho au contigo. Ver 1.24. 
•5.9 Qual é o tau nome. Entendia-se que chamar pelo nome era ganhar poder 
sobre eles. Os demônios já tinham identificado a Jesus (v. 7; cl. 1.24-34\. mas. 
por meio desta pergunta, Jesus revela o seu poder superior. 
Legião. Jesus força o demônio a se desmascarar. Ele não é apenas um, mas mui-
tos. Uma legião romana compunha-se de seis mil homens. 
•5.1 O E rogou-lha. O demônio acovarda-se diante de Jesus. mesmo invocando 
o nome de Deus como uma forma de proteção (v. 7). e reconhece que Jesus tem 
poder absoluto sobre ele. 
•5.13 Jesus o permitiu. Jesus permite que os demônios entrem nos porcos 
que, então. se precipitam despenhadeiro abaixo. Este exorcismo é uma demons-
tração dramática do poder de Jesus sobre o mal (vs. 14, 16) e da presença do rei-
no em seu ministério llc 11.20). Ver "Demônios", em Dt 32.17. 
•5.15 assentado. Em comparação com o seu violento comportamento anterior 
e com a recente destruição dos porcos, o homem "assentado, vestido, em perfei-
to juízo" expressa com eloqüência a paz e a restauração vivificante, que provêem 
do poder de Jesus 14.39; 9.26-27). 
1155 MARCOS 5, 6 
se retirasse da terra deles. 18 Ao entrar Jesus no barco, isupli-
cava-\he o que fora endemoninhado que o deixasse estar com 
ele. 19 Jesus, porém, não lho permitiu, mas ordenou-lhe: Vai 
para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor 
te fez e como teve compaixão de ti. 20 Então, ele foi e começou 
1 a proclamar em 5Decápolis tudo o que Jesus lhe fizera; e todos 
m se admiravam. 
O pedido de ]airo 
21 nTendo Jesus voltado no barco, para o outro lado, afluiu 
para ele grande multidão; e ele estava junto do mar. 22 ºEis que 
se chegou a ele um dos principais da sinagoga, chamado Jairo, 
e, vendo-o, prostrou-se a seus pés 23 e insistentemente lhe su-
plicou: Minha filhinha está à morte; vem, Pimpõe as mãos so-
bre ela, para que seja salva, e viverá. 24 Jesus foi com ele. 
A cura de uma mulher eriferma 
Grande multidão o seguia, comprimindo-o. 
25 Aconteceu que certa mulher, que, qhavia doze anos, vi-
nha sofrendo de uma hemorragia 26 e muito padecera à mão 
de vários médicos, tendo despendido tudo quanto possuía, 
sem, contudo, nada aproveitar, antes, pelo contrário, indo a 
pior, 27 tendo ouvido a fama de Jesus, vindo por trás dele, por 
entre a multidão, rtocou-lhe a veste. 28 Porque, dizia: Se eu 
33 Então, a mulher, 1atemorizada e tremendo, cônscia do que 
nela se operara, veio, prostrou-se diante dele e declarou-lhe 
toda a verdade. 34 E ele lhe disse: Filha, "a tua fé te salvou; 
vvai-te em paz e fica livre do teu mal. 
A ressurreição da filha de ]airo 
35 xFalava ele ainda, quando chegaram alguns da casa do 
chefe da sinagoga, a quem disseram: Tua filha já morreu; por 
que ainda incomodas o Mestre? 36 Mas Jesus, sem acudir a tais 
palavras, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, 2 crê somente. 
37 Contudo, não permitiu que alguém o acompanhasse, senão 
Pedro e os irmãos Tiago e João. 38 Chegando à casa do chefe da 
sinagoga, viu Jesus o 7alvoroço, os que ªchoravam e os que 
pranteavam muito. 39 Ao entrar, lhes disse: Por que estais em 
alvoroço e chorais? A criança não está morta, mas bdorme. 
40 E riam-se dele. crendo ele, porém, mandado sair a todos, to-
mou o pai e a mãe da criança e os que vieram com ele e entrou 
onde ela estava. 41 Tomando-a pela mão, disse: Talitá cumi!, 
que quer dizer: Menina, eu te mando, levanta-te! 42 Imediata-
mente, a menina se levantou e pôs-se a andar; pois tinha doze 
anos. Então, ficaram todos dsobremaneira admirados. 43 Mas 
eJesus ordenou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; 
e mandou que dessem de comer à menina. 
apenas lhe tocar as vestes, ficarei curada. 29 E logo se lhe es- jesus prega em Nazaré. É rejeitado pelos seus 
tancou a hemorragia, e sentiu no corpo estar curada do seu Ó ªTendo Jesus partido dali, foi para a sua terra, e os seus 
ó flagelo. 30 Jesus, reconhecendo imediatamente que 5 dele discípulos o acompanharam. 2 Chegando o sábado, pas-
saíra poder, virando-se no meio da multidão, perguntou: sou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo-o, bse maravi-
Quem me tocou nas vestes? 31 Responderam-lhe seus discí- lhavam, dizendo: coonde vêm a este estas coisas? Que 
pulos: Vês que a multidão te aperta e dizes: Quem me tocou? sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais ma-
32 Ele, porém, olhava ao redor para ver quem fizera isto. ravilhas por suas mãos? 3 Não é este o carpinteiro, filho de 
·~8-~;;;38-39 20~~~ ;~I ~ 1-;mM~ ;;;~3;~Jo~2;7 ;-;t ~ 12; ~~~ s:i-;~~idad-:S -=; 1-:-M~~l~-Lc -;~O~~:~~ 
9.18-26; Lc 8.41-56; At 13.15 23 P Mt 8.15; Me 6.5; 7.32; 8 23.25; 16.18; Lc 4.40; At 9.17; 28.8 25 q Lv 15.19,25; Mt 9.20 27 rMt 
1435-36; Me 3.1 O; 6.56 29 6 sofrimento 30 s Lc 6.19; 8.46 33 l[SI 89 7] 34 u Mt 9.22; Me 10.52; At 14.9 v 1 Sm 1.17; 20.42; 2Rs 
5.19; Lc 7.50; 8.48; At 1636; [Tg 216] 35 Xlc 8.49 36 z[Mc 9.23; Jo 11.40] 38 ªMe 16.10; At 9.39 ?tumulto 39bJo11.4,11 
40 e At 9.40 42 d Me 1.27; 7.37 43 e [Mt 8.4; 12.16-19; 17 9]; Me 3.12 
CAPÍTULO& lªMt13.54;Lc4.16 2bMt7.28CJo6.42 
•5.19 Vai para tua casa. Este homem se torna o primeiro missionário gentio. 
Jesus geralmente exige silêncio ( 1.34,nota). porém neste caso ele permite a pre-
paração para futura missão da Igreja a começar. Jesus. posteriormente. ordenará 
silêncio com relação a outra cura realizada em Decápolis, mas não obtém resulta-
do 17 .31-37) 
•5.22 principais da sinagoga. Ainda que fosse um leigo, as responsabilidades 
de um chefe eram social e religiosamente importantes. incluindo não só a conser-
vação do edifício. mas, também, a condução própria do serviço e a escolha das 
leituras da Torá 
•5.25 uma b~morragia. A condição da mulher era não só fisicamente debilitan-
te. mas também a desqualificava tanto para o casamento (Lv 20.18) quanto para 
a vida religiosa em geral (Lv 15.25-33) 
•5.29 logo. Ver 1.1 O, nota. 
•5.30 Quem me tocou nas vestes. Um toque de fé é sentido por Jesus. mes-
mo no meio de uma multidão numerosa. onde muitos o estavam tocando. A frase 
"que dele saíra poder" ocorre somente aqui. 
•5.32 olhava ao redor. Para uma mulher que tinha sido uma rejeitada social por 
muitos anos, a cura só se completa quando Jesus a identifica publicamente, elo-
giando sua fé. declarando a todos que ela está curada (v. 34) e purificada. 
•5.37 Pedro ... Tiago e João. Jesus construiu ao redor dele uma hierarquia de 
intimidade. Há numerosos discípulos 1410). dos quais doze são designados após-
tolos (3.13-19) e dentre os doze. alguns (Pedro, Tiago e João e. às vezes, André) 
desfrutam da mais plena intimidade de Jesus, mais notavelmente na Transfigura-
ção 19 2-13) e no Getsêmani 11432-33). 
•5.38 pranteavam. Nas culturas do Oriente Médio, prantear era uma expressão 
habitual de luto e. às vezes, apelava-se para pranteadores profissionais. 
•5.40 mandado sair a todos. Jesus não está interessado num grande espetá-
culo de cura. Ao invés disso, ele está preocupado com o sofrimento da menina, 
com a fé que tinham os pais dela e com o objetivo último de sua missão (v. 43). 
•5.41 Talitá cumi. O aramaico era a língua popular falada na Palestina. Marcos 
dá a tradução para outros termos aramaicos 13.17; 7.11,34; 10.46; 14.36). de 
modo a tornar sua narrativa mais clara para os que não tinham familiaridade com 
essa língua. 
•5.43 ordenou-lhes expressamente. Ver notas no v. 19 e 134. 
•6.1 foi para a sua terra. Nazaré. cerca de 32 km a sudoeste de Cafarnaum e 
do mar da Galiléia. 
seus discípulos. Os Doze (v 7). 
•6.2 sábado. Ainda que fosse o Senhor do sábado (2.28), Jesus observa sema-
nalmente o culto sabático 11 21; 31. Lc 4 16-30). 
se maravilhavam. Ver 1.22; 737; 10.26; 11.18. 
•6.3 carpinteiro. Poderia também significar "pedreiro" O trabalho de Jesus. 
antes de seu ministério. pode explicar o emprego de metáforas sobre constru-
ções, especialmente ao descrever seu próprio ministério essencial 
(1458.15 29; Mt 7.24; 16.18; 21.33; Lc 12.18; 17 28) A observação con-
cernente ao trabalho manual talvez não seia depreciativa como tal. pois espe-
rava-se que todos os Rabis tivessem uma ocupação. Paulo fora educado como 
um Rabi e fazia tendas ou toldos (At 183; 22.3; 26.5; Fp 3.5-6) A acusação é 
l 
MARCOS 6 1156 
Maria, dirmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não vivem 
aqui entre nós suas irmãs? E e escandalizavam-se nele. 4 Je-
sus, porém, lhes disse: !Não há profeta sem honra, senão na 
sua terra, entre os seus parentes e na sua casa. 5 gNão pôde fa-
zer ali nenhum milagre, senão curar uns poucos enfermos, 
impondo-lhes as mãos. 6 h Admirou-se da incredulidade de-
les. ;Contudo, percorria as aldeias circunvizinhas, a ensinar. 
As instruções para os doze 
7 iChamou Jesus os doze e passou a enviá-los de 1dois a 
dois, dando-lhes autoridade sobre os espíritos imundos. 
8 Ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, exceto 
um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro; 9 que mfos-
sem calçados de sandálias e não usassem duas túnicas. 10 n E 
recomendou-lhes: Quando entrardes nalguma casa, perma-
necei ai até vos retirardes do lugar. 11 °Se 1 nalgum lugar não 
vos receberem nem vos ouvirem, ao sairdes dali, Psacudi o pó 
dos pés, em testemunho contra eles. 2 12 Então, saindo eles, 
pregavam ao povo que se arrependesse; 13 expeliam muitos 
demônios e curavam numerosos enfermos, qungindo-os com 
óleo. 
A morte de joão Batista 
14 rchegou isto aos ouvidos do rei Herodes, porque o 
nome de Jesus já se tornara notório; e alguns diziam: João Ba-
tista ressuscitou dentre os mortos, e, por isso, 5 nele operam 
forças miraculosas. 15 10utros diziam: É Elias; ainda outros: É 
3 profeta ucomo um dos profetas. 16 vHerodes, porém, ouvin-
do isto, disse: É João, a quem eu mandei decapitar, que ressur-
giu. 17 Porque o mesmo Herodes, por causa de Herodias, 
mulher de seu irmão Filipe (porquanto Herodes se casara 
com ela), mandara prender a João e atá-lo no cárcere. 18 Pois 
João lhe dizia: xNão te é lícito possuir a mulher de teu irmão. 
19 E Herodias 4o odiava, querendo matá-lo, e não podia. 
20 Porque Herodes ztemia a João, sabendo que era homem 
justo e santo, e o tinha em segurança. E, 5quando o ouvia, fi-
cava perplexo, escutando-o de boa mente. 21 ªE, chegando 
um dia favorável, em que Herodes bno seu aniversário natalí-
cio dera um banquete aos seus dignitários, aos oficiais milita-
res e aos principais da Galiléia, 22 entrou a filha de Herodias e, 
dançando, agradou a Herodes e aos seus convivas. Então, dis-
se o rei à jovem: Pede-me o que quiseres, e eu to darei. 23 E 
jurou-lhe: cse pedires mesmo que seja a metade do meu rei-
no, eu ta darei. 24 Saindo ela, perguntou a sua mãe: Que pedi-
rei? Esta respondeu: A cabeça de João Batista. 25 No mesmo 
instante, voltando apressadamente para junto do rei, disse: 
Quero que, sem demora, me dês num prato a cabeça de João 
Batista. 26 dEntristeceu-se profundamente o rei; mas, por 
causa do juramento e dos que estavam com ele à mesa, não 
lha quis negar. 27 E, enviando logo o executor, mandou que 
lhe trouxessem a cabeça de João. Ele foi, e o decapitou no cár-
cere, 28 e, trazendo a cabeça num prato, a entregou à jovem, 
e esta, por sua vez, a sua mãe. 29 Os discípulos de João, logo 
que souberam disto, vieram, elevaram-lhe o corpo e o deposi-
taram no túmulo. 
A primeira multiplicação de pães e peixes 
30fVoltaram os apóstolos à presença de Jesus e lhe relata-
ram tudo quanto haviam feito e ensinado. 31 8E ele lhes disse: 
Vinde repousar um pouco, à parte, num lugar deserto; por-
que eles não tinham tempo nem para comer, visto nserem nu-
merosos os que iam e vinham. 32 ;Então, foram sós no barco 
para um lugar solitário. 33 6 Muitos, porém, os viram partir e, 
!reconhecendo-os, correram para lá, a pé, de todas as cidades, 
e chegaram antes deles. 34 1Ao desembarcar, viu Jesus uma 
grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como 
e=~ 
3dMt12.46e[Mt11.6] 4/Jo4.44 5iGn19.22;32.25 6hls59.16iMt9.35 7iMc3.13-14i[Ec4.9-10] 9m[Ef615J 1onMt 
10.11 11 °Mt 10.14PAt13.51; 18.6 1 Cf. NU; TA e Malguém 2Cf. NU; TA e M acrescentam Em verdade vosdigoquehaverámaistolerância 
no dia do juízo para Sodoma e Gomorra, do que os daquela cidade; NU omite 13 q [T g 5.14] 14 r Lc 9. 7-9 s Lc 19 .3 7 15 t Me 8.28 u Mt 
21.11 3 Cf. NU e M; TA o Profeta, ou como um dos profetas 16 Vlc 3.19 18 Xlv 18.16; 20.21 19 4guardava-lhe ódio 20 ZMt 14.5; 
21.26 5NUmesmoassimo escutava 21 ªMt 14.6 bGn 40.20 23 cEt 5.3,6; 7.2 26dMt14.9 29e1As 13.29-30; Mt 27.58-61; At 8.2 
30/Lc 9.10 31 gMt 14.13 hMc 3.20 32iMt14.13-21; Lc 9.10-17; Jo 6.5-13 33 i[CI 1.6] ô NU e MEies 34 IMt 9.36; 14 14; [Hb 5.2] 
que Jesus (que ensina "sabedoria", no v. 2), é um operário comum, sem cre-
denciais religiosas ou acadêmicas. 
filho de Maria. Ver 3.31. 
•6.4 na sua casa. Jesus não só é rejeitado pelo povo da cidade e pelo mais am-
plo círculo de parentes ali, como também por sua própria família (3.31 ). 
•6.7 os doze. Tendo já sido designados para estarem com Jesus (3.14, nota), e 
tendo já recebido instruções especiais concernentes ao mistério da pessoa e do 
papel de Cristo (4.10-11, notas),

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