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Lucas (N Comentario)

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LUCAS 
 VOLTAR 
 Introdução 
 Plano do livro 
 Capítulo 1 Capítulo 7 Capítulo 13 Capítulo 19 
 Capítulo 2 Capítulo 8 Capítulo 14 Capítulo 20 
 Capítulo 3 Capítulo 9 Capítulo 15 Capítulo 21 
 Capítulo 4 Capítulo 10 Capítulo 16 Capítulo 22 
 Capítulo 5 Capítulo 11 Capítulo 17 Capítulo 23 
 Capítulo 6 Capítulo 12 Capítulo 18 Capítulo 24 
(Nota relativa aos aparecimentos de Jesus após a ressurreição)
 
INTRODUÇÃO 
 
I. AUTORIA 
 A autoria do terceiro Evangelho tem sido atribuída a Lucas, o 
amigo de Paulo, por toda a Igreja Cristã através dos tempos. Essa 
tradição pode retroceder sem interrupção à metade do segundo século, 
sendo que nada foi encontrado nos anais da Igreja primitiva para indicar 
que o livro tenha sido atribuído a qualquer outro escritor. A evidência 
interna está em harmonia com esse testemunho objetivo. 
 O nome de Lucas não aparece no Evangelho e ocorre somente três 
vezes em o Novo Testamento. Só Paulo menciona Lucas e, ao fazer isso, 
lança alguma luz em torno dele. Ele era médico (Cl 4.14) e isso implica 
em que era um homem de cultura e educação. Sua cultura literária 
aparece no prefácio clássico ao Evangelho (1.1-4), no qual ele segue o 
modo dos historiadores gregos. Traços de seu conhecimento médico 
aparecem através do livro: vide 4.23,38; 5.12; 8.43; 13.11; 22.44. Parece 
ter sido um gentio, pois que não está incluído na lista dos que “são da 
circuncisão” em Cl 4.10-11. Foi um dos companheiros de luta de Paulo 
(Fm 24), e o único dos companheiros que o apóstolo teve durante o seu 
último encarceramento em Roma, pouco antes de seu martírio (2Tm 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 2 
4.11). Lucas também foi o autor de Atos (At 1.1-2), e embora seu nome 
não apareça tão pouco naquele livro, no entanto, o curso de seu 
companheirismo com Paulo pode ser traçado nas passagens onde a 
primeira pessoa do plural do pronome pessoal é usada. Estas seções de 
“Nós” começam quando Paulo se achava em Trôade em sua segunda 
viagem missionária (At 16.9-10). 
Há alguma probabilidade em Sir W. M. Ramsay com sua teoria de 
que Lucas era “o homem da Macedônia” na visão de Paulo e pertencia a 
Filipos, embora a tradição diga que ele pertencia a Antioquia. Ele 
acompanhou a Paulo e sua companhia de Trôade a Filipos e parece ter 
permanecido lá quando Paulo e Silas prosseguiram para a Grécia. A 
terceira pessoa é retomada naquele ponto da narrativa e continua até que 
Paulo visitasse novamente a Filipos em sua terceira viagem missionária, 
alguns anos mais tarde (At 20.5-6). Lucas, então, retoma novamente a 
primeira pessoa do plural à medida que prossegue com o relato e 
continua a usá-lo até o final do livro, exceto quando faz a narrativa 
relacionada com o aprisionamento de Paulo em Cesaréia. Isso demonstra 
que Lucas foi companheiro constante do apóstolo a partir da época em 
que deixou Filipos em sua última viagem para Jerusalém, e que ele 
permaneceu na Palestina ao alcance fácil de Paulo até que pudesse 
juntar-se novamente a ele de caminho para Roma. 
 
II. DATA E LUGAR EM QUE FOI ESCRITO 
 Os dois anos de estada forçada de Paulo em Cesaréia dariam a Lucas 
bastante tempo e oportunidade para reunir o material necessário para seu 
Evangelho. Naquela época, senão antes, deve ter sido concebido o seu 
propósito de escrever um Evangelho e isso deveria ter sido mesmo para ele 
a coisa mais natural quando se viu na Palestina - a de seguir os passos de 
Jesus por toda a terra. A data do livro não pode ser determinada com 
exatidão, mas não há uma razão válida para situá-la em um período 
posterior. O Evangelho foi escrito antes de Atos, pois Lucas denomina-o “o 
primeiro livro” (At 1.1); e Atos não nos leva além dos dois anos de 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 3 
encarceramento de Paulo em Roma, quer isto dizer, para cerca do ano 62. 
Todas estas circunstâncias tornam provável que o Evangelho tivesse sido 
escrito em Cesaréia em 60 A. D. aproximadamente. 
 
III. O ALVO DO ESCRITOR 
 O livro é endereçado a um cristão particular chamado Teófilo (1.1-
4), que deve ter sido um homem de uma certa proeminência, porém é 
desconhecido de outra forma. Não há dúvida nenhuma de que o relato 
era dirigido a um vasto círculo de leitores e o fato de “Teófilo” ser um 
nome grego, indicaria que Lucas tinha em mente os gregos do mundo 
romano. Eram eles o povo para quem o trabalho missionário de Paulo 
fora avante. 
 Lucas escreve como um historiador e estabelece sua narrativa nos 
moldes da história contemporânea. Principia “nos dias de Herodes, rei da 
Judéia” (1.5). Menciona o decreto imperial que levou José e Maria da 
Galiléia para Belém (2.1). No decurso da narrativa, Lucas presta atenção 
cuidadosa a datas e marcos de tempo (por ex. 1.26; 2.21,42). Quando dá 
início ao relato do ministério público do Senhor, ele nota os anos do 
César reinante e a idade de Jesus e faz um levantamento relacionado aos 
dirigentes civis e religiosos que estavam relacionados particularmente 
com a Palestina (3.1-2,23). 
 Este Evangelho apresenta a Jesus como o Homem ideal e como o 
Salvador de todos os tipos de homens. Aqui vemo-Lo passar por todos os 
estágios de uma vida humana normal, da infância, através da meninice, até 
adulto amadurecido. Aqui Ele é visto atingindo a vida humana em todos os 
seus lados, entrando na vida doméstica do povo e movendo-Se entre todas 
as classes da sociedade. Lucas torna claro que a simpatia de Jesus dirigiu-se 
especialmente para com os pobres, os quais compõem a grande maioria da 
humanidade, e para com as mulheres, as quais eram desprezadas tanto pelos 
judeus como pelos gentios naquele mundo antigo. 
 O evangelho universal que Paulo pregava daria a Lucas a base 
para o retrato que ele pinta do Salvador, e a própria denominação que 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 4 
tinha como o “médico amado” dar-lhe-ia uma compreensão simpática da 
natureza e necessidades do homem. Lucas, portanto, estava muito bem 
qualificado para ser o autor de um livro como este. 
 
PLANO DO LIVRO 
 
I. PREFÁCIO - 1.1-4 
 
II. O ADVENTO DO SALVADOR - 1.5-2.52 
 a) A anunciação de João (1.5-25) 
 b) A anunciação de Jesus (1.26-38) 
 c) A visita de Maria a Isabel (1.39-56) 
 d) O nascimento de João (1.57-80) 
 e) O nascimento de Jesus (2.1-20) 
 f) A infância de Jesus (2.21-39) 
 g) A meninice de Jesus (2.40-52) 
 
III. A PREPARAÇÃO DO SALVADOR PARA SEU MINISTÉRIO 
 - 3.1-4.13 
 a) A pregação de João, o Batista (3.1-20) 
 b) O batismo de Jesus (3.21-22) 
 c) A linhagem de Jesus (3.23-38) 
 d) A tentação de Jesus (4.1-13) 
 
IV. O MINISTÉRIO NA GALILÉIA - 4.14-9.50 
 a) Até o chamado dos primeiros discípulos (4.14-44) 
 b) Do chamado dos primeiros discípulos à escolha dos doze 
 (5.1-6.11) 
 c) Da escolha dos doze até sua primeira missão (6.12-8.56) 
 d) Da missão dos doze até a partida da Galiléia (9.1-50) 
 
 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 5 
V. A VIAGEM A JERUSALÉM - 9.51-19.28 
 a) A primeira parte da viagem (9.51-13.21) 
 b) A segunda parte da viagem (13.22-17.10) 
 c) A terceira parte da viagem (17.11-19.28) 
 
VI. O MINISTÉRIO EM JERUSALÉM - 19.29-21.38 
 a) A entrada em Jerusalém e a purificação do templo (19.29-48) 
 b) Ensinando diariamente no templo (20.1-21.4) 
 c) Prevendo a destruição do templo (21.5-38) 
 
VII. A PARTIDA DO SALVADOR - 22.1-24.53 
 a) Os preparativos finais (22.1-13) 
 b) A Última Ceia (22.14-38) 
 c) A agonia e a traição (22.39-53) 
 d) O julgamento judaico (22.54-71) 
 e) O julgamento romano (23.1-25) 
 f) A crucificação (23.26-49) 
 g) O sepultamento (23.50-56) 
 h) A manhã da ressurreição (24.1-12) 
 i) O Senhor ressurreto(24.13-43) 
 j) As instruções de despedida (24.44-53) 
 
COMENTÁRIO 
 
Lucas 1 
I. PREFÁCIO - 1.1-4 
 
 Lucas principia seu Evangelho com uma introdução das mais 
simples e modestas, finalmente fraseada, que nos mostra o cuidado que 
ele tomou em assegurar integridade e exatidão para sua narrativa e 
também da finalidade que tinha em vista. Seu propósito foi o de 
estabelecer o fundamento histórico da fé cristã. 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 6 
 Muitos houve que empreenderam (1). Esta afirmativa é a única 
informação positiva que possuímos com respeito aos relatos escritos por 
detrás dos Evangelhos sinóticos. Todas essas narrativas desapareceram. 
Os fatos que entre nós se realizaram (1) ou melhor, “aqueles assuntos 
que têm sido cumpridos”, isto é, os fatos estabelecidos do evangelho. 
Lucas se distingue das testemunhas oculares (2), porém reivindica 
haver feito uma investigação minuciosa. Excelentíssimo Teófilo (3). O 
título indica ser um homem de posição oficial. Isso ocorre três vezes em 
Atos (vide 23.26; 24.3; 26.25). 
Para que tenhas plena certeza das verdades (4); ou melhor, 
“tendo traçado com exatidão o curso de todas as coisas”. 
 
II. O ADVENTO DO SALVADOR - 1.5-2.52 
 
 Tais capítulos contém a mais completa narrativa, em o Novo 
Testamento, dos fatos relacionados com a encarnação. Registram uma 
série de acontecimentos começando antes do nascimento de Jesus e 
levando-nos através de Sua meninice em desenvolvimento. Há uma 
beleza toda peculiar e uma atmosfera alegre nestas cenas de introdução 
da história do Evangelho. 
 
a) A anunciação de João (1.5-25) 
 A primeira cena se dá no templo, o centro do sistema do Velho 
Testamento. 
 O turno de Abias (5), ou Abija, ao qual Zacarias pertencia, era um 
dos vinte e quatro turnos em que Davi organizara os sacerdotes (1Cr 
24.10). Cada turno ficava prestando serviços no templo por toda uma 
semana cada seis meses, e incenso era oferecido duas vezes por dia, nos 
sacrifícios matinais e vespertinos. A narrativa conta acerca do caráter 
justo do casal já idoso e sem filhos (5-7), e do aparecimento do anjo a 
Zacarias quando ministrava no altar de incenso (8-12). O primeiro 
informou ao sacerdote que sua esposa Isabel teria um filho a quem ele 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 7 
chamaria João; e depois descreveu o tipo de vida que João viveria e 
também o ministério que cumpriria (13-17). Quando Zacarias expressou 
dúvida em vista da idade adiantada tanto de si mesmo como de sua 
esposa, o anjo revelou o seu próprio nome e elevada posição e 
pronunciou um julgamento temporário com respeito ao sacerdote por 
causa de sua descrença (18-20). A narrativa prossegue e registra o 
cumprimento tanto do julgamento (21-22) como da promessa anunciada 
pelo anjo (23-25). 
 Herodes (5). Diferenciado dos outros Herodes pelo título de “o 
Grande”, o qual era um edomita de raça e um judeu por religião; 
governou os judeus de 37 a 4 A.C. 
 Entrar no santuário do Senhor para queimar o incenso (9). Era 
somente uma vez em toda a vida que um sacerdote poderia receber tal 
honra e o número de sacerdotes era tão grande que muitos deles nunca 
chegaram a obtê-la. No santuário (9). O santuário interior (gr. naos), 
distinto da estrutura do templo (gr. hieron). 
 Da parte de fora, orando (10). O povo permanecia à espera no 
pátio externo, fora do santuário, mas dentro dos muros do templo, 
enquanto que as nuvens de incenso subiam no lugar santo, simbolizando 
suas orações. 
 A tua oração foi ouvida (13). Sem dúvida alguma, Zacarias havia 
orado por um filho, tempos passados, mas naquele culto solene quando, 
como sacerdote, ele oferecia as súplicas do povo, sua oração deveria ser 
a de todos os israelitas devotos - a vinda do Messias. O anjo estava 
anunciando o primeiro passo em resposta àquela oração. Um filho, a 
quem darás o nome de João (13). O nome significa “a graça de Jeová”. 
A díspensação da graça, distinta da lei, estava para ter início (cf. Jo 
1.17). 
 No espírito e poder de Elias (17). As palavras do anjo lembram a 
profecia final de Malaquias (4.5-6). O Novo Testamento começa onde 
termina o Velho Testamento. A profecia de Malaquias foi cumprida na 
pessoa de João, o Batista (Mt 11.14; 17.12-13). 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 8 
 Eu sou Gabriel (19). Em duas ocasiões anteriores ele havia sido 
enviado a Daniel, cujas profecias diziam respeito ao advento do Messias 
(Dn 8.16; 9.21). 
 Para anular o meu opróbrio (25). O de não ter filhos, o que era 
sentido agudamente por toda a mulher hebréia. Vide Gn 30.23, onde 
Raquel emprega as mesmas palavras. 
 
b) A anunciação de Jesus (1.26-38) 
 Do templo em Jerusalém a narrativa nos leva ao lar de uma virgem 
humilde em uma aldeia da Galiléia. O mesmo anjo que anunciara a 
chegada de João, foi enviado a Nazaré para anunciar um nascimento 
ainda mais transcendente. Saudou ele a Maria com uma saudação que a 
embaraçou, e ela ficou a imaginar o que significaria aquilo (26-29). 
Disse-lhe ele que Maria havia encontrado o favor de Deus e que daria à 
luz um filho, a quem chamaria Jesus. NEle cumprir-se-ia a promessa que 
havia sido dada por Deus a Davi - um trono e um reino eterno (30-33). 
Em resposta à pergunta que Maria lhe fez, o anjo concedeu-lhe a 
explicação - com delicada reserva e um gozo santo - de que Deus haveria 
de ser o Pai de seu Filho (34-35). Encorajou ele, então, a Maria e contou-
lhe a respeito de Isabel. As palavras finais de Maria expressam a 
submissão humilde com que ela se colocou à disposição de Deus (36-
38). 
 Chamarás pelo nome de Jesus (31). O nome é a forma grega de 
“Josué” e significa “a salvação de Jeová”. Foi revelado também a José 
(vide Mt 1.21). 
 Como será isto? (34). A indagação de Maria não implica em 
dúvida alguma ou descrença, tal como indica a pergunta de Zacarias 
(vide verso 18), porém simplesmente uma surpresa inocente. 
 Descerá sobre ti o Espírito Santo (35); em Sua capacidade como 
o poder criativo de Deus (Gn 1.2). A encarnação foi o começo de uma 
nova criação. O poder do Altíssimo (35) livre de toda a mancha do 
pecado. Ainda que verdadeiramente da raça de Adão, Jesus no entanto 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 9 
nasceu como Cabeça, sem pecado, de uma nova raça. Será chamado 
Filho de Deus (35). As palavras do anjo dão base à filiação divina do 
filho de Maria quando de Sua concepção pelo Espírito divino. Isto não 
implica, nem tão pouco exclui a Sua pré-existência. Seu resultado é visto 
na consciência da paternidade de Deus que Jesus possuía desde Seus 
anos primordiais. As palavras simples de Maria no verso 38 são uma 
expressão sublime de sua fé e consagração de si mesma. Ela aceita o 
sacrifício que isso envolvia - tal sacrifício de sua reputação, tal como é 
revelado no que José tencionava fazer com ela antes que o assunto fosse 
revelado a ele (Mt 1.19). 
 
c) A visita de Maria a Isabel (1.39-56) 
 Maria foi para a Judéia de muito bom grado e Isabel recebeu-a 
com uma saudação inspirada, de intenso sentimento (39-45). O cântico 
de Maria respira um descanso calmo e profundo e também um profundo 
senso de exaltação (46-55). Está modelado no cântico de Ana (1Sm 2.1-
10), e contém várias citações de Salmos. Maria parece ter permanecido 
com Isabel até que João nascesse (56). 
 Possuída do Espírito Santo (41). O espírito profético do velho 
pacto veio sobre Isabel e ela mesma reconheceu Maria como a mãe do 
Messias (43). 
 Então disse Maria (46). Suas primeiras palavras expressam o 
estado de sua alma e revelam o plano altamente espiritual em que ela 
havia vivido. 
 
d) O nascimento de João (1.57-80) 
 As circunstâncias em torno do nascimento e nome da criança 
fizeram uma impressão profunda sobre as pessoas que habitavam ali por 
volta (57-66). O cântico de Zacarias está modelado nas profecias e está 
repleto da idéia da redenção. Mostra que o significado espiritual da idade 
messiânica e que naquele instante estava sendo introduzida, havia sido 
bem compreendido pelas almas devotas em Israel (67-75).Ele expressa o 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 10 
seu gozo na parte estabelecida a seu próprio filho com relação a esta obra 
e então o cântico transborda com uma ação de graças final pela salvação 
messiânica (76-79). A conclusão histórica da narrativa, relatando acerca 
do crescimento de João e a preparação para seu ministério (80), concorda 
com a afirmativa no verso 66 de que “a mão do Senhor estava cem 
ele”. 
 Guardavam-nas no coração (66); uma expressão característica 
de Lucas (cf. 2.19,51), mostrando que ele colheu algo de suas 
informações junto ao povo que realmente estava inter-relacionado aos 
acontecimentos que ele narra. 
 Para dar a seu povo conhecimento da salvação (77). Foi este o 
propósito da obra de João como o antecessor dEle. O povo tinha uma 
idéia falsa da salvação que o Messias traria. João deveria dar-lhes uma 
idéia verdadeira como consistente da libertação espiritual do domínio do 
pecado. 
 O sol nascente das alturas (78); uma alusão a Ml 4.2, sendo esta 
uma figura bela para descrever o despontar de uma nova era. 
 
Lucas 2 
e) O nascimento de Jesus (2.1-20) 
 A história tem início com uma nota histórica acerca de um decreto 
imperial de um recenseamento do mundo romano (1-3). Quando isso foi 
posto em operação na Palestina, fez com que José e Maria fossem de 
Nazaré para Belém a fim de serem alistados em sua própria cidade 
ancestral; e lá mesmo o Salvador do mundo nasceu (4-7). O interesse do 
céu com relação ao acontecimento foi manifesto pelas novas que um 
anjo levou aos pastores nos campos abertos e pelo louvor de uma hoste 
celestial acompanhando a mensagem (8-14). Os pastores encontraram o 
bebê recém-nascido através do sinal, que o anjo deu a eles, e depois 
disso estes espalharam por toda a parte a mensagem do anjo com 
respeito à criança (15-17). Lucas prossegue contando a impressão 
produzida entre aqueles que ouviram a história, e dá a entender que havia 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 11 
um contraste bem grande entre a reação momentânea e superficial de 
maravilha das pessoas todas e os pensamentos e sentimentos profundos 
de Maria (18-20). 
 César Augusto (1); o primeiro dos Imperadores romanos, os quais 
reinaram de 31 A. C, até o ano 14 A. D. Recensear-se (1); literalmente, 
“deveriam ser alistados”. O decreto fora feito com o propósito de ser 
realizado um recenseamento como a base para os impostos. 
 Este o primeiro recenseamento (2); ou antes, “Este foi o primeiro 
alistamento feito”. A primeira aplicação do decreto na Palestina estava 
sendo realizada quando Jesus nasceu. Lucas menciona Cirino (Quirino) 
como o governador da Síria naquela época porque aquela província 
romana exercia uma certa medida de supervisão sobre o reino de 
Herodes. Vide também nota em At 5.37. 
 A cidade de Davi (4); Belém, dez quilômetros ao sul de 
Jerusalém, era a terra natal de Davi e seu lar original (1Sm 17.12,58). 
 Para todo o povo (10); literalmente, “para todo o povo”, 
apontando para os judeus como sendo os primeiros a receberem essa 
alegria. Cristo, o Senhor (11). Assim, o anjo mesmo declara que o bebê 
recém-nascido será o Messias prometido. 
 O cântico dos anjos está situado em duas partes simétricas e 
apresenta duas cenas correspondentes. Literalmente é: - “Glória nas 
alturas (céus) a Deus e sobre a terra paz entre os homens de boa 
vontade”. A frase “homens de boa vontade” é um hebraísmo e significa 
homens que são os objetos da boa vontade de Deus. O verso 19 lança luz 
sobre o caráter de Maria e também indica que Lucas obteve essa 
informação diretamente dela. 
 
f) A infância de Jesus (2.21-39) 
 Seus pais levaram-No ao templo em Jerusalém e levaram a efeito 
tudo quanto a lei requeria no caso de um primogênito (21-24). O cântico 
de Simão está assinalado com um arrebatamento dominado e um 
profundo enlevo espiritual. Ele se representa como sendo um vigia 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 12 
liberto agora de seu dever devido à esperança messiânica, pela qual tinha 
sido ordenado a que ele esperasse, e que agora apareceu (25-32). Seu 
modo de dirigir-se a Maria mostra que ele possuía alguma compreensão 
do significado das profecias que davam uma sombra antecipada dos 
sofrimentos do Messias (33-35). A já idosa profetisa Ana confirmou o 
testemunho dele relativamente à criança (36-38). José e Maria voltaram a 
Nazaré após cumprimento de tudo quanto a lei prescrevia (39). 
 Para o apresentarem ao Senhor (22). Todos os primogênitos em 
Israel pertenciam a Deus por causa da libertação do Egito na noite de 
páscoa (Êx 13.2). Um filho primogênito tinha que ser redimido por uma 
oferta sacrificial (Nm 18.15). A oferta de José e Maria era a que os muito 
pobres tinham a permissão de substituir um cordeiro (Lv 12.8). 
 Para ruína como para levantamento (34); quer isto dizer, a 
ruína de alguns e a salvação de outros. 
 A todos os que esperavam a redenção de Jerusalém (38). 
Simeão e Ana representam o povo piedoso em Israel, distinto dos judeus 
de mente carnal. Parece que houve uma certa expectativa entre eles por 
todo esse tempo em que se aproximava o advento do Messias. 
 
g) A meninice de Jesus (2.40-52) 
 Ele cresceu em corpo, mente e espírito desde a infância (40), por 
toda a meninice e em Sua mocidade (52). Sua natureza humana era 
perfeita e completa em cada fase de seu desenvolvimento. Quando 
chegou aos doze anos de idade, a idade em que um jovem judeu tornava-
se um membro da congregação de Israel, Jesus foi levado para 
Jerusalém, durante a páscoa, pela primeira vez. O incidente que ocorreu 
nessa ocasião revela a natureza ímpar e sem pecado desse menino em 
desenvolvimento (41-51). 
 A festa da páscoa (41). Esta festa comemorava a libertação de 
Israel do Egito (Êx 12.1-20). Ocorria na primavera, anualmente e sua 
celebração, que incluía a festa dos pães asmos, durava oito dias. 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 13 
 Entre os companheiros (44). Seria este um grupo da Galiléia, 
peregrinos, viajando em uma caravana. Quando pararam para a noite, 
Jesus foi dado em falta. 
 Três dias depois (46). Depois de um dia de jornada e outro mais 
de volta, Ele foi encontrado no terceiro dia em um dos pátios do templo 
onde havia passado cada um daqueles dias em Sua ansiedade de aprender 
dos doutores da lei, os quais estavam acostumados a dar instrução 
pública durante as festas. 
 Não sabíeis? (49) A resposta de Jesus é uma expressão de 
surpresa. Havia algo em torno dEle que Ele mesmo Se surpreendeu que 
Seus pais não o soubessem. A frase do original grego é indefinida, “das 
coisas de Meu Pai”. Ele sempre estivera ocupado com os afazeres de Seu 
Pai e não tinha interesses próprios para comprometê-Lo. Isto era o que 
Seus pais poderiam ter sabido. Aqui está revelada a vida íntima de uma 
criança que não tinha vontade própria. Suas palavras não subentendem 
uma consciência de Sua própria natureza divina, mas sim a consciência 
de uma natureza humana não decaída. Isso dá em conta Seus pais não 
terem compreendido o que queria dizer (50). 
 Era-lhes submisso (51). Isto expressa a atitude da vida de Jesus 
em Nazaré no decurso dos dezoito anos seguintes (3.23). José não é 
mencionado novamente, sem dúvida nenhuma porque não mais vivia 
quando teve início o ministério público de Cristo. Jesus trabalhou na 
mesma profissão de José (Mt 13.55; Mc 6.3), e, sendo o filho mais velho 
da família, arcaria com o peso do lar após a morte do pai. 
 
III. A PREPARAÇÃO DO SALVADOR PARA SEU MINISTÉRIO 
 - 3.1-4.13 
 
 A transição da vida particular de Jesus em Nazaré para Seu 
ministério público em Israel foi marcada por dois acontecimentos 
ímpares em Sua experiência e que constituíram Sua preparação especial 
para Sua tarefa - o batismo e a tentação. Lucas dá início a seu relato 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 14 
sobre tais acontecimentos com uma referência aos governantes da época 
(3.1). Ver o mapa da Palestina na pág. 983. Tibério estava associado com 
Augusto no governo do Império Romano durante dois anosantes que o 
último morresse, o que faria o seu décimo quinto ano A. D. 26. A Judéia 
estava sob a direção direta do governador romano Pôncio Pilatos, cuja 
província incluía tanto Samaria como a Judéia. Era uma das quatro 
partes em que o domínio de Herodes, o Grande, havia sido dividido. Daí 
o título de tetrarca, “governador de uma quarta parte”, que fora dado aos 
governantes das outras três partes. Herodes, conhecido como Antipas, e 
Filipe, eram filhos de Herodes, o Grande. O reino do primeiro incluía a 
Peréia, o distrito oeste do baixo Jordão bem como a Galiléia. O do 
último ficava a oeste do alto Jordão e do Mar da Galiléia. Nada se sabe 
de Lisânias, o qual governou sobre uma pequena divisão política entre 
Damasco e o Monte Hermom. Os cabeças da hierarquia judaica eram 
Anás e Caifás (3.2). Anás havia sido deposto pelos romanos em 15 A. D. 
porém ainda era Sumo Sacerdote aos olhos dos judeus. Seu genro, 
Caifás, era o Sumo Sacerdote oficial. 
 
Lucas 3 
a) A pregação de João, o Batista (3.1-20) 
 Vide notas em Mt 3.1-12; Mc 1.1-8. Cf. também Jo 1.6-34. Tendo 
recebido um chamado de Deus, João principiou a pregar o 
arrependimento na região do Jordão e empregava o batismo como um 
sinal de arrependimento, cumprindo desta maneira uma profecia de 
Isaías (2-6). Ele advertia as multidões que iam para serem batizadas que 
produzissem frutos como prova de arrependimento e dava-lhes direções 
práticas para abandonar os pecados que os envolviam e fazer o dever 
especial que era requerido deles (7-14). Em meio à reação de maravilha 
que chegou a despertar, João lhes contava o porquê dele batizar com 
água e anunciava também que o Messias estava para vir depois dele e 
então batizaria com o Espírito Santo e executaria o julgamento (15-17). 
Lucas, então, completa o seu relato com relação ao Batista, a esta altura, 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 15 
narrando como o seu ministério foi terminado abruptamente com o seu 
encarceramento, ficando então nas mãos de Herodes, cujo pecado ele 
havia reprovado (18-20). Cf. Mt 14.1-12; Mc 6.14-29. 
 Voz do que clama (4). O sentido geral da passagem citada de Is 
40.3-5, é um chamado para preparar um caminho através do deserto para 
a chegada de um rei. 
 A ira vindoura (7). O povo pensou que o julgamento do Messias 
seria executado sobre seus opressores gentios. João advertiu-os com 
respeito ao julgamento vindouro para os próprios judeus, declarando que 
isso era iminente. 
 Eu na verdade vos batizo com água (16). No original há uma 
ênfase tanto no “eu” como em “com água”. Isso era tudo quanto João 
podia fazer. Ele então aponta para o contraste entre o seu próprio 
batismo com água e o batismo do Messias com o Espírito Santo. Isto é 
notado em todos os Evangelhos (Mt 3.11; Mc 1.8; Jo 1.33), e é também 
mencionado por Jesus após a ressurreição (At 1.5). Obviamente havia 
um paralelismo tencionado entre o batismo de João com água e o 
derramamento subseqüente do Espírito Santo, no Pentecostes. O ritual 
que João introduzira foi baseado nas promessas dos profetas (Is 44.3; Ez 
36.25-27). E com fogo (16). Isto se refere ao poder purificador da obra 
do Espírito, enquanto que a água é referente a seu poder limpador. 
 
b) O batismo de Jesus (3.21-22) 
 Vide notas em Mt 3.13-17; Mc 1.9-11. Sendo batizado, Jesus Se 
dedicou a Deus como o Homem representativo, a fim de receber o poder 
do Espírito Santo, para levar avante Sua tarefa messiânica. Lucas dá 
somente um breve sumário do acontecimento, porém acrescenta o 
aspecto importante de que Jesus estava orando naquela hora. Está, 
portanto, subentendido que a descida do Espírito Santo sobre Ele foi a 
resposta à Sua oração. A vida de oração de Jesus sobressai neste 
Evangelho. Há outras nove instâncias de oração na vida do Senhor as 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 16 
quais são somente mencionadas por Lucas (Lc 5.16; 6.12; 9.18,29; 11.1; 
22.32-44; 23.34-46). 
 Tu és o Meu Filho amado, em Ti Me comprazo (22). Essa foi a 
aceitação do Pai com respeito à dedicação do Filho e Sua aprovação 
concernente aos trinta anos anteriores de Sua vida particular. 
 
c) A linhagem de Jesus (3.23-38) 
 Difere esta da genealogia em Mt 1.1-17 porque dá a linha de 
Maria ao invés da linhagem de José. Lucas traça os antepassados 
humanos de Cristo, através de Davi e Abraão, até Adão - mostrando, 
portanto, Sua conexão não somente com Israel, tal como o faz Mateus, 
mas também com toda a humanidade. As duas linhagens diferem entre 
Davi e José. Mateus traça a linhagem real de Davi, desde Salomão até 
José, mostrando Jesus como herdeiro legal de Davi. Lucas traça os 
antepassados de Maria até Natã, outro filho de Davi (31), mostrando 
então que Jesus era “da semente de Davi de acordo com a carne” (Rm 
1.3). O nome de Maria não é mencionado, porém José é chamado o filho 
de Eli (23), como sendo seu genro. Lucas termina sua genealogia 
denominando a Adão, o filho de Deus (38). Nele a humanidade teve o 
seu primeiro começo, como resultado de um ato criador de Deus. Em 
Jesus, a humanidade teve um novo começo, através de outro ato criador. 
 
Lucas 4 
d) A tentação de Jesus (4.1-13) 
 Vide notas em Mt 4.1-11; Mc 1.12-13. Essa experiência misteriosa 
realizou-se imediatamente depois que Jesus recebera a plenitude do 
Espírito Santo quando de Seu batismo e foi o primeiro resultado daquela 
experiência (1). Foi um ataque direto contra a atitude de completa 
submissão a Deus, atitude esta que Ele havia tomado, e um atentado sutil 
da parte do diabo para introduzir o elemento de vontade própria na obra 
do Messias. Jesus recusou-Se a que o assunto fosse referido a Si mesmo 
e foi de encontro a cada um dos apelos do adversário na luz da vontade 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 17 
de Deus tal como revelada em Sua Palavra. Lucas nos da as três 
tentações em uma ordem diferente da de Mateus (vide Mt 4.1-11). É 
provável que todas foram apresentadas à mente de Jesus ao mesmo 
tempo e que Ele tivesse separado os diferentes elementos da grande 
tentação e deu aos mesmos esta forma objetiva, a fim de contar aos 
discípulos acerca de uma experiência subjetiva, sendo profunda demais à 
compreensão de qualquer mente humana. 
 Se és filho de Deus (3); uma alusão à voz que Jesus ouviu quando 
de Seu batismo. 
 Está escrito (4). Jesus não respondeu como o Filho de Deus, mas 
sim como o Homem representativo, dando uma resposta que qualquer 
homem pode dar. Todas as Suas citações são de Deuteronômio (Dt 8.3; 
6.13; 6.16). 
 Ela me foi entregue (6). Jesus não negou a reivindicação que 
Satanás fez aqui; em outra parte Ele a reconheceu (cf. Jo 12.31; 14.30; 
16.11). A sutileza desta tentação está no fato de que o diabo ofereceu 
para colocar a sua própria influência tremenda sobre o mundo à 
disposição de Jesus para a promoção do reino messiânico. 
 Porque está escrito (10). O diabo não citou mal as Escrituras (Sl 
91.11-12), porém aplicou mal essa passagem, fazendo com que ela 
significasse uma confiança presunçosa em Deus e não fé. 
 As tentações de toda a sorte (13); ou antes, "Todo o tipo de 
tentação", o círculo completo de tentação para o qual a natureza humana 
do Senhor estava aberta (cf. Hb 4.15). Até momento oportuno (13). O 
diabo podia ter voltado ao ataque de tempos em tempos; Lucas, porém, 
provavelmente faz alusão a seu assalto final no Getsêmani (Jo 14.30; Lc 
22.53). 
 
IV. O MINISTÉRIO NA GALILÉIA - 4.14 – 9.50 
 
 O relato de Lucas concernente ao ministério do Senhor na 
Galiléia, principia com Nazaré, Sua cidadezinha natal, e termina com a 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 18 
transfiguração, a consumação real de Sua vida humana. Durante este 
período Ele reuniu um grupo de discípulos a Seu redor e essa época pode 
ser dividida em quatro partes, as quais são marcadas por passos quanto 
ao chamado e treinamento deles. 
 
a) Até o chamado dos primeiros discípulos (4.14-44) 
 Após um relato introdutório acerca da volta de Jesus para a 
Galiléia, é-nos relatado de uma visita a Nazaré e um sábado emCapernaum. 
 1. A VOLTA PARA A GALILÉIA (4.14-15) - Jesus voltou à 
Galiléia e iniciou um ministério de ensinamento, nas sinagogas, levando-
o avante no poder que recebera quando de Seu batismo. Sua fama 
espalhou-se por toda a província, que, já naquela época era densamente 
populada. No poder do Espírito (14). Todos os evangelistas nos relatam 
que o Espírito Santo veio sobre Jesus quando de Seu batismo, porém 
somente Lucas prossegue mostrando como esta experiência influenciou 
Sua vida. Há quatro referências a isto neste capítulo (vide vv. 1,14,18). 
 2. UMA VISITA A NAZARÉ (4.16-30) - Voltando à sua própria 
cidade natal, Jesus, no sábado, ensinou na sinagoga. Leu em Is 61.1-2 e 
aplicou a profecia para Si mesmo, explicando assim a mudança que 
havia tomado lugar em Sua vida desde que deixara o Seu lar para receber 
o batismo de João. A gente foi testemunha do caráter gracioso de Sua 
mensagem, porém quando Ele mencionou casos da graça de Deus sendo 
demonstrados aos gentios, eles se enraiveceram e fizeram um atentado 
para se livrarem dele. A passagem é peculiar a Lucas e é de se duvidar 
que esta seja a mesma visita que está registrada por Mateus (Mt 13.54-
58) e Marcos (Mc 6.1-6), mais tarde no ministério. 
 Segundo o Seu costume (16). Isto lança luz em Sua vida 
particular anterior. Cada comunidade judaica tinha a sua própria 
sinagoga para a leitura e ensino da lei e para a adoração de Deus. Era 
costumeiro permanecer-se de pé enquanto era feita a leitura das 
Escrituras e sentar-se quando eram ensinadas. 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 19 
 Passou a dizer-lhes (21). Há uma ênfase solene nessas palavras 
em seu próprio contexto. Quando Jesus Se sentou, mostrando que Ele 
tencionava ensinar, um murmúrio e senso de expectativa tomou conta do 
povo. 
 Ele então quebrou o silêncio com uma exclamação espantosa da 
parte do povo: Não é este o filho de José? (22). Ele era um de seus 
próprios conterrâneos e havia sido criado entre eles. Por que mostraria 
Ele tal graça e faria tais reivindicações? 
 3. UM SÁBADO EM CAPERNAUM (4.31-44) - Esta passagem é 
paralela com Mc 1.21-39, onde temos o mais completo relato de um dia 
de trabalho de sábado na vida de Jesus. Vide notas no mesmo. Lucas nos 
conta da cura de um endemoninhado, sendo isto feito na sinagoga (31-
37), a restauração da mãe da esposa de Pedro, a qual estava com febre 
em sua casa (38-39), a cura de uma verdadeira multidão de pessoas 
doentes, na cidade, durante o entardecer (40-41), e a partida na manhã 
seguinte para uma jornada pela Galiléia (42-44). Cf. Mt 8.14-17. 
 Desceu (31). Capernaum ficava situada às margens do Mar da 
Galiléia, o qual está a 200 metros abaixo do nível do mar, enquanto que 
Nazaré ficava na parte montanhosa da Galiléia. 
 Espírito de demônio imundo (33). Este é um exemplo típico de 
possessão demoníaca e o método de cura usado por Cristo ao tratá-la. 
Demônios pertencem ao reino de Satanás, o qual estava especialmente 
ativo quando Cristo Se achava entre os homens. 
 Ao por do sol (40); marcando o fim do dia de sábado, quando o 
povo podia então carregar os seus enfermos. 
 
b) Do chamado dos primeiros discípulos até a escolha dos doze 
(5.1-6.11) 
 Jesus estivera ganhando adeptos através de Sua pregação, porém, 
ainda não havia formado um grupo de seguidores pessoais. Agora 
começou Ele a ligar a Si próprio alguns discípulos regulares. Durante 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 20 
este período os líderes religiosos começaram a demonstrar sua oposição 
contra Ele. 
 
Lucas 5 
 1. O CHAMADO DE SIMÃO PEDRO (5.1-11) - Este incidente é 
com toda a probabilidade o mesmo tal como está registrado de forma 
abreviada em Mt 4.18-22 e Mc 1.16-20. Vide notas nas mesmas 
passagens. Somente Lucas narra acerca de Jesus ensinando do barco de 
Simão (cf. Mc 3.9-4.1) e acerca da grande pesca de peixes. O resultado 
surpreendente que se seguiu à obediência incrédula de Simão, com 
respeito à ordem do Senhor, quebrou sua confiança orgulhosa que tinha 
em si mesmo e levou-o aos pés de Jesus com uma confissão de completa 
inutilidade. Jesus respondeu com uma palavra de encorajamento e disse-
lhe que dali por diante seria pescador de homens. Simão e seus 
companheiros, pois, desistiram da pesca e se tornaram seguidores de 
Jesus. 
 Mestre, havendo trabalhado toda a noite (5). Era esta a melhor 
hora para se pescar. Pedro não esperou resultados, mas deitaria as redes 
como uma mostra de obediência ao Mestre (5). De Jo 1.40-42 sabemos 
que ele já se havia encontrado com o Mestre. 
 Retira-te de mim (8). O resultado deu a Pedro uma tal revelação 
nova do caráter de Jesus, que deste modo havia recompensado a ele pelo 
uso do barco, que ele viu seu próprio caráter em uma verdadeira luz. 
Dirigiu-se naquela hora a Jesus com o título mais elevado e mais santo 
de Senhor. 
 2. MILAGRES ESPECIAIS DE CURA (5.12-26) - Durante uma 
viagem pelas cidades da Galiléia, Jesus curou um leproso que apelara 
para Ele e o milagre resultou em um grande aumento de interesse 
popular. Grandes multidões acorreram para serem também curadas, 
porém Jesus continuou a retirar-Se a fim de orar (12-16). O milagre é 
descrito com maior brevidade ainda em Mt 8.1-4 e mais completamente 
em Mc 1.40-45, onde podem ser lidas as notas correspondentes. 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 21 
Somente Lucas é quem descreve o homem como estando coberto 
de lepra (12). A fama cada vez mais crescente de Jesus atraiu os líderes 
religiosos de toda a parte da terra e alguns deles estiveram presentes em 
outra ocasião, quando Jesus curou um paralítico que havia sido descido 
através de um telhado em uma casa repleta de gente. Ficaram eles 
escandalizados quando Jesus disse ao homem enfermo, antes de curá-lo, 
que seus pecados estavam perdoados (17-24). Entretanto, o povo que 
testemunhou aquele milagre ficou atônito e mostraram temor, dando 
também glória a Deus (25-26). Vide notas em Mt 9.2-8; Mc 2.1-12. 
Mostra-te ao sacerdote (14). Jesus não queria que a lei fosse 
ignorada, e esta requeria que o sacerdote desse um certificado de 
purificação (vide Lv 13). 
 Fariseus (17), Eram eles um partido religioso que tinha a atenção 
de observar estritamente a lei tal como interpretada pelos escribas ou 
doutores da lei (17). 
O poder do Senhor estava com Ele para curar (17). Estava 
presente para Jesus usar em Seus milagres de cura. Isto indica Sua 
dependência em Deus em todo o Seu trabalho. 
 O Filho do Homem (24). Esta é a frase que Jesus sempre usou ao 
falar de Si mesmo. Nenhum dos evangelistas a empregou referindo-se a 
Jesus e ninguém jamais se dirigiu a Ele usando esse título. 
Evidentemente Ele mesmo desejava ser encarado como o homem 
representativo. 
 3. O DISCIPULADO DE LEVI (5.27-39) - Esta passagem é 
paralela a Mc 9.9-17 e Mc 2.14-22, onde há notas relativas a tais trechos. 
Levi é também conhecido como Mateus, o nome que ele próprio usa. Era 
ele um coletor de impostos e foi chamado de seu banco de coletor. 
Respondeu imediatamente, deixando seu negócio lucrativo para tornar-se 
um seguidor de Jesus (27-28). Deu ele uma recepção a seu novo Mestre 
em seu próprio lar, o que fez com que se reunisse um grande número de 
companheiros publicanos e outros párias sociais, juntamente com Jesus. 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 22 
Tal ocasião foi propícia a que Jesus explicasse o propósito real de Sua 
missão (29-32). 
Depois uma questão foi levantada com respeito à razão pela qual os 
discípulos não jejuavam como os discípulos de João e os fariseus. Ao 
responder-lhes, Jesus deu a primeira idéia concernente à Sua morte (33-
35), seguindo-se à mesma duas afirmações parabólicas a fim de mostrar 
que Ele não estava remendando o velho sistema legal, mas, sim, 
introduzindo uma ordem inteiramente nova (36-39). 
 Um publicano (27). Os publicanos eram de duas classes - 
coletores de impostos diretos e oficiais de alfândega. Levi pertencia à 
segunda classe. 
 Os fariseus e seus escribas (30); isto é, escribas que pertenciam aopartido dos fariseus. A função dos escribas era a de copiar e explicar a 
lei. Haviam carregado a lei com tradição e, entre outras coisas, haviam 
acrescentado muitos jejuns novos. 
 Enquanto está com eles o noivo (34). Jesus estava fazendo alusão 
ao fato de que João havia chamado a Ele de "o noivo" e a si próprio de 
"o amigo do noivo" (vide Jo 3.29). 
 Vinho novo em odres novos (38). Duas palavras diferentes são 
aqui empregadas para "novo": neos, isto é, novo com referência a tempo, 
fresco ou feito há pouco tempo; e kainos, novo com referência a 
qualidade, sem estar estragado ou afetado pelo uso. 
 O verso 39 é peculiar a Lucas. O Senhor explica como era natural 
que aqueles que tivessem ido para compreender o valor do velho 
Judaísmo devessem estar indesejosos de o abandonar por algo novo e 
não experimentado. 
 
Lucas 6 
 4. INCIDENTES DO DIA DE SÁBADO (6.1-11) - Esta passagem 
é paralela a Mt 12.1-14 e Mc 2.23-26, onde podem ser lidas as notas 
equivalentes. Estes dois incidentes mostram como a hostilidade das 
autoridades religiosas chegaram à frente quanto à observância da lei de 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 23 
sábado. No primeiro caso (1-5), os fariseus criticaram os discípulos de 
Jesus por estarem debulhando grãos de trigo a fim de satisfazerem a 
fome, quando passaram pelos campos num sábado, pois que isto era 
olhado como uma quebra da lei, a qual proibia qualquer tipo de trabalho 
naquele dia. Jesus defendeu-os citando o caso de Davi e de seus homens 
que, quando famintos, comeram do pão asmo sagrado do tabernáculo. 
No segundo caso (6-11), Ele curou um homem com uma mão mirrada, 
na sinagoga, após ter desafiado os escribas e fariseus que lá estavam, 
para declararem se era legal fazer bem ou fazer o mal no dia de sábado. 
 Aconteceu que, num sábado (1). Em outra versão poder-se-ia ler: 
"no segundo sábado após o primeiro", um termo curioso usado somente 
por Lucas, cujo significado é obscuro. 
 Nem ao menos tendes lido? (3); referindo-se ao incidente 
relatado em 1Sm 21.1-6. Os fariseus não se atreveriam a criticar o que 
Davi havia feito. Jesus não anula a lei do sábado, porém reivindica o 
direito, como o Homem representativo, a administrá-lo para o bem do 
homem (5). 
 
c) Da escolha dos doze até sua primeira missão (6.12 – 8.55) 
 Durante esse período, a popularidade de Jesus continuou a aumentar 
e Seu ministério na Galiléia alcançou o seu ponto máximo. A seção começa 
com a nomeação dos doze apóstolos, contém os discursos Seus mais 
importantes na Galiléia e registra uma série de milagres notáveis. 
 1. A ESCOLHA DOS DOZE (6.12-19) - Jesus passou toda uma 
noite numa montanha, a orar, e no dia seguinte Ele escolheu doze dentre 
Seus discípulos e nomeou-os apóstolos, a fim de indicar, Seu propósito a 
respeito deles. Seus nomes são os mesmos tal como em Mt 10.2-4 e Mc 
3.16-19, onde há notas relacionadas ao assunto, com exceção de Judas, o 
filho de Tiago, o qual é chamado Tadeu nos outros Evangelhos. Jesus, 
então, desceu com os doze a um ponto qualquer ao lado da montanha e lá 
um grupo bem grande de Seus próprios discípulos e uma grande 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 24 
multidão de outras pessoas reuniram-se a Seu redor, a fim de O ouvirem 
e serem curadas. 
 Parou numa planura (17); ou melhor "ficou em um lugar plano". 
Não há discrepância entre isto e a afirmativa em Mt 5.1. O relato em 
Mateus é acerca do grupo que subiu a montanha com Jesus; Lucas 
descreve o evento de um ponto de vista particular. Pareceria que nosso 
Senhor procurou primeiramente estar em particular, no alto da montanha, 
com Seus discípulos e depois disso teria descido a um lugar mais plano, 
para falar e ser ouvido por todo o povo. Notar as referências à "grande 
multidão" em Mt 8.1 e a com respeito ao "povo" em Mt 7.28. 
 2. O SERMÃO AOS DISCÍPULOS (6.20-49) - Em meio à cena 
que acabamos de descrever, Jesus deu uma mensagem que na 
generalidade é chamada de Sermão da Montanha. O mesmo está 
registrado em sua totalidade em Mt 5.1; 7.29 e partes dele foram 
provavelmente repetidas em outras ocasiões. Vide comentário em 
Mateus para notas detalhadas concernentes a seus ensinamentos. 
 A narrativa de Lucas começa com uma série de "Bem-
aventuranças" seguidas por uma série de "ais", salientando, por um lado, 
o contraste em caráter entre aqueles que pertencem ao reino de Deus e 
aqueles que vivem para o mundo presente e, por outro lado, o contraste 
entre a felicidade que é a porção de uma classe e a miséria que aguarda a 
outra classe (20-26). A outra parte da mensagem trata dos deveres 
requeridos dos membros do reino (27-38). Lucas omite a maior parte do 
que Mateus relata com respeito à relação de Cristo com a lei mosaica, 
sendo que tal relação teria muito pouco significado para os leitores 
gentios. O que ele ensina com ênfase é que o amor é o princípio do reino 
e a qualidade de destaque de seus membros. Para o verso 37, vide notas 
em Mt 7.1-5. Vêm depois várias afirmativas apontadas e ilustrações 
práticas mostrando como esse princípio deve ser mantido (39-45). Para 
os versículos 43-45 vide notas em Mt 7.15-20. O sermão termina com 
uma advertência para Seus ouvintes acerca das conseqüências de não 
darem atenção às Suas palavras (46-49). Cf. Mt 7.24-27. 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 25 
 Bem-aventurados vós os pobres (20). Jesus está-Se dirigindo a 
Seus discípulos e quer dizer com isso que sua pobreza na realidade é 
uma bênção, porque ajuda a preservar sua dependência de Deus e assim 
os torna capacitados para Seu reino. 
 Logo desabou (49). A palavra para "logo" (eutheos) é freqüente 
em Marcos, porém rara em Lucas. Uma boa interpretação seria "depois 
disso", incluindo a idéia de seqüência, a qual está sempre implicada. 
 
Lucas 7 
 3. DOIS TRABALHOS DE PODER (7.1-17) - Após ter sido feito 
o sermão aos discípulos, Jesus retornou a Capernaum (1), e lá um 
centurião apelou a Ele relativamente a seu empregado que estava a ponto 
de morrer, sendo que Jesus o curou. Vide também as notas em Mt 8.5-
13. A história de Lucas com respeito a esse milagre é mais completa do 
que o relato condensado dado por Mateus, o qual representa o centurião 
fazendo para si o que Lucas narra ter ele feito através de uma deputação 
de anciãos judeus (2-5). Quando Jesus Se aproximou da casa foi 
encontrado por amigos do centurião, o qual havia mandado os mesmos a 
fim de expressarem seu próprio imerecimento em receber o Senhor ou 
mesmo aproximar-se dEle, bem como a convicção de que uma só 
palavra dEle seria o suficiente, pois que sua experiência da autoridade de 
um comandante militar levava-o a encarar a autoridade de Jesus como 
semelhante em seu alcance (6-8). Quando Jesus ouviu isto, Ele Se 
maravilhou e declarou que a fé que esse gentio demonstrara ultrapassava 
de longe qualquer outro tipo de fé que Ele havia encontrado entre os 
judeus. Quando os amigos voltaram à casa, encontraram o criado 
completamente restabelecido (9-10). 
 A quem este muito estimava (2). Era característico de Lucas 
anotar tal coisa. Todos os centuriões mencionados em o Novo 
Testamento têm algo registrado a seu crédito. (Mt 27.54; At 10.1; 22.26; 
27.43). 
 Meu rapaz (7); um termo de afeição. 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 26 
 A ressurreição do filho da viúva de Naim é registrado somente em 
Lucas (11-17). Naim ficava a cerca de quarenta e cinco quilômetros de 
Capernaum, fora, na planície na parte sulina da Galiléia. O estado 
desolador da viúva, a qual havia perdido o seu único filho, tocou a 
compaixão de Jesus. Parou Ele a procissão fúnebre, chamou novamente 
à vida aquele jovem e restabeleceu-o, devolvendo-o à sua mãe. O 
milagre deixou o povo atônito e a fama de Jesus foi espalhada ainda 
mais. 
 O Senhor (13). Parece que Lucas usa esse título propositadamente 
aqui: o Senhor da vida vai ao encontro da morte. 
 4. A MENSAGEM DE JOÃO BATISTA (7.18-35) - Esta 
passagem é paralela a Mt 11.2-19, onde se podem fazer referências às 
notas. João enviara dois de seus discípulosa Jesus, indagando se Ele 
seria Aquele que estava sendo esperado. Justamente naquela hora Jesus 
realizou muitos milagres de cura e Ele enviou os discípulos de João de 
volta a fim de narrarem a seu mestre tudo quanto haviam visto e ouvido 
(18-23). Quando já haviam ido, Jesus falou ao povo com respeito a João 
e pronunciou os maiores elogios relativamente a ele. Era ele muito mais 
do que um profeta, pois que tinha tido a honra ímpar de ter sido 
escolhido por Deus a fim de introduzir o Messias. Como tal, João é o 
maior de todos os homens e, no entanto, o menor membro do reino de 
Deus é maior do que ele (24-28). A esta altura, Jesus fez um resumo do 
resultado do ministério de João como sendo duplo, um movimento geral 
entre o povo comum e uma oposição aberta da parte dos governantes 
(29-30). Depois, continuou Ele a comparar o povo de Sua própria 
geração com crianças que estão na praça de mercado, achando defeitos 
em seus companheiros, porque não conseguem que brinquem com 
qualquer tipo de brincadeira, Chamam a João um demoníaco em vista 
dele praticar o ascetismo, e chamam Jesus de glutão e beberrão porque 
Ele não age daquela outra maneira (31-35). 
 És Tu aquele que estava para vir? (19). A pergunta não implica 
em uma completa derrota na fé que João demonstrara; no entanto, com 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 27 
toda a probabilidade ele esperara que Jesus seguisse um método 
diferente quando deu testemunho dEle como sendo o Messias. 
 Ide, e anunciai a João (22). Jesus descreve as obras que os 
discípulos de João viram-No fazer usando as próprias palavras que o 
profeta Isaías havia usado relativamente à idade messiânica, (Is 35.5-6); 
João, sendo ele mesmo um profeta, compreenderia o que Jesus estava 
dizendo. 
 Ninguém é maior do que João (28); ou antes, não há maior 
profeta do que João. Jesus não está comparando o Batista com todos os 
outros profetas, mas, sim, com todos os outros membros da raça humana. 
Assim fazendo, Ele revela o verdadeiro padrão da grandeza - 
proximidade de inter-relação conSigo mesmo. 
 O significado do verso 35 é que a Sabedoria divina é vindicada por 
seus próprios filhos, a minoridade fiel que acolheu a João, o Batista e o 
Messias, e não pela maioria descrente que os rejeitou. 
 5. NA CASA DE SIMÃO, O FARISEU (7.36-50) - Este incidente 
é registrado por Lucas somente. A unção de Jesus feita pela mulher 
pecadora (36-38) deve ser diferenciada da unção em Betânia, registrada 
pelos outros evangelistas (cf. Mt 26.6-13; Mc 14.3-9; Jo 12.1-8), Jesus 
respondeu ao pensamento não expresso do fariseu orgulhoso e arrogante, 
contando a parábola dos dois devedores (39-43), e aplicando-a depois 
para seu caso e o da mulher. Sua indiferença com relação a seu hóspede 
e sua derrota como hospedeiro contrastavam agudamente com a afeição 
e o comportamento da mulher (44-47). A palavra final que Jesus lhe 
deixou indica que o amor que ela lhe demonstrou surgiu de sua fé nEle e 
esta fé implicava no perdão dos pecados dela (47-50). 
 Por detrás, a Seus pês (38). As sandálias eram removidas para as 
refeições e os hóspedes reclinavam em seus respectivos divãs, com seus 
pés esticados, por detrás. 
 Quinhentos denários... cinqüenta (41). Um denário era então 
relativamente muito mais valioso: era o salário de um dia. 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 28 
 Vês esta mulher? (44). Nos vv. 44-46, Jesus menciona três atos de 
cortesia com que o hospedeiro geralmente recebia seu convidado. Simão 
os havia ignorado a todos e a mulher os havia executado. Ao estabelecer 
o contraste entre Simão e a mulher, as palavras de Jesus surgem como o 
paralelismo rítmico da poesia hebraica. 
 Ela muito amou (47). A prova de seu perdão e não a razão dele. 
 
Lucas 8 
 6. OUTRA VIAGEM PELA GALILÉIA (8.1-21) - Lucas descreve 
um aspecto no ministério do Senhor, durante este período, que não é 
mencionado em nenhuma outra parte. Ele e os doze formaram um grupo 
viajante, indo de um lugar para o outro com a mensagem do reino de 
Deus; outro grupo, composto de mulheres de bens, providenciavam o 
necessário para que eles fossem recebidos e mantidos (1-3). Esse grupo 
de mulheres seguiu a Jesus até a cruz (vide 23.49). Lucas continua esta 
seção com a parábola do semeador e sua interpretação (4-15), a qual é 
dada mais completamente em Mt 13 e Mc 4 (onde podem ser lidas as 
notas), e várias outras referências parabólicas (16-18). Vem, então, um 
relato breve do incidente que ocorreu quando a mãe de Jesus e irmãos 
foram procurá-Lo e não podiam chegar perto dEle por causa da multidão 
(19-21), incidente este que é também registrado em Mt 12.46-50 e Mc 
3.31-35. 
 Maria, chamada Madalena (2); isto é, Maria de Magdala, para 
diferenciá-la da outra Maria de Betânia e outras possíveis Marias. O 
nome era comum. Ela não deve ser identificada com a mulher pecadora 
de 7.36. 
 Disse Jesus por parábola (4). Lucas havia já usado o termo 
"parábola" em vários discursos resumidos de Jesus, porém esta é a 
primeira das parábolas mais elaboradas que daqui por diante se tornam 
mais comuns nos ensinos de nosso Senhor. São histórias ou ilustrações 
do mundo natural e da vida diária, as quais Ele empregou a fim de 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 29 
estabelecer o mundo espiritual e a vida espiritual. Vide notas em Mt 
13.1-23; Mc 4.1-20. 
 Eis que o semeador saiu a semear (5). Sua semente caiu em 
quatro tipos diversos de chão, e o ensino da parábola está em tais 
diferenças. Poderia bem ser denominada a parábola dos quatro tipos de 
selo. 
 Os mistérios do reino de Deus (10). Os aspectos do mesmo que 
não podem ser descobertos por raciocínio humano e são compreendidos 
somente na luz da revelação divina. Para que vendo não vejam (10). O 
propósito de Cristo era pôr a verdade de tal forma que a mesma fosse 
escondida daqueles que estivessem indesejosos de acolhê-la, mas para 
ser cheia de sentido àqueles que a desejassem compreender. Vide Mc 
4.12 n. 
 Ninguém, depois de acender uma vela (16). A conexão entre 
este e os versos precedentes está no fato de que ao responder à pergunta 
dos discípulos (9), Jesus havia acendido uma vela dentro deles e agora 
eles não mais podiam escondê-la mas espalhar a sua luz a outros. Se 
assim o fizessem, receberiam ainda mais luz. As referências que Lucas 
agrupou aqui estão espalhadas em três lugares diversos em Mateus (Mt 
5.15; 10.26; 13.12). 
 Sua mãe e Seus Irmãos (19). Vide notas em Mc 3.20-21,31-35; 
cf. Mt 12.46-50. A família de José e Maria consistia de quatro filhos e 
pelo menos duas irmãs, todos eles nascidos depois de Jesus (Mt 13.55-
56; Mc 6.3). Eles ainda não criam nEle (Jo 7.3-5). e provavelmente 
pensaram que Ele estivesse Se excedendo (Mc 3.21). 
 7. UMA SÉRIE DE MILAGRES TÍPICOS (8.22-56) - Todos os 
Evangelhos sinóticos registram estes quatro milagres e na mesma ordem. 
Vide notas in loco. O relato de Mateus é o mais resumido de todos eles e 
o mais compacto (Mt 8.23-34-9.18-26) e o de Marcos o mais longo e 
também o mais detalhado (Mc 4.35-5.43). São milagres representativos e 
pertencem aos quatro diferentes domínios em que Jesus executou Suas 
obras poderosas. O amainar da tempestade no mar manifestou o Seu 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 30 
poder sobre o mundo natural (22-25); a libertação do Gadareno 
demoníaco manifestou Sua autoridade sobre o mundo do espírito (26-
39); a cura da mulher que tocou Suas vestes mostrou Seu poder no 
domínio de nossa natureza física (40-48); e a ressurreição da filha de 
Jairo revelou Sua autoridade sobre o domínio da morte (49-56). 
 Repreendeu o vento (24). A mesma palavra é empregada com 
respeito ao modo pelo qual Ele tratou da febre da mãe da mulher de 
Pedro (4.39). Atrás de todas as perturbações da natureza e as 
enfermidades de nossa composição física, Jesus viu a Seu próprio grande 
inimigo. 
 Possuídos de temor (25). Os discípulos estavam tomados de temor 
na presença de um poder sobrenatural que antes nunca tinham visto em 
seu Mestre. 
 Qual é o teu nome? (30); perguntafeita ao homem, a fim de 
suscitar nele um senso de sua própria personalidade. Vide Mc 5.9 n. 
 Uma filha única (42). Somente Lucas menciona este fato tocante, 
tal como o faz no caso do filho da viúva (7.12), e novamente mais tarde 
no caso do rapaz demoníaco (9.38). Quem Me tocou? A pergunta de 
nosso Senhor deu à mulher uma oportunidade para que fizesse uma 
confissão voluntária e para que a mesma não fosse embora com uma 
bênção roubada. Ele não deixaria o Seu trabalho com ela ainda 
inacabado, mesmo sob a pressão urgente do pedido de Jairo. 
 Pedro, Tiago e João (51). Estes três formavam um grupo íntimo 
dentre os doze, a quem Jesus escolheu para estarem com Ele em várias 
ocasiões especiais (vide Mt 17.1; 26.37). 
 
Lucas 9 
d) Da missão dos doze à partida da Galiléia (9.1-50) 
 Esta seção leva o ministério na Galiléia a seu fim. Inclui vários 
acontecimentos de suprema importância, especialmente a grande 
confissão de Pedro e a transfiguração do Senhor. 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 31 
 1. A MISSÃO DOS DOZE (9.1-9) - O relato de Lucas 
concernente à comissão dos doze (1-6) é substancialmente o mesmo 
como em Mateus (Mt 10.5-15) e Marcos (Mc 6.7-13), exceto que Mateus 
dá um relatório mais completo das instruções que Jesus lhes dera e 
Marcos nos conta que Ele os enviara "dois a dois". Vide notas in loco. A 
comoção causada por tal missão através da Galiléia levou a fama de 
Jesus aos ouvidos de Herodes Antipas, o qual ficou perplexo pelo que 
ouviu e tentou arranjar uma entrevista com Ele (7-9 vide Mt 14.1-12 n. e 
Mc 6.14-29 n). 
 Nada leveis para o caminho (3). Esta missão dos apóstolos era 
limitada a Israel e, como mensageiros do Messias, eles eram dignos do 
apoio do povo. 
 2. A ALIMENTAÇÃO DOS CINCO MIL (9.10-17) - Quando os 
apóstolos voltaram com seus relatórios, Jesus levou-os à parte para um 
retiro na parte nordeste do lago, porém o povo O seguiu e interrompeu 
Seu plano. Ainda assim Ele deu a eles boa acolhida e ministrou àquela 
gente. 
 Quando entardeceu, os doze sugeriram que Ele mandasse embora 
o povo, a fim de que conseguissem comida e alojamento nas aldeias 
circunvizinhas. Em vez disso, Ele fez com que os discípulos os 
alimentassem com o que eles próprios possuíam, cinco pães e dois 
peixes. Fez Ele com que o povo todo se sentasse em grupos de cinqüenta 
e, depois de ter abençoado o alimento, entregou-o aos discípulos para ser 
distribuído. Todos se satisfizeram e doze cestos foram cheios com os 
fragmentos restantes. A importância especial deste milagre é marcada 
pelo fato de que é o único registrado em todos os quatro Evangelhos. Os 
relatos paralelos são Mt 14.13-23; Mc 6.30-46 e Jo 6.1-15, onde se 
podem ler as notas equivalentes. 
 Uma cidade chamada Betsaida (10). Não "a cidade de André e 
Filipe" (Jo 1.44), a qual ficava situada na parte leste do lago, porém 
Betsaida Julias que estava no lado oeste do alto Jordão no território de 
Filipe, o tetrarca. 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 32 
 Cerca de cinco mil homens (14). Mateus acrescenta "além de 
mulheres e crianças"; entretanto, destas haveria muito poucas. 
 Erguendo os olhos para o céu, os abençoou (16). Todos os quatro 
relatos notam esse detalhe, vendo nele o segredo de todo o poder 
manifesto. 
 Partiu e deu (16). Os verbos gregos estão em tempos diferentes; 
partiu indica um ato único, e deu uma ação continua. A medida que o 
alimento estava sendo distribuído, foi sendo multiplicado. 
 Doze cestos (17). A palavra grega para cestos é kophinos, sendo 
que eram usados pelos judeus quando viajavam, para evitarem comprar 
alimento dos gentios. 
 3. A CONFISSÃO DE PEDRO A CRISTO (9.18-27) - Esta 
passagem é paralela a Mt 16.13-28 e Mc 8.27-38, onde podem ser lidas 
as notas. Lucas não menciona o lugar onde ocorreu o incidente mas nos 
conta que Jesus estava orando naquele instante. A resposta de Pedro à 
pergunta que Jesus fez aos discípulos com respeito a Si mesmo é dada 
resumidamente e é imediatamente seguida pela predição do Senhor 
acerca de Sua rejeição e morte nas mãos dos líderes judeus e Sua 
subseqüente ressurreição (18-22). Lucas omite o elogio de Jesus a Pedro 
e a afirmativa Sua com relação à Sua Igreja, sendo que registra somente 
Sua advertência aos discípulos de como eles deveriam segui-Lo. 
Precisavam tomar a sua cruz e estar preparados para perderem a própria 
vida por Sua causa. Se eles se envergonhassem dEle, então não gozariam 
de Sua glória quando Ele viesse (23-27). 
 O Cristo de Deus (20). A primeira confissão de Jesus como o 
Messias feita por um dos discípulos. Entretanto, o povo ainda não estava 
preparado para tal notícia por causa do ponto de vista carnal deles com 
relação ao reino. 
 Tome a sua cruz (23); a primeira menção da cruz em Lucas. Isso 
deve ter deixado os discípulos atônitos, pois que bem sabiam que uma 
cruz não era carregada apenas como um peso, mas como algo utilizado 
como instrumento de morte. 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 33 
 Quando vier na Sua glória (26); a primeira referência de Cristo à 
Sua segunda vinda. Sua afirmativa no verso 27 pode significar que a 
transfiguração, que ocorreria logo depois disso, prognosticaria a glória 
de Seu reino (cf. 2Pe 1.16-18). 
 4. A TRANSFIGURAÇÃO (9.28-36) - Isto marcou o ponto mais 
alto na vida de Jesus. Foi a culminação de Sua humanidade perfeita e 
sem pecado, pois que a morte não tinha reivindicação alguma sobre Ele. 
O relato de Lucas referente a esta cena lança maior luz sobre a mesma 
narrativa nas passagens paralelas (Mt 17.1-7 e Mc 9.2-8). Jesus estava 
orando quando Sua transfiguração teve lugar e o tema de Sua conversa 
com Moisés e Elias foi "sua partida", o que se daria em Jerusalém. Ele 
bem que poderia ter coroado Sua vida terrena como o Filho do homem, 
estabelecendo Sua partida à maneira do monte da transfiguração, porém 
Ele Se voltou para o caminho da cruz, a fim de cumprir desta maneira a 
redenção do mundo. A voz que finalmente se fez ouvir da nuvem, que 
depois encobriu aquele cenário, expressou a aprovação do Pai com 
relação à entrega que o Filho havia feito de Si mesmo. 
 Subiu ao monte (28). O contexto em outros relatos identifica-o 
como o Monte Hermom, cujo cume coberto de neve, acima de 2.700 
metros de altura, pode ser visto de muitas partes da Palestina brilhando 
como ouro à luz do sol. 
 Moisés e Elias (30); os representantes da lei e dos profetas. Os 
quais apareceram em glória (31). Não como espíritos imateriais, mas, 
sim, na forma corpórea como Jesus estava. Elias havia sido trasladado 
corporeamente para o céu (2Rs 2.11), e Jd 9 dá a entender que o corpo de 
Moisés havia sido ressuscitado da morte. 
 Sua partida (31). A palavra é êxodo, uma "saída" e não somente 
se refere à Sua morte, mas também é concernente a Sua ressurreição e 
ascensão. Este tema deveria ter sido de interesse especial tanto para 
Moisés como para Elias pela própria experiência de ambos. 
 5. O TÉRMINO DO MINISTÉRIO NA GALILÉIA (9.37-50) - A 
transfiguração foi seguida, no dia seguinte, por um milagre realizado ao 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 34 
pé da montanha (37-42). Jesus curou um rapaz endemoninhado a quem 
os discípulos haviam deixado lá no dia anterior depois de terem tentado 
curá-lo sem sucesso. Os relatos paralelos em Mt 17.14-21 e Mc 9.14-29 
(vide notas) revelam mais detalhadamente a razão para essa derrota, 
porém Lucas salienta o interesse humano da cena no apelo patético do 
pai com relação a seu único filho (38), e em um toque terno de que 
quando Jesus tirou o demônio do rapaz, Ele o entregou a seu pai (42). 
 Até quando estarei convosco? (41). Essas palavras revelam um 
sentimento de saudade no coração de Jesus. Sentiu Ele o contraste entre 
a descrença e perversidade da raça humana e a dedicação santa do 
mundo celestial de onde Ele proviera. 
 
V. A VIAGEM A JERUSALÉM (9.5–19.28) 
 
 A narrativa de Lucas do ministério na Galiléia chega a um final 
com outra predição da paixão (43-45; cf. Mt 17.22-23; Mc 9.30-32), uma 
lição objetiva dohumildade (46-48; cf. Mt 18.1-5; Mc 9.33-37), e uma 
advertência contra a intolerância (49-50; cf. Mc 9.38-40). 
 A narrativa contida nesta parte do Evangelho é quase que 
inteiramente peculiar a Lucas. Em Mateus, a história é limitada a dois 
capítulos (19-20) e em Marcos a um só (10). A viagem levou vários 
meses. Em seu decurso, Lucas menciona três vezes o fato que Jesus 
estava a caminho de Jerusalém (Lc 9.51; 13.22; 17.11). 
 
 Isto indicaria três fases na viagem. É provável que estas estavam 
separadas por diferentes visitas a Jerusalém, pois que o Evangelho de 
João mostra que Jesus estava na cidade em duas ocasiões durante este 
período, antes da última páscoa. Tais ocasiões eram a festa dos 
tabernáculos no outono (Jo 7.2-10,37) e a festa da dedicação durante o 
inverno (Jo 10.22-23). 
 
 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 35 
a) A primeira fase da viagem (9.51 – 13.21) 
 O primeiro incidente relatado mostra que Jesus, primeiramente, 
seguiu por Samaria e depois atravessou o Jordão em direção à Peréia e 
viajou para o sul através daquela região. 
 1. REJEITADO EM SAMARIA (9.51-62) - Jesus enviou 
mensageiros a Samaria, a fim de prepararem Sua chegada. Já uma vez 
antes Ele havia passado por Samaria e tinha sido bem acolhido ali (Jo 
4.39-40), mas então Ele estava de volta de Jerusalém. Neste incidente 
um dos habitantes recusara-Lhe hospitalidade porque Ele estava a 
caminho de Jerusalém. Tiago e João foram repreendido pelo Senhor por 
terem desejado chamar fogo do céu sobre eles (51-56). Três incidentes 
ocorreram quando eles seguiram o seu caminho, nos quais Jesus mostrou 
o Seu conhecimento quanto aos corações dos homens ao tratar com os 
assim chamados discípulos duvidosos (57-62; cf. Mt 8.19-22). 
 Os dias em que devia Ele ser assunto ao céu (51); uma 
referência à Sua ascensão. 
 Manifestou no semblante a intrépida resolução (51). O 
propósito fixo que o Senhor mostrou em suportar o Seu sacrifício é 
notado de igual modo em Mc 10.32. 
 Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos (60). 
Deixar os espiritualmente mortos, cujos interesses estão somente nesta 
vida, a fim de atenderem aos deveres da sociedade terrena. 
 
Lucas 10 
 2. A MISSÃO DOS SETENTA (10.1-24) - Como Jesus enviou os 
doze para as partes situadas ao norte da província porque os obreiros 
eram tão poucos e a colheita tão grande (Mt 9.37-10.1), assim também 
agora pela mesma razão Ele enviou um número muito maior de Seus 
discípulos para as regiões sulinas por onde Ele estava para viajar (1.2). O 
encargo que Ele lhes deu era semelhante àquele dado aos doze (3-12). 
Termina com uma denúncia das cidades impenitentes na Galiléia (13-
16), que Mateus registra em outra conexão (vide Mt 11.20-24). 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 36 
 Lugar onde Ele estava para ir (1). Eles deveriam preceder o 
próprio Jesus e anunciar que o reino estava próximo na pessoa do Rei. 
 A ninguém saudeis pelo caminho (4). Por causa da urgência de 
sua missão, não deveriam perder tempo em longas e complicadas 
saudações pelo caminho (cf. 2Rs 4.29). 
 Digno é o trabalhador de seu salário (7). Paulo cita estas 
palavras como sendo das Escrituras, em 1Tm 5.18, o que subentende que 
o terceiro Evangelho foi publicado antes que a epístola tivesse sido 
escrita. Não andeis a mudar de casa em casa (7). Outra advertência 
contra a perda de tempo valioso na aceitação de inúmeros convites. 
 O gozo que esses discípulos manifestaram ao retornar, evocou 
uma exultação da parte de nosso Senhor, o que é único na vida do 
Salvador, Ele viu em seus sucessos um Símbolo e determinação da 
completa derrota de Satanás (17-20). Continuou Ele então a expressar 
Seu gozo de que as verdades de Sua nova ordem estavam sendo 
reveladas aos simples, e para congratular-se com Seus discípulos que as 
haviam visto. Enquanto assim fazia, Ele fez uma daquelas sublimes 
afirmativas de poder divino e autoridade que surgem aqui e ali de Seu 
ensino (21-24). 
 Exultou no Espírito (21). O verbo é bem forte e significa que 
Jesus mostrou um gozo exultante. Outra versão diz, "Ele Se regozijou no 
Espírito Santo" o que quer dizer que Ele estava cheio do Espírito Santo 
com um gozo arrebatador, o que o levou a pronunciar as palavras que 
seguem. 
 3. O BOM SAMARITANO (10.25-42) - Foi narrada essa parábola 
na ocasião em que um advogado formulou uma pergunta prática sobre o 
que deveria fazer para herdar a vida eterna, subentendendo que esta lhe 
poderia ser assegurada pela execução de uma ação qualquer. Jesus fez 
referência à lei que, como advogado, deveria conhecer. O advogado 
mostrou entender corretamente a lei, ao citá-la em seu âmago, por assim 
dizer, resumida no amor a Deus e ao próximo (Dt 6.5; Lv 19.18). 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 37 
 Jesus aprovou a resposta e acrescentou: faze isto e viverás (28), 
dando a entender que a vida consiste na execução contínua de atos de 
amor. Isso tocou a consciência do advogado e colocou-o na defensiva, 
perguntando: Quem é o meu próximo? (29). 
 Jesus respondeu contando a história de um samaritano, 
provavelmente extraída da vida real, pois que dificilmente representaria 
um sacerdote e um levita tão duros se não tivesse sido um incidente real 
para justificar que Ele assim o fizesse. A parábola ilustra a verdadeira 
operação da lei do amor. 
 Descia (30). A estrada que ia de Jerusalém a Jericó descia mais de 
900 metros em menos de 25 quilômetros através de reentrâncias que 
estavam infestadas de ladrões. 
 Certo samaritano (33); o representante de uma raça desprezada, 
enquanto que o sacerdote e o levita representavam a ortodoxia e a 
respeitabilidade judaica. 
 Quando voltar (35). O "eu" é muito enfático; "Eu, e não o homem 
ferido, pagar-te-ei". 
 Jesus mudou o pretexto do advogado do interesse próprio, 
subentendido em sua pergunta, no de outros, perguntando, quando Ele 
havia terminado a história: qual destes três... o próximo? (36). Se um 
samaritano podia provar que era o verdadeiro próximo de um judeu, 
mostrando misericórdia a este, então todos os homens são próximos. 
 A figura bela de Jesus no lar de Marta e Maria, que segue à 
parábola e é preservada somente por Lucas, pode ter sido inserida aqui 
para suplementar a resposta que Jesus deu à pergunta do advogado 
relativamente à vida eterna. A benevolência prática tal como a do 
samaritano não é suficiente. Precisa ser combinada à comunhão com o 
Senhor. 
 Esta foi a boa parte (42) que Maria havia escolhido. 
 Num povoado (38). No Evangelho segundo João chegamos a 
saber que era Betânia (Jo 11.1). 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 38 
Aproximou-se de Jesus (40). Marta fez um movimento impaciente, 
mostrando com seu mau gênio o suficiente para reprovar a Jesus e 
indiretamente repreendeu a Maria. 
 Pouco é necessário (42). Muitos pratos não eram requeridos; 
somente um seria o suficiente. Era a comunhão que Jesus valorizava, não 
a boa recepção. 
 
Lucas 11 
 4. UMA LIÇÃO DE ORAÇÃO (11.1-13) - Em certa ocasião, 
quando Jesus estivera orando, um de Seus discípulos perguntou-Lhe 
como orar, e Ele lhes deu um modelo - que conhecemos como a oração 
do Senhor (1-4), de um certo modo de forma pouco mais resumida do 
que o relato de Mateus no Sermão do Monte (ver notas em Mt 6.9-13). 
Provavelmente Jesus ensinou-a aos discípulos em diferentes ocasiões. A 
palavra "cada dia" (gr. epiousion) não é encontrada em outra parte na 
literatura grega e seu significado preciso é, portanto, incerto. No entanto, 
encontrou-se num documento do Egito em um contexto que sugere o 
significado "rações diárias". Provavelmente o melhor meio de entendê-la 
é "pão para o dia que chega", isto é, se usado na manhã, "o pão de hoje" 
e se usado à noite, "o pão de amanhã". 
 Ele seguiu este modelo de oração com um encorajamento à oração 
na parábola do amigo importuno (5-8). Três pessoas devem ser 
diferenciadas: o hospedeiro - Qual dentre vós? - com nada para suprir a 
seu hóspede; seu vizinho amigo (5) que tem em abundância; e seu 
hóspede - meuamigo (6) - que tem ido a ele estando necessitado e 
faminto. A parábola ensina a lição, contrastando a relutância do amigo 
egoísta, que tem que ser desperto pelo pedido importuno, com a vontade 
do Deus misericordioso. Jesus acrescentou uma exortação aos discípulos 
para que perseverassem em oração e apoiou-a com um apelo para o 
próprio entendimento deles da natureza humana dum pai (9-13). Para 
esta última seção vide também Mt 7.7-11. Observar que o dom do 
Espírito Santo subentende todos os outros dons excelentes (cf. Mt 7.11). 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 39 
 5. AQUELA GERAÇÃO DENUNCIADA (11.14-36) - Tendo 
curado um endemoninhado mudo, Jesus foi acusado de cumplicidade 
com Belzebu e foi desafiado por um sinal para purificar-Se daquela 
acusação (14-16). Primeiramente Ele refutou a acusação fazendo um 
apelo ao senso comum (17-19). Ele então deu a verdadeira explanação 
de Suas curas: o poder de Deus estava presente com Ele e o reino de 
Deus havia vindo entre eles (20-22). Vide notas em Mt 12.22-30; e cf. 
Mc 3.22-30. 
 Belzebu, o maioral dos demônios (15). Esse nome, 
provavelmente de uma divindade filistina mencionada em 2Rs 1.2, era 
aplicada a Satanás pelos judeus. O nome Baal-Zebul ("senhor do lugar 
alto") aparece como o nome de uma divindade cananita tão antiga quanto 
as tábuas de Ras Shamra (c. 1400 A.C.). 
 Um valente (21); isto é, Satanás. 
 Um mais valente do que ele (22); isto é, Cristo. Deste modo Jesus 
descortina Sua vitória sobre Satanás. Prosseguiu Ele apontando a 
impossibilidade de ser neutro no conflito entre Ele e Satanás (23). 
 O caso de um endemoninhado que tem sido curado e permite ser 
possuído novamente é comparado ao do pecador que se arrepende de 
seus pecados, porém não deixa o Espírito de Cristo entrar (24-26). Cf. 
Mt 12.43-45 e ver nota nessa passagem. 
 A esta altura um incidente ocorreu, sendo que ilustra a impressão 
profunda que as palavras do Senhor estavam fazendo sobre o povo (27-
28). Ao se juntarem a Seu redor, Jesus denunciou aos judeus de Seu dia 
como uma geração perversa (29) em vista deles procurarem um sinal, 
declarando então que nenhum sinal deveria ser dado senão o de Jonas. 
Essa geração seria condenada, no julgamento final, pela rainha que fora 
ouvir da sabedoria de Salomão e pelos ninivitas que se arrependeram 
através da pregação de Jonas. Por seu exemplo condenariam os judeus 
daquele dia, os quais possuíam alguém maior ainda do que Salomão e 
Jonas em seu meio (29-32). Com os versos cf. Mt 12.38-42; Mc 8.11-12. 
Aqueles cuja visão espiritual não havia sido escurecida pela impenitência 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 40 
e indiferença não tinham necessidade alguma de um sinal proveniente do 
céu. Eram iluminados por uma luz que estava brilhando ao redor deles - 
a luz derramada pelo próprio Cristo (33-36). Para o verso 33 vide notas 
em Mt 5.14-16. Para o verso 34 vide notas em Mt 6.22-23. 
 6. DENÚNCIA DOS FARISEUS E ADVOGADOS (11.37-54) - 
Um fariseu que havia convidado Jesus para ter uma refeição com ele, 
ficou surpreendido que Ele não executasse o ato costumeiro de lavagem 
cerimonial (37-38). Isto levou Jesus a repreender aos fariseus pelo 
exteriorismo de suas práticas religiosas e por seu espírito de vanglória 
(39-44). Uma observação interposta por um dos doutores da lei que ali 
estava presente, levou-O a também denunciá-los e predizer a catástrofe 
que viria a cair sobre aquela geração (45-52). Quando Jesus saiu da casa 
do fariseu foi seguido por Seus inimigos e houve uma grande comoção 
em torno dEle (53-54). 
 Não se lavara primeiro (38); lit., "não se tinha batizado 
primeiro". A referência é feita ao cerimonial de purificação e não a uma 
lavagem comum. 
 Do que tiverdes (41); lit., "as coisas que são internas". A 
referência é provavelmente ao conteúdo do copo e do prato (39). A 
maneira de conservá-los limpos é dar de seu conteúdo aos pobres. 
 Um dos intérpretes da lei (45); isto é, um dos escribas. Sua 
profissão envolvia a interpretação da lei. A sabedoria de Deus (49); isto 
é, Deus em Sua sabedoria. 
 O sangue de Zacarias (51). A referência ao assassinato de 
Zacarias registrado em 2Cr 24.20-21. Os livros de Crônicas são os 
últimos no Cânon hebraico e Gênesis vem em primeiro lugar, e assim 
também os dois assassinados que Jesus menciona aparecem no princípio 
e no fim da Bíblia judaica. Vide Mt 23.35 nota. 
 De tirar... motivos (54) isto é, algo que eles pudessem torcer e mal 
interpretar, a fim de levar à tona uma acusação contra Ele. 
 
 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 41 
Lucas 12 
 7. UMA SÉRIE DE DISCURSOS (12.1-13.9) - Esta seção contém 
um número de pronunciamentos de Cristo que podem ser encontrados 
em diferentes partes de Mateus, quer seja no Sermão da Montanha (Mt 
5-7), ou no encargo que deu aos doze (Mt 10), ou também na profecia 
das Oliveiras (Mt 24). Lucas registra-os aqui como uma série contínua 
de discursos com intervalos nos vv. 13,22,54. 
 Jesus dirigiu Suas primeiras palavras aos discípulos e a multidão 
pôde ouvi-las. Advertiu-os contra a hipocrisia, o espírito característico 
dos fariseus (1-3). Encorajou-os com a certeza do cuidado terno de Deus 
neste mundo (4-7). 
 Temei aquele (5); isto é, Deus, não Satanás. Em parte nenhuma é-
nos dito para temer o diabo, mas, sim, para resistir-lhe com todas as 
forças (Tg 4.7; 1Pe 5.7). Prometeu-lhes uma recompensa de glória no 
céu, que haveria de ser negada àqueles que também O negassem (8-10). 
Notar que a blasfêmia contra o Espírito Santo não é um pecado 
específico, mas uma oposição constante e persistente para com a graça 
de Deus que procura alcançar o homem através mesmo do Espírito Santo 
(10). Depois disso, Deus nada mais pode fazer pelo homem. Vide Mt 
12.31 n.; Mc 3.29 n. Os discípulos não deviam ficar ansiosos antes de 
serem levados aos tribunais, pois que o Espírito Santo ajudá-los-ia em 
seu testemunho (11-12). Vide Mt 10.17-20; Mc 13.9-11 n. 
 Um pedido ganancioso da parte de um homem dentre a multidão 
(13) causou uma reprovação da parte de Jesus. 
 Homem (14). Há um tom forte nesta maneira de chamá-lo. Negou-
Se a interferir nas questões da vida civil e pronunciou urna admoestação 
contra a avareza (14-15), seguindo-se a isto urna parábola do louco rico. 
As terras de um homem rico foram abençoadas com uma colheita 
abundante, porém ele não tinha pensamento algum para com as coisas de 
Deus e estava fazendo planos para gozar sua riqueza por muitos anos que 
jaziam à sua frente, quando de súbito Deus o chamou, a fim de que Ele 
prestasse contas. Tal é o homem que entesoura riquezas para si mesmo e 
Lucas (Novo Comentário da Bíblia) 42 
não recebe das riquezas de Deus (16-21) . Notar como a primeira pessoa 
do pronome pessoal no pensamento do homem rico demonstra de modo 
vívido o seu caráter. 
 Após esta interrupção, Jesus uma vez mais virou-se para os 
discípulos. Não deveriam ficar ansiosos, mas confiar no cuidado terno do 
Pai (22-30). Vide notas em Mt 6.25-34. 
 Os gentios de todo o mundo (30); isto é, os pagãos. Os discípulos 
de Jesus não deveriam atuar como aqueles que não conhecem a Deus 
como seu Pai. Deveriam procurar, sim, o Seu reino (31), pois que de 
bom grado o Pai queria dar-lhes o reino e eles assim poderiam ter o seu 
tesouro no céu (31-34). 
 Vendei os vossos bens e dai esmola (33). O cumprimento deste 
preceito está no princípio que os seguidores de Cristo deveriam libertar-
se das posses terrenas (vide Mt 6.19-21; 1Co 7.29-31). Deveriam eles 
estar sempre prontos, tal como criados, aguardando a volta de seu patrão 
(36-38). Sua vinda não seria anunciada de antemão; Ele viria 
inesperadamente (39-40). 
 Ele há de cingir-Se... e os servirá (37); descrevendo a gratidão 
que Cristo manifestará recompensando a Seus servos no reino vindouro 
(cf. Ap 3.20-21). 
 Então Pedro perguntou: (41). Como o porta-voz dos doze, 
perguntou ele se a promessa que Jesus havia feito no verso 37 era 
somente para eles ou para todos os discípulos. Jesus não respondeu 
diretamente,

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