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7 CAPÍTULO Propriedades coligativas A imagem mostra uma mistura de sal e areia, que comumente é jogada em ruas e estradas que apresentam acúmulo de gelo e neve. Essa mistura diminui o ponto de fusão da água, proporcionando seu degelo. Isso se deve a uma propriedade coligativa. Vamos estudá-la? FRENTE 2 © T h e u m f | D re a m s ti m e .c o m QUÍMICA Capítulo 7 Propriedades coligativas86 Definição Propriedades coligativas são aquelas que só de- pendem do número de partículas dissolvidas em um dado solvente e que independem da natureza das partículas. De acordo com essa definição, o que for estudado para um tipo de partícula valerá para todos os outros tipos, o que constitui uma enorme vantagem. Sobre a influência do número de partículas, podemos torná-la clara com o exemplo e a situação esquematizada a seguir. C 6 H 12 O 6 (1 mol) C 12 H 22 O 11 (1 mol) Na+C– (s) (1 mol) 1 2 3 H 2 O Fig. 1 Adição de solutos não voláteis à água nas condições do ambiente. A primeira questão é: qual das soluções, 1 ou 2, possui maior efeito coligativo? Como as duas soluções contêm o mesmo número de partículas de soluto pela mesma quantidade de solvente, ambas têm as mesmas concentrações. Pela definição de propriedades coligativas, o efeito produzido por essas adi- ções independe da natureza das partículas e só depende do número de partículas dissolvidas. Portanto, ambas as soluções possuem os mesmos efei- tos coligativos. Seguindo esta linha de raciocínio, a solução 3 também deveria ter o mesmo efeito coligativo das demais Entre- tanto ele é praticamente duas vezes maior. Como o NaCl é uma substância iônica, quando colocada em água sofre dissociação, segundo a seguinte equação: Na C (s) Na (aq) C (aq)→ + + − + − Como se pode perceber, a cada partícula de NaCl que se adiciona resultam duas, em virtude da dissocia- ção iônica, o que dobra o efeito coligativo. Todos esses fatores devem ser levados em consideração no estudo deste assunto, e a dissociação de substâncias, mais es pecificamente, será facilitada pelo cálculo do fator de Van’t Hoff, mais adiante. Tendo esse importante conhecimento, é preciso definir agora a pressão máxima de vapor. Pressão máxima de vapor Para iniciar o estudo do conceito de pressão máxi- ma de vapor, consideremos o sistema esquematizado a seguir. Corpo de chão ou corpo de fundo 40 g NaC 100 g de H 2 O v 1 v 2 v 1 v 2 25 oC Fig. 2 Dissolução de sal de cozinha em água à temperatura ambiente. Apesar de a dissolução do sal de cozinha ser espon- tânea em água, ela não é imediata, como foi observado no capítulo anterior. Inicialmente, considerando apenas o instante t = 0 (que representa a adição do soluto), haverá somente sal de cozinha no estado sólido, sem estar dis- solvido. À medida que o tempo passa, o soluto está cada vez mais solubilizado, até se chegar a um limite, quando se atinge o coeficiente de solubilidade, que no caso do NaCl, a 25 oC, é de 36,5 g/100 g de solvente. Isso ocorre segundo as seguintes etapas: 1a Lembremo nos de que não há necessidade de mexermos o sistema com instrumento de qualquer espécie. No instante inicial (t = 0), a dissolução do sal de cozinha se dá com uma velocidade v1, indicada na figura 2. Essa velocidade, segundo o que estuda- mos em soluções, depende da natureza do soluto e da temperatura ambiente. Porém, é preciso salientar que, nesse instante inicial, ainda não existe soluto dissolvido e, portanto, a velocidade de precipitação do soluto, v2, é nula. 2a Considerando o instante seguinte t = 1 s, a maior par te do sal estará no estado sólido, mas uma pequena parte já foi solubilizada. A velocidade v1 permanece a mesma, já que nenhum dos fatores que nela influem foi alterado. Todavia, a velocidade v2 não é mais nula, pois basta a simples existência de sal solubilizado para que ocorra o fenômeno da precipitação. É bem verdade que essa velocidade v2 será muito pequena no início, mas aumentará gradativamente. 3a Como v1 é maior que v2, a quantidade de sal solubili- zado vai aumentando à medida que o tempo passa. Pela Lei da Ação das Massas, a velocidade v2 tam- bém aumentará. Mas muito cuidado! Você pode ser levado a imaginar que a diminuição da quantidade de sal no estado sólido pode estar diminuindo a ve- locidade v1 pelo mesmo motivo, o que não é verdade. Substâncias no estado sólido não fazem parte da Lei da Ação das Massas porque têm concentração cons- tante, como estudado na frente 3, capítulo 4 do livro 2. Por isso, a velocidade v1 permanece constante. 4a Portanto, é fácil perceber que haverá um momento em que as duas velocidades se tornarão iguais. Nes- se momento, estará estabelecido o equilíbrio químico representado pela seguinte equação: � �+ + − + − Na C (s) Na (aq) C (aq) F R E N T E 2 87 No momento em que se estabelece o equilíbrio quí- mico, a quantidade de sal que solubiliza é exatamente a mesma que precipita. Com isso, as fases sólida e líquida não mais serão modificadas e a velocidade v2, que aumentava gradativamente, então se torna constante. 5a Se ambas as velocidades não serão alteradas nas condições especificadas, isso significa que não haverá mais dissolução efetiva do sal. Portanto, a quantidade de soluto dissolvida neste instante é máxima, sendo a solução chamada de saturada. Mesmo depois de estabelecido o equilíbrio químico e a solução estar saturada, continua havendo a dissolução do soluto com velocidade v1. Mas a dissolução efetiva, que ocorre com velocidade v1 – v2, não existe mais. O sistema explicado anteriormente é perfeitamente análogo aos sistemas que originam vapores em suas pressões máximas. Atenção Considere o sistema representado pela figura a seguir. H 2 O H 2 O() v 1 v 1 v 2 v 2 ar atmosférico Fig. 3 Processo de evaporação da água à temperatura de 25 °C. Vamos analisar, como no caso anterior, cada etapa desse processo. 1a Consideremos que, inicialmente, o ar atmosférico den- tro da cúpula de vidro seja totalmente desprovido de vapor-d’água e que o sistema como um todo esteja totalmente isolado. Como no caso anterior, o processo que começará a ocorrer é espontâneo, mas não ime- diato. No instante inicial (t = 0), a água evapora com uma velocidade v1 que, analogamente ao sistema da dissolução de sal em água, depende exclusivamente da natureza do líquido que está evaporando e da tempe- ratura ambiente. Portanto, mantendo-se a temperatura constante durante todo o processo, a velocidade v1 também permanecerá constante. Porém, a velocidade v2 será nula no instante inicial, já que consideramos o ar confinado dentro da cúpula como sendo desprovido de vapor-d’água. Note que o sistema analisado é perfeitamente similar ao estudado anteriormente. Todavia, naquele caso, o soluto era o sal de cozinha e o solvente era a água, enquanto neste caso, o soluto é a água, e o solvente é o ar atmosférico. Logo, podemos considerar que o processo de evaporação é um fenômeno de dissolução como outro qualquer, mas no caso especial de o solvente ser o ar. Atenção 2a No instante t = 1 s, uma pequena parte do líquido já evaporou. Isso não modifica o valor da velocidade v1, já que a concentração do líquido puro, bem como a dos sólidos, permanece inalterada e, portanto, não se integra à Lei da Ação das Massas. Entretanto, a velocidade v2 não é mais nula, já que existe uma pequena quantidade de vapor que passa a exercer a sua pressão parcial. 3a Como a velocidade v1 é maior que v2 ao longo de todo esse processo (exceto no equilíbrio), a quantidade de vapor vai aumentando gradativamente, e a pressão parcial exercida por ele também. Com isso, a veloci- dade v2 também vai aumentando. Mas, como no caso anterior, o fato de a quantidade de líquido estar dimi- nuindo não implica a diminuição da velocidade v1, que permanece constante. Porém, a essa altura, já sabemos que a velocidade de evaporação efetiva vai diminuindo gradativamente com o tempo. 4a Em um determinado instante, as velocidades v1 e v2 se tornarão iguais. Nesse momento, estabelece-seo equilíbrio químico entre a fase líquida e a fase de vapor, que pode ser representado pela seguinte equação: H O( ) H O(g) 2 2 � Aqui, não haverá mais mudanças nas quantidades de água na fase líquida e na fase de vapor, já que cessará toda a evaporação efetiva a partir de então. Portanto, a quantidade de vapor dissolvido no ar atmosférico confinado atingiu o seu valor máximo, bem como a pressão parcial que é exercida por ele. A essa pressão parcial damos o nome de pressão máxima de vapor. Note que, neste instante, o vapor-d’água está saturando o ar atmosférico, saturação esta similar à que ocorreu com o sal de cozinha em água. Portanto, podemos de- finir pressão máxima de vapor da seguinte forma: Pressão máxima de vapor: é a pressão parcial exercida pelos vapores advindos de um líquido que saturam o ar atmosférico ou qualquer outro meio no estado gasoso. Quando se atinge a pressão máxima de vapor em al- gum ambiente, qualquer quantidade em excesso de vapor precipitará em forma de corpo de chão ou corpo de fundo É o que ocorre quando uma ou mais pessoas mantêm-se durante muito tempo dentro de um carro fechado. Essas pes- soas vão suando e liberando vapor-d’água pelo processo da respiração, e a pressão parcial exercida pelos vapores vai au- mentando gradativamente até atingir o limite de saturação do ar atmosférico naquelas condições de temperatura. No instan- te em que isso acontece, o excesso de vapor que vai sendo liberado precipita nos vidros do carro, embaçando-os. Isso nada mais é do que uma forma de chuva, só que localizada. A própria chuva é o exemplo típico de quando se atin- ge a pressão máxima de vapor. Quando o ar atmosférico fica saturado de vapor-d’água em determinadas condições, todo o excedente precipita, formando o corpo de chão, que são rios, lagos, oceanos etc. As chuvas de verão constituem ainda um caso mais interessante, pois significam a precipitação de uma solução atmosférica supersaturada de vapor-d’água.
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