Segurança do trabalho no direito trabalhista

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· O ambiente de trabalho está inserido no convívio social de colaboradores, diretores, gerentes, fornecedores, clientes, entre outros, que possuem direitos, obrigações e anseios sociais. Dessa forma, podemos afirmar que onde houver labor haverá interesses trabalhistas, visto que enquanto uns buscarão seus próprios interesses, outros procurarão assegurar as conquistas de lutas de classe de minorias e grupos sociais que lhes tenham precedido. Portanto, conhecer as pessoas do seu ambiente de trabalho, bem como os direitos, deveres e obrigações proporciona tanto aos empregados quanto ao empregador um convívio profissional e social mais justo; ao mesmo tempo em que resgata uma sensação de conforto psíquico, social e pessoal, harmonizando o convívio e melhorando a qualidade de vida no geral (BARSANO, 2014b).
· Alguns princípios que norteiam o Direito do Trabalho na atualidade são: Proteção; Irrenunciabilidade de Direitos; Continuidade da Relação de Emprego; Primazia da Realidade; Princípio da Proteção Salarial (Intangibilidade Salarial) (BARSANO, 2014b).
· O princípio da proteção é o mais importante, pois consiste em prover uma superioridade jurídica ao lado mais fraco da relação laboral (o empregado), tal que garanta ao trabalhador mecanismos destinados a tutelar os direitos mínimos dispostos na legislação trabalhista em vigor (BARSANO, 2014b).
· O Princípio da Irrenunciabilidade de Direitos é também chamado de Princípio da Indisponibilidade de Direitos ou Inderrogabilidade e protege os direitos do trabalhador até mesmo contra sua própria renúncia voluntária. Desse modo, ainda que o funcionário assine um contrato de trabalho renunciando ao seu 13º salário, por exemplo, essa cláusula não terá validade (BARSANO, 2014). A respeito desse princípio, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) determina que são “nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos” da própria CLT (BRASIL, 1943, art 9º).
· O Princípio da continuidade da relação de emprego é quem rege o fato dos contratos de trabalho serem pactuados por prazo indeterminado, ou seja, quando um funcionário passa a integrar a estrutura organizacional da empresa, presume-se uma admissão de forma definitiva, podendo haver contrato com prazo determinado mediante a existência de alguma exceção, tal como: em caso de serviço que devido a sua natureza e caráter transitório justifique a definição prévia do prazo; em caso de atividades empresariais que também tenham como característica a transitoriedade; e em caso de contrato de experiência (BRASIL, 1943, art 443º, inciso § 2º).
· O Princípio da primazia da realidade estabelece que “a verdade real prevalecerá sobre a verdade formal, predominando a realidade sobre a forma” (BARSANO, 2014b, p. 58). Em outras palavras, a interpretação da lei exige que se observe a prática habitual do dia a dia, e não apenas o que consta expressamente no contrato de trabalho, abrindo espaço para direitos e obrigações.
· O Princípio da Proteção Salarial é um dos mais importantes para o trabalhador, pois protege o seu bem, o seu salário. Este tem caráter alimentar, ou seja, tem por finalidade prover os alimentos do trabalhador e de sua família. Esse princípio inspirou a criação de dispositivos normativos para defender a remuneração do colaborador de possíveis condutas abusivas por parte do empregador, prevenindo a retenção, o atraso, a sonegação ou descontos indevidos (BARSANO, 2014b).
 
Como aplicar na prática o que aprendeu
 
· A segurança do trabalho é regulada por normativas que visam garantir a integridade física e psíquica dos trabalhadores. A Constituição Federal de 1988, enquanto carta magna, rege a Segurança do Trabalho dos Trabalhadores no que tange aos direitos sociais, dispondo nos seus artigos 6º e 7º acerca dos direitos básicos e fundamentais dos trabalhadores urbanos e rurais, os quais versam (MATTOS; MÁSCULO, 2019):
 
Art. 6º – São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Art. 7º – São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
(...) XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
(...) XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
(...) XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de quatorze anos, salvo na condição de aprendiz. (BRASIL, 1988, texto extraído do art. 6º e 7º).
 
· O impacto do que a Constituição determina sobre a Segurança do Trabalho na sua vida enquanto profissional da saúde e segurança diz respeito à prática da cidadania, bem como em proporcionar um ambiente de trabalho seguro, digno, bem pautado nos valores sociais do trabalho. Aproveite e reflita: de que forma você poderá estar fazendo isso no futuro?
· A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é o dispositivo legal que regulamenta as relações trabalhistas no âmbito urbano e rural, cujas diretrizes de saúde, higiene e segurança do trabalho estão dispostas no art. 157 mostrado abaixo (MATTOS; MÁSCULO, 2019):
 
Art. 157 - Cabe às empresas:
I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;
II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;
III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente;
IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente (BRASIL, 1943, texto extraído do art. 157).
 
· Na prática, para a segurança do trabalho, o artigo 157 da CLT é quem garantirá que o empregador assumirá o compromisso de investir financeiramente e de dar suporte às boas práticas propostas pelos profissionais especialistas em saúde e segurança, fornecendo equipamentos necessários e orientando os trabalhadores, a fim de fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho. Assim, você, enquanto engenheiro de segurança terá garantido o direito de exercer a sua expertise, sem que venha a receber represálias de qualquer tipo do empregador, o que é também é apoiado pelos preceitos éticos que cercam o meio do trabalho.
· As Normas Regulamentadoras visam consolidar os preceitos da CLT para situações e setores de atividades laborais específicos. Ao contrário de outras normativas, por meio das NR o profissional de segurança do trabalho terá a garantia de que o fator prevencionista será uma prioridade máxima no seu cotidiano de trabalho. Sendo assim, quando você estiver atuando como engenheiro de segurança, as NR serão o seu aporte diário para o planejamento e a construção de programas, identificação dos riscos e a busca por medidas de controle, evitando danos ao trabalhador.
 
Dica quente para você não esquecer
 
· Para melhor assimilar a estrutura hierárquica que delimita as noções gerais de segurança e higiene do trabalho em voga no Brasil, veja a Figura 1:
 
Figura 1 – Hierarquia das normas em matéria de segurança e saúde do trabalho no Brasil.
Fonte: Adaptado de Barsano e Barbosa (2014a), p. 24.
Referência Bibliográfica
 
· BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Higiene e segurança do trabalho.  1. ed. São Paulo: Érica, 2014a.
 
· BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Legislação aplicada à segurança do trabalho. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014b.
 
· BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943: Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm >. (Acesso em 22/09/2022)
 
· MATTOS, U. A. de O. M.; MÁSCULO, F. S. Higiene e segurança do trabalho. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.