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Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 1 HISTOLOGIA DO OVÁRIO As células germinativas primordiais dão origem às ovogônias. No ovário fetal, as OVOGÔNIAS entram na PRÓFASE DA MEIOSE I para se tornar OVÓCITOS PRIMÁRIOS que permanecem retidos nesta fase após o crossing-over. OS OVÓCITOS PRIMÁRIOS FICAM PARADOS NA PRÓFASE DA MEIOSE I ATÉ A PUBERDADE, quando 1 ou mais folículos são estimulados a se desenvolver. O ovário é recoberto por um EPITÉLIO SIMPLES que varia de PAVIMENTOSO A CÚBICO BAIXO (MESOTÉLIO) e por uma camada de TECIDO CONJUNTIVO SUBJACENTE (TÚNICA ALBUGÍNEA). Possui um córtex, região mais periférica, e uma medula sem limites distintos. O amplo CÓRTEX apresenta tecido conjuntivo (ESTROMA OVARIANO) e FOLÍCULOS PRIMORDIAIS contendo OVÓCITOS PRIMÁRIOS (no final da prófase I da meiose). A MEDULA é constituída por TECIDO CONJUNTIVO, CÉLULAS INTERSTICIAIS, NERVOS, VASOS LINFÁTICOS E VASOS SANGUÍNEOS que alcançam os ovários através do hilo. Fases do ciclo ovariano: folicular, ovulatória e luteínica. FUNÇÕES DO OVÁRIO Produção dos gametas femininos Secreção de estrógeno e progesterona Regulação do crescimento pós-natal dos órgãos reprodutores Desenvolvimento das características sexuais secundárias CICLO OVARIANO 1. FASE FOLICULAR Folículo Primordial Folículo maduro ou de Graaf. Os folículos predominantes e de menor tamanho são os FOLÍCULOS PRIMORDIAIS, os quais apresentam um ovócito primário (repouso da prófase I da meiose) circundado por células foliculares pavimentosas. Os folículos que DEIXAM A FASE DE REPOUSO (PRÓFASE I DA MEIOSE) são os FOLÍCULOS PRIMÁRIOS, que existem de 2 tipos: a) FOLÍCULO PRIMÁRIO UNILAMINAR Camada única de células foliculares/da granulosa cúbicas b) FOLÍCULO PRIMÁRIO MULTILAMINAR Várias camadas de células foliculares/da granulosa cúbicas em proliferação. As células foliculares são sustentadas por uma lâmina basal que separa o folículo primário do estroma ovariano. No estágio de folículo primário, o ovócito primário inicia a síntese de uma capa de glicoproteína (ZP1, ZP2 e ZP3), a ZONA PELÚCIDA. A zona pelúcida separa progressivamente as células foliculares/da granulosa do ovócito. Prófase I da Meiose Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 2 A zona pelúcida é penetrada por delgados prolongamentos citoplasmáticos das células foliculares que entram em contato com microvilos do ovócito. JUNÇÕES COMUNICANTES ESTÃO PRESENTES NOS LOCAIS DE CONTATO. O estágio seguinte, o FOLÍCULO SECUNDÁRIO, é caracterizado pela contínua proliferação de células foliculares e pelo espessamento da zona pelúcida. As células do estroma que circundam o folículo se tornam organizadas em uma CÁPSULA CELULAR, a TECA. A teca logo se diferencia em duas camadas, TECA INTERNA e TECA EXTERNA. A TECA INTERNA, uma camada celular bem vascularizada adjacente à lâmina basal do folículo em desenvolvimento, SECRETA ANDROSTENEDIONA sob estímulo do LH, um precursor de andrógenos que é transferido para as células foliculares para a produção de TESTOSTERONA. A TESTOSTERONA é em seguida convertida a ESTRADIOL por uma AROMATASE. As células foliculares não apresentam as enzimas necessárias para a produção direta de estrógenos. Como consequência, AS CÉLULAS FOLICULARES/DA GRANULOSA NÃO PODEM PRODUZIR PRECURSSORES DE ESTEROIDES DURANTE A FOLICULOGÊNESE. A TECA EXTERNA é uma camada de tecido conjuntivo semelhante a uma cápsula, contínua com o estroma ovariano. Teca interna Androstenediona Células foliculares Testosterona Estradiol O estradiol é o principal esteroide produzido pelas células foliculares sob a estimulação do FSH. Entretanto, as células foliculares dependem do suprimento de androstenediona pelas células da teca interna – reguladas pelo LH – para produzir estradiol (por aromatização do andrógeno), uma vez que as células foliculares não apresentam enzimas necessárias para a produção do precursor do estradiol. Pequenos espaços intercelulares – OS CORPÚSCULOS DE CALL- EXNER – aparecem por entre as células foliculares. Estes espaços contêm líquido folicular e mais tarde coalescem para formar um grande espaço, o ANTRO. Corpúsculos de Call-Exner se unem = ANTRO A formação do antro logo desloca as células foliculares em relação ao ovócito primário. O líquido folicular (do antro) é rico em hialuronato, esteroides, fatores de crescimento e gonadotrofinas. Um aglomerado de células foliculares, chamado de CÚMULUS OOPHORUS, é visto entre o ovócito e a parede do folículo. FOLÍCULOS PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO: receptores para FSH FOLÍCULO MADURO: receptores para FSH e LH produz transferida Produzem Aromatase Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 3 A aquisição de receptores para LH é essencial para a luteinização do folículo rompido após a ovulação O maior folículo é o FOLÍCULO MADURO OU DE GRAAF OU PRÉ- OVULATÓRIOS. Mede de 15 a 20 mm de diâmetro. Imediatamente antes da ovulação, o ovócito primário ocupa uma posição excêntrica dentro do folículo, coberto por uma camada única de células foliculares, a COROA RADIADA, firmemente aderida à zona pelúcida. CARACTERÍSTICAS Grande ANTRO contendo líquido folicular Zona pelúcida revestida por uma camada de células foliculares = COROA RADIADA Desprendimento do ovócito e sua coroa radiada do cúmulo oóforo (o complexo ovócito-zona pelúcida- coroa radiada flutua livre no líquido folicular) Término da meiose I pouco algumas horas antes da ovulação, resultando na formação de um ovócito secundário e do primeiro corpúsculo polar, o qual permanece em um espaço – o ESPAÇO PERIVITELINO – entre a zona pelúcida e o ovócito As células foliculares adquirem receptores para o LH, além dos receptores para FSH já presentes ESSES EVENTOS SÃO FUNDAMENTAIS PARA A LUTEINIZAÇÃO OU DESENVOLVIMENTO DO CORPO LÚTEO. ATRESIA OU DEGENERAÇÃO FOLICULAR Vários folículos primários iniciam o processo de maturação, porém somente um folículo termina o seu desenvolvimento. Os demais degeneram por um PROCESSO APOPTÓTICO chamado ATRESIA. Os folículos podem se tornar atrésicos em qualquer estágio do desenvolvimento. Acontece involução e morte das células foliculares e ovócito. Os FOLÍCULOS ATRÉSICOS são identificados por: Membrana basal espessa e pregueada (membrana vítrea) Zona pelúcida relativamente intacta Resquícios de ovócitos Células foliculares degeneradas Macrófagos invasores Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 4 2. FASE OVULATÓRIA O folículo maduro promove um abaulamento na superfície ovariana, formando o ESTIGMA. A atividade proteolítica na teca externa e na túnica albugínea, induzida por um pico de LH facilita a ruptura do folículo de Graaf. No estigma, as proteases derivadas dos fibroblastos – induzidos pelo pico de LH – degradam as fibras colágenas da túnica albugínea e da teca externa. A membrana basal se rompe, vasos sanguíneos da teca interna invadem a camada de células foliculares e a cavidade do antro é preenchida com sangue = CORPO HEMORRÁGICO. A camada granulosalogo começará a se preguear após a ovulação. O gameta liberado entra na tuba uterina intimamente aposicionada ao ovário. Poucas horas antes da ovulação, a camada de células foliculares (camada granulosa) e a teca interna começam a sua transformação em corpo lúteo. 3. FASE LUTEÍNICA Após a ovulação, a camada residual de células foliculares torna-se pregueada e forma parte do corpo lúteo, uma importante glândula secretora de hormônios. Esta transformação envolve: FORMAÇÃO DO CORPO LÚTEO a) Colapso da membrana basal do folículo Essa ruptura permite que os vasos da teca interna invadam o folículo rompido. O lúmen (antro), previamente preenchido com fibrina, é substituído por tecido conjuntivo e novos vasos sanguíneos que atravessam a membrana basal. b) Invasão de vasos sanguíneos na massa de células foliculares previamente avascular O sangue flui para o interior do antigo espaço do antro e coagula, formando um CORPO HEMORRÁGICO TRANSITÓRIO. O coágulo de fibrina é em seguida penetrado por vasos sanguíneos recém- formados (angiogênese), fibroblastos e fibras colágenas. c) Transformação das células foliculares e das células da teca interna As células foliculares aumentam de tamanho e se transformam em células granuloso- foliculares/luteínica, apresentam as características típicas de células secretoras de esteroides (possuem gotículas lipídicas, REL e mitocôndrias) e secretam progesterona e estrógenos em resposta à estimulação por FSH e LH. As células da teca interna penetram os espaços entre as pregas da camada de células foliculares e se transformam em células teco-luteínicas, as quais produzem androstenediona e progesterona em resposta à estimulação pelo LH. Também aumentam de tamanho e armazenam lipídios. O corpo lúteo continua a aumentar e entra em um estágio de involução cerca de 14 dias após a ovulação, a menos que a fertilização ocorra. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 5 FUNÇÃO DO CORPO LÚTEO Se a fertilização ocorrer, o corpo lúteo continua a aumentar e a produzir progesterona e estrógenos sob a estimulação do HCG (gonadotrofina coriônica humana) produzida pelo trofoblasto do embrião implantado). A progesterona e os estrógenos são necessários para manter o endométrio até cerca da 9ª a 10ª semana de gestação. Nesta época, a placenta, o córtex da glândula adrenal fetal e o fígado produzem estrógenos. Células Foliculares Células Granulosoluteínicas Produzem estrógenos e progesterona sob estimulação do FSH Células da Teca Interna Células Tecoluteínicas Produzem androstenediona e progesterona sob estimulação do LH. Capturam colesterol ou LDL a partir do sangue e utilizam para a ESTEROIDOGÊNESE. O produto é a androstenediona que é transportada para as células granulosoluteínicas que estão sob controla do FSH e LH e o utilizarão para a formação de estradiol e, a partir do estradiol, a formação de progesterona. A androstenediona é transferida para o interior das células granuloso-luteínas e transformada em estradiol pela aromatização. Durante a gestação, a PROLACTINA e os LACTOGÊNIOS PLACENTÁRIOS aumentam os efeitos do estradiol produzido pelas células granulosoluteínicas através do AUMENTO DE RECEPTORES PARA ESTRÓGENOS. O estradiol estimula as células granulosoluteínicas a captar colesterol do sangue, o qual é em seguida armazenado em gotículas lipídicas e transportado para mitocôndrias para a SÍNTESE DE PROGESTERONA. REGRESSÃO DO CORPO LÚTEO (LUTEÓLISE) A regressão do corpo lúteo leva a formação do CORPO ALBICANS, resultante da substituição da massa de células do corpo lúteo em degeneração por tecido conjuntivo do estroma. A luteólise envolve uma sequência de morte celular programada (apoptose). a) Redução do fluxo sanguíneo no corpo lúteo causa hipóxia b) Células T atingem o corpo lúteo e produzem interferon-y, o qual, por sua vez, atua sobre o endotélio para permitir a chegada de macrófagos c) Os macrófagos produzem fator de necrose tumoral- alfa e a cascata apoptótica se inicia O CORPO PERMANECE NO OVÁRIO; ELE DIMINUI DE TAMANHO MAS NUNCA DESAPARECE. As células luteínicas que permanecerem livres no estroma após a involução do corpo lúteo podem reter sua atividade secretora e formar as chamadas GLÂNDULAS INTERSTICIAIS. Tais glândulas não são abundantes no ovário humano. REGULAÇÃO HORMONAL DA OVULAÇÃO E DO CORPO LÚTEO FSH estimula a foliculogênese e a ovulação, assim como a produção de estrógenos. O LH estimula a secreção de progesterona pelo corpo lúteo. Um pico de LH ocorre imediatamente antes da ovulação. A secreção contínua de LH induz a luteinização da camada residual de células foliculares após a ovulação. A produção de FSH e LH cessa quando nos níveis de progesterona e estrógenos estão altos, e em seguida, o corpo lúteo entra em involução. Ao início da menstruação, os níveis de estrógenos e progesterona estão baixos e aumentam gradativamente durante o período pré-ovulatório. Os estrógenos alcançam seus níveis máximos imediatamente antes que o pico de LH preceda a ovulação. A síntese de estrógenos pelas células foliculares, processo dependente do FSH, estimula a proliferação das glândulas endometriais (FASE PROLIFERATIVA, glândulas endometriais curtas). A síntese de progesterona pelo corpo lúteo, processo dependente de LH, inicia e mantém a atividade secretora das glândulas endometriais (FASE SECRETORA, glândulas endometriais tortuosas). Glândula endócrina
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