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Revisar a anatomia do aparelho genitourinário masculino: URETERES • Anatomia macroscópica: Os ureteres são tubos delgados, com aproximadamente 25 cm de comprimento, que transportam a urina dos rins para a bexiga. Cada ureter começa superiormente, no nível de L II, como uma continuação da pelve renal. A partir daí, ele desce na posição retroperi- toneal através do abdome, entra na pelve verdadeira ao cruzar a cavidade pélvica na junção sacroilíaca, entra no ângulo posterolateral da bexiga e depois segue medialmente dentro da parede posterior da bexiga antes de se abrir para o interior. Essa entrada oblíqua na bexiga evita o refluxo de urina para os ureteres, pois qualquer aumento de pressão dentro da bexiga comprime a parede desse órgão, fechando assim as extremidades distais dos ureteres. Geovana Cavalcante - 7ºP - UNIVSF • Anatomia microscópica: A estrutura histológica dos ureteres tubulares é a mesma dos cálices renais e da pelve renal; as paredes possuem três camadas básicas: mucosa, muscular e adventícia. —A mucosa de revestimento é composta por um epitélio transicional, que estica quando os ureteres se enchem de urina, e uma lâmina própria, composta por um tecido conjuntivo fibroelástico contendo placas de tecido linfático. —A camada muscular intermediária consiste em duas camadas de músculo liso: uma camada longitudinal interna e uma camada circular externa. Uma terceira camada muscular, a camada longitudinal externa, aparece no terço inferior do ureter. —A adventícia (externa) da parede do ureter é um tecido conjuntivo típico. Os ureteres desempenham um papel ativo no transporte da urina. A distensão do ureter pela entrada da urina estimula sua musculatura a contrair, estabelecendo ondas peristálticas que impelem a urina para a bexiga. Isso significa que a urina não chega à bexiga apenas por gravidade. Embora os ureteres sejam inervados por fibras nervosas simpáticas e parassimpáticas, o controle neural da peristalse parece insignificante comparado à resposta de estiramento local do músculo liso ureteral. BEXIGA URINÁRIA • Anatomia macroscópica: A bexiga urinária, um reservatório (bolsa) muscular dobrável que armazena e expele urina, situa-se abaixo da cavidade peritoneal no assoalho pélvico, imediatamente posterior à sínfise púbica. Nos homens, a bexiga situa-se na posição anterior ao reto; nas mulheres, a bexiga localiza-se imediatamente anterior à vagina e ao útero. Uma bexiga cheia é aproximadamente esférica e expande-se superiormente na cavidade abdominal; uma bexiga vazia, por outro lado, situa-se inteiramente dentro da pelve. Quando cheia, a bexiga fica firme e pode ser palpada através da parede anterior do abdome imedia- tamente superior à sínfise púbica. Uma bexiga que pode ser palpada mais de alguns centímetros acima da sínfise está perigosamente cheia de urina e requer drenagem por cateterismo. A bexiga vazia tem a forma de uma pirâmide de cabeça para baixo com quatro superfícies triangulares e quatro cantos, ou ângulos. Os dois ân- gulos posterolaterais recebem os ureteres. No ângulo anterior da bexiga (ou ápice) há uma faixa fibrosa chamada úraco (“canal urinário do feto”), o remanescente. O ângulo inferior (colo) converge para a uretra. Nos homens, a próstata, uma glândula do sistema genital, situa-se diretamente inferior à bexiga, onde circunda a uretra. No interior da bexiga, as aberturas dos ureteres e da uretra definem uma região triangular na parede posterior chamada trígono. O trígono tem uma importância clínica especial porque as infecções tendem a persistir nessa região. Vasos e nervos - As artérias que irrigam a bexiga são ramos das artérias ilíacas internas, principalmente as artérias vesicais superiores e inferiores. As veias que drenam a bexiga formam um plexo nas superfícies inferior e posterior desse órgão cujo sangue drena nas veias ilíacas internas. Os nervos que vão do plexo hipogástrico até a bexiga consistem em fibras parassimpáticas provenientes dos nervos esplâncnicos pélvicos, algumas fibras simpáticas oriundas dos nervos esplâncnicos torácicos inferiores e lombares superiores e fibras sensitivas viscerais. • Anatomia microscópica: A parede da bexiga possui três camadas. —Uma mucosa, com um epitélio transicional distensível e uma lâmina própria, forma o revestimento interno da bexiga. O revestimento mucoso contém pregas, ou rugas, que se achatam quando a bexiga enche. —Uma musculatura espessa, chamada músculo detrusor da bexiga (“empurrar para fora”), forma a camada intermediária. Esse músculo consiste em fibras musculares lisas altamente misturadas e em duas camadas longitudinais (externa e interna) e uma circular (média). A contração desse músculo espele a urina da bexiga durante a micção. —Nas superfícies lateral e inferior, a camada mais externa é a adventícia. A superfície superior da bexiga é coberta pelo peritônio parietal. A grande capacidade de distensão da bexiga a torna unicamente adequada para sua função de armazenar urina. Quando há pouca urina dentro dela, a bexiga dobra-se em seu formato piramidal básico, suas paredes espessam-se e sua mucosa enruga-se. No entanto, conforme a urina acumula-se, as rugas aplainam e a parede da bexiga fica mais fina à medida que estica, permitindo que o órgão armazene quantidades maiores de urina sem elevar de modo significativo a pressão interna (pelo menos até um acúmulo de 300 ml). Uma bexiga adulta cheia abriga cerca de 500 ml de urina, 15 vezes o seu volume quando vazia. URETRA A uretra é um tubo de parede fina, que drena urina da bexiga e a transporta para fora do corpo. Esse tubo consiste em músculo liso e em uma mucosa interna. Nos homens, a camada muscular fica muito fina na extremidade distal da uretra. O epitélio de revestimento muda de epitélio transicional próximo à bexiga para um epitélio colunar estratificado e pseudoestratificado na parte média da uretra (escasso nas mulheres) e depois para um epitélio escamoso estratificado na sua extremidade final. Na junção bexiga-uretra, um espessamento do detrusor forma o esfíncter interno da uretra. Esse é um esfíncter involuntário de músculo liso que mantém a uretra fechada quando a urina não está passando e evita o seu gotejamento entre as micções. Um segundo esfíncter, o esfíncter externo da uretra, circunda a uretra no interior da camada muscular chamada diafragma urogenital. Esse esfíncter externo é um músculo esquelético utilizado para inibir voluntariamente a micção. O músculo levantador do ânus do diafragma da pelve também serve como um constritor voluntário da uretra. Nos homens, a uretra tem aproximadamente 20 cm de comprimento e possui três regiões: a parte prostática da uretra, que tem aproximadamente 2,5 cm de comprimento e passa pela próstata; a parte intermédia da uretra, que ocupa aproximadamente 2,5 cm do diafragma urogenital membranoso; e a parte esponjosa da uretra, que tem aproximadamente 15 cm de comprimento, percorre pelo interior do pênis e se abre na glande do pênis através do óstio externo da uretra. A uretra masculina transporta para fora do corpo tanto o sêmen na ejaculação, como a urina na micção, embora não simultaneamente. TESTÍCULOS Localização O par de testículos ovais está situado no escroto, um saco de pele e fáscia superficial localizado inferiormente e do lado de fora da cavidade da pelve, próximo à raiz do pênis. O escroto é coberto por pelos esparsos. Um septo na linha mediana divide o escroto em metades direita e esquerda, proporcionando um compartimento para cada testículo. Além disso, o escroto responde às mudanças na temperatura externa. Em condições de frio, os testículos são tracionados para cima na direção da parede corporal aquecida e a pele escrotal se enruga para aumentar sua espessura e diminuir a perda de calor. Essas ações são realizadas por dois músculos no escroto: —O músculo dartos (“com pele”), uma camada de músculo liso na fáscia superficial,é responsável por enrugar a pele do escroto. Como o espermatozoide viável não pode ser produzido na temperatura central do corpo (37°C), a posição superficial do es- croto proporciona um ambiente aproximadamente 3 °C mais frio, uma adaptação essencial. — Os músculos cremaster (“suspensórios”), faixas de músculo esquelético que se estendem inferiormente a partir dos músculos oblíquos internos do tronco, responsáveis por elevar os testículos. Em condições de calor, esses músculos relaxam, então a pele do escroto fica flácida e frouxa, e os testículos ficam pendentes para aumentar a superfície de pele disponível para refrigerar (suar); isso também movimenta os testículos para longe do tronco aquecido. • Anatomia macroscópica: Cada testículo tem, em média, 2,5 cm de largura e 4 cm de comprimento. Dentro do escroto, cada testículo é posterior e parcialmente envolvido por um saco seroso chamado túnica vaginal. Esse envoltório desenvolve-se como uma projeção da cavidade peritoneal abdominal, que precede a descida dos testículos para dentro do escroto. A túnica vaginal consiste em uma lâmina parietal superficial, uma cavidade intermediária contendo fluido seroso (uma reminiscência da cavidade peritoneal) e uma lâmina visceral mais profunda que abraça a superfície do testículo. Desse modo, embora os testículos tenham migrado para o escroto, eles ainda são retroperitoneais. Profunda à lâmina visceral da túnica vaginal situa-se a túnica albugínea, a cápsula fibrosa do testículo. As extensões septais da túnica albugínea projetam-se para dentro e dividem o testículo em 250- -300 compartimentos cuneiformes chamados lóbulos, cada um deles contendo de um a quatro túbulos seminíferos contorcidos (“transportadores de espermatozoides”), as verdadeiras “fábricas de espermatozoides”. A maioria desses túbulos consiste em alças parecidas com grampos de cabelo. Posteriormente, os túbulos seminíferos contorcidos de cada lóbulo convergem e formam um túbulo seminífero reto que transporta os espermatozoides para a rede do testículo, uma rede complexa de minúsculos tubos ramificados. A rede do testículo situa-se no mediastino do testículo, uma região de tecido conjuntivo denso na parte posterior do testículo. Partindo da rede do testículo, os espermatozoides saem do testículo através de uma dúzia, aproximadamente, de dúctulos eferentes que entram no epidídimo, uma estrutura em forma de vírgula que abraça a superfície externa posterior do testículo. Nervos e vasos Os testículos recebem sangue arterial das longas artérias testiculares que se ramificam da aorta no abdome superior. As veias testiculares, que seguem aproximadamente em paralelo com as artérias testiculares na parede posterior do abdome, surgem de uma rede venosa no escroto chamada plexo pampiniforme. As veias desse plexo, que envolvem as artérias testiculares como trepadeiras, absorvem calor do sangue arterial, refrigerando-o antes de entrar nos testículos e, assim, mantendo os testículos frios. Esse mecanismo passivo de transferência térmica é chamado troca de calor em contracorrente. Os testículos são inervados pelas duas partes da divisão autônoma do sistema nervoso. Os abundantes nervos sensitivos viscerais transmitem impulsos que resultam em dor agonizante e nauseante quando os testículos são golpeados vigorosamente. Os vasos e nervos do testículo se estendem até o testículo aproximadamente a partir do nível de L II na parede posterior do abdome. No embrião, os testículos formam-se na região lombar superior e, portanto, seus vasos provêm da parte abdominal da aorta ou projetam-se na veia cava inferior antes de migrarem para o escroto. EPIDÍDIMO Os espermatozoides ainda não são plenamente funcionais quando saem dos testículos. É no epidídimo (“ao lado do testículo”) que os espermatozoides amadurecem. Ele é um órgão em forma de vírgula que se arqueia sobre a face posterior e lateral do testículo. A cabeça do epidídimo contém os dúctulos eferentes que desembocam no ducto do epidídimo, um ducto altamente espiralado que completa a cabeça e forma todo o corpo e cauda desse órgão. Com um comprimento não espiralado de mais de 6 m, o ducto do epidídimo é maior em comprimento do que o intestino inteiro. Histologicamente, o ducto do epidídimo apresenta um epitélio colunar pseudoestratificado. A superfície livre desse epitélio voltada para a luz do epidídimo possui tufos de microvilosidades longas, chamados estereocílios, que não são cílios nem se movem. Em vez disso, eles proporcionam às células epiteliais uma vasta área de superfície para reabsorver fluido testicular e transferir nutrientes e secreções para os muitos espermatozoides armazenados na luz do epidídimo. Externamente ao epitélio, situa-se uma camada de músculo liso. Os espermatozoides imaturos e quase sem mobilidade que saem do testículo são movimentados lentamente pelo ducto do epidídimo. Durante essa jornada, que leva aproximadamente 20 dias, os espermatozoides adquirem capacidade de nadar e de fertilizar o óvulo por meio da reação acrossômica. Esses processos de maturação são estimulados por proteínas secretadas pelo epitélio do epidídimo. Os espermatozoides são ejaculados do epidídimo, e não diretamente dos testículos. No início da ejaculação, o músculo liso nas paredes do epidídimo contrai, expelindo os espermatozoides da cauda do epidídimo para o próximo segmento do sistema de ductos, o ducto deferente. Os espermatozoides podem ser armazenados no epidídimo durante vários meses, após os quais eles são fagocitados pelas células epiteliais do ducto do epidídimo. DUCTO DEFERENTE O ducto deferente (“que leva para longe”), ou vaso deferente, armazena e transporta os espermatozoides durante a ejaculação e tem aproximadamente 45 cm de comprimento. Partindo da cauda do epidídimo, o ducto deferente segue superiormente dentro do funículo espermático, passa pelo canal inguinal, através da parede do abdome e entra na cavidade pélvica. A partir daí, o ducto deferente continua posteriormente ao longo da parede lateral da pelve verdadeira, arqueia-se medialmente sobre o ureter e desce ao longo da parede posterior da bexiga. Sua extremidade distal expande-se como a ampola (“frasco”) do ducto deferente e depois se junta ao ducto da glândula seminal para formar o curto ducto ejaculatório. Cada ducto ejaculatório segue dentro da próstata, onde se abre na parte prostática da uretra. A parede do ducto deferente consiste em: — Uma mucosa interna com o mesmo epitélio pseudoestratificado do epidídimo, além de uma lâmina própria. VESÍCULAS SEMINAIS As glândulas seminais (ou vesículas seminais) situam-se na superfície posterior da bexiga, são ocas e têm aproximadamente a forma e o tamanho de um dedo (5 a 7 cm); porém, como uma glândula seminal é dobrada e enrolada sobre si mesma, seu comprimento verdadeiro (desenrolado) é de aproximadamente 15 cm. Internamente, a mucosa é pregueada em um padrão de colmeia, com criptas e câmaras sem saída, sendo revestida por um epitélio colunar pseudoestratificado. Além disso, a mucosa é envolvida por uma espessa camada de músculo liso que se contrai durante a ejaculação para esvaziar a glândula. A parede externa é composta por uma cápsula fibrosa de tecido conjuntivo denso. A secreção das glândulas seminais, que constitui aproximadamente 60% do volume do sêmen, é um fluido viscoso que contém: • Um açúcar chamado frutose e outros nutrientes que alimentam o espermatozoide em sua jornada. • Prostaglandinas que estimulam a contração do útero para ajudar a mover o espermatozoide através do trato reprodutor feminino. • Substâncias que suprimem a resposta imune contra o sêmen nas mulheres. • Substâncias que melhoram a motilidade do espermatozoide. • Enzimas que coagulam o sêmen ejaculado na vagina e depois o liquefazem para que os espermatozoides possam nadar. O fluido seminal também contém um pigmento amarelo que emite fluorescência sob a luzultravioleta. Essa característica permite o reconhecimento dos resíduos de sêmen nas investigações criminais sobre agressões sexuais. Como foi observado anteriormente, o ducto de cada glândula seminal une-se ao ducto deferente no mesmo lado do corpo para formar um ducto ejaculatório dentro da próstata. Os espermatozoides e o fluido seminal misturam-se no ducto ejaculatório e entram na parte prostática da uretra durante a ejaculação. PRÓSTATA A próstata, que tem o tamanho e a forma de uma castanha, circunda a primeira parte da uretra numa posição imediatamente inferior à bexiga. A próstata consiste em 20-30 glândulas tubuloalveolares compostas, pertencentes a três classes — principal, submucosa e mucosa. As glândulas estão embutidas em uma massa de tecido conjuntivo denso e músculo liso, chamada estroma fibromuscular, e são circundadas por uma cápsula de tecido conjuntivo denso. O músculo do estroma contrai- se durante a ejaculação para comprimir a secreção prostática para dentro da uretra. A secreção prostática constitui aproximadamente um terço do volume do sêmen, um líquido leitoso, como a secreção das glândulas seminais, que contém várias substâncias que melhoram a motilidade do espermatozoide e enzimas que coagulam e liquefazem o sêmen ejaculado. Uma das enzimas que liquefazem o sêmen é o antígeno prostático específico (do inglês postate-specific antigen PSA); a medição dos níveis do PSA no sangue do homem é o método mais importante para a triagem do câncer de próstata. Além de sua susceptibilidade a tumores, a próstata está sujeita à infecção nas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). A prostatite, inflamação da próstata, é a razão mais comum para os homens consultarem um urologista. GLÂNDULAS BULBOURETRAIS As glândulas bulbouretrais têm o tamanho de uma ervilha e estão situadas inferiormente à próstata, dentro do diafragma urogenital. Essas glândulas tubuloalveolares compostas produzem um muco, parte do qual entra na parte esponjosa da uretra quando o homem fica excitado sexualmente, antes da ejaculação. Esse muco neutraliza os traços de urina ácida na uretra e a lubrifica para a passagem suave do sêmen durante a ejaculação. PÊNIS O pênis (“cauda”), o órgão masculino para o intercurso sexual, leva espermatozoides para dentro do trato reprodutor feminino. Juntos, ele e o escroto compõem as estruturas reprodutoras externas, ou genitais externos, do homem. À medida que descrevermos as estruturas internas do pênis, tenha em mente que as superfícies dorsal e ventral do pênis são nomeadas em relação ao pênis ereto. O pênis consiste em uma raiz fixa e um corpo livre que termina em uma ponta alargada chamada glande do pênis. A pele que cobre o pênis é frouxa e estende-se na direção distal em volta da glande, formando uma manga chamada prepúcio. Internamente, o pênis contém a parte esponjosa da uretra e três corpos cilíndricos longos de tecido erétil. Cada um desses três corpos eréteis é um tubo espesso coberto por uma bainha de tecido conjuntivo denso e preenchido com uma rede de partições que consistem em músculo liso e tecido conjuntivo. Essa rede esponjosa, por sua vez, é preenchida com espaços vasculares. — O corpo erétil mesoventral circundando a parte esponjosa da uretra, o corpo esponjoso, é mais largo na extremidade distal, onde forma a glande do pênis, e na direção proximal, onde forma uma parte da raiz chamada bulbo do pênis. Esse bulbo é inserido no diafragma da pelve e coberto externamente pelo músculo bulboesponjoso, similar a uma bainha. — O par de corpos eréteis dorsais, os corpos cavernosos, compõe a maior parte da massa do pênis. Suas extremidades proximais na raiz são os ramos do pênis; cada ramo é inserido ao periósteo do arco púbico da pelve óssea e coberto pelo respectivo músculo isquiocavernoso. Vasos e nervos A maioria dos principais vasos e nervos do pênis localiza-se perto da linha média dorsal. Os nervos sensitivos dorsais são ramos do nervo pudendo a partir do plexo sacral, e as artérias dorsais são ramos das artérias pudendas internas a partir das artérias ilíacas internas. Duas veias dorsais (superficial e profunda) situam-se precisamente na linha média dorsal e drenam todo o sangue do pênis. Finalmente, uma artéria profunda segue dentro de cada corpo cavernoso. Os nervos autônomos para o pênis, que acompanham as artérias e abastecem os corpos eréteis, surgem do plexo hipogástrico inferior na pelve. Discutir as indicações de rastreamento do câncer de próstata: O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), órgão do Ministério da Saúde, não recomenda o rastreamento do câncer de próstata, ou seja, exames de rotina em homens assintomáticos. Os estudos mostram que homens com idade entre 55 e 69 anos que fazem esses exames (PSA e toque retal) de rotina podem ter um pequeno benefício, porém os riscos para a saúde são mais frequentes. Possíveis benefícios: • Os exames são simples de realizar; • Os exames ajudam no diagnóstico do câncer de próstata, que pode não apresentar sintomas iniciais; • O diagnóstico mais cedo pode facilitar o tratamento do câncer; Possíveis malefícios: • O resultado do exame de PSA pode estar elevado mesmo quando não é câncer e pode estar normal em alguns casos de câncer; • Níveis elevados de PSA indicam a necessidade de biópsia de próstata para confirmar se há câncer e, na maioria das vezes, isso não se confirma. A biópsia pode ter complicações, como sangramento e infecção, além de causar dor, ansiedade e estresse no homem e em sua família; • O diagnóstico e o tratamento de um câncer que não ameaça a vida pode causar ansiedade e resultar em incontinência urinária e impotência sexual. Pesquisas mostram que de 1.000 homens entre 55 e 69 anos que realizam os exames de rotina por 13 anos: 178 poderão ter um resultado alterado e descobrir, após realizar a biópsia, que não tem câncer de próstata. A biópsia pode causar ou, sangramento e infecção;100 confirmarão câncer de próstata, sendo que 50% desses cânceres serão de crescimento lento que não ameaça a vida. A cada 100 homens que tratam com cirurgia, 60 poderão ter impotência sexual e 20 incontinência urinária. 5 morrerão de câncer de próstata, mesmo após o tratamento. 1 poderá ter a morte evitada por câncer de próstata por causa dos exames. Os benefícios de realizar esses exames são incertos, e é mais provável que você tenha o diagnóstico de um câncer que não iria evoluir, e assim se expor desnecessariamente aos riscos dos tratamento. SOCIEDADE BRASILEIRA DE UROLOGIA O rastreamento universal de toda população masculina (sem considerar idade, raça e história familiar) não parece ser a melhor abordagem. Apesar de associado ao diagnóstico precoce e diminuição da mortalidade, pode trazer malefícios a muitos homens. Individualizar a abordagem é fundamental neste sentido. A identificação de pacientes com alto risco de desenvolverem a doença de uma forma mais agressiva através de parâmetros clínicos ou laboratoriais pode ajudar a individualizar a indicação e frequência do rastreamento. Entre diversos fatores, a idade, a raça e a história familiar apresentam-se como os mais importantes. Outro ponto importante deste debate é a própria medida do benefício do rastreamento. Sobrevida global talvez não seja o melhor desfecho para se avaliar a eficácia do rastreamento. Em câncer de mama, por exemplo, a mamografia também não diminui a mortalidade geral das pacientes. O rastreamento atua na mortalidade específica por câncer (além de se questionar o benefício de cirurgias mais conservadoras e diminuição de quimioterapia ou hormonioterapia adjuvantes). O impacto do rastreamento sobre mortalidade câncer específica, a qualidade de vida, a diminuição de metástases, dor ou outros benefícios não podem ser avaliados nesses trabalhos. A Sociedade Brasileira de Urologia mantém sua recomendação de que homens a partir de 50 anos devem procurar um profissional especializado,para avaliação individualizada. Aqueles da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar aos 45 anos. O rastreamento deverá ser realizado após ampla discussão de riscos e potenciais benefícios, em decisão compartilhada com o paciente. Após os 75 anos, poderá ser realizado apenas para aqueles com expectativa de vida acima de 10 anos. O screening deve ser feito em todos os homens entre 50-75 anos, desde que a expectativa de sobrevida seja > 10 anos. • Se alto risco (negros, história familiar), começar aos 45 anos. • O screening deve ser feito com PSA + TR. • Um TR pos i t ivo (nódulo , induração) ind ica b ióps ia , independentemente do PSA. • O valor de referência do PSA para considerar a realização de biópsia é 4 ng/ml, porém, para homens < 60 anos este valor passa a ser 2,5 ng/ ml. Todavia, cabe ao médico avaliar individualmente o ponto de corte do PSA. • O seguinte "derivativo do PSA" pode ser utilizado: ➤ Velocidade de crescimento > 0,75 ng/ml/ano (> 0,4 em pacientes jovens). • A periodicidade do screening também deve ser individualizada: ➤ PSA < 1,0 ng/ml pode fazer PSA + TR a cada dois a quatro anos; ➤ PSA > 1,0 ng/ml, negros ou história familiar positiva devem fazer PSA + TR anualmente. ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE UROLOGIA O screening não deve ser feito em homens com idade < 40 e ≥ 70 . • O screening não deve ser feito se a expectativa de sobrevida for < 10 anos. • Entre 40-55 anos, considerar screening apenas se alto risco (negros, história familiar). • Para os demais homens, considerar screening entre 55-69 anos. • O paciente deve ser informado sobre potenciais riscos e benefícios. A decisão de realizar ou não o screening deve ser partilhada entre médico e paciente. • O TR faz parte do exame urológico de rotina, devendo ser feito em toda consulta. • Se TR positivo (nódulo, induração), indicar biópsia. • O PSA deve ser dosado a cada dois anos ou mais (e não anualmente). • O valor de referência do PSA para considerar a realização de biópsia é 3 ng/ml. • Todavia, esse ponto de corte deve ser avaliado individualmente, levando em conta: 1. O volume prostático; 2. A idade do paciente; 3. A suspeita de inflamação. ➤ Isso quer dizer que pode-se optar por não realizar biópsia caso idade próxima aos 70, HPB volumosa e/ou suspeita de inflamação, mesmo com um PSA > 3 ng/ml. O julgamento clínico do urologista é que vai decidir. ● Os "derivativos do PSA" (velocidade de aumento, relação PSA livre/ PSA total, valores de referência por faixa etária e densidade do PSA) são considerados secundários, e podem ser utilizados para reforçar ou não a indicação de biópsia. Explicar as manifestações clínicas e achados ao exame físico associadas ao câncer de próstata e a Hiperplasia prostática: HIPERTROFIA PROSTÁTICA Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) é uma entidade definida pela proliferação (hiperplasia) das células do epitélio e do estroma prostático, formando um tecido nodular adenomatoso. Tal processo geralmente promove aumento no volume da glândula, justificando sinais e sintomas obstrutivos/irritativos. Existem evidências incontestáveis de que a prevalência histológica aumenta linearmente com a idade. Sendo assim, a HPB está presente em 8% de homens entre 31-40 anos, em 50% de indivíduos entre 51-60 anos e em mais de 80% dos homens na 9ª década de vida. A prevalência através de critério clínico é um pouco menor, uma vez que nem todos os homens com histologia de HPB apresentam sintomas. A próstata normal é um órgão de consistência fibroelástica (como a ponta do nariz), com peso aproximado de 20-30 g (1 g = 1 ml = 1 cm³). Localiza-se inferiormente à bexiga, sendo atravessada pela primeira porção da uretra, limitada anteriormente pela sínfise púbica e posteriormente pelo reto. Podemos dividi-la em três regiões anátomo- histológicas distintas, de acordo com a morfologia das glândulas encontradas: (1) zona central ou periuretral, composta por glândulas curtas; (2) zona de transição, composta por glândulas de tamanho intermediário; e (3) zona periférica, constituída por glândulas longas, ramificadas e tortuosas. A região periférica é separada das demais por uma fina camada de tecido fibroelástico: a cápsula cirúrgica. Esta divisão é de grande relevância clínica e cirúrgica, pois a HPB se desenvolve na zona de transição, ao passo que os adenocarcinomas costumam surgir na zona periférica. ETIOPATOGENIA A etiopatogenia da HPB não é totalmente compreendida. Sabe-se, no entanto, que idade avançada e história familiar de doença precoce são fatores de risco bem estabelecidos. Uma forma hereditária de HPB é encontrada em até 50% dos indivíduos que necessitam de cirurgia com idade inferior a 60 anos para o tratamento desta condição. Sabe-se também que existe uma importante influência endócrina, haja vista que a castração (supressão dos androgênios) evita seu surgimento, além de ser capaz de reverter uma HPB previamente estabelecida. Estudos têm demonstrado uma possível correlação entre obesidade e síndrome metabólica com HPB. A testosterona livre penetra na célula epitelial prostática e, por ação da enzima 5-alfa redutase, é transformada em DHT (di-hidrotestosterona) – a forma biologicamente ativa do hormônio. A isoforma tipo 1 desta enzima está presente em várias partes do organismo, porém, a isoforma tipo 2 é exclusiva do tecido prostático (logo, representa um importante "alvo terapêutico"). A DHT se liga a receptores androgênicos nucleares, formando um complexo que atua sobre genes específicos e inicia um processo de síntese proteica que modula a proliferação das células epiteliais da glândula. Além de atuar diretamente no epitélio, a DHT estimula também as células do estroma, levando-as a secretar fatores de crescimento, que através de mecanismos parácrinos, estimulam ainda mais a proliferação glandular. Um fenômeno interessante (e recém-descrito) explica a relação entre idade e HPB: na medida em que o homem envelhece é natural que aumentem os níveis de estrogênio em seu sangue. O estrogênio induz as células prostáticas a expressarem receptores de androgênio. Logo, homens mais velhos possuem próstatas "mais sensíveis" aos androgênios circulantes, que assim têm seu estímulo trófico potencializado. Como os níveis de testosterona livre podem se manter inalterados, boa parte dos homens passa a apresentar crescimento prostático com o tempo. FISIOPATOLOGIA O processo de obstrução uretral pode ser decorrente de um efeito mecânico secundário ao crescimento prostático exagerado e/ou um efeito funcional ("dinâmico"), relacionado à contração das fibras musculares do estroma prostático. Estas fibras, ricas em receptores alfa-1 adrenérgicos, tendem a se contrair por influência do sistema nervoso simpático, aumentando o grau de obstrução uretral. Este último mecanismo explica os quadros de prostatismo em pacientes com próstatas pouco volumosas, bem como a rápida variação dos sintomas observada em alguns pacientes. Além disso, alterações vesicais COSTUMAM ESTAR PRESENTES nos casos de HPB, sendo responsáveis por parte dos sintomas apresentados. Com o surgimento da obstrução uretral, o músculo detrusor (parede da bexiga) se hipertrofia, na tentativa de manter um fluxo urinário normal. Como consequência, há uma diminuição da complacência Juntas, todas essas alterações condicionam o surgimento de "instabilidade vesical" (hiperatividade espontânea do detrusor), agravando ainda mais os sintomas da síndrome de prostatismo. A hipertrofia do detrusor leva à formação de trabéculas na mucosa vesical, as quais podem ser vistas na cistoscopia. As trabéculas nada mais são do que "bandas" de musculatura hipertrofiada. Quando isso acontece, começam a surgir divertículos vesicais! Trata-se, na realidade, de "falsos divertículos", pois são compostos apenas pela mucosa herniada entre as trabéculas (para serem "verdadeiros", os divertículos devem possuir todas as camadas da parede de um órgão). A presença de divertículosna parede vesical denota a existência de obstrução uretral grave e prolongada, além de constituir fator de risco para infecção urinária e formação de cálculos vesicais (devido à estase local de urina). É por este motivo, inclusive, que divertículos vesicais "grandes" constituem indicação de tratamento intervencionista da HPB. e da capacidade vesical, o que ocasiona sintomas miccionais "irritativos", como urgência, polaciúria, incontinência de urgência e redução do volume miccional. Nesta mesma fase surgem alterações neurogênicas, como ativação dos receptores de tensão presentes na mucosa vesical, redução do número de terminações colinérgicas (denervação local) e aumento de receptores alfa- adrenérgicos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os pacientes com HPB apresentam Sintomas do Trato Urinário Inferior (STUI) ocasionados por obstrução infravesical pela próstata hiperplásica. Embora possam ser ocasionados por outras condições, a etiologia mais comum de STUI em homens acima de 40 anos é a HPB. Os STUI podem ser divididos em obstrutivos e irritativos (armazenamento). Os sintomas obstrutivos podem ser de esvaziamento ou pós-miccionais; encontram-se presentes em 70-80% dos casos e resultam do efeito mecânico ou muscular (dinâmico) da glândula sobre a luz uretral. Esta sintomatologia costuma quase sempre desaparecer com a remoção cirúrgica da glândula. Os sintomas irritativos, conhecidos como de armazenamento, surgem por reação do detrusor à obstrução uretral, levando à "instabilidade vesical". Tais alterações, presentes em 50-70% dos indivíduos, nem sempre desaparecem após intervenção cirúrgica... Sempre que os sintomas irritativos forem exuberantes, deve-se estar atento para a eventual presença de outras doenças, como disfunção vesical primária (ex.: bexiga neurogênica), infecção urinária, litíase vesical, etc. As manifestações clínicas costumam ser oscilantes, com períodos de melhora, que podem durar meses ou anos, intercalados com fases de recrudescência. Outro aspecto importante é que a intensidade e o grau de desconforto dos sintomas não necessariamente são proporcionais ao volume da próstata ou à diminuição do fluxo urinário. Pacientes com HPB podem evoluir com complicações como retenção urinária aguda, litíase vesical, infecção urinária, falência do detrusor, insuficiência renal pós-renal e hematúria: • Retenção urinária aguda: representa a incapacidade abrupta de esvaziamento vesical. Ocorre em 2-10% dos pacientes e não representa necessariamente o grau máximo de obstrução uretral pelo adenoma. É observada tanto em próstatas pequenas quanto volumosas, sugerindo que outros mecanismos, além do quadro obstrutivo, estão implicados no processo. Diversos são os fatores que podem desencadear retenção urinária aguda, como: (1) uso de simpaticomiméticos ou anticolinérgicos; (2) distensão aguda da bexiga, como nos casos de diurese forçada; (3) prostatite infecciosa aguda; (4) cálculo vesical; ou (5) infarto prostático. O prognóstico desses pacientes é relativamente desfavorável, já que 60-70% voltam a apresentar retenção após 1-3 meses da retirada do cateter de Foley. As chances dos pacientes voltarem a urinar de maneira espontânea são, respectivamente, de 60% e de 15% nos casos com menos de 900 ml e mais de 900 ml de urina retida. • Infecção urinária e prostatite: surge em torno de 5% dos pacientes com HPB, exacerbando os sintomas urinários, e por vezes desencadeando retenção urinária. Essas infecções resultam de colonização prostática ou da presença de urina residual, e podem provocar quadros de bacteremia, o que justifica a remoção da próstata em casos de infecção persistente. • Litíase vesical: pode surgir por estase local ou impossibilidade de expulsar cálculos migrados dos rins. Estes pacientes apresentam bloqueios abruptos do jato urinário, interrompendo a micção, e outras vezes, quadros de hematúria macroscópica de graus variados. Há uma grande tendência à recidiva, se for realizada remoção exclusiva dos cálculos, sem correção do processo obstrutivo. • Falência do detrusor (descompensação vesical): nos casos de prostatismo de longa duração, o detrusor pode sofrer um processo de hipertrofia acentuada, seguido pela deposição local de colágeno. Por conseguinte, instala-se falência vesical progressiva, com aumento do volume de urina residual e dilatação da bexiga. A existência de grande volume residual pode ter outras consequências, como dilatação progressiva do trato urinário superior, formação de cálculos vesicais e aparecimento dos divertículos da bexiga, estes últimos também responsáveis por piora do esvaziamento vesical. • Insuficiência Renal Aguda ou Crônica : o comprometimento crônico da função renal é observado em cerca de 15% dos pacientes com HPB, mas, em muitos casos, deve-se a outros fatores, tais como hipertensão, diabetes ou outras formas de nefropatia preexistente. Na verdade, apenas 3% dos pacientes com HPB têm lesão renal causada pela própria obstrução prostática (nefropatia obstrutiva crônica), e em metade desses casos, o quadro de hidronefrose se instala de maneira silenciosa, frequentemente sem manifestações urinárias importantes. A existência dessa complicação torna obrigatória a realização de cirurgia, que deve ser executada após um período de cateterismo vesical contínuo. Este cuidado promove melhora, pelo menos parcial, do quadro de insuficiência renal e, com isso, reduz a morbimortalidade. Uma crise de retenção urinária aguda da HPB é uma das principais causas de insuficiência renal aguda pós-renal, prontamente revertida com o cateter de Foley ou a cistostomia. • Hematúria: a hematúria macroscópica surge em alguns poucos pacientes com hiperplasia prostática e deve-se à ruptura de vasos submucosos locais. Esta manifestação tende a ceder espontaneamente, porém, os pacientes nesta situação devem ser explorados cuidadosamente com cistoscopia e USG renal, já que a hematúria macroscópica pode estar relacionada com a presença de outra afecção, como neoplasias urogenitais (bexiga, rim) ou litíase renal ou ureteral. A hematúria microscópica também deve suscitar a procura de outras causas, já que pode ser o único sinal de um carcinoma de células renais. AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DOS SINTOMAS Com o objetivo de classificar e acompanhar a evolução dos pacientes, bem como padronizar critérios de avaliação de trabalhos científicos, a Associação Americana de Urologia criou um escore para quantificar com mais precisão o quadro clínico dos pacientes prostáticos. Posteriormente, com o apoio da Organização Mundial de Saúde, foi acrescentada uma nova avaliação, relacionada à qualidade de vida. Esta avaliação, conhecida como escore internacional de sintomas prostáticos (IPSS), estratifica os sintomas do trato urinário inferior, além de ser, atualmente, o padrão mais utilizado para determinar a eficácia do tratamento. É composto de sete perguntas, com notas individuais de 0 a 5, dependendo da intensidade de cada sintoma, e de acordo com os resultados obtidos, os pacientes podem ser classificados em: 1. Sintomatologia leve – escore de 0 a 7; 2. Sintomatologia moderada – de 8 a 19; 3. Sintomatologia grave – de 20 a 35. CÂNCER DE PRÓSTATA Modernamente, o Ca de próstata é classificado em dois subgrupos: (1) lesão histológica clinicamente oculta ou "latente"; e (2) doença clinicamente manifesta. Acredita-se que a prevalência de Ca de próstata "latente" seja idêntica em todas as etnias e em todas as partes do mundo, sendo proporcional à idade (algo em torno de 30% dos homens com 50 anos e 60-70% dos homens > 80 anos). Já a prevalência da doença manifesta é amplamente variável conforme a etnia e a região geográfica, além de outros fatores. A principal conclusão que pode ser inferida a partir de tais observações é que existem dois grandes passos na etiopatogênese dessa neoplasia: (1) iniciação (que cria a doença "latente") e (2) progressão (que torna a doença "clinicamente manifesta").São fatores de risco para Ca de próstata todos os eventos capazes de promover iniciação e/ou progressão do processo de transformação neoplásica da célula prostática. Que fenômenos moleculares sabidamente participam da iniciação/ progressão do Ca de próstata? As exatas relações etiopatogênicas ainda não foram plenamente esclarecidas, porém, diversas mutações genéticas e alterações epigenéticas já foram bem caracterizadas e estão presentes na maioria dos pacientes. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Devido ao screening, a maioria dos pacientes (> 60%) recebe o diagnóstico numa fase completamente assintomática, com um tumor de pequeno volume restrito à zona periférica da glândula. Sintomas de obstrução urinária (hesitação, jato intermitente e/ou fraco) acompanham a doença localmente avançada, que invade a uretra ou o colo vesical, fazendo diagnóstico diferencial com HPB. Nesse contexto, apontam para um diagnóstico de Ca de próstata, a coexistência de hematúria e, principalmente, hematoespermia, achados não esperados na HPB isolada. São indícios de disseminação linfática locorregional (com obstrução de linfonodos pélvicos) o surgimento de edema de membros inferiores e uma vaga sensação de "desconforto" pélvico ou perineal constante. As metástases esqueléticas costumam ser indolores no início, mas com o tempo queixas como dor óssea crônica (lombar, pelve, quadril) e/ou aguda (fratura patológica) vão se tornando mais frequentes. O envolvimento da coluna pode ocasionar uma síndrome de compressão epidural da medula espinhal (paraplegia, nível sensitivo, distúrbio esfincteriano). Raramente, o diagnóstico será feito por conta de sintomas relacionados às metástases viscerais (ex.: linfangite carcinomatosa pulmonar, derrame pleural ou ascite neoplásica, falência hepática, deficit neurológico focal). Estas últimas manifestações, por outro lado, não são raras nas fases terminais da doença, em particular quando já existe refratariedade à terapia de deprivação androgênica. A grande maioria dos pacientes com CaP em estágio inicial é assintomática. A presença de sintomas frequentemente sugere doença avançada localmente ou metastática. Queixas miccionais obstrutivas ou irritativas podem resultar de crescimento local do tumor para dentro da uretra ou do colo vesical, ou de sua extensão direta para o trígono da bexiga. É muito mais comum, entretanto, que esses sintomas sejam atribuíveis a HPB coexistente. A doença metastática para os ossos pode causar dor óssea. Doença metastática para a coluna vertebral com invasão para a medula espinal pode estar associada a sintomas de compressão medular, inclusive parestesias e fraqueza das extremidades inferiores, e incontinência urinária ou fecal. Citar indicações e modalidades de tratamento da hiperplasia prostática: Pacientes assintomáticos não necessitam de tratamento, seja qual for o tamanho da próstata! Por outro lado, para aqueles que apresentam alguma das condições citadas na tabela abaixo, existe indicação ABSOLUTA de cirurgia. A melhor compreensão da história natural da HPB, bem como dos processos fisiopatológicos envolvidos, permitiu uma grande evolução do tratamento clínico. O surgimento de medicamentos eficazes fez com que muitos pacientes passassem ser satisfatoriamente tratados sem necessidade de cirurgia! Existe uma importante correlação entre o escore de sintomas (IPSS) e a evolução da HPB. Por tal motivo, este escore atualmente é considerado imprescindível, devendo ser calculado em TODOS os doentes de maneira periódica. Pacientes com sintomas leves (IPSS entre 0 e 7) podem apresentar remissão espontânea das queixas clínicas ao longo do tempo. Quais são as opções terapêuticas? 1. Observação e acompanhamento (watchful waiting). 2. Terapia farmacológica: alfa-1 bloqueadores, inibidores da 5-alfa redutase (antiandrogênicos), terapia combinada. 3. Tratamento intervencionista: ressecção transuretral (RTUP), prostatectomia subtotal; A observação e o acompanhamento anual estão indicados em pacientes com sintomas leves e sem complicações (IPSS entre 0 e 7). Esta modalidade também se aplica a pacientes que não querem iniciar o tratamento medicamentoso ou intervencionista. O tratamento farmacológico está indicado nos pacientes com sintomatologia moderada (IPSS entre 8 e 19). Este tratamento deve ter morbidade mínima, boa aceitação pelo paciente e não interferir negativamente em sua qualidade de vida. Os poucos indivíduos que não obtém melhora com a terapia medicamentosa devem ser avaliados para intervenção cirúrgica. Os pacientes com sintomatologia grave (IPSS entre 20 e 35) devem inicialmente ser abordados com terapia medicamentosa, porém muitos indivíduos dentro desse grupo acabarão se submetendo a tratamento cirúrgico – uma não resposta ao tratamento farmacológico é uma indicação clássica de cirurgia. Para definirmos um paciente como não responsivo às medicações, é necessário um período inicial de seis meses a um ano de acompanhamento, uma vez que os antiandrogênicos demoram a exercer seu efeito máximo. Além disso, o termo "não responsivo" implica em um IPSS que se manteve grave ou que se reduziu apenas para moderado. As formas de tratamento chamadas de minimamente invasivas podem ser consideradas em casos selecionados. FORMAS DE DISSEMINAÇÃO DO ADENOCARCINOMA PROSTÁTICO A disseminação LOCAL compromete estruturas periprostáticas como as vesículas seminais e a base da bexiga (onde pode causar obstrução urinária). A disseminação LINFÁTICA ocorre primeiro para os linfonodos obturadores e, depois, os para-aórticos. A disseminação HEMATOGÊNICA acomete preferencialmente o esqueleto axial, mas o envolvimento de ossos longos e outros órgãos e tecidos também é comum. É importante ressaltar que as metástases ósseas em geral são osteoblásticas (isto é, têm aspecto "branco" ou radiopaco no RX simples, e o achado de lesões ósseas desse tipo é muito sugestivo de Ca de próstata em homens com > 50 anos de idade. Descrever a indicação e os achados dos exames complementares no paciente com câncer de próstata TOQUE RETAL Tumores de próstata identificados pelo TR em geral já possuem um tamanho relativamente grande, o que implica maior chance de doença avançada. Este exame só detecta as lesões mais periféricas, localizadas nas faces lateral e/ou posterior da glândula. Sabemos que em 25-35% das vezes o Ca de próstata se localiza em outras topografias e, por conta disso, acaba não sendo percebido pelo TR. Diz-se que o TR é "positivo" quando se nota a presença de nodularidade, induração ou assimetria lobar acentuada. É importante ter em mente que, apesar de sua sensibilidade para o diagnóstico de Ca de próstata ser muito "examinado dependente", de um modo geral ela é baixa (59%), assim como sua especificidade (94%). O valor preditivo de um TR positivo situa-se entre 20-50%, logo, ainda que um TR negativo não descarte a presença de câncer, é mandatório realizar biópsia em caso de positividade, mesmo que o PSA esteja normal (raros casos de Ca de próstata cursam com TR positivo e PSA baixo). Outras condições podem justificar um TR positivo (ex.: cálculos, prostatite granulomatosa, infarto prostático, tuberculose, linfoma). ANTÍGENO PROSTÁTICO ESPECÍFICO (PSA) O PSA é "próstata-específico", e não "câncer-específico". Isso quer dizer que ele é um marcador laboratorial exclusivo de dano ao epitélio prostático, aumentando não apenas no câncer, mas também em condições não neoplásicas. Na realidade, as células malignas produzem até menos PSA do que as células normais (cerca de 1,5x menos)! Os níveis séricos se elevam nos casos de câncer por conta da distorção na arquitetura do parênquima, o que aumenta a permeabilidade dos ductos prostáticos fazendo o PSA secretado refluir para a circulação. O TR simples (sem massagem da glândula) comprovadamente aumenta o PSA, porém, este aumento é clinicamente insignificante (não costuma produzir um resultado "falso-positivo"). Desse modo,pode-se dosar este marcador após um TR. Após procedimentos como biópsia e RTU de próstata, por outro lado, deve-se aguardar de oito a dez semanas para dosar o PSA no sangue. Para aumentar a confiabilidade da dosagem, idealmente deve-se evitar a ejaculação nas 48h que antecedem a coleta (a ejaculação pode aumentar transitoriamente o valor do PSA em até 0,8 ng/ml, uma variação grande o bastante para produzir um resultado "falso-positivo"). Causas não malignas de aumento do PSA: • HPB; • Prostatite; • Infarto prostático; • Pós-biópsia prostática; • Citoscopia; • RTU de próstata; • Retenção urinária; • Ejaculação; • Trauma perineal; • Massagem prostática. O PSA é uma enzima do tipo serina-protease pertencente à família das calicreínas. Sua principal função fisiológica é liquefazer o coágulo seminal. O PSA circula no sangue sob duas formas bioquímicas: (1) forma livre; (2) complexado a uma antiprotease chamada alfa-1 antiquimiotripsina (ACT). Outras moléculas também podem carrear o PSA (ex.: alfa-2 macroglobulina). A meia-vida do PSA livre é de 12- 18h (eliminação por filtração glomerular), mas a forma complexada, por não ser filtrada pelos rins, possui meia-vida entre uma a duas semanas. Depois de uma prostatectomia radical espera-se que o PSA se torne indetectável dentro de, no máximo, seis semanas (em geral, ele leva de duas a três semanas para normalizar). Um PSA que "zera" e depois volta a subir provavelmente indica recidiva tumoral. No caso da radioterapia, a queda do PSA é bem mais lenta, podendo demorar de três a cinco meses. É importante ter em mente que – devido ao fato de a radioterapia não eliminar o parênquima prostático por completo – o PSA não "zera" após este procedimento, apenas atinge um nadir (idealmente, numa faixa abaixo de 0,5 ng/ml). Nas patologias prostática benignas, o PSA costuma se manter na faixa entre 4-10 ng/ml. Valores > 10 ng/ml são mais específicos para câncer, e valores muito aumentados (> 100 ng/ml) predizem com grande acurácia a existência de doença metastática. O acompanhamento evolutivo dos níveis séricos de PSA é útil para monitorar a resposta ao tratamento. BIÓPSIA A biópsia de próstata deve ser considerada em homens com um PSA sérico elevado, TR anormal ou uma combinação dos dois, a depender adicionalmente da saúde geral do paciente, comorbidades, expectativa de vida, níveis de ansiedade e de aversão ao risco, e preferências de informação. A biópsia de próstata é guiada pela USTR usando-se um dispositivo de biópsia carregado com mola acoplado à sonda de imagem. Biópsias são colhidas por meio da zona periférica da próstata, com amostras adicionais opcionais de quaisquer áreas anormais no TR e/ou na USTR. Tradicionalmente, seis biópsias (sextante) eram colhidas ao longo de uma linha parassagital entre a margem lateral e a linha média da próstata, no ápice, meio da glândula e na base, bilateralmente. A biópsia de próstata geralmente é realizada usando-se anestesia local e profilaxia antibiótica pré-procedimento (habitualmente uma fluoroquinolona). O uso de anestesia local, ou aplicada topicamente ao longo da parede retal anterior, ou injetada na próstata ou adjacente a ela, ou uma combinação das duas, diminui a dor associada ao procedimento. Hematospermia, hematoquezia e hematúria são comuns, ocorrendo em aproximadamente 40 a 50% dos pacientes. Com a prevalência crescente de bactérias resistentes aos antibióticos, as taxas de sepse têm aumentado, apesar da profilaxia-padrão (Lange et aL, 2009). Elas podem ser ameaçadoras para a vida, mesmo em homens sadios afora isso, e os pacientes são aconselhados a retornar imediatamente ao departamento de emergência caso ocorra febre alta após o procedimento. Os esquemas de saturação consistem em 20 ou mais fragmentos, com ênfase em amostras da zona periférica. Um dos esquemas de saturação mais comuns envolve retirar dois fragmentos da base lateral, três fragmentos do meio da lateral, três fragmentos do ápice (incluindo o ápice anterior), um fragmento parassagital médio e um fragmento parassagital da base. Conquanto os esquemas de saturação iniciais incluíssem dois fragmentos tanto parassagitais médios como parassagitais da base, a identificação de câncer isolado nessas áreas é rara, e, assim, tem sido recomendado que se obtenha apenas um fragmento para cada uma dessas áreas. Pesquisadores têm demonstrado que biópsias de saturação podem ser realizadas no consultório, usando- se um bloqueio periprostático. Eles não observaram melhora da positividade com o uso da biópsia de saturação na biópsia inicial ou na primeira rebiópsia, defendendo a saturação como estratégia a partir da segunda repetição de biópsia. 98% dos tumores malignos prostáticos correspondem ao adenocarcinoma de próstata, tendo o sistema de graduação de Gleason um papel primordial no prognóstico da doença. O sistema (ou escore) de Gleason baseia-se na arquitetura microscópica do tumor e é composto por cinco padrões histológicos (1 a 5). Do menor para o maior, as células malignas vão progressivamente perdendo a diferenciação celular (quanto mais diferenciada, mais próxima da célula normal) e adquirindo arquitetura mais complexa. Nesse sentido, o escore de Gleason pode classificar o tumor em padrões mais bem diferenciados (padrão 1, 2 e 3), até aqueles pouco diferenciados ou indiferenciados (padrão 4 e 5). O escore de Gleason é composto por dois valores (duas notas). Ambas as notas variam de 1 a 5, sendo a primeira atribuída ao padrão mais prevalente, e a segunda igualmente atribuída ao segundo padrão mais prevalente nos fragmentos analisados pelo patologista. Dessa forma, o escore de Gleason pode variar de 2 a 10, mas na prática atual, a maioria dos CaP possui escore ≥ 6. Portanto, tumores compostos por padrões 3, 4 e ou 5 são considerados clinicamente significativos, assim classificados: ■ Neoplasia de baixo grau – Gleason 3+3 ■ Neoplasia de grau intermediário – Gleason 3+4 ou 4+3 ■ Neoplasia de alto grau – Gleason 4+4, 4+5, 5+4 ou 5+5 A partir de 2014 foi proposto um valor prognóstico à graduação de Gleason, agrupando pacientes com CaP em categorias diferentes, dependendo do escore de Gleason apresentado na biópsia. Os pacientes foram então classificados em 5 grupos de prognósticos distintos: ■ ISUP 1 – Gleason 3+3 ■ ISUP 2 – Gleason 3+4 ■ ISUP 3 – Gleason 4+3 ■ ISUP 4 – Gleason 4+4 ■ ISUP 5 – Gleason 4+5, 5+4 e 5+5 A biópsia transretal de próstata guiada por ultrassom (BTRP) é o método recomendado na grande maioria dos casos suspeitos. Discutir a problematização da resistência em realizar o exame do toque retal: O preconceito é um dos problemas que levam os homens a se negarem a fazer este exame. Esse procedimento interfere na imaginação masculina, no qual eles acreditam que o homem viril é obrigado a não demonstrar sentimentos, ou seja, nao apresentar medo, fraqueza ou dor. Os aspectos figurativos devem ser considerados, pois estes estabelecem barreiras que implicam na sua masculinidade. Acredita-se que o homem é violado em sua perspectiva sobre qual é o papel do “macho”, o que afeta em sua aceitação em fazer o exame retal digital, essa atitude representa para a maioria deles um obstante obstáculo para efetivar este procedimento. Os homens criam obstáculos relativos ao exame do toque retal, ocasionando um afastamento significativo deles nos serviços voltados para prevenção. Observa-se uma escassez destes nos locais de saúde, contribuindo para o aumento dos problemas encontrados relativos à saúde do homem. As medidas direcionadas pelos órgãos públicos existem para cuidar dos homens, com o intuito de diminuir ou eliminar os agravos de doenças que afetam o público masculino. Quando estes procuram as unidades de saúde, dificilmente os profissionais da área propiciam uma orientação para a realização do exame para detectar o câncer de próstata, dificultando o cuidado com o homem. Quanto a questão do medo, Sousa MCP, et al. (2014) ressalta que entre as causas queinterferem na busca da prevenção, está o receio de ser mexido em suas partes íntimas e, de sentir dor física ou simbólica, ou até mesmo o medo de identificar alguma doença séria em seu corpo. O desconhecimento sobre a existência de alguma doença gera uma falsa segurança, pois preferem não ter conhecimento de estarem doentes do que fazerem o exame e constatarem que possuem uma enfermidade. Infelizmente, esta é uma premissa que permeia o "imaginário" dos homens e que dita o seu comportamento. Ferreira DC, et al. (2015), na sua perspectiva, o medo ou o preconceito estão ligados às emoções, mostrando assim porque a maioria dos homens demoram ou evitam a realização dos exames que rastreiam o câncer de próstata. Provavelmente isto acontece por falta de informação que deveria ser colocada em prática para buscarem o exame no momento adequado para cada homem. Outro item observado é o medo gerado de que a descoberta de um problema na próstata está ligada a possibilidade de impotência sexual. Para Oliveira PSD, et al. (2015), a propagação do medo em relação a este exame acontece entre a própria população masculina, o que cria esses sentimentos das situações relacionadas a cultura, onde é desvalorizado o cuidado com a saúde. Em relação ao preconceito, Freitas MEM, et al. (2015) reflete no seu estudo, que a homossexualidade está nos pensamentos dos homens como fator que impede o toque retal; apresentando a questão de que o homem que é homem não pode ser penetrado. Quando na verdade, o exame não muda seu comportamento como homem, mas passa a protegê-lo de uma doença que pode se agravar e atingir outros órgãos, impossibilitando que ele tenha uma vida longa e plena. Sob esse olhar, Souza LM, et al. (2011) descreve como a masculinidade interfere na realização do exame retal, principalmente nas zonas rurais, devido ao fato de lá os homens terem pensamentos antiquados, em que a masculinidade prevalece como barreira cultural. Além disso, os homens destes lugares, muitas vezes, estão sem serviços de saúde para fazer este exame. Este quadro é diferente dos homens que moram na zona urbana, os quais tem mais facilidade de buscar este exame, sendo que uma parcela significativa destes tem acesso nas instituições particulares. Na compreensão de Freitas MEM, et al. (2015), o exame do toque retal abala a masculinidade, pois este requer um procedimento que vem de encontro a certas verdades já instaladas na mente dos homens, e exigirá que eles transponham a vergonha, o medo e outras situações que os deixam apavorados e inquietos, fazendo com que se sintam constrangidos e se recusem em realizar este exame. Fortalecendo o mesmo pensamento, Oliveira PSD, et al. (2015) divulga que o toque retal interfere no comprometimento da masculinidade, a partir do que representa na imaginação deste homem, mesmo que fique salientando a eficácia do exame pelos especialistas; assim, essa maneira de pensar impede na sua decisão de fazer. No estudo de Freitas MEM, et al. (2015) evidencia-se que entre outros fatores da recusa, está que o médico não solicita o exame de toque retal durante as consultas. Este exame é importante, mas é insuficiente para detectar o câncer da próstata; sendo necessário esclarecerimentos para os homens. Outro fator colocado é a ausência de sintomas, em seu estágio inicial, em relação a algum possível problema da próstata; fazendo com que muitos achem que não há necessidades de realizar o exame, pois não sentem nenhum distúrbio. Contudo, há uma variedade de indicativos relevantes, mas que são fáceis de serem identificados, e que permitirão que o homem conheça a sua verdadeira situação, possibilitando que se tratem. Descrever os achados da cintilografia óssea em paciente com câncer de próstata: A cintilografia óssea é o método mais sensível para a detecção de metástases esqueléticas do Ca de próstata (o RX simples só se altera em fases tardias). Como acontece com todo exame de alta sensibilidade, espera-se uma perda relativa de especificidade (existem várias outras causas que justificam uma CO alterada, por exemplo: fraturas, processos degenerativos, doença de Paget do osso). Desse modo, na atual era do diagnóstico precoce do Ca de próstata, em que a imensa maioria dos casos é detectada antes do surgimento de metástases, recomenda-se que a CO seja realizada apenas nos pacientes com maior probabilidade pré-teste de doença difusa. A solicitação rotineira desse exame não é recomendada, pois se associa a uma elevada taxa de falso-positivo, gerando custos adicionais e ansiedade para o paciente... Modernamente, a CO está indicada nas seguintes situações. Quando o CaP dissemina metástases, ele mais comumente o faz para os ossos. Metástases para partes moles (p. ex., pulmão e fígado) são raras na apresentação inicial. Embora a cintilografia óssea tenha sido considerada uma parte rotineira da avaliação inicial de homens com CaP recém-diagnosticado, boas evidências têm se acumulado de que ela pode ser excluída na maioria desses homens com base no PSA sérico. Vários pesquisadores têm mostrado que as cintilografias ósseas podem ser omitidas em pacientes com CaP recém-diagnosticado, não tratado, que estão assintomáticos, têm doença TI ou T2 e concentrações séricas de PSA < 20 ng/mL. De fato, essas recomendações estão incorporadas nas diretrizes clínicas para o tratamento de CaP clinicamente localizado; porém a cintilografia óssea permanece largamente superutilizada entre homens com doença de baixo risco, conforme confirmado por numerosos estudos recentes. REFERÊNCIA OBJETIVO 1: MARIEB, Elaine; WILHELM, Patrícia; MALLAT, Jon. Anatomia humana - São Paulo : Pearson Education do Brasil, 2014. OBJETIVO 2: INCA. Apoio a decisão no rastreamento do câncer de próstata. Disponível: <https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document/ apoio_decisao_cancer_prostata_2019_0.pdf >. Acesso em 1 mar. 2024. SOCIEDADE BRASILEIRA DE UROLOGIA. Nota oficial 2018 rastreamento do câncer de próstata. Disponível em:<https:// portaldaurologia.org.br/novidades/noticias/nota-oficial-2018-rastreamento-do- cancer-de-prostata>. Acesso em 02 mar. 2024. OBJETIVO 3, 4 e 5 Urologia OBJETIVO 6: DE OLIVEIRA, Suzana Leite et. al. Exame retal digital: fatores relacionados a recusa do homem. Revista eletrônica acervo enfermagem. Vol. 4. Disponível em:<chrome://external-file/5063-Artigo-53834-3-10-20201106.pdf>. Acesso em 2 mar. 2024.
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