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História do Brasil – Frente 1 República Oligárquica (1894 – 1930) - Aula 2 Prof. Filipe Leite Página 1 de 7 Aula: 20 (Parte I) 3. Guerra de Canudos (1896 – 1897) • Localização: Atual Sobradinho (BA) • Causas *Injustiças fundiárias locais *Secas prolongadas, migrações, cangaço *Misticismo religioso (catolicismo + Sebastianismo) • Participantes *Trabalhadores rurais pobres *Líder: Antônio Conselheiro • Objetivos *Escapar da fome e da violência • Arraial de Belo Monte “Canudos” (1893) *Sistema comunitário com 30.000 habitantes *Leis e governo próprio em Canudos • Destruição da comunidade pelo Governo Federal *4 expedições, 8 mil homens e armas modernas *Degola de 800 Prisioneiros *Canudos não se rendeu, e caiu em 5/10/1897 ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 4. Cangaço • Características gerais *Período de ocorrência: 1880 – 1930 *Localização: Nordeste • Fundamentos *Bando Armado *Ações marginais ao sistema legal • Banditismo Social *Assaltos contra fazendas *Sequestros *Saques *Prestações de serviços temporários aos Coronéis *Uso da violência como fator de identidade • Visão de Eric Hobsbawm *Sem perspectiva de auxílio aos pobres *Massacres e terror • Grupo destacado: Lampião e Maria Bonita ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 5. Revolta da Vacina (1904) • Localização: Rio de Janeiro • Causas *Surto de Epidemias (febre amarela, peste bubônica e varíola) *Problemas Urbanos: Cortiços e Casebres *Bota Abaixo! ➢ Remodelação do RJ (Belle Époque) ➢ Demolição de cortiços e casebres do centro ➢ Alargamento das ruas e avenidas *Combate a epidemias ➢ Lei de vacinação obrigatória (1904) • Participantes: populares • Objetivos *Revogação da Lei de Vacinação Obrigatória *Fim do Bota Abaixo! • O movimento *Criação de barricadas nas ruas do RJ • Reação do governo federal *Revogação da Lei de Vacinação Obrigatória *Repressão violenta aos revoltosos • Resultados *Favelização do Rio de Janeiro *Remodelação do Rio de Janeiro ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 6. Revolta da Chibata (1910) • Localização: Rio de Janeiro • Causas *Código de posturas da Marinha *Castigos físicos *Má alimentação *Miseráveis soldos • Participantes *Baixa patente da Marinha (2.000) *Líder: João Cândido • Objetivos *Mudanças no Código de posturas da marinha ➢ Fim das chibatas • O movimento *Revoltosos tomaram os navios MG, SP, BA e Deodoro *Ameaça de bombardeio ao palácio de governo *Negociações entre governo e revoltosos ➢ Marinheiros entregaram os navios *Ação violenta do governo contra os marinheiros • Resultados *600 mortos ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 7. Guerra do Contestado (1912 – 1916) • Localização *Fronteira entre Paraná e Santa Catarina *Atual Concórdia em SC Página 2 de 7 ➢ Área rica em madeira e erva mate • Causas *Destruição do controle coronelista na região *Instalação de empresas estrangeiras na região ➢ Madeira e ferrovia *Exploração dos sertanejos pobres *Catolicismo radical • Participantes *Sertanejos pobres *Líder: Padre José Maria • Objetivos *Criação de uma comunidade justa e igualitária *Ações contra a presença das empresas estrangeiras • “Monarquia celeste” *Comunidade sertaneja na região do contestado *Poder centralizado, leis e governo próprios *Ataques contra as empresas apoiado pelos coronéis *Padre José Maria foi assassinado em Concórdia • Reação do governo federal *Envio de tropas do exército: 7.000 homens *Massacre da população *Destruição da comunidade • Resultados *Saída das empresas da região *Retomada do poder local pelos coronéis ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 8. Movimento Operário • Causas *Ausência de legislação trabalhista *Péssimas condições de trabalho • Sindicatos *Organizações operárias para lutar pelos direitos trabalhistas *Sindicalismo ➢ RJ: Socialistas Pragmáticos ➢ SP: Anarcossindicalistas revolucionários • Lei Adolfo Gordo (1907): Exílio de líderes operários • Greve geral de 1917 *Localização: Sudeste e sul *Duração: 1 mês *Resultados ➢ Negociações entre operários e governos ➢ Aumento de 30% nos salários ➢ Proibição do trabalho infantil noturno *Repressão violenta do governo • Ação política *Fundação do PCB (1922) • Reação Governamental *Lei Celerada (1927): PCB e sindicatos na Ilegalidade ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Orientações de Estudos Leitura: Livro 4, páginas 541 até 543 Tarefa: Lista: exercícios 1, ao 7, 9, 12, 13, 14, 16 e 17 Livro 4 pg 548 ex: 2 e 6, Aprofundamento: Lista ex: 8, 10, 11 e 15 Livro 4 pg 548 ex: 3 Leitura Complementar: Lopez, Adriana; Mota, Carlos Guilherme. História do Brasil: uma interpretação. Ed Senac. SP. 2008 Exercícios de Tarefa 1. (Enem 2015) TEXTO I Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Vencido palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados. CUNHA, E. Os sertões. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987. TEXTO II Na trincheira, no centro do reduto, permaneciam quatro fanáticos sobreviventes do extermínio. Era um velho, coxo por ferimento e usando uniforme da Guarda Católica, um rapaz de 16 a 18 anos, um preto alto e magro, e um caboclo. Ao serem intimados para deporem as armas, investiram com enorme fúria. Assim estava terminada e de maneira tão trágica a sanguinosa guerra, que o banditismo e o fanatismo traziam acesa por longos meses, naquele recanto do território nacional. SOARES, H. M. A Guerra de Canudos. Rio de Janeiro: Altina, 1902. Os relatos do último ato da Guerra de Canudos fazem uso de representações que se perpetuariam na memória construída sobre o conflito. Nesse sentido, cada autor caracterizou a atitude dos sertanejos, respectivamente, como fruto da a) manipulação e incompetência. b) ignorância e solidariedade. c) hesitação e obstinação. d) esperança e valentia. e) bravura e loucura. 2. (Enem 2019) A Revolta da Vacina (1904) mostrou claramente o aspecto defensivo, desorganizado, fragmentado da açãopopular. Não se negava o Estado, não se reivindicava participação nas decisões políticas; defendiam-se valores e direitos considerados acima da intervenção do Estado. CARVALHO, J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Cia. das Letras, 1987 (adaptado). A mobilização analisada representou um alerta, na medida em que a ação popular questionava a) a alta de preços. b) a política clientelista. c) as reformas urbanas. d) o arbítrio governamental. e) as práticas eleitorais. 3. (Enem 2018) Os seus líderes terminaram presos e assassinados. A “marujada” rebelde foi inteiramente expulsa da esquadra. Num sentido histórico, porém, eles foram vitoriosos. A “chibata” e outros Página 3 de 7 castigos físicos infamantes nunca mais foram oficialmente utilizados; a partir de então, os marinheiros – agora respeitados – teriam suas condições de vida melhoradas significativamente. Sem dúvida fizeram avançar a História. MAESTRI, M. 1910: A revolta dos marinheiros – uma saga negra. São Paulo: Global, 1982. A eclosão desse conflito foi resultado da tensão acumulada na Marinha do Brasil pelo(a) a) engajamento de civis analfabetos após a emergência de guerras externas. b) insatisfação de militares positivistas após a consolidação da política dos governadores. c) rebaixamento de comandantes veteranos após a repressão a insurreições milenaristas. d) sublevação das classes populares do campo após a instituição do alistamento obrigatório. e) manutenção da mentalidade escravocrata da oficialidade após a queda do regime imperial. 4. (Unicamp 2018) Em julho de 1917, convocou-se, em São Paulo, uma greve geral, com adesão de 45.000 trabalhadores, para pedir aumento salarial. A greve se estendeu ao Rio de Janeiro e levou o governo a reforçar o aparato repressivo e decretar estado de sítio em 1918. Nos anos de 1917-1919, o Chile registrou o recrudescimento da agitação sindical. Mobilizavam-se com facilidade 100.000 trabalhadores, como durante as manifestações contra o custo dos alimentos em 1918 e 1919. A Argentina foi outro país que teve um movimento sindical poderoso. Entre 1917 e 1921, o movimento sindical conheceu seu apogeu. Apenas durante o ano de 1919, registraram-se 367 greves na capital Buenos Aires. (Adaptado de Olivier Dabène, América Latina no século XX. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003, p. 64-65.) Considerando o texto acima e seus conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa correta. a) Os movimentos grevistas foram espontâneos e apartidários nos anos de 1910, rejeitando a infiltração ideológica das lideranças sindicais, de maioria marxista e comunista, pouco mobilizadoras no período. b) Os movimentos sindicais estavam em processo de fortalecimento, entre outras razões, pela intensa ruralização dos países latino- americanos na década de 1900. c) O processo de fortalecimento dos movimentos sindicais enfrentou um forte aparato repressivo, nos anos de 1920, marcado pela colaboração entre os Estados latino-americanos. d) Os movimentos sindicais latino-americanos apresentavam, em 1917, especificidades em relação aos da Europa quanto às pautas reivindicatórias dos trabalhadores. 5. (Espm 2017) Entre 12 e 15 de julho de 1917, São Paulo parou. Pararam as fábricas, os moinhos, as ferrovias e os bondes da cidade. Nas ruas do centro e dos bairros operários, milhares de trabalhadores saquearam armazéns e padarias e interceptaram caminhões de alimentos, enquanto meninos e moças liberavam o seu protesto tomando alguns elétricos (bondes) e pondo-os em movimento. acervo.estadao.com.br/noticias/acervo.em-1917-a- primeira-greve-geral-em-sao-paulo. O texto trata de uma greve geral, uma das maiores realizadas no país até 1930. O movimento refletia a piora das condições de vida dos assalariados, submetidos durante a República Velha a uma superexploração. Assinale a alternativa correta que explique a situação: a) a legislação trabalhista e de assistência social daquele tempo estava adaptada às orientações da Liga das Nações; b) a insuficiência das leis de proteção ao trabalho e de assistência social, tendo em conta a ausência, no país, de um Direito do Trabalho consolidado; c) os governos da República Velha eram sensíveis aos problemas da chamada Questão Social, embora não a tenham solucionado; d) o encarecimento da força de trabalho naquele tempo pela elevação da especialização da mão de obra; e) a inexistência de sindicatos, os quais só vieram a se constituir depois de 1930. 6. (Famerp 2017) “A questão social é um caso de polícia” – esta frase, atribuída a Washington Luís, presidente da República de 1926 até a sua deposição em 1930, é geralmente apontada como o sintoma de como as questões relativas ao trabalho (a “questão social”) eram descuidadas pelo Estado, durante o período da chamada República Velha (1889-1930). Kazumi Munakata. A legislação trabalhista no Brasil, 1984. A associação da frase de Washington Luís a um “sintoma” característico da Primeira República brasileira pode ser exemplificada pela a) liberação das manifestações de trabalhadores no perímetro urbano de todas as capitais. b) proibição de entrada de imigrantes que tivessem participado de sindicatos nos seus países de origem. c) decretação do toque de recolher, ainda no final do século XIX, com a limitação dos horários de circulação dos cidadãos. d) repressão contínua às greves, aos protestos e a outras formas de manifestação dos trabalhadores. e) promulgação da legislação trabalhista, com a definição de direitos e deveres dos trabalhadores. 7. (Fac. Albert Einstein - Medicin 2016) “A revolta não visava o poder, não pretendia vencer, não podia ganhar nada. Era somente um grito, uma convulsão de dor, uma vertigem de horror e indignação. Até que ponto um homem suporta ser espezinhado, desprezado e assustado? Quanto sofrimento é preciso para que um homem se atreva a encarar a morte sem medo? E quando a ousadia chega nesse ponto, ele é capaz de pressentir a presença do poder que o aflige nos seus menores sinais: na luz elétrica, nos jardins elegantes, nas estátuas, nas vitrines de cristal, nos bancos decorados dos parques, nos relógios públicos, nos bondes, nos carros, nas fachadas de mármore, nas delegacias, agências de correio e postos de vacinação, nos uniformes, nos ministérios e nas placas de sinalização.” Nicolau Sevcenko. A revolta da vacina. São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 68. O texto trata da Revolta da Vacina, ocorrida em 1904, e associa a reação popular contra a vacinação obrigatória a) à irracionalidade da população do Rio de Janeiro e aos benefícios que a vacina traria para a saúde pública. b) ao programa higienizador empreendido pelo prefeito do Rio de Janeiro e ao amplo esclarecimento da opinião pública quanto aos benefícios da vacina. Página 4 de 7 c) à participação de funcionários de todos os setores do governo federal na campanha de erradicação dos focos epidêmicos. d) ao projeto de reurbanização do Rio de Janeiro e às diversas formas de segregação e exclusão social que ele promoveu. 8. (Fgv 2016) Leia o texto abaixo e depois responda às questões propostas: Na plataforma do Bloco Operário de 5 de janeiro de 1927, apresentava-se a noção de ‘direitos políticos de classe’: defesa dos interesses dos trabalhadores urbanos e rurais, apoio às suas lutas e reivindicações e defesa das liberdades políticas dos trabalhadores (associação, reunião, pensamento e palavra). KAREPOVS, D., A classe operária vai ao Parlamento. O Bloco Operário e Camponês do Brasil (1924-1930). São Paulo: Alameda, 2006, p. 57. a) Explique o que era o Bloco Operário Camponês. b) Aponte as características políticas da crise política no Brasil na década de 1920. c) Apresente quatro itens do programa do BOC. 9. (Fgv 2016) I.“Em Canudos representa de elemento passivo o jagunço que corrigindo a loucura mística de Antônio Conselheiro e dando-lhe umas tinturas das questões políticas e sociais do momento, criou, tornou plausível e deu objeto ao conteúdo do delírio, tornando-o capaz de fazer vibrar a nota étnica dos instintos guerreiros, atávicos, mal extintos ou apenas sofreados no meio social híbrido dos nossos sertões, de que o louco como os contagiados são fiéis e legítimas criações. Ali se achavam de fato, admiravelmente realizadas, todas as condições para uma constituição epidêmica de loucura.” (Nina Rodrigues, As coletividades anormais. 2006) II. Ergueu-se contra a República O bandido mais cruel Iludindo um grande povo Com a doutrina infiel Seu nome era Antônio Vicente Mendes Maciel [...] Os homens mais perversos De instinto desordeiro Desertor, ladrão de cavalo Criminoso e feiticeiro Vieram engrossar as tropas Do fanático Conselheiro (João Melchíades Ferreira da Silva apud Mark Curran, História do Brasil em cordel. 1998) Acerca das leituras que os textos fazem de Canudos, é correto afirmar que a) I pondera sobre a necessidade de se compreender a Guerra de Canudos no contexto das rebeliões contra o avanço do capitalismo no sertão brasileiro; II refere-se aos rebeldes do sertão baiano como principais responsáveis pela instabilidade político-institucional dos primeiros anos da República brasileira. b) I analisa o evento ocorrido no sertão baiano a partir de referências médicas e antropológicas, tratando-o como o embate entre a barbárie, em função da condição primitiva e enlouquecida do sertanejo, e a civilização; II identifica a prática dos combatentes do Arraial de Canudos à dos cangaceiros. c) I reconhece legitimidade na rebelião dos sertanejos baianos, em razão do abandono institucional de que essas pessoas foram vítimas ao longo do tempo; II mostra o líder Antônio Conselheiro como um importante articulador político, vinculado aos mais importantes oligarcas baianos, os chamados coronéis. d) I condena as principais lideranças da rebelião baiana pela postura de defesa das práticas religiosas primitivas e rústicas, que se contrapunham aos princípios cristãos; II acusa o líder Antônio Conselheiro de provocar tensões étnicas e de classe, ao propor uma sociedade igualitária social e economicamente. e) I denuncia a ausência de uma compreensão científica, por parte do poder público, sobre as motivações dos rebeldes de Canudos; II critica os moradores do arraial de Canudos pela violência gratuita contra as forças legais, que estavam preocupadas em oferecer aos sertanejos a entrada no mundo da civilização. 10. (Fuvest 2015) A cidade do Rio de Janeiro abre o século XX defrontando-se com perspectivas extremamente promissoras. Aproveitando-se de seu papel privilegiado na intermediação dos recursos da economia cafeeira e de sua condição de centro político do país, a sociedade carioca via acumularem‐se no seu interior vastos recursos enraizados principalmente no comércio e nas finanças, mas derivando já para as aplicações industriais. A mudança da natureza das atividades econômicas do Rio foi de monta, portanto, a transformá‐lo no maior centro cosmopolita da nação, em íntimo contato com a produção e o comércio europeus e americanos, absorvendo-os e irradiando-os para todo o país. Muito cedo, no entanto, ficou evidente o anacronismo da velha estrutura urbana do Rio de Janeiro diante das demandas dos novos tempos. SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão. Tensões sociais e criação cultural na Primeira República. São Paulo: Brasiliense, 1983. Adaptado. a) Cite dois exemplos que justifiquem o mencionado “anacronismo da velha estrutura urbana do Rio de Janeiro”. b) Cite duas importantes mudanças socioeconômicas pelas quais a cidade do Rio de Janeiro passou no princípio do século XX. 11. (Uerj 2020) A Exposição Internacional comemorativa do Centenário da Independência do Brasil (1822-1922) foi inaugurada no dia 7 de setembro de 1922. Foi realizada no mesmo ano de outros acontecimentos relevantes, como a Semana de Arte Moderna, a fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e a Revolta do Forte de Copacabana. Primeira exposição a se realizar após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o grande desafio da Exposição do Centenário foi o de traduzir a vontade de renovação que então mobilizava o mundo. Página 5 de 7 A primeira transmissão de rádio no Brasil ocorreu justamente durante a inauguração da Exposição do Centenário, com o discurso do presidente Epitácio Pessoa. MARLY MOTTA. Adaptado de cpdoc.fgv.br. Na comemoração dos cem anos da independência do Brasil, em 1922, foram mobilizados tanto aspectos relativos aos acontecimentos do ano de 1822 quanto aqueles associados à conjuntura da época, como exemplificam o texto e a moeda. Apresente uma característica do processo de emancipação política do Brasil em 1822 que justifique a presença da imagem de D. Pedro I na moeda comemorativa. Em seguida, identifique dois acontecimentos ou movimentos sociopolíticos da década de 1920 que tenham realizado críticas aos governos republicanos da época. 12. (Uerj 2019) No início da noite de 26 de janeiro de 1893, por ordem do prefeito do Distrito Federal, Cândido Barata Ribeiro, a polícia ocupou o mais célebre dos cortiços cariocas, conhecido como Cabeça de Porco, no centro da cidade. A estalagem, conjunto de casinhas onde viviam de 400 a 2000 pessoas, foi em seguida desocupada, sem que se desse aos moradores o tempo necessário para recolherem suas coisas. Em poucas horas, foi demolida. Não tardou para que a expressão “cabeça de porco” se impusesse como sinônimo de cortiço. Adaptado de projetomemoria.art.br. A ordem de desocupação e demolição do famoso cortiço em 1893, ironizada em capa de revista da época, representou mudanças na ação do então prefeito com relação aos problemas sociais da cidade do Rio de Janeiro. Um desses problemas sociais e o objetivo dessa demolição estão indicados, respectivamente, em: a) déficit escolar – planificação da expansão urbana b) fluxo migratório – integração de novos logradouros c) criminalidade elevada – reordenação da ação repressora d) crescimento demográfico – erradicação de habitações populares 13. (Uerj 2018) Miséria em revolta. Movimento grevista assume cada vez maiores proporções. Apresenta-se com aspecto cada vez mais alarmante o movimento que começou no Cotonifício Crespi e se propagou a outras fábricas em número avultado. Não há como negar a justiça do movimento grevista. São suas causas inegáveis: salários baixos e vida caríssima. Com elas coincide a época de ouro da indústria, que trabalha como nunca e tem lucros como jamais. Censuram-se as violências dos grevistas. Entretanto, no fundo, não se encontraria uma justificação para essa atitude? Pais de família que vivem sendo explorados pelos patrões, que veem os industriais fazendo-se milionários à custa de seu suor e de sua miséria. Esses pais não podem ter a calma precisa para reclamar dentro de uma lei que não os protege, antes permite que o seu sangue seja sugado por vampiros insaciáveis. O Combate, 12/07/1917. Adaptado de memoria.bn.br. De greve em greve Ao longo da história republicana, vários movimentos sociais preferiram interpretação própria da modernização, como expansão de direitos. E agiram para converter ideia em fato. São Paulo viu isso em 1917, quando assistiu a sua primeira greve geral. A cidade parou. Aderiram categorias em cascata, demandantes de melhoras salariais e de condições de trabalho. Manifestantes daquele tempo se parecem mais com os de hoje do que se possa imaginar. A resposta das autoridades de então também segue a moda. Em 1917, um jovem sapateiro espanhol foi baleado no estômago. Em 2017, um estudante teve a cabeça golpeada com um cassetete. O enterro do sapateiro virou a maior manifestação de protestoque os paulistanos tinham visto até então. Já na greve geral de abril de 2017, 35 milhões de pessoas pararam, segundo os sindicatos. Angela Alonso. Adaptado de Folha de São Paulo, 07/05/2017. As matérias jornalísticas referem-se a movimentos grevistas ocorridos no Brasil nos anos de 1917 e 2017, apresentando contextos diretamente associados aos conflitos entre capital e trabalho em área urbana. Tendo como base essas matérias, as principais semelhanças entre os dois contextos mencionados se relacionam aos seguintes fatores: a) precarização salarial e ampliação da regulação estatal b) aumento do desemprego e revisão de leis trabalhistas c) repressão policial e relevância das reivindicações populares d) ilegalidade da ação sindical e desqualificação da mão de obra 14. (Uerj 2016) O cartão-postal é o melhor veículo de propaganda e reclame de que podem dispor os homens, as empresas, a indústria, o comércio e as nações. Olavo Bilac A cartophilia, 15/06/1904. A frase de Olavo Bilac assinala a ampliação da produção de cartões- postais no início do século XX, que animou colecionadores e o trabalho de editores, fotógrafos e gravuristas. As imagens dos cartões do Rio de Janeiro, capital brasileira naquele momento, associaram-se à propaganda das ações governamentais indicadas em a) modernização e progresso material de espaços públicos b) planejamento e racionalização do crescimento urbano c) valorização e preservação dos monumentos arquitetônicos d) remodelamento e expansão das vias de transportes coletivos Página 6 de 7 15. (Uerj 2015) A partir de meados do século XIX, a expansão urbana passou a ser guiada por um modelo de modernização cujas reformas modificaram profundamente as grandes cidades e a vida de seus habitantes. No início do século XX, o Brasil, apesar de encontrar-se em um contexto diverso do europeu, inspirou-se na reforma efetuada em Paris pelo Barão Haussman. A Reforma Pereira Passos (1902-1906) deu início a um processo de transformação do Rio de Janeiro na “Paris dos Trópicos”. Cite dois objetivos da reforma urbana de Pereira Passos e um efeito dessa reforma para o processo de urbanização da cidade do Rio de Janeiro. 16. (Fgvrj 2015) Sobre a participação brasileira na Primeira Guerra Mundial, é correto afirmar: a) O governo brasileiro declarou guerra à Alemanha, em 1914, após o torpedeamento de um navio, carregado de café, que acabara de deixar o porto de Santos. b) O governo brasileiro manteve-se neutro ao longo de todo o conflito devido aos interesses do ministro das relações exteriores Lauro Muller, de origem alemã. c) A partir de 1916, o Exército brasileiro participou de batalhas na Bélgica e no norte da França com milhares de soldados desembarcados na região. d) O Brasil enviou uma missão médica, um pequeno contingente de oficiais do Exército e uma esquadra naval, que se envolveu em alguns confrontos com submarinos alemães. e) Juntamente com a Argentina, o governo brasileiro organizou uma esquadra naval internacional incumbida de patrulhar o Atlântico Sul contra as ofensivas alemãs. 17. (Unicamp 2016) “O Rio civiliza-se!” eis a exclamação que irrompe de todos os peitos cariocas. Temos a Avenida Central, a Avenida Beira Mar (os nossos Campos Elíseos), estátuas em toda a parte, cafés e confeitarias (…), um assassinato por dia, um escândalo por semana, cartomantes, médiuns, automóveis, autobus, autores dramáticos, grandmonde, demi-monde, enfim todos os apetrechos das grandes capitais. (“O Chat Noir”, em Fon-Fon! Nº 41, 1907. Extraído de www.objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/fonfon/fonfon190 7.) A partir do excerto, que se refere ao período da Belle Époque no Brasil, no início do século XX, é correto afirmar que: a) O Rio de Janeiro procurava apagar aspectos da época do Império e impulsionar a cultura francesa, renegada por D. Pedro II. b) A cidade expressava as contradições de um processo de transformações urbanas, sociais e políticas nas primeiras décadas da República. c) Os costumes franceses eram elementos incorporados pela sociedade carioca como sinônimo da modernização republicana obtida pelo tenentismo. d) A modernização representou um processo de exclusão social e cultural, patrocinado pelo governo francês, que financiava obras públicas e impunha os produtos franceses à população brasileira. Gabarito: 1: [E] / 2: [D] / 3: [E] / 4: [D] / 5: [B] / 6: [D] / 7: [D] 8: a) Surgiu na década de 1920, vinculado ao PCB que foi fundado em 1922. No início era o Bloco Operário, depois passou a ser chamado de BOC, Bloco Operário Camponês, com núcleos em todo país. Lançou candidatos nas eleições para deputado federal em 1927 e encerrou suas atividades a partir das eleições presidenciais de 1930. b) Havia uma crítica à Política do Café com Leite, a Política dos Governadores, ao Coronelismo, ao voto de cabresto. Em 1930, Vargas assumiu a presidência do Brasil e acabou coma a chamada República Velha. c) A plataforma política do BOC de 1927 estabeleceu os seguintes pontos: direitos políticos de classe dos trabalhadores, defesa dos interesses dos trabalhadores urbanos e rurais, defesa da liberdade política, apoio às lutas políticas e reivindicações dos trabalhadores, entre outras ideias. 9: [B] 10: a) Podemos citar: 1) a insalubridade da cidade, responsável pela epidemia de algumas doenças, como a varíola e 2) a presença de diversos cortiços na cidade, construídos em antigos casarões. b) Podemos citar: 1) derrubada dos cortiços (política do “bota- abaixo” de Pereira Passos) e 2) grande chegada de imigrantes à cidade. 11: A questão aponta para os aspectos do processo de emancipação política no Brasil em 1822, identificando movimentos de crítica ao governo republicano no Brasil, por ocasião das comemorações do centenário da independência, na década de 1920. As datas comemorativas servem para enaltecer ou criticar determinados contextos ou situações do tempo presente no local em que se realiza a comemoração. Assim ocorreu nas comemorações do centenário da independência do Brasil em 1922. Epitácio Pessoa, presidente do Brasil entre 1919-1922, não mediu esforços para celebrar tanto a independência quanto os feitos de seu governo. Houve a cunhagem de moedas comemorativas. A imagem de uma delas, reproduzida no enunciado da questão, apresenta numa face os perfis de D. Pedro I e do Presidente Epitácio Pessoa, e na outra, os símbolos superpostos da monarquia e da república brasileiras. Tais representações não só buscavam apresentar uma continuidade entre os regimes políticos brasileiros no que se referia à conquista e preservação da soberania nacional, como também indicavam igualmente a valorização das lideranças políticas de D. Pedro I e de Epitácio Pessoa. 12: [D] / 13: [C] / 14: [A] 15: Dentro de uma perspectiva Positivista que valorizava o progresso, muitas reformas urbanas foram realizadas na Europa bem como no Brasil. Na presidência de Rodrigues Alves, 1902-1906, a cidade do Rio de janeiro sofreu um processo de modernização para Página 7 de 7 ser a “Paris Tropical”. Entre os objetivos da reforma do prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos, podemos citar a construção de grandes avenidas, símbolos de modernidade, resolver problemas de insalubridade das áreas urbanas, sanar deficiências de infraestrutura tendo em vista o aumento da população, derrubar os cortiços e outros tipos de moradias populares existentes no Centro e remodelar ruas e prédios identificados com o cenário colonial do Rio de Janeiro. Entre os efeitos desta reforma urbana podemos citar: facilitação da mobilidade urbana, deflagração do processo de favelização, controle da população mais pobre, considerada perigosa, facilitação do escoamento das importações/exportações e o deslocamento das moradias populares para áreas periféricas ao centro da cidade. 16: [D]17: [B]