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Barroco XVI/XVII Contextualização e teoria Barroco etimologia: pérola irregular (sentido pejorativo de degeneração) Decadência do Renascimento Reforma Protestante (Lutero – 1517) • 1547 – início da Inquisição em Portugal = censuras e mortes (Contrarreforma) • Ensino = entregue à Companhia de Jesus • 1580 – União Ibérica – Portugal perde sua autonomia • No Final do século XVI está extinta a geração de intelectuais formados pelo pensamento Humanista em Portugal Comparação Renascimento XIV/XV (Classicismo) • Volta dos valores clássicos (humanismo, retórica, racionalismo) • Desejo de superar a mentalidade medieval • Antropocêntrico • Mitologia grega/romana (alegórico) • Ligado ao comércio – burguesia comercial • Valorização das ciências e do conhecimento • Estética clássica • Valorização da lógica e de uma razão clara Barroco XVI/XVII • Reação aos valores do renascimento. Configura-se um mundo na defensiva. • Contrarreforma (1545) – reação à Reforma protestante (Lutero) e aos valores racionalistas e mercantilistas crescentes. • Inquisição • Teocêntrico e cristão Quem é o homem barroco? “ O homem do Barroco é um saudoso da religiosidade medieval e, ao mesmo tempo, um seduzido pelas solicitações terrenas e valores mundanos, amor, dinheiro, luxo, posição que o Humanismo e a Renascença puseram em relevo. Desse dualismo nasceu a arte barroca.” (Aspectos da Literatura Barroca) Homem do barroco vive um dilema: • Impossível retornar ao mundo antigo (Id. Média) • Desconfortável viver no mundo novo O mundo na defensiva • A razão se torna curva (não ser direto) aludir sentido oculto Agudeza • A estética arquitetônica se contorce (oposição à linha reta clássica) = excesso de detalhes • A literatura acumula figuras de linguagem (confundir), contorcimento sintático Tradição e ruptura Barroco na literatura • Jogos de palavras • O Barroco não abandona as formas clássicas, como o soneto. • Culto ao contraste, conflito, contradição. • Locus horrendus • Uso excessivo de figuras de linguagem. (antítese, paradoxo, elipse e hipérbato) • Temas constantes: fugacidade do tempo, incerteza da vida e a vida é ilusão – em tom de desengano. • Rococó: barroco menos exagerado, século XVIII • Novas formas. Poemas sem versos, palavras espalhadas pela folha em branco. (Algo semelhante ao que será a poesia concreta) Necessidade de ludibriar a Inquisição + condição do homem Formas do barroco literário Cultismo (Gongorismo) • Predomínio dos jogos de palavras, linguagem rebuscada, visa ornamentar. “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria. Porém se acaba o Sol, por que nascia? Se é tão formosa a Luz, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia?” Conceptismo (Quevedismo) • Predomínio do raciocínio, jogos lógicos, conceito, visa convencer. “Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Porque quanto mais tenho delinquido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido: Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado.” Barroco no Brasil “Prosopopeia”, Bento Teixeira (1601) No Brasil • Gregório de Matos - poesia • Padre Antônio Viera – prosa Artes plásticas: Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa) e Mestre Ataíde (Manoel da Costa Ataíde) = arte sacra + feita com materiais locais (pedra sabão) Obras de Aleijadinho têm marcas de trazem traços brasileiros rusticidade e suas figuras (negros e indígenas) e representam poderosos da época. A produção desses artistas coincide com o Arcadismo, e não com o Barroco, uma vez que produzem no século XVIII. Ciclo o ouro em Vila Rica Aleijadinho “Os doze profetas”, de Congonhas do Campo “Passos da paixão de Cristo”, Congonhas do Campo https://www.youtube.com/watch?v=3y_H HF9N9U4 Documentários – Barroco mineiro/Aleijadinho https://www.youtube.com/watch?v=3y_HHF9N9U4 (Espcex (Aman) 2018) "Se gostas de afetação e pompa de palavras e do estilo que chamam culto, não me leias. Quando esse estilo florescia, nasceram as primeiras verduras do meu; mas valeu-me tanto sempre a clareza, que só porque me entendiam comecei a ser ouvido. (...) Esse desventurado estilo que hoje se usa, os que querem honrar chamam- lhe culto, os que o condenam chamam- lhe escuro, mas ainda lhe fazem muita honra. O estilo culto não é escuro, é negro (...) e muito cerrado. É possível que somos portugueses e havemos de ouvir um pregador em português e não havemos de entender o que diz?!" Padre Antônio Vieira, nesse trecho, faz uma crítica ao estilo barroco conhecido como a) conceptismo, por ser marcado pelo jogo de ideias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico. b) quevedismo, por utilizar-se de uma retórica aprimorada, a exemplo de seu principal cultor: Quevedo. c) antropocentrismo, caracterizado por mostrar o homem, culto e inteligente, como centro do universo. d) gongorismo, ao caracterizar-se por uma linguagem rebuscada, culta e extravagante. e) teocentrismo, caracterizado por padres escritores que dominaram a literatura seiscentista. Fuvest 2017 II / São Francisco de Assis* Senhor, não mereço isto. Não creio em vós para vos amar. Trouxestes-me a São Francisco e me fazeis vosso escravo. Não entrarei, senhor, no templo, seu frontispício me basta. Vossas flores e querubins são matéria de muito amar. Dai-me, senhor, a só beleza destes ornatos. E não a alma. Pressente-se dor de homem, paralela à das cinco chagas. Mas entro e, senhor, me perco na rósea nave triunfal. Por que tanto baixar o céu? por que esta nova cilada? Senhor, os púlpitos mudos entretanto me sorriem. Mais que vossa igreja, esta sabe a voz de me embalar. Perdão, senhor, por não amar-vos. Analise as seguintes afirmações relativas à arquitetura das igrejas sob a estética do Barroco: I. Unem-se, no edifício, diferentes artes, para assaltar de uma vez os sentidos, de modo que o público não possa escapar. II. O arquiteto procurava surpreender o observador, suscitando nele uma reação forte de maravilhamento. III. A arquitetura e a ornamentação dos templos deviam encenar, entre outras coisas, a preeminência da Igreja. A experiência que se expressa no poema de Drummond registra, em boa medida, as reações do eu lírico ao que se encontra registrado em a) I, apenas. b) II, apenas. c) II e III, apenas. d) I e III, apenas. e) I, II e III. Para casa • Leitura: Aula 8 • Exercícios: Octa: p. 218, ex.5, 6, 7 (interpretação)/ p. 222, ex. 2, 3, 4 (teoria).