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06 18 (Filosofia - Caderno 3) [Hexa]

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Prof. Maria Helena 
Filosofia & Sociologia 
 
Página 1 de 12 
Filosofia – Caderno 3 
AULA 1 – Maquiavel e a secularização da política 
Nicolau Maquiavel (1469 – 1527): Político, diplomata e 
intelectual italiano. 
 
Pesquisador das práticas políticas, tinha como principais 
objetivos: entender a crise italiana e promover a unificação 
do país. 
Atuou como consultor político na República de Florença. 
Sua principal obra, “O Príncipe”, é escrita entre os anos de 
1513 e 1514, porém somente é publicada no ano de 1532, 
após a morte de Maquiavel. Obra inaugural do pensamento 
político moderno, consiste em uma espécie de manual criado 
para orientar a ação do líder político, uma vez que assume 
como valor central a eficácia da prática política. 
Maquiavel a dedica aos monarquistas da família Médicis, que 
haviam tomado o poder em Florença. 
 
DEDICATÓRIA DO LIVRO O PRÍNCIPE 
Ao Magnífico Lorenzo, filho de Piero de Médicis 
As mais das vezes, costumam aqueles que desejam granjear 
as graças de um príncipe, trazer-lhes os objetos que lhes são 
mais caros, ou com os quais o veem deleitar-se; assim, muitas 
vezes, eles são presenteados com cavalos, armas, tecidos de 
ouro, pedras preciosas e outros ornamentos dignos de sua 
grandeza. Desejando eu oferecer a Vossa Magnificência um 
testemunho qualquer de minha obrigação, não achei, entre os 
meus cabedais, coisa que me seja mais cara ou que tanto 
estime quanto o conhecimento das ações dos grandes 
homens apreendido por uma longa experiência das coisas 
modernas e uma contínua lição das antigas; as quais tendo eu, 
com grande diligência, longamente cogitado, examinando-as, 
agora a mando a Vossa Magnificência, reduzidas a um 
pequeno volume. 
E conquanto julgue indigna esta obra da presença de Vossa 
Magnificência, não confio menos em que, por sua 
humanidade, deva ser aceita, considerado que não lhe posso 
fazer maior presente que lhe dar a faculdade de poder em 
tempo muito breve aprender tudo aquilo que, em tantos anos 
e à custa de tantos incômodos e perigos, hei conhecido. Não 
ornei esta obra e nem a enchi de períodos sonoros ou de 
palavras empoladas e floreadas (…); porque não quis que 
coisa alguma seja seu ornato e a faça agradável senão a 
variedade da matéria e a gravidade do assunto. Nem quero 
que se repute presunção o fato de um homem de baixo e 
ínfimo estado discorrer e regular sobre o governo dos 
príncipes, pois os que desejam os contornos dos países se 
colocam na planície para considerar a natureza dos montes, e 
para considerar a das planícies ascendem aos montes, assim 
também para conhecer bem a natureza dos povos é 
necessário ser príncipe, e para conhecer a dos príncipes é 
necessário ser povo. 
 (Nicolau Maquiavel. O Príncipe, p. 9-10) 
 
Contexto Histórico: 
 
EUROPA RENASCENTISTA – transição do sistema feudal 
para o capitalismo; início do processo de centralização política 
em alguns países, sob o comando dos príncipes (Espanha, 
Portugal, França e Inglaterra). 
 
ITÁLIA – vários centros dispersos de poder (reinos, ducados, 
repúblicas). Não ocorre a unificação política. Novas rotas 
marítimas acabam com a hegemonia do comércio 
Mediterrâneo. 
 
Características da obra de Maquiavel: 
 
- Método Empírico: 
Maquiavel não toma como base a Bíblia, o direito romano ou 
a obra dos filósofos gregos para construir suas teorias 
políticas, mas parte da experiência real de seu tempo. Busca 
observar a realidade factual, sem juízos de valor e atem-se a 
feitos históricos realizados pelos líderes políticos. Assim, 
assume a política em sua dimensão mais prática: a eficácia ou 
o resultado. 
 
- Cálculo Racional: 
A finalidade da política é a tomada e manutenção do poder. O 
líder político (príncipe) deve orientar racionalmente suas ações 
visando determinados fins e avaliando os custos e benefícios 
de cada atitude. Isso implica em uma responsabilidade para 
com os RESULTADOS. 
 
- Separação entre política e religião: 
Não é a moral que orienta a análise de Maquiavel, mas a 
coerência a um princípio. A política tem sua própria moral e 
esta deve se basear na eficácia de determinadas ações. Ao 
estadista é permitido fazer coisas que não são permitidas aos 
súditos, portanto, a ética política não deve ser regulada por 
preceitos morais ou valores difundidos pela religião. 
 
A lógica política nada tem a ver com as virtudes éticas dos 
indivíduos em sua vida privada. O que poderia ser moral na 
vida privada pode ser fraqueza na vida pública, assim como o 
que pode ser imoral na vida privada pode ser virtude política. 
Dessa maneira, Maquiavel inaugura a ideia de valores 
políticos medidos pela eficácia prática e pela utilidade social, 
afastando a política dos padrões que regulam a moralidade 
privada dos indivíduos. 
 
O Príncipe: 
 
Maquiavel considera que seja melhor, ao príncipe, ser temido 
do que amado, mas jamais odiado. Assim, o príncipe garante 
o respeito do povo, mas evita a instabilidade de sentimentos 
volúveis, com o amor excessivo. Já o ódio da população pode 
levar ao fracasso do governo, por isso deve ser evitado ao 
máximo. 
O líder deve possuir Virtú, habilidades racionais relacionadas 
à liderança que sintetizam o que Maquiavel descreve como 
virtude política: possuir estratégia e saber governar de acordo 
com o resultado. A virtú é componente essencial para que o 
príncipe possa lidar com a Fortuna, que representa a 
imprevisibilidade do destino, adversidades que podem 
acontecer mesmo com a máxima eficácia do líder político. 
 
Texto complementar: 
 
O Príncipe - Maquiavel 
CAPÍTULO XV DAQUELAS COISAS PELAS QUAIS OS 
HOMENS, E ESPECIALMENTE OS PRÍNCIPES, SÃO 
LOUVADOS OU VITUPERADOS 
Resta ver agora quais devam ser os modos e o 
proceder de um príncipe para com os súditos e os amigos e, 
por que sei que muitos já escreveram a respeito, duvido não 
ser considerado presunçoso escrevendo ainda sobre o mesmo 
assunto, máxime quando irei disputar essa matéria à 
orientação já por outros dada aos príncipes. Mas, sendo minha 
intenção escrever algo de útil para quem por tal se interesse, 
pareceu-me mais conveniente ir em busca da verdade extraída 
dos fatos e não à imaginação dos mesmos, pois muitos 
conceberam repúblicas e principados jamais vistos ou 
conhecidos como tendo realmente existido. Em verdade, há 
tanta diferença de como se vive e como se deveria viver, que 
aquele que abandone o que se faz por aquilo que se deveria 
fazer, aprenderá antes o caminho de sua ruína do que o de 
sua preservação, eis que um homem que queira em todas as 
suas palavras fazer profissão de bondade, perder-se-á em 
meio a tantos que não são bons. Donde é necessário, a um 
príncipe que queira se manter, aprender a poder não ser bom 
e usar ou não da bondade, segundo a necessidade. 
 
Prof. Maria Helena 
Filosofia & Sociologia 
 
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Deixando de parte, assim, os assuntos relativos a um 
príncipe imaginário e falando daqueles que são verdadeiros, 
digo que todos os homens, máxime os príncipes por situados 
em posição mais preeminente, quando analisados, se fazem 
notar por alguns daqueles atributos que lhes acarretam ou 
reprovação ou louvor. Assim é que alguns são havidos como 
liberais, alguns miseráveis (usando um termo toscano, porque 
"avaro" em nossa língua é ainda aquele que deseja possuir por 
rapina, enquanto "miserável" chamamos aquele que se 
abstém em excesso de usar o que possui); alguns são tidos 
como pródigos, alguns rapaces; alguns cruéis, alguns 
piedosos; um fedífrago, o outro fiel; um efeminado e 
pusilânime, o outro feroz e animoso; um humano, o outro 
soberbo; um lascivo, o outro casto; um simples, o outro astuto; 
um duro, o outro fácil; um grave, o outro leviano; um religioso, 
o outro incrédulo, e assim por diante. 
Sei que cada um confessará que seria sumamente 
louvável encontrarem-se em um príncipe, de todos os atributos 
acima referidos, apenas aqueles que são considerados bons; 
mas, desde que não os podem possuir nem inteiramente 
observá-los em razão das contingências humanasnão o 
permitirem, é necessário seja o príncipe tão prudente que 
saiba fugir à infâmia daqueles vícios que o fariam perder o 
poder, cuidando evitar até mesmo aqueles que não chegariam 
a pôr em risco o seu posto; mas, não podendo evitar, é 
possível tolerá-los, se bem que com quebra do respeito 
devido. Ainda, não evite o príncipe de incorrer na má faina 
daqueles vícios que, sem eles, difícil se lhe torne salvar o 
Estado; pois, se bem considerado for tudo, sempre se 
encontrará alguma coisa que, parecendo virtude, praticada 
acarretará ruína, e alguma outra que, com aparência de vício, 
seguida dará origem à segurança e ao bem-estar. 
 
Exercícios 
 
1. (Ufu 2011) A Itália do tempo de Nicolau Maquiavel (1469 – 
1527) não era um Estado unificado como hoje, mas 
fragmentada em reinos e repúblicas. Na obra O Príncipe, 
declara seu sonho de ver a península unificada. Para tanto, 
entre outros conceitos, forjou as concepções de virtú e de 
fortuna. A primeira representa a capacidade de governar, agir 
para conquistar e manter o poder; a segunda é relativa aos 
“acasos da sorte” aos quais todos estão submetidos, inclusive 
os governantes. Afinal, como registrado na famosa ópera de 
Carl Orff: Fortuna imperatrix mundi (A Fortuna governa o 
mundo). 
 
 Por isso, um príncipe prudente não pode nem deve 
guardar a palavra dada quando isso se lhe torne prejudicial e 
quando as causas que o determinaram cessem de existir. 
MAQUIAVEL, N. “O príncipe”. Coleção os Pensadores. São Paulo: 
Abril Cultura, 1973, p. 79 - 80. 
 
Com base nas informações acima, assinale a alternativa que 
melhor interpreta o pensamento de Maquiavel. 
 
a) Trata-se da fortuna, quando Maquiavel diz que “as causas 
que o determinaram cessem de existir”; e de virtú, quando 
Maquiavel diz que o príncipe deve ser “prudente”. 
b) Trata-se da virtú, quando Maquiavel diz que as “causas 
mudaram”; e de fortuna quando se refere ao príncipe 
prudente, pois um príncipe com tal qualidade saberia 
acumular grande quantidade de riquezas. 
c) Apesar de ser uma frase de Maquiavel, conforme o texto 
introdutório, ela não guarda qualquer relação com as 
noções de virtú e fortuna. 
d) O fragmento de Maquiavel expressa bem a noção de virtú, 
ao dizer que o príncipe deve ser prudente, mas não se 
relaciona com a noção de fortuna, pois em nenhum 
momento afirma que as “circunstâncias” podem mudar. 
 
2.(Uem 2009) Maquiavel inaugura o pensamento político 
moderno. Seculariza a política, rejeitando o legado ético-
cristão. Maquiavel tem uma visão do homem e da política 
como elas são e não como deveriam ser. A política deve ater-
se ao real, deve preocupar-se com a eficiência da ação e não 
teorizar, como fazia Platão, sobre a forma ideal de governo. 
 
Assinale o que for correto. 
01) Para Maquiavel, o príncipe virtuoso é aquele que governa 
com justiça, estabelecendo, entre seus súditos, a 
igualdade social e uma participação político-democrática. 
02) Maquiavel redefine as relações entre ética e política, não 
julga mais as ações políticas em função de uma hierarquia 
de valores dada de antemão, mas em função da 
necessidade dos resultados que as ações políticas devem 
alcançar. 
04) Maquiavel faz a apologia da tirania, pois considera ser a 
forma mais eficiente de o príncipe manter-se no poder e 
garantir a segurança da ordem social e política para seus 
súditos. 
08) Na concepção política de Maquiavel, não há uma exclusão 
entre ética e política, todavia a primeira deve ser 
entendida a partir da segunda. Para ele, as exigências da 
ação política implicam uma ética cujo caráter é diferente 
da ética praticada pelos indivíduos na vida privada. 
16) Para Maquiavel, a sociedade é dividida entre polos 
distintamente separados, isto é, os que possuem o poder 
político e econômico, e o povo. A sociedade, cindida por 
lutas sociais, não pode, portanto, ser vista como uma 
comunidade ideal e homogênea voltada para o bem 
comum. 
 
3. (Unesp 2011) “Três maneiras há de preservar a posse de 
Estados acostumados a serem governados por leis próprias; 
primeiro, devastá-los; segundo, morar neles; terceiro, permitir 
que vivam com suas leis, arrancando um tributo e formando 
um governo de poucas pessoas, que permaneçam amigas. 
Sucede que, na verdade, a garantia mais segura da posse é a 
ruína. Os que se tornam senhores de cidades livres por 
tradição, e não as destroem, serão destruídos por elas. Essas 
cidades costumam ter por bandeira, em suas rebeliões, tanto 
a liberdade quanto suas antigas leis, jamais esquecidas, nem 
com o passar do tempo, nem por influência dos favores que 
receberam. 
Por mais que se faça, e sejam quais forem os cuidados, sem 
promover desavença e desagregação entre os habitantes, 
continuarão eles a recordar aqueles princípios e a estes irão 
recorrer em quaisquer oportunidades e situações”. 
(Nicolau Maquiavel. Publicado originalmente em 1513. Adaptado.) 
 
Partindo de uma definição de moralidade como conjunto de 
regras de conduta humana que se pretendem válidas em 
termos absolutos, responda se o pensamento de Maquiavel é 
compatível com a moralidade cristã. Justifique sua resposta, 
comentando o teor prático ou pragmático do pensamento 
desse filósofo. 
 
4.(Ifsp 2011) Reconhecido por muitos como fundador do 
pensamento político moderno, Maquiavel chocou a sociedade 
de seu tempo ao propor, em O Príncipe, que 
 
a) a soberania do Estado é ilimitada e que o monarca, embora 
submetido às leis divinas, pode interpretá-las de forma 
autônoma, sem a necessidade de recorrer ao Papa. 
b) a autoridade do monarca é sagrada, ilimitada e 
incontestável, pois o príncipe recebe seu poder diretamente 
de Deus. 
c) o Estado é personificado pelo monarca, que encarna a 
soberania e cujo poder não conhece outros limites que não 
aqueles ditados pela moral. 
 
Prof. Maria Helena 
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d) a autoridade do príncipe deriva do consentimento dos 
governados, pois a função do Estado é promover e 
assegurar a felicidade dos seus súditos. 
e) a política é autonormativa, justificando seus meios em prol 
de um bem maior, que é a estabilidade do Estado. 
 
5. (Uel 2010) Leia o texto de Maquiavel a seguir: 
 
[Todo príncipe prudente deve] não só remediar o presente, 
mas prever os casos futuros e preveni-los com toda a 
perícia, de forma que se lhes possa facilmente levar 
corretivo, e não deixar que se aproximem os 
acontecimentos, pois deste modo o remédio não chega a 
tempo, tendo-se tornado incurável a moléstia. [...] 
Assim se dá com o Estado: conhecendo-se os males com 
antecedência o que não é dado senão aos homens 
prudentes, rapidamente são curados [...] 
 
(MAQUIAVEL, N. O Príncipe: Escritos políticos. São Paulo: Nova 
cultural, 1991, p.12.) 
 
Nas ações de todos os homens, máxime dos príncipes, onde 
não há tribunal para recorrer, o que importa é o êxito bom 
ou mau. Procure, pois, um príncipe, vencer e conservar o 
Estado. Os meios que empregar serão sempre julgados 
honrosos e louvados por todos, porque o vulgo é levado 
pelas aparências e pelos resultados dos fatos consumados. 
 
(MAQUIAVEL, N. O Príncipe: Escritos políticos. São Paulo: Nova 
cultural, 1991, p.75.) 
 
Com base nos textos e nos conhecimentos sobre o 
pensamento de Maquiavel acerca da polaridade entre virtú 
e fortuna na ação política e suas implicações na moralidade 
pública, considere as afirmativas a seguir: 
 
I. A virtú refere-se à capacidade do príncipe de agir com 
astúcia e força em meio à fortuna, isto é, à contingência e 
ao acaso nas quais a política está imersa, com a finalidade 
de alcançar êxito em seus objetivos. 
II. A fortuna manifesta o destino inexorável dos homens e o 
caráter imutável de todas as coisas, de modo que a virtú do 
príncipe consiste em agir consoante a finalidade do Estado 
ideal: a felicidade dos súditos. 
III. A virtú implica a adesão sincera do governante a um 
conjunto de valores morais elevados, como a piedade cristã 
e ahumildade, para que tenha êxito na sua ação política 
diante da fortuna. 
IV. O exercício da virtú diante da fortuna constitui a lógica da 
ação política orientada para a conquista e a manutenção do 
poder e manifesta a autonomia dos fins políticos em relação 
à moral preestabelecida. 
 
Assinale a alternativa correta. 
a) Somente as afirmativas I e IV são corretas. 
b) Somente as afirmativas II e III são corretas. 
c) Somente as afirmativas II e IV são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. 
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. 
 
6.(Uel 2009) [...] como é meu intento escrever coisa útil para 
os que se interessarem, pareceu-me mais conveniente 
procurar a verdade pelo efeito das coisas, do que pelo que 
delas se possa imaginar. E muita gente imaginou repúblicas e 
principados que nunca se viram nem jamais foram 
reconhecidos como verdadeiros. Vai tanta diferença entre o 
como se vive e o modo por que se deveria viver, que quem se 
preocupar com o que se deveria fazer em vez do que se faz 
aprende antes a ruína própria, do que o modo de se preservar; 
e um homem que quiser fazer profissão de bondade é natural 
que se arruíne entre tantos que são maus. Assim, é necessário 
a um príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau 
e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a 
necessidade. 
 
(MAQUIAVEL, N. O Príncipe cap. XV. “Coleção Os pensadores”. São 
Paulo: Abril Cultural 1973. p. 69.) 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento 
de Maquiavel acerca da relação entre poder e moral, é correto 
afirmar. 
 
a) Maquiavel se preocupa em analisar a ação política 
considerando tão somente as qualidades morais do 
Príncipe que determinam a ordem objetiva do Estado. 
b) O sentido da ação política, segundo Maquiavel, tem por 
fundamento originário e, portanto, anterior, a ordem divina, 
refletida na harmonia da Cidade. 
c) Para Maquiavel, a busca da ordem e da harmonia, em face 
do desequilíbrio e do caos, só se realiza com a conquista 
da justiça e do bem comum. 
d) Na reflexão política de Maquiavel, o fim que deve orientar 
as ações de um Príncipe é a ordem e a manutenção do 
poder. 
e) A análise de Maquiavel, com base nos valores espirituais 
superiores aos políticos, repudia como ilegítimo o emprego 
da força coercitiva do Estado. 
 
7. (Unesp 2014) Texto 1 
 
A verdade é esta: a cidade onde os que devem mandar são os 
menos apressados pela busca do poder é a mais bem 
governada e menos sujeita a revoltas, e aquela onde os chefes 
revelam disposições contrárias está ela mesma numa situação 
contrária. Certamente, no Estado bem governado só 
mandarão os que são verdadeiramente ricos, não de ouro, 
mas dessa riqueza de que o homem tem necessidade para ser 
feliz: uma vida virtuosa e sábia. 
(Platão. A República, 2000. Adaptado.) 
 
Texto 2 
 
Um príncipe prudente não pode e nem deve manter a palavra 
dada quando isso lhe é nocivo e quando aquilo que a 
determinou não mais exista. Fossem os homens todos bons, 
esse preceito seria mau. Mas, uma vez que são pérfidos e 
que não a manteriam a teu respeito, também não te vejas 
obrigado a cumpri-la para com eles. Nunca, aos príncipes, 
faltaram motivos para dissimular quebra da fé jurada. 
(Maquiavel. O Príncipe, 2000. Adaptado.) 
 
Comente as diferenças entre os dois textos no que se refere 
à necessidade de virtudes pessoais para o governante de um 
Estado. 
 
8. (Uem 2013) “Porque há tanta diferença entre como se vive 
e como se deveria viver, que quem deixa aquele e segue o 
que se deveria fazer apreende mais rapidamente a sua ruína 
que a sua preservação: porque um homem que deseja ser 
bom em todas as situações é inevitável que se destrua entre 
tantos que não são bons. Assim, é necessário a um príncipe 
que deseja conservar-se no poder aprender a não ser bom e 
sê-lo e não sê-lo conforme a necessidade.” 
 
(MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Hedra, 2009, cap. XV, p. 
159). 
 
Conforme o trecho citado, assinale o que for correto. 
 
01) No mundo da política, o agente político não deve pautar 
suas ações apenas pelos princípios morais fundados na 
ideia de bondade e de santidade. 
02) O mundo da política não comporta ações virtuosas, mas 
sim traições e vilanias. 
 
Prof. Maria Helena 
Filosofia & Sociologia 
 
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04) O mundo da política obriga o governante a tomar decisões 
que contrariam os seus ideais de moralidade e de virtude 
em nome da conservação do regime político. 
08) Os ideais políticos não se fundam sobre a realidade do 
mundo da política, donde suas inadequações e fracassos 
para aqueles que os seguem. 
16) O mundo da política exige ações más, porém disfarçadas 
de bondade, isto é, a total hipocrisia do político. 
 
9. (Enem 2013) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser 
amado que temido ou temido que amado. Responde-se que 
ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil 
juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, 
quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens 
se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, 
volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e 
enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-
te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como 
acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, 
revoltam-se. 
 
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991. 
 
A partir da análise histórica do comportamento humano em 
suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o 
homem como um ser 
a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a 
si e aos outros. 
b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar 
êxito na política. 
c) guiado por interesses, de modo que suas ações são 
imprevisíveis e inconstantes. 
d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e 
portando seus direitos naturais. 
e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com 
seus pares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito: 
 
1.A 2. (2+8+16=26) 3. Diss. 
4.E 5.A 6.D 
7.Diss. 8. (1+4+8=13) 9.C 
 
AULA 2 – O Racionalismo de René Descartes 
 
René Descartes (1596 – 1650) 
Filósofo e matemático francês, considerado por muitos o pai 
da filosofia moderna. Em seus escritos, reflete sobre o mundo 
renascentista e sobre as consequências da revolução 
científica que marca o século XVI. Procura estabelecer os 
fundamentos para um conhecimento seguro, fundado em 
parâmetros racionais e em bases matemáticas, rompendo com 
os preceitos escolásticos e criticando, por outro lado, os 
posicionamentos de pensadores céticos que emergem em sua 
época. 
 
Descartes é um dos expoentes mais importantes do 
Racionalismo, vertente filosófica que aponta ser o princípio de 
racionalidade o que faz com que o homem seja capaz de obter 
conhecimento sobre si mesmo e sobre o mundo. A razão seria 
mais confiável do que os sentidos em matéria de produzir um 
conhecimento seguro. Contudo, é preciso um método para 
guiar a razão. De outro modo, ela estaria sujeita a erros. 
Descartes procura, assim, firmar uma base segura para o 
desenvolvimento das ciências. Busca também legitimar a 
matemática. 
 
Dúvida metódica – Descartes assume a dúvida como método 
e busca aquilo de que não se pode duvidar (indubitável ou 
ideia clara e distinta) 
Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus 
primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como 
verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em 
princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui 
duvidoso e incerto; de modo que me era necessário tentar 
seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as 
opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo 
novamente desde os fundamentos, se quisesse estabelecer 
algo de firme e de constante nas ciências. Mas, parecendo-me 
ser muito grande essa empresa, aguardei atingir uma idade 
que fosse tão madura que não pudesse esperar outra após 
ela, naqual eu estivesse mais apto para executá-la; o que me 
fez diferi-Ia por tão longo tempo que doravante acreditaria 
cometer uma falta se empregasse ainda em deliberar o tempo 
que me resta para agir. (René Descartes – Meditações 
Metafísicas) 
 
“Meditações Metafísicas” (obra publicada em 1641) 
− Busca uma base inicial segura para o conhecimento. 
Crítica ao ceticismo vigente, que duvidava de 
qualquer possibilidade de se definir verdades. Ao 
mesmo tempo, vale-se das próprias indagações 
céticas, submetendo suas crenças e antigas opiniões 
a uma análise rigorosa em busca pelo conhecimento 
seguro e indubitável. 
− Afirma que aceitará como verdade apenas aquilo que 
conseguir sobreviver a qualquer dúvida. 
− Duvida sistematicamente da tradição, dos sentidos, 
da realidade exterior, da matemática até chegar à 
primeira verdade segura: Cogito ergo sum. 
− Em um momento significativo de sua primeira 
meditação, apresenta o que se costuma chamar de 
dúvida hiperbólica: argumento do gênio maligno, 
uma ferramenta de radicalização de seu método, com 
o intuito de fortalecer os critérios que demonstrem 
evidência. Qualquer indício de dúvida, mesmo algo 
que pareça absurdo à primeira vista, deve servir para 
que uma ideia seja descartada. 
 
Cogito – Penso, logo existo: garante a existência de um ser 
que pensa, mas não necessariamente um mundo exterior ao 
pensamento. 
 
 
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Descartes dividiu a realidade em res conngitans (consciência 
e mente) e res extensa (corpo e matéria). Para ele, o 
pensamento é mais evidente do que a matéria, uma vez que é 
mais fácil comprovar o mundo imaterial do que o mundo 
material, algo constatado nas meditações filosóficas que o 
conduzem à sua primeira certeza, o COGITO. 
 
Assim como Platão, Descartes acredita na existência de certas 
ideias inatas. Uma desses seria a noção da existência de 
Deus. Ele afirma: “eu não teria a ideia de uma substância 
infinita e perfeita se ela não tivesse sido colocada em mim por 
uma substância verdadeiramente infinita e perfeita”. Deus, 
assim, é parte importante do sistema filosófico de Descartes, 
uma vez que é a existência de Deus que rompe com a hipótese 
do gênio maligno e garante a existência do mundo material. 
 
Argumento Mecanicista 
Descartes acreditava que o mundo físico operava como uma 
máquina, assim como as diferentes engrenagens produzidas 
pelo homem, tal como um relógio, por exemplo. No relógio, 
uma coisa funciona em função da outra e os mecanismo 
interagem entre si, o que pode originar dinâmicas complexas. 
Assim ele acreditava ser o funcionamento do mundo, que era 
visto por Descartes como um mecanismo bastante complexo. 
Um dos caminhos para se compreender um mecanismo 
complexo seria desmembrá-lo em partes mais simples, que é 
o que ele apresenta em sua obra Discurso do Método. 
 
“Discurso do Método” (publicado em 1637) 
Questiona o conhecimento até então adquirido e assume a 
racionalidade como o atributo fundamental do homem, que 
pode garantir o conhecimento seguro, desde que guiada por 
um método. 
As 4 regras do método: 
1. jamais aceitar como verdadeira uma coisa que não se 
soubesse ser evidentemente como tal; 
2. dividir as dificuldades em níveis, de acordo com a 
complexidade; 
3. ir do pensamento mais simples ao mais complexo; 
4. enumerar e revisar para nada omitir. 
 
“ (...) porque nossos sentidos nos enganam às vezes, quis 
supor que não havia coisa alguma que fosse tal como eles nos 
fazem imaginar. E, porque há homens que se equivocam ao 
raciocinar, mesmo no tocante às mais simples matérias da 
Geometria, e cometem aí paralogismos, rejeitei como falsas, 
julgando que estava sujeito a falhar como qualquer outro, 
todas as razões que eu tomara até então por demonstrações. 
E enfim, considerando que todos os mesmos pensamentos 
que temos quando despertos nos podem também ocorrer 
quando dormimos, sem que haja nenhum, nesse caso, que 
seja verdadeiro, resolvi fazer de conta que todas coisas que 
até então haviam entrado no meu espírito não eram mais 
verdadeiras que as ilusões de meus sonhos.” 
DESCARTES, Discurso do método. São Paulo: Nova Cultural, 1987 
– p.25. 
 
Exercícios 
 
1. (Ufsc 2019) No que se refere à obra Meditações Metafísicas 
de Descartes, é correto afirmar que: 
 
01) os sentidos corpóreos são enganadores e, portanto, não 
são confiáveis para a obtenção de conhecimento. 
02) só é possível distinguir o sono da vigília com o auxílio do 
gênio maligno. 
04) não é possível adquirir conhecimento, portanto só nos 
resta aceitar o ceticismo. 
08) Deus não existe, de modo que a melhor posição em 
filosofia é o ateísmo. 
16) a dúvida metódica não se deve aplicar às verdades 
matemáticas. 
32) a expressão “eu sou, eu existo” é a primeira certeza da 
filosofia cartesiana. 
64) Deus existe, e tal verdade pode ser provada pela ideia que 
temos de Deus como um ser perfeito e pela constatação 
de que sua inexistência implicaria uma imperfeição. 
 
2. (Uel 2019) Leia o texto a seguir. 
 
E se escrevo em francês, que é a língua de meu país, e não 
em latim, que é a de meus preceptores, é porque espero que 
aqueles que se servem apenas de sua razão natural 
inteiramente pura julgarão melhor minhas opiniões do que 
aqueles que não acreditam senão nos livros dos antigos. E 
quanto aos que unem o bom senso ao estudo, os únicos que 
desejo para meus juízes, não serão de modo algum, tenho 
certeza, tão parciais a favor do latim que recusem ouvir minhas 
razões, porque as explico em língua vulgar. 
DESCARTES, R. Discurso do Método. Trad. J. Guinsburg e Bento 
Prado Jr. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Coleção “Os pensadores”. 
p. 79. 
 
Com base nos conhecimentos sobre Descartes e o 
surgimento da filosofia moderna, assinale a alternativa 
correta. 
 
a) A língua vulgar, o francês, expressa de modo mais 
adequado o espírito da modernidade por estar livre dos 
preconceitos da língua dos doutos, o latim. 
b) Redigir o Discurso do Método em francês teve propósito 
similar à tradução da bíblia para o alemão feita por Lutero: 
facilitar o acesso à sacralidade do texto em língua vulgar. 
c) O desencantamento do mundo, resultante da radical crítica 
cartesiana à tradição, teve como consequência o 
abandono da referência à divindade. 
d) As ideias expressas por Descartes em seu Discurso do 
Método refletem a postura tipicamente moderna de ruptura 
total com o passado. 
e) A razão natural inteiramente pura é um atributo inerente à 
natureza humana, independentemente da tradição ou da 
cultura à qual o humano se vincula. 
 
3. (Enem 2018) O século XVIII é, por diversas razões, um 
século diferenciado. Razão e experimentação se aliavam no 
que se acreditava ser o verdadeiro caminho para o 
estabelecimento do conhecimento científico, por tanto tempo 
almejado. O fato, a análise e a indução passavam a ser 
parceiros fundamentais da razão. É ainda no século XVIII que 
o homem começa a tomar consciência de sua situação na 
história. 
ODALIA, N. In: PINSKY, J.; PINSKY. C. B. História da cidadania. São 
Paulo: Contexto. 2003. 
 
No ambiente cultural do Antigo Regime, a discussão filosófica 
mencionada no texto tinha como uma de suas características 
a 
 
a) aproximação entre inovação e saberes antigos. 
b) conciliação entre revelação e metafísica platônica. 
c) vinculação entre escolástica e práticas de pesquisa. 
d) separação entre teologia e fundamentalismo religioso. 
e) contraposição entre clericalismo e liberdade de 
pensamento. 
 
4. (Unesp 2018) De um lado, dizem os materialistas, a mente 
é um processo material ou físico, um produto do 
funcionamento cerebral. De outro lado, de acordo com as 
visões não materialistas, a mente é algo diferente do cérebro, 
podendo existir além dele. Ambas as posições estão 
enraizadas em uma longa tradição filosófica, que remonta 
pelo menos à Grécia Antiga. Assim, enquanto Demócrito 
 
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defendia a ideia de que tudo é composto de átomos e todo 
pensamento é causado por seus movimentos físicos, Platão 
insistia que o intelecto humano é imaterial e que a alma 
sobrevive à morte do corpo. 
(Alexander Moreira-Almeida e Saulo de F. Araujo. “O cérebro produz 
a mente?: um levantamento da opinião de psiquiatras”. 
www.archivespsy.com, 2015.) 
 
A partir das informações e das relações presentes no texto, 
conclui-se que 
 
a) a hipótese da independência da mente em relação ao 
cérebro teve origem no método científico. 
b) a dualidade entre mente e cérebro foi conceituada por 
Descartes como separação entre pensamento e extensão. 
c) o pensamento de Santo Agostinho se baseou em 
hipóteses empiristas análogas às do materialismo. 
d) os argumentos materialistas resgatam a metafísica 
platônica, favorecendo hipóteses de natureza 
espiritualista. 
e) o progresso da neurociência estabeleceu provas objetivas 
para resolver um debate originalmente filosófico. 
 
5. (Enem 2016) Nunca nos tornaremos matemáticos, por 
exemplo, embora nossa memória possua todas as 
demonstrações feitas por outros, se nosso espírito não for 
capaz de resolver toda espécie de problemas; não nos 
tornaríamos filósofos, por ter lido todos os raciocínios de 
Platão e Aristóteles, sem poder formular um juízo sólido 
sobre o que nos é proposto. Assim, de fato, pareceríamos ter 
aprendido, não ciências, mas histórias. 
 
DESCARTES. R. Regras para a orientação do espírito. São 
Paulo: Martins Fontes, 1999. 
 
Em sua busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o 
conhecimento, de modo crítico, como resultado da 
 
a) investigação de natureza empírica. 
b) retomada da tradição intelectual. 
c) imposição de valores ortodoxos. 
d) autonomia do sujeito pensante. 
e) liberdade do agente moral. 
 
6. (Ufu 2010) Em O Discurso sobre o método, Descartes 
afirma: 
 
Não se deve acatar nunca como verdadeiro aquilo que não se 
reconhece ser tal pela evidência, ou seja, evitar acuradamente 
a precipitação e a prevenção, assim como nunca se deve 
abranger entre nossos juízos aquilo que não se apresente tão 
clara e distintamente à nossa inteligência a ponto de excluir 
qualquer possibilidade de dúvida. 
 
(REALE, G.; ANTISERI, D. História da filosofia: Do humanismo a 
Descartes. 
Tradução de Ivo Storniolo. São Paulo: Paulus, 2004. p. 289.) 
 
Após a leitura do texto acima, assinale a alternativa correta. 
 
a) A evidência, apesar de apreciada por Descartes, 
permanece uma noção indefinível. 
b) A evidência é a primeira regra do método cartesiano, mas 
não é o princípio metódico fundamental. 
c) Ideias claras e distintas são o mesmo que ideias evidentes. 
d) A evidência não é um princípio do método cartesiano. 
 
 
 
 
 
 
7.(Uel 2010) Observe a tira e leia o texto a seguir: 
 
 
 
 Mas há um enganador, não sei quem, sumamente 
poderoso, sumamente astucioso que, por indústria, sempre 
me engana. Não há dúvida, portanto, de que eu, eu sou, 
também, se me engana: que me engane o quanto possa, 
nunca poderá fazer, porém, que eu nada seja, enquanto eu 
pensar que sou algo. De sorte que, depois de ponderar e 
examinar cuidadosamente todas as coisas é preciso 
estabelecer, finalmente, que este enunciado eu, eu sou, eu, eu 
existo é necessariamente verdadeiro, todas as vezes que é por 
mim proferido ou concebido na mente. 
 
(DESCARTES, R. Meditações sobre Filosofia Primeira. Tradução, 
nota prévia e revisão de Fausto Castilho. Campinas: Unicamp, 2008, 
p. 25.) 
 
Com base na tira e no texto, sobre o cogito cartesiano, é 
correto afirmar: 
 
a) A existência decorre do ato de aparecer e se apresenta 
independente da essência constitutiva do ser. 
b) A existência é manifesta pelo ato de pensar que, ao trazer 
à mente a imagem da coisa pensada, assegura a sua 
realidade. 
c) A existência é concebida pelo ato originário e imaginativo 
do pensamento, o qual impede que a realidade seja mera 
ficção. 
d) a existência é a plenitude do ato de exteriorização dos 
objetos, cuja integridade é dada pela manifestação da sua 
aparência. 
e) A existência é a evidência revelada ao ser humano pelo 
ato próprio de pensar. 
 
8. (ENEM) Após ter examinado cuidadosamente todas as 
coisas, cumpre enfim concluir e ter por constante que esta 
proposição, eu sou, eu existo, é necessariamente verdadeira 
todas as vezes que a enuncio ou que a concebo em meu 
espírito. 
DESCARTES, R. Meditações. Pensadores. São Paulo: Abril 
Cultural, 1979. 
A proposição “eu sou, eu existo” corresponde a um dos 
momentos mais importantes na ruptura da filosofia do século 
XVII com os padrões da reflexão medieval, por 
 
A) estabelecer o ceticismo como opção legítima. 
B) utilizar silogismos linguísticos como prova ontológica. 
C) inaugurar a posição teórica conhecida como empirismo. 
D) estabelecer um princípio indubitável para o conhecimento. 
E) questionar a relação entre a Filosofia e o tema da 
existência de Deus. 
 
9. (Unioeste 2011) Considerando-se as primeiras linhas das 
Meditações sobre a filosofia primeira de René Descartes: 
“Há já algum tempo dei-me conta de que, desde meus 
primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões por 
verdadeiras e de que aquilo que depois eu fundei sobre 
princípios tão mal assegurados devia ser apenas muito 
duvidoso e incerto; de modo que era preciso tentar seriamente, 
uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões que 
recebera até então em minha crença e começar tudo 
novamente desde os fundamentos, se eu quisesse 
estabelecer alguma coisa de firme e de constante nas 
ciências. (...) Agora, pois, que meu espírito está livre de todas 
 
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as preocupações e que obtive um repouso seguro numa 
solidão tranquila, aplicar-me-ei seriamente e com liberdade a 
destruir em geral todas as minhas antigas opiniões” 
 
É correto afirmar sobre a teoria do conhecimento cartesiana 
que 
a) Descartes não utiliza um método ou uma estratégia para 
estabelecer algo de firme e certo no conhecimento, já que 
suas opiniões antigas eram incertas. 
b) Descartes considera que não é possível encontrar algo de 
firme e certo nas ciências, pois até então esse objetivo não 
foi atingido. 
c) Descartes, ao rejeitar o que a tradição filosófica considerou 
como conhecimento, busca fundamentar nos sentidos uma 
base segura para as ciências. 
d) ao investigar uma base firme e indestrutível para o 
conhecimento, Descartes inicia rejeitando suas antigas 
opiniões e utiliza o método da dúvida até encontrar algo de 
firme e certo. 
e) Descartes necessitou de solidão para investigar as suas 
antigas opiniões e encontrar entre elas aquela que seria o 
verdadeiro fundamento do conhecimento. 
 
10. (Uel 2012) Leia o texto a seguir. 
 
Mas há algum, não sei qual, enganador mui poderoso e mui 
ardiloso que emprega toda sua indústria em enganar-me 
sempre. Não há, pois, dúvida alguma de que sou, se ele me 
engana; e, por mais que me engane, não poderá jamais fazer 
com que eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa. 
De sorte que, após ter pensado bastante nisto e de ter 
examinado cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim 
concluir e ter por constante que esta proposição, eu sou, eu 
existo, é necessariamente verdadeira todas as vezes que a 
enuncio ou que a concebo em meu espírito. 
 
(DESCARTES, René. Meditações. Trad. J. Guinsburg e Bento Prado 
Júnior. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p.100 - Coleção Os 
Pensadores.) 
 
A partir do texto e dos conhecimentos acerca de Descartes: 
a) Apresente o propósito e os graus da dúvida metódica. 
b) Demonstre como Descartes descobre que o pensamento é 
a verdade primeira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito: 
 
1. 97 2.E 3.E 4.B 5.D 
6.C 7.E 8.D 9.D 10.Diss 
 
AULA 3 – O Empirismo Inglês 
 
Empirismo Inglês 
Corrente filosófica que parte do pressuposto de que o 
conhecimento humano tem origem nas experiênciassensoriais. Os principais pensadores da tradição empirista 
são: Francis Bacon, Thomas Hobbes, John Locke e David 
Hume. Em 1660 é fundada, em Londres, a Royal Society of 
London for the Improvement of Natural Knowledge, instituição 
que representa a tradição empirista inglesa e que tem como 
principal objetivo firmar um método seguro que possa 
contribuir com o avanço científico. 
 
Francis Bacon (1561 - 1626) 
Contemporâneo a Descartes, é considerado um dos primeiros 
pensadores modernos. Seu pensamento atrela o progresso 
social ao desenvolvimento técnico-científico, por meio do lema 
“saber é poder”. Por isso, para muitos Bacon é considerado já 
um precursor das ideias iluministas. 
As duas principais contribuições de Bacon para a história do 
pensamento filosófico são seu método indutivo e a Teoria dos 
Ídolos. 
 
Ídolos 
Em sua obra Novum Organum, Bacon preocupou-se 
inicialmente com a análise de falsas noções (ídolos) que se 
revelam responsáveis pelos erros cometidos pela ciência ou 
pelos homens que produzem conhecimento. 
Esses ídolos foram classificados em quatro grupos: 
1) Idola Tribus (ídolos da tribo). Ocorrem por conta das 
deficiências do próprio espírito humano e se revelam pela 
facilidade com que generalizamos com base nos casos 
favoráveis ou em observações imediatas. O homem, que se 
entende como o padrão das coisas, faz com que todas as 
percepções dos sentidos e da mente sejam tomadas como 
verdade, limitando as possibilidades de conhecimento do 
mundo. Tais ídolos são, portanto, inerentes à natureza 
humana, à própria tribo ou condição humana. 
2) Idola Specus (ídolos da caverna). Resultam da educação e 
da pressão dos costumes, que conformam a humanidade a 
visões de mundo preestabelecidas. Há uma alusão à alegoria 
da caverna platônica, pois Bacon faz referência às correntes 
que nos fixam ao mundo sensível: nossas crenças, nossos 
valores e nossas opiniões. 
3) Idola Fori (ídolos do foro - vida pública). Estes estão 
vinculados à linguagem e decorrem das dificuldade de 
comunicação e do próprio mau uso da língua; 
4) Idola Theatri (ídolos do teatro - autoridade). Decorrem da 
irrestrita subordinação à autoridade de pensamentos e 
doutrinas, tal como a física aristotélica, que do ponto de vista 
empírico carecia de demonstração, mas que era considerada 
verdadeira por pressuposto de autoridade. 
 
Assim, é preciso propor uma nova forma, um novo modelo de 
ciência que não caia na mesma armadilha dos ídolos. O 
modelo para Bacon é o Método Indutivo, caracterizado pela 
observação dos fenômenos, por meio de experiências, para 
que se possa chegar a uma regularidade desses mesmos 
fenômenos. Com a percepção dessa regularidade, o cientista 
pode fazer relação entre elas até chegar a uma generalização 
ou a uma lei. 
 
Usando o método indutivo, a ciência estabelecerá 
conhecimento seguro e conquistará avanços na parte técnica. 
Tal conhecimento deve exercer controle sobre a natureza e é 
essa justamente a ideia expressa em sua famosa frase: “saber 
é poder”. 
 
 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Platão
 
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John Locke (1632 – 1704) 
 
Publica a obra Ensaio sobre o Entendimento Humano, em 
1690. Acredita que as representações do real são sempre 
derivadas das percepções sensíveis. O conhecimento, 
portanto, não é inato, mas resulta do modo como elaboramos 
as informações provenientes da experiência. Defende a ideia 
de que a mente humana é uma página em branco (tábula rasa) 
que se constitui a partir das experiências. 
 
David Hume (1711 – 1776) 
 
O escocês David Hume levou o empirismo a níveis radicais. 
Nas suas principais obras Tratado sobre a natureza humana 
(1739) e Investigação sobre o entendimento humano (1748), 
encontramos sua tese principal, semelhante à dos outros 
empiristas, de que todas as ideias se originam da experiência 
sensível. Contudo, o que é importante na obra de Hume é 
notar como ele leva esse princípio a consequências que estão 
além dos seus contemporâneos, chegando a beirar o 
ceticismo. Além disso, cunha um novo conceito, o hábito, que 
vai exercer forte influência sobre filósofos posteriores, como 
Immanuel Kant. 
 
Hume parte das premissas empiristas, estabelecendo uma 
distinção entre impressões (dados fornecidos pelos sentidos) 
e ideias (representações da memória ou da imaginação). 
Acredita que percepção forma todas as ideias. Quanto mais 
próximas cronologicamente da experiência, maior força e 
nitidez possuem tais ideias. Por isso, para ele, os fenômenos 
da percepção são sempre particulares. Os conceitos são 
formados a partir de generalizações de casos particulares que 
captamos por meio de nossas experiências. Não existe, por 
exemplo, a ideia geral de árvore, mas sim cada árvore que 
vemos. A nossa mente opera, assim, de modo a extrair os 
aspectos gerais dos fenômenos e criar relações entre eles, tais 
como as noções de causalidade. Tendemos a, ao observar 
algo imediato, supor que isso seja o efeito de algo ou causa de 
um próximo efeito, porém, para Hume, estamos restritos às 
experiências momentâneas e não temos o poder de alcançar 
tamanhas suposições. 
 
A causalidade, ou seja, a relação entre diferentes fenômenos, 
é, para Huem, um hábito criado pelo pensamento. O que para 
muitos outros filósofos seria razão, para Hume é apenas o 
hábito ou costume de associar ideias que têm origem na 
experiência. Desse modo, Hume entende que somos dotados 
de um mecanismo psicológico que nos leva a encontrar 
semelhanças ou algum padrão de repetição nos fenômenos e 
é por meio desse processo, o hábito, que tiramos as nossas 
conclusões acerca da realidade. Porém, tais conclusões não 
geram um conhecimento seguro, uma vez que dependem de 
fatores subjetivos. “Todo o poder criador da mente reduz-
se à simples faculdade de combinar, transpor, aumentar 
ou diminuir os materiais fornecidos pelos sentidos e pela 
experiência”, afirma Hume. 
 
Por que associamos ideias? 
Por repetição ou semelhança. Se vivemos em uma região em 
que todos coelhos são brancos, tendemos a associar a 
espécie animal a esta cor. Se comemos um alimento todos os 
dias e, em uma viagem, observamos algo semelhante, 
tendemos a classificar aquilo como um alimento mesmo sem 
termos experimentado. Essas associações, contudo, atingem 
somente probabilidades, jamais certezas. Podemos incidir em 
erros seguindo semelhantes especulações. Afinal, estamos 
circunscritos em nosso próprio campo de experimentação, que 
é limitado, mas tendemos a tirar conclusões gerais, que 
buscam explicar a realidade como um todo. Hume, como 
vimos, duvida da possibilidade de alcançarmos um 
conhecimento verdadeiro (essencial e completo) acerca da 
realidade. Por isso, podemos dizer que ele radicaliza as bases 
do Empirismo e alcança o que muitos definem como 
CETICISMO RELATIVO, uma vez que não duvida da nossa 
capacidade de percepção imediata da realidade, mas põe em 
xeque as conclusões que tiramos por meio do hábito. Para o 
filósofo, as verdades só podem ser constatadas em termos 
particulares, jamais de modo generalizado. 
 
Em uma das partes de sua obra Ensaio acerca do 
entendimento humano, Hume procura desconstruir o 
argumento cartesiano da prova da existência de Deus, 
mostrando que Deus, como ideia, é fruto de conclusões que 
obtemos projetando elementos de nossas experiências diretas 
para preencher as lacunas da realidade que não 
compreendemos. 
 
 
 
AULA 4 – O Criticismo de Kant 
 
Immanuel Kant (1724 – 1804) 
 
Filósofo alemão, um dos principais expoentes do século XVIII 
e de toda a filosofia moderna. Nasceu, cresceu e trabalhou por 
toda a vida na cosmopolita cidade portuária de Konigsberg 
(atual Kaliningrado), então parte da Prússia. Embora nunca 
tenha deixado a província natal, tornou-se um filósofo 
internacionalmente conhecido ainda em vida. Estudou na 
Universidade de Konigsberg e lecionou na mesma 
universidade ao longo de toda sua vida. 
 
Após uma fase em que defende preceitos semelhantes aosdemais pensadores iluministas, como a valorização da 
racionalidade humana e seu poder de romper com a 
ignorância e com a alienação, Kant adentra em sua fase 
célebre, conhecida como criticismo ou fase crítica. Tal fase 
corresponde à maturidade do pensamento do autor, após seus 
cinquenta anos de vida. Influenciado por David Hume, 
desperta de seu “sono dogmático” e questiona a capacidade 
da racionalidade humana compreender a realidade tal como é 
em si mesma. 
 
Em todo a sua obra, Kant dialoga com o pressuposto iluminista 
de que a razão autônoma é capaz de produzir conhecimento. 
Ele parte da tese de que “a razão tende a libertar a 
humanidade de seu estado de menoridade”, porém, acredita 
que posicionar a filosofia no “projeto iluminista” implica em se 
analisar criticamente a razão humana, estabelecendo os 
limites do que esta pode conhecer. Essa busca pelos limites 
da racionalidade humana é o que decide aprofundar por meio 
de suas obras críticas: Critica da Razão Pura, Crítica da Razão 
Prática e Crítica das Faculdades do Juízo. Tais obras 
solidificam o Criticismo, vertente filosófica desenvolvida por 
Kant. 
 
 
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Crítica à Razão Pura 
Promove uma análise crítica da razão humana e dos limites do 
conhecimento, 
O que a razão pode conhecer do real? 
Como o conhecimento se processa? 
 
Os juízos 
Dialogando com as vertentes do Racionalismo e do 
Empirismo, Kant busca analisar o que a razão consegue 
conhecer de modo puro, ou seja, a razão por ela mesma. Ao 
fazer esta análise, constata que a razão não traz, de modo 
inato, nenhuma informação acerca da realidade física ou 
metafísica, mas possui a capacidade de produzir um 
conhecimento lógico e universal, que Kant classifica como 
juízo analítico. 
Juízo analítico: é fruto de uma operação racional, de 
deduções lógicas que a racionalidade alcança por ela mesma. 
Por isso, trata-se de um conhecimento independente da 
experiência (a priori). É um instrumento de análise do próprio 
pensamento, mas não conclui nada acerca da realidade 
externa. Para Kant, o juízo analítico é aquele em que o 
predicado está contido no conceito do sujeito. Como exemplo, 
temos a seguinte afirmação: “o quadrado tem quatro lados”. 
Juízo sintético: representa o conhecimento obtido por meio 
da experiência (a posteriori). Nesta forma de conhecimento o 
predicado não está contido no sujeito, por isso Kant acredita 
que a experiência acrescenta conteúdo à forma lógica da 
racionalidade. Quando digo que “aquela caneta é azul”, é 
necessária uma informação sensível posterior para que o 
conhecimento possa ser validado. Porém, o juízo sintético se 
limita ao tempo e espaço em que a experiência está 
circunscrita, portanto, não constitui um juízo necessário e 
universal. 
Juízo sintético a priori: para Kant, a ciência deve se basear 
numa terceira forma de juízo, capaz de sintetizar os outros 
dois. Para isso, a mente do cientista deve ser capaz de 
produzir juízos que dependam da experiência, mas que 
possam ser universais e necessários, ou seja, que 
transcendam os limites daquele fenômeno em particular. 
 
Síntese entre racionalismo e empirismo 
O conhecimento, para Kant, está relacionado, portanto, à 
nossa capacidade de produzir juízos sintéticos a priori. Isso 
acontece porque os dados fornecidos pela experiência são 
organizados dentro dos nossos moldes racionais. A razão é 
uma estrutura vazia, anterior à experiência e independente 
desta (a priori), porém os conteúdos que a razão conhece e 
nos quais ela pensa dependem da experiência (a posteriori). A 
experiência não é a causa das ideias, mas é a ocasião para 
que a razão, recebendo a matéria ou o conteúdo, formule as 
ideias. 
Experiência: fornece os conteúdos, a matéria do 
conhecimento. 
 
RAZÃO 
Forma universal e necessária do conhecimento. Recebe as 
informações do meio e as organiza de acordo com suas formas 
estruturais: 
sensibilidade: noções temporais e espaciais; 
entendimento: organiza os conteúdos enviados pela 
sensibilidade em categorias (qualidade; quantidade; 
causalidade; finalidade; verdade; falsidade; universalidade e 
particularidade). 
 
“O entendimento nada pode intuir e os sentidos nada podem 
pensar. Só pela sua reunião se obtém conhecimento” 
 
Revolução Copernicana de Kant 
O “eu” é condicionante no processo de conhecimento. O objeto 
apenas se encaixa nos moldes da percepção humana. Não é 
o objeto que determina o sujeito, mas o sujeito que determina 
o objeto. O objeto só se torna cognoscível à medida que há um 
sujeito que pode conhecê-lo e isso depende da estrutura de 
nossa razão (formas a priori). Por isso, o mundo não é senão 
aquilo que pode ser conhecido pelo sujeito, é sua 
representação. 
 
“A razão só entende aquilo que produz segundo seus próprios 
planos” 
 
Impossibilidade da Metafísica 
A razão possui essas estruturas como meio de conhecimento. 
Por serem universais e necessárias, o conhecimento é 
racional e verdadeiro para os seres humanos. Isso implica que 
podemos conhecer a realidade dentro dos limites do 
cognoscível. O que não se pode supor é que com essas 
estruturas possa-se conhecer a realidade tal como esta é em 
si mesma. O erro dos inatistas e empiristas foi supor que a 
nossa razão alcança a realidade em si , o númeno, quando na 
verdade só podemos captar a realidade como fenômeno, ou 
seja, a realidade organizada pela razão, que submete os 
conteúdos da experiência às formas da sensibilidade e do 
entendimento. 
 
3. Texto complementar 
 
KANT: Resposta à Pergunta: Que é esclarecimento? 
Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da 
qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de 
fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro 
indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se 
a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas 
na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem 
a direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem de fazer uso 
de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. 
A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão 
grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito 
os libertou de uma direção estranha, continuem, no entanto de 
bom grado menores durante toda a vida. São também as 
causas que explicam por que é tão fácil que os outros se 
constituam em tutores deles. É tão cômodo ser menor. Se 
tenho um livro que faz as vezes de meu entendimento, um 
diretor espiritual que por mim tem consciência, um médico que 
por mim decide a respeito de minha dieta, etc., então não 
preciso esforçar-me eu mesmo. Não tenho necessidade de 
pensar, quando posso simplesmente pagar; outros se 
encarregarão em meu lugar dos negócios desagradáveis. A 
imensa maioria da humanidade (inclusive todo o belo sexo) 
considera a passagem à maioridade difícil e além do mais 
perigosa, porque aqueles tutores de bom grado tomaram a seu 
cargo a supervisão dela. Depois de terem primeiramente 
embrutecido seu gado doméstico e preservado 
cuidadosamente estas tranquilas criaturas a fim de não 
ousarem dar um passo fora do carrinho para aprender a andar, 
no qual as encerraram, mostram-lhes, em seguida, o perigo 
que as ameaça se tentarem andar sozinhas. Ora, este perigo 
na verdade não é tão grande, pois aprenderiam muito bem a 
andar finalmente, depois de algumas quedas. Basta um 
exemplo deste tipo para tornar tímido o indivíduo e atemorizá-
lo em geral para não fazer outras tentativas no futuro. É difícil, 
portanto, para um homem em particular desvencilhar-se da 
menoridade que para ele se tornou quase uma natureza. 
Chegou mesmo a criar amor a ela, sendo por ora realmente 
incapaz de utilizar seu próprio entendimento, porque nunca o 
deixaram fazer a tentativa de assim proceder. Preceitos e 
fórmulas, estes instrumentos mecânicos do uso racional, ou, 
antes, do abuso de seus dons naturais, são os grilhões de uma 
perpétua menoridade. Quem deles se livrasse só seria capaz 
de dar um salto inseguro mesmosobre o mais estreito fosso, 
porque não está habituado a este movimento livre. Por isso 
são muito poucos aqueles que conseguiram, pela 
transformação do próprio espírito, emergir da menoridade e 
 
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empreender então uma marcha segura. Que, porém, um 
público se esclareça a si mesmo é perfeitamente possível; 
mais que isso, se lhe for dada a liberdade, é quase inevitável. 
Pois, encontrar-se-ão sempre alguns indivíduos capazes de 
pensamento próprio, até entre os tutores estabelecidos da 
grande massa, que, depois de terem sacudido de si mesmos 
o jugo da menoridade, espalharão em redor de si o espírito de 
uma avaliação racional do próprio valor e da vocação de cada 
homem em pensar por si mesmo. O interessante nesse caso 
é que o público, que anteriormente foi conduzido por eles a 
este jugo, obriga-os daí em diante a permanecer sob ele, 
quando é levado a se rebelar por alguns de seus tutores que, 
eles mesmos, são incapazes de qualquer esclarecimento. Vê-
se assim como é prejudicial plantar preconceitos, porque 
terminam por se vingar daqueles que foram seus autores ou 
predecessores destes. Por isso, um público só muito 
lentamente pode chegar ao esclarecimento. Uma revolução 
poderá talvez realizar a queda do despotismo pessoal ou da 
opressão ávida de lucros ou de domínios, porém nunca 
produzirá a verdadeira reforma do modo de pensar. Apenas 
novos preconceitos, assim como os velhos, servirão como 
cintas para conduzir a grande massa destituída de 
pensamento. Para este esclarecimento, porém, nada mais se 
exige senão LIBERDADE. E a mais inofensiva entre tudo 
aquilo que se possa chamar liberdade, a saber: a de fazer um 
uso público de sua razão em todas as questões. Ouço, agora, 
porém, exclamar de todos os lados: não raciocineis! O oficial 
diz: não raciocineis, mas exercitai-vos! O financista exclama: 
não raciocineis, mas pagai! O sacerdote proclama: não 
raciocineis, mas crede! (Um único senhor no mundo diz: 
raciocinai, tanto quanto quiserdes, e sobre o que quiserdes, 
mas obedecei!). Eis aqui por toda a parte a limitação da 
liberdade. Que limitação, porém, impede o esclarecimento? 
Qual não o impede, e até mesmo favorece? Respondo: o uso 
público de sua razão deve ser sempre livre e só ele pode 
realizar o esclarecimento entre os homens. 
 
Exercícios das aulas 3 e 4 
1. (ENEM) 
Texto I 
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram 
enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em 
quem já nos enganou uma vez. 
DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 
1979. 
 
Texto II 
Sempre que alimentarmos alguma suspeita deque uma ideia 
esteja sendo empregada sem nenhum significado, 
precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta 
suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer 
impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa 
suspeita. 
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: 
Unesp, 2004. 
 
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza 
do conhecimento humano. A comparação dos excertos 
permite assumir que Descartes e Hume 
 
A) defendem os sentidos como critério originário para 
considerar um conhecimento legítimo. 
B) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de 
uma ideia na reflexão filosófica e crítica. 
C) são legítimos representantes do criticismo quanto à 
gênese do conhecimento. 
D) concordam que conhecimento humano é impossível em 
relação às ideias e aos sentidos. 
E) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no 
processo de obtenção do conhecimento. 
 
 
2. (Uel 2007) Leia o texto a seguir: 
 
 “Todos os raciocínios referentes a questões de fato 
parecem fundar-se na relação de causa e efeito. É somente 
por meio dessa relação que podemos ir além da evidência de 
nossa memória e nossos sentidos. [...] Arrisco-me a afirmar, 
a título de uma proposta geral que não admite exceções, que 
o conhecimento dessa relação não é, em nenhum caso, 
alcançado por meio de raciocínios a priori, mas provém 
inteiramente da experiência, ao descobrirmos que certos 
objetos particulares acham-se constantemente conjugados 
uns aos outros.” 
Fonte: HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. 
Tradução de José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Editora 
UNESP, 1999. p. 44-45. 
 
Com base no texto e em seus conhecimentos sobre Hume, é 
correto afirmar que: 
 
a) Ao observarmos dois objetos conjugados entre si, 
podemos observar também a relação de causa e efeito que 
os une. 
b) É a razão que nos faz descobrir as causas e efeitos dos 
acontecimentos. 
c) Quando raciocinamos a priori e consideramos um objeto 
ou causa apenas, tal como aparece à mente, independente 
de toda observação, ele facilmente poderá sugerir-nos a ideia 
de algum objeto distinto, como seu efeito, e também exibir-
nos a conexão inseparável e inviolável entre eles. 
d) Nenhum objeto jamais revela, pelas qualidades que 
aparecem aos sentidos, nem as causas que o produziram, 
nem os efeitos que dele provirão; tampouco nossa razão é 
capaz de extrair, sem o auxílio da experiência, qualquer 
conclusão referente à existência efetiva de coisas ou 
questões de fato. 
e) Todas as leis da natureza e todas as operações dos 
corpos são conhecidas pela razão, com o auxílio da 
experiência. 
 
3. (UNESP) Suponhamos, pois, que a mente é um papel em 
branco, desprovida de todos os caracteres, sem nenhuma 
ideia; como ela será suprida? De onde lhe provém este vasto 
estoque, que a ativa e ilimitada fantasia do homem pintou nela 
com uma variedade quase infinita? De onde apreende todos 
os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo, 
numa palavra: da experiência. Todo o nosso conhecimento 
está nela fundado, e dela deriva fundamentalmente o próprio 
conhecimento. (John Locke. Ensaio acerca do entendimento 
humano [publicado originalmente em 1690], 1999. Adaptado.) 
Qual é a interpretação de Locke sobre as ideias inatas? 
Explique quais foram as implicações do pensamento 
desse filósofo no que se refere à metafísica. 
 
 
4. (UNESP) “O Iluminismo é a saída do homem de um estado 
de menoridade que deve ser imputado a ele próprio. 
Menoridade é a incapacidade de servir-se do próprio intelecto 
sem a guia de outro. Imputável a si próprios é esta menoridade 
se a causa dela não depende de um defeito da inteligência, 
mas da falta de decisão e da coragem de servir-se do próprio 
intelecto sem ser guiado por outro. Sapere aude! Tem a 
coragem de servires de tua própria inteligência!” 
 
(Immanuel Kant, 1784.) 
 
Esse texto do filósofo Kant é considerado uma das mais 
sintéticas e adequadas definições acerca do Iluminismo. 
Justifique essa importância comentando o significado do 
termo “menoridade”, bem como os fatores sociais que 
produzem essa condição, no campo da religião e da 
política. 
 
 
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5. (Uem 2009) “(...) a própria experiência é um modo de 
conhecimento que requer entendimento, cuja regra tenho que 
pressupor a priori em mim ainda antes de me serem dados 
objetos e que é expressa em conceitos a priori, pelos quais, 
portanto todos os objetos da experiência têm necessariamente 
que se regular e com eles concordar.” 
 
(KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. São Paulo: Abril Cultural, 
1983, p.13). 
 
Com base na filosofia de Kant, assinale o que for correto. 
01) O método de Kant é chamado criticismo, pois consiste na 
crítica ou na análise reflexiva da razão, a qual, antes de partir 
ao conhecimento das coisas, deve conhecer a si mesma, 
fixando as condições de possibilidade do conhecimento, aquilo 
que pode legitimamente ser conhecido e o que não. 
02) Para Kant, uma vez que os limites do conhecimento 
científico são os limites da experiência, as coisas que não são 
dadas à intuição sensível (a coisa em si, as entidades 
metafísicas como Deus, alma e liberdade) não podem ser 
conhecidas. 
04) Kant mantém-se na posição dogmáticaherdada de Hume. 
Para os dois filósofos, o conhecimento é um fato que não põe 
problema. O resultado da crítica da razão é a constatação do 
poder ilimitado da razão para conhecer. 
08) O sentido da revolução copernicana operada por Kant na 
filosofia é que são os objetos que se regulam pelo nosso 
conhecimento, não o inverso. Ou seja, o conhecimento não 
reflete o objeto exterior, mas o sujeito cognoscente constrói o 
objeto do seu saber. 
16) Com a sua explicação da natureza do conhecimento, Kant 
supera a dicotomia racionalismo-empirismo. O conhecimento, 
que tem por objeto o fenômeno, é o resultado da síntese entre 
os dados da experiência e as intuições e os conceitos a priori 
da razão. 
 
6.(Ufu 2004) Até agora se supõe que todo nosso 
conhecimento tinha que se regular pelos objetos: todas as 
tentativas de mediante conceitos estabelecer algo a priori 
sobre os mesmos, através do que nosso conhecimento seria 
ampliado, fracassaram sob esta pressuposição. Por isso, 
tente-se ver uma vez se não progredimos melhor nas tarefas 
da Metafísica admitindo que os objetos têm que se regular pelo 
nosso conhecimento, o que assim já concorda melhor com a 
requerida possibilidade de um conhecimento a priori dos 
mesmos que deve estabelecer algo sobre os objetos antes de 
nos serem dados. O mesmo aconteceu com os pensamentos 
de Copérnico que, depois das coisas não quererem andar 
muito bem com a explicação dos movimentos celestes 
admitindo—se que todo exército de astros girava em tomo do 
espectador, tentou ver se não seria mais bem-sucedido se 
deixasse o espectador mover-se e, em contrapartida, os astros 
em repouso.” 
KANT, I. Crítica da razão pura São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 14. 
(Os Pensadores) 
 
Considerando a leitura do trecho acima, podemos dizer que a 
revolução copernicana de Kant é 
 
a) uma revolução filosófica e científica segundo a qual o 
espectador não pode permanecer fixo em sua posição, 
aprendendo apenas os fenômenos, mas deve considerar que 
ele mesmo encontra-se em movimento para poder perceber 
as coisas em si mesmas. 
b) uma revolução astronômica que pretendeu mudar o curso 
da Filosofia Moderna, propondo uma reavaliação da física 
newtoniana. 
c) uma revolução filosófica que estabeleceu que o 
conhecimento da coisa em si só pode ser atingido caso haja 
um cuidadoso estudo dos fenômenos. 
d) uma revolução filosófica que afirmou a distinção entre 
fenômeno e coisa em si, qualificando esta última como 
incognoscível. 
 
7. (Uem 2009) A Filosofia Moderna compreende os séculos 
XVII e XVIII, caracterizando-se por um acentuado 
racionalismo que se opõe ao pessimismo teórico do 
ceticismo, o qual duvida da capacidade da razão humana 
poder alcançar um conhecimento certo fundamentado em 
uma verdade universal. Assinale o que for correto. 
 
01) René Descartes, no Discurso do Método, instaura a 
dúvida metódica; deve ser, portanto, considerado um adepto 
do ceticismo. 
02) O dogmatismo opõe-se ao ceticismo, pois é uma doutrina 
segundo a qual é possível atingir a certeza de verdades 
inquestionáveis. 
04) Para o racionalismo, o ponto de partida do conhecimento 
é o sujeito como consciência de si reflexiva, isto é, como 
consciência que conhece sua capacidade de conhecer. 
08) Francis Bacon é um dos mais importantes céticos do 
século XVII, pois, para ele, o homem nunca poderia libertar-
se dos ídolos que impedem sua razão de alcançar qualquer 
saber efetivo. 
16) O racionalismo acredita que a vida ética pode ser 
totalmente racional, visto que a razão humana é capaz de 
conhecer a origem, as causas e os efeitos das paixões e das 
emoções, podendo dominá-las e governá-las. 
 
 
8. (Ufsj 2012) Os termos “impressões” e “ideias”, para David 
Hume, são, respectivamente, por ele definidos como 
 
a) “nossas percepções mais fortes, tais como nossas 
sensações, afetos e sentimentos; percepções mais fracas ou 
cópias daquelas na memória e imaginação”. 
b) “aquilo que se imprime à memória e nos permite ativar a 
imaginação; lampejos inéditos sobre o objeto e sua natureza”. 
c) “o que fica impresso na memória independentemente da 
força: ação de criar a partir do dado sensorial”. 
d) “vaga noção do sensível; raciocínio com força de lei que 
legitima a natureza no âmbito da razão”. 
 
9. (Enem PPL 2018) Quando analisamos nossos pensamentos 
ou ideias, por mais complexos e sublimes que sejam, sempre 
descobrimos que se resolvem em ideias simples que são 
cópias de uma sensação ou sentimento anterior. Mesmo as 
ideias que, à primeira vista, parecem mais afastadas dessa 
origem mostram, a um exame mais atento, ser derivadas dela. 
 
HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: 
Abril Cultural, 1973. 
 
Depreende-se deste excerto da obra de Hume que o 
conhecimento tem a sua gênese na 
 
a) convicção inata. 
b) dimensão apriorística. 
c) elaboração do intelecto. 
d) percepção dos sentidos. 
e) realidade transcendental. 
 
10. (Uem 2018) “Devemos recorrer a dois princípios bastante 
manifestos na natureza humana. O primeiro é a simpatia, ou 
seja, a comunicação de sentimentos e paixões [...]. Tão 
estreita e íntima é a correspondência entre as almas dos seres 
humanos que, assim que uma pessoa se aproxima de mim, ela 
me transmite todas as suas opiniões, influenciando meu 
julgamento em maior ou menor grau. Embora, muitas vezes, 
minha simpatia por ela não chegue ao ponto de me fazer 
mudar inteiramente meus sentimentos e modos de pensar, 
raramente [a simpatia] é tão fraca que não perturbe o tranquilo 
 
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curso do meu pensamento, dando autoridade à opinião que 
me é recomendada por seu assentimento. O segundo princípio 
para o qual chamarei a atenção é o da comparação, ou seja, 
a variação de nossos juízos acerca dos objetos segundo a 
proporção entre estes e aqueles com os quais comparamos. 
[...]. Nenhuma comparação é mais óbvia que a comparação 
conosco; por isso, ela tem lugar em todas as ocasiões e 
influencia a maioria de nossas paixões. Esse tipo de 
comparação é diretamente contrário à simpatia em seu modo 
de operar.” 
 
(HUME, D. Tratado da natureza humana. In: SAVIAN FILHO. J. 
Filosofia e filosofias: existência e sentidos. Belo Horizonte: Autêntica 
Editora, 2016, p. 272). 
 
A partir do texto, assinale o que for correto. 
 
01) Entende-se que a simpatia consiste na experiência na 
qual uma pessoa é influenciada por outra. 
02) Para Hume, não é a razão que leva os seres humanos a 
agir, e sim as emoções. 
04) Hume desenvolveu um sistema filosófico moral 
fundamentado na razão e nos limites dela. 
08) É próprio da comparação o fechamento em si, pois 
aquele que compara não está sujeito à influência. 
16) Simpatia e comparação não interferem diretamente em 
nosso comportamento moral. 
 
11. (Unesp 2018) Se um estranho chegasse de súbito a este 
mundo, eu poderia exemplificar seus males mostrando-lhe um 
hospital cheio de doentes, uma prisão apinhada de malfeitores 
e endividados, um campo de batalha salpicado de carcaças, 
uma frota naufragando no oceano, uma nação desfalecendo 
sob a tirania, fome ou pestilência. Se eu lhe mostrasse uma 
casa ou um palácio onde não houvesse um único aposento 
confortável ou aprazível, onde a organização do edifício fosse 
causa de ruído, confusão, fadiga, obscuridade, e calor e frio 
extremados, ele com certeza culparia o projeto do edifício. Ao 
constatar quaisquer inconveniências ou defeitos na 
construção, ele invariavelmente culparia o arquiteto, sem 
entrar em maiores considerações. 
 
(David Hume. Diálogos sobre a religião natural, 1992. 
Adaptado.) 
 
a) Explicite o tema filosófico abordado no texto e sua relação 
com a criação do mundo. 
b) Explique como os argumentos do filósofo evidenciam um 
ponto de vista empirista (fundamentado na experiência) e 
cético (baseado na dúvida), em contraste com uma 
concepção metafísica sobre o tema. 
 
12. (Unioeste2018) O filósofo alemão Immanuel Kant 
formulou, na Crítica da Razão Pura, uma divisão do 
conhecimento e acesso da razão aos fenômenos. Fenômenos 
não são coisas; eles nomeiam aquilo que podemos conhecer 
das coisas, através das formas da sensibilidade (Espaço e 
Tempo) e das categorias do entendimento (tais como 
Substância, Relação, Necessidade etc.). Assim, Kant afirma 
que o conhecimento humano é finito (limitado por suas formas 
e categorias). Como poderia haver, então, algum 
conhecimento universalmente válido? Ele afirma que tal 
conhecimento se formula num “juízo sintético a priori”. Juízos 
são afirmações; o adjetivo “sintéticos” significa que essas 
afirmações reúnem conceitos diferentes; “a priori”, por sua vez, 
indica aquilo que é obtido sem acesso à experiência dos 
fenômenos, antes deles e para que os fenômenos possam ser 
reunidos em um conhecimento que tenha unidade e sentido. 
 
Com base nisso, indique a alternativa CORRETA. 
 
a) Para Kant, o conhecimento humano é diretamente dado 
pela experiência das coisas, acessíveis pelos sentidos 
(visão, audição, etc.). 
b) Juízos sintéticos a priori são afirmações de conhecimento 
cuja natureza é particular e que se altera caso a caso. 
c) Se a Metafísica é o conhecimento da essência das coisas 
elas mesmas, Kant é, na Crítica da Razão Pura, um 
defensor da Metafísica, e não um defensor da finitude do 
conhecimento. 
d) Para Kant, Espaço e Tempo são categorias do 
entendimento mediante as quais conhecemos os 
fenômenos. 
e) Juízos sintéticos a priori permitem organizar o 
conhecimento, dando a ele validade universal e unicidade. 
 
13. (Uem 2018) “De que todo o nosso conhecimento comece 
com a experiência, não há a mínima dúvida; pois de que outro 
modo a faculdade de conhecer deveria ser despertada para o 
exercício, se não ocorresse mediante objetos que 
impressionam os nossos sentidos e em parte produzem 
espontaneamente representações, em parte põem em 
movimento a nossa atividade intelectual de comparar essas 
representações, conectá-las ou separá-las, e deste modo 
transformar a matéria bruta das impressões sensíveis em 
conhecimento de objetos, que se chama experiência? [...] Mas, 
ainda que todo o nosso conhecimento comece com a 
experiência, nem por isso todo ele origina-se da experiência.” 
 
(KANT, I. Crítica da razão pura. In: MARCONDES, D. Textos básicos 
de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 117). 
 
 
A partir do texto citado, assinale o que for correto. 
01) O conhecimento tem seu início na experiência sensível; 
isso não significa, todavia, que ele esteja preso à 
experiência e limitado por ela. 
02) A faculdade de conhecer está em repouso e é despertada 
pela experiência sensível, sendo essa a fonte primeira do 
conhecimento. 
04) As representações sensíveis das coisas são espontâneas 
e não precisam de qualquer interferência dos sentidos. 
08) A faculdade de conhecer pode produzir conhecimentos por 
si mesma, visto que as impressões sensíveis não são a 
origem de todo o conhecimento. 
16) A faculdade de conhecer opera sobre as representações 
das coisas advindas por meio dos sentidos e produz, 
assim, novos conhecimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito: 
 
1.E 2.D 3.Diss 4.Diss 
5.(27) 6.D 7.(22) 8.A 
9.D 10.(11) 11. Diss 12.E 
13.(27)

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