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AULA 6 TENDÊNCIAS EM PERSONALIZAÇÃO E MANUFATURA ADITIVA CONVERSA INICIAL Essencialmente, os processos de fabricação apresentam princípios fundamentados na moldagem, conformação, união ou divisão de um componente ou também a remoção (ou subtração) de material para alcançar a forma desejada, destacando-se como sendo o mais usado amplamente na indústria. Ao final da década de 1980, surge um novo modelo de fabricação apoiado na tecnologia de adição de material, nomeado hoje de Manufatura Aditiva (AM- Addict Manufacturing) ou simplesmente impressão 3D. A AM se constitui em um processo de fabricação em que são introduzidas consecutivas camadas de material de maneira a viabilizar um objeto de formato tridimensional. Dentro de um contexto de produção de peças metálicas, por exemplo, encontramos variadas formas de fabricação, possuindo atributos que diferem sobretudo na intensidade de energia disponibilizada no instante da deposição do material. Os atributos fundamentais da manufatura aditiva são a diminuição do número de etapas e processos empregados na fabricação de um objeto, a possibilidade de construção de geometrias complexa e a utilização menor de material gerando economia. Isso demonstra de maneira geral a sua importância nas questões referentes à integração da tecnologia na cadeia de produção. A prototipagem rápida (Rapid Prototyping – RP) pode ser entendida como sendo um processo de fabricação operando por meio da adição de material em camadas planas sequenciais, originando-se de um modelo virtual de três dimensões (3D), derivando na confecção de uma peça física. Figura 1 – Processo de Prototipagem Rápida (Rapid Prototyping – RP) 2 Processo de prototipagem rápida Baseado em sólido A tecnologia de RP está cada vez mais tendo sua adoção de forma global, essencialmente depois de expirada a patente de modelagem por fusão e deposição (fused deposition modeling – FDM) no ano de 2005. Logo após este fato, ocorreu a criação do projeto de prototipagem rápida replicável (Replicating Rapid Prototyper - RepRap), o qual consiste na impressão de peças de uma impressora 3D em outra, efetuando sua reprodução, fortalecendo a manufatura aditiva. Os fatores limitadores do processo de manufatura aditiva estão relacionados aos diversos materiais processados por métodos fundamentais quanto as suas propriedades finais, precisão dimensional, velocidade de fabricação, ciclo de repetição de construção, da mesma forma que os custos e capacidades de diversificação de fornecedores das matérias prima. O potencial produtivo de peças ou objetos com geometrias especiais, personalização de produção e capacidade de se operar por meio de diferentes tipos de materiais, derivam em um esforço da comunidade cientifica mundial visando romper essas barreiras e que a manufatura aditiva seja ampliada e venha a se destacar na forma de processo de fabricação. Estereolitografia (SLA) Cura sólida (SGC) Baseado em líquido Cura laser ultravioleta (SOUP) Fotopolímero jateado (JPS) Impressão em três dimensões (3DP) Baseado em pó Sinterização seletiva a laser Sinterização direta de metais a laser (DMLS) Laminado Fundido manufatura de objeto laminado (LOM) modelagem por fusão e deposição (FDM) Impressão por mudança de fase 3 TEMA 1 – PROCESSOS DE AM POR EXTRUSÃO DE MATERIAL Existem diversas tecnologias disponíveis no mercado para a produção de peças ou objetos fabricados por meio de extrusão de material; entre elas, destacam-se as tecnologias de baixo custo recentemente criadas e que se baseiam no princípio de extrusão de material, particularmente em tecnologia FDM (de Fused Deposition Modeling). Essa tecnologia tem característica de possuir um fornecimento por filamentos, construindo o protótipo por deposição de um material que sofreu extrusão. O cabeçote de extrusão se movimenta nos eixos X-Y, posicionado em uma mesa com movimento no eixo Z, recebendo continuamente o material no formato de um fio, esquentando esse fio até um ponto semilíquido ou pastoso. Durante o processo de extrusão, acontece o abastecimento do material termoplástico para o cabeçote injetor aquecido, sendo, na sequência, disposto em uma plataforma cuja função é de servir de base para o objeto que se pretende produzir. Esse cabeçote, então, efetua a fusão do material pelo qual ocorre o processo de extrusão, formando cada camada do objeto de maneira individual. Para esclarecer esse funcionamento do processo de manufatura aditiva por extrusão de material, temos atualmente uma divisão básica segmentando em duas tecnologias: FDM e FFF. 1.1Modelagem por Deposição de Material Fundido (FDM - Fused Deposition Modeling) Por meio da tecnologia FDM, são utilizados filamentos de resinas termoplástica que são aquecidas e extrudadas com base em uma matriz em formato de ponta que efetua movimentos em um plano X-Y. Efetuando uma analogia, podemos exemplificar como o modo em que um confeiteiro realiza a ação de enfeitar um bolo utilizando um saco de confeitar. Dessa forma, a matriz de extrusão controlada realiza o depósito de filetes de materiais finos em cima da plataforma de fabricação, gerando a primeira camada do objeto. Essa plataforma é sustentada sob uma temperatura menor que a do material, de modo que a resina termoplástica venha a sofrer um rápido endurecimento. Na sequência ao endurecimento, a plataforma é abaixada e a matriz de extrusão efetua o depósito de uma segunda camada que se sobrepõe a primeira. Esse processo sofre uma repetição continua até o momento da elaboração total do protótipo. Desse modo, são fabricados suportes ao protótipo durante o processo de fabricação de modo a evitar movimentação do protótipo durante a sua produção. Esses suportes são 4 fixados no protótipo com uso de um segundo material, que é mais frágil, ou uma junção perfurada. Como material para o equipamento, as resinas termoplásticas apropriadas para esse processo compreendem o poliéster, polipropileno, elastômeros e ABS. Figura 2 – Princípio de funcionamento do processo FDM da Stratasys Fonte: Volpat, 2017. O processo FDM foi originalmente patenteado pela empresa Stratasys, diferencia-se de outros processos por extrusão de material de impressoras de custo reduzido em diferentes características. A característica que mais se destaca está na presença de dois bicos extrusores, sendo um com finalidade de operar com o material da peça e o outro com a função de operar com o material de base e com as estruturas de suporte. Um dispositivo eleva e abaixa o bico de extrusão do suporte, possibilitando interpolar os dois bicos; dessa maneira, impede-se que, no momento que o bico de suporte não esteja sendo utilizado, colida com a última camada já impressa da peça. 5 Modelagem de deposição fundida (FDM): • Vantagens: • Baixo custo; • Alta velocidade; • Simplicidade. • Desvantagens: • Propriedades mecânicas fracas; • Materiais limitados (apenas termoplásticos). 1.2 Fabricação por Filamento Fundido (FFF – Fused Filament Fabrication) O processo FFF opera por extrusão de uma maneira diferente do FDM. Nesse processo, o objeto é construído por meio de um cabeçote extrusor que efetua a fundição de um filamento plástico e realiza seu depósito em camadas sobre uma mesa de impressão. O equipamento que opera nesse processo possui um cabeçote que se movimenta no plano horizontal XY em tempo que a mesa se desloca verticalmente para baixo no eixo Z no momento que uma camada é finalizada. O processo é repetido enquanto a peça não esteja completamente construída. O material fundido é empurrado para o exterior do bocal do cabeçote de impressão e é depositado na peça em desenvolvimento. O cabeçote é movimentado, sob controle do computador, de maneira a definir a forma impressa. Em geral, o cabeçote se movimenta em camadas, direcionando-se em duas dimensões buscando efetuar o depósito de material emum plano horizontal de cada vez, antes de se movimentar um pouco para cima, em que inicia uma nova fatia. A performance determinada pela velocidade do cabeçote de extrusão, a qual pode ser controlada. Esse controle de velocidade é capaz de parar e iniciar a deposição e elaborar um plano interrompido sem impedir ou driblar entre as diferentes seções. O processo de fabricação de filamentos fundidos foi desenvolvido por membros do projeto RepRap, visando criar um nome ou sigla que seriam legalmente irrestritos quanto a sua utilização, em detrimento das patentes que cobriam a modelagem de deposição fundida (FDM). 6 TEMA 2 – PROCESSOS DE AM POR FUSÃO DE LEITO DE PÓ Esse processo basicamente faz uso de uma fonte de energia térmica com o objetivo de induzir uma fusão seletiva de uma camada de partículas. Na sequência, é inserida uma nova camada por meio da difusão de pó no topo do objeto e a operação é então refeita novamente. O material que não é fundido recebe a função de proporcionar um auxílio como sendo um suporte para o objeto que se está produzido. A manufatura por fusão em leito de pó́ se destaca como uma das primeiras técnicas que foi ofertado ao mercado. Esse processo teve sua primeira alteração com a SLS (fusão por sinterização seletiva a laser), elaborada pela Universidade do Texas, em Austin e constitui basicamente em um método de produção largamente aplicado em indústrias médicas e aeronáutica. A SLS, SLM (fusão seletiva a laser) e DMLS (sinterização metálica direta a laser) se apresentam como sendo técnicas similares de manufatura aditiva por fusão em leito de pó́. Nesse processo, apresentado na Figura 3, o material na forma de partículas é colocado mediante um sistema de disseminação em uma plataforma de construção, movimentando-se de forma controlada em direção do eixo Z. Em seguida, é utilizado um laser de alta potência, visando ao fornecimento de calor para uma determinada região em que será construído o objeto. Nesse contexto, o laser é direcionado mediante um sistema de espelhos, visando à produção de uma camada com a geometria que se almeja. 7 Figura 3 – Esquematização do processo de manufatura por fusão em leito em pó Fonte: Rombouts, 2006. Fusão em pó (SLS, SLM, 3DP): • Vantagens: • Resolução fina • Alta qualidade • Desvantagens: • Impressão lenta • Caro • Alta porosidade no método ligante (3DP). 2.1 Processos de união Os processos de manufatura aditiva por fusão em leito de pó originaram outros processos que fazem uso dos nomes fusão, ou sinterização das partículas para a formação do componente. Existem quatro diferentes mecanismos ou processos para a união que acontecem no decorrer do processo de fabricação. Os principais processos de união que essa tecnologia proporciona, conforme apresentado na Figura 4, aponta os processos (mecanismos) de ligação química 8 dentre os componentes, sinterização no estado sólido, fusão total do material e sinterização com fase líquida. O percurso seguido pelo processo de fabricação ocorrerá conforme as características do pó a ser empregado e da forma de entrada de energias no sistema. Figura 4 – Mecanismos de união em processos de manufatura por leito de pó Sinterização em estado sólido Ligação química induzida Diferentes ligantes e materiais estruturais Sinterização por fase líquida Fusão Mesmo ligante e material estrutural Fonte: Gibson; Rosen; Stucker, 2010. A sinterização, quando considerada como sendo uma ação metalúrgica que busca a produção de componentes mediante o uso de pós previamente compactados, tem uma ativação térmica ocorrendo por conta da redução da energia livre de superfície do componente, visando a maior ganho de velocidade no processo produtivo. No caso da manufatura aditiva, a redução do tempo despendido para a fabricação de cada camada, deixa o processo mais competitivo. O mecanismo associado genericamente para processos em fusão em leito de pó é denominado de fusão total. Nele, toda a região do material exposta à ação térmica é fundida em uma profundidade maior que a espessura da camada. Para essa situação, é aceitável para o processo fabril de componentes de engenharia que necessitam de elevados requisitos de densidade e propriedades mecânicas, o uso de energia térmica de alta intensidade ou o uso de dois ou mais ciclos de escaneamento. Partículas separadas Partículas compósitas Revestimentos 9 2.2 Transferência de calor A comunicação que ocorre da energia transferida para o sistema para a matéria prima é apresentada na Figura 5. Enquanto a interação dos ciclos térmicos transcorrerem os fenômenos físicos de formação de estresses térmicos, mudanças de fase, transições metalúrgicas e transferência da poça de fusão, fenômenos de evaporação ou oxidação; poderão ocorrer impactos na qualidade final do objeto produzido. Figura 5 – Interação laser x matéria-prima em um processamento via fusão em leito de pó Fonte: Rombouts, 2006. TEMA 3 – PROCESSO DE AM POR ADIÇÃO DE LÂMINAS Nesse processo também conhecido como Laminação em Folha (Sheet Lamination), são agrupadas chapas finas do material por meio de diferentes métodos para gerar o objeto. Como ferramental, um laser ou mesmo uma faca são usados para a retirada do contorno do objeto produzido, efetuando uma remoção do material desnecessário ao processo produtivo. Nele ocorre a adição e união por colagem de laminados recortados e sobrepostos. Uma das primeiras tecnologias pelo princípio de adição de lâminas que surgiu no mercado é o LOM (laminated object manufacturing). 10 3.1 Laminated Object Manufacturing (LOM) A laminação em folha (sheet lamination) pode ser descrita como sendo uma tecnologia de manufatura aditiva que faz uso de lâminas de materiais, frequentemente em papel ou em metal, visando à criação de modelos tridimensionais. O processo de produção que se destaca dentro dessa tecnologia é o LOM (Objeto em Lâmina - Laminated Object Manufacturing), o qual faz uso de laser baseado em dióxido de carbono para produzir fatias de um objeto tridimensional mediante camadas finas de papel com material adesivo. O início do processo se dá por um sistema de alimentação do papel. Esse sistema encaminha o papel para uma plataforma móvel em que sofre uma fixação para que o laser seja capaz de delimitar o formato do produto a ser produzido; na sequência, o laser fatia a área que continuará na plataforma, ou que, neste caso, refere-se a uma borda. Isto acontece de modo que as laterais do papel possam ser direcionadas ao sistema de refugo; possui ainda um rolo aquecido para apoiar na ação de fixação das camadas; por fim, o objeto tridimensional estará envolta nas camadas de papel, que são fatiadas para que o objeto desejado seja retirado. O desenho do procedimento esquemático dessa tecnologia é apresentado na Figura 6. Figura 6 – Esquema básico do funcionamento da Manufatura de Objeto em Lâminas Fonte: TopMaxTechnologyMaganize, 2015. 11 3.2 CAD, Conversão e Transferência do Arquivo A elaboração de um modelo para ser produzido por uma tecnologia de manufatura aditiva (AM-Additive Manufacturing) por um engenheiro ou designer necessita de ações por softwares de criação do tipo CAD para serem capazes de efetuar uma representação do modelo conceituado. Para início desse processo por software, diferentes técnicas de engenharia reversa, como com utilização de laser scanning, podem ser utilizadas. Essas técnicas efetuam uma varredura a laser na peça, criando automaticamente o modelo em CAD. Alguns pontos relativos à geração em CAD, quando comparado com o modelo real, devem ser considerados, como no processo de adição de camadas, o qual pode ser visto como sendo uma principal característica da AM. Com esta característica, é normal que o acréscimo constante de camadas não viabilize o mesmo modelo projetado no software CAD, mas sim uma versão aproximada do mesmo; talaproximação pode variar conforme a espessura da camada, com o modelo previamente projetado em CAD. O arquivo gerado em cada precisa ser importado pelo equipamento de impressão. Para isso, é necessário que o arquivo esteja em um formato compreensível ao equipamento de manufatura aditiva. Esse formato pode ser o STL, desenvolvido pela 3D Systems e que, atualmente, é um formato de domínio público. Esse formato de arquivo armazena uma cópia do modelo projetado em vários triângulos, os quais sofrem variação de tamanho e quantidade conforme a complexidade do objeto ou resolução exigida. É necessário ressaltar que resoluções muito baixas inviabilizam a obtenção de um objeto fiel ao projetado, e resoluções altas podem impossibilitar que alguns determinados tipos de equipamentos sejam capazes de produzi-lo. TEMA 4 – FABRICAÇÃO FERRAMENTAL Com a adoção crescente de tecnologias de AM (manufatura aditiva – additive manufacturing), diversos países como a Alemanha, China, EUA e Singapura vem realizando investimentos no setor, impactando em uma maior expansão da tecnologia. Esse fato vem gerando novos nichos para aplicação de AM, a exemplo do setor de fundição. Uma grande maioria dos produtos fabricados por esse setor são elaborados por meio do processo de fundição em areia; para isso, são utilizados modelos para criar a cavidade onde será depositado o metal. 12 A AM apresenta diversos benefícios frente ao processo tradicional de fabricação no que se destaca na produção de pequenas peças, com geometria complexa em lotes reduzidos. O desenho utilizado para a manufatura convencional se diferencia muito do desenho para manufatura aditiva principalmente por conta das inúmeras possibilidades que o desenho da AM oferece, tendo como única limitação à capacidade do equipamento. Os programas que utilizam desenhos de sólidos em desenho auxiliado por computador (CAD – Computer Aided Design), basicamente utilizados para o desenvolvimento de partes mecânicas possuem limitações quanto às possibilidades geométricas que se podem alcançar com AM. Isso se deve ao fato de que não possuem a capacidade de representar dezenas ou mesmo centenas de diferentes características, superfícies ou partes. 4.1 Desenho de peças por manufatura aditiva Para adaptação de um componente de fundição, devem ser consideradas as características referentes ao valor do ângulo de saída, forma de contração de metal, dimensão de espessura mínima de parede, sobremetal de usinagem, linha de partição, dados de concentração de massa, valor da solidificação direcional, quantidade de concentração de tensão. Pensando nesse sentido, um desenho de peças por manufatura aditiva necessita: • Apresentar estruturas de suporte que precisam ser projetadas para entalhes e partes sobressalentes; • Dispor a peça orientada na câmara de construção com a finalidade de diminuir a utilização de material para suporte; • Contar com estruturas internas caso se queira ampliar a relação peso x volume. 4.2 Limitações de projeto Em qualquer modelo de geometria da peça, encontram-se diferentes formas de se posicionar a linha de partição. Isso depende dos requerimentos do cliente, especificações de qualidade, facilidades de manufatura e considerações econômicas. A linha de partição é exigida para gerar a cavidade do molde. Essa linha afeta e é afetada pela direção da peça, pela imagem do modelo, pela 13 quantidade de cavidades, posicionamento dos canais de vazamento, posicionamento dos massalotes, resfriamento e permeabilidade do molde. Nesse cenário, encontram-se algumas limitações de projeto para AM como: • A adversidade da construção de paredes finas, ângulos agudos e cantos vivos no plano vertical pelo motivo da pressão de contato nos filamentos saindo do bico, podendo causar deformação; • Anisotropia, ocorrendo por conta do processo de deposição em camadas, pois existe baixa resistência no sentido vertical; • A resistência para com a tração típica de aproximadamente 2/3 da resistência do mesmo termoplástico moldado por injeção. TEMA 5 – APLICAÇÕES DE AM A indústria 4.0, de maneira geral, pode ser entendida como sendo a continuação da evolução do setor industrial; contudo, realiza um salto tecnológico, capaz de aumentar a automação à potência máxima, possibilitando que robôs realizem funções complexas que se tornam mais complicadas a cada dia. Com o uso da inteligência artificial, além de métodos e diretrizes que apresentam maior eficácia e dinamismo, a indústria possibilita transformar os processos industriais ampliando sua escalabilidade, velocidade e rentabilidade. Dessa maneira, a AM chega como uma das aplicações dessa nova fase industrial mundial, agregando os benefícios que agilizam os processos, tornando-os cada vez mais efetivos. As primeiras tecnologias de AM (manufatura aditiva – additive manufacturing) tornaram possível a criação de protótipos para visualização, com redução de exigências quanto a materiais, precisão dimensional, função e desempenho. O aumento da percepção quanto ao potencial de utilização desse tipo de tecnologia desencadeou um acréscimo da exigência por melhorias, em amplo sentido, sendo nos processos e seus componentes e também nos materiais e funcionalidades. Esses fatos fizeram com que a tecnologia de AM fosse amplamente difundida em diversos segmentos, em destaque nas pequenas produções. Os segmentos vão desde acessórios femininos até o segmento da indústria automotiva, constituído pela construção civil e medicina, além de outras áreas que passarem a enxergar na tecnologia de AM a oportunidade de produzir inovação, visto hoje como sendo exigido e de importante potencial competitivo. 14 5.1 Área de transporte (automobilismo/ aeronáutica/ aeroespacial) Na área de transporte relativa ao setor automobilístico, é factível a produção de carros inteiros mediante o uso de impressoras 3D. As peças ou objetos possuem uma alta qualidade; além de carros, diferentes protótipos podem ser fabricados com o objetivo de realização de testes que envolvem segurança. As peças produzidas nas impressoras 3D podem também ser utilizadas em indústrias do setor aeroespacial, assim como elementos essenciais para o funcionamento efetivo de aeronaves em peças funcionais como de turbinas, asas, sistemas de controle de combustível e palhetas guia. Um exemplo de utilização prático de impressão 3D aplicado ao setor de transporte ocorreu em Boston, onde estudantes do MIT elaboraram um anel com capacidade de substituir os bilhetes únicos que são usados nos ônibus da cidade de Boston nos EUA. O surgimento dessa ideia ocorreu na busca por uma solução para o problema enfrentado pelos estudantes, que normalmente esqueciam seus cartões em suas residências. Esse anel possui propriedade de ser à prova d’água, podendo ainda ser recarregado com créditos monetários e tem seu funcionamento semelhante ao passe convencional, bastando encostá-lo ao leitor de passe. Outro exemplo que ilustra o interesse do setor de transporte na indústria de impressão 3D está no desenvolvimento, por parte de uma empresa chinesa, de um carro produzido completamente com autopeças que foram impressas por meio do processo de manufatura aditiva. 5.2 Área de alimentação A impressão de alimentos por meio do processo de fabricação aditiva já é uma realidade vivenciada. Com o uso de matéria-prima comestível, podemos produzir diversos pratos. Essa produção pode ser realizada por processos de sobreposição de camadas ou mesmo métodos mais complexos. 5.3 Área médica (saúde) A evolução tecnológica na indústria incorpora também a área da saúde, requerendo uma discussão sobre o futuro da produção de equipamentos e insumos. A área da saúde vem se beneficiando das vantagens que a manufatura aditiva traz com guias cirúrgicos e biomodelos realistas. 15 A AM abrange um conjunto de tecnologias que possibilita a fabricação de dispositivos médicosque possibilitam o atendimento das necessidades individuais, a exemplo de peças implantáveis, sendo possível adequar o produto a cada paciente, proporcionando resultados mais adequados em uma intervenção cirúrgica. São inúmeras as aplicações da manufatura aditiva para a da comunidade médica. A tecnologia de AM possibilita o desenvolvimento acelerado e rentável de novos dispositivos médicos, da mesma forma que produtos de uso final personalizados mais efetivos quanto a entrega e resultados no atendimento a pacientes. Esses benefícios, conforme a economia gerada e resultados de maior qualidade, são estendidos à comunidade médica, percorrendo o trajeto desde os fabricantes de dispositivos chegando até os pacientes. Até os dias atuais, treinamento, educação e teste de dispositivos clínicos exigem a utilização de manequins, modelos animais ou mesmo cadáveres humanos para experimentos práticos na realização de simulação clínica. Essas questões apresentam muitas deficiências, além da limitação de suprimentos, as despesas com manuseio e armazenagem, a carência de patologia nos modelos, incoerências com a anatomia humana e a incapacidade de representar, com refinada precisão, as especificidades dos tecidos de seres humanos vivos. Figura 5 – Peças produzidas para a área de saúde com tecnologia de manufatura aditiva Créditos: Iaremenko Sergii/shutterstock. 16 Em se tratando de cuidados de pacientes de forma individual, análise e planejamento pré-cirúrgico com uso de Tomografia Computadorizada (TC) e Ressonância Magnética (RM) até hoje apresentam imagens com certas limitações em duas dimensões. Os modelos produzidos com tecnologias de AM podem ser criados com base na anatomia real do paciente de modo a capturar a complexidade e o realismo no tratamento relativo ao corpo humano. A corrida pela inovação em AM tem ganhado destaque nesse setor. Empresas pioneiros que venham a adotar a manufatura aditiva no intuito de aplicar em aplicações ortopédicas, por exemplo, beneficiam-se da construção de geometrias complexas e estruturas em materiais de alta especificidade como é o caso do titânio. 5.4 Área de Engenharia O destaque de AM para o setor de engenharia de produção está nas impressões em 3D utilizando metal e polímeros, sendo este último o mais utilizado até o momento. No âmbito da engenharia mecânica, destacam-se a produção de diversas peças de reposição para linha de produção por meio de impressoras 3D. No campo da engenharia de manufatura, os polímeros se destacam por meio dos filamentos, termoplásticos, resinas, fibra de vidro e carga de fibra de carbono. 5.5 Área de Educação A utilização da tecnologia da manufatura aditiva vem ajudando também nas escolas e universidades no aprimoramento do ensino. As impressões realizadas em 3D oferecem um suporte didático aos professores para apresentar aos seus alunos, representações realistas do conteúdo que é estudado. 17 REFERÊNCIAS CHESHIRE, J. et al. CyberGIS for Analyzing Urban Data. In: CyberGIS for Geospatial Discovery and Innovation. Springer, Dordrecht, 2019. p. 33-52. DE REZENDE MARTINS, J. F.; DROZDA, F. O. Oportunidades de Design Para A Manufatura Aditiva. X Congresso Brasileiro de Engenharia de Produção, 2020. FREIRE, T. et al. 3D Printing Technology in the Construction Industry. In: Sustainability and Automation in Smart Constructions. Springer, Cham, 2021. p. 157-167. GIBSON, I.; ROSEN, D. W.; STUCKER, B. Additive manufacturing technologies: Rapid prototyping to direct digital manufacturing. Singapura: Springer, 2010. I. Gibson, D. Rosen, B. Strucker, Additive Manufacturing Technologies: 3D Printing, Rapid Prototyping and Direct Digital Manufacturing, Springer, 2ed, 2015. MARTINS, I. P; JUNIOR, R. M. 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