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1 137 AULA 00: ANTIGUIDADE UNESP Exasiu Exasiu EXTENSIVO Aula 02 Sociedade e Trabalho Profe Alê Lopes estretegiavestibulares.com.br Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 2 AULA 02 - Sociologia Sumário Introdução .......................................................................................................................... 3 1. Os sentidos do trabalho ao longo do tempo ....................................................... 3 1.1 O trabalho nas Sociedades Tribais ................................................................................. 4 1.2 O trabalho na Antiguidade Clássica e Medieval ............................................................. 6 1.3 O trabalho na Sociedade Moderna ................................................................................ 9 2. O sentido geral do trabalho na Sociedade Capitalista .................................... 14 2.1 Mudanças de concepção do sentido do trabalho ........................................................ 16 2.2 O trabalho como conflito ou coesão social .................................................................. 26 3. Organização do trabalho na sociedade capitalista dos séculos XX e XXI ... 28 3.1 O trabalho flexível: o modelo toyotista ........................................................................ 30 4. Questões UNESP ...................................................................................................... 38 5. Questões para Aprofundamento ........................................................................... 39 Gabarito ............................................................................................................................ 73 6. Questões UNESP – comentadas ............................................................................ 73 7. Questões para Aprofundamento - comentadas ................................................ 76 Considerações Finais das Aula .................................................................................. 137 Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 3 AULA 02 - Sociologia INTRODUÇÃO Queridos e queridas, o tema da nossa aula de hoje é TRABALHO. Costumamos agregar esse tema a uma grande e importante área de estudos sobre a sociedade conhecida como “Sociologia do Trabalho” ou “Sociologia do mundo do trabalho”. Para entendermos a importância que o tema do TRABALHO ganhou na sociologia, basta lembrarmos do contexto no qual se desenvolveu o pensamento sociológico: as transformações sociais impulsionadas pelo surgimento da industrialização, entre os séculos XVIII e XX. Assim, desenvolveu-se uma noção geral da relação entre produção, trabalho e formas de organização da sociedade. Justamente por isso, Marx, Weber, Durkheim, Adam Smith e muitos outros, foram estudar como as transformações do mundo produtivo, portanto, das formas de organização do trabalho, impactaram e mudaram as relações sociais. Nesse sentido, alguns conceitos já vistos nas aulas de Durkheim, Marx e Weber aparecem aqui novamente. Nesse percurso, como veremos ao longo da nossa aula, muitos sociólogos utilizaram a história para explicar as transformações do trabalho ao longo do tempo e, também, refletiram sobre os significados dessa atividade na história. Além disso, no campo dos estudos sobre o “mundo do trabalho”, um subtema é o “movimento dos trabalhadores”. Isso significa que alguns estudiosos começaram a estudar como os trabalhadores se posicionaram neste xadrez de interesses da sociedade urbano-industrial. As questões de provas que cobram esse tema partem de 3 perspectivas: os conceitos teóricos usados para explicar o “mundo do trabalho”; as transformações das formas organizativas do trabalho e a descrição e análise das condições de trabalho, considerando-se as respostas dos trabalhadores. Sendo assim, vamos caminhar com o tema trabalho pelo tempo, usando conceitos, a fim de chegarmos aos dias atuais e pensar quais são os sentidos sociais do trabalho, nos dizeres do título de um dos livros do professor Ricardo Antunes (Unicamp), “Os sentidos do trabalho”. 1. OS SENTIDOS DO TRABALHO AO LONGO DO TEMPO Na sociedade Ocidental atual, atribuímos um valor positivo e progressista ao trabalho. Desde pequeninhas, as crianças respondem as perguntas dos adultos: e aí, o que você vai ser quando crescer? Ai que lindinho, quer ser bombeiro, enfermeira, cantora, médico, jornalista, patinadora, advogada.... e por aí vai. Até que você chega na adolescência, ensino médio e vem nova pergunta: e aí vai prestar o quê? Então, espera-se que alguns tenham superado aqueles sonhos de criança...esperam algo que seja “economicamente sustentável”, socialmente reconhecido, empregável, aceito no mercado, dentre N motivos. Mas o que você quer dizer, Profe? Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 4 AULA 02 - Sociologia Quero dizer que na sociedade em que vivemos o trabalho é aceito e desejado. As pessoas são preparadas para ocuparem seus lugares no “mundo do trabalho”. O desemprego é considerado um problema social e, incessantemente, buscam-se soluções para combatê-lo. É verdade que existem outros tantos problemas, como o trabalho infantil, as diferenças de oportunidades a partir da raça, classe, cor ou nacionalidade das pessoas. Simbolicamente, para você, deve ser mais fácil entender o que estamos inferindo. Mas será que sempre foi assim? ✓ Será que o trabalho sempre foi visto como uma forma de acessar uma melhor condição de vida? ✓ Será que o trabalho infantil sempre foi considerado um problema? ✓ Será que o ócio e a desocupação sempre foram combatidos pelas sociedades? ✓ Será que a desigualdade salarial determinada pelo sexo sempre foi criticada? Assim, precisamos dar um breve rolê pelos momentos históricos mais significativos a fim de entender os sentidos que cada sociedade atribui à atividade laboral. Esse recurso é fundamental para você exercer comparações com as relações de trabalho no capitalismo, assunto que mais é cobrado nas provas. Vamos lá? 1.1 O TRABALHO NAS SOCIEDADES TRIBAIS A organização da produção nas Sociedades Tribais pode ser considerada de baixa complexidade se comparada com o que conhecemos em nossos dias. Conceitos como “acumulação”, “lucro”, “investimento”, passam longe dessas sociedades. Ou seja, não há um paralelo entre o que a História Europeia (desde Antiguidade Clássica, Era Medieval, até os dias atuais) vivenciou como trabalho e o que foi vivenciado, e ainda se vivencia, no modo de vida Tribalista. Nas Sociedades Tribais não existe uma hierarquia ou separação do trabalho por classes sociais, mas apenas uma simples divisão de tarefas por sexo e idade. As tarefas são realizadas por equipamentos/instrumentos considerados pelos padrões atuais como simples e rudimentares. Claro, reforço que essa perspectiva é segundo os padrões da modernidade, pois para o tempo e contexto dessas sociedades os instrumentos atendiam às exigências sociais em que viviam. A atividade laboral era concentrada em: caça, pesca, pequena agricultura, colheita de alimentos disponíveis na natureza. Em muitos sentidos, esse também é o modo de vida indígena e de algumas comunidades mais isoladas, encontrado em algumas regiões do país e do mundo. http://www.suapesquisa.com/indios/ Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 5 AULA 02 - Sociologia Contudo, se do ponto de vista do trabalho em si, pode-se considerar pouco complexa a interação entre homem e natureza, do ponto de vista subjetivo as Sociedades Tribais são muito complexas, com suas crenças e mitos. Não por menos que aprendemos com Émile Durkheim que a coesão social é gerada de forma mecânica pelos costumes, crenças e mitos. Sobre essa Sociedades, o antropólogo norte-americano Marshall Sahlins as denomina de “sociedadesda abundância” ou “sociedades do lazer”, pois seus membros tinham suas necessidades materiais disponíveis em abundância (na natureza) e trabalhavam poucas horas por dia, apenas o necessário para a subsistência. Veja que interessante: os índios Yanomami, da Amazônia, em geral, dedicam-se pouco mais de 3 horas por dia às atividades de trabalho em si, consideradas como produção. Já os Kung, do deserto do Kalahari, na África, dedicam-se por volta de 4 horas por dia. E por que isso profe? Veja, são especulações, mas é certo que os membros das Sociedades Tribais se relacionam de forma diferente com a natureza, com o meio em que vivem, comparando-se com o nosso estilo de vida predador da natureza. A terra, para esses Tribalistas, está recheada de significação simbólica, ou seja, possui valor cultural. Se agregarmos uma concepção marxista nesta especulação, diríamos que nas Sociedades Tribais homem e natureza não estão separados, não houve a alienação do trabalho, o estranhamento entre as duas partes, há uma conexão. Outra especulação é a que nos apresenta o antropólogo francês Pierre Clastres. Para ele as Sociedade Tribais possuem um determinado tipo de relações de trabalho que não é baseada na necessidade de acumulação de bens ou alimentos, os quais estão sempre à disposição na natureza. Diante da forma de relacionamento das Sociedades Tribais com o meio em que vivem, não é correto dizer que nelas há um mundo do trabalho, tal como se concebe modernamente. Aqui, o trabalho não tem um Valor preponderante. Isso porque, a ideia de “mundo do trabalho” está intimamente relacionada a sociedades que se desenvolveram e se estruturaram por conta do trabalho, nas quais essa categoria, TRABALHO, possui valor preponderante por ter alterado/transformado o meio em que se vive. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 6 AULA 02 - Sociologia 1.2 O TRABALHO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA E MEDIEVAL As imagens remetem a tipos, ou formas, de trabalho diferentes em momentos históricos distintos. Na antiguidade clássica, como na Roma Antiga, o regime escravista organizava a forma de produção de riquezas e as demais esferas da vida social. Já no período medieval, as relações feudais, com destaque para o trabalho servil empregado na terra, determinavam as relações entre as classes, ou melhor, os estamentos (senhores, cavaleiros, servos e cleros). Podemos sistematizar dois tipos de relações de trabalho nas Antiguidades Clássica e Medieval: Modo de produção escravista: a vida cotidiana é sustentada por aqueles que estão submetido à escravidão. Apesar de ser a característica principal das sociedades que se fundamentavam no regime escravista, como a grega e a romana, o trabalho escravo existiu até o final do século XIX. Somente após as lutas abolicionistas é que essa condição passou a ser rejeitada pela humanidade. É claro, há exceções, pois, hoje em dia, fala-se em trabalho em condições análogas/semelhantes ao trabalho escravo. Contudo, discutiremos esse assunto mais contemporâneo no momento certo. Nas sociedades em que predominou o modo de produção escravista os escravos eram, em geral, prisioneiros de guerra. Já os trabalhadores livres, em menor proporção, dedicavam-se ao artesanato e ao campesinato. Essas duas categorias de trabalhadores também estavam subordinadas às classes proprietárias. Vale lembrar que, em Atenas, os cidadãos não trabalhavam e, para que essa condição existisse, Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 7 AULA 02 - Sociologia os escravos eram peça chave no sistema grego. Para que os cidadãos tivessem tempo para se dedicar às atividades da Polis, o trabalho escravo era essencial. Por sua vez, o trabalho era considerado algo menor, ruim. O que os cidadãos atenienses valorizavam, por exemplo, era o tempo livre para pensar. O trabalho no mundo grego-romano Em Atenas, na época clássica, quando poetas cômicos qualificavam um homem por seu ofício (Eucrates, o comerciante de estopa; Lisicles, o comerciante de carneiros), naõ era precisamente para honrá-los; só é homem por inteiro quem vive no ócio. Segundo Platão, uma cidade benfeita seria aquela na qual os cidadãos fossem alimentados pelo trabalho rural de seus escravos e deixassem os ofícios para a gentalha: a vida “virtuosa”, de um homem de qualidade, deve ser “ociosa” (...). Para Aristóteles, escravos, camponeses e negociantes não poderiam ter uma vida feliz, quer dizer, ao mesmo tempo próspera e cheia de nobreza: podem-no somente aqueles que têm os meios de organizar a própria existência e fixar para si mesmos um objetivo ideal. Apenas esses homens ociosos correspondem moralmente ao ideal humano e merecem ser cidadãos por inteiro. “A perfeição do cidadão não qualifica o homem livre, mas só aquele que é isento das tarefas necessárias das quais se incumbem servos, artesãos e operários não especializados; estes últimos não serão cidadãos, se a constituição conceder os cargos públicos à virtude levando-se uma vida de operário ou de trabalhador braçal”. Aristóteles não quer dizer que um pobre não tenha meios ou oportunidades de praticar certas virtudes, mas, sim, que a pobreza é um defeito, uma espécie de vício. (VEYNE, Paul. O Império Romano. In:____.(org). Do Império Romano ao ano mil. São Paulo: Companhia das Letras. 1989. P. 124-125) Modo de produção feudal. Seu embrião remonta às relações servis do fim do Império Romano, tanto porque a população passou a se concentrar no campo, quanto porque o regime do colonato entrou em declínio. Além disso, a atividade comercial entrou em declínio e o fim das guerras diminuiu o trabalho por escravidão. Nesse sentido, a formação social do feudalismo está baseada na estrutura estamental com duas classes elementares para as relações de trabalho: senhores e servos. Estes camponeses eram quem, de fato, trabalhavam na terra para gerar certa riqueza. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 8 AULA 02 - Sociologia Veja que interessante, uma espécie de hibridismo: os servos não eram escravos, mas também não eram totalmente livres, pois estavam presos à terra e ao Senhor por meio das obrigações e taxas feudais. Na ordem feudal, ainda sob o enfoque do TRABALHO, pode-se dizer que o clero e os senhores feudais viviam do trabalho alheio. A terra era o principal meio de produção, mas os trabalhadores (os servos) não tinham direito à propriedade. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 9 AULA 02 - Sociologia Como vemos nas aulas de História, a mentalidade feudal era muito influenciada pela Igreja Católica e esta instituição pregava que a divisão desigual da sociedade fazia parte da ordem divina criada por Deus, por isso, deveria ser aceita por todos, sob pena de castigos divinos terríveis. Veja abaixo um texto de um clérigo, Eadmer de Canterbury (ou Cantuária), do século XI, que define bem a visão da época acerca do trabalho: A razão de ser dos carneiros é fornecer leite e lã, a dos bois é lavrar a terra; e a dos cães é proteger os carneiros e os bois dos ataques dos lobos. Se cada uma destas espécies de animais cumprir a sua missão, Deus protegê-la-á. Deste modo, fez ordens, que instituiu em vista das diversas missões a realizar neste mundo. Instituiu uns – os clérigos e os monges – para que rezassem pelos outros e, cheios de doçura, como as ovelhas, sobre eles derramasem o leite da pregação e com a lã dos bons exemplos lhes inspirassem um ardente amor à Deus. Instituiu os camponeses para que eles – como fazem os bois, com seu trabalho – assegurassem a sua própria subsistência e a dos outros. A outros, por fim – os guerreiros - , instituiu-os para que mostrassem a força na medida do necessário e para que defendessem dos inimigos, semelhantes a lobos, os que oram e os que cultiva a terra1. (grifos nossos) Perceberam o sentido que era atribuído ao trabalho e de quem deveria,exclusivamente, trabalhar? 1.3 O TRABALHO NA SOCIEDADE MODERNA Com a crise da ordem feudal, a partir do século XIII, o centro econômico, político, social e cultural da Europa começa a se deslocar para as concentrações urbanas, nas cidades. A burguesia (a comercial num primeiro momento) ascende como classe social importante economicamente ao mesmo tempo em que os Estados Nacionais começam a se formar e a se fortalecer, a partir do século XIV. Nesse contexto também ocorrem as grandes navegações e a conquista colonial. Isso significou a formação de uma nova ordem econômica: O Mercantilismo! Agora, preste atenção: Apesar da centralidade do trabalho para organizar a vida em sociedade, até então, como vimos, o trabalho em si não era valorizado. Aqueles que trabalhavam eram de status socialmente inferior. Mesmo nos Burgos 1 Eadmer de Cantebury. Apud. COTRIM, Gilberto. História Global. Brasil e Geral. São Paulo: Ed. Saraiva, 2012, p. 179. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 10 AULA 02 - Sociologia (as cidades durante a Idade Média), os artesãos livres eram vistos como inferiores e pagavam tributos aos reis e aos senhores. Os privilégios eram da nobreza e do clero. A lógica continuava a mesma da era medieval: trabalhar era coisa de gente inferior! Contudo, a emergência do mercantilismo e as transformações sociais e políticas iniciaram um longo processo de mudanças na estrutura e no sentido do trabalho na sociedade. Podemos pensar em 3 grandes impulsionadores dessa transformação: O Renascimento foi um Movimento Cultural que marcou as mudanças socioculturais europeias rumo à Modernidade. Esse movimento criou a base conceitual e de valores que permitiu a ascensão do pensamento racional e do método científico, nos séculos XVI e XVII. A base filosófica desse movimento, o humanismo, propunha uma revisitação e a retomada da cultura greco-romana e de seus ideais de exaltação do homem e de seus atributos naturais, quais sejam: a razão e a liberdade. Assim, nesse contexto intelectual, a lógica sobre o trabalho se relacional com o humanismo e o racionalismo. Assim, concepção de que o trabalho é humano porque é racional. A ideia de maestria, a perfeição do artesão – o mestre ao dominar o ofício, liga-se à perfeição racional do homem! Agora, some a essa concepção filosófica as reais transformações que ocorriam na realidade, ou seja, o renascimento comercial e urbano sobretudo no que se refere o surgimento e intensificação das manufaturas, bem como as corporações de ofício. Trabalho Reformas Religiosas Renascimento Cultural Renascimento Comercial e Urbano O Sapateiro, de Thomas Hill, quadro de 1885 Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 11 AULA 02 - Sociologia O artesão e os pequenos produtores trabalhavam dentro de suas próprias casas, em geral, nas cidades. Seu trabalho se caracteriza então como uma atividade doméstica e familiar, eram donos do seu tempo e de suas ferramentas. Em algumas situações alguns poderiam ser donos de oficinas e empregar os aprendizes. Lembra-se? Quanto mais livres e independentes eram as cidades, mais o comércio e o artesanato prosperavam. Diante desse cenário, novas instituições surgiam. As principais foram: As Corporações de Ofício eram comandadas pelos mestres- artesãos, em geral, os donos das oficinas. Eles empregavam pessoas que aprendiam um ofício em troca de trabalho nas oficinas. Também, recebiam alojamento, alimentação e vestuário. Os aprendizes poderiam se tornar oficiais e, a depender de autorização da Corporação de Ofício, poderiam se tornar mestres de ofício e ter sua própria oficina. Essa aprendizagem tinha 2 graduações: aprendiz e oficial. Dentro do ofício livre também havia relações de exploração, pois o mestre da corporação de ofício controlava os aprendizes e demais trabalhadores. Mesmo assim, já podemos imaginar relações de trabalho livres, cuja atividade se começou a atribuir um valor moral e social positivo. Por fim, a Reforma Protestante produziu um embate de ideias religiosas com natureza e impacto no mundo econômico e na moral da sociedade. Vamos recordar um pouco esses embates religiosos. Para perceber como eles contribuíram para a mudança na concepção de trabalho? • Associação de mercadores. Tinham objetivo de garantir o monopólio do comércio local, tabelar preços, regular a atividade mercantil. Guildas • Associação de artesãos, donos das oficinas . Tinham o objetivo de controlar a produção e a qualidade dos produtos fabricados nas oficinas locais. • Eram organizadas por especialidade (ofício). Ex. sapateiro, ferramenteiro, jornaleiro. • Funcionavam como escolas para os APRENDIZES. Corporações de Ofício Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 12 AULA 02 - Sociologia A Igreja Católica se chocou com os interesses comerciais da burguesia ascendente. Isso porque os negócios da burguesia comercial dependiam de uma expansão que muitas vezes contrariava a mentalidade religiosa, como mencionamos antes. É só pensar no debate se a Terra era redonda ou plana, discussão que influenciava as saídas para o mar e as rotas marítimas. (por sinal, uma discussão que toma as redes sociais nos dias atuais, né 😊) Os católicos também se posicionavam contrários à usura (empréstimos de dinheiro à juros), elemento determinante para as práticas comerciais da época. Primeiro surgiu o luteranismo com o monge Martinho Luthero. Mas no que se refere ao nosso tema de interesse, as concepções sobre trabalho, foi na França que se desenvolveu uma teoria que reformava a visão sobre trabalho. João Calvino desenvolveu a Teoria da Predestinação. Veja o esquema teórico do argumento calvinista: Para Calvino, o homem estava predestinado a ser salvo ou a ser condenado a danação eterna. Os predestinados eram os escolhidos de Deus. A partir dessa teoria, o trabalho intenso e a riqueza proveniente dele eram interpretados como sinal da salvação. Como não se sabia quem eram os salvos e os condenados, havia que se buscar e testar constantemente os sinais da salvação. Veja que o trabalho passa a sofrer uma alternação de sentido na medida em que deixava ser coisa de “gente inferior” para ser meio de salvação Tal entendimento contribui para uma “ética protestante” ou “ética ascética”. O modo de vida ascético consistia em viver constantemente uma vida metódica, racionalizada e de sacrifícios; rejeitar prazeres, e se dedicar a tudo o que de alguma forma agradasse a Deus. Essa era a forma como calvinistas entendiam que poderiam testar a própria salvação. Diante desses três argumentos, você entendeu o que estava acontecendo com os sentidos do trabalho no mundo moderno? Veja, a forma com que a sociedade enxergava o trabalho foi mudando: se antes trabalhar era uma atividade menor, mal vista, o trabalho vai se transformando em uma atividade que dignifica o homem. Ética ascética Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 13 AULA 02 - Sociologia As religiões protestantes passaram a conceber o trabalho como algo importante para a sociedade. Sobre isso, é conhecido o estudo de Max Weber sobre a ética protestante como a mais adequada para os objetivos das relações capitalistas de produção. Em A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (1904), Weber levanta dados quantitativos e descobre que a maioria dos homens de negócio na Alemanha eram protestantes, ou seja, ele percebeu uma característica entre a posição econômica das pessoas e as suas religiões. Para além disso, regiões com predominância protestante como Alemanha e Inglaterra, tinham a economia mercantil mais desenvolvida. Por quê, Weber se pergunta. Para explicar essa relação entre economia e religião, Weber define o que seria o “espírito” do capitalismo. Esse espírito seriam ideias e hábitos que favorecem uma busca racional individualistade ganho econômico. De um lado, o capitalismo com um sistema que leva as pessoas a maximizarem suas ações para buscarem dinheiro, lucro, do outro, a profissão é vista como um dever. Pronto: o trabalho racionaliza a vida em sociedade. 1 O cambista e a sua mulher. Quentin Matsys, Museu do Louvre, Paris. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 14 AULA 02 - Sociologia 2. O SENTIDO GERAL DO TRABALHO NA SOCIEDADE CAPITALISTA A partir do advento da Revolução Industrial e do desenvolvimento do capitalismo, as relações de trabalho passaram a ser caracterizadas pela lógica do sistema capitalista. Isso significa que o trabalho passou a ser predominantemente ASSALARIADO. Do ponto de vista histórico das classes trabalhadoras, vejamos os sujeitos que mudaram de condição social entre o fim do período medieval, passando pelo mercantilismo e até a ascensão do capitalismo: Mas como foi isso, Alê? Como se chegou ao trabalho assalariado? Boa pergunta, o desenvolvimento e complexificação das formas produtivas tem como sentido geral a perda do controle do artesão sobre o espaço produtivo, as ferramentas e a matéria-prima. Veja o esquema: Essa alienação (separação) ocorreu por meio de dois processos da forma de organização do trabalho: Volte na nossa Aula 01, no tópico 1.2 sobre Trabalho e Alienação Separação entre moradia e local de trabalho 1- Impossibilidade de acesso às novas ferramentas de trabalho, que foram se tornando cada vez mais complexas e caras 2- Perda de acesso às mat[erias-primas que passam a ser controladas por gruposeconomicamente mais poderosos 3- Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 15 AULA 02 - Sociologia 1- Cooperação simples (oficina): Era a que ocorria entre o Mestre e o Aprendiz, como descrito acima. 2- Cooperação avançada (ou manufatura): o trabalhador continuava a ser um artesão, mas perdia a noção de todas as etapas do processo produtivo. É aqui que ocorre a consolidação do trabalho coletivo, ou seja, o produto final é resultado da atividade especializada de muitos trabalhadores. É aqui também que aparece o salário. Aqui é o proprietário que define todos os elementos da produção: tempo de trabalho, ferramentas, local de trabalho, comportamento esperado, regras de convivência, entre outros. Assim, o salário poderia ser pago pelo tempo de trabalho ou pela quantidade de produção executada em um período. No que diz respeito às classes dominantes, os grandes comerciantes e os burgueses, principalmente a partir da acumulação de capital ao longo do mercantilismo, passaram a investir em novas formas de produzir mercadorias. Esses investimentos contaram com o avanço tecnológico. Foi assim que chegamos à maquinofatura conhecida como Revolução Industrial, em que o espaço do trabalho passou a ser a fábrica. Veja o que Karl Marx escreve sobre a importância da burguesia e do seu ímpeto inovador: A burguesia não pode existir sem revolucionar continuamente os instrumentos de produção e, por conseguinte, as relações de produção, portanto todo o conjunto das relações sociais. A conservação inalterada do antigo modo de produção era, ao contrário, a primeira condição de existência de todas as classes industriais anteriores. O contínuo revolucionamento da produção, o abalo constante de todas as condições sociais, a incerteza e a agitação eternas distinguem a época burguesa de todas as precedentes (MARX; ENGELS, 1996, p. 69). (grifos nossos) Em História geral da economia, livro publicado em 1923, Max Weber afirma que as mudanças ocorridas no processo produtivo, como as longas jornadas de trabalho nas fábricas inglesas, foram necessárias para que o capitalismo existisse. Semelhante a uma compreensão de Marx e Engels sobre o capitalismo (apenas em alguns pontos), Weber constata que, apesar de livre, o trabalhador, na prática, foi forçado a condições de trabalho precárias para não morrer de fome. Assim, precisamos ficar atentos às contradições que acompanham a implantação do trabalho livre assalariado na sociedade capitalista. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 16 AULA 02 - Sociologia Vejamos nas palavras do Sociólogo alemão: O recrutamento de trabalhadores para a nova forma de produção, tal como se encontra desenvolvida na Inglaterra, desde o século XVIII, à base da reunião de todos os meios produtivos em mãos do empresário, realizou-se através de meios coercivos bastante violentos, particularmente de caráter indireto. Entre eles, figuram antes de tudo, a “lei de pobres” e a “lei de aprendizes”, da rainha Elizabeth. Tais regulações se fizeram necessárias, dado o grande número de “desocupados” que existia no país, gente que a revolução agrária transformara em deserdados. A expulsão dos pequenos agricultores e a transformação das terras de lavoura em campos de pastagem (...) determinaram que o número de trabalhadores necessário na lavoura se tornasse cada vez menor, dando lugar a que, na cidade, houvesse um excedente de população, que se viu submetido a trabalho coercitivo. Quem não se apresentava voluntariamente era conduzido às oficinas públicas dirigidas com severa disciplina. Quem, sem permissão do mestre-artífice, ou empresário, abandonasse seu posto de trabalho, era tratado como vagabundo; nenhum desocupado recebia ajuda senão mediante seu ingresso nas oficinas coletivas. Com este procedimento, recrutaram-se os primeiros operários para a fábrica. Um serviço penoso somava-se a esta disciplina de trabalho. Mas o “poder” da classe abastada era absoluto; apoiava-se na administração, por meio de juízes de paz, que, na falta de uma lei apropriada, distribuíam justiça de acordo com um amontoado de instruções particulares, segundo um arbítrio próprio. Até à segunda metade do século XIX, dispuseram de mão de obra como bem entendiam. (WEBER, Max. História geral da economia. São Paulo: Mestre Jou. 1968. p 273-274) 2.1 MUDANÇAS DE CONCEPÇÃO DO SENTIDO DO TRABALHO As mudanças no processo produtivo também acompanharam alterações na concepção sobre o sentido do trabalho. Na verdade, nesse momento histórico, os discursos e as leis foram elementos fundamentais para inovar ideário que cercava o mundo do trabalho. Vejam, definitivamente o trabalho passa de atividade penosa para aquela que dignifica o ser humano. Contudo, diante das péssimas condições de trabalho a que os trabalhadores estavam submetidos, foi difícil convencer de que o trabalho, agora, era bom! Vamos relembrar um pouco os impactos sociais da Revolução Industrial no que se refere ao mundo do trabalho? Essa contextualização é muito importante para entender as transformações no sentido do trabalho: Como falamos, a Revolução Industrial é um sistema que criou novas relações sociais. A mais estruturante delas foram as relações de trabalho estabelecidas entre proprietários e não-proprietários. Na acepção clássica dos economistas do século XIX: a relação entre capital e trabalho. A maquinofatura se caracteriza pela divisão do trabalho a partir de atividades especializadas. Dentro da fábrica, os trabalhadores são aqueles que trocam seu tempo de trabalho por salário. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 17 AULA 02 - Sociologia No entanto, o que os inúmeros estudos no campo da história, da economia, da etnografia e até mesmo das artes demonstram é que as condições nas quais os trabalhadores executavam suas atividades eram aviltantes. A partir dessas pesquisas podemos citar: Horas longas e trabalho duro não eram novidade para aqueles que sempre viveram da força do seu trabalho braçal: os pobres! Mas trabalhar na fábrica é diferente de trabalhar no campo. No campo, o controle da jornada e do tempo é mais possível ao próprio trabalhador. Os períodos eram mais folgados.No inverno, por exemplo, a falta de luz diminuía o número de horas em que se trabalhava. Já aqueles que teciam em oficinas domésticas podiam até certo ponto estabelecer seus próprios horários. Nos bairros operários é o apito que controla o horário de trabalhar e descansar das pessoas. Esse momento, diga-se de passagem, era sempre o menor. Reflita sobre esse tema, pois os Vestibulares amam perguntar sobre o “controle do tempo”: se o próprio homem, se Deus ou se a fábrica! Nessa conjuntura, as crises entre trabalhadores e proprietários se intensificaram e, com isso, surgiram as organizações de trabalhadores. De um lado, os proprietários chamados de patrões desejavam manter seus custos sempre os menores possíveis; de outro, os trabalhadores exigiam melhores condições de trabalho e aumento de salários. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 18 AULA 02 - Sociologia 2Essa gravura fez parte de um relatório do Parlamento Inglês sobre o trabalho infantil nas minas de carvão. Ela mostra um trapper abrindo uma porta subterrânea para um hurrier que empurra um vagão cheio de carvão. Segundo o relatório, crianças dentre 5 e 10 anos, os trappers, passavam doze horas por dia sentados sozinhos no escuro, abrindo e fechando portas. Os hurriers, em geral meninas, empurravam os carrinhos com cerca de 400 quilos por até 6 quilômetros por dia, entre o veio do carvão e o elevador da mina em túneis de 50 centímetros de altura Mas Profe, não existia nenhuma lei que falasse sobre tempo de trabalho, de trabalho infantil ou sobre o quanto se precisava ganhar para viver em Londres? Apenas em 1842, em consequência do relatório e dos protestos dos operários, surgiu a Lei das Minas, que proibiu o emprego de crianças de menos de 10 anos bem como de mulheres. Veja, somente as crianças menores de 10. Com 10 já poderia trabalhar nessas condições. Contudo, as teorias do liberalismo econômico tinham uma interpretação sobre a atribuição de valor ao trabalho: a mesma de qualquer mercadoria. Grosso modo, quando estudamos os aspectos econômicos do liberalismo, aprendemos que a lei da oferta e da procura deve determinar o valor das mercadorias. Por suposto, se o trabalho é entendido como mercadoria, então, o valor a ser pago pelo trabalho é determinado pelo mercado, ou melhor, pela quantidade de mercadoria existente no mercado. Por isso, nem Estado, nem sindicatos e nem os patrões poderiam regular essa “lei natural” do mercado. Evidentemente, com o número exagerado de pessoas vivendo nas cidades, por essa lógica liberal, o salário poderia chegar a um fator quase nulo. Moralmente, a classe de proprietários se via livre de qualquer julgamento cristão acerca das péssimas condições de vida a que seus empregados, inclusive crianças, estavam submetidos. Contudo, a diferença da riqueza produzida e dos salários recebidos, somada às péssimas condições de vida dos trabalhadores, gerava tensões entre as duas classes sociais fundamentais da economia industrial: proprietários e não proprietários. 2 Children in Mines. Disponível em: https://museum.wales/articles/2011-04-11/Children-in-Mines/. Acessado em 22-04-2019. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 19 AULA 02 - Sociologia Diante dessa tensão, os operários iniciaram uma série de movimentos contra esse estado de exploração. Foi assim que, em 1811 surgiu o movimento ludita. Era um movimento revoltoso, espontaneístas e praticado por trabalhadores que quebravam as máquinas. Em geral, boicotavam as caldeiras das máquinas gerando inundação em fábricas e minas de carvão. Muitas vezes, muitos trabalhadores saiam ferido dessas ações. Percebendo a necessidade de se organizar melhor, alguns operários começaram um movimento político chamado Cartismo. O movimento cartista começou a exigir o direito ao voto aos operários. Dessa forma, os trabalhadores poderiam ser eleitos para o parlamento inglês. Em decorrência, teriam condições de exigir leis para melhorar as condições de vida da classe trabalhadora. Essa foi uma longuíssima batalha até final do século XIX. No meio do caminho, os operários aprimoraram a ideia de “rebelião” operária, pois perceberam que ao destruir as máquinas, perdiam o mínimo que tinham. Ou seja, perceberam que capital e trabalho compõem uma relação de dependência. Mas precisavam de um novo instrumento para reclamar suas reivindicações. Como, na maioria das vezes, não eram recebidos para o diálogo e a negociação, criaram a greve. Greve é a situação na qual os trabalhadores param de trabalhar momentaneamente, ou seja, paravam a produção das máquinas. Com isso, eles esperavam chamar a atenção dos patrões, uma vez que máquina parada é prejuízo. Para organizar essas ações e as pautas de reivindicações, os trabalhadores criaram sindicatos, chamados na Inglaterra de trade unions. Nesse momento da história, os sindicatos foram uma importante forma de diálogo e de resistência dos trabalhadores contra o abuso e a exploração de um setor dos proprietários. Afinal, esses conflitos se estenderam durante todo o século XIX. Para finalizar quero chamar sua atenção para o fato de que as ações e instituições mudam ao longo do tempo. Por isso, vocês devem olhar esses elementos no seu tempo histórico para, assim, perceber o contexto O quarto Estado. Giuseppe Pellizza da Volpedo. Óleo sobre tela, 1901. Museu do Novecento, Milão, Itália. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 20 AULA 02 - Sociologia do surgimento, a função que desempenhavam, a importância que tiveram, as relações que estabeleceram, entre outros. Jamais, jamais mesmo cometam o erro de serem anacrônicos: ou seja, olhar para o tempo histórico passado com os significados atuais. Aqui, vamos resgar uma discussão sobre as limitações à Jornada de Trabalho. Robert Owen defendeu a tese de que a qualidade do trabalho de uma pessoa está relacionada com a qualidade de vida do mesmo e para qualificar a produção de cada trabalhador seria necessário fornecer melhorias nas áreas de salários, habitação, higiene e educação, proibir o trabalho infantil e determinar uma quantidade máxima de horas de trabalho de dez horas e meia. Assim, em 1817 ele formulou o objetivo do dia de oito horas e cunhou o lema de oito horas de trabalho, oito horas para viver e oito horas de descanso .Em 1866, a Associação Internacional do trabalhadores definiu o estabelecimento da jornada de trabalho de 8 horas como a principal meta do movimento operário, sem a qual nenhuma das outras reivindicações surtiria efeito na melhoria da vida dos trabalhadores. Sobre a jornada de trabalho no Brasil, leia o trecho da pesquisa do Cientista Político José Eduardo Galvão, A disputa pela regulamentação da jornada de trabalho no Brasil nos anos 1930 (FAPESP, 2005). Diz o autor: “Do ponto de vista histórico, a disputa pelo estabelecimento de uma jornada normal de trabalho recorrentemente apareceu nas diferentes etapas do processo de formação do capitalismo. Mesmo nos períodos mais embrionários da acumulação mercantil, podemos encontrar registros que denotam certa preocupação com as condições de trabalho e, por suposto, com a jornada de trabalho. As ideias do inglês Thomás Morus compiladas no livro A Utopia (século XVI) esboçam um Estado preocupado com a organização da produção e dos que produzem3. Uma nota do tradutor esclarece-nos que na época de Morus, a jornada de trabalho para operários e camponeses ingleses era de 14 horas diárias, com duas de descanso4. Assim, nas cinco páginas em que desenvolve esta temática, Morus idealiza que as 24 horas do dia deveriam ser desmembradas da seguinte forma: “o dia solar é dividido em vinte e quatro horas de igual duração, seis das quais consagradas ao trabalho: três antes do meio-dia, seguidas de duas horas de repouso, e mais três terminadas com a refeição da noite. Na oitava hora, que eles contam a partir domeio-dia, todos vão se deitar e dedicam oito horas ao sono.”5. Doravante, a reflexão sobre o quanto se devia 3 MORUZ, Tomás, A Utopia, Porto Alegre: L&PM POCKET, 1997. 4 Idem, p. 80. 5 Idem, Ibidem. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 21 AULA 02 - Sociologia trabalhar passou a aparecer mais intensamente na proporção em que o capitalismo se desenvolvia. No século XIX, sob as condições da expansão da fase concorrencial do capitalismo, outros debates sobre o tempo de trabalho afloraram. O capítulo “A jornada de trabalho” de O Capital, de Karl Marx, propõe a discussão acerca das condições que contribuíram para a determinação da jornada normal de trabalho. Neste texto, Marx alega que no sistema capitalista não basta o trabalho necessário à subsistência do trabalhador, é preciso um tempo de trabalho excedente para a produção de mais valia6. A jornada de trabalho, então, é um elemento central para se definir a quantidade de mais valia extraída do trabalhador. Mesmo em Morus, a problemática acerca do impacto da redução ou aumento do tempo de trabalho ao longo do processo de produção já era pensada, muito embora sem o rigor analítico de Marx. “Se todos trabalham apenas seis horas, pensarão vocês, não haverá inevitavelmente o risco de uma escassez de primeira necessidade? Longe disso: com frequência, esta curta jornada de trabalho produz não apenas em abundância, mas também em excesso tudo o que é indispensável à manutenção e ao conforto da vida.”7 Por conseguinte, à luz das noções desenvolvidas por Marx, no decorrer do processo de regulamentação da jornada de trabalho, o Estado assumiria posturas distintas conforme dois momentos diferentes relacionados à luta entre capital e trabalho: no primeiro, o Estado intervém para coibir a indisciplina para com o trabalho – “vagabundagem”- e obrigar o cumprimento da semana de trabalho pelos trabalhadores; no segundo, a centralidade está na luta dos trabalhadores pela diminuição do tempo de trabalho e na correlação de forças dentro e fora do Estado que possibilita o estabelecimento de uma jornada normal de trabalho.” Diante desse contexto histórico podemos imaginar que foi fundamental consolidar uma nova concepção sobre a atividade laboral. Ela precisava ganhar um valor moral, para além da simples relação monetária da vida de uma mercadoria. Assim, o eixo central dessa “campanha massiva” foi divulgar a ideia de que todo mundo ganhava com as novas formas de trabalho na nova realidade da grande indústria. Vejamos os setores da sociedade que contribuíram para a formação dessa mentalidade: A Igreja Quanto às igrejas protestantes já falamos bastante da relação entre a ética protestante e o espírito para a disciplina do trabalho no capitalismo. Quanto à Igreja Católica, o que vimos foi a transformação do ócio em pecado, logo, no trabalho em algo que dignifica o homem. Segundo a Igreja, o homem que não trabalhava era um preguiçoso e a preguiça é considerada um dos sete pecados capitais. 6MARX, Karl. O Capital, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, capítulo VIII,20a edição, 2002. 7 MORUS, Thomas, op.cit, 1997, p.81. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 22 AULA 02 - Sociologia Leis contra a vagabundagem As pessoas desocupadas eram consideradas vagabundas. Exatamente o que você leu! Mesmo que a pessoa procurasse trabalho, e não conseguisse, ela poderia ser considerada alvo da lei. Então, era uma lei que ao mesmo tempo atuava no sentido pedagógico com a noção de vagabundagem, ela penalizava prendendo os ociosos. As pessoas eram obrigadas a manterem-se ocupadas o tempo todo, mesmo se ela não quisesse se submeter àquelas condições aviltantes de trabalho. As escolas e a educação moral e a disciplina do corpo para o trabalho industrial. As escolas se massificavam nessa época como um espaço cuja organização estava muito voltada para o disciplinamento do corpo e dos costumes para o trabalho urbano. As carteiras enfileiradas, o uniforme, o sinal sonoro que controla o tempo, a troca de professores, o silêncio dos alunos frente à palestra do professor e, até mesmo, os castigos físicos. Além disso, o conteúdo dos ensinamentos estava carregado por uma carga de ensinamentos morais acerca da ideia de que trabalhar era muito bom e útil. Quem se lembra daquele conto infantil “A cigarra e a formiga? Então, ele foi criado nessa época. A cigarra, folgada e festeira, no final, levou a pior. Passou fome no inverno porque não trabalhou no verão. Nos dizeres do século XXI: “não fez sua reserva de emergência”. O que vimos, na história real, foi que o trabalhador estava livre, quer dizer, não era nem escravo e nem servo, mas trabalhava cada vez mais horas do que nunca havia trabalhado! EVOLUÇÃO DAS HORAS DE TRABALHO SEMANAL Período Inglaterra França 1650-1750 45 a 55 horas 50 a 60 horas 1750-1850 72 a 80 horas 72 a 80 horas 1850-1937 58 a 60 horas 60 a 68 horas Fonte: Cunha, Newton. A felicidade imaginada: a negação do trabalho e do lazer, 1987, p. 37 A cigarra e a formiga. Fábulas de La Fontaine, 1867. Ilustração: banco de imagens do Estratégia Vestibulares Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 23 AULA 02 - Sociologia (UFU 2015) Em 2006, o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) lançou um estudo intitulado “A jornada de trabalho no Brasil” na qual se pode ler que [...] com exceção das conquistas obtidas em acordos ou convenções coletivas desde a Constituição de 1988, praticamente todas as alterações nos direitos trabalhistas foram no sentido de diminuir direitos e/ou de intensificar o ritmo de trabalho. DIEESE. A Jornada de Trabalho no Brasil. Disponível em <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BA5F4B7012BAB0CD8FE72AD/Prod02_200 6.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2015. Tomando por base as reflexões de Karl Marx acerca da jornada de trabalho e seus conhecimentos sobre a realidade nacional, é correto afirmar que: a) Tal como todo aparato jurídico burguês, a Constituição de 1988 trouxe consigo a redução dos direitos trabalhistas e a ampliação da exploração sobre o trabalho. b) A redução de direitos trabalhistas é uma marca presente em todos os Estados de Bem- Estar Social no centro e na periferia do capitalismo. c) Intensificar o ritmo de trabalho significa, em outras palavras, ampliar a extração de mais valia relativa. d) Vive-se o paradoxo de a redução dos direitos conviver com um momento especial de crescimento e ofensiva da mobilização sindical. Comentários A questão aborda um conceito bem específico de Marx, o de mais valia. Quando o trabalhador é obrigado a trabalhar por mais tempo, aumenta a mais-valia absoluta. Logo, relaciona: aumento da jornada de trabalho, aumento da extração da mais valia absoluta, uma questão de quantidade. No entanto, quando, em um mesmo período de tempo, o trabalhador produz mais, ou seja, aumento da produtividade, o que se está aumentando é a mais-valia relativa. Esse aumento é proporcionado por conta das inovações tecnológica e por conta das mudanças/reestruturações no processo de produção. Gabarito: C (Unicamp 2013) “O Plenário da Câmara aprovou, em segundo turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 438/01, do Senado, que permite a expropriação de imóveis rurais e urbanos onde a fiscalização encontrar exploração de trabalho escravo, e os destina à reforma agrária e a programas de habitação popular. A proposta é oriunda do Senado e, como foi modificada na Câmara, volta para exame dos senadores”. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 24 AULA 02 - Sociologia (“Aprovada PEC do trabalho escravo”. Notícias online no sítio da Comissão Pastoral da Terra. Disponível em http://www.cptnacional.org.br/index.php/noticias/49-trabalhoescravo/1099- aprovada-pec-do-trabalho-escravo. Acessado em 04/08/2012.) Emborao Brasil esteja plenamente inserido na era da denominada sociedade digital e do consumo, e a população tenha conquistado algumas garantias para o exercício de sua cidadania, o país ainda enfrenta relações de exploração de trabalho análogas às do período da escravidão. Sobre o trabalho escravo no Brasil, pode-se afirmar que: a) É uma prática mantida por fazendeiros do interior do Brasil que, embora registrem em carteira seus funcionários, não realizam de maneira adequada o pagamento de um salário mínimo, conforme obriga a lei em vigor. b) As relações de exploração de trabalho análogas à escravidão são identificadas pelos fiscais do Ministério do Trabalho apenas em regiões distantes dos grandes centros urbanos, onde a presença do Estado é precária. c) É uma prática mais comum nas fazendas de produção de carvão e de criação de gado do interior do Brasil, sendo quase inexistente nas fazendas modernas de produção de grãos e de cana-de-açúcar. d) Relações de exploração de trabalho análogas à escravidão ainda são encontradas em diferentes partes do país, tanto em áreas rurais quanto em áreas urbanas. Comentários O próprio texto da lei sugere a existência de trabalho escravo, seja em áreas rurais, seja em áreas urbanas. De fato, o trabalho escravo é um fenômeno que ocorre em diferentes partes do país e com características diversas, tal como afirma a alternativa. Dentro desse assunto, vejamos uma definição sobre trabalho escravo no mundo contemporâneo, conforme o movimento Reporter Brasil8: O que é trabalho escravo De acordo com o artigo 149 do Código Penal brasileiro, são elementos que caracterizam o trabalho análogo ao de escravo: condições degradantes de trabalho (incompatíveis com a dignidade humana, caracterizadas pela violação de direitos fundamentais coloquem em risco a saúde e a vida do trabalhador), jornada exaustiva (em que o trabalhador é submetido a esforço excessivo ou sobrecarga de trabalho que acarreta a danos à sua saúde ou risco de vida), trabalho forçado (manter a pessoa no serviço através de fraudes, isolamento geográfico, ameaças e violências físicas e psicológicas) e servidão por dívida (fazer o trabalhador contrair ilegalmente um débito e prendê-lo a ele). Os elementos podem vir juntos ou isoladamente. O termo “trabalho análogo ao de escravo” deriva do fato de que o trabalho escravo formal foi abolido pela Lei Áurea em 13 de maio de 1888. Até então, o Estado brasileiro tolerava a 8 Disponível em: https://reporterbrasil.org.br/trabalho-escravo/. Acesso em: 08/03/2021. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 25 AULA 02 - Sociologia propriedade de uma pessoa por outra não mais reconhecida pela legislação, o que se tornou ilegal após essa data. Não é apenas a ausência de liberdade que faz um trabalhador escravo, mas sim de dignidade. Todo ser humano nasce igual em direito à mesma dignidade. E, portanto, nascemos todos com os mesmos direitos fundamentais que, quando violados, nos arrancam dessa condição e nos transformam em coisas, instrumentos descartáveis de trabalho. Quando um trabalhador mantém sua liberdade, mas é excluído de condições mínimas de dignidade, temos também caracterizado trabalho escravo. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, através de sua relatora para formas contemporâneas de escravidão, apoiam o conceito utilizado no Brasil. Gabarito: D A partir de uma compreensão mais sistêmica do modelo de sociedade brasileira, podemos estabelecer que, No Brasil, há abundância do quantum de trabalhadore\a(s) desempregado\a(s), que marcados pela coação econômica, pelo analfabetismo ou baixo grau de escolaridade e pela ausência de oportunidades de emprego nas localidades das suas residências, acabam se submetendo às práticas mais arcaicas de exploração e superexploração do trabalho, como é exemplo, o trabalho análogo à escravidão. O Capital se vale das péssimas condições de vida, que grande parte da classe trabalhadora está submetida para intensificar os graus de exploração do trabalho. Daí que se cria um discurso ambíguo por parte da classe dominante, que muitas vezes reflete também no discurso de parte da classe trabalhadora, valorizando apenas o fato que é preciso trabalhar, muito embora, um trabalho bárbaro, cruel, um infortúnio ou uma incontingência para pobres e desprovidos de quaisquer bens, que se iludem com a possibilidade de trabalhar e acabam envolvidos em dívidas, em locais de trabalho longínquos, sem direitos e imersos à violência. Tampouco, se fazem presentes o rechaço à burla dos direitos individuais e coletivos, nos projetos alternativos para o Brasil - ou para a classe trabalhadora -, ou mesmo as críticas acadêmicas que, na maioria das vezes, não ultrapassam o denuncismo (THOMAZ JUNIOR, 2017).9 (UFPR 2022) Considere a seguinte passagem: No final do século XIX e início do século XX, inúmeras leis de “proteção” à mulher passaram a proibir o trabalho feminino em ocupações consideradas mais pesadas ou perigosas, já que isso havia trazido problemas de ordem “moral” resultantes do fato de as mulheres terem mais mobilidade fora do espaço da casa. Na França, uma lei de 1892 proibia as mulheres de 9 SOUSA, Edvânia Ângela. THOMAZ JR, Antonio. Trabalho análogo a escravo no Brasil em tempos de direitos em transe. Revista Pegada. Vol. 20. N. 1. Jan-abr/2019, pp. 185-209. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 26 AULA 02 - Sociologia exercer o trabalho noturno. No Brasil, a mesma proibição foi expressa em um decreto de 1932. Embora muitas dessas leis visassem à “proteção” das mulheres, exploradas pela indústria – assim como ocorria com as crianças -, acabaram por confiná-las aos cuidados domésticos e a trabalhos realizados em casa, sub-remunerados. Durante o século XX, as duas guerras mundiais voltaram a impulsionar a presença das mulheres nas indústrias, pois, nesses momentos, os esforços produtivos eram necessários. No entanto, com o fim do período de guerras, novamente se reivindicou o retorno das mulheres à casa. O modelo de família almejado pela sociedade industrial e fordista do pós-guerra centrou-se, então, no “homem provedor e na mulher cuidadora”. (SILVA, Afrânio et. al. (orgs). Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016. p. 338) Sobre a participação das mulheres no mercado de trabalho, assinale a alternativa correta. a) A inserção das mulheres no mercado de trabalho global significou a superação das desigualdades de gênero pela conquista do poder financeiro. b) A divisão de trabalho fundamentada nos sexos levou as mulheres para fora do espaço doméstico contribuindo para a superação do patriarcado. c) O desenvolvimento do capitalismo aboliu a distinção entre as atividades que tem lugar no espaço da família considerado “reprodutivo”, e no espaço público, considerado “produtivo. d) A existência de uma dupla jornada(no trabalho e em casa), por vezes tripla (no trabalho, em casa e na universidade), é um dos motivos para a proibição do trabalho das mulheres. e) A proibição do trabalho noturno para as mulheres reforçou um efeito perverso da divisão sexual do trabalho. Gabarito: E 2.2 O TRABALHO COMO CONFLITO OU COESÃO SOCIAL Diante de tudo o que já estudamos até aqui, você já deve estar imaginando que as relações de trabalho, bem como esse novo trabalho industrial, tornaram-se um tema fundamental para os para os estudos sociológicos. Diferentemente das sociedades anteriores ao surgimento do capitalismo, nas quais a técnica empregada no processo de produção dos bens, dos serviços e das mercadorias permaneceram as mesmas durante séculos, em nosso tempo – na Contemporaneidade – as relações de produção se tornaram mais complexas. Essa complexidade é resultado da crescente divisão social do trabalho, sendo os autores Émile Durkheim e Karl Marx as referências neste debate. Algumas elaboraçõessobre o objeto trabalho nestes dois autores nós já vimos na Aula 01. Aqui vou enfatizar os pontos mais importantes para a Sociologia do Trabalho. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 27 AULA 02 - Sociologia Para Marx, com o aumento da produção dos itens necessários à vida social, o excedente gerado provocou uma tendência à sedentarização das pessoas. A divisão social do trabalho passou a ser, em linhas gerais, da seguinte forma: alguns produziam diretamente e outros passaram a administrar o excedente. Mais adiante na História, em um contexto de Urbes (burgos), a divisão social se tornou mais complexa: o trabalho rural, via agricultura, passou a fornecer alimentos e os centros urbanos a fornecer comércio, serviços e mercadorias industrializas. Em seguida, a divisão social do trabalho, do ponto de vista marxista, passou a ser: donos do meio de produção (capitalistas) e donos da própria força de trabalho (proletários). Essa relação social se expandiu para os diversos cantos do mundo. Vale ressaltar que, no interior das fábricas houve outras divisões: o diretor, o gerente, o supervisor, o encarregado, e os operários “do chão de fábrica”. Diante disso, quando estudamos a categoria trabalho no marxismo, a divisão social do trabalho assume contornos de uma tensão, um confronto entre formas de propriedade, distribuição de renda entre os indivíduos, formação das classes sociais e até disputas simbólicas. Daí surge a noção de luta de classes para o marxismo. Émile Durkheim, por sua vez, faz uma abordagem distinta da de Marx. No livro Da divisão do trabalho social, o francês demonstra que a crescente especialização do trabalho promovida pela industrialização trouxe uma forma de solidariedade no funcionamento da sociedade, e não o conflito, de modo que passou a contribuir para a coesão social. Na Aula 00 do nosso curso vimos o conceito de Solidariedade Orgânica. Vamos resgatar? O que nos diz Durkheim sobre a Solidariedade Orgânica? Enquanto a precedente [a solidariedade mecânica] implica que os indivíduos se assemelham, esta [ a solidariedade orgânica] supõe que eles diferem uns dos outros. A primeira só é possível na medida em que a personalidade individual é absorvida na personalidade coletiva; a segunda só é possível se cada um tiver uma esfera de ação própria, por conseguinte, uma personalidade. É necessário, pois, que a consciência coletiva deixe descoberta uma parte da consciência individual, para que nela se estabeleçam essas funções especiais que ela não pode regulamentar; e quanto mais essa região é extensa, mais forte é a coesão que resulta dessa solidariedade. De fato, de um lado, cada um depende tanto mais estreitamente da sociedade quanto mais dividido for o trabalho nela e, de outro, a atividade de cada um é tanto mais pessoal quanto mais for especializada. Sem dúvida, por mais circunscrita que seja, ela nunca é completamente original; mesmo no exercício de nossa profissão, conformamo-nos a usos, a práticas que são comuns a nós e a toda a nossa corporação. Solidariedade Mecánica comum em sociedaes menos complexas. Aqui cada individuo realiza tarefas direcionadas à sobrevivencia. Predominio de crenças, tradições e costumes. Solidariedade Orgânica própria de sociedades mais complexas, em que há diversidade de trabalho. A coesão social está na interdependencia entre os indivíduos em função da divisão social do trabalho. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 28 AULA 02 - Sociologia Mas, mesmo nesse caso, o jugo que sofremos é muito menos pesado do que quando a sociedade inteira pesa sobre nós, e ele proporciona muito mais espaço para o livre jogo de nossa iniciativa. Aqui, pois, a individualidade do todo aumenta ao mesmo tempo que a das partes; a sociedade torna-se mais capaz de se mover em conjunto, ao mesmo tempo em que cada um de sues elementos tem mais movimento próprios. Essa solidariedade se assemelha à que observamos entre os animais superiores. De fato, cada órgão aí tem sua fisionomia especial, sua autonomia, e, contudo, a unidade do organismo é tanto maior quanto mais acentuada essa individuação das partes. Devido a essa analogia, propomos chamar de orgânica a solidariedade devida à divisão do trabalho. (DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes. 1999. P 108- 109) Pois bem, queridos e queridas, passados o momento inicial do capitalismo, a virada do século XIX para o XX nos reservou outras discussões em torno dos sentidos do trabalho. O destaque é para as formas de organização do processo produtivo, portanto, as formas de organizar o trabalho. Vamos ver como foi isso. Já adianto: esse assunto despenca na sua prova! 3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NA SOCIEDADE CAPITALISTA DOS SÉCULOS XX E XXI A virada do século XIX para o XX presenciou, nos países de capitalismo avançado, transformações no processo produtivo. As fábricas, as organizações produtivas e a própria administração pública dos Estados, passou por um processo de racionalização, padronização e produção em série. Nesse sentido, o mundo do trabalho passou a contar com dois modelos: o fordismo e o taylorismo. Não são modelos opostos, concorrente, mas sim que se complementam. Em 1911, o engenheiro norte-americano Frederick W. Taylor, fez as seguintes considerações sobre a organização do trabalho com vistas a ganhos de produtividade: ❖ Aumento da divisão do trabalho por meio do fracionamento das etapas do processo produtivo, de modo que o trabalhador desenvolvesse tarefas especializadas e repetitivas. Como desdobramento, amplia-se a diferenciação entre o trabalho manual e o intelectual; ❖ Controle sobre o tempo gasto em cada tarefa e um constante esforço de racionalização, para que a tarefa seja executada em tempo cada vez menor, visando um incremento da produtividade. Por sua vez, Henry Ford (1863-1947) adotou o taylorismo na Ford Motor Company, criando, assim, o que se denomina de fordismo. Este modelo de organização da produção e do trabalho prevê: ❖ Aplicação de três princípios básicos: 1- intensificação: diminuição do tempo de duração com o emprego imediato dos equipamentos e da matéria-prima e a rápida colocação do produto no mercado; 2-economia: redução ao mínimo do volume do Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 29 AULA 02 - Sociologia estoque da matéria-prima em transformação; 3- produtividade: aumento da capacidade de produção do homem no mesmo período (produtividade) por meio da especialização e da linha de montagem. O operário ganha mais e o empresário tem maior produção. ❖ organização da linha de montagem de cada fábrica para produzir mais; ❖ controle das fontes de matérias-primas e de energia, os transportes, a formação da mão de obra. O cronômetro e a produção em massa: o modelo fordista Veja, então, que o termo fordismo tem origem no norte-americano Henry Ford, o grande empresário da indústria de automotivos. Foi em 1914 que Ford implantou em sua fábrica o modelo de organização do trabalho baseado na racionalização desenvolvida por Taylor. Sistematizando, novamente, responda rápido: quais foram essas mudanças? • Produção em série destinada a um consumo em massa; • Produção em larga escala; • Jornada de trabalho paga por dia; • Especialização e segmentação do trabalho: cada trabalhador faz uma parte Veja na imagem, 10 10 Disponível em https://www.loc.gov/pictures/item/2016850636/ Acesso em 18/22/2019. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 30 AULA 02 - Sociologia A essência do fordismo pode ser resumida em: produção e consumo em larga escala. Nas palavras do professor Ricardo Antunes, da Unicamp, Iniciamos, reiterando que entendemos o fordismo fundamentalmente como a forma pela qual a indústria e o processo de trabalho consolidaram-se ao longo deste século [XX], cujos elementos constitutivosbásicos eram dados pela produção em massa, através da linha de montagem e de produtos mais homogêneos; através do controle dos tempos e movimentos pelo cronometro fordista e produção em série taylorista; pela existência do trabalho parcelar e pela fragmentação das funções; pela existência de unidades fabris concentradas e verticalizadas e pela constituição/consolidação do operário-massa, o trabalhador coletivo fabril, entre outras dimensões11. 3.1 O TRABALHO FLEXÍVEL: O MODELO TOYOTISTA Na década de 1970, por sua vez, houve um outro salto tecnológico, com a automação, a robótica a microeletrônica. Aquilo que se conhecia como processos produtivos fordistas e tayloristas começa a mudar. Entre em cena o Toyotismo. De um ponto de vista histórico, o modelo toyotista surgiu no Japão após o término da Segunda Guerra Mundial. Em virtude das condições geográficas do país, pouco espaço geográfico e um mercado consumidor menor do que o das potências ocidentais, o Japão não conseguia se adequar ao modelo fordista de produção em massa. Assim, a empresa da família Toyota reorganizou a produção capitalista para que os produtos fossem produzidos conforme às necessidades das pessoas e não o contrário. Dessa forma, o princípio da produção em massa foi abandonado. Por isso, podemos dizer que o sistema toyotista passo a primar pela eliminação de desperdícios. Ou seja, ele “fugiu” da 11 ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. São Paulo: ed. Cortez. 6ª edição. 1999, p. 17. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 31 AULA 02 - Sociologia • superprodução; • do tempo de espera; • do transporte em longas distâncias; • do estoque; • dos defeitos em grande escala. Novas variáveis no mundo do trabalho entram em cena, como a tendência à descentralização produtiva, a segmentação da linha de produção em um modelo flexível a partir da horizontalização organizativa do processo produtivo, a automação, a produção focada no atendimento imediato ao cliente, dentre outros. Do ponto de vista conjuntural, a ampliação desse modelo de organização do trabalho foi viabilizada em função da crise econômica da década de 70, conhecida como ‘crise do petróleo’, que culminou com a alta da inflação e estagnação do crescimento econômico, tendo os mais diversos países vivenciado uma grande recessão. Em decorrência dessa conjuntura recessiva, pode-se afirmar que, a partir da crise do petróleo, o sistema fordista de produção chegou a sua exaustão (UEL 2020) Observe a figura a seguir. Os três fuscas da imagem fazem parte do acervo do Museu de Inhotim. O Fusca, antes de se tornar objeto de arte, foi símbolo da indústria automobilística mundial, hoje marcada pelos métodos toyotistas de fabricação. Com base nos conhecimentos sobre sistemas produtivos no transcurso do século XX, considere as afirmativas a seguir. I. As práticas toyotistas na indústria automobilística buscaram superar os parâmetros básicos do fordismo ao operarem com o just in time e a produção diversificada em uma mesma base de fabricação. II. O espírito da ideologia nazista de Estado forte se entrelaçou com a fabricação, na Alemanha, dos carros Volkswagen. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 32 AULA 02 - Sociologia III. Automóveis expostos em museus permitem observar transformações nos campos social e cultural do século XX, tais como a preocupação com a questão ecológica. IV. A produção em larga escala de automóveis pelas indústrias Ford marcou o nascimento da “linha de produção flexível”. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. Comentários Somente a afirmativa IV está incorreta O modelo Fordista marcou o nascimento da “linha de produção seriada”, a produção em massa da sociedade de consumo e não a flexível. Também vale ressaltar que as alterações nos modos de produção correspondem a adaptações do sistema capitalista para continuar funcionando. Gabarito: D Palavras chaves do Toyotismo: desconcentração industrial, gestão da força de trabalho, gestão participativa, controle de qualidade. A uberização do trabalho Para além do trabalho precário, tem sido comum sociólogos do trabalho e economistas, como Márcio Pochmann12, da Unicamp, utilizarem a expressão uberização para se referir a um determinado tipo de relações de trabalho. Esse tipo de trabalho tem sido mediado por aplicativos tecnológicos, os quais atualizam uma deterioração das relações trabalhistas iniciada há tempos, conforme a socióloga e pesquisadora Ludmila Costhek Abílio, do Cesito/Unicamp13. Desenvolvidos sob um novo espectro funcional, estabelecem novas relações de trabalho e modificam a ideia de chefe e empregado, pois o trabalhador passa a ser “dono” do que faz. A antiga figura do patrão se esvaiu. Agora os trabalhadores respondem a uma massa 12 POCHMANN, Márcio. A nova classe do setor de serviços e a uberização da força de trabalho. Revista do Brasil. São Paulo. 9 jul. 2017. Disponível em: http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/130/a- nova-classe-do-setor-de-servicos-e-a-uberizacao-da-forca-de-trabalho. Acesso em:20/11/2019. 13ABÍLIO, Ludmila Costehk. Uberização traz ao debate a relação entre precarização do trabalho e tecnologia. Revista IHU. Edição 503. Abril de 2017. Disponível em: http://www.ihuonline.unisinos.br/artigo/6826-uberizacao-traz-ao-debate-a-relacao-entre-precarizacao-do- trabalho-e-tecnologia. Acesso em: 20/11/2019. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 33 AULA 02 - Sociologia invisível que os qualifica e julga, opinando sobre cada ponto desempenhado. O aplicativo se coloca como um mediador, como uma presença distante que apenas propicia o encontro entre motoristas e passageiros. Nesse sentido, de acordo com o professor sociologia Cotanda, da UFRGS, “quem controla os preços é o aplicativo, o motorista não exerce nenhum controle. É uma ilusão achar que é um empreendedor como um capitalista tradicional. O que existe é uma relação de subordinação ao aplicativo.”14 Assim, o termo uberização caracteriza novas formas de gerenciamento e organização do trabalho. Embora o nome remeta a uma empresa, ele expõe uma tendência no mundo do trabalho e que, de forma global, vem atingindo diversas ocupações. Segundo a pesquisadora Ludmila Costhek Abílio, do Cesito/Unicamp, A uberização do trabalho consolida a transformação do trabalhador em um autogerente subordinado. Nada está garantido, nem mesmo a remuneração por dia de trabalho. Um trabalhador que se encontra disponível ao trabalho, mas só é utilizado e remunerado na exata medida do que produz, e nem mesmo sua carga de trabalho está garantida.15 Dito isso, chamo atenção para que se acostumem com esse termo uberização o qual pode vir associado a trabalho precário ou mesmo a novas formas de relações de trabalho. Atenção nas provas!!! (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Alê Lopes) A Uber concederá aos seus motoristas no Reino Unido o status de trabalhadores, com salário mínimo e férias remuneradas, algo inédito no mundo para a empresa e uma guinada de 180º no modelo das plataformas digitais britânicas. A gigante americana de reservas de carros com motoristas anunciou nesta terça-feira (16), em um comunicado, que seus mais de 70 mil condutores no país receberão estes benefícios a partir da quarta-feira, devido a uma decisão judicial. Trata-se de uma mudança profunda de postura da Uber, cujos motoristas eram até então autônomos. A plataforma agiu rapidamente após lançar uma ampla consulta com seus motoristas e apenas um mês após uma derrota retumbante perante a Suprema Corte britânica, quedecidiu em 19 de fevereiro que os motoristas podem ser considerados "trabalhadores" e, portanto, receber os benefícios sociais correspondentes. (...) A partir de agora, os motoristas de Uber no Reino Unido receberão pelo menos o salário mínimo, terão direito a férias remuneradas e a um plano de pensões para o qual a empresa contribuirá. (UOL Notícias. Uber concede a motoristas britânicos status inédito de trabalhadores.Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/afp/2021/03/16/uber-concede-a-motoristas-britanicos-status-inedito-de- funcionarios.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em: 17/03/2021) 14 Uberizaçao do trabalho. Jornal da UFRGS. Disponível em: https://www.ufrgs.br/jornal/uberizacao-do- trabalho/. Acesso em: 20/11/2019. 15 ABÍLIO, Ludmila Costehk. Colapso ou atualidade do empreendimeneto colonial? Le Monde Diplomotique Brasil. Ano 13. No. 150. Jan/2020. p 18-19. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 34 AULA 02 - Sociologia O texto nos coloca diante de um problema que a sociologia do trabalho vem abordando recentemente. A mudança jurídica no status dos trabalhadores ingleses é uma resposta ao fenômeno da/do: a) terceirização do trabalho, ou seja, a transferência do serviço da empresa principal para trabalhadores vinculados a outras empresas. b) precarização do trabalho, segundo a qual os trabalhadores saem da informalidade e passam à formalidade no mercado de trabalho. c) formalização do trabalho, sob a qual os trabalhadores possuem direitos legalmente previstos, como salário mínimo. d) uberização do trabalho, isto é, fenômeno social em que há uma relação de trabalho mediada por aplicativos. e) automatização do trabalho, processo em que os trabalhadores são substituídos por máquinas, como os novos carros sem motoristas. Comentário a) errado, pois a terceirização, embora esteja no contexto da precarização do trabalho, ainda conta com trabalhadores formalmente registrados. Além disso, esse fenômeno não é baseado em contrato de serviços por aplicativos, mas entre empresas ou entre empresa e indivíduo isoladamente. b) falso, pois no processo de precarização ocorre, em geral (como regra) o contrário, isto é, os trabalhadores perdem a condição de formalidade e migram para a informalidade. Também há situações em que contratos formais de trabalho impõem redução de direitos e condições salariais inferiores ao que normalmente se pagaria para determinada função. c) falso, pois, conforme a notícia de jornal e os estudos da sociologia de trabalho, trabalhadores de aplicativo não têm direitos e não são registrados. d) é o nosso gabarito. A sociologia do trabalho vem utilizando exatamente esse conceito “uberização”, ou seja, um processo em que a empresa que fornece o aplicativo não se responsabiliza por nenhum tipo de encargo trabalhista em relação aos trabalhadores que geram lucro para a empresa tecnológica. e) falso, pois esse fenômeno até existe no mundo do trabalho. Por exemplo, quando uma quantidade de trabalhadores é substituída por máquinas. Agora, pelo problema do texto do enunciado não é essa a questão. Além disso, a título de comparação, há trabalhadores de aplicativos que utilizam a bicicleta e, em alguns casos, em função da jornada de trabalho, da fadiga e da falta de alimentação, desmaiam. Ou seja, algo oposto à automatização. Gabarito: D Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 35 AULA 02 - Sociologia O que é a terceirização? A terceirização do trabalho é um processo pelo qual uma organização empresarial, uma fábrica A, por exemplo, deixa de contratar e efetivar funcionário para contratar os serviços de uma outra empresa, a B. Essa empresa contratada, a B, fornece trabalhadores que atuaram na primeira empresa, a fábrica A. Por meio desse processo, a fábrica A se desresponsabiliza dos encargos trabalhistas gerados, pois a responsabilidade é de B. Em larga escala, no sistema capitalista, essa substituição de mão de obra contratada diretamente pela empresa principal, por mão de obra, cuja mediação se deu por uma empresa de serviços (a B), provocou uma redução de salário e de direitos. Tornou-se comum, grandes empresas demitirem trabalhadores que estavam nos quadros funcionais há 10, 15, 20 anos, para, em seguida, contratar os serviços de uma empresa terceirizada. Dessa forma, os trabalhadores terceirizadas passam a fazer o mesmo serviço que os trabalhadores antigos, mas como menos direitos e com salários menores. Na cadeia produtiva, o nome disso é redução de custos. A terceirização também produz impactos na organização sindical dos trabalhadores, pois, ao invés de uma única categoria unificada em uma única empresa (maior poder de negociação), a linha de produção passou a contar com diversos trabalhadores terceirizados de diferentes empresas. Apesar de ter sido um movimento iniciado nas grandes indústrias, a prática de substituir empregados próprios (contratados diretamente pela empresa principal do negócio) por terceirizados se espalhou para diversos setores (agroindústria, comercio, bancos, e até serviços educacionais). Filme Indústria Americana Na cidade de Ohio, durante um grande momento pós-industrial, um chinês bilionário se aproveita de um terreno abandonado da General Motors para para criar a própria empresa no local, com a intenção de realizar uma grande mudança no cenário norte-americano. Com a contratação de mais de dois mil trabalhadores para as construções, as perspectivas para Ohio se amplificam. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 36 AULA 02 - Sociologia (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Alê Lopes) A realidade contemporânea vivida por países como França, Alemanha e Inglaterra pode ser definida como sendo uma “precarização conjuntural do trabalho”, na medida em que ainda não afetou as estruturas sociais mais profundas daquelas sociedades, fazendo parte de um novo contexto global, no qual ainda prevalece uma “precarização estrutural do trabalho” e uma “generalização da indignidade” em países periféricos como o Brasil. (...) Como trabalho indigno, compreendo aquele tipo de atividade que não oferece proteção mínima nem ao corpo nem ao espírito, ou seja, que não garante o mínimo de integridade material e moral para aqueles que o exercem. Com isso, o conceito de trabalho indigno nos empodera para compreender mais profundamente a realidade que normalmente é tematizada com o conceito de trabalho precário, o qual apenas descreve situações desagradáveis de trabalho, sem dar conta de explicar sua dimensão moral de humilhação e negação do reconhecimento (MACIEL, 2006). Assim, o conceito de trabalho indigno também procura dar conta da condição mínima de dignidade necessária para que qualquer indivíduo no mundo moderno tenha respeito e autoestima. (MACIEL, Fabricio. O trabalho indigno no Brasil. 16/05/2021. In: A terra é redonda. Disponível em: https://aterraeredonda.com.br/o-trabalho-indigno-no-brasil/?utm_term=2021-05- 16&doing_wp_cron=1621188349.3158349990844726562500. Acesso em: 19/05/2021) A partir do que o autor estabelece enquanto trabalho indigno, este conceito se apresenta mais adequado para as análises sociológicas porque a) nas economias mais contemporâneas, delimita a zona de indignidade nas condições objetivas de trabalho precário. b) as novas relações de trabalho, como as que envolvem entregadores por aplicativos, exigem novos conceitos que reflitam o verdadeiro sofrimento no trabalho em uma conjuntura específica. c) a pós-modernidade nos trouxe dilemas morais que se sobrepõe ao trabalho precário, em particular, na periferia do sistema. d) a noção de indignidade procura articular, duplamente, as dimensões da vida objetiva com a dimensão subjetiva do sofrimento e da percepção da injustiça social. e) permite criar um parâmetro máximo de tipo de ideal de relações de trabalho querechaça as condições macroestruturais de trabalho precário. Comentários a) errado, pois o autor explica que o conceito de trabalho precário é próprio para determinados contextos em que não há profundas mudanças nas sociedades, pois a precariedade reflete situações conjunturais, como o que ocorre em países desenvolvidos. Já o trabalho indigno envolveria outros planos, para além das condições de trabalho, adentrando a seara da subjetividade do trabalhador na medida em que há um sofrimento psíquico-moral em razão da falta de reconhecimento e da humilhação. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 37 AULA 02 - Sociologia b) errado, pois o autor chama a atenção para uma situação histórica do trabalho em países como o Brasil, para além da conjuntura mais recente. Assim, ele articula estrutura histórica e conjuntura. c) falso, pois não se tratam de dilemas morais, mas de sofrimentos que a situação de trabalho indigno acarreta. Além disso, o autor sugere que a falta de dignidade no trabalho em países como o Brasil não é de agora. d) é o nosso gabarito. Note que o autor vai além da noção de trabalho precário, a qual se fixa mais na manifestação objetiva das condições de trabalho. Assim, por um lado, ele radicaliza a noção de precariedade e, por outro, insere o problema da humilhação. Por isso, como base nas elaborações da sociologia de Robert Castel, Maciel ressalta esse duplo aspecto que da condição do trabalho indigno. e) errado, pois permite criar um parâmetro mínimo de dignidade necessária, conforme o último período do texto do enunciado. Gabarito: D Fordismo/Taylorismo Especialização dos trabalhadores (operários em linha de produção) Rígida separação entre o planejamento do trabalho (atividade intelectual) e a execução manual-mecânica Plantas fabris concentras e elevada hierarquização da organização do processo de trabalho Produção em massa e padronizada, articulada com o consumo em massa Organização sindical forte com atuação característica em negociações de direitos trabalhistas Condizente com o Estado de Bem—Estar social Toyotismo Trabalhador polivalente (multitarefa) Envolvimento dos trabalhadores na gestão da empresa para a melhoria dos processos Plantas das empresas espalhadas e organizadas de forma horizontal Processo produtivo flexível com foco nas demandas dos consumidores (costomização e criação de nichos de consumo) Diminuição da força dos sindicatos e perda de direitos trabalhistas (flexibilização das relações de trabalho com impacto nos direitos) Condizente com o Estado neoliberal Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 38 AULA 02 - Sociologia Bem, queridas e queridos alunos, chegamos ao final dessa aula de Ciências Sociais que apresentou autores clássicos e, também, trouxe outros que estabeleceram reações entre sociologia e antropologia. As teorias aqui apresentadas devem ajudar vocês a interpretarem os textos e os problemas que a prova apresenta. Uma teoria só é eficiente quando ela descreve, interpreta e atribui sentidos a uma realidade social. Então, jamais esqueçam que você deve ter uma postura e um olhar crítico! 4. QUESTÕES UNESP (UNESP 2020) “Eu tinha muito medo, estava sozinha, não tinha como não trabalhar. Ela não me deixava amamentar meu filho pela manhã, dizia que eu perderia tempo.” (Dora E. A. Calle) “Quando eu precisava sair da casa, sempre tinha que pedir a chave. E nessa hora a chave sempre sumia.” (Raul G. P. Mendoza) “A casa onde eu trabalhava tinha outros 14 bolivianos, que, assim como eu, queriam guardar dinheiro e voltar para nosso país. Mas não é bem assim que acontece.” (Alicia V. Balboa) (Bárbara Forte. “Tecendo sonhos”. https://noticias.bol.uol.com.br, 09.05.2019. Adaptado.) Esses depoimentos retratam a realidade vivida por imigrantes bolivianos que trabalharam no setor têxtil da capital paulista. Os depoimentos evidenciam a) a competitividade da Divisão Internacional do Trabalho. b) a relação de trabalho análoga à escravidão. c) o processo de segregação estimulado pela xenofobia. d) a flexibilização das leis trabalhistas. e) o descompasso do trabalho formal com as mudanças da globalização (UNESP 2009) Observe a imagem, cena do personagem Carlitos no filme Tempos modernos, 1936. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 39 AULA 02 - Sociologia Tempos modernos, de Charles Chaplin, representa a situação econômica e social dos Estados Unidos da América dos anos trinta do século passado. No filme, as aventuras de Carlitos transcorrem numa sociedade a) capitalista em desenvolvimento e conflagrada pelos movimentos operários de destruição das máquinas. b) globalizada, em que o poder financeiro tornava desnecessário o uso das máquinas na produção de mercadorias. c) imperialista e mecanizada, que aplicava os lucros adquiridos na exploração dos países pobres em benefício dos operários americanos. d) abalada pelo desemprego e caracterizada pela submissão do trabalho humano ao movimento das máquinas. e) pós-capitalista, na qual o emprego da máquina libertava o homem da opressão do trabalho industrial. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes) Quando um punhado de homens não tem emprego e não procura trabalho, buscamos as causas em suas situações imediatas e no seu caráter. Mas quando (...) milhões de homens estão desempregados, não podemos acreditar que todos eles subitamente ficaram preguiçosos e deixaram de “ser bons”. (MILLS, C. W. A Sociedade de Massas. In: FORACHI, M. M.; MARTINS, J. S. Sociologia e Sociedade: Leituras de Introdução à Sociologia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1977. P. 323) A partir do texto, o fenômeno do desemprego de massas tem explicações a) na estrutura do sistema. b) na natureza dos homens. c) nas escolhas individuais. d) na dependência estrutural da economia das decisões dos bons empregadores. e) na indisposição de grupos de pessoas em procurar emprego. 5. QUESTÕES PARA APROFUNDAMENTO (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes) O que dava aos partidos e movimentos operários sua força original era a justificada convicção dos trabalhadores de que pessoas como eles não podiam mudar sua sorte pela ação individual, mas só pela ação coletiva, de preferência através de organizações, fosse pela ajuda mútua, greve ou totó. (HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX. São Paulo: Cia. das Letras, 1995, p. 300) Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 40 AULA 02 - Sociologia A ação coletivas dos trabalhadores, segundo a perspectiva marxista, é resultado a) da presença das ideias comunistas. b) da natureza conflitiva das relações sociais de produção. c) da dominação racional legal que legitima a exploração capitalista. d) da fusão do capital produtivo com o capital financeiro. e) da ausência de leis que regulem as relações de capital e trabalho. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes) Ao separar completamente o patrão e o empregado, a grande indústria modificou as relações de trabalho e apartou os membros das famílias, antes que os interesses em conflito conseguissem estabelecer um novo equilíbrio. Se a função da divisão do trabalho falha, a anomia e o perigo da desintegração ameaça todo o corpo social e quando o indivíduo, absorvido por sua tarefa se isola em sua atividade especial, já não percebe os colaboradores que trabalham ao seu lado e na mesma obra, nem sequer tem ideia dessa obra comum. (DURKHEIM, E. A Divisão Social do Trabalho. Apud: QUINTEIRO, T. BARBOSA, M. L. OLIVEIRA, M. G. M. Toque de Clássicos. Vol. 1. Durkheim, Marx e Weber. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p. 91. ) De acordo com o sociólogo francês, a divisão do trabalho possui uma função a) conflitiva. b) de fornecer consciência de classe. c) coesiva. d) promotora do consenso salarial. e) de unir mecanicamenteas pessoas. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes) Trabalho doméstico na pandemia No Brasil, a pandemia do coronavírus afetou o trabalho doméstico de duas formas marcantes. A primeira delas foi a dispensa de milhares de trabalhadoras domésticas por empregadores que perderam renda ou que ficaram com medo de se contaminar ao contato com essas trabalhadoras. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número de pessoas ocupadas com trabalho doméstico no país diminuiu de 6,1 milhões no primeiro trimestre de 2019, para 4,9 milhões em igual período de 2021, com quase 1,2 milhão de domésticos a menos no mercado de trabalho em apenas dois anos. Considerando que 97% da categoria é formada por mulheres, isso significa que mais de 30% das 3,1 milhões de mulheres que deixaram o mercado de trabalho no período eram domésticas. "Isso é bastante grave, considerando que boa parte dessas mulheres têm filhos e são chefes de família", observa Cristina Vieceli [economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – Dieese]. Um segundo fato marcante foi a privação de liberdade de diversas trabalhadoras domésticas que foram obrigadas por seus Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 41 AULA 02 - Sociologia patrões a permanecer no trabalho sem poder voltar para suas famílias, devido ao medo dos empregadores de contaminação. Para o sociólogo Tulio Custódio, esse fenômeno também está ligado ao passado colonialista brasileiro. "Há uma ideia de que o empregado não é um profissional, mas uma posse, o que tem origem na relação escravocrata, onde o escravo era visto como um objeto", observa. "Foi muito simbólico o fato de a primeira pessoa a morrer de covid [no Rio de Janeiro] ser uma mulher negra, idosa e empregada doméstica", lembra Custódio, referindo-se à mulher de 63 anos, cujo nome não foi divulgado a pedido da família, que morreu em 17 de março de 2020, após ser contaminada pela patroa que voltou de viagem da Itália. (BBC. Jul/2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-57855932. Acesso em: 19/07/2021) Considerando os dados e a descrição da situação das trabalhadoras domésticas, está correto afirmar que elas a) demonstram a superação do passado escravocrata da sociedade brasileira. b) foram exceção durante a pandemia do coronavírus, já que o trabalho doméstico é imprescindível. c) foram vetores significativos do coronavírus, fato que resultou no desemprego massivo das diaristas. d) foram parcialmente atendidas na reivindicação de proteção da saúde por patrões que as mantiveram em isolamento social nas casas em que trabalham. e) estão submetidas sistemas de opressões que se interseccionam. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Alê Lopes) Semanas atrás, um post no LinkedIn de Jonathan Frostick, de 45 anos, ganhou ampla repercussão. Ele descreveu como teve uma revelação quanto ao problema das longas jornadas. O gerente de regulação no banco britânico HSBC havia acabado de se sentar numa tarde de domingo para se preparar para a semana de trabalho à frente, quando sentiu um aperto no peito, uma palpitação na garganta, mandíbula e braço, além de dificuldade para respirar. "Fui para o quarto para me deitar e chamei a atenção da minha esposa, que ligou para o 999 [equivalente no Reino Unido ao 192 brasileiro, número que deve ser chamado para emergências médicas]", disse ele. Enquanto se recuperava de um ataque cardíaco, Frostick decidiu mudar sua relação com o trabalho. "Não estou mais passando o dia todo no Zoom", diz ele. (G1. Economia. Mai/2021. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/concursos-e- emprego/noticia/2021/05/18/trabalhar-demais-mata-745-mil-pessoas-por-ano-no-mundo-revela- estudo.ghtml. Acesso em: 19/05/2021) O problema de saúde ocorrido com Jonathan Frostick expõe um problema crônico das relações de trabalho capitalistas que pode ser sintetizado na seguinte expressão: a) ausência de divisão social do trabalho. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 42 AULA 02 - Sociologia b) elevadas jornadas de trabalho. c) excesso de café. d) sedentarismo. e) ausência de direitos trabalhistas. (Estratégia Vestibulares/2020/Profe Alê Lopes) A mundialização introduz o aumento da produtividade do trabalho sem acumulação de capital, justamente pelo caráter divisível da forma técnica molecular-digital do que resulta a permanência da má distribuição da renda: exemplificando mais uma vez os vendedores de refrigerantes às portas dos estádios viram sua produtividade aumentada graças ao just in time dos fabricantes e distribuidores de bebidas, mas para realizar o valor de tais mercadorias, a forma de trabalho dos vendedores e a mais primitiva. Combinam-se, pois, acumulação molecular digital com o puro uso da força de trabalho. OLIVEIRA, F. Crítica à razão dualista e o ornitorrinco. Campinas: Boitempo, 2003. Os aspectos destacados no texto afetam diretamente questões sobre a forma, a configuração em si, das relações de trabalho no mundo contemporâneo. O exemplo mencionado no texto é equivalente a qual outro exemplo indicado nas alternativas? a) o pequeno produtor rural que se associa em cooperativas para otimizar possibilidade de venda. b) dos entregadores de comida por aplicativo que utilizam bicicletas para realizar o serviço. c) das mulheres que trabalham em serviço de telemarketing. d) dos estivadores das regiões portuárias que, hoje em dia, usam sistemas automatizados para o transporte de cargas. e) do professor em salas de aula. (Estratégia Vestibulares/2020/Profe Alê Lopes) Nos últimos anos, Jack Welch tem sido repetidamente apontado como o guru com quem melhor se pode aprender a arte da gestão. O seu trabalho à frente da GE justifica a atenção. Existem outros exemplos, todavia, com quem se pode aprender diferentes lições. Um dos mais interessantes é certamente o da Toyota. A empresa japonesa tem tido um sucesso assinalável e continuado a nível internacional. Ainda recentemente o Wall Street Journal publicava uma reportagem de duas páginas sobre a abertura de uma nova fábrica em San Antonio, Texas, a apenas 450 quilómetros da fábrica de Arlington da GM. A batalha pelo mercado leva os nipônicos para o coração do Texas, onde vão fabricar a nova geração de pick-ups Tundra. Uma das lições mais interessantes do sucesso da Toyota refere-se ao fato de a empresa ter sido capaz de transplantar a sua cultura de kaizen, melhoria contínua, para os locais onde atua. O sucesso da Toyota assentou numa filosofia de gestão que tinha como faceta mais visível um novo sistema de produção, conhecido como lean production. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 43 AULA 02 - Sociologia (As lições do Toyotismo, Diário de Notícias. 14/jun/2006. Disponível em: https://www.dn.pt/arquivo/2006/as-licoes-do-toyotismo-641950.html. Acesso em: 16/04/2020) Um dos fenômenos mais analisados pela sociologia do trabalho são as formas de relações de trabalho e seu impacto na vida do trabalhador. Com relação ao modelo evidenciado pela notícia acima, fazem parte de suas características, segundo a perspectiva crítica da sociologia: a) a organização verticalizada da empresa, de modo ao trabalhador ser controlado rigidamente por um sistema de tempos e movimentos. b) a participação do trabalhador em todas as etapas da produção, sendo que a padronização da linha de produção proporciona que o trabalhador tome consciência do processo de alienação do trabalho. c) controle fabril por meio da subjetividade do trabalhador e da organização flexível das relações de trabalho. d) a ruptura total com o modelo fordista-taylorista em que a produção estava voltada para o consumo de massas. (Estratégia Vestibulares/2020/Profe. Alê Lopes) O prefixo “des” indica anomalia. “Desemprego” é o nome de uma condição claramente temporária e anormal, e,assim, a natureza transitória e curável da doença é patente. A noção de “desemprego” herdou sua carga semântica da auto consciência de uma sociedade que costumava classificar seus integrantes, antes de tudo, como produtores, e que também acreditava no pleno emprego não apenas como condição desejável e atingível, mas também como seu derradeiro destino. Uma sociedade que, portanto, classificava o emprego como uma chave – a chave – para a solução dos problemas ao mesmo tempo da identidade pessoal socialmente aceitável, da posição social segura, da sobrevivência individual e coletiva, da ordem social e da reprodução sistêmica. BAUMAN, Z. Vidas despedaçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. p. 19. O pleno em prego a que o autor se refere está associado ao modelo de sociedade a) neoliberal. b) utópica. c) anarquista. d) fordista. e) toyotista. (Estratégia Vestibulares/ 2020/profe. Alê Lopes) Uma das condições históricas para o desenvolvimento do capital foi o trabalho livre e a troca de trabalho livre por dinheiro, outra foi a separação do trabalho livre das condições objetivas de sua efetivação – dos meios e material do trabalho. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 44 AULA 02 - Sociologia K. Marx, Formações econômicas pré-capitalistas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985, p. 65. De acordo com a perspectiva marxista, a separação do trabalho das condições objetivas de sua efetivação provoca o fenômeno a) da alienação. b) da abolição da escravatura. c) da consciência de classe. d) da servidão. e) do fato social. (Estratégia Vestibulares/profe Ale Lopes) Como criador de valores de uso, como trabalho útil, é o trabalho, por isso, uma condição de existência do homem, independentemente de todas as formas de sociedade, eterna necessidade natural de mediação do metabolismo entre homem e natureza, portanto, vida humana . MARX, Karl. O Capital, Vol I, p. 50. Para Marx, a discussão filosófica do trabalho humano é fundamental para a compreensão da existência social. O significado social geral do trabalho na abordagem marxista é: a) O trabalho enobrece o homem. b) A divisão social entre trabalho manual e intelectual possibilita aproveitar melhor as capacidades de cada indivíduo. c) O trabalho mortifica o homem porque é sempre alienado. d) O trabalho é uma questão prática: trabalha-se para ganhar um salário e sobreviver. e) O trabalho é a condição para a existência social pois coloca o homem em relação com a natureza. (Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes) A meritocracia é uma ilusão”, diz ex-empregada doméstica que se tornou juíza No Brasil, há pessoas que morrem sem nunca terem tido um registro de nascimento. Antônia Marina Faleiros, 57 anos, escapou de ser uma delas, mas vê exemplos todos os dias. Conviveu com essa realidade quando trabalhava em um canavial, aos 12 anos, em Minas Gerais, e também ao se tornar juíza em comarcas do interior da Bahia, aos 40. (...) Antônia Marina Faleiros é uma das poucas mulheres autodeclaradas negras que compõem o quadro de juízes no Brasil. Segundo levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), há apenas 6% de mulheres pretas ou pardas na magistratura. Nesse cenário, a presença de Antônia, muitas vezes, surpreende. “Até hoje tem gente que olha para mim e diz: ‘Dona, cadê a juíza?’. O racismo de cada dia é sutil em suas práticas, ele Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 45 AULA 02 - Sociologia é travestido de uma observação engraçadinha, mas que molda todo um pensamento de uma sociedade”, diz. Ela relata o longo caminho percorrido entre o trabalho infantil, dormir na rua, trabalhar como empregada doméstica e, atualmente, ser juíza no Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA). Antônia rejeita o título de “exemplo de meritocracia”. Esse substantivo é usado para definir o predomínio numa sociedade daqueles que têm mais méritos (os mais trabalhadores, mais dedicados, mais bem-dotados intelectualmente etc.) Para ela, no Brasil é impossível falar em meritocracia, já que nem todos têm as mesmas oportunidades e um caso individual de sucesso, apesar das adversidades, não pode ser usado como parâmetro. “Meritocracia é só uma cortina para encobrir o remorso de quem fecha as portas para os outros. Você fecha as portas e essa pessoa não consegue nada. Então você diz: ‘Não conseguiu porque não tinha mérito’”, diz. Antônia define a meritocracia como uma ilusão, uma figura de retórica que não se sustenta. “Eu sou exemplo da não meritocracia. Muitos como eu não conseguiram realizar seus sonhos, por diferentes fatores. Nosso horizonte é delimitado pelo nosso ponto de observação”, descreve. As cotas raciais, por exemplo, são instrumentos para compensar essa desigualdade, ela defende. “Esse discurso liberal de cada um por si é perverso e predatório. É preciso, para se aferir meritocracia, aferir o ponto de partida de cada competidor. Se partiram do mesmo ponto, aí podemos falar sobre isso. Se as condições foram diferentes, pode-se falar em recompensa pela luta, mas não meritocracia.” Conforme a opinião de Antônia Marina Faleiros, a respeito da meritocracia, a) trata-se de um processo justo e igualitário de disputa por melhores posições na sociedade. b) não dá para ser aplicada em contextos de desigualdades sociais em que os indivíduos iniciam a competição de níveis distintos. c) existe diante da capacidade de um juiz assim a reconhecer em julgamentos equilibrados. d) é suficiente de ser atingida por meio da igualdade formal perante a lei. e) é parte da vida e somente os mais capazes atingem seus objetivos e posições de destaque na sociedade, como a própria Antônia. (Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes) Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 46 AULA 02 - Sociologia As imagens apresentam processos produtivos da criação de automóvies em épocas históricas diferentes. A partir delas, é possível concluir que: a) a categoria analítica trabalho perdeu espaço nas análises sociológicas. b) a produção em série fordista foi abandonada. c) a tecnologia empregada otimiza a mais valia relativa. d) o modelo de trabalho toyotista da imagem do passado foi substituído pelo fordista. (Estratégia Vestibulares 2020/inédita/profe. Alê Lopes) A crítica social expressa na charge, além de um contraste geral entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, permite uma compreensão específica sobre o mundo do trabalho. Essa compreensão está corretamente indicada na alternativa a) nos países pobres há mais emprego e nos ricos o desemprego é maior, fato comprovado na charge por demonstrar um jovem ocioso. b) nos países subdesenvolvidos o custo do trabalho é menor, de modo que grandes marcas descentralizaram a produção para esses países para otimizarem lucros. c) a cultura trabalhista nos países pobres se adequa às tradições regionais, como no fato de a trabalhadora não usar calçados. d) nos países pobres predomina um tipo de trabalho artesanal, como nas unidades produtivas do Sudeste-asiático, com destaque para a produção da Coréia do Sul. e) nos países ricos os jovens não precisam assumir postos no mercado de trabalho, pois a combinação do Estado de Bem-Estar social com a exploração do trabalho nos países pobre assegura um certo nível de vida de classe média. (UFSC 2020) Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 47 AULA 02 - Sociologia Considere os seguintes trechos de reportagens a respeito de aplicativos de serviços. A primeira delas trata dos aplicativos Uber, 99, iFood e Rappi; a segunda, das dificuldades enfrentadas pelas pessoas que utilizam esses aplicativos. Quase 4 milhões de trabalhadores autônomos utilizam hoje as plataformas como fonte de renda. Se eles fossem reunidos em uma mesma folha de pagamento, ela seria 35 vezes mais longa do que a dos Correios, maior empresa estatal em númerode funcionários, com 109 mil servidores […]. Para um autônomo, o ganho gerado com os apps acaba se tornando uma das principais fontes de renda. Esses 3,8 milhões de brasileiros que trabalham com as plataformas representam 17% dos 23,8 milhões de trabalhadores nessa condição, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no trimestre até fevereiro. ESTADÃO CONTEÚDO. Uber, iFood e mais: aplicativos viram fonte de renda de quase 4 milhões. 28 de abril de 2019. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/tecnologia/noticias/redacao/2019/04/28/uber-ifood-e-maisaplicativos- viram-fonte-de-renda-de-quase-4-milhoes.htm. Acesso em: 12 maio 2019. A explosão de aplicativos de delivery é provavelmente o caso mais representativo das rupturas geradas no Brasil pelo avanço da gig economy – a economia dos bicos. Até poucos anos atrás, os serviços de entrega eram pulverizados entre empresas de pequeno porte, que contratavam motoboys, reconhecidos como categoria profissional regulamentada […]. Hoje a atividade está ao alcance de qualquer um que aceitar termos e condições de plataformas digitais FOLHA DE SÃO PAULO. Euforia com aplicativos de serviços dá lugar à frustração de trabalhadores. Ilustríssima, 3 de março de 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2019/03/euforia-com-aplicativos-de-servicos-da-lugar-a- frustracao-de-trabalhadores.shtml. Acesso em: 12 maio 2019. Com base nos textos acima, é correto afirmar que: 01) a gig economy é uma situação econômica na qual os trabalhadores autônomos encontram trabalho por meio de aplicativos de serviço. 02) os aplicativos de prestação autônoma de serviços substituíram toda forma de contratação de profissionais de atividades regulamentadas. 04) os aplicativos de serviço propiciam aos trabalhadores uma possibilidade de dispor de sua força produtiva desde que aceitem os termos e condições da plataforma digital em que se inscrevem. 08) o fato de que, juntas, algumas empresas possuem uma folha de pagamentos mais extensa do que a da maior empresa estatal prova que o desenvolvimento econômico se dá por meio do abandono de atividades estatais. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 48 AULA 02 - Sociologia 16) a emergência de uma economia de bicos mediada pelo acesso a aplicativos de oferta de força de trabalho é característica de uma fase da economia capitalista na qual a regulamentação de atividades de serviços enfrenta contestações. 32) a gig economy atinge 23,8 milhões de trabalhadores, que sofrem com a precariedade do uso de aplicativos. 64) a desregulamentação de ofertas de emprego e sua posterior concentração nas mãos de grandes conglomerados, como as plataformas citadas, gera efeitos predatórios sobre empresas de pequeno porte que operam dentro da economia de oferta de emprego regulamentado. (UFSC 2018) Quanto à questão que originou esse trabalho (Da divisão do trabalho social), é a das relações entre a personalidade individual e a solidariedade social. Como é que, ao mesmo passo que se torna mais autônomo, o indivíduo depende mais intimamente da sociedade? Como pode ser, ao mesmo tempo, mais pessoal e mais solidário? [...] esses dois movimentos, por mais contraditórios que pareçam, seguem-se paralelamente [...] Pareceu-nos que o que resolvia essa aparente antinomia é uma transformação da solidariedade social, devida ao desenvolvimento cada vez mais considerável da divisão do trabalho. Eis como fomos levados a fazer desta última o objeto de nosso estudo. DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social, 1999 [1893], p. XLVI. Antes de tudo, o trabalho é um processo de que participa o homem e a natureza, processo em que o ser humano, com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza [...] põe em movimento as forças naturais de seu corpo – braços e pernas, cabeça e mãos –, a fim de apropriar-se dos recursos da natureza, imprimindo-lhes forma útil à vida humana. Atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo modifica sua própria natureza. MARX, Karl. O capital, livro I, 2001 [1867], p. 211. Considerando a questão do trabalho de acordo com os autores clássicos da sociologia acima referidos, é correto afirmar que: 01) para Marx, o trabalho e a divisão do trabalho estão presentes em todas as sociedades. 02) segundo o pensamento de Durkheim, haveria uma crescente divisão do trabalho, tornando a sociedade cada vez mais diferenciada a partir das funções e especializações dos indivíduos. 04) na solidariedade orgânica as pessoas seriam cada vez mais semelhantes, ao passo que na solidariedade mecânica elas seriam cada vez mais diferentes, segundo Durkheim. 08) na concepção de Marx, o lucro obtido pela burguesia no capitalismo seria oriundo da mais-valia. 16) tanto Durkheim quanto Marx, por serem ambos sociólogos do século XIX, analisavam a questão das relações de trabalho exatamente da mesma forma. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 49 AULA 02 - Sociologia (UFSC 2018) Em relação ao mundo do trabalho e ao processo de globalização, é correto afirmar que: 01) com exceção dos países de economia essencialmente agrária, o setor terciário é o que detém a maior parte da renda nacional e o que emprega o maior número de pessoas. 02) com a abertura econômica no Brasil, sobretudo a partir dos anos 1980, intensifica-se a empregabilidade no mundo do trabalho, provocada principalmente pela economia de escala, que substituiu a economia de escopo. 04) o processo de terceirização, também chamado de reestruturação, é um dos aspectos a serem considerados pelas empresas, sob o argumento da competitividade e da lucratividade. 08) a abertura econômica que se intensificou a partir dos anos 1990 não afetou a estrutura ocupacional metropolitana brasileira. 16) nos últimos anos, ocorreu uma ampliação da informalização do trabalho, com o crescimento do trabalho temporário, terceirizado e vinculado à economia informal, mas apenas em países pobres. 32) durante as últimas décadas, tem havido um processo crescente de flexibilização das relações de trabalho, o que implica, em muitos casos, a reformulação dos direitos trabalhistas, ocasionalmente com perdas de garantias jurídicas. (UEM 2017) Sobre as relações entre trabalho e sociedade, assinale o que for correto. 01) O modelo de produção e de organização do trabalho que se estabeleceu a partir do século XVIII, na indústria, sofreu poucas modificações ao longo dos últimos séculos, seguindo, basicamente, os mesmos princípios organizacionais desde aquela época. 02) No capitalismo contemporâneo, a finalidade da produção industrial é a geração de conhecimento, e não mais a geração de lucro. 04) A indústria é a organização social que inventou o trabalho. Por isso é um equívoco considerar trabalhadores os agricultores, os pescadores, os pecuaristas, uma vez que realizam atividades fora da estrutura de produção industrial. 08) As inovações tecnológicas proporcionaram aos trabalhadores a redução da jornada de trabalho, a garantia dos direitos trabalhistas e a possibilidade de conviver mais intensamente com suas famílias e com seus grupos de amigos. 16) Para Max Weber, a concepção de que o trabalho é uma atividade que dá dignidade às pessoas tem origem na ética religiosa e é amplamente aceita na sociedade industrial e compartilhada por distintos grupos sociais. (UEM 2011) “Dois fatores condicionam esta escravidão: a rapidez e as ordens. A rapidez: para alcançá- la, é preciso repetir movimento atrás de movimento, numa cadência que, por ser mais rápida que o pensamento, impede o livre curso da reflexão e até do devaneio. Chegando-se à frente Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 50 AULA 02 -Sociologia da máquina, é preciso matar a alma, oito horas por dia, pensamentos, sentimentos, tudo (...). As ordens: desde o momento em que se bate o cartão na entrada até aquele em que se bate o cartão na saída, elas podem ser dadas, a qualquer momento, de qualquer teor. E é preciso sempre calar e obedecer. A ordem pode ser difícil ou perigosa de se executar, até inexequível; ou então, dois chefes dando ordens contraditórias; não faz mal: calar-se e dobrar-se (...) Engolir nossos próprios acessos de enervamento e de mau humor; nenhuma tradução deles em palavras, nem em gestos, pois os gestos estão determinados, minuto a minuto, pelo trabalho.” WEIL, Simone. Carta a Albertine Thévenon (1934-5). In: BOSI, Ecléia (org.). A condição operária e outros estudos sobre a opressão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, p. 65. Considerando a leitura do trecho da carta acima e a temática do trabalho e da produção social do mundo, assinale o que for correto. 01) É possível identificar como fordista-taylorista a forma de organização do trabalho descrito pela autora. 02) O trecho acima destaca que a alienação decorrente da divisão social do trabalho é uma das características da produção industrial. 04) A subjetividade do trabalhador não é afetada pela mecanização da produção industrial, nem pelas formas de organização e gestão do trabalho. 08) Uma das características do trabalho industrial destacada pela autora é a produção de maiores vínculos de solidariedade e coesão social. 16) As normas e as ordens da produção industrial estão associadas a um intenso controle das atividades dos trabalhadores. (UEPG 2019) Nas últimas décadas, a terceirização tem crescido como forma de contratação das empresas. Sobre a terceirização, assinale o que for correto. 01) As terceirizações ocorrem no setor privado, já que as empresas públicas só podem contratar diretamente via concurso público. 02) Há variações de terceirização que mascaram a contratação direta, uma delas é chamada de "pejotização", em que trabalhos pessoais são exercidos por pessoas físicas, com a finalidade de diminuição dos encargos trabalhistas. 04) Não há indícios que apontem que os trabalhadores terceirizados recebem salários mais baixos ou estão mais precarizados do que os contratados diretamente pelas empresas. 08) A forma mais comum de terceirização é aquela em que uma empresa contrata outras para algumas atividades-meio. (Uel 2020) Em museus como o Louvre, encontram-se objetos produzidos em diversos e determinados modos de produção: utensílios, esculturas, pinturas, entre outras manifestações. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 51 AULA 02 - Sociologia Com base nos conhecimentos sobre modos de produção, no pensamento de Marx, considere as afirmativas a seguir. I. O primeiro modo de produção existente na história foi baseado na estrutura homens livres e escravos. II. Modos de produção específicos produzem superestruturas que mantêm íntima ligação com a infraestrutura. III. O modo de produção capitalista é a última estrutura produtiva de classes antes do processo de constituição da sociedade comunista. IV. Os modos de produção possuem leis próprias e existem independentemente das vontades individuais dos homens. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. (UEL 2019) Leia o texto a seguir. O prefixo “des” indica anomalia. “Desemprego” é o nome de uma condição claramente temporária e anormal, e, assim, a natureza transitória e curável da doença é patente. A noção de “desemprego” herdou sua carga semântica da auto consciência de uma sociedade que costumava classificar seus integrantes, antes de tudo, como produtores, e que também acreditava no pleno emprego não apenas como condição desejável e atingível, mas também como seu derradeiro destino. Uma sociedade que, portanto, classificava o emprego como uma chave – a chave – para a solução dos problemas ao mesmo tempo da identidade pessoal socialmente aceitável, da posição social segura, da sobrevivência individual e coletiva, da ordem social e da reprodução sistêmica. BAUMAN, Z. Vidas despedaçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. p. 19. Com base no texto e nos conhecimentos sobre as transformações mais recentes quanto ao tema desemprego no capitalismo, considere as afirmativas a seguir. I. A tendência no capitalismo globalizado é tornar os postos de trabalho mais flexíveis para atender necessidades das grandes corporações, levando a questionamentos do modelo taylorista-fordista. II. A perda de identidade em relação ao emprego no capitalismo contemporâneo confirma o fato de que a categoria trabalho deixou de ser essencial para a produção e reprodução da vida social. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 52 AULA 02 - Sociologia III. As políticas antissindicais que acompanham as práticas neoliberais apresentam como resultado a supressão das crises econômicas globais com o restabelecimento do pleno emprego. IV. O desemprego, no capitalismo globalizado, tem a longa duração como seu traço característico, enquanto avança o emprego precário e de alta rotatividade, como nos call centers. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. (UEL 2019) Leia o gráfico e o texto a seguir. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação do trimestre encerrado em março de 2018 chegou a 13,1%, com aumento de 1,3 ponto percentual em relação ao último trimestre do ano passado (11,8%). O total de pessoas desocupadas cresceu no período, passando de 12,3 milhões para 13,7 milhões. Adaptado de agenciadenoticias.ibge.gov.br. Com base no gráfico e no texto, considere as afirmativas a seguir. I. A taxa de desocupação no primeiro trimestre de 2017 é maior nesta série histórica e apresenta uma oscilação de 0,6 ponto percentual se comparado ao mesmo período de 2018. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 53 AULA 02 - Sociologia II. A taxa de desocupação apresentada no primeiro trimestre de 2018 indica que houve um crescimento de 6,6 pontos percentuais em relação ao último trimestre de 2014. III. Ao longo de 2017, a taxa de desocupação apresentou queda e, no trimestre seguinte, houve dispensa de trabalhadores representando perda de postos de trabalho. IV. A taxa de desocupação apresentou queda, se comparados o primeiro trimestre de 2016 ao mesmo período de 2017. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. (UEL 2018) Nos últimos anos, os suicídios têm se tornado uma constante em diversas empresas do mundo. Na China, por exemplo, a fim de evitar que os funcionários de uma empresa saltassem pela janela do prédio, a gerência, conscienciosamente, instalou redes na parte externa. Com base nos conhecimentos sobre o mundo do trabalho contemporâneo, considere as afirmativas a seguir. I. As práticas neo ou pós-fordistas adotadas pelas empresas têm limitado os suicídios de trabalhadores às fábricas de organização mais tradicionais. II. Os métodos de trabalhos inspirados no toyotismo acentuam o gerenciamento do estresse e, consequentemente, o desgaste da força de trabalho.III. A racionalização do trabalho proposta por Taylor baseou-se no controle dos tempos e movimentos e foi aprimorada por Ford com a esteira rolante. IV. O absenteísmo e a rotatividade nos chamados “empregos MacDonalds” alinham-se como problemas para a utilização da força de trabalho no capitalismo globalizado. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. (UEL 2014) Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 54 AULA 02 - Sociologia A cidade desempenha papel fundamental no pensamento de Émile Durkheim, tanto por exprimir o desenvolvimento das formas de integração quanto por intensificar a divisão do trabalho social a ela ligada. Com base nos conhecimentos acerca da divisão de trabalho social nesse autor, assinale a alternativa correta. a) A crescente divisão do trabalho com o intercâmbio livre de funções no espaço urbano torna obsoleta a presença de instituições. b) A solidariedade orgânica é compatível com a sociedade de classes, pois a vida social necessita de trabalhos diferenciados. c) Ao criar seres indiferenciados socialmente, o “homem massa”, as cidades recriam a solidariedade mecânica em detrimento da solidariedade orgânica. d) O efeito principal da divisão do trabalho é o aumento da desintegração social em razão de trabalhos parcelares e independentes. e) O equilíbrio e a coesão social produzidos pela crescente divisão do trabalho decorrem das vontades e das consciências individuais. (UEL 2008) Sobre a exploração do trabalho no capitalismo, segundo a teoria de Karl Marx (1818-1883), é correto afirmar: a) A lei da hora-extra explica como os proprietários dos meios de produção se apropriam das horas não pagas ao trabalhador, obtendo maior excedente no processo de produção das mercadorias. b) A lei da mais valia consiste nas horas extras trabalhadas após o horário contratado, que não são pagas ao trabalhador pelos proprietários dos meios de produção. c) A lei da mais-valia explica como o proprietário dos meios de produção extrai e se apropria do excedente produzido pelo trabalhador, pagando-lhe apenas por uma parte das horas trabalhadas. d) A lei da mais valia é a garantia de que o trabalhador receberá o valor real do que produziu durante a jornada de trabalho. e) As horas extras trabalhadas após o expediente constituem-se na essência do processo de produção de excedentes e da apropriação das mercadorias pelo proprietário dos meios de produção. (UEL 2008) Segundo Braverman: O mais antigo princípio inovador do modo capitalista de produção foi a divisão manufatureira do trabalho [...] Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 55 AULA 02 - Sociologia A divisão do trabalho na indústria capitalista não é de modo algum idêntica ao fenômeno da distribuição de tarefas, ofícios ou especialidades da produção [...]. (BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista. Tradução Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. p. 70.) O que difere a divisão do trabalho na indústria capitalista das formas de distribuição anteriores do trabalho? a) A formação de associações de ofício que criaram o trabalho assalariado e a padronização de processos industriais. b) A realização de atividades produtivas sob a forma de unidades de famílias e mestres, o que aumenta a produtividade do trabalho e a independência individual de cada trabalhador. c) O exercício de atividades produtivas por meio da divisão do trabalho por idade e gênero, o que leva à exclusão das mulheres do mercado de trabalho. d) O controle do ritmo e da distribuição da produção pelo trabalhador, o que resulta em mais riqueza para essa parcela da sociedade. e) A subdivisão do trabalho de cada especialidade produtiva em operações limitadas, o que conduz ao aumento da produtividade e à alienação do trabalhador. (Unicentro 2012) A taxa de desemprego brasileira é uma das menores entre as grandes economias mundiais, segundo o gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo. “Em janeiro, a taxa de desocupação ficou em 6,1% — o menor resultado para o mês desde o início da pesquisa do IBGE. Antes da crise, o Brasil tinha a segunda maior taxa de desocupação entre as 20 maiores economias do mundo. Hoje, conseguimos melhorar este índice e estamos em 15º ou 16º lugar no ranking (das maiores taxas de desemprego)”, afirmou Azeredo. “As principais potências ainda sentem os efeitos da crise de 2008, enquanto os avanços em educação, a inserção digital e a formalização do mercado levaram o Brasil a aumentar os postos de trabalho”, acrescentou. TABAK, Bernardo. G1- Economia. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <http://www.ceao.ufba/2007/leviosirdeos. http>. Acesso em: 2 jul. 2011. Sobre as relações de emprego, desemprego e subemprego, é correto afirmar: a) O desemprego estrutural é também denominado desemprego temporário, pois ocorre em um curto espaço de tempo. b) Pessoas que exercem alguma forma de atividade produtiva sempre são consideradas empregadas nas estatísticas. c) A queda de desemprego entre os jovens pode ser explicada devido ao maior acesso desse grupo às novas tecnologias. d) O desemprego conjuntural é resultado de grandes mudanças na economia, sendo característica dos países em desenvolvimento. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 56 AULA 02 - Sociologia e) O desemprego pode ser definido como uma situação das pessoas que podem e querem trabalhar, mas não conseguem encontrar um emprego. (Unicentro 2011) Um dos livros muito conhecidos do sociólogo Emile Durkheim é o “Da divisão do trabalho social”, obra publicada em 1893. Nesse livro, o autor identifica o surgimento de um novo método de trabalho que conduzia a uma nova fonte de interação social. Sobre a função da divisão do trabalho em Durkheim, assinale V para as afirmativas verdadeiras e F, para as falsas. ( ) A especialização das profissões e a divisão do trabalho baseiam-se em uma ética asceta que leva os indivíduos a buscarem acumulação e eficiência e a evitarem o desperdício e a preguiça. ( ) Os resultados econômicos da divisão do trabalho são de menos importância, pois o efeito moral, o sentimento de solidariedade que essa produz é a sua verdadeira função. ( ) Um arranjo social com classes dominantes e classes dominadas em constante conflito entre si é uma das principais implicações da divisão social do trabalho. ( ) A divisão do trabalho possibilita a coesão social, garantindo o funcionamento harmônico do organismo social. A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a a) V V V F b) F V V V c) F V F F d) F V F V e) V F F F (Unicentro 2011) Assinale V (Verdadeiro) ou F (Falso) nas afirmativas a seguir referentes aos estudos sobre o tema trabalho e vida econômica. ( ) O fordismo visa à mecanização e, portanto, ao aumento da produtividade do trabalho. ( ) A esteira transportadora que fixa o trabalhador em seu posto, diminuindo a sua autonomia e iniciativa, é uma característica do fordismo. ( ) O ritmo do trabalho, no fordismo, deixa de se ditado pela gerência e passa a ser controlado pelos operários. ( ) O industrialista Henry Ford emprestou de Taylor a ideia de que a produção de massa exige mercados em massa. A sequência correta encontrada, de cima para baixo, é a a) V V F F Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 57 AULA 02 - Sociologia b) V V V F c) V F F V d) F F V V e) F V V V (UNIOESTE 2012) Émile Durkheim é consideradoum dos fundadores das Ciências Sociais e entre as suas diversas obras se destacam “As Regras do Método Sociológico”, “O Suicídio” e “Da Divisão do Trabalho Social”. Sobre este último estudo, é correto afirmar que a) a divisão do trabalho possui um importante papel social. Muito além do aumento da produtividade econômica, a divisão garante a coesão social ao possibilitar o surgimento de um tipo específico de solidariedade. b) a solidariedade mecânica é o resultado do desenvolvimento da industrialização, que garantiu uma robotização dos comportamentos humanos. c) a solidariedade orgânica refere-se às relações sociais estabelecidas nas sociedades mais tradicionais. O nome remete ao entendimento da harmonia existentes nas comunidades de menor taxa demográfica. d) indiferente dos tipos de solidariedade predominantes, o crime necessita ser punido por representar uma ofensa às liberdades e à consciência individual existente em cada ser humano. e) a consciência coletiva está vinculada exclusivamente às ações sociais filantrópicas estabelecidas pelos indivíduos na contemporaneidade, não tendo nenhuma relação com tradições e valores morais comuns. (UNIOESTE 2011) Nas últimas décadas desenvolveu-se um debate acirrado no interior das Ciências Sociais referente à importância da categoria trabalho no mundo contemporâneo. Neste sentido, alguns autores chegaram a afirmar que esta era uma categoria em processo de extinção e, que devido a isso, não mereceria atenção sociológica. Contudo, a história vem demonstrando o oposto. No meio da inconstância econômica vivenciada, a organização do trabalho tornou-se tema central entre aqueles que buscam soluções para a crise. Não suficiente, a tentativa de abandonar a referida categoria também não conseguiu eliminar seu aspecto ontológico, ou seja, sua importância na formação dos homens. Sobre a categoria trabalho é correto afirmar que a) conceitualmente, trabalho, emprego e ocupação podem ser considerados a mesma coisa, pois se referem a um mesmo fenômeno. b) a revolução tecnológica e as transformações nos modelos de gestão inevitavelmente levarão a extinção do trabalhador produtivo. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 58 AULA 02 - Sociologia c) na concepção de Émile Durkheim a divisão do trabalho apenas gera individualidade e não possibilita nenhuma outra forma de organização social. d) a diminuição do número de trabalhadores atuando nas indústrias vem sendo acompanhada pelo aumento da importância de outros setores da economia, como o de serviços e o informal. e) o modelo de trabalho desenvolvido nas indústrias Ford e que foi brilhantemente representado por Chaplin no filme “Tempos Modernos” pode ser considerado extinto na atualidade. (UNIOESTE 2010) A partir do início do século XX uma série de modificações foi introduzida na organização do processo de trabalho na produção capitalista. Ou seja, a produção de mercadorias passou a ser estruturada com base nos princípios do fordismo/taylorismo, inovação que vigorou até recentemente. Dentre as alternativas abaixo, marque aquela que apresenta as principais características do fordismo/taylorismo. a) Organização verticalizada das empresas, trabalhador especializado na realização de uma única tarefa e produção padronizada. b) Produção de mercadorias organizada de forma horizontal, subcontratação e terceirização de atividades por parte das empresas. c) A produção não é mais padronizada, incentivo da polivalência do trabalhador e introdução do sistema de bonificações e prêmios por produção. d) Organização verticalizada das empresas, subcontratação e incentivo da polivalência do trabalhador. e) Produção padronizada de mercadorias, organização horizontal das empresas e terceirização de atividades produtivas. (UFU 2015) Nas últimas décadas, o Brasil experimentou mudanças demográficas, sociais, culturais, econômicas e políticas significativas. A crescente inserção das mulheres no mercado de trabalho e na política, a melhoria de seu nível educacional, a redução da fecundidade, a postergação da maternidade, a redução da resistência a novos atributos para os papeis feminino e masculino são algumas delas. No entanto, os ritmos de tais mudanças parecem seguir descompassados. PICANÇO, Felícia Silva. Amélia e a mulher de verdade: representações dos papeis da mulher e do homem em relação ao trabalho e à vida familiar. Em: ARAÚJO, C. & SCALON, C. (org.). Gênero, família e trabalho no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005. De acordo com o trecho acima, as desigualdades de gênero na inserção no mercado de trabalho persistiriam devido à Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 59 AULA 02 - Sociologia A) maior participação dos membros masculinos nas tarefas concernentes ao trabalho doméstico. B) representação de que não cabe apenas ao homem, enquanto chefe de família, o papel de provedor do grupo doméstico. C) crença no fato de que o ingresso feminino no mercado de trabalho gera um prejuízo à família. D) crítica à representação da mulher como naturalmente disposta a assumir os papéis de esposa e mãe. (UFU 2015) Em 2006, o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) lançou um estudo intitulado “A jornada de trabalho no Brasil” na qual se pode ler que [...] com exceção das conquistas obtidas em acordos ou convenções coletivas desde a Constituição de 1988, praticamente todas as alterações nos direitos trabalhistas foram no sentido de diminuir direitos e/ou de intensificar o ritmo de trabalho. DIEESE. A Jornada de Trabalho no Brasil. Disponível em <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BA5F4B7012BAB0CD8FE72AD/Prod02_200 6.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2015. Tomando por base as reflexões de Karl Marx acerca da jornada de trabalho e seus conhecimentos sobre a realidade nacional, é correto afirmar que: a) Tal como todo aparato jurídico burguês, a Constituição de 1988 trouxe consigo a redução dos direitos trabalhistas e a ampliação da exploração sobre o trabalho. b) A redução de direitos trabalhistas é uma marca presente em todos os Estados de Bem- Estar Social no centro e na periferia do capitalismo. c) Intensificar o ritmo de trabalho significa, em outras palavras, ampliar a extração de mais valia relativa. d) Vive-se o paradoxo de a redução dos direitos conviver com um momento especial de crescimento e ofensiva da mobilização sindical. (UFU 2012) Levando em consideração as relações do sistema de produção fordista e demais sistemas de produção e suas consequências, constata-se que o trabalho no sistema a) taylorista baseia-se em trabalhadores multifuncionais, sendo que cada posto de trabalho executa várias tarefas, a fim de diminuir os custos de produção. b) fordista caracteriza-se pela separação entre elaboração e execução no processo de trabalho, proporcionando a alienação. c) fordista é repetitivo e parcelado, gerando trabalhadores felizes e satisfeitos por não necessitarem de longos processos de capacitação para o trabalho. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 60 AULA 02 - Sociologia d) toyotista tem a produção vinculada à demanda, ocasionando flexibilização e evitando, assim, as demissões e a precarização, além de possibilitar a utilização racional da força de trabalho. (UFU 2011) Podemos entender o fordismo como uma forma de acumulação do capital que ocorreu no contexto da luta de classes, envolvendo controle e resistência no local de trabalho, assim como um conjunto de relações socioculturais, políticas e educacionais. A partir da análise do texto acima, é correto afirmar que o fordismo corresponde a: a) uma forma de organização do trabalho social, datada historicamente, prescindindo da figura do Estado e estabelecendo a livre negociação entre capital e trabalho. b) uma formade organização da produção e do trabalho que vem possibilitando grande expansão e acumulação do capital nos dias atuais, particularmente ao longo da década de 1990, caracterizado pelo consumo flexível. c) uma forma de organização do trabalho social que sempre existiu na sociedade capitalista e que envolve um compromisso entre capital e trabalho mediado pelo Estado. d) uma forma de organização do trabalho social, datada historicamente, que envolveu um compromisso entre capital e trabalho mediado pelo Estado o qual buscou assegurar renda e consumo para uma significativa parcela da classe trabalhadora. (UFU 2009) Acerca do chamado “Novo Sindicalismo” no Brasil, assinale a alternativa correta. a) A recessão econômica e as diversas mudanças ocorridas no mundo do trabalho a partir da década de 1990 levaram o novo sindicalismo a adotar novas estratégias de resistência, as quais primavam pela ampliação das greves e maior participação dos trabalhadores nos processos decisórios das empresas. b) Uma das fases do movimento sindical brasileiro teve início em 1978, na região industrial do ABC paulista, com o chamado “novo sindicalismo”, o qual teve como característica seu reconhecimento como instrumento de negociação sob a tutela do Estado. c) As conquistas alcançadas pelo novo sindicalismo brasileiro, em especial aquelas relativas ao espaço da negociação coletiva e à defesa do poder aquisitivo dos salários, implicaram o crescimento e o fortalecimento deste movimento como instrumento de negociação entre patrões e empregados na década de 1990. d) O novo sindicalismo representou um forte questionamento às limitações impostas pela estrutura sindical oficial, alterando o quadro geral das relações dos trabalhadores com os patrões e atuando como importante agente político no processo de redemocratização da sociedade brasileira na década de 1980. (UFU 2007) Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 61 AULA 02 - Sociologia No tocante aos princípios centrais do taylorismo, como propostos por Frederick Winslow Taylor na obra Princípios de Administração Científica, marque a alternativa correta. A) O chamado sistema taylor de produção proporcionou aos trabalhadores maior tempo livre nos processos de execução das tarefas produtivas. B) O taylorismo implicou maior autonomia decisória aos trabalhadores responsáveis pela execução das tarefas produtivas. C) O taylorismo consistiu em um conjunto de princípios críticos e contrários ao estudo científico do processo de produção econômica. D) Os princípios tayloristas estabelecem uma separação clara entre, de um lado, as fases de planejamento, concepção e direção do processo produtivo e, de outro, as tarefas de execução. (UFU 2002) Michel Husson, economista francês, em recente entrevista concedida a uma publicação brasileira, assim se pronunciou sobre o desemprego: Confrontando a evolução da taxa de desemprego na Europa com a taxa dos lucros das empresas no PIB, essas curvas evoluíram de maneira muito parecida. A ideia é a seguinte: se não há redistribuição aos trabalhadores, sob a forma de redução da jornada [de trabalho], há um aumento de desemprego, porque as pessoas trabalham ao mesmo tempo com mais produtividade. E o fato de não diminuir a jornada resulta em uma fonte de lucros financeiros. A conclusão é que não se pode realmente lutar contra o desemprego sem mudar a distribuição dos lucros que se formou dessa maneira. Carta Capital, número 194, 19/junho/2002, p. 42. A política econômica implementada no Brasil, desde 1995, estimulou várias práticas inovadoras no mundo do trabalho tais como: contrato temporário, flexibilização da legislação trabalhista, trabalho parcial e banco de horas. Nenhuma delas, entretanto, apontou para a redução da jornada de trabalho sem redução salarial. Isto posto, à luz da análise de Michel Husson, é correto afirmar que a) as medidas adotadas pelo Governo Federal nos últimos 7 anos, na área trabalhista, visaram combater o desemprego, pois abriram postos de emprego, ao flexibilizarem os contratos de trabalho. b) tal política foi mais uma forma de atender ao interesse do capital financeiro e, por isso, significou uma ação favorável à esfera especulativa. c) a redução da jornada de trabalho sem redução salarial aumentaria o chamado “custo Brasil”, razão pela qual, de fato, seria um equívoco favorecê-la. d) o crescimento da massa salarial somente pode acontecer mediante a retomada de taxas de lucro em patamares crescentes, nada tendo a ver com a taxa de desemprego. (UECE 2019) Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 62 AULA 02 - Sociologia Migração é o deslocamento de indivíduos dentro de um espaço geográfico, de forma temporária ou permanente, constituindo, deste modo, fluxos migratórios. No que diz respeito à migração no Brasil, assinale a afirmação verdadeira. a) Os fluxos migratórios são desencadeados por escolhas pessoais dos indivíduos em busca de novas aventuras culturais e de experiências de vida. b) É uma política do Estado brasileiro que possibilita às famílias das várias regiões conhecer o País e buscar oportunidades de trabalho segundo as preferências de cada um. c) O fator de maior influência nos fluxos migratórios no Brasil é de ordem econômica, ao forçar o deslocamento de indivíduos à procura de trabalho e de melhores condições de vida. d) Os fluxos migratórios no Brasil revelam o desenvolvimento econômico do País ocasionado pelo aumento de intercâmbio de conhecimentos profissionais entre as regiões. (UECE 2019) Atente para o seguinte enunciado: A crise econômica que o Brasil vem enfrentando nos últimos anos resultou em uma triste realidade para os trabalhadores: o aumento da informalidade — empregados de pequenas empresas sem registro, o comércio ambulante, a execução de reparos ou pequenos consertos, a prestação de serviços pessoais (de empregadas domésticas, babás) e de serviços de entrega (de entregadores, motoboys), a coleta de materiais recicláveis, motorista de aplicativos como o UBER etc.). Apenas em 2017 foram criadas 1,8 milhão de vagas no setor informal, enquanto 685 mil vagas com carteira assinada foram perdidas. Disponível em:https://financasfemininas.com.br/estudoconsequencias-do-crescimento-do- emprego-informal-nobrasil/ Considerando o enunciado acima, é correto afirmar que a) o aumento do trabalho informal no Brasil é reflexo do aumento da liberdade de escolha do trabalhador em relação ao trabalho assalariado e da sua condição empreendedora. b) todos os trabalhadores fazem a economia funcionar, mas as condições de trabalho e renda a que se submetem aqueles da informalidade são precárias. c) não estar amparado pela carteira assinada significa menos custo para o trabalhador, que passa a ter mais garantias de renda, com menos encargos sociais e previdenciários. d) o crescimento da informalidade expressa a força do empreendedorismo e da liberdade pessoal de escolhas no mercado formal de trabalho. (UEMA 2015) “O sociólogo Zygmunt Bauman, em seu livro Globalização: as consequências humanas, afirma que a ‘globalização‘ tem sido apresentada como o destino irremediável do mundo, mas que, no fenômeno da globalização, há mais coisas do que pode o olho apreender, pois o fenômeno da globalização tanto divide como une.” Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 63 AULA 02 - Sociologia Fonte: BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. (adaptado) Essa crítica do autor é, também, expressa em outras linguagens como na charge abaixo. Com base na charge e nas ideias de Zygmunt Bauman, pode-se afirmar que o fenômeno da globalização a) seleciona povos, países e setores que serão inseridos no processo, determinando a forma da inserção. b) uniformiza todos os países e atinge a todos da mesma maneira,sem distinção de etnia, credo e ideologia. c) distribui igualmente entre povos e países os produtos advindos do desenvolvimento econômico e tecnológico. d) transforma as nações em uma só, criando uma verdadeira “aldeia global”, na qual todos os povos são iguais. e) padroniza o mundo social, cultural, política e economicamente, reduzindo as desigualdades entre as nações. (UEMA 2014) A etimologia do termo trabalho deriva do vocábulo tripallium que significa “instrumento de tortura”. O trabalho foi associado à ideia de castigo, tortura, atividade penosa. Ao longo do tempo, houve várias interpretações do sentido de trabalho. No feudalismo, o trabalhador tinha uma visão total do produto. Com a consolidação da sociedade industrial, o modelo fordista e taylorista fragmentaram o processo de produção, conforme imagem abaixo. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 64 AULA 02 - Sociologia Nesse sentido, as características do fordismo e do taylorismo, no início do século XX, em novo ordenamento social do trabalho, são, respectivamente, a) especialização da administração e solidarismo, flexibilização, robótica. b) automação, fragmentação e cooperação, manufatura, rigidez do trabalho. c) mecanização, automação, precariedade do trabalho e estabilidade no emprego, solidarismo. d) impessoalidade das normas, flexibilização do trabalho, robótica e controle das atividades, fluidez do trabalho. e) controle das atividades, mecanização e impessoalidade das normas, rigidez do trabalho, especialização da administração. (UEG 2019) Um dos fenômenos mais analisados pela sociologia é o das classes sociais. Algumas análises sociológicas apontam para uma mudança na estrutura de classes na sociedade, o que teria se iniciado após a Segunda Guerra Mundial e com maior intensidade nas décadas posteriores. A respeito das alterações na estrutura de classes que ocorreram a partir dessa época, verifica- se que a) a longa crise econômica e o consequente enxugamento do Estado a partir dos anos 1950 geraram uma redução drástica da burocracia e uma precarização intensa da intelectualidade. b) houve, nas últimas décadas, um decréscimo quantitativo e proporcional do proletariado industrial, devido ao crescimento do setor de serviços e do comércio em detrimento do setor industrial. c) o desenvolvimento tecnológico e o avanço da informática fizeram emergir uma nova classe, denominada tecnocracia, que vem, paulatinamente, substituindo a burguesia como classe dominante. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 65 AULA 02 - Sociologia d) a pós-modernidade e o neoliberalismo criaram um intenso processo de fragmentação social, o que provocou o desaparecimento das classes sociais e sua substituição pelos grupos sociais. e) o estado de bem-estar social nos países capitalistas mais avançados gerou uma reforma agrária que teve como principal efeito o crescimento quantitativo do campesinato e da classe latifundiária. (UEG 2012) A emergência do fenômeno da globalização foi acompanhada de mudanças na esfera da produção e do Estado. Nesse contexto, no caso europeu, é correto afirmar: a) a partir da década de 1980, emergiu o regime de acumulação flexível, caracterizado pelo pós-fordismo e pelo Estado de bem-estar social. b) partir da década de 1980, iniciou-se o processo de reestruturação produtiva e a implantação do Estado neoliberal. c) a partir dos anos 1970, emergiu a sociedade pós-moderna globalizadora e organizada em torno do Estado neoliberal e do fordismo/taylorismo. d) a partir dos anos 1980, emergiu o Estado de bem-estar social e a reestruturação produtiva. (UEG 2009) O mundo contemporâneo vem sofrendo muitas mudanças em todas as esferas da vida social. Estas mudanças sociais estão na organização política, nas relações internacionais, na cultura, entre outras. A chamada “reestruturação produtiva” faz parte deste contexto e está relacionada com o aumento do desemprego. Sobre a relação entre reestruturação produtiva e desemprego, é correto afirmar: a) o desemprego provoca a reestruturação produtiva, pois as políticas keynesianas implantadas em todo o mundo a partir da Segunda Guerra Mundial tinham como uma de suas características principais a política de “pleno emprego”. Esta política estatal se esgotou com o aumento do desemprego a partir da década de 70, provocado pela crise do petróleo. O aumento do desemprego gerou a reestruturação produtiva, cujo principal objetivo é a flexibilização das relações de trabalho e do mercado de trabalho, provocando uma otimização do uso de recursos humanos e diminuindo drasticamente os índices de desemprego em todo o mundo. b) o processo de reestruturação produtiva vem acompanhado da implantação do regime neoliberal e estes dois processos combinados promovem, por um lado, a corrosão da legislação trabalhista, o enfraquecimento da política estatal de proteção ao trabalhador, a instituição do contrato temporário, a precarização do trabalho, a descentralização industrial, a flexibilização do mercado de trabalho, a busca do aumento da oferta de força de trabalho, visando pressionar os salários para baixo. Isto tudo provoca o aumento do desemprego em escala mundial. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 66 AULA 02 - Sociologia c) o processo de desemprego é produto natural do desenvolvimento tecnológico e por isso tende, com o desenvolvimento histórico, a aumentar. O desemprego no capitalismo é maior do que o que existiu no feudalismo. Quanto mais o capitalismo se desenvolve, mais aumenta o desemprego, até que o processo de automação substitua o trabalhador por máquinas e o emprego seja abolido. d) não existe nenhuma relação entre reestruturação produtiva e desemprego, pois este sempre existiu e sempre existirá. (UPE 2016) Observe a imagem a seguir: Baseando-se na imagem, a relação de produção apresentada é conhecida como a) Capitalista. b) Socialista. c) Escravista. d) Feudalista. e) Primitivista. (UPE 2018) Observe a imagem a seguir: Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 67 AULA 02 - Sociologia Desde o início do século XX, o sistema capitalista reordenou as relações de trabalho por meio da organização da produção, o que possibilitou a acumulação do capital de forma flexível. Nesse contexto, o processo produtivo verticalizado, apresentado na imagem, denomina-se de a) Fordismo/taylorismo. b) Toyotismo. c) Mercantilismo. d) Volvismo. e) Capitalismo manual. (UENP 2019) Fordismo e toyotismo são dois modelos capitalistas de organização do trabalho em fases distintas da produção industrial dos séculos XIX e XX. Com base nos conhecimentos sobre os dois modelos citados, considere as afirmativas a seguir. I. O fordismo combatia o uso da esteira rolante na produção de mercadorias por considerar que esta era menos eficaz que o cronômetro para controlar o trabalhador. II. Ao contrário do toyotismo, o fordismo propõe uma organização do trabalho na qual exista o envolvimento dos funcionários com a empresa mediante o trabalho em equipe. III. Um dos grandes problemas enfrentados pelo fordismo foi a existência do absenteísmo, isto é, o declínio do envolvimento do trabalhador com a tarefa realizada. IV. O controle dos tempos e movimentos do trabalhador é um traço comum aos dois modelos, embora seja mais intenso no toyotismo, que acelera os fluxos de produção. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 68 AULA 02 - Sociologia Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas(UENP 2010) Sobre o capitalismo a partir da década de 70, é incorreto afirmar que são suas características: a) enormes quedas nas taxas de lucro, acentuadas pelo encarecimento da mão de obra, que promovia constantes lutas para melhorar suas condições de vida; com o encarecimento da mão de obra, as empresas começaram a cortar gastos, dando início à proeminência do desemprego estrutural. b) esgotamento do taylorismo/fordismo, que era incapaz de responder à crescente retração da demanda dos produtos advinda do aumento das taxas de desemprego. c) controle cada vez maior da dimensão financeira da economia. d) crescente concentração de capitais graças ao inicio de uma série de fusões entre grandes empresas. e) crise dos mecanismos do Estado de Bem-Estar social, acelerada pela crise fiscal nos estados do capitalismo avançado, que gerou a necessidade de cortes de gastos e transferência de atribuições ao capital privado. (UERJ 2020) Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 69 AULA 02 - Sociologia Nos textos são apresentados alguns dos significados dos desastres humanos e ambientais causados pelo rompimento de barragens de rejeitos de mineração em Mariana e Brumadinho. Os desastres mencionados indicam a permanência do seguinte critério na relação entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental: (A) valorização da ocupação laboral (B) primazia da acumulação capitalista (C) racionalização da produção industrial (D) retomada da desregulamentação estatal (UERJ 2020) Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 70 AULA 02 - Sociologia A história de Pureza Lopes Loiola alerta sobre a permanência do trabalho análogo ao escravo na sociedade brasileira na atualidade. Um dos principais fatores que possibilitam essa permanência é a: (A) legislação permissiva (B) fiscalização ineficiente (C) concentração fundiária (D) modernização tecnológica (UERJ 2020) O conceito de “comércio justo”, mencionado no texto, engloba o compromisso de viabilizar que o preço pago por uma mercadoria resulte nas seguintes garantias: (A) direitos sociais e conservação ambiental (B) direitos civis e flexibilidade da produção (C) direitos autorais e preservação da natureza D) direitos políticos e concorrência empresarial (UERJ 2019) Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 71 AULA 02 - Sociologia Os levantamentos feitos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística indicam diferenças quanto à remuneração e ao acesso ao ensino superior de homens e mulheres. A partir dos dados, observa-se a permanência da seguinte prática: (A) exclusão política (B) discriminação racial (C) homogeneização cultural (D) hierarquização econômica (UERJ 2013) Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 72 AULA 02 - Sociologia A extração de recursos naturais da Floresta Amazônica, como o látex, ainda hoje se insere em um contexto de problemas sociais, relacionados principalmente ao seguinte fator: (A) escassez de mão de obra qualificada (B) precariedade das condições de trabalho (C) insuficiência dos sistemas de transporte (D) insalubridade da infraestrutura habitacional (UERJ 2010) Veja bem, este país, em seus dias de glória, parecia até um zoológico. Um zoológico limpinho e bem arrumado. Todos tinham o seu lugar e viviam felizes. Quem era chamado de halwai fazia doces. Quem era chamado de criador de gado criava gado. Os intocáveis limpavam latrina. Até que, em 1947, quando os britânicos foram embora, todas as jaulas foram abertas. Aí a lei da selva substituiu a lei do zoológico. Os mais ferozes devoraram os demais e ficaram barrigudos. Resumindo: antigamente havia mil castas e destinos na Índia. Hoje só há duas castas: a dos homens barrigudos e a dos homens sem barriga. ARAVIND ADIGA. Adaptado de O tigre branco. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008. O fragmento de texto acima faz referência a uma das transformações ocorridas na Índia, a partir de 1947. Essa transformação explicita a relação entre as seguintes características na sociedade indiana: (A) diversidade de etnias – liberdade de expressão (B) divisão do trabalho – hierarquização dos grupos (C) centralização do Estado – eliminação da censura (D) racionalização da produção – preservação das tradições (UNESPAR 2018) O trabalho é universal nas sociedades humanas e está ligado à necessidade de recursos materiais para a sobrevivência. Após a Revolução Industrial e Revolução Francesa, com o advento do trabalho operário e a ampliação das indústrias, ocorreu uma migração das populações rurais para as cidades. Atualmente a maior parte da população mundial vive nas cidades. Essa mudança no panorama de distribuição da população se deu por conta da: a) Maior taxa de natalidade nos meios urbanos; b) Busca por oportunidades de trabalho; c) Diminuição da produção de alimentos na zona rural; d) Mecanização da produção agrícola; e) Abandono das propriedades rurais por parte dos agricultores. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 73 AULA 02 - Sociologia GABARITO 1. B 2. D 3. A 4. B 5. C 6. E 7. B 8. B 9. C 10. D 11. A 12. E 13. B 14. C 15. B 16. 84 17. 11 18. 37 19. 16 20. 19 21. 10 22. E 23. B 24. D 25. E 26. B 27. C 28. E 29. E 30. D 31. A 32. A 33. D 34. A 35. C 36. C 37. B 38. D 39. D 40. D 41. B 42. C 43. B 44. A 45. E 46. B 47. B 48. B 49. C 50. A 51. C 52. C 53. B 54. B 55. A 56. B 57. B 58. B 59. B 6. QUESTÕES UNESP – COMENTADAS (UNESP 2020) “Eu tinha muito medo, estava sozinha, não tinha como não trabalhar. Ela não me deixava amamentar meu filho pela manhã, dizia que eu perderia tempo.” (Dora E. A. Calle) “Quando Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 74 AULA 02 - Sociologia eu precisava sair da casa, sempre tinha que pedir a chave. E nessa hora a chave sempre sumia.” (Raul G. P. Mendoza) “A casa onde eu trabalhava tinha outros 14 bolivianos, que, assim como eu, queriam guardar dinheiro e voltar para nosso país. Mas não é bem assim que acontece.” (Alicia V. Balboa) (Bárbara Forte. “Tecendo sonhos”. https://noticias.bol.uol.com.br, 09.05.2019. Adaptado.) Esses depoimentos retratam a realidade vivida por imigrantes bolivianos que trabalharam no setor têxtil da capital paulista. Os depoimentos evidenciam a) a competitividade da Divisão Internacional do Trabalho. b) a relação de trabalho análoga à escravidão. c) o processo de segregação estimulado pela xenofobia. d) a flexibilização das leis trabalhistas. e) o descompasso do trabalho formal com as mudanças da globalização Comentários Questão boa para percebemos como os sentidos do trabalho ao longo da história atravessam- na e aparecem nos dias recentes. a) Errado, pois o trabalho escravo não evidencia a competitividade da divisão internacional do trabalho, já que é uma forma de organização da produção em que está à margem da racionalidade baseada em normas legais e em acordos reconhecidos por países, organizações e empresas. No mundo atual, a divisão internacional do trabalho é reconhecida sob formas de exploração de trabalho “não-escravas”. Até podemos concordar que, em muitos países, os direitos trabalhistas são baixíssimos, fato que estimula empresas a migrarem para zonas com menos encargo. Contudo, a exploração do trabalho assalariado é diferente das condições impostas ao trabalho análogo à escravidão. b) Correto. Apesar de, em um primeiro momento, ficarmos impressionado com o fato de muitos bolivianos trabalharem em troca de comida e de lugar para dormir, o que caracteriza a condição de analogia à escravidão é uma reunião de elementos. Desde as péssimas condições de trabalho, até o controle sobre o direito de ir e vir. Conforme destacado no enunciado, nostrechos “Ela não me deixava amamentar meu filho pela manhã” e “sempre tinha que pedir a chave. E nessa hora a chave sempre sumia”, os trabalhadores estavam submetidos ao rígido controle. Não podiam abandonar o local de trabalho, pois, na prática, estavam presos. c) Incorreto. Os depoimentos não relatam xenofobismo. d) Incorreto. Os depoimentos não evidenciam leis trabalhistas. e) Incorreto. Os depoimentos não apontam para o descompasso do trabalho formal e nem para as mudanças da globalização. Gabarito: B (UNESP 2009) Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 75 AULA 02 - Sociologia Observe a imagem, cena do personagem Carlitos no filme Tempos modernos, 1936. Tempos modernos, de Charles Chaplin, representa a situação econômica e social dos Estados Unidos da América dos anos trinta do século passado. No filme, as aventuras de Carlitos transcorrem numa sociedade a) capitalista em desenvolvimento e conflagrada pelos movimentos operários de destruição das máquinas. b) globalizada, em que o poder financeiro tornava desnecessário o uso das máquinas na produção de mercadorias. c) imperialista e mecanizada, que aplicava os lucros adquiridos na exploração dos países pobres em benefício dos operários americanos. d) abalada pelo desemprego e caracterizada pela submissão do trabalho humano ao movimento das máquinas. e) pós-capitalista, na qual o emprego da máquina libertava o homem da opressão do trabalho industrial. Comentários a) falso, pois essa é a descrição de uma sociedade da Revolução Industrial. b) falso, pois a própria imagem deixa clara a necessidade do uso de máquinas. c) falso, pois o filme Tempo Moderno retrata a condição dos trabalhadores em países do “primeiro mundo”. d) perfeito, pois o filme é da década de 1930, pós crise de 1929. Além disso, repare que a posição do trabalhador, praticamente engolido pela engrenagem, mostra a relação intrínseca entre movimento humano e movimento da máquina. Lembre-se de que essa forma de organização da indústria capitalista era caracterizada pelo taylorismo, o sistema de controle de tempos e movimentos. e) falso, cronologicamente, está equivocado sugerir que o período da sociedade de massas da produção taylorista e fordista é pós-capitalista. O mais próximo de um conceito “pós- capitalista” seria a reformulação da econômica neoliberal, combinando com o pós- modernismo, mas com ressalvas. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 76 AULA 02 - Sociologia Gabarito: D 7. QUESTÕES PARA APROFUNDAMENTO - COMENTADAS (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes) Quando um punhado de homens não tem emprego e não procura trabalho, buscamos as causas em suas situações imediatas e no seu caráter. Mas quando (...) milhões de homens estão desempregados, não podemos acreditar que todos eles subitamente ficaram preguiçosos e deixaram de “ser bons”. (MILLS, C. W. A Sociedade de Massas. In: FORACHI, M. M.; MARTINS, J. S. Sociologia e Sociedade: Leituras de Introdução à Sociologia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1977. P. 323) A partir do texto, o fenômeno do desemprego de massas tem explicações a) na estrutura do sistema. b) na natureza dos homens. c) nas escolhas individuais. d) na dependência estrutural da economia das decisões dos bons empregadores. e) na indisposição de grupos de pessoas em procurar emprego. Comentários Salvo exceções, como a situação de pleno emprego nos Estados de Bem-Estar social, o desemprego é uma das características da sociedade capitalista. Nesse sentido, o sociólogo Charles Wright Mills faz uma colocação que considera o desemprego enquanto um fenômeno do capitalismo. Assim, em poucas palavras, ele expressa uma crítica à posição daqueles que não entendem o capitalismo como um sistema que produz desigualdades. É comum economistas liberais, com repercussões em setores das classes dominantes, culparem os trabalhadores desempregados por estarem desempregados: seja porque não se capacitam; seja porque não estão dispostos a procurar trabalho em outras áreas; seja porque não aceitam baixos salários; etc. Porém, Mills problematiza esse tipo de percepção na medida em que coloca o problema social em grande escala. Ora, como é possível milhões de desempregados? E as oportunidades? Pois bem, ao problematizar uma visão um tanto quanto do senso comum, Mills sugere que o problema é estrutural, ou seja, da estrutura do sistema capitalista e não das pessoas individualmente. Com efeito, as alternativas b) e c), por transferirem a culpa de um problema estrutural para a “natureza humana” fazem afirmações erradas, já que não há uma relação direta entre aptidões, gostos, escolhas, preferências das pessoas e o desemprego em larga escala. Uma forma de, sociologicamente, provarmos que b) e c) são falsas, é pensar no “teste de hipótese” (procedimento comum em análises quantitativas nas Ciências Sociais). Isso significa, por exemplo, fazer o caminho inverso, ou seja, em que situação, então, temos todas as pessoas empregadas, no sistema capitalista? Em Estados de Bem-Estar social, nos quais há políticas públicas que Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 77 AULA 02 - Sociologia regulam oferta e demanda de emprego e asseguram o pleno emprego. Portanto, há uma ação estrutural exterior às pessoas para que o emprego seja garantido e não uma situação “ótima” das características individuais em que todos estão empregados. Percebe? a) é o nosso gabarito, pois, de forma clara e objetiva, a alternativa ataca o desemprego estrutural. d) repare que aqui temos o mesmo problema da b) e da c), pois não há “natureza do ser” nas decisões dos empregadores, depende da dinâmica das relações de produção, de mercado, dos ganhos, enfim, de “n” variáveis que podem influenciar na decisão de empregar ou não empregar. e) errado, pois o próprio texto do enunciado explicita que o desemprego isolado, especifico, pode ser explicado pelo “caráter”, mas, atenção, o comando da questão quer que você aprecie o “fenômeno do desemprego de massas”. Gabarito: A (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes) O que dava aos partidos e movimentos operários sua força original era a justificada convicção dos trabalhadores de que pessoas como eles não podiam mudar sua sorte pela ação individual, mas só pela ação coletiva, de preferência através de organizações, fosse pela ajuda mútua, greve ou totó. (HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX. São Paulo: Cia. das Letras, 1995, p. 300) A ação coletivas dos trabalhadores, segundo a perspectiva marxista, é resultado a) da presença das ideias comunistas. b) da natureza conflitiva das relações sociais de produção. c) da dominação racional legal que legitima a exploração capitalista. d) da fusão do capital produtivo com o capital financeiro. e) da ausência de leis que regulem as relações de capital e trabalho. Comentários a) errado, pois a análise marxista – assim como boa parte dos estudos sociológicos – busca a objetividade daquilo que é investigado. Nesse sentido, atribuir a ação coletiva à uma das ideias que existe na sociedade, além de desconsiderar a presença de outras doutrinas sociais, atribui a fatores subjetivos algo que tem origem em problemas estruturais da sociedade capitalista, como a lógica de exploração do trabalho. b) correto, pois, conforme Marx, se por um lado os capitalista querem aumentar a taxa de exploração do trabalho para auferirem mais lucros e rendimentos, por outro, os trabalhadores combate a excessividade e penosidade das relações de trabalho e, Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 78 AULA 02 - Sociologia principalmente, reivindicam maiores salários. Com isso, há um conflito que é já é previsto, pois ele é parte da lógica capitalista. c) falso, pois a afirmação mistura um conceito de Max Weber, o a dominação racional legal, como entendimento marxista sobre a sociedade capitalista. d) errado, pois aqui temos o conceito de Imperialismo, elaborado por V. I. Lenin. e) cuidado, pois não é porque existem leis sociais e trabalhista que deixa de existir conflitos do trabalho. Claro, é possível leis que amenizem a dinâmica conflitiva do trabalho? Sim, até porque, no caso do Brasil, por exemplo, até a década de 1930 houve muita mobilização do movimento operário em defesa de leis sociais e trabalhistas. A partir do momento em que a legislação trabalhista foi sendo estabelecida o grau do conflito diminuiu. Porém, mesmo em contexto de grandes proteções, altos salários, etc, há conflitos e há mobilizações dos trabalhadores. Gabarito: B (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes) Ao separar completamente o patrão e o empregado, a grande indústria modificou as relações de trabalho e apartou os membros das famílias, antes que os interesses em conflito conseguissem estabelecer um novo equilíbrio. Se a função da divisão do trabalho falha, a anomia e o perigo da desintegração ameaça todo o corpo social e quando o indivíduo, absorvido por sua tarefa se isola em sua atividade especial, já não percebe os colaboradores que trabalham ao seu lado e na mesma obra, nem sequer tem ideia dessa obra comum. (DURKHEIM, E. A Divisão Social do Trabalho. Apud: QUINTEIRO, T. BARBOSA, M. L. OLIVEIRA, M. G. M. Toque de Clássicos. Vol. 1. Durkheim, Marx e Weber. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p. 91. ) De acordo com o sociólogo francês, a divisão do trabalho possui uma função a) conflitiva. b) de fornecer consciência de classe. c) coesiva. d) promotora do consenso salarial. e) de unir mecanicamente as pessoas. Comentários E. Durkheim, diferentemente da abordagem marxista, não analise as relações de conflito, mas sim, os fenômenos sociais que possibilitam organizar a sociedade e mantê-la unida, coesa. Nesse sentido, seja em sociedade menos complexas, nas quais predomina a “solidariedade mecânica”, seja nas mais complexas, nas quais predomina “a solidariedade orgânica”, o autor está preocupado com a coesão social. No caso das sociedade industriais modernas, nas quais há a separação do empregado e do patrão, estamos diante da dinâmica e funcionamento da sociedade em que os indivíduos se conectam em função das relações Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 79 AULA 02 - Sociologia de trabalho, pois cada um possui uma especialização na divisão social do trabalho. É essa particularidade que faz com que haja a unidade social. Gabarito, letra c). a) errado, pois Durkheim não considera que a divisão social do trabalho tem função conflitiva, para ele o conflito é uma disfunção do sistema. A visão das relações de trabalho como “conflito” é própria do marxismo. b) errado, pois essa é a análise marxista. d) falso, pois Durkheim pensa a divisão social do trabalho a partir das especificidades das funções desempenhadas no todo social, de modo que não há centralidade do salário para a promoção do consenso, já que este é resultado da própria divisão do trabalho. O salário é um elemento que demonstra a existência do consenso, pois, se há salário significa que patrões e empregados chegaram a um acordo, o qual deve ser respeitado, na visão durkheimiana. e) errado, pois nas sociedades industriais a união é orgânica e não mecânica. Gabarito: C (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes) Trabalho doméstico na pandemia No Brasil, a pandemia do coronavírus afetou o trabalho doméstico de duas formas marcantes. A primeira delas foi a dispensa de milhares de trabalhadoras domésticas por empregadores que perderam renda ou que ficaram com medo de se contaminar ao contato com essas trabalhadoras. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número de pessoas ocupadas com trabalho doméstico no país diminuiu de 6,1 milhões no primeiro trimestre de 2019, para 4,9 milhões em igual período de 2021, com quase 1,2 milhão de domésticos a menos no mercado de trabalho em apenas dois anos. Considerando que 97% da categoria é formada por mulheres, isso significa que mais de 30% das 3,1 milhões de mulheres que deixaram o mercado de trabalho no período eram domésticas. "Isso é bastante grave, considerando que boa parte dessas mulheres têm filhos e são chefes de família", observa Cristina Vieceli [economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – Dieese]. Um segundo fato marcante foi a privação de liberdade de diversas trabalhadoras domésticas que foram obrigadas por seus patrões a permanecer no trabalho sem poder voltar para suas famílias, devido ao medo dos empregadores de contaminação. Para o sociólogo Tulio Custódio, esse fenômeno também está ligado ao passado colonialista brasileiro. "Há uma ideia de que o empregado não é um profissional, mas uma posse, o que tem origem na relação escravocrata, onde o escravo era visto como um objeto", observa. "Foi muito simbólico o fato de a primeira pessoa a morrer de covid [no Rio de Janeiro] ser uma mulher negra, idosa e empregada doméstica", lembra Custódio, referindo-se à mulher de 63 anos, cujo nome não foi divulgado a pedido da família, que morreu em 17 de março de 2020, após ser contaminada pela patroa que voltou de viagem da Itália. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 80 AULA 02 - Sociologia (BBC. Jul/2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-57855932. Acesso em: 19/07/2021) Considerando os dados e a descrição da situação das trabalhadoras domésticas, está correto afirmar que elas a) demonstram a superação do passado escravocrata da sociedade brasileira. b) foram exceção durante a pandemia do coronavírus, já que o trabalho doméstico é imprescindível. c) foram vetores significativos do coronavírus, fato que resultou no desemprego massivo das diaristas. d) foram parcialmente atendidas na reivindicação de proteção da saúde por patrões que as mantiveram em isolamento social nas casas em que trabalham. e) estão submetidas sistemas de opressões que se interseccionam. Comentários a) falso, pois o pesquisador da USP ressalta a herança do passado colônias nas formas de relações de trabalho e manutenção do trabalho doméstico. b) falso, pois as trabalhadoras domésticas foram substancialmente impactadas, como demonstram os dados do IBGE. c) falso, pois não é possível inferir esta afirmação do texto, além de essa visão esboçar um preconceito social com uma parcela da população que esteve (e está) vulnerável diante da pandemia. d) errada a afirmação, pois o motivo de os patrões não deixarem as domésticas saírem das casas em que trabalham é em razão do medo dos empregadores serem contaminados e não porque foi atendida uma reivindicação da categoria. Além disso, como lembra a reportagem, há uma situação trágica nesta história que exclama o que é a sociedade brasileira: o caso da doméstica que morreu contaminada por sua patroa (considerada o caso zero) que havia retornado de uma viagem à Europa. e) é o nosso gabarito. A Teoria Interseccional é o estudo da sobreposição de identidades sociais e sistemas relacionados de opressão, dominação ou discriminação. A interseccionalidade sustenta que as conceituações clássicas de opressão dentro da sociedade — tais como o racismo, o sexismo, o classismo, o capacitismo, a xenofobia, a bifobia, a homofobia, a transfobia e a intolerâncias baseadas em crenças — não age independentemente uns dos outros. Essas formas de preconceito se inter-relacionam, criando um sistema que reflete o “cruzamento” de múltiplas formas de discriminação. Gabarito: E (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Alê Lopes) Semanas atrás, um post no LinkedIn de Jonathan Frostick, de 45 anos, ganhou ampla repercussão. Ele descreveu como teve uma revelação quanto ao problema das longas Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 81AULA 02 - Sociologia jornadas. O gerente de regulação no banco britânico HSBC havia acabado de se sentar numa tarde de domingo para se preparar para a semana de trabalho à frente, quando sentiu um aperto no peito, uma palpitação na garganta, mandíbula e braço, além de dificuldade para respirar. "Fui para o quarto para me deitar e chamei a atenção da minha esposa, que ligou para o 999 [equivalente no Reino Unido ao 192 brasileiro, número que deve ser chamado para emergências médicas]", disse ele. Enquanto se recuperava de um ataque cardíaco, Frostick decidiu mudar sua relação com o trabalho. "Não estou mais passando o dia todo no Zoom", diz ele. (G1. Economia. Mai/2021. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/concursos-e- emprego/noticia/2021/05/18/trabalhar-demais-mata-745-mil-pessoas-por-ano-no-mundo-revela- estudo.ghtml. Acesso em: 19/05/2021) O problema de saúde ocorrido com Jonathan Frostick expõe um problema crônico das relações de trabalho capitalistas que pode ser sintetizado na seguinte expressão: a) ausência de divisão social do trabalho. b) elevadas jornadas de trabalho. c) excesso de café. d) sedentarismo. e) ausência de direitos trabalhistas. Comentários A chave para responder a esta questão está em compreender que o comando do enunciado nos localiza diante de uma problemática das relações de trabalho, por um lado, e, por outro, o final do texto dá uma pista importante sobre qual aspecto das relações de trabalho, veja: “Não estou mais passando o dia todo no Zoom”. Ora, se o rapaz é gerente de banco e passava o dia todo no Zoom é porque estava trabalhando, ou seja, não havia limites para a jornada de trabalho, principalmente em tempos de pandemia e home office. Nesse sentido, gabarito é b). Sobre esse assunto, pessoal, vou trazer só alguns dados de uma pesquisa de um recente estudo feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em conjunto com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). - 745 mil pessoas morreram em 2016 de derrame e doenças cardíacas relacionadas a longas horas de trabalho. Longas jornadas são aqueles acima de 55 horas semanais de trabalho. - pessoas que vivem no Sudeste Asiático e na região do Pacífico Ocidental são as mais afetadas. - quase três quartos dos que morreram em consequência de longas jornadas de trabalho eram homens de meia-idade ou mais velhos. - calcula-se que as longas jornadas sejam responsáveis por cerca de um terço de todas as doenças relacionadas ao trabalho, representando o maior peso entre as doenças ocupacionais. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 82 AULA 02 - Sociologia a) falso, pois no mundo contemporâneo a divisão social do trabalho se tornou mais complexa. c) falso, pois não dá para inferir isso a partir do texto do enunciado d) errado, pois não é possível concluir que o gerente de banco teve complicações de saúde por conta da falta de exercícios físicos. Sem contar que o enunciado nos apresenta uma problemática no campo das relações estruturais de trabalho. e) errado, pois o caso ocorreu na Inglaterra, pais que, minimamente, possuir jornada de trabalho regulamentada. O mais comum, em grandes empresas é que quanto maior o cargo de chefia, menos impacto os direitos trabalhistas tem sobre o trabalhador, pois a dinâmica do trabalho em cargos de direção de empresas é praticamente ininterrupta. Agora, atenção, veja que mencionei acima os países do leste asiático. Nessas regiões, em geral, não há direitos trabalhistas mesmo. Então, é possível a análise caminhar para esse sentido, ou seja, relacionar elevadas jornadas de trabalho, ausência de direitos trabalhistas e maior número de óbitos por excesso de longas jornadas. Gabarito: B (Estratégia Vestibulares/2020/Profe Alê Lopes) A mundialização introduz o aumento da produtividade do trabalho sem acumulação de capital, justamente pelo caráter divisível da forma técnica molecular-digital do que resulta a permanência da má distribuição da renda: exemplificando mais uma vez os vendedores de refrigerantes às portas dos estádios viram sua produtividade aumentada graças ao just in time dos fabricantes e distribuidores de bebidas, mas para realizar o valor de tais mercadorias, a forma de trabalho dos vendedores e a mais primitiva. Combinam-se, pois, acumulação molecular digital com o puro uso da força de trabalho. OLIVEIRA, F. Crítica à razão dualista e o ornitorrinco. Campinas: Boitempo, 2003. Os aspectos destacados no texto afetam diretamente questões sobre a forma, a configuração em si, das relações de trabalho no mundo contemporâneo. O exemplo mencionado no texto é equivalente a qual outro exemplo indicado nas alternativas? a) o pequeno produtor rural que se associa em cooperativas para otimizar possibilidade de venda. b) dos entregadores de comida por aplicativo que utilizam bicicletas para realizar o serviço. c) das mulheres que trabalham em serviço de telemarketing. d) dos estivadores das regiões portuárias que, hoje em dia, usam sistemas automatizados para o transporte de cargas. e) do professor em salas de aula. Comentários A questão relaciona as possibilidades tecnológicas geradas pelo capitalismo com o uso da força de trabalho. No texto do enunciado a ênfase é para um contraste entre a tecnologia, Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 83 AULA 02 - Sociologia de um lado, e a força de trabalho em seu aspecto mais “cru”, isto é, o força física usada como energia. Diante disso, vamos às alternativas. a) o produtor rural até pode utilizar formas mais rudimentares de produzir, como enxada, colheita manual. Contudo, a alternativa não evidencia uma relação direta entre tecnologia, de um lado, e uso primitivo da força física para o trabalho. b) correta. Essa questão é interessante e bem atual. Temos visto muitos entregadores que trabalham 12-14 horas por dia usando as pernas para mover as bicicletas. De um lado, um recurso tecnológico na palma da mão (um aplicativo) em que as pessoas pedem comida sem sair de casa, do outro, o trabalhador que se “mata” para entregar o produto. Veja que é semelhante ao exemplo trazido no texto. c) falso, pois nesta afirmação não consta o contraste sugerido pelo trecho do enunciado. Até podemos concordar que o trabalho de telemarketing possui condições prejudiciais à saúde, como ter que ficar muito tempo sentado e sem ir ao banheiro. Mas é um tipo de serviço que se origina na primeira metade do século XX. Dessa forma, o contraste entre “maior desenvolvimento tecnológico” e “uso do corpo” como energia de trabalho não aparece na alternativa. d) o uso de tecnologia, máquinas automatizadas para o transporte de cargas, e não a atividade braçal apenas, torna invalida a alternativa. e) falso, a afirmação é muito genérica e não permite chegarmos à especificidade cobrada no enunciado. Gabarito: B (Estratégia Vestibulares/2020/Profe Alê Lopes) Nos últimos anos, Jack Welch tem sido repetidamente apontado como o guru com quem melhor se pode aprender a arte da gestão. O seu trabalho à frente da GE justifica a atenção. Existem outros exemplos, todavia, com quem se pode aprender diferentes lições. Um dos mais interessantes é certamente o da Toyota. A empresa japonesa tem tido um sucesso assinalável e continuado a nível internacional. Ainda recentemente o Wall Street Journal publicava uma reportagem de duas páginas sobre a abertura de uma nova fábrica em San Antonio, Texas, a apenas 450 quilómetros da fábrica de Arlington da GM. A batalha pelo mercado leva os nipônicos para o coração do Texas, onde vão fabricar a nova geração de pick-ups Tundra. Uma das lições mais interessantes do sucesso da Toyota refere-se ao fato de a empresa ter sido capaz de transplantar a sua cultura de kaizen, melhoria contínua, para os locais onde atua. O sucesso da Toyota assentou numa filosofia de gestão que tinha como faceta mais visível um novo sistema de produção, conhecidocomo lean production. (As lições do Toyotismo, Diário de Notícias. 14/jun/2006. Disponível em: https://www.dn.pt/arquivo/2006/as-licoes-do-toyotismo-641950.html. Acesso em: 16/04/2020) Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 84 AULA 02 - Sociologia Um dos fenômenos mais analisados pela sociologia do trabalho são as formas de relações de trabalho e seu impacto na vida do trabalhador. Com relação ao modelo evidenciado pela notícia acima, fazem parte de suas características, segundo a perspectiva crítica da sociologia: a) a organização verticalizada da empresa, de modo ao trabalhador ser controlado rigidamente por um sistema de tempos e movimentos. b) a participação do trabalhador em todas as etapas da produção, sendo que a padronização da linha de produção proporciona que o trabalhador tome consciência do processo de alienação do trabalho. c) controle fabril por meio da subjetividade do trabalhador e da organização flexível das relações de trabalho. d) a ruptura total com o modelo fordista-taylorista em que a produção estava voltada para o consumo de massas. Comentários: A virada do século XIX para o XX presenciou, nos países de capitalismo avançado, transformações no processo produtivo. As fábricas, as organizações produtivas e a própria administração pública dos Estados, passou por um processo de racionalização, padronização e produção em série. Nesse sentido, o mundo do trabalho passou a contar com dois modelos: o fordismo e o taylorismo. Contudo, a partir da década do final da década 1970, início dos anos 1980, o mundo começou a migrar para o assim chamado processo de acumulação flexível, momento em que a “fábrica clássica” do modelo fordista começou a perder espaço para o sistema toyotista. Nesse sistema, predomina o tipo de trabalho flexível, com as seguintes características: • produção de acordo com a demanda; • o trabalhador deve realizar múltiplas tarefas; • o controle fabril é muito mais subjetivo do que mecânico, ou seja, a dominação pelo olhar. Do ponto de vista mais estrutural, de uma maneira geral, o Toyotismo rompe com um dos aspectos do padrão fordista de produção em massa, qual seja, a estocagem máxima de matérias- primas e de produtos maquinofaturados. Porém, o modelo toyotista mantém princípios da racionalização de uma fábrica capitalista e de exploração do trabalho, só que em outros termos. De acordo como professor da UNESP, Giovanni Alves1, o toyotismo é a ideologia orgânica da produção capitalista, que tende a colocar novas determinações nas formas de ser da produção e reprodução social. Essas novas determinações estariam ligadas ao controle psicocorporal dos seres, uma nova articulação corpo-mente como resultado do tipo de trabalho flexível. Veja, se sob o fordismo-taylorismo o trabalhador estava submetido a movimentos repetitivos em forma de linha de produção sequencial, no Toyotismo as múltiplas tarefas ressignificaram as relações de trabalho. Dessa forma, as formas de controle sobre o trabalhador também mudam. Por exemplo, passou a predominar a ideia de que Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 85 AULA 02 - Sociologia o trabalhador deve gerir seu próprio tempo de acordo com as demandas do cliente. Ou seja, a produção das mercadorias passou a contar mais com a subjetividade do trabalhador. Comparativamente, se no fordismo a mente do trabalhador não era parte integrante da produção, pois só era preciso a força mecânica, física do trabalho, no Toyotismo, mente e corpo são necessários. O motivo disso é que o trabalho flexível exige que, além de se mover, o trabalhador também pense nas suas ações e de que forma ele mesmo pode melhorar e fornecer eficiência para o processo produtivo. A força de trabalho do trabalhador, então, se pensarmos na sua condição de mercadoria, foi otimizada, pois ele não somente passou a empregar força física, mas força mental. Dito isso, vamos às alternativas: a) errado, pois a verticalização da organização do trabalho é característica do modelo fordistatoyotista. b) falso, pois, por mais que o trabalho tenha passado a ser flexível, ou seja o trabalhador não faz somente mais uma atividade, ele não participa em todas as instâncias do processo produtivo. Além disso, não dá para afirmar que essa participação levaria à desalienação do trabalho, pois o trabalhador continua separado do resultado do trabalho. Dessa forma, a alienação do trabalho – conforme o conceito marxista – ainda continua. c) Exato, é o gabarito. d) errado, pois o Toyotismo não rompe com os modelos anteriores, mas, a rigor, ressignifica-se. O Toyotismo se articular com dispositivos pretéritos da racionalização capitalista dos modelos anteriores, ou seja, há mesclas, sendo que o toyotismo é a expressão superior da racionalização capitalista de uma forma mais dinâmica no processo de acumulação de valor, exigindo, de forma diferenciada, uma nova implicação subjetiva, ou, nos termos do professor, a 'captura' da subjetividade do trabalhador. Gabarito: C (Estratégia Vestibulares/2020/Profe. Alê Lopes) O prefixo “des” indica anomalia. “Desemprego” é o nome de uma condição claramente temporária e anormal, e, assim, a natureza transitória e curável da doença é patente. A noção de “desemprego” herdou sua carga semântica da auto consciência de uma sociedade que costumava classificar seus integrantes, antes de tudo, como produtores, e que também acreditava no pleno emprego não apenas como condição desejável e atingível, mas também como seu derradeiro destino. Uma sociedade que, portanto, classificava o emprego como uma chave – a chave – para a solução dos problemas ao mesmo tempo da identidade pessoal socialmente aceitável, da posição social segura, da sobrevivência individual e coletiva, da ordem social e da reprodução sistêmica. BAUMAN, Z. Vidas despedaçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. p. 19. O pleno em prego a que o autor se refere está associado ao modelo de sociedade a) neoliberal. b) utópica. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 86 AULA 02 - Sociologia c) anarquista. d) fordista. e) toyotista. Comentários Bauman opõe desemprego ao que anteriormente existia, ou seja, ao emprego. O emprego como elemento central de determinada sociedade. A rigor nas sociedades de Estados de Bem-estar Social é que o emprego era central para a dinâmica sistêmica desse modelo de sociedade. Isso porque, quanto mais emprego, maior a massa salaria e maior o consumo, fechando um ciclo da cadeia produtivo. Não por menos, nesses tipos de Estados, que vigoraram até final da década de 1970 enquanto tendência mundial, a política – baseada no keynesianismo – era a do pleno emprego. A forma de organização da produção nesse tipo de sociedade, também conhecida como sociedade de massas, era o fordismo. Isso porque o fordismo é a organização do processo produtivo de forma otimizada para a produção em larga escala. Com efeito, um sinônimo para o modelo de sociedade da vigência do pleno emprego, dos Estados de Bem-estar Social, é sociedade fordista. Gabarito, d). a) falso, pois o neoliberalismo não prevê, enquanto política trabalhista o pleno emprego, mas sim a máxima competividade, cenário em que há crescente desemprego ou empregos flexíveis com baixos salários e direitos reduzidos. O fordismo, ao contrário, se caracteriza por um patamar salaria maior. Não por menos, as negociações salarias entre sindicatos, Estado e empregadores em Estados de Bem-Estar Social tendiam a manter o nível salário em um patamar alto, pois, com isso, os trabalhadores seriam estimulados a comprar mais. b) falso, pois o pleno emprego já existiu, então, não se tratava de uma utopia. c) errado, pois não há um modelo de sociedade anarquista que tenha existido para que a categorização de um tipo de trabalho seja possível ser feita. e) falso, pois o modelo toyotista é diferente do fordista. Aquele se caracteriza porconcorrer e substituir o modelo fordista. O toyotismo, de origem japonesa, muda a lógica da organização do processo produtivo em linhas de montagem (fordismo). Para o toyotismo o ganho de escala está na organização enxuta e flexível das unidades de trabalho, a ponto de o trabalhador não somente realizar uma tarefa, mas múltiplas. Com isso, o número de trabalhadores necessário para a realização do trabalho diminui. Assim, a tendência não é o pleno emprego, mas manter empregados aqueles que mais bem realizam as múltiplas tarefas. Gabarito: D (Estratégia Vestibulares/ 2020/profe. Alê Lopes) Uma das condições históricas para o desenvolvimento do capital foi o trabalho livre e a troca de trabalho livre por dinheiro, outra foi a separação do trabalho livre das condições objetivas de sua efetivação – dos meios e material do trabalho. K. Marx, Formações econômicas pré-capitalistas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985, p. 65. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 87 AULA 02 - Sociologia De acordo com a perspectiva marxista, a separação do trabalho das condições objetivas de sua efetivação provoca o fenômeno a) da alienação. b) da abolição da escravatura. c) da consciência de classe. d) da servidão. e) do fato social. Comentários a) Correto. Ao mesmo tempo em que os indivíduos transformam o mundo exterior a ele, via trabalho, a própria natureza humana do ser é modificada, num processo de transformação recíproca em que a atividade do trabalho é central para a sociabilidade (para as relações sociais entre as pessoas). Não há vida social sem trabalho. Porém, o que deveria ser fonte de humanidade para as pessoas se converte em um fardo. Isso porque, a dimensão do trabalho na sociedade capitalista assume uma posição de estranhamento para os indivíduos, já que o produto daquilo que é gerado não pertence ao trabalhador, mas a outros, a terceiros. Esse estranhamento, portanto, retira do trabalhador a possibilidade de que ele conheça a si próprio, ou seja, há um processo de alienação entre quem produz e aquilo que se produz. A alienação implica a cisão entre o trabalhador e os meios e, também, os resultados objetivos do seu trabalho. Consequentemente, há um estranhamento em relação a si mesmo e ao seu semelhante. O ápice do desenvolvimento desse processo é a permanente relação de competição entre os indivíduos por melhores condições no mercado – seja como trabalhador, um emprego melhor, mais bem posicionado, seja como empresário, destruição do adversário. É por isso que, tal como o produto do trabalho, a força de trabalho, por não mais ser controlada pelo próprio trabalhador, também assume a condição de uma mercadoria – nisso, Marx e Davi Ricardo (liberal) concordam. Ao invés de o trabalhador se realizar ao fazer um trabalho, a sua mão de obra, ou melhor, a sua força de trabalho, é apenas um meio. Um meio para se chegar a outra mercadoria, para contribuir com a formação da Teoria do Valor, e, com isso, fazer girar as relações sociais capitalistas. Assim, anota aí: A alienação é um proceso de separação: Do homem em relação aos meios de produção Do homem em relação ao produto produzido por ele Do homem sobre si mesmo Do homem em relação ao outro homem Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 88 AULA 02 - Sociologia Não por menos, uma das bandeiras revolucionárias dos socialistas no final do século XIX passou a ser: que os trabalhadores tenham controle absoluto do processo de produção, pois o objetivo era querer saber os custos de produção, o lucro, para quem se vende, etc. Perceba, então, querido e querida aluna que a abordagem marxista vai além de uma simples discussão econômica, pois essa visão sobre a alienação do trabalho remete à essencial do ser humano. Alienação: Gabarito: A (Estratégia Vestibulares/profe Ale Lopes) Como criador de valores de uso, como trabalho útil, é o trabalho, por isso, uma condição de existência do homem, independentemente de todas as formas de sociedade, eterna necessidade natural de mediação do metabolismo entre homem e natureza, portanto, vida humana . MARX, Karl. O Capital, Vol I, p. 50. Para Marx, a discussão filosófica do trabalho humano é fundamental para a compreensão da existência social. O significado social geral do trabalho na abordagem marxista é: f) O trabalho enobrece o homem. g) A divisão social entre trabalho manual e intelectual possibilita aproveitar melhor as capacidades de cada indivíduo. h) O trabalho mortifica o homem porque é sempre alienado. i) O trabalho é uma questão prática: trabalha-se para ganhar um salário e sobreviver. separação do trabalhador dos “meios de produção” e, consequentemente, do conhecimento e do controle daquilo que se produz. A alienação ocorre tanto no processo em si do trabalho quanto no resultado, o qual, em particular, não pertence ao trabalhador. Alienação Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 89 AULA 02 - Sociologia j) O trabalho é a condição para a existência social pois coloca o homem em relação com a natureza. Comentários: Questão interessante porque o trecho citado aborda uma perspectiva mais filosófica da teoria marxiana/marxista: o significado filosófico sobre trabalho. O comando questiona o significado social GERAL sobre o que seja trabalho. Assim, você deve cuidar para não imaginar o trabalho apenas na sociedade capitalista, o chamado trabalho alienado. É preciso basear-se no texto e perceber que o autor defendeu a ideia de que o trabalho é a essência do homem, é a condição para que ele exista. É essa a interpretação que você deve usar para analisar cada alternativa: a) Errado. Isso é uma visão moral sobre o trabalho. b) Errado. Isso não está escrito no texto. Além disso, ao lembrar da teoria marxista, podemos afirmar que Marx critica essa separação e a trata como passo importante da alienação do homem em relação ao processo produtivo. c) Errado. Para Marx o trabalho não é SEMPRE alienado. Ele se torna alienado na sociedade capitalista. d) Errado. O comando pede uma concepção geral do significado do trabalho. A alternativa constrói uma noção prática e capitalista do trabalho. e) Gabarito. Anota esse resuminho! É exatamente assim que Marx entende o trabalho, a partir de uma dimensão mais teórica e hipotética sobre o significado geral do trabalho nas sociedades. Gabarito: E (Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes) A meritocracia é uma ilusão”, diz ex-empregada doméstica que se tornou juíza No Brasil, há pessoas que morrem sem nunca terem tido um registro de nascimento. Antônia Marina Faleiros, 57 anos, escapou de ser uma delas, mas vê exemplos todos os dias. Conviveu com essa realidade quando trabalhava em um canavial, aos 12 anos, em Minas Gerais, e também ao se tornar juíza em comarcas do interior da Bahia, aos 40. (...) Antônia Marina Faleiros é uma das poucas mulheres autodeclaradas negras que compõem o quadro de juízes no Brasil. Segundo levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), há apenas 6% de mulheres pretas ou pardas na magistratura. Nesse cenário, a presença de Antônia, muitas vezes, surpreende. “Até hoje tem gente que olha para mim e diz: ‘Dona, cadê a juíza?’. O racismo de cada dia é sutil em suas práticas, ele é travestido de uma observação engraçadinha, mas que molda todo um pensamento de uma sociedade”, diz. Ela relata o longo caminho percorrido entre o trabalho infantil, dormir na Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 90 AULA 02 - Sociologia rua, trabalhar como empregada doméstica e, atualmente, ser juíza no Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA). Antônia rejeita o título de “exemplo de meritocracia”. Esse substantivo é usado para definir o predomínio numa sociedade daqueles que têm mais méritos (os mais trabalhadores, mais dedicados, mais bem-dotados intelectualmenteetc.) Para ela, no Brasil é impossível falar em meritocracia, já que nem todos têm as mesmas oportunidades e um caso individual de sucesso, apesar das adversidades, não pode ser usado como parâmetro. “Meritocracia é só uma cortina para encobrir o remorso de quem fecha as portas para os outros. Você fecha as portas e essa pessoa não consegue nada. Então você diz: ‘Não conseguiu porque não tinha mérito’”, diz. Antônia define a meritocracia como uma ilusão, uma figura de retórica que não se sustenta. “Eu sou exemplo da não meritocracia. Muitos como eu não conseguiram realizar seus sonhos, por diferentes fatores. Nosso horizonte é delimitado pelo nosso ponto de observação”, descreve. As cotas raciais, por exemplo, são instrumentos para compensar essa desigualdade, ela defende. “Esse discurso liberal de cada um por si é perverso e predatório. É preciso, para se aferir meritocracia, aferir o ponto de partida de cada competidor. Se partiram do mesmo ponto, aí podemos falar sobre isso. Se as condições foram diferentes, pode-se falar em recompensa pela luta, mas não meritocracia.” Conforme a opinião de Antônia Marina Faleiros, a respeito da meritocracia, a) trata-se de um processo justo e igualitário de disputa por melhores posições na sociedade. b) não dá para ser aplicada em contextos de desigualdades sociais em que os indivíduos iniciam a competição de níveis distintos. c) existe diante da capacidade de um juiz assim a reconhecer em julgamentos equilibrados. d) é suficiente de ser atingida por meio da igualdade formal perante a lei. e) é parte da vida e somente os mais capazes atingem seus objetivos e posições de destaque na sociedade, como a própria Antônia. Comentários Do ponto de vista sociológico, o texto nos traz dois debates mais gerais interconectados: o da questão racial e o da desigualdade socioeconômica. A análise da juíza Antônia explica que pessoas que carregam esses dois elementos têm menos chances e oportunidades na vida. Ela, seria uma exceção. Nesse sentido, para ela, “no Brasil é impossível falar em meritocracia, já que nem todos têm as mesmas oportunidades e um caso individual de sucesso, apesar das adversidades, não pode ser usado como parâmetro”. Portanto, a meritocracia somente existe em contextos de ponto de partida iguais, sendo que pessoas que carregam o “peso” das consequenciais do racismo e da condição econômica não podem ser comparadas com quem sempre teve de tudo. A comparação também não é válida nem quando se fala em “mérito”, pois ele só dever ser medido se há igualdade. Não por menos, a juíza ressalta que cotas são uma formação de reparação, de deixar o jogo um pouco menos desigual. Diante disso, a alternativa correta é a B. a) falso, pois a juíza afirma que a meritocracia é uma ilusão. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 91 AULA 02 - Sociologia c) errado, pois a meritocracia é uma construção sócio-histórica e não depende da decisão da Justiça. Depende, por sua vez, das condições estabelecidas para a disputa e da capacidade dos indivíduos que disputam em “pé de igualdade”. d) errado, pois a igualdade forma perante a lei encobre as desigualdades e reforça o aspecto da ilusão, que é salientado por Antônia. e) errado, pois, além de ser uma ilusão, quando se comparam elementos incomparáveis, não é possível afirmar que a meritocracia é algo natural. Ela é, na verdade, um método de seleção construído pelos homens. Dizer que é “natural” é aproximar a compreensão do assim denominado “darwinismo social”. Gabarito: B (Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes) As imagens apresentam processos produtivos da criação de automóvies em épocas históricas diferentes. A partir delas, é possível concluir que: a) a categoria analítica trabalho perdeu espaço nas análises sociológicas. b) a produção em série fordista foi abandonada. c) a tecnologia empregada otimiza a mais valia relativa. d) o modelo de trabalho toyotista da imagem do passado foi substituído pelo fordista. Comentários a) falso, pois para a sociologia do trabalho o que há são transofrmações no mundo do trabalho e não a perda do trabalho enquanto categoria análitica. No caso das imagens do enunciado, de fato, há um contraste quantitativo, pois na imagem colorida não aparecem trabalhadores. Contudo, o trabalhador em um contexto tecnológico está apertando um botão. Lembrando das aulas que tive com o professor de sociologia do trabalho Ricardo Antunes, autor de diversos livros sobre a temática, ele dizia “sempre há alguém, mesmo que seja um único trabalhador, que irá apertar um botão ou dar um comando”. Dessa forma, por maior que seja a tecnologia empregada o trabalho humano é indispensável. b) errado. O que existem são transformações no mundo do trabalho a ponto de um modelo produtivo ser superado por outro, mas sem que algumas características sejam abandonadas. Após Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 92 AULA 02 - Sociologia o fenômeno do fordismo, tivemos o toyotismo, modelo mais flexível de produçõa e de controle do processo ao longo da cadeia produtiva, para que o produto final saia sem erros e conforme o desejo do clinete. O modelo fordista previa um controle da produção ao final, ou seja, de uma quantidade X de produtos prontos, verificar quantos e quais são so problemas para depois melhorar. Agora, a partir das fotos, repare que o design mais geral da linha de montagem idealizada por Henry Ford continua. Porém, na foto colorida são robos trabalhando. c) correto. A mais valia relativa é aquele que é gerada por meio do emprego da tecnologia, já a mais valia absoluta é aquela cuja extração é feita a partir do aumento do tempo de trabalho. d) falso, pois primeiro veio o fordismo e depois o toyotismo. Gabarito: C (Estratégia Vestibulares 2020/inédita/profe. Alê Lopes) A crítica social expressa na charge, além de um contraste geral entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, permite uma compreensão específica sobre o mundo do trabalho. Essa compreensão está corretamente indicada na alternativa a) nos países pobres há mais emprego e nos ricos o desemprego é maior, fato comprovado na charge por demonstrar um jovem ocioso. b) nos países subdesenvolvidos o custo do trabalho é menor, de modo que grandes marcas descentralizaram a produção para esses países para otimizarem lucros. c) a cultura trabalhista nos países pobres se adequa às tradições regionais, como no fato de a trabalhadora não usar calçados. d) nos países pobres predomina um tipo de trabalho artesanal, como nas unidades produtivas do Sudeste-asiático, com destaque para a produção da Coréia do Sul. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 93 AULA 02 - Sociologia e) nos países ricos os jovens não precisam assumir postos no mercado de trabalho, pois a combinação do Estado de Bem-Estar social com a exploração do trabalho nos países pobre assegura um certo nível de vida de classe média. Comentários Vamos lá gente, a questão cobra um conhecimento possível de ser inferido – deduzido – a partir da temática geral do texto não verba. Repare, a trabalhadora do país pobre está sob condições de trabalho precárias e produz o tênis que o garoto do país desenvolvido (rico) compra a 150 dólares. Só essa descrição já nos diz muito sobre a divisão internacional do trabalho dos dias atuais. Nesta divisão, grandes empresas deslocam suas unidades produtivas para locais em que o custo trabalhista é baixo. Essa relação permite um ganho de escala enorme para as grandes marcas. Você pode fazer uma experiência: note em seu próprio tênis a origem dele, talvez Vietnã, Taiwan, China, Singapura, etc. Pois bem, a divisão internacional do trabalho passou a assegurar uma margem de lucro maior para as empresas, já que nos países pobres, em geral, não há leis trabalhistas, os salários são baixos, dentre outros. Atenção, antes que surjam dúvidas: aChina não pode ser incluída como um país pobre, mas é fato que os baixos salários em determinados ramos produtivos e regiões com massas de trabalhadores precarizados permite uma maior lucratividade para as grandes maracas. a) errado, pois a charge mostra uma empregada em seu local de trabalho e um jovem aparentemente ocioso. Contudo, é preciso uma compreensão mais global da problemática, ou seja, considerar que a trabalhadora está fazendo o tênis que o garoto consumiu e esta informação muda a compreensão da crítica. Agora, já é possível perceber que as questões diretas e indiretas da charge comparam outras situações que não o emprego x desemprego. b) é o nosso gabarito. c) falso. O fato de a trabalhadora estar descalça denuncia dois pontos, pelo menos: 1 – as péssimas condições de trabalho 2 – o contraste em torno do tênis, pois ela está fazendo um tênis e o garoto do país rico está consumindo um tênis supostamente feito por ela. d) errado, pois, além de existir um certo tipo de tecnologia destinado a produção em massa (uma máquina de costurar) e uma linha de montagem, há grades empresas tecnológicas, como na Coreia do Sul. A propósito mesmo a Coréia do Sul não poderia ser considerada um país pobre. e) falso. Seja na atualidade, seja na época de criação da charge, em 1998, os Estados de Bem-Estar social já não existem mais. Gabarito: B (UFSC 2020) Considere os seguintes trechos de reportagens a respeito de aplicativos de serviços. A primeira delas trata dos aplicativos Uber, 99, iFood e Rappi; a segunda, das dificuldades enfrentadas pelas pessoas que utilizam esses aplicativos. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 94 AULA 02 - Sociologia Quase 4 milhões de trabalhadores autônomos utilizam hoje as plataformas como fonte de renda. Se eles fossem reunidos em uma mesma folha de pagamento, ela seria 35 vezes mais longa do que a dos Correios, maior empresa estatal em número de funcionários, com 109 mil servidores […]. Para um autônomo, o ganho gerado com os apps acaba se tornando uma das principais fontes de renda. Esses 3,8 milhões de brasileiros que trabalham com as plataformas representam 17% dos 23,8 milhões de trabalhadores nessa condição, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no trimestre até fevereiro. ESTADÃO CONTEÚDO. Uber, iFood e mais: aplicativos viram fonte de renda de quase 4 milhões. 28 de abril de 2019. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/tecnologia/noticias/redacao/2019/04/28/uber-ifood-e-maisaplicativos- viram-fonte-de-renda-de-quase-4-milhoes.htm. Acesso em: 12 maio 2019. A explosão de aplicativos de delivery é provavelmente o caso mais representativo das rupturas geradas no Brasil pelo avanço da gig economy – a economia dos bicos. Até poucos anos atrás, os serviços de entrega eram pulverizados entre empresas de pequeno porte, que contratavam motoboys, reconhecidos como categoria profissional regulamentada […]. Hoje a atividade está ao alcance de qualquer um que aceitar termos e condições de plataformas digitais FOLHA DE SÃO PAULO. Euforia com aplicativos de serviços dá lugar à frustração de trabalhadores. Ilustríssima, 3 de março de 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2019/03/euforia-com-aplicativos-de-servicos-da-lugar-a- frustracao-de-trabalhadores.shtml. Acesso em: 12 maio 2019. Com base nos textos acima, é correto afirmar que: 01) a gig economy é uma situação econômica na qual os trabalhadores autônomos encontram trabalho por meio de aplicativos de serviço. 02) os aplicativos de prestação autônoma de serviços substituíram toda forma de contratação de profissionais de atividades regulamentadas. 04) os aplicativos de serviço propiciam aos trabalhadores uma possibilidade de dispor de sua força produtiva desde que aceitem os termos e condições da plataforma digital em que se inscrevem. 08) o fato de que, juntas, algumas empresas possuem uma folha de pagamentos mais extensa do que a da maior empresa estatal prova que o desenvolvimento econômico se dá por meio do abandono de atividades estatais. 16) a emergência de uma economia de bicos mediada pelo acesso a aplicativos de oferta de força de trabalho é característica de uma fase da economia capitalista na qual a regulamentação de atividades de serviços enfrenta contestações. 32) a gig economy atinge 23,8 milhões de trabalhadores, que sofrem com a precariedade do uso de aplicativos. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 95 AULA 02 - Sociologia 64) a desregulamentação de ofertas de emprego e sua posterior concentração nas mãos de grandes conglomerados, como as plataformas citadas, gera efeitos predatórios sobre empresas de pequeno porte que operam dentro da economia de oferta de emprego regulamentado. Comentários A questão faz referência às mudanças contemporâneas no mundo do trabalho e apresenta o processo que tem sido chamado de uberização, que corresponde ao paulatino abandono do trabalho assalariado e aumento da situação de desamparo do trabalhador. Esse processo se alinha àquilo que está denominado no texto 2 como gig economy, que atinge diversos trabalhadores, não somente aqueles que prestam serviços através de aplicativos. 01 – errado, pois o termo se refere a pessoas que encontram trabalhos esporádicos – os bicos – e não a trabalhos permanentes, como os realizados por intermédio dos aplicativos. O termo gig economy não seria adequado para expressar a condição permanente dos trabalhadores que substituíram os bicos por permanência neste tipo trabalho precarizado (sem direitos). 02 – errado, pois não é possível generalizar “toda forma de cotratação”, pois ainda existem trabalhadores com carteira assinada, além dos servidores públicos. 04 – correto, pois só é possível trabalhar com os “aplicativos” se o trabalhador anuir com a situação. Em muitas vezes, esse trabalho é ou de transporte mercadorias ou de transporte pessoas. 08- falso, pois o que o texto faz é uma comparação para dimensionar a quantidade de trabalhadores que estão submetidos ao trabalho mediado por aplicativos. Não há um argumento de substituição de uma coisa por outra. 16- correto, pois as empresas têm pressionado por mudanças nas leis trabalhistas para que paguem menos direitos aos trabalhdores. Uma forma encontrada é desregulamentar o trabalho, isto é, retirar proteções legais. 32 – falso, não é possível chegar a esse número. 64 – correto, pois a competição das empresas menores se torna inviável na medida em que os custos das grandes empresas diminuem cada vez mais e, com isso, elas impõem uma competição desigual. Gabarito: 04 + 16 + 64 = 84. (UFSC 2018) Quanto à questão que originou esse trabalho (Da divisão do trabalho social), é a das relações entre a personalidade individual e a solidariedade social. Como é que, ao mesmo passo que se torna mais autônomo, o indivíduo depende mais intimamente da sociedade? Como pode ser, ao mesmo tempo, mais pessoal e mais solidário? [...] esses dois movimentos, por mais contraditórios que pareçam, seguem-se paralelamente [...] Pareceu-nos que o que resolvia essa aparente antinomia é uma transformação da solidariedade social, devida ao desenvolvimento cada vez mais considerável da divisão do trabalho. Eis como fomos levados a fazer desta última o objeto de nosso estudo. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 96 AULA 02 - Sociologia DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social, 1999 [1893], p. XLVI. Antes de tudo, o trabalho é um processo de que participa o homem e a natureza, processo em que o ser humano, com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza [...] põe em movimento as forças naturais de seu corpo – braços e pernas, cabeça e mãos –, a fim de apropriar-se dos recursos da natureza, imprimindo-lhesforma útil à vida humana. Atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo modifica sua própria natureza. MARX, Karl. O capital, livro I, 2001 [1867], p. 211. Considerando a questão do trabalho de acordo com os autores clássicos da sociologia acima referidos, é correto afirmar que: 01) para Marx, o trabalho e a divisão do trabalho estão presentes em todas as sociedades. 02) segundo o pensamento de Durkheim, haveria uma crescente divisão do trabalho, tornando a sociedade cada vez mais diferenciada a partir das funções e especializações dos indivíduos. 04) na solidariedade orgânica as pessoas seriam cada vez mais semelhantes, ao passo que na solidariedade mecânica elas seriam cada vez mais diferentes, segundo Durkheim. 08) na concepção de Marx, o lucro obtido pela burguesia no capitalismo seria oriundo da mais-valia. 16) tanto Durkheim quanto Marx, por serem ambos sociólogos do século XIX, analisavam a questão das relações de trabalho exatamente da mesma forma. Comentários 01 – correto, pois para Marx o trabalho está na essencial da relação social dos homens e conjunto com a relação com a natureza. Cada sociedade, do ponto de vista histórico, possível sua forma particular de organizar socialmente o trabalho. 02 – correto, pois a modernidade, em particular a partir do processo de industrialização, teria levado a maior divisão de tarefas. Para Durkheim essa nova complexidade da sociedade moderna fez com que a coesão social passasse a ser mais forte por meio da divisão social do trabalho. 04 – errado, é o contrário. 08 - sim, pois o conceito de “mais-valia” é fundamental para a compreensão da estrutura das relações entre a classe trabalhadora e a burguesia, uma vez que seria a partir desse elemento que o acúmulo do capital é viabilizado. 16 – falso, pois, por exemplo, Marx prioriza uma análise a partir das contradições sociais e Durkheim, não. No texto do enunciado Durkheim faz sua ressalva metodológica. Gabarito: 01 + 02 + 08 = 11. (UFSC 2018) Em relação ao mundo do trabalho e ao processo de globalização, é correto afirmar que: Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 97 AULA 02 - Sociologia 01) com exceção dos países de economia essencialmente agrária, o setor terciário é o que detém a maior parte da renda nacional e o que emprega o maior número de pessoas. 02) com a abertura econômica no Brasil, sobretudo a partir dos anos 1980, intensifica-se a empregabilidade no mundo do trabalho, provocada principalmente pela economia de escala, que substituiu a economia de escopo. 04) o processo de terceirização, também chamado de reestruturação, é um dos aspectos a serem considerados pelas empresas, sob o argumento da competitividade e da lucratividade. 08) a abertura econômica que se intensificou a partir dos anos 1990 não afetou a estrutura ocupacional metropolitana brasileira. 16) nos últimos anos, ocorreu uma ampliação da informalização do trabalho, com o crescimento do trabalho temporário, terceirizado e vinculado à economia informal, mas apenas em países pobres. 32) durante as últimas décadas, tem havido um processo crescente de flexibilização das relações de trabalho, o que implica, em muitos casos, a reformulação dos direitos trabalhistas, ocasionalmente com perdas de garantias jurídicas. Comentários 01 – o setor terciário, que é o de serviços, é o que tem englobado a maior quantidade de atividades de emprego e de relações de compra e venda. Além disso, por ser um setor em que, em geral, o custo do trabalho é meno, comparando com técnicos industriais (setor secundário), por exemplo, emprega mais pessoas. Correta a afirmaçaõ. 02 – errado, pois a abertura econômica provocou o aumento da concorrência produtiva a partir da entrada de empresas estrangeiras e de produtos com taxas de importação menores. Esse cenário levou, por um lado, à desindustrialização, por outro, a novos padrões produtivos nos quais a prioridade é organização do processo produtivo enxuta e custo do trabalho menor. 04 – sim, pois, com a terceirização, o custo do trabalho diminui para os empregadores. 08 – errado, conforme comentários do item 04. 16 – sim e, inclusive, a alterantiva ajuda a elucidar os erros da 04 e da 08, pois, com a abertura econômica, combinada com políticas neoliberais, houve a flexbilização dos direitos trabalhistas. Gabarito: 01 + 04 + 32 = 37. (UEM 2017) Sobre as relações entre trabalho e sociedade, assinale o que for correto. 01) O modelo de produção e de organização do trabalho que se estabeleceu a partir do século XVIII, na indústria, sofreu poucas modificações ao longo dos últimos séculos, seguindo, basicamente, os mesmos princípios organizacionais desde aquela época. 02) No capitalismo contemporâneo, a finalidade da produção industrial é a geração de conhecimento, e não mais a geração de lucro. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 98 AULA 02 - Sociologia 04) A indústria é a organização social que inventou o trabalho. Por isso é um equívoco considerar trabalhadores os agricultores, os pescadores, os pecuaristas, uma vez que realizam atividades fora da estrutura de produção industrial. 08) As inovações tecnológicas proporcionaram aos trabalhadores a redução da jornada de trabalho, a garantia dos direitos trabalhistas e a possibilidade de conviver mais intensamente com suas famílias e com seus grupos de amigos. 16) Para Max Weber, a concepção de que o trabalho é uma atividade que dá dignidade às pessoas tem origem na ética religiosa e é amplamente aceita na sociedade industrial e compartilhada por distintos grupos sociais. Comentários Somente a afirmativa 16 está correta. O trabalho como atividade humana existe desde os primórdios. No entanto, durante o modo de produção capitalista (na verdade, a partir das reformas protestantes), a ideia de que o trabalho dignifica o homem tornou-se central para a sociedade. Isso porque a exploração do trabalho é o que garante a produção e o lucro das empresas, sejam aquelas do século XVIII ou as contemporâneas corporações do ramo da informática. 01 – estão erradas as afirmações de que a produção e a organização do trabalho sofreram poucas modificações. 02 – no capitalismo a geração de lucro é algo sempre presente, do contrária a finalidade do sistema deixaria de existir. 04 – falso, pois o trabalho é milenar, desde que o homem passou a dominar técnicas de controle sobre a natureza, fala-se em trabalho. 08 – falso, não necessariamente, em geral, não. As inovações tecnológicas provocaram, em muitas categorias, aumento na carga de trabalho. Penso no home office!! As pessoas não controlam mais seus horários de trabalho, ao final do dia, chega-se a 10/12 horas de trabalho. Gabarito: 16 (UEM 2011) “Dois fatores condicionam esta escravidão: a rapidez e as ordens. A rapidez: para alcançá- la, é preciso repetir movimento atrás de movimento, numa cadência que, por ser mais rápida que o pensamento, impede o livre curso da reflexão e até do devaneio. Chegando-se à frente da máquina, é preciso matar a alma, oito horas por dia, pensamentos, sentimentos, tudo (...). As ordens: desde o momento em que se bate o cartão na entrada até aquele em que se bate o cartão na saída, elas podem ser dadas, a qualquer momento, de qualquer teor. E é preciso sempre calar e obedecer. A ordem pode ser difícil ou perigosa de se executar, até inexequível; ou então, dois chefes dando ordens contraditórias; não faz mal: calar-se e dobrar-se (...) Engolir nossos próprios acessos de enervamento e de mau humor; nenhuma tradução deles em palavras, nem em gestos, pois os gestos estão determinados, minuto a minuto, pelo trabalho.” Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 99 AULA 02 - Sociologia WEIL, Simone. Carta a Albertine Thévenon (1934-5). In: BOSI, Ecléia (org.). A condição operáriae outros estudos sobre a opressão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, p. 65. Considerando a leitura do trecho da carta acima e a temática do trabalho e da produção social do mundo, assinale o que for correto. 01) É possível identificar como fordista-taylorista a forma de organização do trabalho descrito pela autora. 02) O trecho acima destaca que a alienação decorrente da divisão social do trabalho é uma das características da produção industrial. 04) A subjetividade do trabalhador não é afetada pela mecanização da produção industrial, nem pelas formas de organização e gestão do trabalho. 08) Uma das características do trabalho industrial destacada pela autora é a produção de maiores vínculos de solidariedade e coesão social. 16) As normas e as ordens da produção industrial estão associadas a um intenso controle das atividades dos trabalhadores. Comentários A divisão do trabalho foi fortificada no início do século XX, quando Henry Ford introduziu o sistema de linha de montagem na indústria automobilística, mais conhecida como fordismo. No entanto, a expressão teórica deste modelo foi implementada no livro Princípios de administração científica, redigida por Frederick Taylor, que estabelece um princípio racionalizador no aumento da produtividade em menos tempo de serviço, daí conhecido como taylorismo. Deste modo, criando homens com gestos mecânicos e alienados e, constantemente, sendo controlados na execução de suas atividades. Gabarito: 01 + 02 + 16 = 19 (UEPG 2019) Nas últimas décadas, a terceirização tem crescido como forma de contratação das empresas. Sobre a terceirização, assinale o que for correto. 01) As terceirizações ocorrem no setor privado, já que as empresas públicas só podem contratar diretamente via concurso público. 02) Há variações de terceirização que mascaram a contratação direta, uma delas é chamada de "pejotização", em que trabalhos pessoais são exercidos por pessoas físicas, com a finalidade de diminuição dos encargos trabalhistas. 04) Não há indícios que apontem que os trabalhadores terceirizados recebem salários mais baixos ou estão mais precarizados do que os contratados diretamente pelas empresas. 08) A forma mais comum de terceirização é aquela em que uma empresa contrata outras para algumas atividades-meio. Comentários Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 100 AULA 02 - Sociologia A terceirização está acompanhada, no contexto capitalista atual, a um processo de precarização do emprego. Ela ocorre para diminuir encargos da empresa contratante (ou do Estado) e costuma trazer consigo uma maior relação de insegurança para os trabalhadores e, muitas vezes, salários menores. Gabarito: 02 + 08 = 10. (Uel 2020) Em museus como o Louvre, encontram-se objetos produzidos em diversos e determinados modos de produção: utensílios, esculturas, pinturas, entre outras manifestações. Com base nos conhecimentos sobre modos de produção, no pensamento de Marx, considere as afirmativas a seguir. I. O primeiro modo de produção existente na história foi baseado na estrutura homens livres e escravos. II. Modos de produção específicos produzem superestruturas que mantêm íntima ligação com a infraestrutura. III. O modo de produção capitalista é a última estrutura produtiva de classes antes do processo de constituição da sociedade comunista. IV. Os modos de produção possuem leis próprias e existem independentemente das vontades individuais dos homens. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. Comentários I - incorreta porque, segundo Marx, o primeiro modo de produção registrado na História foi o comunismo primitivo realizado pelos homens primitivos no Período Pré-Histórico. Ele era usado para suprir as necessidades dos grupos, sem que houvesse preocupação com o acúmulo de sobras. II – sim, conforme estudamos na Aula 01, Marx mobiliza as categorias de estrutura (base material e econômica da sociedade) e superestrutura (plano das ideias e instituições) para desenvolver sua análise e demonstrar como mundo material se relaciona com a organização da sociedade e os interesses de classe. III – polêmica, pois essa concepção de desenvolvimento em escala não condiz com a abordagem marxista, já que, para o marxismo, a história é contraditória. O mais ajustado não seria totalizar a afirmação, pois, da forma como está fica sugerido que o comunismo é a Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 101 AULA 02 - Sociologia última evolução da humanidade. Se fosse isso haveria uma contradição na própria análise marxista. Seja como for, a banca considerou correta a afirmação. Vale ressaltar que a constituição de uma sociedade comunista depende do fim da sociedade de classes, ou seja, a superação de toda forma de exploração do homem pelo homem, de acordo com o pensamento marxista. IV – beleza, essa sim é uma afirmação mais adequada e condiz com uma abordagem marxista. Gabarito: E (UEL 2019) Leia o texto a seguir. O prefixo “des” indica anomalia. “Desemprego” é o nome de uma condição claramente temporária e anormal, e, assim, a natureza transitória e curável da doença é patente. A noção de “desemprego” herdou sua carga semântica da auto consciência de uma sociedade que costumava classificar seus integrantes, antes de tudo, como produtores, e que também acreditava no pleno emprego não apenas como condição desejável e atingível, mas também como seu derradeiro destino. Uma sociedade que, portanto, classificava o emprego como uma chave – a chave – para a solução dos problemas ao mesmo tempo da identidade pessoal socialmente aceitável, da posição social segura, da sobrevivência individual e coletiva, da ordem social e da reprodução sistêmica. BAUMAN, Z. Vidas despedaçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. p. 19. Com base no texto e nos conhecimentos sobre as transformações mais recentes quanto ao tema desemprego no capitalismo, considere as afirmativas a seguir. I. A tendência no capitalismo globalizado é tornar os postos de trabalho mais flexíveis para atender necessidades das grandes corporações, levando a questionamentos do modelo taylorista-fordista. II. A perda de identidade em relação ao emprego no capitalismo contemporâneo confirma o fato de que a categoria trabalho deixou de ser essencial para a produção e reprodução da vida social. III. As políticas antissindicais que acompanham as práticas neoliberais apresentam como resultado a supressão das crises econômicas globais com o restabelecimento do pleno emprego. IV. O desemprego, no capitalismo globalizado, tem a longa duração como seu traço característico, enquanto avança o emprego precário e de alta rotatividade, como nos call centers. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 102 AULA 02 - Sociologia d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. Comentários I- Correta. A flexibilização das relações de trabalho e das normas trabalhistas tem sido uma das características marcantes do capitalismo globalizado ou mundializado. Com isso, as grandes corporações buscam dar conta de seus problemas de taxa de lucro, recorrendo, em contrapartida, a modificações no antigo modelo produtivo ancorado nas práticas propostas pelo taylorismo- fordismo, que propunham um modo de organização do trabalho essencialmente rígido, seja pelo cronômetro e fragmentação da atividade de trabalho, seja pela linhade montagem com a esteira rolante. II - Embora estudos apontem para a perda da identidade com o trabalho, como é o caso do sociólogo André Gorz, em seu clássico livro Adeus ao proletariado, que remete à imagem da “não- classe-dos-não-trabalhadores”, como também em significativa parte da produção recente que fala em “fim da sociedade do trabalho”, toda e qualquer forma de sociedade continuará dependendo da mediação das forças vitais humanas com a natureza, ou seja, as condições objetivas, para realizar seu processo sociometabólico de existência do gênero humano. Portanto, o trabalho independentemente da forma de sociabilidade humana constitui a essência do ser social. III - Incorreta. As práticas antissindicais desenvolvidas pelas empresas ao redor do mundo não têm garantido a realização do pleno emprego nem o fim das crises econômicas. Pelo contrário, quanto maior a dificuldade de organização sindical, conforme revelam vários estudos na área de sociologia do trabalho, maiores são as tendências de precarização do emprego e demissões de coletivos de trabalhadores. IV- Correta. A partir dos anos 1970, a explosão mundial do desemprego e a escassez de postos de trabalho estabeleceram um novo perfil junto à força de trabalho. Ao contrário do período denominado “os trinta gloriosos”, quando predominava o “pleno emprego”, o quadro pós 1970, em diversos países, apontou para que o desemprego passou a ser de longa duração e seletivo, atingindo mais intensamente os desqualificados em relação aos qualificados. Os estudos apontam, também, para desvantagens das mulheres em relação aos homens no que se refere à manutenção do emprego e também o crescimento dos chamados empregos modelo Mac Donald’s, que possuem por característica a baixa remuneração, a alta rotatividade e a precarização das relações de emprego. Gabarito: B (UEL 2019) Leia o gráfico e o texto a seguir. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 103 AULA 02 - Sociologia Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação do trimestre encerrado em março de 2018 chegou a 13,1%, com aumento de 1,3 ponto percentual em relação ao último trimestre do ano passado (11,8%). O total de pessoas desocupadas cresceu no período, passando de 12,3 milhões para 13,7 milhões. Adaptado de agenciadenoticias.ibge.gov.br. Com base no gráfico e no texto, considere as afirmativas a seguir. I. A taxa de desocupação no primeiro trimestre de 2017 é maior nesta série histórica e apresenta uma oscilação de 0,6 ponto percentual se comparado ao mesmo período de 2018. II. A taxa de desocupação apresentada no primeiro trimestre de 2018 indica que houve um crescimento de 6,6 pontos percentuais em relação ao último trimestre de 2014. III. Ao longo de 2017, a taxa de desocupação apresentou queda e, no trimestre seguinte, houve dispensa de trabalhadores representando perda de postos de trabalho. IV. A taxa de desocupação apresentou queda, se comparados o primeiro trimestre de 2016 ao mesmo período de 2017. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. Comentários I- Correta. A taxa de desocupação tem, no primeiro trimestre de 2017 (13,7%), o maior percentual de desocupação da série histórica apresentada, mesmo quando comparado ao Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 104 AULA 02 - Sociologia mesmo período de 2018 (13,1%), que se apresenta elevado; este é 0,6 pontos percentuais menor que o primeiro trimestre de 2017. II- Correta. A redução dos postos de trabalho permanece em queda no primeiro trimestre de 2018 (13,1%), porém no confronto entre o primeiro trimestre de 2018 e o último trimestre de 2014, verifica-se que o número de desocupados cresceu em 6,6 pontos percentuais, em relação a 2018. III- Correta. Ao longo do ano de 2017, a taxa de desocupação apresentou queda (11,8%), mas no trimestre seguinte houve uma dispensa expressiva de trabalhadores, e isso se reverteu em uma perda de postos de trabalho e no aumento de pessoas na fila da desocupação, chegando a 13,1% a taxa de desocupação. IV- Incorreta. A taxa de desocupação apresentou aumento, se compararmos o primeiro trimestre de 2016 (11%) ao mesmo período de 2017 (13,7%). Gabarito: D (UEL 2018) Nos últimos anos, os suicídios têm se tornado uma constante em diversas empresas do mundo. Na China, por exemplo, a fim de evitar que os funcionários de uma empresa saltassem pela janela do prédio, a gerência, conscienciosamente, instalou redes na parte externa. Com base nos conhecimentos sobre o mundo do trabalho contemporâneo, considere as afirmativas a seguir. I. As práticas neo ou pós-fordistas adotadas pelas empresas têm limitado os suicídios de trabalhadores às fábricas de organização mais tradicionais. II. Os métodos de trabalhos inspirados no toyotismo acentuam o gerenciamento do estresse e, consequentemente, o desgaste da força de trabalho. III. A racionalização do trabalho proposta por Taylor baseou-se no controle dos tempos e movimentos e foi aprimorada por Ford com a esteira rolante. IV. O absenteísmo e a rotatividade nos chamados “empregos MacDonalds” alinham-se como problemas para a utilização da força de trabalho no capitalismo globalizado. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. Comentários Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 105 AULA 02 - Sociologia A afirmativa I é a única incorreta. O suicídio em empresas continua sendo comum, apesar das transformações que ocorreram no mundo do trabalho. Muito disso se deve às extenuantes rotinas, prazos e demandas às quais os trabalhadores são submetidos nos mais diversos setores da produção econômica. Gabarito: E (UEL 2014) A cidade desempenha papel fundamental no pensamento de Émile Durkheim, tanto por exprimir o desenvolvimento das formas de integração quanto por intensificar a divisão do trabalho social a ela ligada. Com base nos conhecimentos acerca da divisão de trabalho social nesse autor, assinale a alternativa correta. a) A crescente divisão do trabalho com o intercâmbio livre de funções no espaço urbano torna obsoleta a presença de instituições. b) A solidariedade orgânica é compatível com a sociedade de classes, pois a vida social necessita de trabalhos diferenciados. c) Ao criar seres indiferenciados socialmente, o “homem massa”, as cidades recriam a solidariedade mecânica em detrimento da solidariedade orgânica. d) O efeito principal da divisão do trabalho é o aumento da desintegração social em razão de trabalhos parcelares e independentes. e) O equilíbrio e a coesão social produzidos pela crescente divisão do trabalho decorrem das vontades e das consciências individuais. Comentários Para Durkheim, a coesão da sociedade complexa é garantida pelo tipo de solidariedade nela existente. No caso, nas sociedades modernas, predomina a solidariedade orgânica. Nela, há uma complexa divisão do trabalho, que garante uma divisão especializada/funcional de cada indivíduo na vida social. Assim, segundo o autor, as classes sociais não se tornam um problema, mas fornecem coerência à coesão social. Diante disso, vamos às alternativas: a) Errado. Embora a crescente divisão do trabalho social busque ampliar a liberdade, isto não significa que cada uma escolha livremente o que vai ou não fazer no interior da sociedade para atender a suas necessidades funcionais, uma vez que a existênciasocial pressupõe, invariavelmente, a existência de normas e de regras a serem seguidas e que atendam aos imperativos da vida coletiva. Soma-se a isto que a vida social, mesmo em sua forma mais elementar, pressupõe a existência das instituições, sem as quais o homem se tornaria uma vítima de si mesmo. Sem as instituições, as possibilidades de vida coletiva retornariam à condição de barbárie. b) É o nosso Gabarito. Durkheim não visualiza a possibilidade da existência de uma sociedade sem classes, o que, no entanto, reconhece, pode ter existido nos primórdios da vida social. Para Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 106 AULA 02 - Sociologia ele, as classes não decorrem de mecanismos necessários de exploração e sim das exigências que são instituídas para o bom funcionamento das sociedades, atendendo às necessidades crescentes dos indivíduos e da vida coletiva. Com o avanço da divisão do trabalho social, a vida coletiva necessariamente precisa da execução de uma multiplicidade de tarefas, o que significa a impossibilidade de todos ocuparem o mesmo espaço social ou as mesmas funções. c) Falso. Nas condições de solidariedade orgânica, ampliam-se as diferenças, a heterogeneidade de funções e, portanto, uma nova forma de organização social, pela interdependência das partes. Para Durkheim, a solidariedade mecânica pertence a um estágio primário e superado do desenvolvimento das sociedades, na medida em que elas se tornam complexas pela divisão do trabalho social e, também, pela diversificação das instituições necessárias para regrarem a vida coletiva. As cidades podem ser consideradas um exemplo dos espaços nos quais se impõe a solidariedade orgânica como forma de vida coletiva, com suas instituições desenvolvidas e com multiplicidades de funções profissionais. d) Falso. Uma das características da solidariedade orgânica é exatamente o crescimento e o progresso contínuo da sociedade, resultante da complexidade cada vez maior da divisão do trabalho social, o que implica, ao mesmo tempo, o estreitamento dos laços entre os indivíduos e entre as diferentes partes, reforçando a cooperação e a solidariedade. Durkheim reconhece que nem todos podem executar, nas organizações complexas, as mesmas atividades e funções, mas a sociedade é justa no sentido de não confinar um indivíduo a uma atividade que seja impossível de ser realizada por ele. e) Falso. Embora reconheça a necessidade das sociedades se desenvolverem de modo equilibrado e harmônico, esta condição não decorre, para Durkheim, das vontades individuais e sim de um efeito moral produzido pela divisão do trabalho social, que se traduz nele pela existência da consciência coletiva. O indivíduo continua existindo como base do fato moral, mas não é ele que funda as instituições. Elas decorrem do intercâmbio das múltiplas consciências individuais produzindo um substrato comum (a consciência coletiva) que, mesmo contando com a contribuição de cada consciência individual, é superior a cada uma delas. Gabarito: B (UEL 2008) Sobre a exploração do trabalho no capitalismo, segundo a teoria de Karl Marx (1818-1883), é correto afirmar: a) A lei da hora-extra explica como os proprietários dos meios de produção se apropriam das horas não pagas ao trabalhador, obtendo maior excedente no processo de produção das mercadorias. b) A lei da mais valia consiste nas horas extras trabalhadas após o horário contratado, que não são pagas ao trabalhador pelos proprietários dos meios de produção. c) A lei da mais-valia explica como o proprietário dos meios de produção extrai e se apropria do excedente produzido pelo trabalhador, pagando-lhe apenas por uma parte das horas trabalhadas. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 107 AULA 02 - Sociologia d) A lei da mais valia é a garantia de que o trabalhador receberá o valor real do que produziu durante a jornada de trabalho. e) As horas extras trabalhadas após o expediente constituem-se na essência do processo de produção de excedentes e da apropriação das mercadorias pelo proprietário dos meios de produção. Comentários a) e e) erradas, pois hora-extra é um trabalho extraordinário feito em determinados momentos excepcionais. Hora-extra está dentro do conceito de jornada de trabalho e é parte da produção da mais-valia. b) errada e c) correta. A exploração do trabalho na sociedade capitalista está relacionada com o conceito de “mais-valia”, que se origina no excedente de trabalho que dá origem ao lucro do capitalista e ao capital necessário para a manutenção e expansão do modo de produção capitalista. A análise da economia que Marx faz é no sentido de desmistificar as relações sociais que permeiam essa relação desigual e oculta. d) falso, pois o trabalhador não recebe por tudo o que produziu, mas por uma parcela. Conforme Marx em O Capital, essa parcela seria equivalente ao que é necessário para a manutenção da vida do trabalhador para que ele continue comparecendo ao trabalho. Gabarito: C (UEL 2008) Segundo Braverman: O mais antigo princípio inovador do modo capitalista de produção foi a divisão manufatureira do trabalho [...] A divisão do trabalho na indústria capitalista não é de modo algum idêntica ao fenômeno da distribuição de tarefas, ofícios ou especialidades da produção [...]. (BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista. Tradução Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. p. 70.) O que difere a divisão do trabalho na indústria capitalista das formas de distribuição anteriores do trabalho? a) A formação de associações de ofício que criaram o trabalho assalariado e a padronização de processos industriais. b) A realização de atividades produtivas sob a forma de unidades de famílias e mestres, o que aumenta a produtividade do trabalho e a independência individual de cada trabalhador. c) O exercício de atividades produtivas por meio da divisão do trabalho por idade e gênero, o que leva à exclusão das mulheres do mercado de trabalho. d) O controle do ritmo e da distribuição da produção pelo trabalhador, o que resulta em mais riqueza para essa parcela da sociedade. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 108 AULA 02 - Sociologia e) A subdivisão do trabalho de cada especialidade produtiva em operações limitadas, o que conduz ao aumento da produtividade e à alienação do trabalhador. Comentários A questão faz referência à análise marxista da divisão social do trabalho na sociedade capitalista. Nesta, o trabalhador é inserido num sistema na qual ele não detém a posse dos meios de produção, sendo responsável por apenas uma parcela do processo produtivo e recebendo um valor inferior à riqueza que ele produziu para o capitalista. a) errado, pois as corporações e associações de ofício fizeram parte da faze manufatureira. b) errado, pois no capitalismo industrial a atividade do trabalho passa a ser feita em grandes unidades industriais, de modo que a dependência do trabalhador em relação ao empregador aumenta. c) falso, pois a divisão social do trabalho no capitalismo, como regra, é a partir da classe social, segunda a perspectiva marxista. Contudo, é preciso ressaltar que as crianças compuseram a força de trabalho entre os séculos XVIII e XIX e, quanto às mulheres, é possível diferentes abordagens. Primeiro, existe sim uma divisão sexual do trabalho que é ressignificada no capitalismo, isto é, postos de trabalho que são direcionados às mulheres em função da relação com a cultura machista patriarcal. Pense, por exemplo, em enfermeiras ou mesmo costureiras. Contudo, as mulheres, do ponto de vista histórico, foram ganhando espaço no mercado de trabalho. d) errado, pois quem detém os meios de produção – o capitalista – é quem define a distribuição da produção e da riqueza. e) é nosso gabarito. Gabarito: E (Unicentro 2012) A taxa de desemprego brasileira é uma dasmenores entre as grandes economias mundiais, segundo o gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo. “Em janeiro, a taxa de desocupação ficou em 6,1% — o menor resultado para o mês desde o início da pesquisa do IBGE. Antes da crise, o Brasil tinha a segunda maior taxa de desocupação entre as 20 maiores economias do mundo. Hoje, conseguimos melhorar este índice e estamos em 15º ou 16º lugar no ranking (das maiores taxas de desemprego)”, afirmou Azeredo. “As principais potências ainda sentem os efeitos da crise de 2008, enquanto os avanços em educação, a inserção digital e a formalização do mercado levaram o Brasil a aumentar os postos de trabalho”, acrescentou. TABAK, Bernardo. G1- Economia. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <http://www.ceao.ufba/2007/leviosirdeos. http>. Acesso em: 2 jul. 2011. Sobre as relações de emprego, desemprego e subemprego, é correto afirmar: a) O desemprego estrutural é também denominado desemprego temporário, pois ocorre em um curto espaço de tempo. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 109 AULA 02 - Sociologia b) Pessoas que exercem alguma forma de atividade produtiva sempre são consideradas empregadas nas estatísticas. c) A queda de desemprego entre os jovens pode ser explicada devido ao maior acesso desse grupo às novas tecnologias. d) O desemprego conjuntural é resultado de grandes mudanças na economia, sendo característica dos países em desenvolvimento. e) O desemprego pode ser definido como uma situação das pessoas que podem e querem trabalhar, mas não conseguem encontrar um emprego. Comentários Somente a alternativa E é correta. A questão exige do aluno um bom domínio dos estudos sobre o desemprego. Desta forma ele perceberá que todas as alternativas, com exceção da [E], são falsas. Esta, ainda que seja sociologicamente mais simples, é a única que não apresenta um erro conceitual e, por isso, é a única alternativa correta. Gabarito: E (Unicentro 2011) Um dos livros muito conhecidos do sociólogo Emile Durkheim é o “Da divisão do trabalho social”, obra publicada em 1893. Nesse livro, o autor identifica o surgimento de um novo método de trabalho que conduzia a uma nova fonte de interação social. Sobre a função da divisão do trabalho em Durkheim, assinale V para as afirmativas verdadeiras e F, para as falsas. ( ) A especialização das profissões e a divisão do trabalho baseiam-se em uma ética asceta que leva os indivíduos a buscarem acumulação e eficiência e a evitarem o desperdício e a preguiça. ( ) Os resultados econômicos da divisão do trabalho são de menos importância, pois o efeito moral, o sentimento de solidariedade que essa produz é a sua verdadeira função. ( ) Um arranjo social com classes dominantes e classes dominadas em constante conflito entre si é uma das principais implicações da divisão social do trabalho. ( ) A divisão do trabalho possibilita a coesão social, garantindo o funcionamento harmônico do organismo social. A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a a) V V V F b) F V V V c) F V F F d) F V F V Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 110 AULA 02 - Sociologia e) V F F F Comentários A alternativa D é a única correta. A primeira afirmação é falsa porque se refere à visão de Max Weber em seu livro A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Já a terceira afirmação corresponde ao pensamento marxista a respeito da divisão do trabalho na sociedade moderna. Gabarito: D (Unicentro 2011) Assinale V (Verdadeiro) ou F (Falso) nas afirmativas a seguir referentes aos estudos sobre o tema trabalho e vida econômica. ( ) O fordismo visa à mecanização e, portanto, ao aumento da produtividade do trabalho. ( ) A esteira transportadora que fixa o trabalhador em seu posto, diminuindo a sua autonomia e iniciativa, é uma característica do fordismo. ( ) O ritmo do trabalho, no fordismo, deixa de se ditado pela gerência e passa a ser controlado pelos operários. ( ) O industrialista Henry Ford emprestou de Taylor a ideia de que a produção de massa exige mercados em massa. A sequência correta encontrada, de cima para baixo, é a a) V V F F b) V V V F c) V F F V d) F F V V e) F V V V Comentários Somente as duas primeiras afirmativas são verdadeiras. O modelo fordista-taylorista de produção visava a uma maior produtividade na fábrica com a diminuição dos custos de produção e maior eficiência do trabalho. Para isso, foi criada uma linha de produção (baseada na esteira) e dividiu- se o trabalho entre intelectual e manual. Gabarito: A (UNIOESTE 2012) Émile Durkheim é considerado um dos fundadores das Ciências Sociais e entre as suas diversas obras se destacam “As Regras do Método Sociológico”, “O Suicídio” e “Da Divisão do Trabalho Social”. Sobre este último estudo, é correto afirmar que a) a divisão do trabalho possui um importante papel social. Muito além do aumento da produtividade econômica, a divisão garante a coesão social ao possibilitar o surgimento de um tipo específico de solidariedade. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 111 AULA 02 - Sociologia b) a solidariedade mecânica é o resultado do desenvolvimento da industrialização, que garantiu uma robotização dos comportamentos humanos. c) a solidariedade orgânica refere-se às relações sociais estabelecidas nas sociedades mais tradicionais. O nome remete ao entendimento da harmonia existentes nas comunidades de menor taxa demográfica. d) indiferente dos tipos de solidariedade predominantes, o crime necessita ser punido por representar uma ofensa às liberdades e à consciência individual existente em cada ser humano. e) a consciência coletiva está vinculada exclusivamente às ações sociais filantrópicas estabelecidas pelos indivíduos na contemporaneidade, não tendo nenhuma relação com tradições e valores morais comuns. Comentários A alternativa a) é o nosso gabarito, pois quanto mais complexa a divisão social do trabalho maior a solidariedade orgânica (conceito visto na Aula 00). A divisão do trabalho é importante por favorecer a coesão social e a solidariedade. Em sociedades tradicionais, a solidariedade é do tipo mecânico, enquanto em sociedades modernas o que existe é a solidariedade de tipo orgânico. Vale ressaltar que as alternativas D e E explicam, de forma incorreta, a função do crime e o conceito de consciência coletiva. Gabarito: A (UNIOESTE 2011) Nas últimas décadas desenvolveu-se um debate acirrado no interior das Ciências Sociais referente à importância da categoria trabalho no mundo contemporâneo. Neste sentido, alguns autores chegaram a afirmar que esta era uma categoria em processo de extinção e, que devido a isso, não mereceria atenção sociológica. Contudo, a história vem demonstrando o oposto. No meio da inconstância econômica vivenciada, a organização do trabalho tornou-se tema central entre aqueles que buscam soluções para a crise. Não suficiente, a tentativa de abandonar a referida categoria também não conseguiu eliminar seu aspecto ontológico, ou seja, sua importância na formação dos homens. Sobre a categoria trabalho é correto afirmar que a) conceitualmente, trabalho, emprego e ocupação podem ser considerados a mesma coisa, pois se referem a um mesmo fenômeno. b) a revolução tecnológica e as transformações nos modelos de gestão inevitavelmente levarão a extinção do trabalhador produtivo. c) na concepção de Émile Durkheim a divisão do trabalho apenas gera individualidade e não possibilita nenhuma outra forma de organização social. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 112 AULA 02 - Sociologia d) a diminuição do número de trabalhadores atuando nas indústrias vem sendo acompanhada pelo aumentoda importância de outros setores da economia, como o de serviços e o informal. e) o modelo de trabalho desenvolvido nas indústrias Ford e que foi brilhantemente representado por Chaplin no filme “Tempos Modernos” pode ser considerado extinto na atualidade. Comentários As mudanças nas relações de trabalho acompanham o desenvolvimento do sistema capitalista de produção. No capitalismo desenvolvido, o trabalho físico ao interno da fábrica torna-se menos necessário e a produção depende cada vez mais da produção das máquinas. Ao mesmo tempo, aumenta a precarização do trabalho (com o aumento do trabalho informal) e o crescimento do setor de serviços, sempre subordinado ao sistema de produção do capital. Por isso, o gabarito é a alternativa d). a) falso, pois trabalho pode ser qualquer tipo, inclusive um não remunerado. Já emprego pertence à categoria da formalidade no mundo do trabalho, ou seja, carteira de trabalho. Ocupação, à luz da definição do IBGE, é algum trabalho remunerado. b) falso, pois a sociologia do trabalho sustenta que, por maior que seja o desenvolvimento tecnológico, sempre haverá um trabalhador para apertar algum botão. c) errado. Lembre-se de que a perspectiva de Durkheim é coletiva, portanto, há coesão social. e) falso, pois a linha de montagem é presente nos dias atuais. Não houve uma substituição de um modelo pelo outro, mas o aprimoramento e primazia de um em relação ao outro, conforme a conjuntura econômica. Quer um exemplo atual? Rede fast food de comidas. Sabe aquela famosa que faz lanches? Então, eu já trabalhei na mais famosa delas entre meus 16 e 17 anos. Primeiro as fritas, depois a carne, depois o pão, o recheio, a montagem do lanche, refri e pronto, 4 minutinhos tudo lá na bandeja. Gabarito: D (UNIOESTE 2010) A partir do início do século XX uma série de modificações foi introduzida na organização do processo de trabalho na produção capitalista. Ou seja, a produção de mercadorias passou a ser estruturada com base nos princípios do fordismo/taylorismo, inovação que vigorou até recentemente. Dentre as alternativas abaixo, marque aquela que apresenta as principais características do fordismo/taylorismo. a) Organização verticalizada das empresas, trabalhador especializado na realização de uma única tarefa e produção padronizada. b) Produção de mercadorias organizada de forma horizontal, subcontratação e terceirização de atividades por parte das empresas. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 113 AULA 02 - Sociologia c) A produção não é mais padronizada, incentivo da polivalência do trabalhador e introdução do sistema de bonificações e prêmios por produção. d) Organização verticalizada das empresas, subcontratação e incentivo da polivalência do trabalhador. e) Produção padronizada de mercadorias, organização horizontal das empresas e terceirização de atividades produtivas. Comentários O modelo fordista/taylorista corresponde a uma forma de conceber a divisão do trabalho ao interno da fábrica. Tal divisão ocorre mediante a especialização, a padronização da produção e a verticalização da organização da empresa, tal como apresenta a alternativa A. Gabarito: A (UFU 2015) Nas últimas décadas, o Brasil experimentou mudanças demográficas, sociais, culturais, econômicas e políticas significativas. A crescente inserção das mulheres no mercado de trabalho e na política, a melhoria de seu nível educacional, a redução da fecundidade, a postergação da maternidade, a redução da resistência a novos atributos para os papeis feminino e masculino são algumas delas. No entanto, os ritmos de tais mudanças parecem seguir descompassados. PICANÇO, Felícia Silva. Amélia e a mulher de verdade: representações dos papeis da mulher e do homem em relação ao trabalho e à vida familiar. Em: ARAÚJO, C. & SCALON, C. (org.). Gênero, família e trabalho no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005. De acordo com o trecho acima, as desigualdades de gênero na inserção no mercado de trabalho persistiriam devido à A) maior participação dos membros masculinos nas tarefas concernentes ao trabalho doméstico. B) representação de que não cabe apenas ao homem, enquanto chefe de família, o papel de provedor do grupo doméstico. C) crença no fato de que o ingresso feminino no mercado de trabalho gera um prejuízo à família. D) crítica à representação da mulher como naturalmente disposta a assumir os papéis de esposa e mãe. Comentários Esta questão é “chatinha” porque o comando dela nos coloca diante de uma hipótese, isto é, as desigualdades “persistiriam devido à”: a) falso, porque o texto não apresenta este dado e, em geral, a cultura machista da sociedade faz com que os homens continuem reproduzindo a divisão sexual do trabalho no ambiente doméstico, ou seja, a cozinha e demais afazeres seriam para as mulheres. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 114 AULA 02 - Sociologia b) incorreto, pois se houvesse maior equilíbrio as desigualdades não tenderiam a persistir, mas sim a diminuir. c) correto, é uma possibilidade, mais do que isso, é uma ideologia (crença), pois a expectativa geral da sociedade machista é que as mulheres façam os afazeres doméstico. Dessa forma, segundo essa crença machista, a maior participação feminina no mundo fora do lar provocaria impactos negativos no dia a dia doméstico. d) não persistiriam devido à crítica, mas sim devido à ausência da crítica. Gabarito: C (UFU 2015) Em 2006, o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) lançou um estudo intitulado “A jornada de trabalho no Brasil” na qual se pode ler que [...] com exceção das conquistas obtidas em acordos ou convenções coletivas desde a Constituição de 1988, praticamente todas as alterações nos direitos trabalhistas foram no sentido de diminuir direitos e/ou de intensificar o ritmo de trabalho. DIEESE. A Jornada de Trabalho no Brasil. Disponível em <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BA5F4B7012BAB0CD8FE72AD/Prod02_200 6.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2015. Tomando por base as reflexões de Karl Marx acerca da jornada de trabalho e seus conhecimentos sobre a realidade nacional, é correto afirmar que: a) Tal como todo aparato jurídico burguês, a Constituição de 1988 trouxe consigo a redução dos direitos trabalhistas e a ampliação da exploração sobre o trabalho. b) A redução de direitos trabalhistas é uma marca presente em todos os Estados de Bem- Estar Social no centro e na periferia do capitalismo. c) Intensificar o ritmo de trabalho significa, em outras palavras, ampliar a extração de mais valia relativa. d) Vive-se o paradoxo de a redução dos direitos conviver com um momento especial de crescimento e ofensiva da mobilização sindical. Comentários a) errado, poisa Constituição Federal de 1988, conhecida como a constituição cidadão, reconheceu e garantir inúmeros direitos aos trabalhadores, como férias remuneradas, direito à segurança e saúde no trabalho, salário digno, etc. b) errado, pois nos Estados de Bem-Estar Social predomina a ampliação de direitos sociais, principalmente aqueles relacionados ao mundo do trabalho. c) Questão difícil, pois trata de um conceito bem específico de Marx. Quando o trabalhador é obrigado a trabalhar por mais tempo, aumenta a mais-valia absoluta. No entanto, quando, em um mesmo período de tempo, o trabalhador produz mais (aumento da produtividade), o que se Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 115 AULA 02 - Sociologia está aumentando é a mais-valia relativa. A presente questão apresenta uma incorreção. Por rigor conceitual, o correto é dizer que a mais-valia relativa corresponde àquela proporcionada por inovações tecnológicas e mudanças no processo de produção, e não pela intensificação do ritmo de trabalho. No entanto, para fins didáticos, é bastante comum uma simplificação dessaanálise, considerando que toda redução do tempo de trabalho produz mais-valia relativa. d) errado, pois no mundo, o sindicalismo perdeu a força que detinha até o início da de 1970. É claro que há variações, pois, no Brasil, o sindicalismo brasileiro foi protagonista de grandes mobilizações e lutas sociais por direitos na década de 1980. De toda forma, no geral principalmente a partir da década de 1990, as políticas neoliberais impuseram ações defensivas ao sindicalismo, ou seja, negociar como perder menos. Além disso, as reestruturações na organização do trabalho dificultaram a ação sindical. Antes, uma fábrica com 10 mil trabalhadores, todos da mesma empresa e vinculados ao mesmo sindicato, possuíam potencial de ação sindical. Agora, as empresas estão segmentadas, sendo que há trabalhadores terceirizados pertencentes aos mais diversos sindicatos, fato que prejudica a unidade na ação sindical. Gabarito: C (UFU 2012) Levando em consideração as relações do sistema de produção fordista e demais sistemas de produção e suas consequências, constata-se que o trabalho no sistema a) taylorista baseia-se em trabalhadores multifuncionais, sendo que cada posto de trabalho executa várias tarefas, a fim de diminuir os custos de produção. b) fordista caracteriza-se pela separação entre elaboração e execução no processo de trabalho, proporcionando a alienação. c) fordista é repetitivo e parcelado, gerando trabalhadores felizes e satisfeitos por não necessitarem de longos processos de capacitação para o trabalho. d) toyotista tem a produção vinculada à demanda, ocasionando flexibilização e evitando, assim, as demissões e a precarização, além de possibilitar a utilização racional da força de trabalho. Comentários a) Incorreta, pois é o sistema toyotista, e não o taylorista, que estimula o trabalho multifuncional, flexível e polivalente. b) Correta. O sistema fordista tem como principal objetivo aumentar o lucro do empresário, mediante uma melhor divisão do trabalho, ocasionando a alienação do trabalhador. c) Incorreta. O trabalhador, no sistema fordista, está alienado do produto do seu trabalho. Desta maneira, está impedido de se satisfazer através daquilo que produzem. d) Incorreta. Historicamente percebeu-se que o sistema toyotista não é capaz de evitar as demissões e a precarização. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 116 AULA 02 - Sociologia Gabarito: B (UFU 2011) Podemos entender o fordismo como uma forma de acumulação do capital que ocorreu no contexto da luta de classes, envolvendo controle e resistência no local de trabalho, assim como um conjunto de relações socioculturais, políticas e educacionais. A partir da análise do texto acima, é correto afirmar que o fordismo corresponde a: a) uma forma de organização do trabalho social, datada historicamente, prescindindo da figura do Estado e estabelecendo a livre negociação entre capital e trabalho. b) uma forma de organização da produção e do trabalho que vem possibilitando grande expansão e acumulação do capital nos dias atuais, particularmente ao longo da década de 1990, caracterizado pelo consumo flexível. c) uma forma de organização do trabalho social que sempre existiu na sociedade capitalista e que envolve um compromisso entre capital e trabalho mediado pelo Estado. d) uma forma de organização do trabalho social, datada historicamente, que envolveu um compromisso entre capital e trabalho mediado pelo Estado o qual buscou assegurar renda e consumo para uma significativa parcela da classe trabalhadora. Comentários a) falso. Aqui é preciso atenção para o verbo “prescindir”, que significa dispensar. O fordismo não dispensa o Estado, na verdade o Estado é fundamental para o planejamento da sociedade de massas em que o fordismo se desenvolveu. Historicamente, fordismo, sociedade de massas e Estados de Bem-Estar social estão vinculados. O pleno emprego, uma situação de trabalho gerada nos Estados de Bem-Estar social, foi reforçado pelas possibilidades da indústria fordista. b) errado, pois a alternativa está se referindo ao neoliberalismo. O fordismo tem início por volta de 1910 e se desenvolve nas décadas seguintes, até a entrada em cena dos modelos flexíveis de produção na virada de 1970 para 1980. c) errado, nem sempre existiu. d) correto, é o nosso gabarito. Gabarito: D (UFU 2009) Acerca do chamado “Novo Sindicalismo” no Brasil, assinale a alternativa correta. a) A recessão econômica e as diversas mudanças ocorridas no mundo do trabalho a partir da década de 1990 levaram o novo sindicalismo a adotar novas estratégias de resistência, as quais primavam pela ampliação das greves e maior participação dos trabalhadores nos processos decisórios das empresas. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 117 AULA 02 - Sociologia b) Uma das fases do movimento sindical brasileiro teve início em 1978, na região industrial do ABC paulista, com o chamado “novo sindicalismo”, o qual teve como característica seu reconhecimento como instrumento de negociação sob a tutela do Estado. c) As conquistas alcançadas pelo novo sindicalismo brasileiro, em especial aquelas relativas ao espaço da negociação coletiva e à defesa do poder aquisitivo dos salários, implicaram o crescimento e o fortalecimento deste movimento como instrumento de negociação entre patrões e empregados na década de 1990. d) O novo sindicalismo representou um forte questionamento às limitações impostas pela estrutura sindical oficial, alterando o quadro geral das relações dos trabalhadores com os patrões e atuando como importante agente político no processo de redemocratização da sociedade brasileira na década de 1980. Comentários Inicialmente, o novo sindicalismo surgiu entre 1970 e 1980, nas greves das fábricas metalúrgicas da região metropolitana de São Paulo (ABC, São Bernardo do Campo, e outras). A ideia de “novo” veio para se diferenciar do sindicalismo marcado pela tradição trabalhista cuja origem vinha da Era Vargas. Dessa forma, o “novo” estava relacionado à forma de fazer o trabalho sindical, no “chão de fábrica” e de forma menos institucional; nos bairros, junto às comunidades eclesiais de base da Igreja Católica e menos nas instâncias do Estado. Até é compreensível o “novo sindicalismo” ter surgido sem vínculos estatais, pois os brasileiros ainda viviam sob o Regime Militar, a ação sindical era proibida. Pois bem, nesse contexto, as greves protagonizadas acabaram se tornando em grandes eventos da força social movimento sindical. Com o passar da década de 1980, esse movimento passou a dirigir/ conduzir inúmeros sindicatos no Brasil, era a força da Central Única do Trabalhadores (CUT), criada em 1983. Enquanto forma de ação, o novo sindicalismo prioriza greves, paralisações, operações tartarugas (atrasos na produção para forçar negociações, dentre outras táticas). Ocorre que, com a chegada do neoliberalismo, o impacto sobre o movimento sindical foi grande. Primeiro, a forma de organização das categorias modificou radicalmente. Se, até o início da década de 1990, as fábricas contavam com 10-15 mil trabalhadores, elas passaram a ter produção mais enxuta e menos trabalhadores diretos, direcionando parte da produção para trabalhadores terceirizados dentro da própria fábrica e em outras unidades (descentralização da produção). Com isso, as categorias acabaram perdendo força, pois foram desestruturadas. AS políticas neoliberais também levaram a demissões e redução de direitos trabalhistas. Nesse contexto, o movimento sindical se viu diante de uma situação adversa para negociar, fato que provocou a alteração na tática de ação. De greves e paralisações por salários e direitos mais amplos, segundo o professor Iram Jacome Rodrigues, da USP, o movimento sindical precisou lutar para evitar demissões. Ou seja, uma atuação defensiva, diferente da característica ofensiva da década de 1980.a) errado, pois na década de 1990 o movimento sindical ficou na defensiva, com redução de greves. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 118 AULA 02 - Sociologia b) falso. Veja que o Estado, comandado pelos militares, não abria espaço para o movimento sindical. A tônica era a perseguição dos “agitadores”, logo, não seria possível o “novo sindicalismo” buscar a tutela estatal. Foi preciso um trabalho por “fora” das imposições do Regime Militar, fato que forçou uma diferença com o sindicalismo trabalhista cuja origem remonta na Era Vargas. c) errado, conforme o texto da abertura do comentário, similar ao que está na a). d) ok, e o gabarito. Além da atuação na esfera econômica (luta por salários, por exemplo), o novo sindicalismo acabou influenciando o processo de redemocratização. Isso porque, como as greves eram proibidas, foi preciso defender a legalidade da greve – portanto, um Estado Democrático de Direito – para que os empregadores e patrões passassem a ser pressionados em negociações legítimas. Gabarito: D (UFU 2007) No tocante aos princípios centrais do taylorismo, como propostos por Frederick Winslow Taylor na obra Princípios de Administração Científica, marque a alternativa correta. A) O chamado sistema taylor de produção proporcionou aos trabalhadores maior tempo livre nos processos de execução das tarefas produtivas. B) O taylorismo implicou maior autonomia decisória aos trabalhadores responsáveis pela execução das tarefas produtivas. C) O taylorismo consistiu em um conjunto de princípios críticos e contrários ao estudo científico do processo de produção econômica. D) Os princípios tayloristas estabelecem uma separação clara entre, de um lado, as fases de planejamento, concepção e direção do processo produtivo e, de outro, as tarefas de execução. Comentários a) e b) falsas, pois o sistema taylorista é pautado pelo controle do tempo e do movimento dos trabalhadores. Dessa forma, a baixa liberdade produtiva. c) errado, pois o taylorismo é justamente um estudo científico do processo produtivo para que as perdas sejam menores. d) correto, pois a afirmação reflete uma concepção racional da organização do processo produtivo. Gabarito: D (UFU 2002) Michel Husson, economista francês, em recente entrevista concedida a uma publicação brasileira, assim se pronunciou sobre o desemprego: Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 119 AULA 02 - Sociologia Confrontando a evolução da taxa de desemprego na Europa com a taxa dos lucros das empresas no PIB, essas curvas evoluíram de maneira muito parecida. A ideia é a seguinte: se não há redistribuição aos trabalhadores, sob a forma de redução da jornada [de trabalho], há um aumento de desemprego, porque as pessoas trabalham ao mesmo tempo com mais produtividade. E o fato de não diminuir a jornada resulta em uma fonte de lucros financeiros. A conclusão é que não se pode realmente lutar contra o desemprego sem mudar a distribuição dos lucros que se formou dessa maneira. Carta Capital, número 194, 19/junho/2002, p. 42. A política econômica implementada no Brasil, desde 1995, estimulou várias práticas inovadoras no mundo do trabalho tais como: contrato temporário, flexibilização da legislação trabalhista, trabalho parcial e banco de horas. Nenhuma delas, entretanto, apontou para a redução da jornada de trabalho sem redução salarial. Isto posto, à luz da análise de Michel Husson, é correto afirmar que a) as medidas adotadas pelo Governo Federal nos últimos 7 anos, na área trabalhista, visaram combater o desemprego, pois abriram postos de emprego, ao flexibilizarem os contratos de trabalho. b) tal política foi mais uma forma de atender ao interesse do capital financeiro e, por isso, significou uma ação favorável à esfera especulativa. c) a redução da jornada de trabalho sem redução salarial aumentaria o chamado “custo Brasil”, razão pela qual, de fato, seria um equívoco favorecê-la. d) o crescimento da massa salarial somente pode acontecer mediante a retomada de taxas de lucro em patamares crescentes, nada tendo a ver com a taxa de desemprego. Comentários a) errado, pois o texto do enunciado afirma que as políticas trabalhistas foram ineficientes e insuficientes, apesar do discurso. b) sim, correto. Na medida em que a flexibilização das leis trabalhistas não resultou na diminuição do desemprego, verifica-se como a opinião do economista francês é coerente. Todas as modificações ocorridas serviram para atender o interesse do capital financeiro (“fonte de lucros financeiros”), não resultando em melhorias para os trabalhadores. Porém, cabe uma ressalva, não seria só o capital financeiro o beneficiado, mas o capital produtivo também, pois as empresas metalúrgicas e química, por exemplo, também foram beneficiadas pela flexibilização das leis trabalhistas. A rigor, o conjunto da classe burguesa se beneficiou dessas alterações. c) pelo contrário, diminuiria. d) errado, pois a massa salarial está relacionada ao volume de salário pago (quantidade de trabalhadores que recebem), bem como pela média salarial paga. Ou seja, se tem desemprego essa massa salaria diminui. Gabarito: B Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 120 AULA 02 - Sociologia (UECE 2019) Migração é o deslocamento de indivíduos dentro de um espaço geográfico, de forma temporária ou permanente, constituindo, deste modo, fluxos migratórios. No que diz respeito à migração no Brasil, assinale a afirmação verdadeira. a) Os fluxos migratórios são desencadeados por escolhas pessoais dos indivíduos em busca de novas aventuras culturais e de experiências de vida. b) É uma política do Estado brasileiro que possibilita às famílias das várias regiões conhecer o País e buscar oportunidades de trabalho segundo as preferências de cada um. c) O fator de maior influência nos fluxos migratórios no Brasil é de ordem econômica, ao forçar o deslocamento de indivíduos à procura de trabalho e de melhores condições de vida. d) Os fluxos migratórios no Brasil revelam o desenvolvimento econômico do País ocasionado pelo aumento de intercâmbio de conhecimentos profissionais entre as regiões. Comentários Apesar de ser uma questão que remete ao mercado de trabalho no Brasil, ela permite discutir um tópico importante das relações de trabalho, a busca pelo emprego. Nesse sentido, a análise sociológica do fenômeno das migrações inclui a percepção dos elementos das estruturas das sociedades que podem levar ao deslocamento dos indivíduos. No caso da sociedade brasileira, e dos países da periferia do capitalismo, por exemplo, percebe-se que elementos da estrutura produtiva constituem a principal motivação para esse fenômeno, uma vez que a desigual divisão territorial do trabalho brasileira leva indivíduos a se deslocarem para as regiões que oferecem maior potencial de melhores condições de vida e trabalho. Recentemente vimos esse tipo de deslocamento em escala continental, quando latinos fizeram marchas em direção aos EUA e percorreram milhares de quilômetros até chegar ao México. Gabarito: C (UECE 2019) Atente para o seguinte enunciado: A crise econômica que o Brasil vem enfrentando nos últimos anos resultou em uma triste realidade para os trabalhadores: o aumento da informalidade — empregados de pequenas empresas sem registro, o comércio ambulante, a execução de reparos ou pequenos consertos, a prestação de serviços pessoais (de empregadas domésticas, babás) e de serviços de entrega (de entregadores, motoboys), a coleta de materiais recicláveis, motorista de aplicativos como o UBER etc.). Apenas em 2017 foram criadas 1,8 milhão de vagas no setor informal, enquanto 685 mil vagas com carteira assinada foram perdidas. Disponível em:https://financasfemininas.com.br/estudoconsequencias-do-crescimento-do- emprego-informal-nobrasil/ Considerando o enunciado acima,é correto afirmar que Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 121 AULA 02 - Sociologia a) o aumento do trabalho informal no Brasil é reflexo do aumento da liberdade de escolha do trabalhador em relação ao trabalho assalariado e da sua condição empreendedora. b) todos os trabalhadores fazem a economia funcionar, mas as condições de trabalho e renda a que se submetem aqueles da informalidade são precárias. c) não estar amparado pela carteira assinada significa menos custo para o trabalhador, que passa a ter mais garantias de renda, com menos encargos sociais e previdenciários. d) o crescimento da informalidade expressa a força do empreendedorismo e da liberdade pessoal de escolhas no mercado formal de trabalho. Comentários a) falso, pois o aumento da informalidade está relacionado a mudanças nos tipos de trabalho em função de processos mais estruturais na economia. b) correta a afirmação, pois a informalidade é marcada pela ausência de direitos, pois os trabalhadores não possuem carteira de trabalho assinada, de modo que os direitos deixam de ser legalmente garantidos. c) falso, as maiores garantias para o trabalhador estão em possuir carteira de trabalho assinada. Com a formalização, por exemplo, é possível ter direito ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), recurso importante para ajudar o trabalhador a financiar a compra da casa própria. d) errado, relacionar liberdade e precariedade não é próprio das relações de trabalho, pois as condições precárias de trabalho são as últimas escolhas de quem procura emprego. A preferência do trabalhador é por contrato de trabalho formal, já que este assegura melhores condições de trabalho e direitos. Gabarito: B (UEMA 2015) “O sociólogo Zygmunt Bauman, em seu livro Globalização: as consequências humanas, afirma que a ‘globalização‘ tem sido apresentada como o destino irremediável do mundo, mas que, no fenômeno da globalização, há mais coisas do que pode o olho apreender, pois o fenômeno da globalização tanto divide como une.” Fonte: BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. (adaptado) Essa crítica do autor é, também, expressa em outras linguagens como na charge abaixo. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 122 AULA 02 - Sociologia Com base na charge e nas ideias de Zygmunt Bauman, pode-se afirmar que o fenômeno da globalização a) seleciona povos, países e setores que serão inseridos no processo, determinando a forma da inserção. b) uniformiza todos os países e atinge a todos da mesma maneira, sem distinção de etnia, credo e ideologia. c) distribui igualmente entre povos e países os produtos advindos do desenvolvimento econômico e tecnológico. d) transforma as nações em uma só, criando uma verdadeira “aldeia global”, na qual todos os povos são iguais. e) padroniza o mundo social, cultural, política e economicamente, reduzindo as desigualdades entre as nações. Comentários a) Considerando que a globalização só existe vinculada a uma estrutura socioeconômica de desigualdade, tal como sugerem a charge e a passagem do texto de Bauman. Tanto os países quanto as pessoas não participam de forma homogênea ou igualitária no mercado mundial, mas segundo as possiblidades econômicas que possuem. Gabarito. b) errado, pois uma das consequências da divisão provocada pela Globalização é o preconceito com traços xenófobos. c) falso, há muita desigualdade e concentração de renda. d) errado, vimos que as desigualdades não diminuem. e) falso, pois há um pluralismo cultural em meio a um processo de aproximação e distanciamento entre os povos. Gabarito: A Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 123 AULA 02 - Sociologia (UEMA 2014) A etimologia do termo trabalho deriva do vocábulo tripallium que significa “instrumento de tortura”. O trabalho foi associado à ideia de castigo, tortura, atividade penosa. Ao longo do tempo, houve várias interpretações do sentido de trabalho. No feudalismo, o trabalhador tinha uma visão total do produto. Com a consolidação da sociedade industrial, o modelo fordista e taylorista fragmentaram o processo de produção, conforme imagem abaixo. Nesse sentido, as características do fordismo e do taylorismo, no início do século XX, em novo ordenamento social do trabalho, são, respectivamente, a) especialização da administração e solidarismo, flexibilização, robótica. b) automação, fragmentação e cooperação, manufatura, rigidez do trabalho. c) mecanização, automação, precariedade do trabalho e estabilidade no emprego, solidarismo. d) impessoalidade das normas, flexibilização do trabalho, robótica e controle das atividades, fluidez do trabalho. e) controle das atividades, mecanização e impessoalidade das normas, rigidez do trabalho, especialização da administração. Comentários O fordismo e o taylorismo dizem respeito a modelos de produção que se popularizaram na primeira metade do século XX. Eles se baseiam em princípios como a racionalização da linha de montagem, ocorrida através de uma alta divisão e especialização do trabalho, um forte sistema controle das atividades dos operários e a especialização da administração. Dessa forma, alternativa correta é a E. Vamos aos erros nas demais alternativas, vamos pegar as palavras/expressões erradas. a) erro: “flexibilização” b) erro: “manufatura” c) erro: “solidarismo” Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 124 AULA 02 - Sociologia d) erro: “flexibilização do trabalho”. Comentários: E (UEG 2019) Um dos fenômenos mais analisados pela sociologia é o das classes sociais. Algumas análises sociológicas apontam para uma mudança na estrutura de classes na sociedade, o que teria se iniciado após a Segunda Guerra Mundial e com maior intensidade nas décadas posteriores. A respeito das alterações na estrutura de classes que ocorreram a partir dessa época, verifica- se que a) a longa crise econômica e o consequente enxugamento do Estado a partir dos anos 1950 geraram uma redução drástica da burocracia e uma precarização intensa da intelectualidade. b) houve, nas últimas décadas, um decréscimo quantitativo e proporcional do proletariado industrial, devido ao crescimento do setor de serviços e do comércio em detrimento do setor industrial. c) o desenvolvimento tecnológico e o avanço da informática fizeram emergir uma nova classe, denominada tecnocracia, que vem, paulatinamente, substituindo a burguesia como classe dominante. d) a pós-modernidade e o neoliberalismo criaram um intenso processo de fragmentação social, o que provocou o desaparecimento das classes sociais e sua substituição pelos grupos sociais. e) o estado de bem-estar social nos países capitalistas mais avançados gerou uma reforma agrária que teve como principal efeito o crescimento quantitativo do campesinato e da classe latifundiária. Comentários No contexto contemporâneo, a automatização das indústrias e o crescimento do setor de serviços e do comércio, de um modo geral, levaram a um processo da diminuição da mão de obra humana nas indústrias, deslocando-as para outros setores do mercado. Os setores que mais absorveram essa força de trabalho foram os serviços terceirizados e/ou informais. Atualmente, um termo que está relacionado aos postos de trabalho mais desqualificados é a “precarização do trabalho”. a) falso, pois pode até ter havido redução da burocracia, porém não drástica. Além disso, o mais preciso seria que o processo de enxugamento da máquina pública começou a partir do final da década de 1970, quando as políticas neoliberais começaram a ser elaboradas e aplicadas. Também é errado o trecho que afirma ter ocorrido uma precarização intensa da intelectualidade. Em uma perspectiva histórica, o número de intelectuais no mundo aumentou.Agora, é fato que o trabalho intelectual também é vítima da precarização das relações de trabalho. Basta pegarmos a situação do Brasil e os baixos incentivos às pesquisas. No início de Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 125 AULA 02 - Sociologia 2020, muitos doutores e pós-doutores precisaram abandonar suas pesquisas em universidades brasileiras para realizarem-nas no exterior. b) é o nosso gabarito. c) falso. Por dois motivos: 1 – a tecnocracia não pode ser considerada uma classe social, mas uma espécie de casta dentre de um classe social. Por exemplo, seria correto dizer que os tecnocratas, que recebem autos salários de empresas estatais, fazem parte da classe média. 2 – o segundo erro decorre do primeiro, pois, na medida em que a tecnocracia não se enquadra como um classe social, ela não poderia substituir a burguesia. Sacou? d) errado, as classes sociais ainda estão em pleno vigor. Hoje, inclusive, fala-se em super ricos para denominar os burgueses mega ultra bilionários. Já a classe trabalhadora, apesar de não ser a classe trabalhadora clássica do final do século XIX e início do século XX, não deixou de existir. Ocorreu foi a precarização do trabalho ampliada para um conjunto maior de trabalhadores. e) falso. Os países avançados, como França e Alemanha passaram sim por reformas agrária, mas isso não levou ao aumento do campesinato. Nesses países a agricultura é automatizada e predomina a do tipo intensivo. Gabarito: B (UEG 2012) A emergência do fenômeno da globalização foi acompanhada de mudanças na esfera da produção e do Estado. Nesse contexto, no caso europeu, é correto afirmar: a) a partir da década de 1980, emergiu o regime de acumulação flexível, caracterizado pelo pós-fordismo e pelo Estado de bem-estar social. b) partir da década de 1980, iniciou-se o processo de reestruturação produtiva e a implantação do Estado neoliberal. c) a partir dos anos 1970, emergiu a sociedade pós-moderna globalizadora e organizada em torno do Estado neoliberal e do fordismo/taylorismo. d) a partir dos anos 1980, emergiu o Estado de bem-estar social e a reestruturação produtiva. Comentários A partir da década de 1980, em oposição ao Estado de bem-estar social surgiu o modelo neoliberal que procurava dar maior liberdade às iniciativas econômicas. Na esfera da produção, esse período corresponde à implantação de uma atividade produtiva altamente mecanizada e robotizada e dependente do trabalho intelectual humano, correspondendo a uma superação do modelo fordista/taylorista predominante até então. Gabarito: B Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 126 AULA 02 - Sociologia (UEG 2009) O mundo contemporâneo vem sofrendo muitas mudanças em todas as esferas da vida social. Estas mudanças sociais estão na organização política, nas relações internacionais, na cultura, entre outras. A chamada “reestruturação produtiva” faz parte deste contexto e está relacionada com o aumento do desemprego. Sobre a relação entre reestruturação produtiva e desemprego, é correto afirmar: a) o desemprego provoca a reestruturação produtiva, pois as políticas keynesianas implantadas em todo o mundo a partir da Segunda Guerra Mundial tinham como uma de suas características principais a política de “pleno emprego”. Esta política estatal se esgotou com o aumento do desemprego a partir da década de 70, provocado pela crise do petróleo. O aumento do desemprego gerou a reestruturação produtiva, cujo principal objetivo é a flexibilização das relações de trabalho e do mercado de trabalho, provocando uma otimização do uso de recursos humanos e diminuindo drasticamente os índices de desemprego em todo o mundo. b) o processo de reestruturação produtiva vem acompanhado da implantação do regime neoliberal e estes dois processos combinados promovem, por um lado, a corrosão da legislação trabalhista, o enfraquecimento da política estatal de proteção ao trabalhador, a instituição do contrato temporário, a precarização do trabalho, a descentralização industrial, a flexibilização do mercado de trabalho, a busca do aumento da oferta de força de trabalho, visando pressionar os salários para baixo. Isto tudo provoca o aumento do desemprego em escala mundial. c) o processo de desemprego é produto natural do desenvolvimento tecnológico e por isso tende, com o desenvolvimento histórico, a aumentar. O desemprego no capitalismo é maior do que o que existiu no feudalismo. Quanto mais o capitalismo se desenvolve, mais aumenta o desemprego, até que o processo de automação substitua o trabalhador por máquinas e o emprego seja abolido. d) não existe nenhuma relação entre reestruturação produtiva e desemprego, pois este sempre existiu e sempre existirá. Comentários A reestruturação produtiva iniciada na década de 70, concomitante à ideologia neoliberal, interferiu poderosamente em grande medida na organização da produção, bem como nas esferas do Estado e das políticas públicas. A organização flexível da produção, ancorada na informatização, levou a uma redução nos postos de trabalho, seja pelo caráter descartável que tomou o trabalho ou pela troca do trabalho vivo pelo trabalho morto. Comentários: B (UPE 2016) Observe a imagem a seguir: Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 127 AULA 02 - Sociologia Baseando-se na imagem, a relação de produção apresentada é conhecida como a) Capitalista. b) Socialista. c) Escravista. d) Feudalista. e) Primitivista. Comentários Esta é uma questão de intepretação de um texto não verbal. Ela representa as relações de trabalho em um engenho de cana de açúcar. Dessa forma, a imagem faz clara referência ao modelo escravista de relações de trabalho que perdurou no Brasil até o período imperial. Em nosso caso, a escravidão foi, sobretudo, dos negros escravizados e trazidos da África. Portanto, gabarito letra C. Agora, a questão é mal formulada, pois ela mistura o conceito de relações de trabalho com o de modo de produção. No Brasil não vigorou o modo de produção escravista, e sim, dentro do modo mercantilista (início das relações capitalista) e no capitalismo brasileiro houve escravidão. O modo de produção escravista foi aquele encontrado na Roma Antiga, por exemplo. Dito isso, como seria uma imagem que expressasse as relações de trabalho sugerida pelas demais alternativas? Veja só, a) operários, trabalhadores em uma fábrica, atuando em empresas prestadoras de serviços, etc. b) também em uma fábrica, assim como em uma fábrica capitalista. d) uma imagem das relações servis. e) comunidades coletoras. Gabarito: C Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 128 AULA 02 - Sociologia (UPE 2018) Observe a imagem a seguir: Desde o início do século XX, o sistema capitalista reordenou as relações de trabalho por meio da organização da produção, o que possibilitou a acumulação do capital de forma flexível. Nesse contexto, o processo produtivo verticalizado, apresentado na imagem, denomina-se de a) Fordismo/taylorismo. b) Toyotismo. c) Mercantilismo. d) Volvismo. e) Capitalismo manual. Comentários O trabalho segmentado onde há uma esteira de produção é típico do modelo fordista- taylorista. Esse modelo revolucionou a produção de mercadorias na primeira metade do século XX, aumentando muito a produtividade das fábricas e, consequentemente, os lucros capitalistas. Foi o início da sociedade de consumo, pois os produtos passaram a ser feitos em larga escala e padronizados. Agora, o enunciado merece um reparo, pois nesse início do século XX a acumulação não era flexível. A flexibilidade nas relações de trabalho é característica do Toyotismo, dessa forma associar “flexível” com fordismo/taylorismo é errado. Gabarito: A Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 129 AULA02 - Sociologia (UENP 2019) Fordismo e toyotismo são dois modelos capitalistas de organização do trabalho em fases distintas da produção industrial dos séculos XIX e XX. Com base nos conhecimentos sobre os dois modelos citados, considere as afirmativas a seguir. I. O fordismo combatia o uso da esteira rolante na produção de mercadorias por considerar que esta era menos eficaz que o cronômetro para controlar o trabalhador. II. Ao contrário do toyotismo, o fordismo propõe uma organização do trabalho na qual exista o envolvimento dos funcionários com a empresa mediante o trabalho em equipe. III. Um dos grandes problemas enfrentados pelo fordismo foi a existência do absenteísmo, isto é, o declínio do envolvimento do trabalhador com a tarefa realizada. IV. O controle dos tempos e movimentos do trabalhador é um traço comum aos dois modelos, embora seja mais intenso no toyotismo, que acelera os fluxos de produção. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas Comentários I – errado, pois a esteira simbolizou a produção em série do modelo fordista de produção. II – errado, pois é o toyotismo que propõe o envolvimento dos trabalhadores na solução de problemas que os próprios trabalhadores veem. Com isso, o capitalista otimiza o processo produtivo a partir da incorporação dos trabalhadores na gestão em si da empresa. III – correto, veja que essa afirmação é o contrário da afirmação II. No fordismo, o trabalhador fica caracterizado como se fosse uma peça integrante do maquinário. IV – correto. O fordismo, a partir das inovações do taylorismo com o controle de “tempos e movimentos”, estabelecia um controle burocrático e de baixa eficiência para o processo produtivo. Já o toyotismo, ao exigir múltiplas tarefas do trabalhador, passou a ocupar 100% do tempo com alguma atividade de trabalho. Gabarito: C (UENP 2010) Sobre o capitalismo a partir da década de 70, é incorreto afirmar que são suas características: a) enormes quedas nas taxas de lucro, acentuadas pelo encarecimento da mão de obra, que promovia constantes lutas para melhorar suas condições de vida; com o encarecimento da Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 130 AULA 02 - Sociologia mão de obra, as empresas começaram a cortar gastos, dando início à proeminência do desemprego estrutural. b) esgotamento do taylorismo/fordismo, que era incapaz de responder à crescente retração da demanda dos produtos advinda do aumento das taxas de desemprego. c) controle cada vez maior da dimensão financeira da economia. d) crescente concentração de capitais graças ao inicio de uma série de fusões entre grandes empresas. e) crise dos mecanismos do Estado de Bem-Estar social, acelerada pela crise fiscal nos estados do capitalismo avançado, que gerou a necessidade de cortes de gastos e transferência de atribuições ao capital privado. Comentários Pode-se dizer que a alternativa C é a mais incorreta. O controle da economia por parte do Estado foi bastante criticado pela teoria econômica neoliberal que ganhou força a partir da década de 1970. Essa teoria tem sido constantemente aplicada e corresponde à intensificação do processo econômico capitalista, tanto na sua acumulação, quanto na sua contradição, geradora de desemprego, de disparidades e de crises. Gabarito: C (UERJ 2020) Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 131 AULA 02 - Sociologia Nos textos são apresentados alguns dos significados dos desastres humanos e ambientais causados pelo rompimento de barragens de rejeitos de mineração em Mariana e Brumadinho. Os desastres mencionados indicam a permanência do seguinte critério na relação entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental: (A) valorização da ocupação laboral (B) primazia da acumulação capitalista (C) racionalização da produção industrial (D) retomada da desregulamentação estatal Comentários Os rompimentos de barragens de rejeitos de extração de minério de ferro, em Mariana em 2015 e em Brumadinho em 2019, representaram desastres humanos e ambientais de proporções catastróficas. Como comentado nas reportagens da questão, tais desastres causaram danos irreparáveis à humanidade em termos do alto número de vítimas e da poluição de terras e rios. Pela semelhança das ocorrências, os desastres explicitaram problemas associados às formas de extração de minério de ferro em que o barateamento de custos e a otimização da produção comprometeram a aplicação de maiores recursos destinados à segurança e à adoção de medidas preventivas quanto aos impactos provocados por esse tipo de atividade econômica. À luz das tragédias, os desastres incrementaram o debate acerca da importância de promover o desenvolvimento econômico em consonância com a preservação ambiental, buscando redimensionar a lógica de conceder primazia à acumulação capitalista a qualquer preço e, assim, subordinar a vida de pessoas e o meio ambiente ao preceito da lucratividade em escala geométrica. Gabarito: B (UERJ 2020) Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 132 AULA 02 - Sociologia A história de Pureza Lopes Loiola alerta sobre a permanência do trabalho análogo ao escravo na sociedade brasileira na atualidade. Um dos principais fatores que possibilitam essa permanência é a: (A) legislação permissiva (B) fiscalização ineficiente (C) concentração fundiária (D) modernização tecnológica Comentários As heranças da escravidão na sociedade brasileira manifestam-se de diversas formas: hábitos e comportamentos racistas, práticas de desvalorização do trabalho braçal, super exploração de trabalhadores assalariados, negligência na aplicação da legislação trabalhista, entre outras. Especialmente em áreas rurais, mas não exclusivamente nas mesmas, vigoram ainda relações de trabalho análogas ao escravo, como mencionado na reportagem sobre o périplo de Pureza Lopes Loyola em busca de seu filho, no início da década de 1990. A história de Pureza revelou a gravidade da situação e contribuiu para a criação de leis contrárias à vigência desse tipo de exploração da força de trabalho. A despeito da proibição, o trabalho análogo ao escravo ainda persiste em diversas regiões do Brasil, por meio da ação de agentes inescrupulosos, interferindo diretamente na eficiência das ações de fiscalização. Gabarito: B (UERJ 2020) Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 133 AULA 02 - Sociologia O conceito de “comércio justo”, mencionado no texto, engloba o compromisso de viabilizar que o preço pago por uma mercadoria resulte nas seguintes garantias: (A) direitos sociais e conservação ambiental (B) direitos civis e flexibilidade da produção (C) direitos autorais e preservação da natureza D) direitos políticos e concorrência empresarial Comentários a) correto, pois o texto faz denúncias de problemas sociais e da poluição do meio ambiente. Dessa forma, ele afirma um conceito novo, o de “comércio justo”, a partir da negação do atual modelo da indústria da moda. b) falso, pois a flexibilidade da produção é um dos problemas da indústria da moda. Por exemplo, ao deslocar a produção para regiões do mundo em que não há leis trabalhistas (leis sociais) a indústria da moda aposta na flexibilidade das relações de trabalho para lucrar mais. c) falso, pois o modelo atual da indústria da moda contribuir para a destruição do meio ambiente. d) falso, pois não são elementos abordados pelo texto do enunciado. Gabarito: A (UERJ 2019) Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 134 AULA 02 - Sociologia Os levantamentos feitos pelo Instituto Brasileiro de Geografiae Estatística indicam diferenças quanto à remuneração e ao acesso ao ensino superior de homens e mulheres. A partir dos dados, observa-se a permanência da seguinte prática: (A) exclusão política (B) discriminação racial (C) homogeneização cultural (D) hierarquização econômica Comentários Os gráficos permitem notar que a condição dos negros aparece em desvantagem em relação aos brancos, fruto do racismo estrutural da sociedade brasileira. Por isso, é possível observar a permanência da discriminação racial. a) errado, pois não há dados que apontem essa exclusão. c) falso, pois os gráficos não abordam a questão da cultura. d) pode até confundir, em função dos dados de diferenças salarias, mas, atenção, é preciso “fechar” a análise a partir do conjunto dos gráficos. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 135 AULA 02 - Sociologia Gabarito: B (UERJ 2013) A extração de recursos naturais da Floresta Amazônica, como o látex, ainda hoje se insere em um contexto de problemas sociais, relacionados principalmente ao seguinte fator: (A) escassez de mão de obra qualificada (B) precariedade das condições de trabalho (C) insuficiência dos sistemas de transporte (D) insalubridade da infraestrutura habitacional Comentários Se os trabalhadores que se deslocaram para trabalhar na extração da borracha reivindicam uma pensão do Estado nos dias atuais, é porque falta emprego e renda no local que, anteriormente, tinha certa atividade econômica. a) errado, pois a extração do látex diminuiu a ponto de não ser demanda mão de obra para aquela região. Além disso, o seringueiro não necessita de qualificação profissional para realizar sua atividade. b) correto, é possível dizer que a realidade das relações de trabalho na região do Eldorado se tornou precária, pois não há emprego e renda na região. c) falso, pois os problemas de trabalho são os que se sobressaem e não os de transporte. Claro, a falta de logística pode puxar a falta de trabalho, pois não há diversificação econômica. Mas, em uma hierarquia, e considerando o texto do enunciado, a alternativa b) está mais adequada. d) errado, pois o problema da moradia não é abordado no texto do enunciado. Gabarito: B (UERJ 2010) Veja bem, este país, em seus dias de glória, parecia até um zoológico. Um zoológico limpinho e bem arrumado. Todos tinham o seu lugar e viviam felizes. Quem era chamado de halwai fazia doces. Quem era chamado de criador de gado criava gado. Os intocáveis limpavam latrina. Até que, em 1947, quando os britânicos foram embora, todas as jaulas foram abertas. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 136 AULA 02 - Sociologia Aí a lei da selva substituiu a lei do zoológico. Os mais ferozes devoraram os demais e ficaram barrigudos. Resumindo: antigamente havia mil castas e destinos na Índia. Hoje só há duas castas: a dos homens barrigudos e a dos homens sem barriga. ARAVIND ADIGA. Adaptado de O tigre branco. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008. O fragmento de texto acima faz referência a uma das transformações ocorridas na Índia, a partir de 1947. Essa transformação explicita a relação entre as seguintes características na sociedade indiana: (A) diversidade de etnias – liberdade de expressão (B) divisão do trabalho – hierarquização dos grupos (C) centralização do Estado – eliminação da censura (D) racionalização da produção – preservação das tradições Comentários A Índia é um país que possuiu estratificação social baseada em castas. Contudo, as recentes alterações na sociedade, após a luta pela independência, por um lado colaram o elemento da divisão do trabalho como variante para acentuar a divisão social, por outro, reforçaram a hierarquização social em castas. Mas, atenção, o texto do enunciado sugere que houve a aprofundamento da divisão em razão de móvitos socioeconômicos (barrigas cheias e barrigas vazias). Por isso, o gabarito é a alternativa b). Gabarito: B (UNESPAR 2018) O trabalho é universal nas sociedades humanas e está ligado à necessidade de recursos materiais para a sobrevivência. Após a Revolução Industrial e Revolução Francesa, com o advento do trabalho operário e a ampliação das indústrias, ocorreu uma migração das populações rurais para as cidades. Atualmente a maior parte da população mundial vive nas cidades. Essa mudança no panorama de distribuição da população se deu por conta da: a) Maior taxa de natalidade nos meios urbanos; b) Busca por oportunidades de trabalho; c) Diminuição da produção de alimentos na zona rural; d) Mecanização da produção agrícola; e) Abandono das propriedades rurais por parte dos agricultores. Comentários a) errado, pois não é um elemento que influencia processos migratórios em massa. b) correto, condiz com o argumento do texto do enunciado, isto é, a centralidade do trabalho para a humanidade. Profe Alê Lopes Estratégia Vestibulares – Aula 02 137 AULA 02 - Sociologia c) errado, pois os alimentos sempre foram produzidos, seja com força de trabalho seja com maquinário. d) a mecanização até gera impacto no sentido do desemprego no campo, porém, o texto nos localizada historicamente de modo a uma compreensão geral. A mecanização do campo em grande escala é um fenômeno do século XX. e) errado, pois os agricultores não abandonaram suas terras, mas o processo de concentração de terras os obrigou a buscar novas formas de sobrevivência. Gabarito: B CONSIDERAÇÕES FINAIS DAS AULA Queridos, minha mãe me falava umas coisas que eu carrego para minha vida. Às vezes compartilho. Uma delas era: Ninguém pode atrasar o que veio para vencer!!! Nem sei de onde ela tirou isso, mas eu carreguei comigo como amuleto. Nos dizeres do sociólogo Anthony Giddens, isso seria uma “sociologia prática”, isto é, um conhecimento que quaisquer pessoas utilizam diariamente e não pressupõe regras formas de entendimento. Compartilho com vocês, pois tenho certeza de que nesse momento vocês estão dando o seu melhor! E não esquece: cada dia, cada hora, cada minuto que você se envolve com a tarefa de adquirir mais conhecimento, gravar mais uma informação, colar mais um post it é uma riqueza infinita. Ninguém tira de você aquilo que está acumulado: o seu capital cultural. S2 Utilize o Fórum de Dúvidas. Eu responderei suas perguntas rapidamente. E não se esqueça de que não existe dúvida boba. Quanto mais você pergunta, mais conversamos e mais você sintetiza o conteúdo, certo! Também me procure nas redes sociais. Lá tem dicas preciosas para te ajudar na sua preparação. Um grande abraço estratégico, Alê