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Universidade Federal do Piauí Centro de Tecnologia Curso de Engenharia Elétrica ������������� ��� ���� Prof. Marcos Zurita zurita@ufpi.edu.br www.ufpi.br/zurita Teresina - 2012 O Diodo Semicondutor - Parte I - 2 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � 1. Introdução � 2. A Junção pn � 3. Polarização do Diodo � 4. Região Zener � 5. Silício vs Germânio � 6. Efeitos da Temperatura � 7. Capacitância de Transição e de Difusão � Bibliografia 3 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita 1. Introdução 4 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Diodo: é um componente capaz de conduzir corrente unicamente em um sentido. ID = 0 POLARIZAÇÃO REVERSA ID > 0 POLARIZAÇÃO DIRETA 5 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita Características de um Diodo Ideal � Quando polarizado diretamente conduz corrente sem perdas (não há queda de tensão no componente); � Quando polarizado reversamente comporta-se como uma chave aberta (σ = 0); � Não possui limitações de tensão ou corrente de operação; � Seu comportamento não sofre influência de variáveis externas, tais como a temperatura, luz, etc. 6 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita O diodo semicondutor em diferentes encapsulamentos 7 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita 2. A Junção pn 8 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Diodo semicondutor: componente formado por um SC tipo p unido a um SC tipo n e seus respectivos terminais: � Anodo (A): conectado ao SC tipo p. � Catodo (K): conectado ao SC tipo n. � Símbolo p n KA KA 9 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita SCs Tipo p e n Isolados: � Existem elétrons livres no tipo n e lacunas no tipo p. � Ambos os SC conservam-se eletricamente neutros pois as cargas de seus portadores são anuladas por seus respectivos átomos pais, cuja a carga é oposta. (Eq. 2.1)p p n p�pn nn�n i 2 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - tipo p + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + tipo n lacunas elétrons-livres + doadores imóveis aceitadores imóveis- 10 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita SCs Tipo p e n Reunidos: A Junção pn � Ao se formar a junção pn o material deixa de ser eletricamente neutro ao longo de toda sua extensão. � De um lado da junção (x < 0) há uma alta concentração de lacunas enquanto do outro lado (x > 0) esta concentração é extremamente baixa. tipo p tipo n x0 pp >> pn np << nn 11 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Esta assimetria na concentração de portadores gera uma difusão das lacunas através da junção. � Ao difundirem da região p para a região n as lacunas deixam para trás seus átomos “pais” (aceitadores) eletricamente desequilibrados, ou seja, carregados negativamente (íons negativos). - - - - - - tipo p + + + + + + tipo n lacunas elétrons-livres + doadores imóveis aceitadores imóveis- + + - - 12 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � A mesma análise pode ser feita para o lado n da junção (x > 0) que possuí uma elevada concentração de elétrons-livres em relação ao lado p (x < 0). tipo p tipo n x0 difusão das lacunas corrente de difusão das lacunas (Jp dif) pp >> pn difusão dos elétrons corrente de difusão dos elétrons (Jn dif) np << nn - + - + - + - + - + - + 13 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Tão logo cargas positivas e negativas (íons) são geradas nas proximidades da junção, surge um campo elétrico , denominado campo de barreira (E0). � O campo de barreira, por sua vez, irá gerar a deriva de de lacunas e elétrons- livres no sentido oposto ao da difusão. tipo p tipo n x0 deriva das lacunas corrente de deriva das lacunas (Jp der) pp >> pn deriva dos elétrons corrente de deriva dos elétrons (Jn der) np << nn - + - + - + - + - + - + E campo elétrico gerado 14 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � O equilíbrio entre os processos de difusão e deriva será alcançado quando as correntes de difusão (Jdif) e de deriva (Jder) estiverem perfeitamente balanceadas para cada tipo de portador, isto é: � Deve-se notar que na junção pn o processo de difusão é gerado pelos portadores majoritários das regiões p e n, enquanto o de deriva é gerado pelos portadores minoritários. (Eq. 2.3)J h dif �J h der�0 (Eq. 2.2)J n dif �J n der�0 15 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita Região de Depleção � Uma vez atingido o equilíbrio, uma região de carga Qp, povoada por íons negativos e carente de lacunas terá ser formado na região p próxima à junção (-xp0 < x < 0). � Da mesma forma, uma região de carga Qn, povoada por íons positivos e carente de elétrons- livres terá se formado na região n próxima à junção (0 < x < xn0 ). (A = área da seção transversal da junção) (Eq. 2.5)Qn��qN D xn0 A (Eq. 2.4)Q p��qN A x p0 A - - tipo p + + tipo n - - + + - - + + - - + + - - + + - - + + x 0 xn0-xp0 xxn0 -xp0 -qNAA +qNDA Q(x) 16 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Ao conjunto formado por essas duas regiões de cargas denomina-se região de cargas espacial ou região de depleção. � Região de Depleção: é a região próxima à junção caracterizada pela carência de portadores e pela presença de íons positivos e negativos. - - - - - - - - - - - - - - tipo p + + + + + + + + + + + + + + tipo n lacunas elétrons-livres + doadores imóveis aceitadores imóveis- - - + + - - + + - - + + - - + + - - + + + + + + - - - - Região de depleção 17 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita Tensão de Barreira � A existência de um campo elétrico (E0) na região de depleção gera também um potencial elétrico chamado tensão de barreira (V0). � Sob condições de equilíbrio e na ausência de campos externos, a tensão de barreira é dada por: ou seja: (Eq. 2.7)V 0�V T ln N D N A ni 2 (Eq. 2.6)V 0� kT q ln nn p p ni 2 18 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita Largura da Região de Depleção � A largura da região de depleção (W0) é dada pela soma das regiões de carga positiva (xn0) e negativa (xp0): (Eq. 2.8)W 0�xn0�x p0 - - tipo p + + tipo n - - + + - - + + - - + + - - + + - - + + x0 xn0-xp0 Região de depleção W0 19 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Naturalmente, em estado de equilíbrio as cargas positivas e negativas da região de depleção devem ser simétricas, isto é: logo: � As extensões das regiões de cargas em cada lado da junção podem ser obtidas a partir das Eqs. 2.8 e 2.10, isto é: (Eq. 2.10)N A x p0�N D xn0 (Eq. 2.12)xn0� N A N A�N D W 0 (Eq. 2.11)x p0� N D N A�N D W 0 (Eq. 2.9)Q p�Qn�0 20 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � A largura da região de depleção pode ser expressa também em função da tensão de barreira, que possui a vantagem de ser um parâmetro facilmente mensurável: � Aplicando a Eq. 2.13 às Eqs. 2.11 e 2.12 temos: Onde: � = constante dielétrica do semicondutor (Eq. 2.13)W 0�� 2�q �N A�N DN A N D �V 0 (Eq. 2.14)x p0�� 2�q � N DN A�N A�N D��V 0 (Eq. 2.15)xn0�� 2�q � N AN D �N A�N D��V 0 21 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Conforme a Eq. 2.10, nota-se que não é necessário que hajam as mesmas concentrações de portadores de cada lado da junção para que haja equilíbrio de cargas. � Se a concentração de portadores de um lado da junção for maior do que a do outro, a região de deple- ção se estenderá mais no lado de menor concentração. � W0 é tipicamente duas a três ordens de grandeza menor do que as regiões tipo p ou n de um diodo (normalmente alguns nm). - - p + + n - - + + - - + + - - + + - - + + - - + + W0 NA > ND - - p + + n - - + + - - + + - - + + - - + + - - + + W0 NA < ND 22 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita 3. Polarização do Diodo 23 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Apesar de haver uma polarização interna à junção pn, em condições de equilíbrio não há fluxo de cargas em qualquer sentidodo diodo. � Entretanto, a maior parte das propriedades e aplicações práticas do diodo é observada fora das condições de equilíbrio, tal como sob a aplicação de uma tensão externa. � A existência de uma polarização interna de cargas na região de depleção, bem como a natureza assimétrica da junção pn, tornam seu comportamento distinto para as duas possíveis polaridades de operação. p n p n 24 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita Polarização Reversa � Terminal “+” conectado ao lado n; terminal “-” ao lado p. � Os elétrons-livres do lado n serão atraídos para o potencial positivo da tensão aplicada. � Analogamente, as lacunas do lado p serão atraídas para o potencial negativo da tensão aplicada. � A deriva desses portadores em sentidos opostos tem por efeito o aumento da largura da região de depleção (W > W0). p n W - - + - - + - - + - - + - - + - - + - - - - - - + + + + + + + + + + + + - - - - - - - - - - - - + + + + + + + + + + + + Is Is Is fluxo de portadores minoritários VD 25 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Mesmo polarizado reversamente, alguns portadores minoritários de cada lado da junção ainda conseguem atravessar a região de depleção e conduzir corrente (corrente de saturação reversa). � Corrente de Saturação Reversa (Is): é a corrente que atravessa a junção pn quando polarizada reversamente. � A corrente de saturação reversa possui um valor extremamente baixo, tipicamente inferior a 1 µA. 26 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita Polarização Direta � Terminal “+” conectado ao lado p; terminal “-” ao lado n. � Os elétrons livres do lado n serão repelidos pelo potencial “-” da tensão aplicada e ao mesmo tempo atraídos pelo potencial “+” aplicado no lado oposto. � Um comportamento similar ocorre com as lacunas do lado p. � O fluxo forçará os porta- dores a se recombinarem com os íons da região de depleção, reduzindo sua largura (W < W0). W - + - + - + - + - + - + - - - - - - - - - - - - + + + + + + + + + + + + - - - - + + + + ID ID p n VD 27 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � A redução da região de depleção reduz igualmente a tensão de barreira, aumentando assim a corrente de difusão � mais elétrons do lado n alcançarão o lado p e mais lacunas do lado p alcançarão o lado n. � No entanto, as lacunas originários da região p ao alcan- çarem a região n tornam-se portadores minoritários; � Esses portadores minoritários na região n injetados pela região p, juntamente com os portadores minoritários nativos da própria região n darão origem a condução de corrente do lado n da junção. � A mesma análise pode ser feita para os elétrons do lado n injetados no lado p. 28 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Ao alcançarem a região n as lacunas oriundas da região p encontram uma grande concentração de elétrons. � Consequentemente, muitas dessas lacunas injetados se recombinarão com os elétrons antes de chegarem ao final da região n, fazendo com que haja um decaimento na sua densidade conforme a eq.: � Reciprocamente, para os elétrons injetados na região p temos: (Ln, Lp = largura de difusão característica) (Eq. 2.17)n p� x��np �0�e � x Ln (Eq. 2.16)pn� x�� pn�0�e � x Lp pn(0) 0 x pn (x) 29 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Considerando uma junção pn cuja região p é mais fortemente dopada que a região n (NA > ND), as densidades de portadores minoritários próximos a região de depleção pode ser esboçada como: np(-xp) np0 pn0 pn(xn) xn-xp 0 x pn, np pn (x) np(x) concentração de equilíbrio térmico concentração em excesso região de depleção região p região n 30 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � A densidade de lacunas na borda da região de depleção do lado n (pn(xn)) depende da tensão aplicada (VD) e da concentração de portadores minoritários (pn0): � Reciprocamente, para os elétrons na região p temos: � Conhecendo-se a densidade inicial de lacunas (Eq. 2.18) e a equação que rege o seu decaimento com a distância (Eq. 2.16), é possível determinar a equação da densidade de lacunas ao longo da região n. (Eq. 2.18)pn� xn�� pn0e V D V T (Eq. 2.19)n p��x p��n p0e V D V T 31 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � No entanto, deve-se notar que uma parcela da densidade de lacunas não decai ao longo do lado n: trata-se dos portadores minoritários nativos da região (pn0), geradas termicamente em todo o cristal, logo: � Desta forma, a densidade de lacunas ao longo da região n é a soma entre as lacunas “nativas” (pn0) e as lacunas em excesso, injetadas pela região p, cujo decaimento é dado pela Eq. 2.16, logo: ou seja: (Eq. 2.21)pn� x�� pn0�pn�0�e ��x� x p� L p (Eq. 2.20)pn�0�� pn�xn��pn0 pn� x�� pn0�e V D V T�1�e��x� xp � Lp�pn0 (Eq. 2.22) 32 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Em ambas as regiões da junção, a corrente que percorre o diodo é conduzida pelos portadores minoritários por processo de difusão, conforme as Eqs 1.30 e 1.31. � Desta forma, o fluxo total de corrente através do diodo pode ser calculado pela soma entre as correntes de difusão das lacunas e dos elétrons nas bordas da região de depleção: ou seja: (Eq. 2.23)I D� I n dif � x��x p� I p dif �x� xn I D�q Dn A dndx �x��x p�q D p A dp dx �x�xn (Eq. 2.24) 33 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Sabendo que a largura da região de deplecão (W) é muito menor que a das regiões p ou n, é razoável assumir, para efeitos de calculo, que xp ≈ 0 e xn ≈ 0; � Diferenciando a Eq. 2.22 em relação a x e tomando o gradiente em x = 0 temos: � Aplicando a Eq. 2.25 em 2.24 temos que a corrente de difusão das lacunas na borda da região de depleção é: dpndx �x�0� �pn0 L p �eV D V T�1� (Eq. 2.25) I p dif �q A D p Lp pn0�e V D V T�1� (Eq. 2.26) 34 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Da mesma maneira, a corrente de difusão dos elétrons na região p é dada por: � Logo, a corrente total que flui através do diodo pode ser obtida aplicando as Eqs. 2.26 e 2.27 em 2.23: � Os termos independentes da tensão de polarização (VD) constituem a corrente de saturação reversa (IS): I n dif �q A D n Ln n p0�e V D V T �1� (Eq. 2.27) I D�q A D nLn n p0� D p L p pn0��eV D V T �1� (Eq. 2.28) I S�q A DnLn n p0� D p L p pn0� � q ni2 A D nLn N A � D p Lp N D � (Eq. 2.29) 35 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Finalmente, a corrente total que flui através do diodo pode ser expressa por: � A fim de considerar efeitos não-ideais existentes nos diodos reais, um parâmetro de correção (n) é acrescen- tado ao expoente da a Eq. 2.30: � Parâmetro de Correção (n): possui valor entre 1 e 2, dependendo da estrutura física e do material do diodo: � Diodos discretos com I “abaixo do joelho”: � Si: n = 2; • Ge: n = 1; � Diodos integrados ou com I “acima do joelho”: n = 1; I D�I S �e V D V T�1� (Eq. 2.30) I D�I S �e V D nV T�1� (Eq. 2.31) 36 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita Análise da Equação do Diodo � VD = 0: A Eq. 2.31 torna-se ID = IS(e 0 – 1) = 0 � sem polarização não há fluxo de corrente pelo diodo. � VD > 0: Reescrevendo a Eq. 2.31 temos: � Aumentando-se VD, o primeiro termo rapidamente torna- se muito maior que o segundo gerando ID ≅ IS.e VD/nVT. � VD < 0: o primeiro termo da Eq. 2.32 cai rapidamente com o aumento da tensão reversa, estabilizando o valor da corrente em ID = -IS. I D�I S �e V D nV T�1� I D�I S e V D nV T�I S (Eq. 2.32) 37 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita Curva Característica do Diodo Semicondutor 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 0,3 0,5 0,7 0,9 1,1 IS ≅ 0,1 µA Diodo comercial Diodo integrado 38 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita 4. Região Zener 39 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita Região Ruptura � Ao se elevar a tensão de polarização reversa até um valor suficientementealto (VZ) observa-se o súbito aumento da corrente através do diodo, ou seja, a condução no sentido reverso da polarização. � Potencial Zener (VZ): é o potencial de polarização reversa que provoca a condução do diodo. � Região de Ruptura ou Região Zener: é a região da curva do diodo a partir de VZ. 0 IS VZ Região Zener 40 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita As 3 Regiões da Curva Característica do Diodo � Região de polarização direta: VD > 0; � Região de polarização reversa: VD < 0; � Região de ruptura: VD < -VZ. 0 IS VZ Região de Polarização Reversa Região de Polarização Direta Região de Ruptura ou Região Zener 41 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita Mecanismos de Ruptura � Existem dois mecanismos possíveis de ruptura: � Efeito avalanche: VZ > 7V. � Efeito zener: VZ < 5V. � Junções cuja ruptura ocorre para 5V ≤ VZ ≤ 7V, o mecanismo pode ser por efeito avalanche, zener ou pelos dois ao mesmo tempo. 42 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Ruptura por Efeito Avalanche: � A energia cinética dos portadores minoritários (WK) é proporcional ao campo elétrico aplicado (E), pois: e logo: � Quando a energia cinética dos portadores minoritários que atravessam a junção atinge níveis elevados o bastante, eles tornam-se capazes de quebrar as ligações covalentes dos átomos com que colidem, liberando novos portadores. W K�½ m v 2 v�� E W K�½ m� 2 E 2 (Eq. 2.33) 43 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Se os portadores liberados por esse processo tiverem energia suficiente para repetir o processo, ocorrerá um efeito em avalanche, gerando um grande número de portadores, capazes de conduzir a corrente imposta pelo circuito externo. � Uma vez iniciado o efeito avalanche, a queda de tensão na junção praticamente não varia, permanecendo próximo de VZ. � Ruptura por Efeito Zener: ocorre quando o campo elétrico na região de depleção torna-se suficientemente elevado a ponto de desfazer uma ligação covalente da rede cristalina, dando origem a um par elétron-lacuna. 44 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Os elétrons gerados são então acelerados pelo campo elétrico através da região n e as lacunas através do lado p, formando uma corrente reversa através do diodo, cujo limite deve ser imposto pelo circuito externo. � A exemplo da ruptura por efeito avalanche, na ruptura por efeito zener a queda de tensão nos terminais do diodo também permanece próxima ao potencial de ruptura VZ. � A ruptura da junção pn, tanto por efeito avalanche quanto por efeito zener, não é um processo destrutivo, desde que a corrente reversa não ultrapasse o valor limite dado pela potência de dissipação máxima do diodo. 45 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Tensão de Pico Reversa (PRV – peak reverse voltage) ou Tensão de Pico Inversa (PIV – peak inverse voltage): é máximo potencial que pode ser aplicado ao diodo sem que ele entre na região zener. � Circuitos que envolvem tensões reversas de trabalho superior à PIV de um dado diodo podem ser solucionados pela simples associação de dois ou mais diodos em série, com a penalidade de ter a quenda de tensão na condução direta multiplicada pelo número de diodos em série. 46 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita 5. Silício vs Germânio 47 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Diodos do Silício � PIVmax: ~1000 V � Tmax: ~200 °C � Vt: ~0,7 V � IS: ~10 nA � Diodos de Germânio � PIVmax: ~400V � Tmax: ~100 °C � Vt: ~0,3V � IS: ~1 µA 48 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita Comparação Entre os Diodos de Si e Ge 49 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita 6. Efeitos da Temperatura 50 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � A temperatura tem efeitos diretos sobre as características do diodo: I D�I S �e V D nV T�1� I S�q A DnLn n p0� D p L p pn0� Dependência térmica! 51 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Aumentando-se a temperatura temos: � A corrente de saturação reversa (IS) tem seu valor praticamente dobrado a cada 10 °C; � A tensão de limiar (Vt) tem seu valor reduzido; � A potência máxima de dissipação é reduzida; � As correntes máximas de trabalho tem seus valores reduzidos; � A tensão de ruptura (VZ) tem seu valor aumentado; � Nos diodos de germânio esses efeitos são mais significativos do que nos de silício à mesma temperatura. � Esses efeitos são geralmente indesejados mas podem ser utilizados para medir a temperatura. 52 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita Efeito da Temperatura Sobre o Diodo 53 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita 7. Capacitância de Transição e de Difusão 54 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita Capacitância de Difusão � Em uma junção pn polarizada diretamente, para uma dada tensão de polarização VD1 existe uma certa quantidade de carga correspondente armazenada nas regiões p e n, sob a forma de portadores minoritários em excesso. np(-xp) np0 pn0 pn(xn) xn-xp 0 x pn, np pn (x) np(x) concentração de equilíbrio térmico concentração em excesso região de depleção região p região n W ID ID p n VD - + - + - + - + - + - + Portadores minoritários em excesso 55 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Se a tensão de polarização mudar para um valor VD2, a carga armazenada também terá de mudar antes de atingir um novo estado estável correspondente à VD2. � Naturalmente, essa reacomodação de cargas requer um certo tempo para ocorrer, o que depende diretamente da mobilidade dos portadores. � O acúmulo e comportamento dessas cargas devido ao processo de difusão corresponde à um efeito capacitivo na junção denominado Capacitância de Difusão. 56 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � O excesso de cargas devido às lacunas armazenadas na região n é dado por: � Aplicando a Eq. 2.20 temos: (SP = área sob a curva pn(x) e acima do limiar pn0) � Aplicando as Eq. 2.18 e 2.26 à Eq. 2.35, temos: np(-xp) np0 pn0 pn(xn) xn-xp 0 x pn, np pn (x) np(x) SP região de depleção região p região n SN Q p�qA S P (Eq. 2.34) Q p�qA pn �xn��pn0 � LP (Eq. 2.35) Q p� Lp 2 D p I p dif (Eq. 2.36) 57 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Sabendo-se que o comprimento de difusão característico das lacunas na região n é dado pela relação onde τp é o tempo médio que uma lacuna injetada na região n leva para se recombinar com um elétron, é possível reescrever a Eq. 2.36 como: � Reciprocamente, a carga de elétrons armazenada na região p é dada por: L p��D p p (Eq. 2.37) Q p� p I p dif (Eq. 2.38) Q n� n I n dif (Eq. 2.39) 58 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Dessa forma, a carga total de portadores minoritários em excesso pode ser determinada pela soma entre Qp e Qn: � A Eq. 2.40 também pode ser expressa em função da corrente do diodo (ID) como sendo: Onde τT é o tempo médio de trânsito do diodo, diretamente relacionado a τp e τn. � Em junções onde NA >> ND, temos que Ip dif >> In dif, logo τT ≅ τp. Q� p I p dif � n I n dif (Eq. 2.40) Q� T I D (Eq. 2.41) 59 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Para pequenas variações da tensão de polarização em torno de um dado valor, é possível assumir uma variação linear da corrente do diodo. Neste caso, pode- se definir a Capacitância de Difusão como: � Finalmente, aplicando o diferencial da Eq. 2.42 obtemos: Cd � dQ dV D (Eq. 2.42) Cd � T V T I D (Eq. 2.43) 60 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita Capacitância de Transição (Cap. De Depleção) � As cargas imóveis armazenadas na região de depleção comportam-se tais como as de um capacitor. � Conforme a tensão de polarização reversa varia, as cargas armazenadas nessa região também variam. � Conforme a Eq. 2.5, a carga armazenada na região n é dada por: � Aplicando a Eq. 2.10 temos: VQ Ponto de polarização 0 Tensão Reversa, -VD C a rg a a rm a ze n a d a n a reg iã o d e d e p le çã o Q Inclinação = Cj Qn��qN D xn0 A Qn�q N A N D N A�N D AW (Eq. 2.44) 61 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � A largura da região de depleção sob a influência de um campo externo imposto pela tensão de polarização reversa do diodo (VD) pode ser determinada a partir da Eq. 2.13 como: � Aplicando a Eq. 2.45 em 2.46 e assumindo pequenas variações da tensão de polarização, pode-se assumir uma variação linear dessas cargas. Neste caso, pode-se definir a Capacitância de Transição como sendo: (Eq. 2.45)W �� 2�q �N A�N DN A N D ��V 0�V D� CT� dQndV D �V D�V Q (Eq. 2.46) 62 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Determinado a derivada da Eq. 2.46 e considerando um capacitor de placas paralelas temos: � Aplicando a Eq. 2.45 temos: onde Cj0 é a capacitância de transição correspondente à VD = 0, podendo ser determinada por: CT� �s A W (Eq. 2.46) (Eq. 2.47)CT� C j0 �1�V D V 0 (Eq. 2.48)C j0�A�q� s2 � N A N DN A�N D � 1V 0 63 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Finalmente, generalizando a Eq. 2.47 para considerar também o caso de junções não-abruptas, temos: onde o expoente m é denominado coeficiente de graduação da junção. � Coeficiente de Graduação da Junção (m): seu valor varia de 1/3 a 1/2, dependendo da maneira com a qual a concentração de portadores varia da região n para a p. � Embora ambas as capacitâncias estejam sempre presentes, a de transição (CT) é mais significativa na polarização reversa, enquanto que a de difusão (CD) é mais significativa na polarização direta. (Eq. 2.49)CT� C j0 �1�V D V 0 � m 64 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita Capacitâncias de Transição e Difusão em Função da Polarização Aplicada 65 Dispositivos Eletrônicos – Prof. Marcos Zurita � Adel S. Sedra, Kenneth C. Smith, “Microeletrônica”, 4ª Edição, Makron Books, 1999. � Behzad Razavi, “Fundamentos de Microeletrônica”, 1º Edição, LTC, 2010. � Robert L. Boylestad, Louis Nashelsky, “Dispositivos Eletrônicos e Teoria de Circuitos”, 8º Edição, Prentice Hall, 2004. � David Comer, Donald Comer, “Fundamentos de Projeto de Circuitos Eletrônicos”, LTC, 2005. � Simon M. Sze, “Physics of Semiconductor Devices”, 2ª ed., John Wiley & Sons, 1981. � C. Kittel, “Introduction to Solid State Physics”, 7ª ed., John Wiley & Sons, 1996.
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