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PRÁTICA DE ENSINO: IDENTIDADE DOCENTE E SEUS DESAFIOS APRESENTAÇÃO Professora Daislene Rodrighero de Carvalho ➢ · Licenciatura Plena em Pedagogia (UNIESP-BIRIGUI/SP.). ➢ . Especialista em Tecnologias Aplicadas à Ead (UniFCV). ➢ · Especialista em Psicopedagogia Institucional (UniCESUMAR). ➢ · Especialista em EAD e as Novas Tecnologias (UniCESUMAR). ➢ · Especializanda em Gestão Educacional (UniCESUMAR) ➢ · Tutor Educacional (UniFCV). ➢ · Link do Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/7121786122659913 Ampla experiência na modalidade de ensino a distância (Ead), voltadas para a área da Educação (licenciaturas e áreas afins). Atualmente atuo nessa modalidade no Centro Universitário Cidade Verde (UniFCV), sendo com embasamento na Tutoria Educacional e, por fim, atuo como professora conteudista. APRESENTAÇÃO DA APOSTILA Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho, junto com você, construir nosso conhecimento sobre a prática de ensino: identidade docente. Vamos descobrir a identidade docente, sobre seus reais valores, pensamentos e pensadores, assim como auxiliá-lo nos desafios que a formação implica para a sua profissionalização. Na unidade I abordaremos a temática sobre a construção da Identidade Docente, entre a teoria e a prática, como o papel social do professor, sua identidade, os aspectos do saberes da docência e a práxis pedagógica. Já na unidade II, vamos abordar sobre a formação de professores como um projeto político, contextualizando, assim, a importância da formação inicial e continuada, a importância do projeto político pedagógico frente à formação e atuação do professor. Depois, na unidade III, vamos tratar da contribuição da pedagogia de Paulo Freire para a formação do docente: agente que aprende e ensina. E, por fim, na unidade IV vamos abordar sobre os desafios da docência para o uso das tecnologias digitais, dentre o papel da formação do docente para o uso das tecnologias, apontando, assim, sobre tecnologias digitais e seus diferentes usos. Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigada e bom estudo! UNIDADE I A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE – ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA Professor Especialista Daislene Rodrighero de Carvalho Plano de Estudo: ● O papel social do professor; ● A identidade do professor; ● Os saberes da docência; ● A práxis pedagógica. Objetivos de Aprendizagem: Proporcionar aos alunos e alunas uma reflexão sobre a importância da identidade docente que o/a auxilie no entendimento dos desafios que a formação implica para a sua profissionalização. INTRODUÇÃO Olá, caro (a) aluno (a), é com muita alegria que irei conduzi-lo pelo caminho do conhecimento, iremos refletir sobre assuntos muito importantes para sua formação profissional e, no final da unidade, deixarei algumas sugestões de filmes e livros. Espero que goste! O tema da nossa unidade é: O papel social do professor- entre a teoria e a prática, como o nome da unidade já sugere, estudaremos sobre vários aspectos teóricos e práticos que fazem parte do trabalho docente. Você refletirá sobre o quanto nossa profissão é importante para a mudança de vida das pessoas e perceberá que temos um grande poder em nossas mãos, mas para fazer isso será necessário possuir alguns saberes específicos e eu irei ajudá-lo a percebê-los, distingui-los e compreendê-los. Aprenderemos também sobre a identidade docente e sobre quais são os aspectos que contribuem para que ela seja formada e, para finalizar, ver sobre a práxis pedagógica, que é uma ação docente reflexiva e que visa transformar a realidade. Bons estudos! 1 O PAPEL SOCIAL DO PROFESSOR https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/black-teacher-protective-face-mask-teaching- 1798363267 Vamos começar essa unidade refletindo um pouco sobre nossa sociedade e as mudanças que têm e estão ocorrendo com o passar dos anos. Segundo o dicionário Michaelis (2021), dentre outras definições, alguns dos significados da palavra mudança são: 1 Ação ou efeito de mudar; muda, mudamento. [...] 6 Modificação ou alteração de sentimentos, ideias ou atitudes.[...]. Utilizaremos essas duas definições citadas, pois estão mais próximas do nosso campo de estudo e reflexão. A outra palavra que iremos pensar no significado é sociedade: [...] 2 SOCIOL Agrupamento de pessoas que vivem em um território comum, interagindo entre si, seguindo determinadas normas de convivência e unidas pelo sentimento de grupo social; coletividade. [...] 4 Ambiente humano ao qual o indivíduo se encontra integrado. [...].6 Relacionamento entre indivíduos que vivem em comunidade ou em grupo; convivência (MICHAELIS, 2021). Sendo assim, mudança social é um fenômeno relacionado a uma mudança de ideias, pensamentos, atitudes, hábitos e costumes que são inseridos ou deixam de fazer parte com o passar do tempo, de um determinado grupo social que convive no mesmo espaço, seguindo normas comuns a todos, e é ela que movimenta o desenvolvimento das sociedades. Seus impactos podem durar por gerações ou serem vistos apenas num futuro longínquo; alguns exemplos que possibilitam o acontecimento dessas mudanças são as https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/black-teacher-protective-face-mask-teaching-1798363267 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/black-teacher-protective-face-mask-teaching-1798363267 guerras e revoluções, desenvolvimento das tecnologias, crescimento populacional, desastres naturais, econômicos, geográficos, culturais, religiosos e movimentos sociais como: o movimento feminista, estudantil, negro, trabalhista, ambientalista, LGBTQIA+ (sigla que significa: Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros, Queer, Intersexo, Assexual e mais), entre outros. Todos esses movimentos são formados por um grupo de indivíduos que defendem uma causa, pode ser para buscar a transformação de algo dentro da sociedade sejam elas mudança de valores, pensamento, atitudes e luta por direitos para que nossa sociedade seja mais justa, igualitária e democrática. Veja algumas imagens ilustrativas relacionadas a alguns dos movimentos citados: Figura 1 - Goiânia, Goiás, Brasil - 30 De Maio De 2019: Pessoas Segurando Cartaz Na Demonstração. Foto tirada Durante Manifestação a favor da Educação Ocorrida em Goiânia v ID da foto stock livre de direitos: 1965705043 Figura 2 - Goiânia, Goiás / Brasil - 24 de agosto de 2019: Multidão segura cartazes escritos em português em protesto pela proteção da floresta amazônica https://www.shutterstock.com/pt/photos ID da foto stock livre de direitos: 1486957508 Figura 3 - São Paulo, SP, Brasil - 03 de junho de 2018: Pessoas na Parada do Orgulho LGBT na Avenida Paulista em São Paulo em um dia ensolarado ID da foto stock livre de direitos: 182763742 Além de todas as mudanças e transformações que ocorrem pelos diversos motivos citados acima, a troca de informações hoje ocorre em tempo real, as tecnologias e seus avanços mudaram totalmente a maneira das pessoas pensarem e se relacionarem, temos mudanças profundas de valores e atitudes, o que era considerado politicamente correto no passado, hoje não é mais, tudo é questionado a todo momento, https://www.shutterstock.com/pt/photos https://www.shutterstock.com/pt/photos temos novos pontos de vista e maneiras de se relacionar e viver; com isso a sociedade moderniza-see desenvolve-se, questionando maneiras de pensar que excluem esse ou aquele determinado grupo. Com essas transformações os alunos também mudam, os de antigamente não são os mesmos de hoje, nem serão os de amanhã, Tardif diz que os jovens de hoje percebem que “se aprende na escola, sim, mas também se aprende muito fora dela” (TARDIF, 2011, p. 143). Cabe ao professor ser flexível, estar atento a essas transformações, compreendê-las sem pré-julgamentos e incluí-las no dia-dia da sala de aula, trazendo assuntos atuais para debates, temas da realidade próxima de onde seus alunos vivem e também ouvir seus anseios e dificuldades, a fim de discutir e mostrar diferentes pontos de vista que leve o discente a ascender na sociedade, compreendendo que deve lutar pelos seus direitos, a fim de ocorrer uma transformação social para termos uma sociedade mais justa e igualitária. Segundo Freire (2000, p. 67) “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Podemos perceber com essa citação de Freire, como a educação tem um papel central na mudança da sociedade, na mudança de pensamentos, fazendo com que os discentes saiam do pensamento de senso comum, em que o que é levado em consideração são os saberes informais do cotidiano como: crenças, hábitos, preconceitos e tradições passados de geração em geração, a fim de que consigam ter um pensamento crítico, ou seja, em que a pessoa tem a capacidade de avaliar, discernir e refletir sobre as situações sem aceitar o que lhe é imposto. Reflitamos agora com esta citação de Gadotti (2003) , dizendo que a sociedade muda através do professor e não, apesar da existência dele, pois é uma classe insubstituível e de valor inestimável para o desenvolvimento dela. Assim se pode imaginar um futuro para a humanidade sem professores. Eles não só transformam a informação em conhecimento e em consciência crítica, mas também formam pessoas. Eles fazem fluir o saber, porque constroem sentido para a vida das pessoas, da humanidade e buscam, numa visão emancipadora, um mundo mais justo, mais produtivo e mais saudável para todos. Por isso eles são imprescindíveis (GADOTTI, 2003, p. 20). Dessa forma, percebemos a poderosa arma que o docente tem em mãos, ser professor hoje é diferente, não é nem mais fácil, nem mais difícil do que antigamente, pois é necessário ir moldando-se e reconstruindo-se, numa ação/reflexão constante sobre a prática, incluir novas tecnologias, novos métodos de ensino e ter uma boa relação professor-aluno também é imprescindível com respeito e diálogo. Para que isso aconteça, é necessário que o professor participe continuamente de atividades de formação continuada, em que em paralelo com as funções de docente também se coloca em lugar de discente, porque conhecimento não é estático, sendo assim professor é um ser que está sempre em transformação e, para tanto, é necessário garantir uma constante atualização teórica e prática e isso se refletirá na melhor formação dos alunos. Segundo Perrenoud (1993, p. 200): Atualizar-se, rever conceitos e (re) significar a prática pedagógica para poder responder às demandas sociais fazem parte das propostas de formação continuada. Porém, conhecer as novas teorias, estar ciente dos avanços na Ciência da Educação e poder discutir as tendências pedagógicas atuais, são conhecimentos que irão contribuir não somente na prática pedagógica em sala de aula do professor. Ou seja, professores precisam ser profissionais dinâmicos e críticos, precisam ter a consciência que sempre serão aprendentes de algum assunto e também compreender que não existe conhecimento absoluto, assim como não existe ignorância absoluta também, pois tudo está em constante transformação, já que todas as pessoas têm conhecimento sobre algum assunto e é ignorante sobre outro. Podemos ilustrar o trecho acima com esta afirmação de Paulo Freire: “Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso, aprendemos sempre” (FREIRE, 1989, p. 20) e assim conseguimos compreender a importância de não pensar no professor como figura superior ao seu aprendiz, pois experiências pessoais de vida e interesses diferentes fazem-nos crescer e saber mais ou menos sobre algum assunto que tenhamos interesse. Portanto, o professor precisa se colocar numa postura humilde, de um ser que está em aprendizado constante, e não num pedestal, onde sente ser o detentor de todo saber acumulado historicamente, colocando-se numa posição daquele que transmite conhecimento, mas tendo a postura de ser aquele que comunica saberes relativos a outros que também tem saberes relativos, guiando-os no caminho a ser traçado e conduzindo o discente a chegar as suas conclusões com independência, tornando-o sujeito ativo de sua aprendizagem, ocorrendo, assim, uma troca de informações em que um e outro são modificados constantemente. Vamos agora ler o que Freire (1996, p. 25-26) escreveu acerca desse assunto: Quem ensina aprende ao ensinar. E quem aprende ensina ao aprender” [...] Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa, e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar. Foi assim, socialmente aprendendo, que ao longo dos tempos mulheres e homens perceberam que era possível – depois, preciso – trabalhar maneiras, caminhos, métodos de ensinar. Segundo o autor quando eu ensino algo a alguém eu aprendo e quem está aprendendo também ensina algo a mim; assim não há maneira de sair de uma aula do mesmo jeito que entrou, pois nas relações aprendemos e somos transformados, basta que todos sejam escutados com respeito e tenha suas opiniões validadas, a fim de um diálogo que gere uma troca de informações, em que, ambas partes, evoluam em sua maneira de pensar. Também deixa bem claro que é preciso, segundo ele, "trabalhar maneiras, caminhos e métodos de ensinar”, falando, assim, sobre a importância de uma metodologia e didática adaptadas àquela realidade, a fim de alcançar o objetivo pretendido. De acordo com Cury (2003, p. 127): “a exposição interrogada gera a dúvida, a dúvida gera o estresse positivo, e este estresse abre as janelas da inteligência. Assim formamos pensadores, e não repetidores de informações”. Postura imprescindível para o ser humano no mundo de hoje, pois seres pensadores transformam sociedades, retomando aqui o conceito de sair do senso comum e chegar ao senso crítico. O professor precisa, então, fazer com que seus alunos enxerguem na educação uma ponte para ascender na sociedade, em que o ensino é utilizado como instrumento de luta, transformação social e mudança de vida, ou seja, deve ensinar o aluno a validar seu próprio ponto de vista, o que não significa ensinar soluções, mas, sim, colaborar para que o aluno construa conceitos e aplique-os nas situações do cotidiano, esse é papel social do professor, munir os alunos de instrumentos para libertação, fazendo-os vislumbrar e desejar novas formas de viver, almejando um futuro melhor de crescimento pessoal e profissional, mudando sua realidade. Charlot afirma isso quando diz que: “Ensinar é, ao mesmo tempo, mobilizar a atividade dos alunos para que construam saberes e transmitir-lhes um patrimônio de saberes sistematizados legados pelas gerações anteriores de seres humanos” (CHARLOT, 2008, p. 25). Percebemos, então, como o ofício de ser professor tem uma grande importância na sociedade e para finalizar deixe-os com essa frase de Malala Yousafzai, dita em seu discurso na ONU em 2013: “Que possamos pegar nossos livros e canetas. São as armas mais poderosas. Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo”. 2 A IDENTIDADE DO PROFESSOR https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/conference-discussion-talking-sharing-ideas- concept-380394427 Neste tópico, refletiremos sobre como formamos nossa identidadedocente percebendo-a como algo que não é fixo, mas mutável, porque é um processo de construção do sujeito, levando em consideração nossas experiências pessoais enquanto alunos, modelos de professores que tivemos enquanto aluno, comunidades de trabalho e as condições de trabalho ofertadas, interação com colegas de profissão, ideologias pessoais e reflexão constante da prática ajudam-nos a formar nossa identidade profissional docente, pois ela é formada tanto por experiências pessoais quanto pelo reconhecimento profissional em uma sociedade. Deixo-os primeiramente com esta citação de Paulo Freire: Ninguém começa a ser educador numa certa terça-feira às quatro da tarde. Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão sobre a prática (FREIRE, 1991, p. 58). Refletindo com as palavras lidas acima do educador Paulo Freire, podemos iniciar nossos estudos compreendendo que educador é um ser em constante transformação, que vai sendo moldado com experiências vividas na prática, numa constante ação/reflexão, a partir da significação social da profissão. Proença e Mello (2009, p. 58) https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/conference-discussion-talking-sharing-ideas-concept-380394427 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/conference-discussion-talking-sharing-ideas-concept-380394427 salientam que “o fato de passar por um curso de formação não faz com que alguém venha a ser professor” em consonância com o exposto acima, podemos compreender e concluir que nos tornamos professor ao longo de nossa experiência, e isso não acontece ao nos formarmos e receber um título. Ao formar-se como professor, podemos compreender que dedicamos um tempo, estudando em algum curso superior, conhecemos as teorias, as legislações, temos conhecimento sobre algum assunto específico e o queremos ensinar para alguém; já quando digo que me tornarei professor, precisamos ter a compreensão de que seremos um profissional em constante formação, pois a prática pedagógica forma-nos e transforma-nos a cada dia, porque torno-me cada vez melhor de acordo com as experiências que vou adquirindo, informações que troco com os colegas de profissão, exemplos que vejo e incluo em minha prática, formações que participo e reflito sobre a prática e na prática, enfim a identidade docente é formada a partir das muitas variáveis a que somos expostos e desenvolve-se tanto no individual quanto no coletivo. Garcia (2010, p. 18) afirma que nossa identidade profissional surge de um processo de construção e podemos confirmar no trecho abaixo: Não surge automaticamente como resultado da titulação, ao contrário, é preciso construí-la e modelá-la. E isso requer um processo individual e coletivo de natureza complexa e dinâmica, o que conduz à configuração de representações subjetivas acerca da profissão docente. O assunto identidade tem grande importância porque está diretamente relacionado à compreensão das pessoas e das suas relações com o mundo, Pimenta (1997) confirma que ela não é um dado imutável, mas um processo de construção do sujeito, ou seja, formamos nossa identidade porque existimos e interagimos com os outros em determinados contextos, só sou como sou devido a experiências que vivi. De acordo com Dubar (1998, p. 136), nossa identidade profissional é construída através das “reivindicações de pertença e de qualidades para e por si próprias”, o que permite que cada um de nós se conheça através das “histórias que cada um conta a si mesmo sobre o que é” e “ se encarna nas ‘figuras’, nos papéis, nos ofícios”. Ou seja, é necessário realmente incorporar a identidade do ser professor, é acreditar na importância de seu papel para a sociedade, crer que se pode fazer a diferença em determinada comunidade de trabalho e realmente “abraçar” tudo o que vêm junto com a carreira docente. De acordo com os autores Beijaard, Meijer e Verloop, as representações pessoais sobre o ser professor “determinam fortemente o modo como ensinam, a maneira como se desenvolvem enquanto professores e suas atitudes em relação às mudanças educacionais” (2004, p. 108). Ou seja, me modifico e fico melhor quanto mais reflito em minha prática e percebo que sou um bom professor, quando tenho segurança no que faço e acredito na metodologia de ensino que utilizo e ao surgimento de novos métodos e reformas na educação não me acanho, mas, sim, tento inseri-las no meu modo de trabalho sempre fazendo meu melhor. Segundo Pimenta (1996), a identidade docente é construída pelo significado que cada professor dá para sua profissão, sendo ator e autor, a partir de seu valores, sua história de vida, modo de situar-se no mundo, de seus saberes, anseios e angústias. Identidade docente evolui paulatinamente a partir de experiências pessoais e coletivas, quanto a tudo o que sou, a maneira em que vivo, meus valores e crenças pessoais sendo algo que se desenvolve durante a vida toda, não é algo fixo, mas mutável, a partir de experiências relacionais com outros docentes. Identidade pode ser compreendida respondendo à pergunta: Quem sou eu neste momento e quem eu quero ser? Podemos compreender, então, que se o docente não criar uma identificação com a docência, e se ao aprender a ser professor ele não alcançar o nível de reflexão necessária para a construção de sua identidade ela não ocorrerá. De acordo com Dubar “a aprendizagem experiencial permite por ela própria a implementação da reflexividade, isto é, a construção duma identidade reflexiva que devolve sentido a uma prática onde se tem sucesso” (DUBAR, 2006, p. 158). Reafirmando essa compreensão, André (2001, p. 66) afirma que: A importância de uma atitude reflexiva no trabalho docente é o domínio, pelo professor, de procedimentos de investigação científica como registro, sistematização de informações, análise e comparação de dados, levantamento de hipóteses e verificação, por meio dos quais poderá produzir e socializar o conhecimento pedagógico (ANDRÉ, 2001, p. 66). Nóvoa relata que a identidade não é um dado adquirido, uma propriedade ou um produto. Para o autor, “a identidade é um lugar de lutas e de conflitos, é um espaço de construção de maneiras de ser e de estar na profissão” (NÓVOA, 1992, p.16). Podemos concluir, então, que a maneira como desenvolvo minha relação com a docência recebe influência de tudo que tenho a minha volta, nossas interações sociais desde a infância, experiências vividas e com os modelos ideais que tivemos de professor. Assim, o professor só se torna professor quando está exercendo a prática docente em sala de aula que é onde podemos ampliar e realmente começar a construir nossa identidade profissional num processo contínuo. 3 OS SABERES DA DOCÊNCIA https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/group-happy-students-applauding-their-lecturer- 1937720896 Caro (a) aluno (a), para chegar ao curso superior você já teve aula com muitos professores, em vários níveis de ensino diferentes e é um costume de que observemos suas práticas e os rotulamos como: Ah! Esse sabe o conteúdo, mas não sabe ensinar, ou seja, não tem uma boa didática (só sabe para ele), esse não domina muito o conteúdo, fica perdido na explicação, não responde perguntas com propriedade, mas é tão compreensivo e humano que faz com que toda a sala torne-se amiga dele e releve, e tem sempre aquele que não gosta de um relacionamento pessoal mais próximo e está sempre com feição fechada e tem também aquele a quem aguardamos ansiosos pelo dia de sua aula, porque para você ele é o melhor professor do mundo. Com certeza ao ler esse parágrafo, você lembrou-se de alguns professores que passaram na sua vida, não é? Mas...E o que quero dizer com tudo isso? Quero que você reflita um pouco, porque você provavelmente já chegoua esse curso com uma ideia prévia de como deve ser, ou não, um bom professor e alguns deles inspiraram-lhe positiva ou negativamente também e você teve exemplos de como gostaria de ser um dia ou como não seria de jeito nenhum. Segundo Salgueiro (2001, p. 89) “torna-se necessário um grande esforço para construir a competência docente capaz de responder aos novos desafios”. Pois os novos https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/group-happy-students-applauding-their-lecturer-1937720896 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/group-happy-students-applauding-their-lecturer-1937720896 desafios da atualidade, fazem com que seja necessário aliar teoria e prática, organizar e diversificar os conteúdos, fazer adaptações de acordo com as necessidades da turma, compreender a realidade que cerca seus alunos, elogiar as conquistas, demonstrar carinho e atenção para que o ambiente seja agradável e exista respeito mútuo entre outras competências, já que “Educar é guiar os alunos em uma jornada interior em direção a um modo mais sincero de ver e estar no mundo” (PALMER, 2012, p. 22). Sendo assim, reflitamos agora sobre o termo docência segundo Tardif e Lessard: [...] como uma forma particular de trabalho sobre o humano, ou seja, uma atividade em que o trabalhador se dedica ao seu ‘objeto’ de trabalho, que é justamente um outro ser humano, no modo fundamental da interação humana (TARDIF e LESSARD, 2005, p. 8). Os saberes da docência são os saberes específicos que um professor precisa possuir sendo: um conjunto de habilidades, conhecimentos, competências e atitudes que o professor deve dominar para ser realmente um bom professor. Segundo Tardif (2011, p. 60), o saber engloba “[...] os conhecimentos, as competências, as habilidades (ou aptidões) e as atitudes dos docentes, ou seja, aquilo que foi muitas vezes chamado de saber, de saber-fazer e de saber ser”. Mas não basta só saber o conteúdo e não ter a didática necessária “saber, saber-fazer e saber-ser” conforme Tardif disse, para que os alunos se interessem pela matéria e aprendam, é necessário que o professor saiba fazer e saiba ser professor. Garcia (2010) afirma que o conceito de desenvolvimento profissional é um processo de longo prazo, vindo de oportunidades e experiências que produzem os métodos de aprender a ensinar. O professor é e será sempre um construtor desses saberes, pois a ação docente demanda ação e reflexão contínua, aliando teoria à prática, sendo, então, uma prática bastante reflexiva e não apenas uma aplicação de técnicas, pois o professor adquire experiências e competências na sala de aula. Severino e Pimenta (2009) delineiam três espécies de saberes da docência: 1. A experiência (como aluno e como professor); 2. O conhecimento específico (da disciplina a ser ensinada em suas relações com a contemporaneidade); 3. Os saberes pedagógicos aqueles (“ligados à explicitação do sentido da existência humana individual, com sensibilidade pessoal e social”) (SEVERINO e PIMENTA, 2009, p. 13). Observe a figura 1, nela podemos perceber que esses saberes não são saberes separados, um está intrinsecamente ligado ao outro, plurais e mesclados ao mesmo tempo. Figura 1 – Saberes da docência Fonte: Pimenta (2012). Percebemos mediante este conceito, que não basta que os futuros docentes saibam apenas o conteúdo, pois é indispensável saber também como o aluno aprende, como organizar situações de aprendizagens significativas, como avaliar o desenvolvimento, porque se deve ensinar esse ou aquele conteúdo e qual a sua relevância para a formação do aluno. Iniciaremos explanando sobre o saber da experiência como aluno e como professor, conforme foi citado acima, quem já ouviu a expressão que diz: Ensinar se aprende ensinando! Pense sobre isso e reflita com o que será explanado agora a partir da ideia de Dewey: “Não é suficiente insistir na necessidade da experiência, nem inclusive da atividade na experiência. Tudo depende da qualidade da experiência que se tenha” (DEWEY, 1938, p. 27). Ou seja, segundo o pensamento do autor a qualidade das experiências é mais importante do que a quantidade, e podem ser divididas em duas vertentes: o quanto agradável ela foi para o sujeito tanto como aluno, quanto para professor e quais efeitos que tais experiências trarão para mim, a fim de que possam ser refletidas e utilizadas em ações posteriores a ela. Também devemos levar em consideração o que aquela experiência fez ou faz com que eu refletisse e mudasse algo em minha prática docente? Tardif diz que esses saberes não provêm das instituições de formação nem dos currículos. [...] não se encontram sistematizados em doutrinas ou teorias” (2011, p. 48- 49). Assim,podemos entender que o professor tem duas funções: a de ser produtor e a de ser sujeito, construindo experiências que agregam para sua prática docente. Continuemos com o pensamento do referido autor dizendo que as experiências “[...] fornecem aos professores certezas relativas a seu contexto de trabalho na escola de modo a facilitar sua integração” (2011, p. 50). Sobre o conhecimento específico, Amaral (2005) explica que: O domínio de conteúdo pode ser compreendido como o saber que o professor tem sobre o objeto de estudo e que orienta na mediação do aprendizado de seu aluno. Nessa orientação o professor partiria do conhecimento prévio do aluno, de sua realidade, a fim de ampliá-lo. Assim o aluno é entendido como indivíduo capaz de construir seu conhecimento (AMARAL, 2005,p. 22). A sabedoria popular diz que para ensinar bem, basta conhecer bem a matéria, mas nós sabemos e estamos vendo que não é necessário apenas isso, pois temos outros conhecimentos tão importantes quanto esse como: conhecer o contexto dos alunos onde se ensina, compreender seu reconhecimento social perante determinada comunidade e também saber como se ensina, ou seja, qual a melhor metodologia a ser utilizada para que eu atinja os objetivos propostos. Magnusson, Krajcih e Borko (2003) dizem que o conhecimento do conteúdo inclui a forma que se organiza os conteúdos para serem ensinados, os problemas que surgem, ou os imprevistos e também os diferentes interesses e habilidades que cada aluno possui. Então, conhecimento de conteúdo vai muito além do próprio conteúdo em si, não basta ser um professor conhecedor dos conteúdos e tê-los na “ponta da língua”, mas, sim, ser aquele professor que consegue articular o conhecimento que tem, com a maneira correta de apresentá-los, respeitando a individualidade de cada um e suscitando o interesse do aluno. Para confirmar o que foi dito acima leia o pensamento deste grande pesquisador: (...) os professores executam essa façanha de honestidade intelectual mediante uma compreensão profunda, flexível e aberta do conteúdo; compreendendo as dificuldades mais prováveis que os alunos terão com essas ideias (...); compreendendo as variações dos métodos e modelos de ensino para ajudar os alunos em sua construção do conhecimento; e estando abertos para revisar seus objetivos, planos e procedimentos na medida em que se desenvolve a interação com os alunos. Esse tipo de compreensão não é exclusivamente técnica, nem somente reflexiva. Não é apenas o conhecimento do conteúdo, nem o domínio genérico de métodos de ensino. É uma mistura de tudo isso e é, principalmente, pedagógico (SHULMAN, 1992, p. 12). Schulman elucida exatamente sobre o assunto a ser refletido aqui, podemos perceber que só o conhecimento do conteúdo, das metodologias e uma boa didática ainda são insuficientes para que o aluno aprenda, e é necessário mesclar tudo isso tornando um âmbito pedagógico, que é mais abrangente. Então, compreendemos, assim, que o professor além de conhecer bem o conteúdo que leciona, precisa ter esse conhecimento pedagógico que nada mais é do que levar em consideração os outros fatoresenvolvidos no processo de aprendizagem e suas implicações para que ela aconteça ou não. O que nos leva ao terceiro saber: O saber pedagógico. O saber pedagógico está relacionado ao uso de técnicas, métodos e ferramentas que utilizaremos para conduzir o processo de ensino e aprendizagem nas nossas salas de aulas, mas ele vai muito além disso, pois o professor precisa saber articulá-los com a interação social, a experiência e ter uma boa relação professor- aluno. É necessário utilizar várias ferramentas e estratégias pedagógicas para que a construção do saber seja mais dinâmica e significativa, afinal cada estudante é de uma maneira e o aprendizado se dá de forma individual. Sendo assim, também podemos chamar o saber pedagógico de conhecimento prático, conforme afirma Grillo (2005, p. 105): “[...] trata-se do conhecimento prático, um tipo especial de conhecimento, idiossincrático, que vai sendo construído pelo professor ao articular saberes, esquemas e referenciais assumidos da sua experiência”. Então, podemos dizer que o saber pedagógico é o mesmo que conhecimento prático, é saber-fazer e para saber-fazer é necessário que você compreenda seu eu individual integralmente, nas esferas: intelectual, emocional e espiritual, ou seja, só se aprende a saber-fazer de verdade quando existe esse autoconhecimento. Bacich e Moran nos explicam da seguinte forma: As pesquisas atuais da neurociência comprovam que o processo de aprendizagem é único e diferente para cada ser humano, e que cada pessoa aprende o que é mais relevante e o que faz sentido para si, o que gera conexões cognitivas e emocionais (BACICH; MORAN, 2018, p. 2). Percebemos, então, que para exercer o ofício do magistério, é necessário ter um olhar refinado para que cada aluno aprenda e segundo Palmer (2012) devemos nos perguntar: “Quem é o eu que ensina”? Ou seja, que qualidade da minha personalidade contribui, ou não, na maneira de me relacionar com os meus alunos, colegas e meu mundo? Para o referido autor ocorre um entrelaçamento dos aspectos intelectuais, sociais, emocionais e espirituais na constituição do Eu professor. Quando o docente consegue trabalhar de forma “mais inteira”, ou seja, se dedicando em todos os seus aspectos, ele consegue proporcionar ao aluno um aprendizado integral, “Pode ajudar a deixar todos mais inteiros” (PALMER, 2012, p. 80). Ainda segundo Palmer (2012), os aspectos intelectuais referem-se à maneira como pensamos sobre o ensino e a aprendizagem. A forma e o teor dos nossos conceitos sobre como as pessoas sabem e aprendem, da natureza dos nossos alunos e das nossas matérias”. Por emocionais, o autor (2012, p. 20) entende que é “o modo como nós e os nossos alunos sentem quando ensinamos e aprendemos, sentimentos que podem aumentar ou diminuir as trocas entre nós”. Por espirituais, referem-se “às diversas maneiras como lidamos com nosso eterno desejo de estarmos conectados à grandiosidade da vida, um desejo que dá vida ao amor e ao trabalho, principalmente, a esse trabalho chamado magistério” (PALMER, 2012, p. 21). Compreendemos aqui, como as características próprias do professor como ser humano são relevantes e podem fazer a diferença na vida dos seus alunos. Ainda segundo Palmer (2012): O magistério, como qualquer atividade verdadeiramente humana, emerge da subjetividade de cada um, para o bem ou para o mal. Enquanto eu ensino, projeto a condição da minha alma nos meus alunos, na minha matéria e em nossa maneira de estarmos juntos.(PALMER, 2012, p. 18) Já vimos que a identidade docente está sempre em construção no início dessa unidade, e o saber pedagógico ou conhecimento prático estão sempre em construção conosco também, pois o ser professor sempre se renova, reflete, melhora e transforma- se na sua prática. Podemos concluir que para que tenhamos domínio do saber pedagógico e exerçamos uma prática docente de excelência, são necessários conhecimentos muito além daqueles adquiridos nos cursos superiores, de formação continuada, pós- graduação etc. Porque segundo Tardif: [...] um saber é sempre ligado a uma situação de trabalho com outros (alunos, colegas, pais, etc.), um saber ancorado numa tarefa complexa (ensinar), situado num espaço de trabalho (a sala de aula, a escola), enraizado numa instituição e numa sociedade (TARDIF, 2011, p. 15). Deixo-os com essa reflexão. 4 A PRÁXIS PEDAGÓGICA https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/teacher-his-pupils-work-on-programable-695764750 Caro (a) aluno (a), chegamos ao último tópico desta unidade; já refletimos sobre o papel social do professor, sobre como sua identidade docente é formada e sobre os saberes necessários para exercer esse ofício. Agora estudaremos sobre a práxis pedagógica, ou seja, sobre a prática em si associada à teoria, quais são as ações necessárias na prática e sobre a prática que é preciso que o professor faça para chegar ao seu objetivo: a aprendizagem do aluno. Para iniciar vamos ler esta citação que diz: Ter em consideração as características do pensamento prático do professor obriga-nos a repensar, não só a natureza do conhecimento acadêmico mobilizado na escola e dos princípios e métodos de investigação na e sobre a acção, mas também o papel do professor como profissional e os princípios, conteúdos e métodos da sua formação (PÉREZ GÓMEZ, 1995, p. 104). Ou seja, o referido autor quer nos dizer que, o professor precisa ter o conhecimento acadêmico, mas é necessário também possuir o pensamento prático, deve conseguir articular ambos rapidamente com criatividade refletindo sobre a prática e na prática, para fazer as intervenções necessárias. Segundo Alarcão (2003) esse seria o professor reflexivo, numa escola reflexiva, em desenvolvimento e aprendizagem, organizada como um grupo onde alunos, https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/teacher-his-pupils-work-on-programable-695764750 professores e comunidade têm papéis ativos na construção do processo educativo. A definição de escola reflexiva para ela é: Organização que continuadamente se pensa a si própria, na sua missão social e na sua organização e se confronta com o desenrolar da sua actividade num processo heurístico simultaneamente avaliativo e formativo (ALARCÃO, 2003, p. 83). Pimenta e Ghedin (2002) apontam que essa reflexão docente é um processo coletivo e prático, em que a teoria tem um papel importantíssimo, pois essa teoria precisa proporcionar aos professores perspectivas de análise para que possam compreender contextos e informações históricas, sociais, culturais e organizacionais. Ou seja, embasamento teórico sobre determinados conteúdos, como também informações sobre si mesmos, enquanto professores, diante de sua atuação docente, transformando e aprimorando suas capacidades (PIMENTA; GHEDIN, 2002, p. 26). Morin, Ciurana e Motta (2003, p. 24) complementam esse pensamento ao afirmarem: Uma teoria não é o conhecimento, ela permite o conhecimento. Uma teoria não é uma chegada, é a possibilidade de uma partida. Uma teoria não é uma solução, é a possibilidade de tratar um problema. Uma teoria só cumpre o seu papel cognitivo, só adquire vida, com o pleno emprego da atividade mental do sujeito. E é essa intervenção do sujeito que confere[...] seu papel indispensável. Quando o professor exerce uma práxis pedagógica consciente, percebe que teoria e a prática são indissociáveis, para produzir mudanças, se utilizar somente o prático, sujeito e objeto se separam, transformando nossa consciência dos fatos e das coisas, mas não sobre os fatos e as coisas. A esse respeito, Konder (1992, p. 116) afirma: Práxis e teoria são interligadas, interdependentes. A teoria é um momento necessário da práxis; e essa necessidade não é um luxo: é uma característica que distingue a práxis das atividades meramente repetitivas, cegas, mecânicas, “abstratas”. [...] a práxisé a atividade que, para se tornar mais humana, precisa ser realizada por um sujeito mais livre e mais consciente. Cabe ao professor se colocar num papel consciente e politizado, adquirindo a consciência de professor intelectual, sendo aquele que analisa criticamente a natureza do seu trabalho e percebe as contradições entre o que ele pratica e os resultados dessa prática. Durante o trabalho docente, o professor age sobre suas experiências, cria e enfrenta desafios do cotidiano e baseado neles constrói seus conhecimentos. Ainda segundo Konder (1992, p. 11), a ação docente é um trabalho que: Pode ser considerado um processo que ao mesmo tempo se reafirma e se supera a si mesmo: ele só é possível mediante a repetição mecânica de determinadas ações, porém simultaneamente leva o sujeito a enfrentar problemas novos e o incita a inventar soluções para tais problemas. Com isso o trabalho abre caminho para o sujeito humano refletir, no plano teórico, sobre a dimensão criativa de sua atividade, quer dizer, sobre a práxis. No trabalho se encontra, por assim dizer, o caroço da práxis; mas a práxis vai além do trabalho (KONDER, 1992, p. 11). O professor nas diversas ocorrências cotidianas, enfrenta situações complexas, em que é necessário que encontre respostas imediatas e criativas, articulando o saber que possui com suas vivências, identifica-se aí a práxis da ação docente, pois a ação é feita, visando atingir um objetivo proposto. Vázquez (1977, p. 187) nos diz que: O resultado ideal, que se pretende obter, existe primeiro idealmente, como mero produto da consciência, e os diversos atos do processo se articulam ou estruturam de acordo com o resultado que se dá primeiro no tempo, isto é, o resultado ideal. Ou seja, práxis é uma atividade humana feita intencionalmente, a fim de transformar uma realidade, um produto da consciência, um ideal. Para isso, é necessário que o saber teórico e o saber prático sejam articulados, para alcançar um objetivo, considerando que teoria e prática não estão distantes, mas, sim, caminham juntas com uma intencionalidade. Veja como Zanella define intencionalidade: “Aqui está de forma clara o princípio da intencionalidade – a consciência é sempre consciência de alguma coisa. Não há consciência pura de um lado e objetos de outro” (ZANELLA, 2007, p. 8). Nesse caso, professor e aluno (objetos), fundamentam-se e refletem sobre a realidade ao seu redor, leem o mundo criticamente, problematizando e questionando as coisas que ocorrem e por que ocorrem (consciência). Ou seja, o objeto puro não atinge a intencionalidade e nem a consciência sozinha atinge também. É necessário utilizar a práxis: A práxis é, na verdade, atividade teórico-prática; ou seja, tem um lado ideal, teórico e um lado material, propriamente prático, com a particularidade de que só artificialmente, por um processo de abstração, pode se separar, isolar um do outro (VÁZQUEZ, 1977, p. 241). Para finalizar deixo-o(a) com esta citação de Paulo Freire: “A teoria sem a prática vira 'verbalismo', assim como a prática sem teoria, vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade” (FREIRE, 1996, p. 25) e desejo que você tenha compreendido bem os conceitos estudados até aqui e consiga realizar uma ótima práxis em suas aulas, a fim de transformar a realidade de seus alunos! SAIBA MAIS O estudo da história é fundamental, pois por meio dela sabemos o que os homens foram e fizeram, e isso nos ajuda a compreender o que podemos ser e fazer, ela ajuda na conscientização dos homens para construir um mundo melhor e uma sociedade mais justa (NEVES; COSTA, 2002). Fonte: NEVES, F. M. COSTA, C. J. A importância da história da educação para a formação dos profissionais da educação. Teoria e Prática da educação, 2012. Disponível em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/TeorPratEduc/article/view/18570. Acesso em: 15 out. 2021. #SAIBA MAIS# REFLITA Karnal Leandro (2003) nos ajudará a refletir sobre o ensino da História “Eu diria que ensinar História é uma atividade submetida a duas transformações permanentes: a do objeto em si e da ação pedagógica. O objeto em si (o “fazer histórico”) é transformado pelas mudanças sociais, pelas novas descobertas arqueológicas, pelo debate metodológico, pelo surgimento de novas documentações e por muitos outros motivos. A ação pedagógica muda porque mudam seus agentes: mudamos professores, mudam os alunos, mudam as convenções de administração escolar e mudam os anseios dos pais”. Fonte: 8 Vícios do Professor e do Ensino de História. Ensinar História, 2015. Disponível em: https://ensinarhistoria.com.br/8-vicios-do-professor-e-do-ensino-de-historia/. Acesso em: 14 out. 2021. #REFLITA# CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro (a) aluno (a), chegamos ao término da unidade I, foi um grande prazer ajudá- lo a construir esses conhecimentos. Aprendemos como o professor tem um papel social muito importante na transformação da sociedade em que atua e na vida de seus alunos, vimos que a identidade profissional docente começa a ser construída antes de nos formarmos, pois carregamos exemplos de professores que tivemos e que ela é formada durante toda nossa carreira, sendo mutável. Refletimos sobre os saberes docentes, que são aqueles saberes necessários para se tornar um bom professor: saberes da experiência que são aqueles que adquirimos tanto nas experiências como aluno e como docente; o conhecimento específico que é aquele adquirido enquanto estamos em formação, ou seja , o que é preciso saber para lecionar aquela disciplina; e, por último, vimos sobre o saber pedagógico, que também podemos chamar de conhecimento prático, que são aqueles conhecimentos sobre metodologias, técnicas e ferramentas que utilizamos em sala de aula, é saber articular tudo isso as outras variáveis que incidem sobre a aprendizagem: a interação, a experiência e uma boa relação professor-aluno. LIVRO • Título: Professora, sim; tia, não: cartas a quem ousa ensinar • Autor: Freire, Paulo. • Editora: Paz e Terra. • Sinopse: Educadores são responsáveis pela transformação social, em Professora, sim; tia, não, o maior educador brasileiro denuncia que a troca da palavra “professora” por “tia” para designar “pessoa que ensina” é uma armadilha ideológica. Nas dez cartas que compõem o livro, o autor analisa as qualidades verdadeiras e autênticas das virtudes éticas que educadores progressistas precisam ter e praticar, se querem ser agentes de transformação social. FILME/VÍDEO • Título: MUCIZE • Ano: 2015. • Sinopse: Enviado por sua família a uma cidade remota nas montanhas, o professor Mahir ajuda os moradores locais a construir uma escola e faz renascer neles a esperança. REFERÊNCIAS ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 2003. AMARAL, N. F. Monografia. O bom professor sob a ótica do próprio professor. 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QUAESTIO - Revista de Estudos de Educação, v. 9, n. 1, p. 101-122, 2007. UNIDADE II A FORMAÇÃO DE PROFESSORES COMO UM PROJETO POLÍTICO Professora Esp. Daislene Rodrighero de Carvalho Plano de Estudo: • Contexto histórico e político da formação de professores; • A importância da formação inicial e continuada; • A importância do Projeto Político Pedagógico frente à formação e atuação do professor; • O papel do pedagogo frente à formação continuada dos professores e os aspectos que envolvem o processo de ensino e de aprendizagem. Objetivos de Aprendizagem: • Contextualizar historicamente a formação dos professores; • Compreender a influência da formação inicial e continuada aos docentes; • Estabelecer a importância do Projeto Político Pedagógico para a atuação do professor. INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), continuaremos nossos estudos com a Unidade II - A formação dos professores com um projeto político. Espero que você leia atentamente a unidade e compreenda os conceitos explicitados. Nesta unidade, levo você a refletir sobre o contexto histórico e político da formação de professores. Faremos uma retrospectiva sobre os caminhos traçados na formação de professores, desde o início dela na Grécia até chegar aos dias atuais no Brasil, compreenderemos também a importância da formação inicial e continuada para uma carreira docente de sucesso. Você será levado a refletir e compreender sobre o que é o Projeto Político Pedagógico (PPP), qual sua função na escola, como ele é produzido e a importância do professor na construção dele e para finalizar, estudaremos sobre o papel do pedagogo na instituição escolar e qual é sua função e importância na organização da formação dos professores. Bons estudos! 1 CONTEXTO HISTÓRICO E POLÍTICO DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES Caro (a) aluno (a), iniciamos os estudos dessa unidade refletindo sobre a formação dos professores em seu contexto histórico e político. É necessário saber qual foi a evolução da história da educação para compreender melhor os rumos tomados pela educação no presente. O início da organização social e educativa remete aos tempos da Grécia antiga, principalmente, da cidade de Esparta e Atenas, essa organização serviu de modelo para as sociedades por muitos séculos. Em Esparta tinha-se o foco em códigos de condutas de militares, devido ao seu poder militar e caráter guerreiro, eles estimulavam as competições entre os alunos e tinham uma disciplina rígida. Já em Atenas o foco era o conhecimento, exercitavam a palavra, a retórica e a polêmica, como herança dessa educação surgiram os sofistas mestres da retórica e da oratória (arte de se comunicarde forma persuasiva, ou de bem argumentar). A profissão de professor existe há mais de 25 séculos e iniciou-se com o filósofo Grego Sócrates, que foi professor de Platão. Naquela época, Sócrates ensinava em lugares públicos como ginásios e praças, onde fazia perguntas que provocavam seus discípulos, obrigando-os a pensar, valorizando os conhecimentos prévios e suas experiências. Figura 1 - Filósofo grego antigo conversando com estudantes ID do vetor stock livre de direitos: 1779577568 O primeiro modelo de educação no Brasil vem dos jesuítas, que eram contra a reforma e seu currículo era centrado na Teologia cristã, Filosofia, artes sacras e nas línguas e esteve presente por mais de 200 anos. No Brasil, a formação de professores começou a ser uma preocupação após a proclamação da independência, ocorrida em 07 de setembro de 1822 e intensificou-se depois da proclamação da República ocorrida em 15 de novembro de 1889, em que era parte do projeto de construção de uma nação. Para compreendermos melhor sobre o histórico de formação de professores, iremos dividi-los em três grandes períodos: Primeiro período: Foi originada como a criação das escolas normais e presença das concepções iluminista e positivista na educação, que se estende no período de 1890 a 1930. Elas foram pioneiras no quesito formação docente no Brasil, mas não obtiveram bons resultados, um dos motivos para essa falta de sucesso foi que a população trazia consigo marcas totalmente agrárias, marcas da escravidão e pouco interesse e incentivo para a carreira no magistério. https://www.shutterstock.com/pt/vectors Tanuri (1979, p. 22) afirma que: “nenhum aproveitamento notável tinham elas produzido até então”, sendo assim a escola normal era ainda uma instituição “quase completamente desconhecida”. As ideias iluministas defendiam que a escola deveria ser laica, livre e de qualidade para todos, as ideias positivistas rejeitavam a formação dada pela igreja, porque passavam apenas conhecimentos restritos, a fim de não formar seres pensantes. Para Oliveira (2010): O objetivo maior do positivismo pretendido inicialmente por Augusto Comte e posteriormente por seus seguidores era promover uma reforma intelectual da sociedade, a reforma positiva do modo de pensar uma vez que a filosofia positiva era a única capaz de responder às exigências que o saber científico impunha à sociedade como um todo [...].(OLIVEIRA, 2010, p. 07) Segundo período: Os ideais escolanovistas eram de uma escola gratuita, democrática e universal, com seus ideais marcados pelo “Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova” de 1932, onde foram documentadas (escrito) por 26 professores para validar “o projeto educacional que defende, apresentando-o como o mais adequado para a reconstrução do país segundo o ideal republicano” (XAVIER, 2002, p. 3). Esse documento, segundo Ghiraldelli Jr. (1994, p. 42) foi como um divisor de águas, conforme descreve: [...] serviu como um divisor de águas entre católicos e liberais. Na tentativa de influenciar as diretrizes governamentais, os liberais vieram a público, em 1932, com o célebre Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova‟, um longo documento dedicado ao governo e à nação que pautou‐se em linhas gerais, pela defesa da escola pública obrigatória, laica e gratuita e pelos princípios pedagógicos renovados [...]. (GHIRALDELLI JR.,1994, p. 42) O país passava por uma grande mudança, em que estavam acontecendo processos de industrialização e urbanização, resultando no êxodo rural (quando as pessoas migram da zona rural para a zona urbana, a fim de garantirem sua sobrevivência) e o período exigia competências e habilidades técnicas. A partir da década de 1930, com o Governo de Getúlio Vargas esse modelo educacional ganhou força, era centrada no aluno que fazia busca ativa e significativa pelo conhecimento por meio de experiências e exigia um novo perfil do professor, com conteúdo científico e preparação didático-pedagógica. Segundo Saviani (2008), o professor configurava como um estimulador e orientador da aprendizagem, na qual o próprio aluno deveria buscar uma iniciativa principal, em uma forma de aprendizagem decorrente de uma ação espontânea de um ambiente estimulador a ser estabelecido entre os alunos e professores. Para tanto, Saviani (2008) afirma que o professor precisaria trabalhar de forma direcionada, com grupos pequenos de alunos, para facilitar as relações interpessoais e estimular, assim, a atividade educativa, em um ambiente rico de materiais didáticos, estímulos pedagógicos, biblioteca de classe, entre outros. E, finalmente, o terceiro período, que estendeu-se de 1961 até 2001, sob a influência da concepção pedagógica produtivista, em que uma nova lei entrou em vigor no ano de 1946, que definiu como competência da União fixar “as diretrizes e bases da educação nacional”. Mas, a Lei de Diretrizes e Bases só foi promulgada em 1961. Saviani (2011, p. 34), discorre sobre a não criação de um Lei de Diretrizes e Bases da Educação após o golpe civil militar em 1964 “[...] o golpe visava garantir a continuidade da ordem socioeconômica que havia sido considerada ameaçada no quadro político presidido por João Goulart, as diretrizes gerais, em vigor, não precisavam ser alteradas”. A educação foi ajustada a partir da Lei N.º 5540 de 28 de novembro de 1968, alterou a estrutura da organização da educação superior no país que atendeu duas demandas opostas: A dos professores e estudantes e dos grupos ligados ao regime civil-militar. A primeira foi atendida com a autonomia universitária, a indissociabilidade entre ensino e pesquisa, a abolição da cátedra e a eleição da universidade como forma prioritária de organização do ensino superior. O atendimento da segunda ocorreu por meio do regime de crédito, da matrícula por disciplina, cursos semestrais, cursos de curta duração e a organização fundacional (SAVIANI, 2011, p. 32). A Lei 5.692/71 alterou o ensino de 1 º e 2 º grau, o segundo grau passou a ter caráter profissionalizante, o 1 º grau tornou-se o ensino fundamental de 8 anos, obrigatório na faixa etária dos 7 aos 14 anos e o 2 º grau assumiu um caráter técnico. Devido a essas mudanças a formação dos professores precisou ser alterada, eles que eram habilitados por meio do curso normal, passaram a realizar sua formação a nível de 2º grau em curso profissionalizante que ficou popularmente conhecido como magistério. Regulamentou-se, então, as licenciaturas curtas: Art. 29. A formação de professores e especialistas para o ensino de 1º e 2º graus será feita em níveis que se elevem progressivamente, ajustando-se às diferenças culturais de cada região do País, e com orientação que atenda aos objetivos específicos de cada grau, às características das disciplinas, áreas de estudo ou atividades e às fases de desenvolvimento dos educandos. Art. 30. Exigir-se-á como formação mínima para o exercício do magistério: a) no ensino de 1º grau, da 1ª à 4ª séries, habilitação específica de 2º grau; b) no ensino de 1º grau, da 1ª à 8ª séries, habilitação específica de grau superior, ao nível de graduação, representada por licenciatura de 1º grau obtida em curso de curta duração; c) em todo o ensino de 1º e 2º graus, habilitação específica obtida em curso superior de graduação correspondente a licenciatura plena. § 1º Os professores a que se refere a letra a poderão lecionar na 5ª e 6ª séries do ensino de 1º grau se a sua habilitação houver sido obtida em quatro séries ou, quando em três mediante estudos adicionais correspondentes a um ano letivo que incluirão, quando for o caso, formação pedagógica. § 2º Os professores a que se refere à letra b poderão alcançar, no exercício do magistério, a 2ª série do ensino de 2º grau mediante estudos adicionais correspondentes no mínimo a um ano letivo. § 3° Os estudos adicionais referidos nos parágrafos anteriorespoderão ser objeto de aproveitamento em cursos ulteriores (BRASIL, 1971). O que podemos perceber por essa retrospectiva é o aumento da importância ao processo de formação de professores no decorrer dos anos, sendo um pré-requisito fundamental para a construção de um sistema educativo de qualidade. Percebendo, assim, também a sua relação com o meio de produção econômico. Em 1996 houve uma nova regulamentação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação- LDB Lei nº. 9.394 de 1996: Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos: I- Associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço; II- Aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades (BRASIL, 1996). Assim, vemos o conceito de formação continuada, que é considerada como uma capacitação em serviço. O Art. 62 nos diz que o profissional precisa adequar sua formação, em que se faz necessário possuir um curso superior em licenciatura, admitindo como formação mínima para atuar na Educação Infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a formação em nível médio na modalidade normal. Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal (BRASIL, 1996). É válido ressaltar que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB 9.694/96 já sofreu diversas alterações, inclusive uma muito significativa neste art. 62, haja vista que mudou-se a nomenclatura do que era antes chamado série, agora denomina-se como ano. Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal (BRASIL, 2017). No Art. 62 atual diz que para atuar na Educação Infantil e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental e não nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, como está na redação datada em 1996. Porém, ainda descrevendo sobre o contexto histórico. Analisando os artigos 64-66 veremos que: Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós- graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. Art. 66. A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado. Parágrafo único – O notório saber, reconhecido por universidade com curso de doutorado em área afim, poderá suprir a exigência de título acadêmico BRASIL, 2017). A LDB fala a respeito do espaço ocupado pela formação continuada nas políticas públicas educacionais, em que é direito do docente e também um meio de valorização da carreira do magistério. Em seu Art. 67 são relatados elementos que regem a valorização do magistério como: Piso salarial profissional, progressão funcional, condições adequadas de trabalho e aperfeiçoamento profissional continuado. Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público: I- Ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; II- Aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim; III- Piso salarial profissional; IV- Progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho; V- Período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho; VI- Condições adequadas de trabalho (BRASIL, 2017). Isso foi uma grande vitória para os profissionais da educação, pois abriu espaço para a formação continuada entre as políticas públicas e definiu que os sistemas de ensino seriam responsáveis pelo desenvolvimento e pela oferta dela. 2 A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA ID da foto stock livre de direitos: 785109361 Caro (a) aluno (a), neste tópico da unidade, continuaremos a estudar sobre a importância da formação inicial e continuada. Quero começar parabenizando-o por sua disposição e dedicação com sua formação, isso é início para ser um ótimo docente! Uma boa formação inicial é imprescindível para formar uma base sólida em que o professor se apoiará para exercer seu cargo, ela define-se como uma política pública e é adquirida a partir de estudo de renomados autores da educação, pesquisas sobre o âmbito escolar, história da educação, políticas públicas, compreensão de seu papel na sociedade e muito mais. A formação inicial proporciona também um alinhamento entre teoria e prática nos estágios supervisionados, primeiro observação e depois o estágio profissional exercendo a função docente (GADELHA, 2020). Mas, já é sabido que a formação de um professor está longe de acabar nessa formação inicial, porque o professor se forma também no dia a dia da sala de aula e nos momentos de estudos coletivos ou individuais. De acordo com Freire (2001, p. 27) “Não haveria educação se o homem fosse um ser acabado”. Todos somos seres inacabados, ainda mais o professor, pois se depara em sala de aula com muitos desafios e sempre precisa continuar estudando para conseguir superá-los e alcançar o objetivo que é a aprendizagem do aluno. A formação privilegia a construção de saberes e competências básicas necessárias para desenvolver uma boa prática, incluindo a construção da parceria professor e aluno e levando em consideração o nível de ensino em que se leciona, que https://www.shutterstock.com/pt/photos aproxima o graduando ao mundo da escola. Além disso, essa formação permite aos docentes analisar suas práticas docentes, para buscar sempre novos conhecimentos (GADELHA, 2020). Nesse contexto, de acordo com Pimenta (1997): Dada a natureza do trabalho docente, que é ensinar como contribuição ao processo de humanização dos alunos historicamente situados, espera-se da licenciatura que desenvolva nos alunos conhecimentos e habilidades, atitudes e valores que lhes possibilitem permanentemente irem construindo seus saberes- fazeres docentes a partir das necessidades e desafios que o ensino como prática social lhes coloca no cotidiano. Espera-se, pois, que mobilize os conhecimentos da teoria da educação e da didática necessários para a compreensão do ensino como realidade social, e que desenvolva neles a capacidade de investigar a própria atividade para, a partir dela, constituírem e transformarem os seus saberes-fazeres docentes, num processo contínuo de construção de suas identidades como professores.(PIMENTA, 1997, p. 18) Durante a formação inicial, os alunos (futuros docentes) constroem novas habilidades para chegar aos devidos fins, que é construir saberes e saberes docentes também, num processo de reflexão contínua, articulando os saberes e passando também pelos desafios cotidianos. Ens e Donato (2011, p. 83) definem que a atividade de ensinar constrói-se a partir de conhecimentos específicos e necessários que são adquiridos e construídos na formação inicial e na formação que acontece durante toda a vida profissional. Ou seja, começa-se na formação inicial o aprendizado de conhecimentos específicos e inerentesa essa atividade, mas durante o exercício da docência, continuo me formando constantemente. Isso pode ser observado nas palavras de Paulo Freire (2001, p. 10): “Quanto mais me capacito como profissional, quanto mais sistematizo minhas experiências, quanto mais me utilizo do patrimônio cultural, que é patrimônio de todos e ao qual todos devem servir, mais aumenta minha responsabilidade com os homens”. Destaca-se que uma boa formação inicial contribui para formar bons professores, responsáveis e conscientes de seu papel perante a sociedade, que é o de saber e conseguir ensinar esse saber para alguém (LIMA; ANDRADE; COSTA, 2020). Diante disso, evidencia-se que não basta ter apenas o conhecimento sobre o conteúdo, conhecimento de técnicas, metodologias, conhecer as linhas pedagógicas e afins, mas, que o professor precisa adquirir na formação habilidades e atitudes para se tornar um profissional reflexivo. “O processo de formação deve dotar os professores de conhecimentos, habilidades e atitudes para desenvolver profissionais reflexivos ou investigadores” (IMBERNÓN, 2011, p. 41). Para ser um profissional reflexivo é necessário que se reflita, parece redundante, mas não é; pois na correria que os professores são obrigados a trabalhar, devido, muitas vezes, a pouca valorização profissional e baixos salários, acaba não sobrando tempo para essa reflexão, e é nesse aspecto que veremos a importância da formação continuada realizada no ambiente escolar. Figura 2 - Grupo de Professores Trocando Experiências ID da foto stock livre de direitos: 197725715 Nesse contexto, é possível destacar: O lócus (local) da formação a ser privilegiado é a própria escola; isto é, é preciso deslocar o lócus da formação continuada de professores da universidade para a própria escola de primeiro e segundo graus. Todo processo de formação continuada tem que ter como referência fundamental o saber docente, o reconhecimento e a valorização do saber docente (CANDAU, 1996, p. 143). Na citação acima, o autor esclarece que a formação continuada deve acontecer na escola, tendo como referência o saber docente e sua valorização do, pois têm opiniões e reflexões a serem externadas, devido ela estar no centro do processo https://www.shutterstock.com/pt/photos ensino/aprendizagem, enxergando as dificuldades que não colaboram para que ela aconteça. Corroborando essa perspectiva, é possível destacar que a formação continuada deve estar alinhada com o desempenho profissional do professor, em que as escolas sejam lugares de referência, um local de credibilidade para os programas de formação estruturarem-se, considerando problemas e projetos de ação reais e da comunidade em que estão inseridos, não apenas em torno de conteúdos acadêmicos (NÓVOA, 1992). Chegamos aqui a um ponto crucial da formação continuada, ela deve ser direcionada para resolver os problemas daquela comunidade e pensar em soluções que visem superá-los, como fazer, porque fazer e de que maneira resolver, não deve se limitar em torno de conteúdos acadêmicos em que o professor, muitas vezes, estuda assuntos que não condizem com a realidade que está vivendo. A formação continuada é essencial para um bom desempenho do professor, frente ao cenário complexo em que está inserida (GADELHA, 2020). Nóvoa (1995) nos diz que o desenvolvimento profissional deve abranger três dimensões: pessoal, profissional e organizacional. Para o autor, é possível estruturar da seguinte forma: Pessoal: Estimular reflexões críticas e autônomas, ter espaço de interação entre profissional e pessoal; Profissional: Aqui o professor é tido como autor e produtor de seu conhecimento profissional, sendo reflexivo e responsável pela sua formação; Organizacional: Voltado para a ideia de que formação e trabalho devem caminhar juntos, pois o desenvolvimento profissional e pessoal está ligado também ao desenvolvimento da instituição em que atua (NÓVOA, 1995). Ter acesso a uma boa formação continuada e permanente garante ao professor desenvolver-se profissionalmente ao mesmo tempo em que cria sua identidade e isso está relacionado à qualidade da aprendizagem. A formação continuada possibilita uma capacitação pessoal e profissional dos docentes, que reflete em uma ampliação e aprimoramento de suas práticas pedagógicas, como na utilização de novas metodologias e práticas de ensino (MUNCK; BORGES, 2020). O professor precisa sair do papel de mero expectador e assumir as rédeas de sua formação, indicando os desafios enfrentados e qual tipo de formação o ajudaria a superar esta ou aquela dificuldade, pois para resolver um problema é necessário estudá-lo a fundo, debruçar-se sobre suas origens, compartilhar saberes e experiências com os outros docentes da escola para chegarem a uma solução comum a todos, afinal todos são parte de uma mesma escola, inserida numa mesma comunidade. 3 A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO FRENTE À FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DO PROFESSOR O Projeto Político Pedagógico (PPP) mostra-nos a visão macro do que a escola pretende alcançar, é um plano de intenções produzido pela escola, nele contém o que temos a intenção de fazer, de realizar, quais são os objetivos metas e desafios que queremos alcançar, tanto nas questões pedagógicas quanto nas administrativas. Ele é uma direção, um rumo para as futuras ações da escola, ele é democrático e definido coletivamente pelo qual todos têm um compromisso, baseado no presente e planejando como queremos que seja o futuro. Portanto, o PPP pode ser considerado um instrumento norteador dos processos de formação de uma Instituição escolar, com significação dos conteúdos e do processo de ensino-aprendizagem (FERREIRA; BORGES JÚNIOR, 2020). Figura 3 - União De Todos Os Envolvidos Na Elaboração Do Projeto Político Pedagógico ID da foto stock livre de direitos: 1390432772 Diante dessa nossa discussão, é possível evidenciar Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente (GADOTTI, 1994, p. 579). https://www.shutterstock.com/pt/photos Assim, o PPP é político porque tem o direcionamento, as escolhas de caminhos para formar cidadãos conscientes, críticos e reflexivos o termo político aqui, nada tem a ver com partido ou doutrina conforme nos fala Vasconcellos (2002, p. 20): “[...] Ser político significa tomar posição nos conflitos presentes na Polis, significa, sobretudo, a busca do bem comum. Não deve ser entendido no sentido estrito de uma doutrina ou partido”. Ele também é pedagógico porque é o meio pelo qual a escola define os objetivos, atividades pedagógicas e as ações que fará, a fim de alcançar os objetivos educacionais. Segundo Veiga (1995, p, 13): “[...] Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade”. Assim, ao construí-lo, é necessário que se tenha em mente que a escola é um lugar de grande diversidade cultural no corpo docente e discente, onde existem pessoas de várias etnias, religiões, raças e classes sociais, que faz a gestão da escola ser um processo complexo; e o Projeto Político Pedagógico mostra-nos uma visão global da sociedade em que a escola está inserida, ele é o retrato fiel da identidade da escola, portanto ele é dinâmico e deve ser adaptado às condições sociais, econômicas e políticas da realidade que cerca a escola. De acordo com Vasconcellos (2002): A identidade se constrói na alteridade e não na confusão de ideias, posicionamentos e personalidades. Cada instituição deverá traçar o seu caminho; porém, este caminho poderá ser tanto mais interessante quanto maior a oportunidade de diálogo com outros sujeitos também
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