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AO JUÍZO DE DIREITO DA __ VARA ÚNICA DA COMARCA DE MIRADOR, ESTADO DO 
MARANHÃO. 
 
 
 
 
 
PROCESSO Nº: XXXXXX 
REQUERENTE: TARSIS 
REQUERIDO: ELETRO 
 
 
 
 
 
 
TARSIS, nacionalidade, estado civil, profissão, portadora do RG sob o nº XX e CPF sob o 
nº XX, por seu advogado in fine assinados, procuração anexo, com endereço profissional na Rua 
XX, Nª XX, CEP XXX, local onde recebem as comunicações judiciais de praxe e estilo, vem à 
presença deste juízo, nos autos em epígrafe, inconformada com a sentença proferida nos autos 
referenciado na Ação de Indenização por Danos Morais e Estéticos que julgou improcedente, 
para (objeto da sentença), interpor: 
 
 
RECURSO DE APELAÇÃO 
 
Com arrimo no art. 1.009 do CPC, devendo este ser processado nos termos da lei. 
Requerendo também, na presente oportunidade, que o recorrido seja intimado de modo que, 
querendo, ofereça contrarrazões. 
 Oportunamente, pugna-se que Vossa Excelência exerça o juízo de retratação e 
reconsidere a decisão impugnada, conforme preceitua o art. 485, parágrafo 7º. 
 
 
Termos em que, pede e espera deferimento. 
 
Mirador - MA, 26 de maio de 2023. 
Advogado(a) 
OAB/MA XX 
 
 
 
 
RAZÕES RECURSAIS 
 
Apelante: TARSIS 
Apelado: ELETRO 
Origem: _VARA ÚNICA DA COMARCA DE MIRADOR 
Processo nº XXXXXXXXX 
 
 
Egrégio Tribunal, 
Colenda Câmara, 
Eméritos Desembargadores. 
 
- I - 
DA SÍNTESE DO PROCESSO 
 
Trata-se a presente demanda de Ação de Indenização por Danos Morais e Estéticos, 
ajuizada por TARSIS em desfavor da marca ELETRO. Na qual, a srª. Tarsis, no ano de 2015, 
aos 13 anos de idade, perdeu a visão em decorrência de uma explosão ocorrida em seu aparelho 
celular, após o mesmo ficar carregando ininterruptamente por 24 horas. O celular em questão 
havia sido comprado pela mãe da vítima dois meses antes do acontecimento. 
Após sete anos do terrível acontecido, Tarsis entrou com a ação de dano moral e estético 
pelo acidente, contra a empresa ELETRO, em razão da relação de consumo, e da 
responsabilidade da empresa em reparar o dano, descartando a necessidade de prova de culpa. 
Desse modo, na exordial, a requerente pleiteou a títulos de danos morais o valor de R$ 
50.000,00 (cinquenta mil reais), e mais R $50.000,00 (cinquenta mil reais) pelos danos estéticos, 
juntando todas as provas documentais, bem como laudo pericial, descartando a dilação 
probatória. 
Após oferecimento da contestação, sem requerer produção de provas, o juiz decidiu por 
proferir julgamento antecipado, decretando a improcedência dos pedidos pleiteados na inicial, 
baseando-se na inexistência de relação de consumo, e prescrição autoral em razão do 
transcurso do prazo de três anos. 
Entretanto, não merece prosperar tais fundamentos, e desse modo, inconformado com a 
sentença, o apelante busca pela reforma da decisão para que seja garantido seu direito relativo 
ao dano sofrido, conforme razões e fundamentos expostos a seguir. 
 
 
 
-II- 
DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 
 
II.A 
DO PREPARO 
 
 A guia de recolhimento das custas processuais e do porte de remessa e de retorno 
acompanham o presente recurso, em razão do que dispõe o artigo 1.007 do CPC, verbis: 
 
Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente 
comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo 
preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de 
deserção. 
 
 Além disso, anexa-se a cópia do comprovante do pagamento das custas do presente 
recurso. Portanto, não existe qualquer empecilho relacionado ao mencionado tema que se 
mostre digno de frustrar as boas e reais intenções da autora. 
 
II.B 
DA TEMPESTIVIDADE 
 
Dentro da redação dos Arts. 219 e 1.003, §5º do CPC, o prazo para inserir o presente 
recurso é de 15 dias úteis, sendo o mesmo contado da data em que os advogados são intimados 
da decisão, conforme vidência legal no Caput e Parágrafo 5º do artigo 1.003 do CPC/15. 
Por conseguinte, o atual apelo é tempestivo, uma vez que o peticionante tomou ciência 
da decisão em 05 de Maio de 2023. Desse modo, o presente recurso se faz tempestivo, vez que 
protocolado no prazo de 15 de (quinze) dias úteis, que finaliza em 26 de Maio de 2023. 
 
 
-III- 
RAZÕES DA REFORMA 
 
 
III. A - LEGITIMIDADE ATIVA 
 
Em face à decisão proferida pela ação do processo n° XXX, sendo alvo do presente 
Recurso apresentado ao Egrégio Tribunal da Vara Única de Mirador-MA, trata-se da existência 
de uma hipótese de Ilegitimidade Ativa da reclamante, pela inexistência de relação de consumo, 
em razão da nota fiscal do celular está em nome da mãe do reclamante. 
 
À vista disso, a decisão do magistrado determina que a autora é parte ilegítima para 
ingressar em juízo para peticionar o pleito. Todavia, a presente decisão recorrida não seguiu a 
fundamentação da normativa consumerista, se fazendo contrário ao artigo 17°, caput, do CDC, 
que assim dispõe: 
 
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores 
todas as vítimas do evento. 
 
Vejamos ainda, a dicção do art. 2º do mesmo Código: 
 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou 
utiliza produto ou serviço como destinatário final. 
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, 
ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações 
 
Nesta direção, podemos apresentar o entendimento que considera correta a equiparação 
de uma vítima de acidente a consumidor, por conseguinte, pessoa legítima ativamente para 
propor a ação. 
 
Em consideração a tudo isso, foi que o CDC ampliou para fins de tutela de acidentes de 
consumo o conceito de que para abranger qualquer vítima, mesmo que ela nunca tenha 
contratado ou mantido a relação com o fornecedor do produto ou serviço. 
 
Associando ao exposto, é pacificado o entendimento dos Tribunais Superiores, veja: 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ENERGIA ELÉTRICA. 
INDEFERIMENTO DA INICIAL EM RELAÇÃO AO DANO MORAL. 
AUTORA QUE NÃO FIGURA COMO TITULAR DA FATURA. 
LEGITIMIDADE ATIVA. CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO. 
INCIDÊNCIA DO ART. 17 DO CDC. REFORMA DA DECISÃO. 1. 
Cuida-se de agravo de instrumento interposto em face da decisão que, 
em ação declaratória de inexistência de débito, indeferiu a petição 
inicial, na forma do art. 330, III, do CPC, no tocante ao pedido de 
indenização por dano moral, em virtude de ilegitimidade ativa. (...) 3. 
O consumidor não é apenas aquele que adquire, mas também 
aquele que utiliza produto ou serviço como destinatário final, 
sendo certo que a caracterização do consumidor não depende da 
existência de um contrato, bastando a utilização do produto ou 
serviço para que se possua legitimidade para ajuizar demanda 
por eventual falha cometida pelo fornecedor. 4. Na hipótese, ainda 
que a fatura de energia elétrica tenha sido emitida no nome da falecida 
avó da autora, deverá a demandante ser equiparada à condição de 
consumidor, nos termos do artigo 17 da Lei nº 8.078/90. 5. Assim, a 
parte autora apresenta-se como destinatária final do serviço prestado 
pela concessionária. Precedentes. 6. Provimento do recurso. 
(TJ-RJ - AI: 00074058720208190000, Relator: Des(a). MÔNICA 
MARIA COSTA DI PIERO, Data de Julgamento: 11/03/2020, OITAVA 
CÂMARA CÍVEL). (grifo nosso) 
 
 
Outrossim, entende-se que quem utiliza determinado produto, ainda que não o tenha 
adquirido, tem legitimidade para demandar judicialmente aplicando as normas do Código de 
Defesa do Consumidor por equiparação, independente de nota fiscal em nome do autor, 
principalmente, por ser vítima do consumo deste produto. Assim, tal decisão recorrida merece 
reforma porque não houve a atenção quanto à utilização correta da interpretação da norma do 
Código de Defesa do Consumidor e pelo entendimento jurisprudencial. 
 
-III.B- 
DA CONTAGEM INCORRETA DO PRAZO PRESCRICIONAL 
 
Inicialmente, a decisão referente à açãodo processo n° XXXXX, alvo do presente 
Recurso, fundamentado na prescrição da pretensão autoral em razão do transcurso do prazo de 
três anos, com fulcro no Art. 206, § 3º, inciso V, do Código Civil, reconhecendo, portanto, a 
presença da prescrição do direito de Tarsis em propor a ação. 
 
Contudo, não ocorre a prescrição contra absolutamente incapazes, tendo em vista, que o 
fato ocorreu quando a apelante tinha apenas 13 anos de idade, assim, estando amparada pelo 
direito de suspensão da prescrição, pelo fundamento contido no artigo 198, inciso I do código 
Civil, in verbis: 
 
Art. 198. Também não corre a prescrição: 
I - contra os incapazes de que trata o art. 3º; 
(...) 
 
 Conectado aos fundamentos apresentados, dispõe entendimento jurisprudencial, 
vejamos: 
 
 
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL. SENTENÇA QUE JULGOU 
IMPROCEDENTE O PEDIDO FACE A PRESCRIÇÃO. RECURSO 
APENAS DO ENTE ESTATAL. RECONHECIMENTO PELO 
MINISTÉRIO PÚBLICO DA INCAPACIDADE ABSOLUTA DE UMA 
DAS AUTORAS, SENDO ESTA MENOR DE DEZESSEIS ANOS NA 
OCORRÊNCIA DOS FATOS E NA PROPOSITURA DA AÇÃO. 
INEXISTÊNCIA DE PRESCRIÇÃO EM RELAÇÃO A ESTA. (...). 
RECURSO CONHECIDO. SENTENÇA ANULADA. ANÁLISE DAS 
RAZÕES DO RECURSO PREJUDICADA. 
(TJ-AL - AC: 07048177620168020001 Maceió, Relator: Des. Klever 
Rêgo Loureiro, Data de Julgamento: 18/05/2023, 1ª Câmara Cível, Data 
de Publicação: 19/05/2023) 
 
 
Deste modo a autora, ora apelante, efetivou- se para a vida civil apenas em 2018, quando 
completou 16 (dezesseis) anos, tornando-se relativamente capaz. Dessa forma, a prescrição de 
sua pretensão ocorreria conforme previsão ao artigo 27 do CDC, veja: 
 
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos 
causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste 
Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento 
do dano e de sua autoria. 
 
Por fim Meritíssimo(a), a presente decisão recorrida merece reforma pela razão de não 
seguir corretamente o cálculo correto e a devida análise aos dispositivos acima citados, prazo 
este que ainda está em conexão ao determinado pela norma consumerista, portanto, inexiste a 
prescrição do direito de Tarsis para postular a devida ação. 
 
-IV- 
TEORIA DA CAUSA MADURA 
 
 A Teoria da Causa Madura, que trata da atuação deste Tribunal para decidir de imediato 
o julgamento, tem como escopo a promoção da celeridade para o processo, com base nas 
hipóteses específicas determinadas pela norma processual cível. 
 
Sendo prevista a aplicabilidade da Teoria da Causa Madura, está disposta no § 3°, I, do 
artigo 1.013, do CPC: 
 
“Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da 
matéria impugnada. [...] 
§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o 
tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: 
I - reformar sentença fundada no art. 485”; 
 
Portanto, o juízo a quo acolheu a ilegitimidade ativa arguida em contestação, sem resolver 
em sua totalidade o mérito do feito, como constatado na Ação do Processo n° XXXXXX. Porém, 
a partir da inteligência desse dispositivo e da razão acima citada, conecta-se a regular aplicação 
da Teoria da Causa Madura para que o presente Egrégio Tribunal do Estado Maranhão, 
apresente o imediato julgamento acerca da decisão proferida no juízo de instância inferior, que 
trata da Ilegitimidade Ativa da apelante, para que haja uma reforma nesta decisão e que seja 
reconhecida a Legitimidade Ativa, pois a Apelante é caracterizada como consumidora por 
equiparação, com fundamentado na norma do Código de Defesa do Consumidor, caso do artigo 
7°,assim como está de acordo com o parâmetro do Código Civil, em específico com fulcro no 
artigo 198 e seu inciso I, sobre a não prescrição para a ação. 
 
Aliado a isso, com fulcro em Jurisprudência: 
 
“APELAÇÃO. EXTINÇÃO DO FEITO POR ILEGITIMIDADE ATIVA E 
FALTA DE INTERESSE DE AGIR. CONDIÇÕES DA AÇÃO. 
PRESENÇA. ERROR IN JUDICANDO. TEORIA DA CAUSA 
MADURA. 1-Constata-se a ocorrência de error in judicando quando o 
Juiz aprecia os fatos de forma equivocada ou empresta interpretação 
jurídica errônea sobre a questão debatida. 2-Neste aspecto, cumpre 
reformar a sentença que, equivocadamente, extinguiu o processo por 
ilegitimidade ativa e falta de interesse de agir. 3-Por outro lado, o 
ordenamento processual, diante do princípio da efetividade, quando 
do exame do recurso, autoriza ao Tribunal a realizar o julgamento 
imediato da demanda em caso de extinção do feito sem apreciação do 
mérito com fundamento no artigo 485 (CPC, art. 1.013, § 3º). 4-
Contudo, a ausência de prova de fato constitutivo do direito do autor, 
qual seja, a rescisão do contrato, enseja a improcedência do pedido”. 
(TJ-RJ – APL: 0024065-63.2019.8.19.0204, Relator: DES. MILTON 
FERNANDES DE SOUZA, Data de Julgamento: 04/05/2021, QUINTA 
CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 06/05/2021) 
 
O entendimento jurisprudencial reforça a aplicabilidade da Teoria da Causa Madura, para 
que seja feita a reforma da decisão sem resolução de mérito, proferida pelo juízo a quo, que 
reconheceu a decadência do direito de reclamar da Apelante, assim levando em consideração o 
requisito de que a causa está em condições de imediato julgamento, requer-se a análise de 
mérito sem a necessidade do retorno do processo ao juízo de primeiro grau. 
 
-V- 
DA EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO E DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA 
 
Definindo o CDC como sendo consumidor; toda pessoa física ou jurídica que adquire ou 
utiliza produto ou serviço como destinatário final, sendo que a Requerida é fornecedora de 
produtos e serviços, claramente enquadrados como figura jurídica da relação de consumo, 
afeiçoando-se a relação em tela, como RELAÇÃO DE CONSUMO, estando, pois, sob a égide 
deste diploma. Como lei indubitavelmente protetora, o Código de Defesa do Consumidor, 
preservou para si as definições de seus princípios e norteadores conceitos que enseja. 
 
Hodiernamente, é inconteste a natureza dos serviços e produtos oferecidos pela 
Requerida, quais sejam eles de caráter comunicativo ao consumidor, por meio de venda e 
prestação de serviços. A aplicabilidade, portanto, das disposições do Código de Defesa do 
Consumidor para o caso concreto, é inevitável. Como preceitua a jurisprudência atual: 
 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO CIVIL PÚBLICA EM DEFESA 
DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR - INVERSÃO DO ÔNUS DA 
PROVA – POSSIBILIDADE – DEFESA DOS INTERESSES DIFUSOS, 
COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS - 
PRESCINDIBILIDADE DE COMPROVAÇÃO DA 
HIPOSSUFICIÊNCIA NA ESPÉCIE – VEROSSIMILHANÇA 
DEMONSTRADA – DECISÃO REFORMADA NESSE PONTO - 
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Controvérsia centrada na 
discussão sobre a inversão do ônus da prova requerida pelo Ministério 
Público. 2. Segundo a jurisprudência dominante do STJ, a inversão do 
ônus da prova, com base nos artigos 6º, VIII, e 117, ambos do Código 
de Defesa do Consumidor, artigos 18 e 21, da Lei nº 7.347/85, tem 
como fundamento a proteção e facilitação dos direitos do titular do 
bem difuso (consumidor, no caso), e não o Ministério Público 
(legitimado extraordinário), não sendo exigido que este órgão tenha de 
demonstrar sua hipossuficiência, de modo que a medida é plenamente 
cabível. 3. Havendo elementos suficientes nos autos a respeito da 
verossimilhança das alegações do autor sobre a precariedade dos 
serviços de telefonia móvel, deve ser deferido o requerimento de 
inversão do ônus da prova. 4. Agravo de Instrumento conhecido e 
provido. 
(TJ-MS - AI: 14008332320238120000 Campo Grande, Relator: Des. 
Paulo Alberto de Oliveira, Data de Julgamento: 10/05/2023, 3ª Câmara 
Cível, Data de Publicação: 12/05/2023) 
 
 
Assim Excelência, na relação de consumo, que ora se afigura, à qual se adapta ao 
fornecimento de produto e prestação de serviços desempenhados pela Ré, é, sem sombra de 
dúvida, a requerente vulnerável e hipossuficienteperante o poderio financeiro da mesma, sendo 
certo que deve o Judiciário não só determinar medidas assecuratórias ao direito do consumidor, 
como inclusive, dar soluções alternativas para as questões controvertidas que desta relação 
ganharam vida. 
Na mesma esteira, o art. 51, IV, do CDC, em homenagem aos princípios da boa-fé e do 
equilíbrio nas relações de consumo, estipula serem nulas de pleno direito as cláusulas 
contratuais abusivas relativas ao fornecimento de produtos e serviços. Além disso, o art. 6°, VIII, 
do mesmo diploma legal, autoriza o juiz a inverter ônus da prova em benefício do consumidor, 
sempre que este for hipossuficiente ou fizer alegações que, sob as circunstâncias do caso 
concreto, se mostrarem verossímeis, segundo as regras ordinárias de experiência. 
Ademais, em decorrência da reconhecida vulnerabilidade e hipossuficiência da parte 
requerente-consumidora - sobretudo quando se tem em vista a notória capacidade técnica e 
econômica da requerida-fornecedora - e da verossimilhança das alegações aqui feitas, pretende 
a demandante seja concedida, em seu favor, a inversão do ônus da prova, a teor do previsto no 
art. 6°, VIII, do CDC. 
 
-VI- 
DO DEFEITO DO PRODUTO E DA RESPONSABILIDADE CIVIL E OBJETIVA DO 
FABRICANTE 
 
A Carta Magna, no seu art. 37, § 6°, levanta o Princípio da Responsabilidade Objetiva, 
pelo qual o dever de indenizar encontra amparo no risco que o exercício da atividade do agente 
causa a terceiros, em função do proveito econômico daí resultante, senão vejamos: 
Art. 37, § 6°. As pessoas jurídicas de direito público e as de direitos 
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos 
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado 
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. 
 
Como notoriamente vem se manifestando a jurisprudência pátria, apesar do supracitado 
artigo referir-se ao serviço público, por analogia, o mesmo deve ser aplicado às empresas 
privadas. 
 
Neste sentido ainda, estabelece o art. 12 do Código de Defesa do Consumidor que: 
 
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, 
e o importador respondem, independentemente da existência de 
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por 
defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, 
fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus 
produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas 
sobre sua utilização e riscos. 
§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele 
legitimamente se espera, levando-se em consideração as 
circunstâncias relevantes, entre as quais: 
I - sua apresentação; 
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
III - a época em que foi colocado em circulação. 
 
Assistindo aos consumidores a presunção legal da sua proteção como dito no 1° princípio 
em que se funda a Política Nacional das Relações de Consumo, na qual o reconhecimento da 
vulnerabilidade do consumidor frente ao fornecedor, assim dita no inciso I, do art. 4°, do CDC, in 
verbis: 
 
"A política Nacional de Relações de Consumo tem por objetivo o 
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua 
dignidade, saúde (...) 
 
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de 
consumo; (...)" 
 
Alude aos Juízes a permissão para a intervenção nas relações de consumo, a fim de dar 
soluções alternativas às questões controvertidas que desta relação ganharam vida. Ao analisar 
a questão, Vossa Excelência não será um mero servidor da vontade das partes, mas um ativo 
implementador da Justiça, tendo sempre como objetivo a equidade das partes. 
 
Como bem postula o art. 8º, § 1º, do CDC, a empresas que colocam produtos em 
circulação no mercado, devem garantir aos consumidores as medidas que garantam a 
segurança e prevenção de danos à saúde, bem como mantê-los informados dos possíveis riscos: 
 
Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não 
acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto 
os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua 
natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer 
hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu 
respeito. 
 § 1º Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar 
as informações a que se refere este artigo, através de impressos 
apropriados que devam acompanhar o produto. 
 
Portanto, Excelência é inconteste que o produto era defeituoso, e a informação pertinente 
aos riscos foi ocultada da requerente, o que ocasionou grave dano à sua integridade física. Dessa 
sorte, não restam dúvidas de que a situação em tela gerou transtornos à requerente que 
ultrapassou o mero aborrecimento, não havendo boa fé por parte da empresa ré (art.4º da Lei 
8.078/90), devendo ser aplicado o disposto no Art. 6º, VI do CDC. 
 
-VII- 
DO DANO MORAL 
 
Os danos morais trata da obrigação de indenizar, o Código Civil, determina em seu art. 
927, do Código Civil: 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a 
outrem, fica obrigado a repará- lo. 
 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, 
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou 
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano 
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
 
Na caso em tela, é evidente a existência do dano moral sofrido pela autora pois após a 
explosão do aparelho celular, veio a perder a visão de um dos olhos, na época do acidente a 
mesma tinha 13 anos. 
 
São direitos básicos do consumidor previstos no Art. 6° incisos I e VI: 
 
I- A proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados 
por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados 
perigosos ou nocivos; 
VI- A efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, 
individuais, coletivos e difusos. 
 
Quando o produto adquirido explode, causando danos físicos ou materiais, fica evidente 
a violação aos direitos previstos no CDC, a partir do momento que deixa de oferecer segurança 
e apoio ao consumidor. 
 
Vejamos uma jurisprudência a respeito: 
 
*"Ação de Indenização por Danos Materiais e Morais". Compra e 
venda de aparelho celular "Motorola G8 Play". Consumidor 
demandante que alega o superaquecimento da bateria com a 
consequente explosão do celular durante o período de vigência da 
garantia. SENTENÇA de parcial procedência. APELAÇÃO só da ré, 
que insiste no decreto de improcedência, sob a argumentação de 
culpa exclusiva do consumidor, pugnando subsidiariamente pela 
redução da indenização moral arbitrada e pela restituição do aparelho 
danificado. EXAME: Relação contratual que se sujeita às normas do 
Código de Defesa do Consumidor. Mau uso do aparelho não 
comprovado. Ré que não se desincumbiu do ônus de provar a 
existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do 
autor, "ex vi" do artigo 373, inciso II, do Código de Processo Civil. 
Restituição do valor desembolsado pelo consumidor corretamente 
determinada. Padecimento moral indenizável configurado. 
Indenização moral arbitrada em R$ 5.000,00, que deve ser mantida no 
mesmo patamar ante as circunstâncias específicas do caso concreto 
e os parâmetros da razoabilidade e da proporcionalidade. Aparelho 
celular danificado que deve ser devolvido à ré após a restituição do 
valor pago. Sentença parcialmente reformada. RECURSO 
PARCIALMENTE PROVIDO.* 
(TJ-SP - AC: XXXXX20218260439 SP XXXXX-46.2021.8.26.0439, 
Relator: Daise Fajardo Nogueira Jacot, Data de Julgamento: 
25/02/2022, 27ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 
25/02/2022) 
 
É notório o dano moral sofrido pela autora, pois a perda da visão ocasionada pela 
explosão, dificultou sua vida ao longo dos anos. Sendo o valor cabível e justo de R$30.000,00(Trinta mil reais) a título de danos morais. 
 
-VIII- 
DO DANO ESTÉTICO 
 
O dano estético possui natureza constitucional, pois trata-se de um desdobramento das 
garantias fundamentais da saúde e da imagem, previsto no art. 6º e art. 5º, inciso X, ambos da 
Constituição Federal. 
Em decorrência dos fatos anteriormente narrados a apelante sofreu não só danos 
psicológicos como estéticos, com a perda da visão do olho direito, que durante todo esse tempo 
a deixou com sequelas. 
Não obstante o amparo constitucional, o dano estético também se encontra previsto pela 
lei infraconstitucional, uma vez que está amparada no Código Civil pelo seguinte artigo: 
Art. 949 - No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor 
indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros 
cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo 
que o ofendido prove haver sofrido.. 
Do mesmo modo, a lesão adveio em razão do acidente que comprovadamente fora 
causado por defeito no produto comprado. 
 
No teor do art. 12 do CDC, é evidente que o fabricante deve indenizar a apelante, 
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos ao produto. 
 
Cabe observar que se trata de um produto recém adquirido, com 2 meses de uso, e que 
sua explosão não deveria ser comum para produtos duráveis. Sabe-se que qualquer pessoa que 
adquire um aparelho, objeto de porte durável, possui a expectativa de que o bem em comento 
se apresente em perfeitas condições, na medida em que inexiste qualquer justificativa plausível 
para que o produto seja entregue contendo defeitos ou vícios. 
 
Consoante jurisprudência pacífica do STJ, são cumuláveis as indenizações por danos 
estéticos e por danos morais, porquanto se prestam a finalidades distintas (Súm. n° 387 do STJ): 
 
Voto nº 1.415. Recurso Inominado interposto pela Ré. Consumidor. 
Ação indenizatória por danos materiais, morais e estéticos. Explosão 
de aparelho celular que provocou queimaduras de segundo grau no 
recorrido (fls. 23/30). Preliminar de incompetência do Juizado pela não 
realização de prova pericial. Rejeitada. Elementos probatórios 
existentes suficientes para julgamento do feito no estado que se 
encontrava. Danos materiais comprovados. (...). Dano moral 
configurado. "Quantum" arbitrado em R$12.120,00. Indenizações 
proporcionais e razoáveis. Sentença de parcial procedência mantida 
por seus próprios fundamentos. Recurso improvido. 
(TJ-SP - RI: 10446007820218260576 SP 1044600-
78.2021.8.26.0576, Relator: Marco Aurélio Gonçalves, Data de 
Julgamento: 16/12/2022, 5ª Turma Cível, Data de Publicação: 
16/12/2022) 
 
No entanto, deve ficar claro que a reparação do dano estético não tem por finalidade curar 
a dor da ofendida, ora apelante, pois nenhum valor pecuniário poderia compensar a integridade 
física que foi abalada. A questão pecuniária aqui visa apenas amenizar o sofrimento da apelante, 
para que não fique a sensação de impunidade perante todo o ocorrido. 
 
Portanto, pugna a Apelante, desde já, pela reforma da sentença, ao passo que são 
cabíveis os danos estéticos, o que se requer o aporte de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) pelos 
danos estéticos sofridos. 
 
-IX- 
DOS PEDIDOS 
 
Diante do exposto, com fundamento no art. 1009 e seguintes do Código de Processo Civil, 
requer: 
 
1) Que o presente Apelo seja conhecido e no mérito PROVIDO, para reformar a decisão 
de base, no sentido de acolher o pedido inicial da Apelante, reconhecendo a 
legitimidade ativa da Autora, pois de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, 
no art. 17° “consumidor por equiparação” possuindo assim legitimidade ativa para 
demandar a ação; 
2) Dar provimento ao apelo para afastar a prejudicial prescrição visto que não há 
prescrição contra incapazes, nos termos do artigo 198, I, do Código Civil. 
3) Que seja condenada a Apelada por danos morais no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil 
reais), com fundamento no Art. 6º, VI do CDC; 
4) Que seja condenada a Apelada também, por danos estéticos no valor de R$ 50.000,00, 
com fundamento no Art. 6º, VI do CDC; 
5) Seja reconhecida a inversão do ônus da prova, conforme o art. 6º, VIII do CDC; 
6) Que o (a) eminente julgador(a), exerça o juízo de retratação e reconsidere a decisão 
impugnada, conforme preceitua o art. 485, parágrafo 7º; 
7) Pugna ainda pela condenação em honorários recursais, nos termos do art. 85, §11, do 
CPC/2015. 
 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Mirador-MA, XX de XXXX de XXXX 
 
Advogado(a): XXXXXXX 
OAB: XXXXXX

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