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AO JUÍZO DO 7º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E DAS RELAÇÕES DE CONSUMO DA COMARCA DE SÃO LUÍS DO ESTADO DO MARANHÃO WENDEL, brasileiro, estado civil, profissão, inscrito sob o nº de CPF..., portador do RG nº... SSP, detentor do endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., nº..., Bairro Renascença, na cidade de São Luís, Maranhão, CEP..., vem por intermédio do seu advogado que ao final assina (procuração anexa), inscrito na OAB sob o nº..., com endereço profissional sito a Rua... e com endereço eletrônico..., no qual recebe as notificações e intimações (art. 77, V do CPC), vem perante este juízo, com fulcro nos artigos 300, §2º e 319 e ss. do Código de Processo Civil, propor AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM DANOS MORAIS E PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA Em face da empresa VIVA VIDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº..., com sede na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade – UF, CEP..., endereço eletrônico; SALE ADMINISTRADORA DE BENEFÍCIOS, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº..., com sede na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade – UF, CEP..., endereço eletrônico e SERASA EXPERIAM, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº..., com sede na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade – UF, CEP..., endereço eletrônico, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: 1. DOS FATOS Trata-se de um contrato de plano de saúde celebrado entre o Requerente e as duas primeiras Requeridas - empresa operadora de serviços, VIVA VIDA e sua Administradora (SALE Administradora de Benefícios) -. A vigência do contrato iniciou-se no ano de 2013, com vencimento mensal de pagamento acordado para todo dia 10 de cada mês. Ocorre que, após certo tempo, o Requerente manifestou desinteresse pela continuidade dos serviços prestados pelo plano de saúde, motivação que encabeçou a solicitação de cancelamento, antes da data de vencimento, via telefone, mais precisamente no dia 04/09/2022, mediante protocolo de atendimento nº 123456789, conforme prova em anexo. Após o cancelamento, o autor foi surpreendido com o recebimento de um boleto de cobrança com valor equivalente à importância de R$ 634,31 (seiscentos e trinta e quatro reais e trinta e um centavos), referente à mensalidade de setembro de 2022. Referida cobrança, além de ilegal é totalmente abusiva, haja vista que, a data da solicitação do cancelamento do plano de saúde deu-se em 04/09/2022, não tendo havido qualquer tipo de utilização dos serviços, em data posterior. Em 17/09/2022, através de novo protocolo de atendimento de nº 87654321 (em anexo), o autor contactou novamente a requerida a fim de contestar o supracitado valor e ratificou o protocolo referente à solicitação do cancelamento definitivo do plano, dando ênfase que só poderiam cobrar o valor proporcional até a data de solicitação de cancelamento (de 11/08/2022 a 04/09/2022), não obtendo êxito no seu intento. Em razão da cobrança indevida, o autor não efetuou o pagamento. Após mais de 20 tentativas de solucionar o problema, a primeira Requerida não considerou a apresentação do protocolo registrado no dia 04/09/2022. Em virtude do não pagamento indevido, o autor vem recebendo ligações de cobrança, já tendo, inclusive, o registro do seu nome no cadastro de inadimplentes do Serasa Experian, pela segunda Requerida - SALE Administradora de Benefícios -, o que ensejou a redução do seu score. Não bastassem todos os transtornos gerados, atendimentos frustrados, cobranças indevidas, ainda deixaram de enviar notificação, por escrito, do referido registro no Serasa. Cansado de seguir na via crucis e cientificado que não retirariam o valor cobrado, muito menos a retirada do seu nome do cadastro de inadimplentes, não lhe restou outra alternativa senão a via judicial, como última sentinela na realização do seu direito, que objetiva pleitear o cancelamento da cobrança indevida, bem como a retirada do seu nome do cadastro de inadimplentes, almejando indenização, em face dos danos sofridos. 2. DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA 2.1 DA RELAÇÃO DE CONSUMO O Código de Defesa do Consumidor (Lei n°8.078//1990), aduz que a relação de consumo é composta por três elementos fundamentais, são eles: consumidor, fornecedor e produto/serviço. Como prevê o art. 2º da referida lei, dessa forma, portanto fica evidente a existência da relação de consumo no caso, senão veja: Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara- se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Cumpre mencionar que o Código de Defesa do Consumidor, traz a definição de fornecedor, mais precisamente no art. 3°, caput: Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Já o serviço, é definido no art. 3º, § 2º da referida lei, assim faz-se necessário demonstrar: § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. A inequívoca relação consumerista se confirma nos artigos supracitados, assim como, a relação é norteada não só pela letra da lei, mas pelos princípios gerais que buscam resguardar a proteção e os direitos de defesa do consumidor, caracterizado como hipossuficiente diante dessa relação. Reconhecer a vulnerabilidade do consumidor é a essência do sistema de proteção que nele se apoia, reconhecendo que as partes são desiguais, evita- se a perpetuação da desigualdade, assim como se assegura o tratamento isonômico das partes. À proposito, o art. 2°, parágrafo único do CDC, traz o conceito de consumidor por equiparação, que se deriva da coletividade de pessoas ainda que indetermináveis que haja intervindo das relações de consumo. Assinale-se, ainda, que o art. 17, da supracitada lei, também faz referências ao consumidor por equiparação, tendo em vista que todas as vítimas do dano causado pelo fato do produto e do serviço. À luz das informações contidas, é indubitável que a relação entre os litigantes é de consumo, visto que houve uma prestação de serviço por parte dos Requeridos, uma vez que não agiram de boa-fé diante das demandas do consumidor, não cabendo controvérsias de dano ao Requerente a respeito dos fatos aqui expostos (em anexo). 2.2 DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA A inversão do ônus da prova é um direito básico do consumidor, matéria de ordem pública e interesse social, delineia-se a partir do poder econômico ou do conhecimento técnico do fornecedor que detém a obrigação de provar as alegações do autor, nesse sentido, o art. 6º, do Código de Defesa do Consumidor define: Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; Vejamos o que diz a doutrina acerca do tema: "Um dos aspectos mais relevantes do Código de Defesa do Consumidor é a possibilidade de inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII, [do CDC]. [...] façamos algumas observações importantes sobre esta inversão [...]: É ope iudicis (a critério do juiz), ou seja, não se trata de inversão automática por força de lei (ope legis). Obs: no CDC, existem outros casos de inversão do ônus da prova e que são ope legis (exs: art. 12, § 3º, II; art. 14, § 3º, I e art. 38)." http://www.dizerodireito.com.br/2012/03/stj- define-que-inversao-do-onus-da.html Os tribunais seposicionam na mesma linha de raciocínio do Código de Defesa do Consumidor, como veremos abaixo: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER E DE PAGAR COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA. PLANO DE SAÚDE. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DO CDC. 1. Consoante enunciado da Súmula n. 608, do STJ, 'Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão'. 2. Constatada a verossimilhança das alegações ou hipossuficiência da consumidora, perfeitamente possível a inversão do ônus da prova, nos termos do inciso VIII, do artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJ-GO - AI: 05291794420198090000, Relator: Des(a). NELMA BRANCO FERREIRA PERILO, Data de Julgamento: 23/03/2020, 4ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ de 23/03/2020). É inconteste que o autor demonstra fatos verossímeis, como se nota a partir das provas mínimas em anexo, portanto é cabível a inversão do ônus da prova, pois o polo passivo da demanda se ocupa por três consolidadas empresas, que se encontram em relação de superioridade ao polo ativo da presente lide. Neste sentido, quaisquer informações e alegações aqui expostas, devem ser comprovadas pelas Requeridas do contrário, além de serem obrigadas a prestar informações que negam ao Requerente. 2.3 DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA Nas relações de consumo, há uma relação conhecida como cadeia de fornecimento de serviços, onde todos aqueles que fizerem parte da relação deverão responder solidariamente pelos danos causados aos consumidores, senão, veja-se: AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA. ATRASO NA ENTREGA DO IMÓVEL. INTEGRANTE DA CADEIA DE FORNECIMENTO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. PRECEDENTES. LUCROS CESSANTES. PREJUÍZO PRESUMIDO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. AGRAVO DESPROVIDO. 1. O entendimento do STJ é no sentido de que, em uma relação de consumo, são responsáveis solidários, perante o consumidor, todos aqueles que tenham integrado a cadeia de prestação de serviços. Precedentes. 2. A Segunda Seção desta Corte Superior, no julgamento do REsp n. 1.729.593/SP, desta relatoria, submetido ao rito dos recursos repetitivos, pacificou o entendimento de que, no caso de atraso na entrega do imóvel, no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida, é presumido o prejuízo do comprador, consistente na injusta privação do bem, a ensejar a reparação material. 3. Agravo interno desprovido. (STJ - AgInt no REsp: 1822431 SP 2019/0180498-0, Relator: Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Julgamento: 08/06/2020, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 12/06/2020). O Código de Defesa do Consumidor prevê a responsabilidade solidária de todos os agentes envolvidos na atividade de colocação do produto ou do serviço no mercado de consumo. Ou seja, a necessidade de responder por quaisquer falhas ou danos abrange não apenas quem manteve contato direto com o consumidor (comerciante), mas também os fornecedores que tenham participado da cadeia de produção e circulação do bem (fabricante, produtor, construtor, importador e incorporador). Vejamos mais um julgado que esboça a responsabilidade solidária daqueles que participam da cadeia de fornecimento de serviços: “A teor do que dispõem os artigos 7º, parágrafo único, c/c o 25 e parágrafos, todos do CDC, a obrigação de indenizar os danos causados ao consumidor recai sobre todos os fornecedores que se encontram na cadeia econômico-produtiva, de modo que tanto a empresa franqueada como a franqueadora, rés na hipótese em apreço, por participarem da mesma cadeia de fornecimento de serviços, respondem solidariamente por eventuais danos experimentados pelo consumidor. 2. O contrato de franquia não afasta a responsabilidade do franqueador por danos ocorridos nas relações de consumo, relativos à prestação dos serviços. Tese de ilegitimidade passiva afastada."Acórdão 1341903, 00071086820158070007, Relator Des. GETÚLIO DE MORAES OLIVEIRA, Sétima Turma Cível, data de julgamento: 19/5/2021, publicado no DJe: 11/6/2021. Inegável, ante os fatos e jurisprudência consolidada, que, tanto a operadora de plano de saúde VIVA VIDA quanto a Administradora de serviços SALE, respondem de forma solidária aos danos causados ao Requerente, na medida em que causaram transtornos ao mesmo, participando da mesma cadeia de fornecimento de serviços, devendo, portanto, serem responsabilizados 2.4 DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER POR PARTE DAS REQUERIDAS Com base nos fatos supracitados o Requerente sempre realizou o devido pagamento das faturas na data determinada e quando iniciou a cobrança indevida, buscou a empresa para solucionar tal problema. Sendo assim, na presente relação de consumo foi violado o dever obrigacional da boa-fé objetiva pela prestadora de serviço, conforme o artigo 422 do CPC: Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. À vista do artigo citado, é notório a violação do dever obrigacional e boa- fé das requeridas, em especial nos atos abusivos de ligações excessiva por parte da SALE ADMINISTRADORA DE BENEFICIOS e a inclusão indevida do nome do requente no cadastro de inadimplentes do site SERASA EXPERIAN. 2.4.1 OBRIGAÇÃO DE FAZER PARA CESSAR AS LIGAÇÕES EXECESSIVAS Conforme o artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), o consumidor não pode ser exposto ao ridículo ou ao constrangimento nas ligações, mesmo em casos em que a pessoa esteja inadimplente. É expresso, também, no artigo que chamadas excessivas e em horários impróprios configuram ligações abusivas, pois invadem a tranquilidade e intimidade do consumidor. Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. Segue o entendimento dos Tribunais Superiores: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS NEGATIVAÇÃO EM CADASTRO DE INADIMPLÊNCIA - TU- TELA DE URGÊNCIA DEFERIDA PARA RESTABELECIMENTO DE SCORE - OBRIGAÇÃO QUE NÃO PODE SER IMPUTADA AO RESPON SÁVEL PELO APONTAMENTO - DECISÃO REFORMADA EM PARTE - RE- CURSO PROVIDO Na hipótese, além de não constar dos autos provas acerca do score anterior ao apontamento da dívida, não se vislumbra que a obrigação para que seja procedido ao restabelecimento do estado antecedente à negativação possa ser imposta ao agravante, eis que não tem gerência direta sobre a referida pontuação. Não há óbice para que seja determinada a expedição ofício ao órgão responsável pelo dado para que informe o histórico do interessado e a pontuação anterior à negativação, restabelecendo-a ou informando a impossibilidade de assim proceder. Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul TJ-MS- Agravo de Instrumento: AI XXXXX-90.2021.8.12.0000 MS XXXXX- 90.2021.8.12.0000. São denominadas abusivas as ligações de cobrança de dívidas e as de vendas de telemarketing. A primeira diz respeito às empresas que cobram os valores em atraso dos consumidores. É de direito que essa cobrança seja feita pela credora, mas não deve exceder com ameaças e coações. No presente caso a Administradora Sale de forma vexadora excedeu nas ligações de cobrança. Dessa forma reque-se que cesse as devidas ligações. 2.4.2 OBRIGAÇÃO DE FAZER PARA RETIRADA DO NOME NO SERASA EXPERIAN E RESTABELICMENTO DE SCORE Sendo percebido que a cobrança realizada é indevida, não restando duvidas e cristalina a obrigação por parte da requerida SRASA EXPRERIAN, no implica o rebaixamento do score em virtude da cobrança, atrelado aos dados pessoais da parte Autora, impactando diretamente na avaliação dos riscos quando da concessão de crédito ao consumidor, já que ainda lhe recai a pecha de mau pagador, se revela abusivo, por constranger o consumidor a pagar por obrigação inexigível judicialmente, razão por que está caracterizada a condutaabusiva perpetrada pela ré, ensejando responsabilidade na reparação dos danos eventualmente causados. Frise-se que a cobrança foi realizada de forma errônea. Ressalte-se que a Resolução Normativa nº 412 de 10 de novembro de 2016, apesar de hoje encontrar-se revogada pela Resolução nº 512 de 15/12/2022, pelo Princípio Tempus Regit Actum, deve ser aplicada ao caso sob comento, na medida em que era a Resolução vigente ao tempo da existência da relação contratual entabulada, devendo ser observada para fins de responsabilização das Requeridas. Veja o que dispõem os arts. 4º e 15, da Resolução Normativa nº 412/2016: Art. 4º - O cancelamento do contrato de plano de saúde individual ou familiar poderá ser solicitado pelo titular, das seguintes formas: I - omissis; II - por meio de atendimento telefônico disponibilizado pela operadora (sem grifos no original). Art. 15. Recebida pela operadora ou administradora de benefícios a solicitação do cancelamento do contrato de plano de saúde individual ou familiar ou de exclusão de beneficiários em plano coletivo empresarial ou coletivo por adesão, a operadora ou administradora de benefícios, destinatária do pedido, deverá prestar deforma clara e precisa, no mínimo, as seguintes informações: I - omissis; II - efeito imediato e caráter irrevogável da solicitação de cancelamento do contrato ou exclusão de beneficiário, a partir da ciência da operadora ou administradora de benefícios (sem grifos no original). III - as contraprestações pecuniárias vencidas e/ou eventuais coparticipações devidas, nos planos em pré- pagamento ou em pós pagamento pela utilização de serviços realizados antes da solicitação de cancelamento ou exclusão do plano de saúde são de responsabilidade do beneficiário; IV - as despesas decorrentes de eventuais utilizações dos serviços pelos beneficiários após a data de solicitação de cancelamento ou exclusão do plano de saúde, inclusive nos casos de urgência ou emergência, correrão por sua conta; Segue o entendimento dos Tribunais Superiores: Ementa APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓ- RIA POR DANOS MORAIS - COBRANÇA INDEVIDA - LIGAÇÕES DA RÉ COBRANDO DIVIDA DE OUTRA PESSOA DANOS MORAIS - QUANTUM INDENIZATÓRIO MANTIDO PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE - RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. Não se desconhece que, em regra, a mera cobrança indevida é incapaz de ensejar a responsabilização em danos morais. Contudo, o presente caso possui peculiaridades que permitem concluir pela sua ocorrência; quais sejam, a falha na prestação do serviço e a desídia da apelada; uma vez que as cobranças e as ligações somaram dezenas de chamadas em diversos horários, até mesmo fora do horário comercial e mesmo após a autora ter realizado reclamação junto ao PROCON, O objetivo da indenização não é o de ressarcimento, mas sim de compensar a vítima pelo prejuízo extrapatrimonial sofrido, além de se constituir em punição ao praticante do ato lesivo, de forma que lhe demova da prática de novos atos. Dessa forma, devem ser consideradas as condições econômicas dos envolvidos, a culpa do ofensor, a extensão do dano causado ao ofendido, além de observância aos princípios da razoabilidade proporcionalidade. Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul TJ-MS- Apelação Cível: AC XXXXX-46.2020.8.12.0008 MS XXXXX- 46.2020.8.12.0008. Não se pode, no presente caso, olvidar a falta do dever obrigacional do SERASA EXPERIAN, bem como a exclusão do nome do Requerente do cadastro de inadimplentes (SERASA) e restabelecer o score do mesmo. 2.5 DO DANO MORAL Flávio Tartuce diz que a tese pela reparabilidade dos danos imateriais tornou-se pacífica com a Carta Política de 1988. Antes disso não existia a possibilidade a reparação por dano moral, eis que tanto a doutrina quanto a jurisprudência tinham dificuldades na visualização da sua determinação e quantificação. Acrescente-se que para sua reparação não se requer um preço para dor ou sofrimento, mas sim um meio de atenuar, em parte, as consequências do prejuízo imaterial, constituindo, desta feita, verdadeira reparação por pelos prejuízos imateriais sofridos. O dano moral é lesão aos direitos da personalidade, de pessoa natural ou jurídica. A indenização por dano moral encontra respaldo na Constituição Federal em seu art. 5º, incisos V e X, senão veja-se: V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 2.5.1 DO DANO MORAL EM RAZÃO DAS LIGAÇÕES EXCESSIVAS Em lógica decorrência dos fatos narrados e dos documentos que acompanham a inicial (em anexo), não restam dúvidas acerca do dever de indenizar. O Requerente foi gravemente surpreendido por uma cobrança indevida e abusiva ficando constrangido, com o excesso de vezes em que foi cobrado, via telefone. Convém ressaltar, que as sanções aplicáveis aos devedores inadimplentes, só serão cabíveis se o inadimplemento resultar de sua culpa, portanto, não responderá o devedor nas hipóteses em que o não cumprimento decorrer de caso fortuito ou circunstância de força maior. Não nos esqueçamos que esta possibilidade se encontra aclarada no caso em comento, partindo do ponto, que o Requerente se tornou inadimplente mediante a indevida cobrança. O artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor, prevê as inadequadas posturas que veemente são reprimidas ao se efetuar cobranças, bem como, o artigo 71 do mesmo código, disserta acerca da perturbação do sossego, vejamos: Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer: Nessa mesma lógica os tribunais vêm decidindo, conforme se lê: Recurso inominado – OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – Ligações de cobrança - Sentença reconheceu como abusivas as cobranças promovidas pela Recorrente em face do consumidor inadimplente, ante a apresentação de evidências de que foram efetuadas ligações ao Recorrido, de forma insistente e exagerada (dezenas em um mesmo dia). Foram reconhecidos danos morais causados pelo ato ilícito, fixada a indenização de R$ 3.000,00. Analisando as provas acostadas aos autos, resta evidenciado que as tentativas de cobrança da dívida do autor foram feitas de forma incisiva e insistente, ultrapassando os limites do exercício regular do direito e atingindo direito da personalidade do Recorrido. Conduta que extrapola os meios legais de receber a dívida, traduzindo, na realidade, em cobrança vexatória, prática vedada no ordenamento jurídico, a teor do art. 42 do Código de Defesa do Consumidor, que prevê: "Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça". Os danos morais foram bem reconhecidos e o valor da indenização é adequado e justo, inclusive para desencorajar a requerida a reiterar na prática abusiva. MULTA DIÁRIA – Condenação da recorrente à obrigação de se abster de efetuar mais do que cinco ligações de cobrança diárias ao autor – Fixação de multa no valor de R$ 200,00 para cada ligação que exceder o limite fixado – Valor da multa fixado com razoabilidade – Obrigação de fácil cumprimento - Mantida a Sentença por seus próprios fundamentos na forma do art. 46 da Lei n.º 9099/95, negando-se provimento ao recurso. Condeno a Recorrente em honorários advocatícios fixados em 20% sobre o valor da condenação. É como voto. (TJ-SP - RI: 10004073320218260590 SP 1000407-33.2021.8.26.0590, Relator: Luciana Viveiros Corrêa dosSantos Seabra, Data de Julgamento: 04/07/2022, 1º Turma Cível - Santos, Data de Publicação: 04/07/2022). Fica evidente que cobranças insistentes por meio de inúmeras ligações em diversos horários diferentes, ocasionaram a perturbação do sossego do Requerente. Portanto, se encontra disposto o dever de ressarcimento por danos morais decorrentes da prática abusiva das Requeridas – VIVA VIDA e SALE ADMINISTRADORA DE BENEFÍCIOS- devendo adimplir a importância de R$ 8.000,00 (oito mil reais), a fim de compensar o transtorno. 2.5.2 DO DANO MORAL EM RAZÃO DA PERDA DO TEMPO ÚTIL Em breve síntese, cabe consubstanciar que o Requerente recorreu as vias administrativas na esperança de solucionar o intento, porém, não obteve êxito. Conforme consta as provas (em anexo), o Requerente, efetuou mais de 20 (vinte) ligações as Requeridas, – VIVA VIDA e SALE ADMINISTRADORA DE BENEFÍCIOS. A inércia em solucionar a lide, deram enredo a subtração do tempo útil do Requerente, afigura-se legitima a pretensão indenizatória, por força do desgaste e significativo tempo despendidos na tentativa de solução extrajudicial do intento. O tempo tornou-se um bem precioso na atualidade, portanto é inadmissível que o judiciário venha a consubstanciar com tal prática, vejamos como atualmente estão se posicionando: EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - PERDA DO TEMPO ÚTIL DO CONSUMIDOR - OCORRÊNCIA - VALOR - PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. - É cabível a condenação da requerida ao pagamento de indenização por dano moral decorrente da má prestação do serviço, ao efetuar evidente cobrança indevida ao autor, ocasionando-lhe considerável perda de tempo útil - O valor da indenização por danos morais deve ser ponderado e quantificado em conformidade com os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. (TJ-MG - AC: 10000212528665001 MG, Relator: Aparecida Grossi, Data de Julgamento: 06/04/2022, Câmaras Cíveis / 17ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 08/04/2022). O esforço e a desnecessária perda do tempo útil empregado para a solução dos problemas do Requerente, que não obteve solução dos seus reclames na via administrativa, segundo a Teoria do Desvio Produtivo do Consumidor, sendo o meio pelo qual foi solicitado por via call center, são circunstâncias que extrapolam o limite do mero aborrecimento, devido a perda de tempo. Portanto, a fim de minimamente sanar os inúmeros prejuízos causados ao Requerente, requer que sejam os Requeridos- – Empresa VIVA VIDA e SALE ADMINISTRADORA DE BENEFÍCIOS- condenados ao pagamento de Indenização por Danos Morais em razão da Perda do Tempo útil, no importe de R$ 8.000,00 (oito mil reais). 2.5.3 DANO MORAL EM RAZÃO DA NEGATIVAÇÃO INDEVIDA Sabendo-se que é inexistente o débito atribuído ao Requerente, não se pode olvidar que a Inscrição de seus dados junto ao Órgão de Proteção ao Crédito também ocorreu de forma indevida. Tal restrição ao crédito trouxe diversos problemas e prejuízos ao Requerente, causando a oscilação do seu crédito no mercado, impossibilitando-o de adquirir bens, devido ao seu nome negativado. A própria Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso X, incluiu o dano moral, senão veja-se: X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; A norma civilista, mais precisamente em seus artigos 186 e 187 também é bastante clara quanto às práticas abusivas por parte do fornecedor: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Na mesma linha segue o art. 927 do Código Civil, veja-se: Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Posto isso, é indubitável que houve prejuízo ao Requerente com a inscrição do seu nome junto ao SERASA EXPIRIAN, visto que além de todos os transtornos sofridos, foi-lhe imputado o histórico de mal pagador, ficando evidenciado o dever das Requeridas – Empresa VIVA VIDA e SALE ADMINISTRADORA DE BENEFÍCIOS- ao pagamento de Indenização por Danos Morais pela Negativação indevida, no importe de R$ 8.000,00 (oito mil reais). 22.5.4 DANO MORAL EM RAZÃO DA REDUÇÃO DO SCORE O Código de Defesa do Consumidor, em seus arts. 54-C, inciso II e 54- D, inciso II, prevê que para que haja concessão de crédito no mercado financeiro, deve ser realizada consulta a órgão de proteção ao crédito, senão veja-se: Art. 54-C. É vedado, expressa ou implicitamente, na oferta de crédito ao consumidor, publicitária ou não: (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021) II - indicar que a operação de crédito poderá ser concluída sem consulta a serviços de proteção ao crédito ou sem avaliação da situação financeira do consumidor; (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021) Art. 54-D. Na oferta de crédito, previamente à contratação, o fornecedor ou o intermediário deverá, entre outras condutas: (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021) II - avaliar, de forma responsável, as condições de crédito do consumidor, mediante análise das informações disponíveis em bancos de dados de proteção ao crédito, observado o disposto neste Código e na legislação sobre proteção de dados; (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021). Em consequência da Negativação Indevida, o Requerente teve o seu Score reduzido, encontrando inúmeras dificuldades para conseguir crédito no mercado. Quando isso ocorre, a pessoa passa a ser vista como má pagadora pelo mercado financeiro. Nesse teor, requer a condenação da Requerida – Empresa SERASA EXPERIAN- ao pagamento de Indenização por Danos Morais pela redução do Score, no importe de R$ 8.000,00 (oito mil reais). 2.5.5 DANO MORAL EM RAZÃO DA AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO Contrariando o que determina o Código de Defesa do Consumidor, art. 43, § 2º e o Superior Tribunal de Justiça, por meio da Súmula nº 359, nota-se que em momento algum o Requerente foi NOTIFICADO da inclusão do seu nome no Cadastro de Proteção ao Crédito. A negativação se deu por uma dívida inexistente, uma vez que o Requerente realizou por diversas vezes o pedido de cancelamento, não havendo utilização dos serviços em momento posterior à solicitação. Conforme o artigo. 43 º § 2º do Código de Defesa do Consumidor, faz-se necessário demonstrar: § 2º A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele. A súmula nº 359 expõe o seguinte: STJ – Súmula nº 359 – 13.08.2008 – Dje 08.09.2008 Cadastro de Proteção ao Crédito – Notificação do Devedor – Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição. A jurisprudência também se posiciona nesse sentindo: TJRS – Apelação Cível AC 70042904623 (TJRS) APELAÇÃO CÍVEL. CADASTROS DE INADIMPLENTES. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA REJEITADA. Tem legitimidade passiva a mantenedora dos cadastros, juntamente com o credor, sendo responsável pelo seu registro. Inteligência da Súmula 359 do STJ. CADASTROS DE INADIMPLENTES. PRÉVIA NOTIFICAÇÃO. Inscrição em cadastro de proteção ao crédito sem prévia notificação. Não restou demonstrado o envio da comunicação prévia, o que ofende ao disposto no art. 43, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor. Súmula 359 do STJ. Em decisão monocrática, rejeito a preliminar de ilegitimidade… É inconteste que a falta de comunicação pelo órgão mantenedordos dados configura ato ilícito passivo de indenização, que acabou gerando constrangimento moral, uma vez que o Requerente sempre honrou com seus compromissos e obrigações. O comportamento ignóbil praticado pela requerida SERASA EXPERIAM configura dano moral, sujeitando-se, portanto, a referida empresa, ao pagamento de indenização por Dano Moral ao Requerente. Sendo assim, diante das provas previstas na exordial, nada mais justo que o Requerente venha judicialmente requerer uma deliberação acerca do restabelecimento do “status quo ante” em consequência da reparação pelo Dano Moral sofrido, haja vista a presença dos três pressupostos da responsabilidade civil: a ação da empresa requerida, o dano à honra da parte Requerente e o vínculo casual entre a conduta e o resultado danoso e o caráter dúplice na ação, ou seja, o que penaliza a empresa ofensora, para que ela não possa praticar o ilícito novamente, e compensatória, em prol do ofendido, assim recebendo determinado valor em pecúnia para que possa amenizar os efeitos decorrentes do ato ilícito. Para que essa ação venha alcançar os verdadeiros fins legais, o Requerente pleiteia a condenação da Requerida, ora, SERASA EXPERIAM, no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais), correspondente ao dano moral como forma de restabelecer o dano causado, que foi a negativação sem notificação prévia. 2.5.6 DO DANO MORAL EM RAZÃO DA COBRANÇA INDEVIDA Entre o Requerente Wendel, e as Requeridas – VIVA VIDA E SALE ADMINISTRADORA DE BENEFÍCIOS – emerge uma incontestável hipossuficiência na relação de consumo por parte do Requerente, o que deve ser levado em conta no bojo desse processo. Desse modo, devemos trazer à baila o que preleciona o artigo. 6º, inciso VIII do Código de Defesa do Consumidor: Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; Nesse diapasão, o que o Requerente pleiteia que as Requeridas – VIVA VIDA e SALE ADMINISTRADORA DE BENEFÍCIOS – parem de constrangê- lo, de importuná-lo, que respondam subjetivamente pelo dano causado, haja vista que a dívida aqui mencionada se deu por uma cobrança indevida, CLARA E EVIDENTE, confrontando abusivamente os direitos que resguardam o Requerente. Uma vez demonstrado a cobrança indevida por parte do Requerente e com amparo legal no art. 42º, parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor, cabe ressarcimento do valor cobrado pelo requerido em dobro conforme dispõe a seguir: Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. Estando mais que comprovado o dano causado ao Requerente, incide nos artigos 186 e 927 parágrafo único ambos do Código Civil, o dever das Requeridas em repará-lo, senão veja: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará- lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Além dos artigos acima descritos, muitos outros encontramos dispostos na Legislação Substantiva Civil, todas destacando que o abuso do direito é capaz de originar um dano e, não restando dúvidas da irrefutável falha na prestação do serviço das Requeridas já mencionadas, dando consequência a despropositada cobrança INDEVIDA. Nesses termos, caracterizou-se a existência dos pressupostos essenciais à responsabilidade civil: conduta lesiva, nexo causal e dano, a justificar o pedido de indenização moral, o Requerente pleiteia em face das Requeridas – VIVA VIDA e SALE ADMINISTRADORA DE BENEFÍCIOS – a realizar a devolução em dobro de todo montante cobrado indevidamente pelas Requeridas, acrescidos de juros e correções, e condenação das Requeridas ao pagamento de dano moral no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais), como forma de restabelecer o dano causado. 3. DA TUTELA ANTECIPADA Mediante os fatos, encontram-se presentes os requisitos para a conjectura de tutela de urgência antecipada satisfativa, tendo em vista a evidente presença dos elementos contemplados no caput do art. 300 CPC/2015. A probabilidade do direito pode ser confirmada através do protocolo de atendimento nº 123456789, que ensejou o pedido de cancelamento do plano de saúde, não contemplando qualquer possibilidade de irreversibilidade dos efeitos da sentença. Cumpre-nos assinalar que a insistência do Requerente em resolver a lide, de forma administrativa, perdurou em mais de 20 (vinte) tentativas pelo telefone, ficando mais que evidenciado o total desinteresse da parte Requerida em resolver o problema. Ressalte-se que a cobrança indevida gerou ao consumidor a inscrição de seu nome no cadastro de inadimplentes, ato este que o impossibilita de realizar atividades corriqueiras das relações de consumo, visto que deixa de ter crédito no mercado, não podendo, por exemplo, contrair empréstimos bancários ou realizar quaisquer compras a crédito, consubstanciando o perigo de dano. Dessa forma, o Código de Processo Civil configura a concessão de tutela em caráter antecedente no Art. 300, § 2º: Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo § 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. Encontram-se presentes no caso, os requisitos extraídos do artigo supracitado, “perigo do dano” e “probabilidade do direito”, em consonância com entendimento atual doutrinário, conforme podemos observar: A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo (art. 300, caput, CPC). O preceito legal transcrito condiciona o deferimento de qualquer tutela de urgência, seja antecipatória ou cautelar, ao preenchimento de dois requisitos (genéricos): a)fumus boni juris, consistente na probabilidade do direito invocado pela parte, a qual resulta da confrontação das alegações e dos elementos de prova constantes dos autos que evidenciam, em juízo perfunctório, reais chances de vitória da parte Requerente; b) periculum in mora, materializada no perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo que exijam imediata intervenção jurisdicional para evitar sua concretização. Ao se referir a “perigo de dano”, refere-se a lei à tutela antecipada, enquanto a remissão ao “risco ao resultado útil do processo” remete à tutela cautelar. CUNHA, Maurício F. Direito Processual Civil. (Coleção Método Essencial). [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2022. E-book. ISBN 9786559644742. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9 786559644742/. Acesso em: 25 mar. 2023. Diante disso, é evidente a presença de fundamentos para a análise do magistrado acerca da probabilidade do direito, conforme exorta o art. 305 do CPC/2015, caso em que denota uma situação de urgência, marcada pela existência do perigo de dano. Cabendo a concessão de forma provisória, da tutela de urgência, bem como requer a tutela final para que a parte Requerida retire, imediatamente, o nome do Autor do quadro de devedores. Vejamos como vem se comportando os tribunais nessescasos: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO EM FACE DE SEGURADORA DE PLANO DE SAÚDE. AGRAVADA QUE TEVE O NOME LANÇADO EM CADASTRO RESTRITIVO DE CRÉDITO, REFERENTE A DÉBITO DE PLANO DE SAÚDE CUJO CONTRATO JÁ SE ENCONTRAVA RESCINDIDO. LIMINAR DEFERIDA PARA RETIRADA DO NOME DA AGRAVADA DO CADASTRO RESTRITIVO. Presença dos requisitos do artigo 300, do Código de Processo Civil de 2015. Pelos documentos acostados e o fundado receio de dano irreparável, visto que a permanência do nome da Agravada nos cadastros restritivos de crédito, caso indevida, poderá levar a abalo de crédito e importar restrições financeiras indevidas, logo, encontrados os elementos para a concessão da tutela pretendida. Incidência do verbete sumular nº 59, do TJRJ. Manutenção da decisão. DESPROVIMENTO DO RECURSO. (TJ-RJ - AI: 00781361120208190000, Relator: Des(a). DANIELA BRANDÃO FERREIRA, Data de Julgamento: 18/01/2021, NONA CÂMARA CÍVEL). O direito de retificação de informações dos bancos de dados e a proteção especial do cidadão enquanto consumidor, encontra amparo no texto constitucional em seu Art. 5º, XIV e XXXIII, da CF/1988, bem como, encontra- se em plena harmonia com a legislação do Código de Defesa do Consumidor, (Lei 8.078/90), expõe em seu Art. 48, § 3º: § 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas. Mediante o exposto, requer, o Autor, a retirada de seu nome do cadastro de inadimplentes, pelas Requeridas - Empresa VIVA VIDA e/ou SALE ADMINISTRADORA DE BENEFÍCIOS- mediante os parâmetros de cooperação previstos no CDC; O reestabelecimento do score pela empresa SERASA EXPERIAN e que cessem as ligações de cobranças por parte das empresas- VIVA VIDA e/ou SALE ADMINISTRADORA DE BENEFÍCIOS, a fim de diminuir os danos causados, pois a cobrança motivadora é inadequada, conforme provas, em anexo. Em síntese, demonstram a cobrança de prestação mensal de contrato rescindido, denotando prática maliciosa. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos no presente feito, especialmente por meio de provas documentais, depoimento pessoal das Requeridas, bem como aquelas que puderem ser produzidas na marcha processual. 4. DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer: a) A determinação, por este juízo, em sede de medida liminar, initio litis at inaudita pars, aos requeridos, - Empresa VIVA VIDA e/ou SALE ADMINISTRADORA DE BENEFÍCIOS - para que procedam ao levantamento das restrições cadastrais, em virtude do reconhecimento da inexistência de contrato válido; O reestabelecimento do score pela requerida - SERASA SPERIAN; bem como a determinação para que cessem as ligações de cobranças por parte das empresas- VIVA VIDA e/ou SALE ADMINISTRADORA DE BENEFÍCIOS, no prazo de 72h (setenta e duas horas), a contar da intimação deste decisum, sob pena de aplicação de astreintes no importe de R$ 1.000,00 (mil reais), em caso de descumprimento; b) A citação das partes Requeridas para, conforme dispõe o enunciado 10 do FONAJE, apresentarem resposta, sob pena revelia e confissão ficta, conforme disposto no art. 336 do CPC; c) A inversão do ônus da prova, conforme disposto no Inciso VIII, art. 6º do CDC, por ser a parte autora hipossuficiente, ante a pública e notória desproporcionalidade existente entre o mesmo e os grupos econômicos requeridos; d) A declaração de inexistência de débito do Requerente em razão da extinção do contrato de plano de saúde e fixação de multa diária no importe de R$ 500,00 (quinhentos reais) por ato de cobrança indevida caso venha a ocorrer, a contar de 10 (dez) dias da intimação da sentença; e) A condenação das partes Requeridas (VIVA VIDA e SALE – Administradora de Benefícios), respondendo de forma solidária, ao pagamento da quantia de R$ 8.000,00 (cinco mil reais) a título de Danos Morais, decorrente das excessivas ligações realizadas de cobrança ilegal e abusiva, a ser atualizada monetariamente, a contar da data da sentença, acrescidas de juros legais, a contar da data da citação, conforme dispõe a súmula 362 do STJ; f) A condenação das partes Requeridas (VIVA VIDA e SALE – Administradora de Benefícios), respondendo de forma solidária, ao pagamento da quantia de R$ 8.000,00 (cinco mil reais) a título de Danos Morais, decorrente da perda do tempo útil, a ser atualizada monetariamente, a contar da data da sentença, acrescidas de juros legais, a contar da data da citação, conforme dispõe a súmula 362 do STJ; g) A condenação das partes Requeridas (VIVA VIDA e SALE – Administradora de Benefícios), respondendo de forma solidária, ao pagamento da quantia de R$ 8.000,00 (oito mil reais) a título de Danos Morais, pela inserção do nome do Requerente no Cadastro de Inadimplentes, importância esta a ser atualizada monetariamente, a contar da data da sentença, acrescidas de juros legais, a contar da data da citação, conforme dispõe a súmula 362 do STJ; h) A condenação das partes Requeridas (VIVA VIDA e SALE – Administradora de Benefícios), respondendo de forma solidária, ao pagamento da quantia de R$ 8.000,00 (oito mil reais) a título de Danos Morais, pela cobrança indevida, importância esta a ser atualizada monetariamente, a contar da data da sentença, acrescidas de juros legais, a contar da data da citação, conforme dispõe a súmula 362 do STJ; i) A condenação das Requerida SERASA EXPERIAN, ao pagamento da quantia de R$ 8.000,00 (oito mil reais) a título de Danos Morais, pela falta de notificação, bem como pela redução do score do Requerente, como medida pedagógica a ser aplicada; j) A condenação das Requerida SERASA EXPERIAN, ao pagamento da quantia de R$ 8.000,00 (oito mil reais) a título de Danos Morais, pela falta de notificação, bem como pela redução do score do Requerente, como medida pedagógica a ser aplicada; Dá-se, à causa, o valor de R$ 47.492,55 (quarenta e sete mil, quatrocentos e noventa e dois reais e cinquenta e cinco centavos). Nestes termos, pede deferimento. Cidade, data. Advogado OAB/UF
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