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Portfolio 3 Brasil Colonial e Imperial

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1. Os antecedentes da Independência. 
a) Porque os portugueses vieram para o Brasil no início do século 19? 
 No início do século 19, a Europa era sacudida pelos ventos 
revolucionários da Revolução Francesa e pelas armas e canhões dos exércitos 
de Napoleão Bonaparte. Pela força das ideias e dos fuzis, vários reis em quase 
toda a Europa foram depostos pelas tropas napoleônicas. Os efeitos da 
campanha napoleônica foram muito além de apenas a Europa – houve um 
embate de impérios, uma luta pela supremacia no comércio global, uma batalha 
em que Portugal, um pequeno Estado europeu com vastas possessões 
imperiais, viu-se apanhado entre a Grã-Bretanha e a França, as duas 
superpotências da época. De fato, podemos considerar que a situação europeia 
não era favorável para o reino português. Isso porque, na Península Ibérica, as 
tropas de Napoleão haviam destronado o rei da Espanha e ameaçavam Portugal 
caso este não aderisse ao bloqueio continental imposto por Napoleão Bonaparte 
como meio e forma de enfraquecer o poderio econômico dos ingleses, uma vez 
que Napoleão fora derrotado na batalha naval de Trafalgar, ficando 
impossibilitado de invadir a Inglaterra pelo canal da Mancha. Apesar de tomar 
uma posição de neutralidade no cenário de guerra europeu, Portugal ocupava 
uma posição-chave tanto para a Inglaterra quanto para a França, visto que: O 
país situava-se na borda da Europa napoleônica, encurralado pela Espanha, 
aliada da França. Seus portos marítimos tinham uma localização ideal para o 
comércio do Atlântico, e a posição privilegiada de Lisboa como um porto de 
águas cálidas durante o ano inteiro tornava-a particularmente vulnerável. A 
cidade servia de cabeça-de-ponte na Europa para os britânicos e, para 
Napoleão, era a única brecha séria que restava em seu “Sistema Continental”. 
Lisboa era também o eixo do império de Portugal, a câmara de compensação do 
comércio brasileiro, do qual a Grã-Bretanha tirava enorme proveito, e isso lhe 
dava uma aura de importância numa guerra que começava a se centrar no 
acesso às rotas comerciais. A frota portuguesa, por pequena que fosse, seria um 
bônus a mais na luta contínua de Napoleão para reconstruir sua Marinha. No 
entanto, em função dos acordos econômicos, dentre eles, o tratado de Methuen 
(1703), Portugal havia criado profundos laços de dependência com a Inglaterra. 
Nesse sentido, por um lado, se o reino português cedesse às pressões 
francesas, os ingleses poderiam bombardear o porto de Lisboa, evitando, assim, 
que ele fosse utilizado pelos franceses. Por outro lado, se Portugal não aderisse 
ao bloqueio continental, fatalmente as tropas francesas invadiriam o reino e 
destronariam a dinastia portuguesa. A vida europeia foi marcada por 
acontecimentos relevantes decorrentes do Bloqueio Continental à Grã-Bretanha, 
decretado pelo Imperador Napoleão, em Berlim, no dia 21 de Novembro de 1806, 
após a derrota militar da Prússia. Na estratégia napoleônica de domínio europeu, 
colocou-se, a partir de então, a rendição da potência que assegurava o domínio 
do atlântico, para o que era necessária a neutralização dos países com costa 
europeia atlântica. Era o caso de Portugal, que devia, nessa lógica geopolítica 
aceitar as condições do Bloqueio, salvaguardando a sua paz, ou então sujeitar-
se a um confronto militar. Pelo acordo secreto de 22 de Outubro de 1807, o 
Governo português negociou com o Governo inglês um plano de colaboração 
antinapoleônico, onde constava a partida de Portugal da Família Real e da Corte 
para o Brasil, depois de ser ponderada a hipótese da ilha da Madeira. 
 
b) Como aconteceu a viagem da Corte portuguesa em 1808? 
 A viagem não foi tranquila, visto que houve falta de água potável, comida 
e roupas nos navios superlotados. Além disso, uma tempestade dividiu a frota e, 
novelescamente, um surto de piolhos obrigou as mulheres a cortarem seus 
cabelos. Apesar desses contratempos, toda a comitiva real (pouco mais de 500 
pessoas) chegou ao Brasil em 1808. 
 
c) O que foi a abertura dos portos e quais as principais transformações no 
Rio de Janeiro após a chegada da Corte? 
 A chegada da família real ao Brasil trouxe uma série de mudanças na vida 
colonial. Assim, uma das primeiras medidas adotadas pelo regente D. João, uma 
vez que a rainha D. Maria I havia enlouquecido, foi decretar a abertura dos portos 
para as nações amigas. Na verdade, a grande nação amiga beneficiada foi a 
Inglaterra, pois seus produtos tinham uma taxa alfandegária menor em relação 
aos produtos dos demais países. Por outro lado, o ato solene da abertura dos 
portos pôs fim a 300 anos de sistema colonial. De fato, era realmente necessário 
abolir o sistema colonial com a abertura dos portos, uma vez que era 
praticamente impossível realizar o comércio em Portugal em virtude da sua 
ocupação pelas tropas francesas. Desse modo, para não ter seu comércio 
paralisado e com perda de arrecadação de tributos, a Coroa portuguesa, na 
figura do regente D. João, decidiu pela abertura dos portos, uma vez instalada 
no Brasil colônia. Diante disso, podemos deduzir que o fim do sistema colonial 
na América portuguesa se fez pelas circunstâncias históricas do período em 
questão. Em paralelo à abertura dos portos, D. João suspendeu o édito real que 
proibia a existência de indústrias na colônia. Porém, essa medida teve um efeito 
menor, visto que os produtos industrializados brasileiros eram de qualidade 
inferior e mais caros em relação aos ingleses, que chegavam em maior 
quantidade e variedade nos portos do país. Além disso, a Inglaterra literalmente 
assenhorou-se do controle do mercado colonial brasileiro ao assinar, em 
fevereiro de 1810, com a Coroa portuguesa, o Tratado de Navegação e 
Comércio. De acordo com esse tratado, os produtos ingleses exportados para o 
Brasil eram taxados em apenas 15% do seu valor. Além dessas questões 
atinentes ao mercado colonial, D. João, depois de deslocar-se de Salvador, 
primeira parada da comitiva real, procurou dotar a cidade do Rio de Janeiro, 
capital da colônia, com toda uma infraestrutura digna de comportar uma Corte 
europeia nos trópicos. Desse modo, foram construídos um teatro lírico, prédios 
e palácios para os burocratas, bem como para os aristocratas da Corte. Isso sem 
falar no Jardim Botânico e na vinda de missões científicas e artísticas compostas 
por naturalistas e viajantes estrangeiros. Todas as melhorias empreendidas pelo 
príncipe regente tinham por finalidade comportar todo o aparato estatal 
português transplantado do outro lado do Atlântico. Entretanto, a cidade carioca 
não tinha dependências suficientes para alojar as pessoas que vieram 
juntamente com a família real. Desse modo, o príncipe regente baixou um 
decreto por meio do qual autorizava o nobre da Corte a escolher uma casa que 
fosse do seu agrado. Escolhida a casa, imediatamente, eram fixadas na porta da 
residência as iniciais P. R. (príncipe regente), e o dono da casa e toda a sua 
família tinham de se mudar para outro local. No entanto, para o povo carioca, as 
iniciais P. R. passaram a ter outro significado: Ponha-se na Rua! 
 
d) Relacione a queda de Napoleão, as Cortes de Lisboa e o regresso de D. 
João VI para Portugal. 
A invasão napoleônica de Portugal sofreu um revés com as revoltas 
acontecendo na Espanha, o envio de tropas britânicas a Portugal e à crescente 
insatisfação dos portugueses com os franceses. Assim, tropas francesas tiveram 
que se dispersar em várias frentes e acabaram definitivamente expulsas de 
Portugal em 1809, mas o país ainda conviveu naquele momento com a ocupação 
de tropas britânicas. Nesse contexto, também em meio a insatisfações com a 
ocupação militar britânica, a Revolução do Porto em 1820, também conhecida 
como vintismo, pretendia uma regeneração no país. Vivendo sob dificuldades 
econômicas, a burguesia comercial e a nobreza portuguesas aliaram-se exigindo 
a volta de D. João VI que deixou Portugal em 1808, implantando as Cortes de 
Lisboa para votar uma constituiçãopara Portugal, com o objeto de transformar o 
país em uma monarquia constitucionalista. As Cortes de Lisboa pressionaram D. 
João VI a aceitar uma constituição e a aderir à nova ordem que se tentava 
instaurar. Assim a monarquia estava ameaçada em Portugal, fazendo D. João 
VI retornar à Lisboa em 1821, mas deixando seu filho D. Pedro I como príncipe 
regente no Brasil, pois pensava que se algum movimento derrubasse seu trono, 
o império luso-brasileiro poderia ser restaurado a partir do Brasil e a colônia 
poderia servir novamente como escape para D. João VI manter a monarquia 
portuguesa. Porém, antes de voltar a Portugal, ainda no Rio de Janeiro, D. João 
VI expediu um decreto para eleições de deputados brasileiros para participarem 
das Cortes de Lisboa, com 67 sendo eleitos, mas com pouco mais de 50 de fato 
irem à Portugal participarem dos trabalhos que já estavam muito adiantados 
quando chegaram lá. Cabe ressaltar que com a chegada da família real 
portuguesa ao Brasil, as relações comerciais na colônia deixaram de serem 
exclusivas com os portugueses, atendendo aos interesses ingleses por meio da 
abertura dos portos brasileiros às nações amigas. Porém, essas e outras 
conquistas nos campos jurídico, político e administrativo se viam ameaçadas na 
visão de alguns e havia pressões para o retorno do príncipe regente D. Pedro I 
à Portugal, levando parte dos deputados brasileiros e membros da elite colonial 
utilizarem os debates nas Cortes de Lisboa com a intenção buscar apoio para o 
movimento de independência brasileira, transmitindo a informação de que 
Portugal desejava submeter o Brasil à condição colônia novamente, embora nas 
cortes não se tenha falado, efetivamente, sobre a recolonização do Brasil. 
Portanto, o retorno de D. João VI à Portugal contribuiu com o processo de 
independência do Brasil. 
 
 
2. A Independência do Brasil em 1822. 
a) O que foi o chamado Dia do Fico? 
O dia do fico ocorreu em 09 de janeiro de 1822, neste dia D. Pedro, alheio 
às pressões das Cortes portuguesas de retornar imediatamente para Portugal 
decidiu ficar definitivamente no Brasil. Dessa forma, diante das coações cada 
vez maiores vindas de Portugal, pois “novas medidas tomadas pelas Cortes 
fortaleceram no Brasil a opção pela Independência, até aí apenas esboçada”, o 
príncipe regente, quando em viagem por São Paulo, decidiu, no dia 7 de 
setembro de 1822, proclamar a independência do Brasil com um brado eloquente 
e, até mesmo, romântico: “Independência ou Morte!”. "O Dia do Fico e seus 
desdobramentos são relacionados com o processo de independência do Brasil. 
Podemos considerar que o ponto de partida oficial da ruptura deu-se com o 9 de 
janeiro, quando d. Pedro decidiu desobedecer às Cortes portuguesas, mas o 
desgaste das relações entre Brasil e Portugal estava em andamento desde 1820. 
 
b) Qual o papel de José Bonifácio e Gonçalves Ledo na independência? 
De volta ao Brasil, em 1819, José Bonifácio tornou-se ministro e 
conselheiro do Príncipe Regente e futuro imperador D. Pedro 1º. Foi ele quem 
incentivou o monarca a proclamar a Independência do Brasil, em 1822, e 
integrou o primeiro escalão de dirigentes da nova nação. Entre outras 
atribuições, organizou a resistência do novo governo independente aos 
movimentos contra a separação de Portugal que surgiram na época em várias 
partes do país. Já Joaquim Gonçalves Ledo considerado um dos articuladores 
da Independência do Brasil, foi um dos responsáveis pelo Dia do Fico e pela 
convocação da Assembleia Constituinte de 1822. No Brasil, Joaquim Gonçalves 
Ledo funda o jornal Revérbero Constitucional Fluminense, em 30 de abril de 
1822, defendendo a independência abertamente. Os jornais foram instrumentos 
decisivos na arena política e no movimento da independência. Em maio, 
Gonçalves Ledo lança o Manifesto aos Povos do Brasil, e, em 6 de agosto, José 
Bonifácio redige o Manifesto às Nações Amigas, que parece dar como fato 
consumado a separação de Portugal. 
 
c) Descreva o fato histórico da Proclamação de 7 de setembro de 1822. 
No dia 7 de setembro de 1822, D. Pedro 1º proclamou o grito de 
independência às margens do rio Ipiranga e o Brasil se consolidou como uma 
nação independente. D. Pedro arrancou a insígnia portuguesa de seu uniforme 
e a jogou no chão. Desembainhando a espada, proclamou: “Independência ou 
morte! Estamos separados de Portugal! Todavia, é vital reconhecer, portanto, 
que no 7 de setembro de 1822, nas margens do Ipiranga, nos arredores de São 
Paulo, quando Dom Pedro, herdeiro do trono português, gritou “Independência 
ou morte”, estava exagerando. A questão, em setembro de 1822, não era 
certamente a “morte” e, apenas indiretamente, a “independência”. O Brasil havia 
sido independente, para todas as intenções de propósitos, desde 1808; desde 
16 de dezembro de 1815 o Brasil fazia parte de um reino unido, em pé de 
igualdade com Portugal. O que estava em jogo no início da década de 1820 era 
mais uma questão de monarquia, estabilidade, continuidade e integridade 
territorial do que de revolução colonial. 
 
d) Como foi a Coroação de D. Pedro I e o reconhecimento da independência 
do Brasil no mundo? 
A Coroação de Pedro I do Brasil como Imperador do Império do Brasil 
ocorreu na Capela Imperial, Rio de Janeiro, no dia 1 de dezembro de 1822, após 
o mesmo proclamar a Independência do Brasil em relação a Portugal que 
ocorrera a 7 de setembro de 1822 e da oficialização da aclamação em 12 de 
outubro do mesmo ano. O processo de independência brasileira está 
diretamente relacionado à crise do Antigo Regime e à transferência da corte para 
o Brasil em 1808. Trata-se de um evento que se estende por um período de mais 
de dez anos e que, a seu modo, se insere em profundas transformações políticas 
e econômicas vividas no mundo ocidental. As negociações se arrastaram por 
quase três anos, entre Londres, Lisboa e Rio de Janeiro, contando sempre com 
a orientação do diplomata inglês George Canning. Finalmente, em agosto de 
1825, Portugal assinou o acordo de reconhecimento, mediante uma indenização 
de 2 milhões de libras e da concessão a D. João VI do título de Imperador 
Honorário do Brasil. No entanto, o Brasil não possuía essa quantia e, por outro 
lado, Portugal já tinha uma dívida grande com os ingleses. A solução veio através 
do empréstimo feito na Inglaterra, o primeiro empréstimo contraído pelo Brasil 
em Londres. Como Portugal tinha uma dívida de mais de 2 milhões de libras com 
a Inglaterra, o dinheiro nem chegou a sair dos cofres ingleses. Ao Brasil coube 
o pagamento dos juros e dos serviços da dívida, aumentando o endividamento 
com a Inglaterra por todo o século XX. O acordo não foi bem aceito nem em 
Portugal nem no Brasil. Após o reconhecimento por parte de Portugal, não 
demorou muito para que as outras nações reconhecessem a nossa 
independência. A Inglaterra o fez oficialmente em 1825, tratando em seguida de 
garantir a manutenção das vantagens concedidas aos comerciantes ingleses 
desde o estabelecimento de D. João no Rio de Janeiro. Em 1827 foi assinado o 
Tratado de Aliança, Comércio e Amizade, renovando na prática os Tratados de 
1810. 
 
3. Reflexões sobre a Independência. 
a) O que significou, na prática, a independência do Brasil ter sido feita por 
um português? 
A liderança de D. Pedro I no processo de independência significou que 
esse movimento não foi uma ruptura radical com a pátria-mãe. Foi motivado mais 
por um desejo de autonomia do que por um projeto de nacionalismo. Além disso, 
a liderança de um português na independência brasileira, em se tratando de um 
membro da família real, revela o caráter conservador dos independentistas, 
embora houvesse além do projeto liberal conservador o projeto liberal radical, 
que tinha viés republicano. Assim, as elites brasileiras e portuguesas atreladas 
ao poder na colônia, por meio de uma visão mais conservadora, e com a 
liderança de D. Pedro I, garantiram preservação da monarquia e a manutençãodo status quo que vigorava no Brasil com a escravidão, os latifúndios e a 
dependência comercial externa. Dessa forma, preservaram-se as tradições luso-
brasileiras, com o projeto conservador ganhando mais adesão e evitando 
qualquer possibilidade de guerra civil generalizada. Pela forma que o Brasil 
conquistou sua independência, há historiadores que consideram o movimento 
uma revolução passiva, como Nelson Werneck Sodré, e outros que tratam como 
uma reforma e não uma processo revolucionário, visão defendida por José 
Honório Rodrigues. Portanto, o processo de construção do Estado e da nação 
prosseguiu-se por diversas décadas após 1822, pois não era abordado no 
movimento de independência. 
 
b) Quais mudanças ocorreram no Brasil em função de ser, a partir de 1822, 
um país independente? 
 Com a adoção da constituição de 1824, o imperador garantiu as estruturas 
de poder, criando o Poder Moderador, e manteve vestígios de instituições do 
Antigo Regime, como o Conselho de Estado e o Senado. A construção do Estado 
brasileiro vai até 1850, 28 anos após a independência, tendo passado por 
grandes reformas jurídicas e institucionais. Nesse processo, durante o Primeiro 
Reinado, durando até a saída de D. Pedro I do poder em 1831, havia pouca 
autonomia nas províncias, com uma forte centralização do poder nas mãos do 
imperador e houve uma forte aliança com a Inglaterra, não deixando margens 
para movimentos separatistas. O governo imperial buscou adquirir capilaridade 
aproximando-se de indivíduos de maior expressão nas províncias e municípios, 
integrando-os ao poder central do império. Por meio dessa estratégia, onde havia 
conflitos, o poder central buscava apoiar o lado mais forte, trazendo esses 
grupos para próximo do Estado. Porém, o fato das províncias terem pouca 
autonomia e pouca participação política levou a uma reação da elite imperial, 
com membros das representações regionais dentro do Parlamento criando uma 
forte oposição ao imperador, o que culminou na sua abdicação em 1831 e iniciou 
o conturbado período regencial, levando a um processo que resultou em alguma 
descentralização do poder monárquico localizado no Rio de Janeiro. Cabe 
ressaltar ainda, como uma grande mudança que ocorreu após 1822, a 
importância dos comerciantes na composição do Estado em contraposição a 
hegemonia dos proprietários dos grandes latifúndios. 
 
c) Havia um projeto de nação sendo desenvolvido no contexto da 
independência? 
Alguns projetos se colocaram durante a crise e a posterior ruptura com 
Portugal. Dois decisivos: o projeto liberal conservador e o projeto liberal radical 
ou republicano, os quais ganham destaque porque trazem em seu bojo a defesa 
da independência do Brasil. A diferença entre ambos é que o projeto liberal 
conservador defendia o princípio monárquico, enquanto o projeto radical 
defendia o princípio democrático e republicano. Esse último teve vida curta, foi 
derrotado pelo caráter conservador do pensamento liberal brasileiro, que não 
desejava uma alteração radical das estruturas vigentes, a saber, a manutenção 
da propriedade e do escravismo. Esse projeto era mais conciliador e ganhou 
maior adesão. O regime adotado após a independência é indício seguro da 
preservação das tradições luso-brasileiras, de um congraçamento entre aqueles 
que se engajaram na separação, evitando a guerra civil generalizada. 
 
d) O que significou a independência para as pessoas feitas escravas no 
Brasil independente? 
Para Nelson Werneck Sodré (2004), a independência brasileira foi uma 
revolução passiva, pois significou a manutenção de um bloco histórico 
contrarrevolucionário, formado pelas elites portuguesas e brasileiras atreladas 
ao poder, com a manutenção do status quo: escravidão, latifúndio e dependência 
comercial externa. Ou seja, foi conservadora, foi uma independência feita pelos 
senhores de escravos para os senhores de escravos.

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