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1www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Direito Penal AULAS RESUMO DIREITO PENAL DELITOS QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA Há crimes que são compatíveis com a tentativa, como o homicídio, crime material pro- dutor de resultado naturalístico, que, uma vez não alcançado pelo agente por circunstân- cias alheias à sua vontade, configura a tentativa de homicídio. Outros crimes, por outro lado, por suas naturezas e características, não admitem a forma tentada, como a omissão de socorro, que configura a conduta omissa propriamente ou o indiferente penal. É possível a tentativa quando for possível fracionar o iter criminis. Alguns outros deli- tos que são incompatíveis com a forma tentada são: • Crimes Culposos É aquele em que o indivíduo não tem dolo. Os crimes culposos não são compatíveis com a forma tentada, porque a tentativa não alcança a consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. Não se cogita, não se prepara um crime culposo e não se fala em iter criminis. No caso de crimes culposos, o resultado não é desejado, ao contrário da tentativa, em que o resultado é querido pelo agente, mas não é conseguido (é exceção a culpa imprópria, prevista no artigo 20, § 1º). Um outro aspecto importante do crime culposo é sua excepcionalidade. Só se pune por crime culposo praticado por imprudência, negligência ou imperícia, caso a figura esteja expressa nas leis penais, código penal ou legislação extravagante. O crime culposo é caracterizado pela adoção de comportamento que viola o objetivo de cuidar. • Crimes Preterdolosos Dolo na conduta e culpa no resultado agravador (dolo no antecedente, culpa no consequente). Em regra, é incompatível com a modalidade tentada. LFG afirma que é possível quando a frustração se dá em razão da conduta dolosa, mas a conduta cul- posa acontece. Por exemplo, um médico que tenta gerar aborto na mulher, sendo que o aborto não acontece e a mulher morre em razão das manobras abortivas. É uma tentativa de aborto qualificado pelo resultado morte culposa. 5m 2www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Direito Penal AULAS RESUMO CRIMES UNISSUBSISTENTES Não admitem tentativa, pois são praticados por um único ato. O iter criminis não pode ser fracionado. É um crime unissubsistente a injúria verbal, prevista no artigo 140 do Código Penal. A única hipótese de não consumação do crime de injúria seria por escrito, com a interceptação do material ou caso a vítima não leia a mensagem. Tratando-se da injúria verbal, contudo, não é possível fracionar o iter incompatível com a tentativa. CRIMES DE ATENTADO OU DE EMPREENDIMENTO São aqueles em que a prática da tentativa é punida com as mesmas penas do crime consumado, como a evasão mediante violência contra a pessoa, prevista no artigo 352 do Código Penal: Art. 352. Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido à medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa. A regra para os crimes tentados é a aplicação do artigo 14, inciso II, em relação à diminuição de pena de 1 a ⅔ quando o agente não chega ao resultado naturalístico por circunstâncias alheias à sua vontade. Entretanto, o artigo 14 introduz uma exceção, a disposição em contrário. Sendo assim, em situações excepcionais, o legislador escolhe punir o crime consu- mado exatamente com a mesma pena em abstrato para o crime tentado. É o caso dos crimes de evasão, ou seja, com tentativa de fuga com uso de violência contra pessoa por um indivíduo cumprindo pena ou submetido a regime de segurança, em que a base é somente o preceito secundário do artigo 352, sem diminuição da pena. O direito penal exige perfeita adequação do fato da vida ou modelo abstrato previsto em lei. • Contravenções Penais O artigo 4º da LCP não pune as tentativas de contravenção (lei especial prevalece sobre a lei geral). 10m 15m 3www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Direito Penal AULAS RESUMO • Crimes Habituais O crime habitual é o que se caracteriza quando o comportamento acontece por um período de tempo relevante. É o caso do crime de perseguição (stalking), disposto no artigo 147-A e relativamente novo no código penal. A perseguição pressupõe uma afetação da liberdade psíquica e do direito de ir e vir da vítima, podendo também ocorrer no contexto virtual, por meio de reiteradas men- sagens diretas, comentários impertinentes, ligações telefônicas e e-mails excessivos e contato frequente através de perfis fakes de modo a intimidar a vítima. Da mesma forma, a lei Maria da Penha pode incidir nos crimes de perseguição, de modo que a mulher vítima tenha direito à medida protetiva. Apesar da divergência doutrinária, prevalece que, nos crimes habituais, ou há a reite- ração dos atos, consumando o crime, ou os atos não são reiterados e não há consumação do crime habitual. É também crime habitual a casa de prostituição, que deve ser mantida, como esta- belece o artigo 229 do Código Penal: Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente. A doutrina discute se seria possível a tentativa de dolo eventual. Todavia, prevalece o entendimento de que é possível, apesar da dificuldade de verificação prática. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são teses defensivas importantes e são casos denominados de tentativa abandonada, em que o indivíduo abandona o iter criminis ou passa a atuar de modo a impedir que o resultado seja implementado. Estabelece o artigo 15 do Código Penal: Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impe- de que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. Na desistência voluntária, o indivíduo não termina os atos executórios, podendo prosseguir, mas não quer. No arrependimento eficaz, após esgotados os atos executó- rios, o agente se arrepende, buscando o impedimento do resultado. 20m 25m 4www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Direito Penal AULAS RESUMO A desistência voluntária consiste, por exemplo, na atitude optativa do agente de desistência de um assassinato perante a súplica da vítima pela vida. Vale ressaltar que o artigo 15 não exige espontaneidade, mas voluntariedade. Sendo assim, o atendimento ao pedido de clemência, nesse caso, é voluntário, não coagido, mesmo que seja fruto de influências externas. A voluntariedade não depende de um impulso moral positivo, podendo inclusive se pautar em motivo egoísta. O arrependimento eficaz se exemplifica pela reconsideração e atuação que impeça a ocorrência da consumação do crime após a prática dos atos executórios para isto. É o caso, por exemplo, de um agente que, após desferir facadas contra sua vítima, socorre-a de modo a impedir seu falecimento, conforme comprovado pelos laudos. Os institutos de desistência voluntária e arrependimento eficaz são diferentes, mas a consequência jurídica para ambos é a mesma, ou seja, o agente só responderá pelas lesões corporais, e não por tentativa de homicídio, por exemplo. A diferença entre esses institutos e a tentativa reside no sentido de que, na tenta- tiva, o resultado não acontece por circunstâncias alheias à vontade do agente. Na ten- tativa abandonada, o resultado não ocorre pela vontade do agente, de forma voluntária ou por meio de arrependimento, o que impede a consumação do delito. Existe discussão doutrinária sobre a natureza jurídica, porém prevalece o entendi- mento de que se trata de causa exclusão da tipicidade. Tanto na desistência voluntária como no arrependimento eficaz, a lei cria a chamadaponte de ouro (von Liszt). Se o indivíduo estiver no caminho do ilícito, poderá tomar o caminho de ouro, da licitude. APLICAÇÃO DA FÓRMULA DE FRANK Na desistência voluntária, o indivíduo não termina os atos executórios, podendo prosseguir, mas não quer: “Posso prosseguir, mas não quero.” Se quer prosseguir, mas não pode, tem-se a tentativa: “Quero prosseguir, mas não posso.” A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são incompatíveis com o crime culposo, eis que o resultado é involuntário. Na desistência voluntária e no arrependi- mento eficaz, no começo, o indivíduo quer chegar ao resultado, mas, após, o indivíduo abandona, enquanto que, no crime culposo, o indivíduo nunca quis o resultado. 30m 35m �� Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula preparada e ministrada pela professora Michelle Tonon. A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con- teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela lei- tura exclusiva deste material.
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