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Direito Penal
AULAS RESUMO
DIREITO PENAL
DELITOS QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA
Há crimes que são compatíveis com a tentativa, como o homicídio, crime material pro-
dutor de resultado naturalístico, que, uma vez não alcançado pelo agente por circunstân-
cias alheias à sua vontade, configura a tentativa de homicídio. Outros crimes, por outro 
lado, por suas naturezas e características, não admitem a forma tentada, como a omissão 
de socorro, que configura a conduta omissa propriamente ou o indiferente penal.
É possível a tentativa quando for possível fracionar o iter criminis. Alguns outros deli-
tos que são incompatíveis com a forma tentada são:
• Crimes Culposos
É aquele em que o indivíduo não tem dolo. Os crimes culposos não são compatíveis 
com a forma tentada, porque a tentativa não alcança a consumação por circunstâncias 
alheias à vontade do agente. Não se cogita, não se prepara um crime culposo e não se 
fala em iter criminis.
No caso de crimes culposos, o resultado não é desejado, ao contrário da tentativa, 
em que o resultado é querido pelo agente, mas não é conseguido (é exceção a culpa 
imprópria, prevista no artigo 20, § 1º).
Um outro aspecto importante do crime culposo é sua excepcionalidade. Só se pune 
por crime culposo praticado por imprudência, negligência ou imperícia, caso a figura 
esteja expressa nas leis penais, código penal ou legislação extravagante. 
O crime culposo é caracterizado pela adoção de comportamento que viola o objetivo 
de cuidar.
• Crimes Preterdolosos
Dolo na conduta e culpa no resultado agravador (dolo no antecedente, culpa no 
consequente). Em regra, é incompatível com a modalidade tentada. LFG afirma que é 
possível quando a frustração se dá em razão da conduta dolosa, mas a conduta cul-
posa acontece.
Por exemplo, um médico que tenta gerar aborto na mulher, sendo que o aborto não 
acontece e a mulher morre em razão das manobras abortivas. É uma tentativa de aborto 
qualificado pelo resultado morte culposa.
5m
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Direito Penal
AULAS RESUMO
CRIMES UNISSUBSISTENTES
Não admitem tentativa, pois são praticados por um único ato. O iter criminis não 
pode ser fracionado. É um crime unissubsistente a injúria verbal, prevista no artigo 140 
do Código Penal. 
A única hipótese de não consumação do crime de injúria seria por escrito, com a 
interceptação do material ou caso a vítima não leia a mensagem. Tratando-se da injúria 
verbal, contudo, não é possível fracionar o iter incompatível com a tentativa.
CRIMES DE ATENTADO OU DE EMPREENDIMENTO
São aqueles em que a prática da tentativa é punida com as mesmas penas do crime 
consumado, como a evasão mediante violência contra a pessoa, prevista no artigo 352 
do Código Penal:
Art. 352. Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido à medida de 
segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa.
A regra para os crimes tentados é a aplicação do artigo 14, inciso II, em relação à 
diminuição de pena de 1 a ⅔ quando o agente não chega ao resultado naturalístico por 
circunstâncias alheias à sua vontade. Entretanto, o artigo 14 introduz uma exceção, a 
disposição em contrário.
Sendo assim, em situações excepcionais, o legislador escolhe punir o crime consu-
mado exatamente com a mesma pena em abstrato para o crime tentado. É o caso dos 
crimes de evasão, ou seja, com tentativa de fuga com uso de violência contra pessoa por 
um indivíduo cumprindo pena ou submetido a regime de segurança, em que a base é 
somente o preceito secundário do artigo 352, sem diminuição da pena.
O direito penal exige perfeita adequação do fato da vida ou modelo abstrato previsto em lei. 
• Contravenções Penais
O artigo 4º da LCP não pune as tentativas de contravenção (lei especial prevalece 
sobre a lei geral).
10m
15m
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Direito Penal
AULAS RESUMO
• Crimes Habituais
O crime habitual é o que se caracteriza quando o comportamento acontece por um 
período de tempo relevante. É o caso do crime de perseguição (stalking), disposto no 
artigo 147-A e relativamente novo no código penal.
A perseguição pressupõe uma afetação da liberdade psíquica e do direito de ir e vir 
da vítima, podendo também ocorrer no contexto virtual, por meio de reiteradas men-
sagens diretas, comentários impertinentes, ligações telefônicas e e-mails excessivos e 
contato frequente através de perfis fakes de modo a intimidar a vítima. 
Da mesma forma, a lei Maria da Penha pode incidir nos crimes de perseguição, de 
modo que a mulher vítima tenha direito à medida protetiva.
Apesar da divergência doutrinária, prevalece que, nos crimes habituais, ou há a reite-
ração dos atos, consumando o crime, ou os atos não são reiterados e não há consumação 
do crime habitual.
É também crime habitual a casa de prostituição, que deve ser mantida, como esta-
belece o artigo 229 do Código Penal:
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra 
exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário 
ou gerente.
A doutrina discute se seria possível a tentativa de dolo eventual. Todavia, prevalece o 
entendimento de que é possível, apesar da dificuldade de verificação prática.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são teses defensivas importantes 
e são casos denominados de tentativa abandonada, em que o indivíduo abandona o iter 
criminis ou passa a atuar de modo a impedir que o resultado seja implementado.
Estabelece o artigo 15 do Código Penal:
Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impe-
de que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. 
Na desistência voluntária, o indivíduo não termina os atos executórios, podendo 
prosseguir, mas não quer. No arrependimento eficaz, após esgotados os atos executó-
rios, o agente se arrepende, buscando o impedimento do resultado.
20m
25m
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Direito Penal
AULAS RESUMO
A desistência voluntária consiste, por exemplo, na atitude optativa do agente de 
desistência de um assassinato perante a súplica da vítima pela vida. Vale ressaltar que o 
artigo 15 não exige espontaneidade, mas voluntariedade. Sendo assim, o atendimento 
ao pedido de clemência, nesse caso, é voluntário, não coagido, mesmo que seja fruto de 
influências externas. 
A voluntariedade não depende de um impulso moral positivo, podendo inclusive se 
pautar em motivo egoísta.
O arrependimento eficaz se exemplifica pela reconsideração e atuação que impeça 
a ocorrência da consumação do crime após a prática dos atos executórios para isto. É o 
caso, por exemplo, de um agente que, após desferir facadas contra sua vítima, socorre-a 
de modo a impedir seu falecimento, conforme comprovado pelos laudos.
Os institutos de desistência voluntária e arrependimento eficaz são diferentes, mas 
a consequência jurídica para ambos é a mesma, ou seja, o agente só responderá pelas 
lesões corporais, e não por tentativa de homicídio, por exemplo.
A diferença entre esses institutos e a tentativa reside no sentido de que, na tenta-
tiva, o resultado não acontece por circunstâncias alheias à vontade do agente. Na ten-
tativa abandonada, o resultado não ocorre pela vontade do agente, de forma voluntária 
ou por meio de arrependimento, o que impede a consumação do delito. 
Existe discussão doutrinária sobre a natureza jurídica, porém prevalece o entendi-
mento de que se trata de causa exclusão da tipicidade.
Tanto na desistência voluntária como no arrependimento eficaz, a lei cria a chamadaponte de ouro (von Liszt). Se o indivíduo estiver no caminho do ilícito, poderá tomar o 
caminho de ouro, da licitude.
APLICAÇÃO DA FÓRMULA DE FRANK
Na desistência voluntária, o indivíduo não termina os atos executórios, podendo 
prosseguir, mas não quer: “Posso prosseguir, mas não quero.” Se quer prosseguir, mas 
não pode, tem-se a tentativa: “Quero prosseguir, mas não posso.”
A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são incompatíveis com o crime 
culposo, eis que o resultado é involuntário. Na desistência voluntária e no arrependi-
mento eficaz, no começo, o indivíduo quer chegar ao resultado, mas, após, o indivíduo 
abandona, enquanto que, no crime culposo, o indivíduo nunca quis o resultado.
30m
35m
�� Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula 
preparada e ministrada pela professora Michelle Tonon. 
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela lei-
tura exclusiva deste material.

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