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Conceito analítico de crime

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Conceito analítico de crime 
 
O conceito formal de delito com referência aos elementos que o compõem (melhor 
seria falar-se em aspectos ou características do crime), de caráter analítico, tem 
evoluído. Battaglini, embora reconheça que o delito é um todo unitário, decompõe-
no em elementos por razões práticas, definindo-o como o “fato humano descrito 
no tipo legal e cometido com culpa, ao qual é aplicável a pena”. 10 Basileu Garcia 
conceitua-o como a “ação humana, antijurídica, típica, culpável e punível”. A 
punibilidade, mesmo considerada como a “possibilidade de aplicar-se a pena”, não 
é, porém, elemento do crime. Afirma Hungria que “um fato pode ser típico, 
antijurídico, culpado e ameaçado de pena, isto é, criminoso, e, no entanto, 
anormalmente deixar de acarretar a efetiva imposição de pena”. 11 Essa exclusão 
ocorre nos casos de não aplicação da pena por causas pessoais de isenção (art. 
181, incisos I e II, art. 348, § 2º etc.) ou pela extinção da punibilidade (art. 107). 
Nesses casos, o crime persiste, inexistindo apenas a punibilidade. Por essas 
razões, passou-se a conceituar o crime como a “ação típica, antijurídica e 
culpável”. Essa definição vem consignada tanto pelos autores que seguem a teoria 
causalista (naturalista, clássica, tradicional), como pelos adeptos da teoria 
finalista da ação (ou da ação finalista) (item 3.2.4). Entretanto, a palavra 
culpabilidade, como se verá, para os primeiros consiste num vínculo subjetivo que 
liga a ação ao resultado, ou seja, no dolo (querer o resultado ou assumir o risco de 
produzi-lo) ou na culpa em sentido estrito (dar causa ao resultado) por 
imprudência, negligência ou imperícia. Verificando-se a existência de um fato típico 
(composto de ação, resultado, nexo causal e tipicidade) e antijurídico, examinar-
se-á o elemento subjetivo (dolo ou culpa em sentido estrito) e, assim, a 
culpabilidade. Com a enunciação da teoria da ação finalista proposta por Hans 
Welzel, porém, passou-se a entender que a ação (ou conduta) é uma atividade que 
sempre tem uma finalidade. Admitindo-se sempre que o delito é uma conduta 
humana voluntária, é evidente que tem ela, necessariamente, uma finalidade. Por 
isso, no conceito analítico de crime, a conduta abrange o dolo (querer ou assumir o 
risco de produzir o resultado) e a culpa em sentido estrito. Se a conduta é um dos 
componentes do fato típico, deve-se definir o crime como “fato típico e 
antijurídico”. 12 O crime existe em si mesmo, por ser um fato típico e antijurídico, e 
a culpabilidade não contém o dolo ou a culpa em sentido estrito, mas significa 
apenas a reprovabilidade ou censurabilidade de conduta. O agente só será 
responsabilizado por ele se for culpado, ou seja, se houver culpabilidade. Pode 
existir, portanto, crime sem que haja culpabilidade, ou seja, censurabilidade ou 
reprovabilidade da conduta, não existindo a condição indispensável à imposição 
de pena. 13 Injusto ou antijuridicidade é, pois, a desaprovação do ato; 
culpabilidade, a atribuição de tal ato a seu autor. 14 Deve-se lembrar também que 
o delito, conduta típica e ilícita, pode ensejar, como resposta final, tanto a pena 
como a medida de segurança. Por isso, diz bem Walter Coelho: “Podemos, pois, 
reafirmar, em perspectiva bem mais acurada e extensiva, que o crime é o fato 
humano típico e ilícito, em que a culpabilidade é o pressuposto da pena, e a 
periculosidade o pressuposto da medida de segurança.” 15

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