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Conceito materiais de crime

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Conceito materiais de crime 
 
Como as definições formais visam apenas ao aspecto externo do crime, é 
necessário indagar a razão que levou o legislador a prever a punição dos autores de 
certos fatos e não de outros, como também conhecer o critério utilizado para 
distinguir os ilícitos penais de outras condutas lesivas, obtendo-se assim um 
conceito material ou substancial de crime. As investigações dos estudiosos 
desenvolveram-se nesse sentido e abrangem inclusive ciências extrajurídicas 
como a Sociologia, a Filosofia, a Psicologia etc. Para uns, o tema central do 
conceito de crime reside no caráter danoso do ato; para outros, no antagonismo da 
conduta com a moral; e para terceiros, no estado psíquico do agente. Essas 
conceituações, entretanto, esbarram na dificuldade decorrente de sofrer o 
fenômeno delituoso flutuações no tempo, no espaço, na filosofia política do Estado 
etc. A melhor orientação para obtenção de um conceito material de crime, como 
afirma Noronha, é aquela que tem em vista o bem protegido pela lei penal. 4 Tem o 
Estado a finalidade de obter o bem coletivo, mantendo a ordem, a harmonia e o 
equilíbrio social, qualquer que seja a finalidade do Estado (bem comum, bem do 
proletariado etc.) ou seu regime político (democracia, autoritarismo, socialismo 
etc.). Tem o Estado que velar pela paz interna, pela segurança e estabilidade 
coletivas diante dos conflitos inevitáveis entre os interesses dos indivíduos e entre 
os destes e os do poder constituído. Para isso, é necessário valorar os bens ou 
interesses individuais ou coletivos, protegendo-se, através da lei penal, aqueles 
que mais são atingidos quando da transgressão do ordenamento jurídico. Essa 
proteção é efetuada através do estabelecimento e da aplicação da pena, passando 
esses bens a ser juridicamente tutelados pela lei penal. Chega-se, assim, a 
conceitos materiais ou substanciais de crime: “Crime é a conduta humana que lesa 
ou expõe a perigo um bem jurídico protegido pela lei penal”; 5 “Crime é a ação ou 
omissão que, a juízo do legislador, contrasta violentamente com valores ou 
interesses do corpo social, de modo a exigir seja proibida sob ameaça de pena, ou 
que se considere afastável somente através da sanção penal”; 6 “Crime é qualquer 
fato do homem, lesivo de um interesse, que possa comprometer as condições de 
existência, de conservação e de desenvolvimento da sociedade.” 7 Jiménez de Asua 
considera o crime como a conduta considerada pelo legislador como contrária a 
uma norma de cultura reconhecida pelo Estado e lesiva de bens juridicamente 
protegidos, procedente de um homem imputável que manifesta com sua agressão 
perigosidade social. 8 A referência nessas definições, porém, a “valores ou 
interesses do corpo social”, “condições de existência, de conservação e de 
desenvolvimento da sociedade” e “norma de cultura” apresenta problemas; 
Manoel Pedro Pimentel afirma que resta “ainda dificuldade em se fixar o critério 
segundo o qual o legislador consideraria a conduta como contrária à norma de 
cultura”. 9 Não se construiu ainda, assim, um conceito material inatacável de 
crime.