MEDICINA - CADERNO 2-061-062

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AULA 27 Naturalismo: o olhar científico sobre as relações humanas 61
Exercícios de sala
1 UCS 2014 Sobre a literatura brasileira na transição en-
tre o final do século XIX e o início do século XX, é 
correto afirmar que:
a Aluísio Azevedo escreveu romances em que os 
seres humanos são determinados pela raça, pelo 
meio e pelo momento histórico, dada a influência 
do cientificismo. 
b Machado de Assis era tido como o maior escritor bra-
sileiro, porque foi o primeiro a aderir ao Naturalismo e 
por ter fundado a Academia Brasileira de Letras. 
C Olavo Bilac, que retomou a estética romântica, era 
considerado o Príncipe dos Poetas. 
d Os sertões, de Euclides da Cunha, foi a primeira obra 
naturalista do Brasil, pois nela se identificam as três 
raças em que se baseia a formação étnica brasileira. 
e Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens foram os 
principais representantes do Simbolismo brasileiro, 
estética que uniu a objetividade científica ao rigor 
formal. 
2 UFPR 2016 A respeito do narrador do romance Bom­
­crioulo, de Adolfo Caminha, assinale a alternativa 
correta. 
a O narrador naturalista descreve com objetividade e 
riqueza de detalhes o cenário em que se ambienta 
o romance, como se observa neste trecho: “A lua, 
surgindo lenta e lenta, cor de fogo, a princípio, de-
pois fria e opalescente, misto de névoa e luz, alma 
e solidão, melancolizava o largo cenário das ondas, 
derramando sobre o mar essa luz meiga, essa luz 
ideal que penetra o coração do marinheiro, comuni-
cando-lhe uma saudade infinita dos que navegam”. 
b O narrador descreve com minúcia o pensamento 
das personagens, desvendando seu refinado sis-
tema de valores culturais, como se observa neste 
trecho: “Estimava Bom-Crioulo desde o dia em que 
ele, desinteressadamente, por um acaso provi-
dencial, livrou-a de morrer na ponta de uma faca, 
história de ladrões... [...]”. 
C O narrador evidencia a percepção sofisticada de 
Amaro, que fica nítida nas referências do marinheiro 
à cultura grega: “Aleixo surgia-lhe agora em plena 
e exuberante nudez, muito alvo, as formas roliças 
de calipígio ressaltando na meia sombra voluptuo-
sa do aposento, na penumbra acariciadora daquele 
ignorado e impudico santuário de paixões incon-
fessáveis... Belo modelo de efebo que a Grécia de 
Vênus talvez imortalizasse em estrofes de ouro lím-
pido e estátuas duma escultura sensual e pujante”.
d O narrador deixa pistas da vingança planejada 
por Amaro contra Aleixo, como se pode perceber 
nas referências intertextuais a Otelo, o clássico do 
ciúme, lido pelo marinheiro nos seus momentos 
de ócio: “Aleixo era seu, pertencia-lhe de direito, 
como uma coisa inviolável. Daí também o ódio ao 
grumete, um ódio surdo, mastigado, brutal como as 
cóleras de Otelo”. 
e O narrador interpreta o conflito vivido pelo ex-es-
cravo, justapondo uma percepção animalizante ao 
lado de outra, construída por meio de compara-
ções artísticas: “Dentro do negro rugiam desejos 
de touro ao pressentir a fêmea... Todo ele vibrava, 
demorando-se na idolatria pagã daquela nudez 
sensual como um fetiche diante de um símbolo de 
ouro ou como um artista diante duma obra-prima”.
Língua Portuguesa • Livro 2 • Frente 2 • Capítulo 8
I. Leia as páginas de 240 a 243. 
II. Faça os exercícios propostos 1 e 2.
III. Faça o exercício complementar 4.
Guia de estudos
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FRENTE 2
Língua Portuguesa AULA 28 O Naturalismo de Aluísio Azevedo: O cortiço
 y aluísio azevedo destacava-se por sua literatura de 
desvelamento das relações humanas, traçando per-
sonagens com variados perfis e influenciadas pelo 
meio em que viviam. 
 y Entre as obras de Aluísio Azevedo, destacam-se 
três: O mulato (1881), Casa de pensão (1884) e O cor­
tiço (1890), formando a chamada tríade naturalista, 
na qual alguns temas – muitos deles considerados 
tabus – foram explorados, como racismo, sexuali-
dade, opressão aos trabalhadores, instintos dos 
habitantes dos “trópicos”, desigualdade social, en-
tre outros.
 y O mulato (1881), cujo enredo versa sobre o precon-
ceito racial e a atmosfera provinciana da época, 
além de fazer uma crítica ao clero, é precursor do 
Naturalismo no Brasil. No romance, a personagem 
Raimundo é um negro de olhos azuis que volta de 
Portugal para São Luís, no Maranhão. Ele desperta 
paixão na prima Ana Rosa, com quem é proibido de 
se casar devido à visão preconceituosa sobre suas 
origens, já que o rapaz era filho de uma ex-escrava. 
Assim, os dramas de folhetins românticos se entrela-
çam às denúncias sociais.
 y Em Casa de pensão (1884), o protagonista Amâncio 
é um maranhense rico e namorador que parte para 
o Rio de Janeiro para estudar Medicina. João Co-
queiro quer atrair Amâncio para sua pensão e, ainda, 
despertar o interesse do moço pela irmã Amélia. O 
relacionamento entre os dois se efetiva, para a satis-
fação de Coqueiro; entretanto, Amâncio abandona a 
moça e vai para a casa da mãe, fatos que encaminham 
o romance para um desfecho trágico.
 y O cortiço (1890) é a expressão máxima da escola 
naturalista no Brasil. Publicado em 1890, trata-se de 
um desfile dos mais variados tipos humanos vivendo 
juntos, provando a teoria determinista de que um am-
biente degradado é capaz de rebaixar e corromper 
seus habitantes. A ficção retrata figuras marginaliza-
das na época, como operários, lavadeiras, mascates, 
prostitutas e homossexuais, todos dividindo o am-
biente de um cortiço.
 y No romance O cortiço, o espaço é o protagonista. Já 
os seres humanos são representados com seus ins-
tintos primitivos aflorados, ou seja, são animalizados. 
Formalmente, somos surpreendidos por uma força vo-
cabular geradora de imagens raramente imaginadas.
AULA 28
O Naturalismo de Aluísio Azevedo: O cortiço
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