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alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 5 uma determinada língua veja-se coagido a utilizar uma escrita e fala diferentes das suas, seja em razão de emigração, seja em virtude de relações de dominação, como as vivenciadas pelos índios brasileiros em relação aos portugueses. FATORES SOCIOCOGNITIVOS No que toca aos fatores sociocognitivos, a economia linguística constitui um ponto crucial para compreender-se o porquê das variações. Ela consiste em processos pautados em duas premissas: poupar a memória, diminuir o esforço ocasionado pelo funcionamento mental e tornar mais fácil o ato de exteriorização material da língua; e potencializar as capacidades comunicativas com base no preenchimento das falhas presentes na fala e na escrita. Percebe-se, então, que tal fenômeno é responsável por um rearranjo, que retira alguns excessos existentes no idioma bem como acrescenta outros elementos, o que desencadeia uma diversidade de estruturas. Um exemplo que ilustra satisfatoriamente esses mecanismos articulatórios, fisiológicos e psicológicos é a tendência de formar-se palavras em que há uma alternância entre vogais e consoantes, por exemplo, “gato”. Essa propensão gera a colocação de vogais em termos que contam com mais de uma consoante juntas, como “advogado”, cuja proximidade entre a letra “d” e a “v” leva as pessoas a incluírem o som de “i” ou “e” entre elas, originando as variações fonéticas “adivogado” e “adevogado”. Embora a economia linguística seja o elemento mais reconhecido, há que se falar também acerca da gramaticalização e da analogia como pilares sociocognitivos das variações. A primeira consiste na construção de recursos gramaticais inéditos por meio da reestruturação de formas já conhecidas pelos falantes. Tal ocorrência é observada, por exemplo, nas metáforas. A cobra chegou. Não sei o que Daiane faz aqui. Verifique que o termo “cobra” faz referência à pessoa Daiane, já que ela provavelmente possui um comportamento tão traiçoeiro quanto o do animal. Essa relação de proximidade levou o indivíduo a construir a metáfora citada. Por sua vez, a analogia constitui um mecanismo de comparação entre as palavras, e, com base nisso, há o estabelecimento de semelhanças entre elas e a escolha de um padrão mais comum. Esse raciocínio é facilmente identificado quando as crianças pré-escolares conjugam alguns verbos irregulares, ou seja, palavras que podem ter seus radicais (parte que carrega o sentido principal) e desinências (parte final da palavra que carrega informações, como gênero, número) modificados de acordo com a conjugação. Se eu “queresse”, faria o bolo. Se eu quisesse, faria o bolo. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 6 A primeira forma verbal é recorrente na primeira pessoa do pretérito imperfeito do subjuntivo, já que temos a manutenção do radical e a inserção da desinência “esse”, por exemplo, amasse, partisse, comesse, mandasse, bebesse; enquanto a segunda, apesar de estar gramaticalmente adequada, rompe com essa estrutura comum e apresenta-nos uma constituição diferente, causando, a princípio, estranhamento e vontade de adequá-la ao padrão. O QUE A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA TEM A VER COM O PRECONCEITO LINGUÍSTICO? O preconceito linguístico tem uma relação bastante estreita com a variação diatópica, que é aquela relacionada à região do falante. O preconceito acontece por causa das diferenças e é muito comum ouvir pessoas que ridicularizam ou brincam de maneira bastante ofensiva com o sotaque das pessoas que residem no norte ou nordeste do país, enquanto enaltecem o sotaque de uma pessoa que reside no sul, por exemplo. Não há como dito anteriormente um “falar correto” ou um “falar errado”, há várias culturas distintas. As variações não estão presas às regiões. Em muitos casos, cidades de um mesmo estado apresentam palavras, gírias e sotaques distintos e é essencial entender que um estado, definitivamente, não é melhor que outro. Por isso, conhecer as diferentes variações é fundamental para combater esse tipo de preconceito, que pode levar a atos de violência física, verbal ou psicológica. Como qualquer outro tipo de preconceito, ele é excludente e não faz o menor sentido. Além de combater o preconceito, saber sobre esse assunto vai ajudar você a selecionar qual variação linguística utilizar em gêneros textuais diferentes. Na redação do Enem, por exemplo, você deverá utilizar uma variação formal da língua. Se você quer saber mais sobre outros gêneros e como utilizar diferentes linguagens em seu texto. https://www.alfaconcursos.com.br/
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