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Bíblia Estudo Genebra 39. Malaquias (+ introdução ao período intertestamentário)

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O Livro de 
MALAQUIAS 
Autor A autoria de Malaquias é assunto de dis-
cussão. Os estudiosos estão divididos quanto a ser 
"Malaquias" o nome de uma pessoa ou um título. 
Tanto o Targum aramaico quanto a Septuaginta (tra-
dução grega do Antigo Testamento) sugerem algo diferente de 
um nome pessoal. O primeiro identifica Malaquias com Esdras. A 
segunda traduz a frase "por intermédio de Malaquias" como 
"pela mão de seu anjo [ou 'mensageiro'}". Os principais argumen-
tos contra a interpretação de Malaquias como um nome pessoal 
do profeta são a ausência de dados específicos no que diz respei-
to a seu pai e a de qualquer menção ao lugar de nascimento. 
Além disso, alega-se que a expressão "sentença pronunciada", 
que ocorre em 1.1; Zc 9.1; 12.1, é uma adição anônima a esses 
textos. Contudo, estas não são razões suficientes para se rejeitar 
Malaquias como um nome pessoal. Todos os demais livros profé-
ticos do Antigo Testamento recebem um nome pessoal. Como 
acontece com muitos dos outros profetas, pouco se sabe sobre 
as circunstâncias pessoais da vida do profeta. Mas Malaquias era 
o "mensageiro de Deus". e a mensagem que ele trouxe era de 
Deus (cf. Am 3.7-8). 
Data e Ocasião Malaquias deve ser datado 
na época de Esdras e Neemias. A referência ao "go-
vernador" (1.8) localiza o livro no período persa. e a 
---- ênfase de Malaquias dada à lei (MI 4.4) pode indicar 
o período do ministério de Esdras de restauração da importância e 
autoridade da lei (Ed 7 .14,25-26; Ne 8.18). Alguns datam o livro en-
tre o aparecimento de Esdras (458 a.C.) e o de Neemias (445 a.C.). 
Outros localizam Malaquias entre as duas visitas de Neemias a Je-
rusalém. por volta de 433 a.C. 
É importante também a constatação de que circunstâncias e 
problemas enfrentados por Esdras e Neemias são encontrados 
também em Malaquias. Os três falaram contra o casamento com 
mulheres estrangeiras (p. ex., 2.11-15; Ne 13.23-27). Condena-
ram a negligência do dízimo (p. ex., 3.8-1 O; Ne 13.10-14). Repro-
varam as más ações dos sacerdotes degenerados (p. ex., 
1.6-2.9; Ne 13. 7-8) e criticaram os pecados sociais (p. ex., 3.5; 
Ne 5.1-13). 
Esboço de Malaquias 
1. As dúvidas de Israel quanto ao amor de Deus ( 1.1-5) 
li. Degeneração do sacerdócio (1.6-2.9) 
A. Desrespeito a Deus no altar {1.6-14) 
B. Negligência à lei de Deus (2.1-9) 
Ili. O fracasso de Israel quanto às práticas matrimoniais 
(2.10-16) 
Características e Temas Malaquias dá 
grande importância ao tema da aliança. Referências 
explícitas incluem: a aliança de Levi (2.5-9), a aliança 
dos pais (2.10). a aliança do matrimônio (2.14) e o 
Anjo da Aliança (3.1 ). Além dessas referências diretas, o livro se 
inicia com uma narração sobre o amor da aliança de Deus (1.2-5). 
A gravidade da incompetência e infidelidade dos sacerdotes é vista 
no resultado da crescente infidelidade à aliança entre o povo co-
mum, que tornou-se desleal no matrimônio (2.10-16) e nos seus 
relacionamentos sociais e econômicos (3.5). "profanando a alian-
ça" (2.10). A menos que se arrependam (3.7), eles estão sob a 
maldição de Deus (3.9; Lv 26.14-46; Dt 28.15-68). 
Malaquias falou a um povo desiludido, desanimado e cheio de 
dúvidas. cuja experiência não harmonizava com seu conhecimento 
das promessas gloriosas encontradas nos profetas anteriores. Sua 
visão do período messiânico que se aproximava não tinha se mate-
rializado. Pelo contrário, eles experimentaram a miséria. a seca e a 
adversidade econômica. desiludindo-se de Deus e de sua fé. As 
palavras de Malaquias desafiam um povo cético com relação às 
promessas e. portanto. indiferente ao seu compromisso de viver à 
luz dessas mesmas promessas e de adorar e servir ao Senhor de 
todo o coração. O livro pode servir como um catecismo para os 
tempos de dúvida e decepção. quando o povo que professa o Se-
nhor é tentado a abandonar a fé no Deus da aliança. O ministério do 
profeta é acender a chama da fé em um povo de coração insensí-
vel, lembrando-o do amor eletivo de Deus (1.2). e estabelecer a con-
tinuidade das obrigações da aliança entre aqueles que 
verdadeiramente temem a Deus (3.16-18). 
Uma das características principais deste livro é seu estilo 
"contestador''. Isso pode ser observado na denúncia feita pelo 
Deus da aliança contra seu povo. A denúncia é apresentada atra-
vés de um questionamento cínico das acusações. Em resposta a 
essa atitude arrogante do povo. o profeta elabora e define as de-
núncias inicialmente feitas. O livro deve ser estudado à luz da sua 
estrutura de seis diálogos polêmicos. evidente no esboço que se-
gue. Essa estrutura revela o papel deste profeta como um advoga-
do da parte de Deus no processo da aliança. 
O uso freqüente e incomum da primeira pessoa ("Eu") pelo Se-
nhor ao se dirigir ao povo acrescenta um sentido de urgência e inti-
midade à mensagem do livro (1.2,6, 14; 2.2; 3.5-6, 10, 17; 4.5). 
A. Casamento com mulheres idólatras (2-10-12) 
B. O divórcio de mulheres israelitas (2.13-16) 
IV. A resposta de Deus ao pecado (2.17-3.5) 
A. Os culpados enfadam o Senhor com suas desculpas 
(2.17) 
B. A missão purificadora do mensageiro (3.1-5) 
MALAQUIAS 1 1088 
V. O desejo de Deus de abençoar o povo (3.6-121 
A. Sua promessa fiel de perdoar o arrependido (3.6-71 
8. Israel rouba a Deus (3.8-12) 
VI. A diferença entre o justo e o perverso (3.13-4.6) 
O amor do SENHOR por ]acó 
11Sentença pronunciada pelo SENHOR contra Israel, 2 por Intermédio de Malaquias. 2 ªEu vos tenho amado, diz o 
SENHOR; mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não foi 
Esaú irmão deJacó?-disse o SENHOR; todavia, bamei a]acó, 
3 porém aborreci a Esaú; e cfiz dos seus montes uma assola-
ção e dei a sua herança aos chacais do deserto. 4 Se Edom diz: 
Fomos destruídos, porém tornaremos a edificar as ruínas, en-
tão, diz o SENHOR dos Exércitos: Eles edificarão, mas eu d des-
truirei; e Edom será chamado Terra-De-Perversidade e 
Povo-Contra-Quem-O-SENHOR-Está-Irado-Para-Sempre. s Os 
VOSSOS olhos o verão, e VÓS direis: eGrande é O SENHOR tam-
bém fora dos limites de Israel. 
A. As atitudes e palavras duras dos cínicos 
(3;13·15) 
e. A conduta piedosa do que é fiel (3.16· 18) 
C; O -Dia do Senhor1~4.1 ·6) 
o respeito para comigo? - diz o SENHOR dos Exércitos a vós 
outros, ó sacerdotes que desprezais o meu nome. hVós dizeis: 
Em que desprezamos nós o teu nome? 7 Ofereceis sobre o 
meu altar ipão imundo e ainda perguntais: Em que te have-
mos profanado? Nisto, que pensais: i A mesa do SENHOR é 
3desprezível. 81Quando trazeis animal cego para o sacrificar-
des, não é isso mal? E, quando trazeis o coxo ou o enfermo, 
não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu governador; acaso, 
terá ele agrado em ti e te mserá4 favorável? - diz o SENHOR 
dos Exércitos. 9 Agora, pois, suplicai o favor de Deus, que nos 
conceda a sua graça; "mas, com tais ofertas nas vossas mãos, 
aceitará ele a vossa pessoa? - diz o SENHOR dos Exércitos. 
10 Tomara houvesse entre vós quem feche as portas, ºpara 
que não acendêsseis, debalde, o fogo do meu altar. Eu não te-
0 SENHOR reprova os sacerdotes nho prazer em vós, diz o SENHOR dos Exércitos, Pnem aceita-
6 O filho /honra o pai, e o servo, ao seu senhor. gSe eu sou rei da vossa mão a oferta. 11 Mas, q desde o nascente do sol 
pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está até ao poente, é grande 'entre as nações o meu nome; e 5 em 
• CAPÍTULO 1 1 1 Oráculo, Profecia 2 Lit. pela mão de • 2 a Dt 4.37; 7.8; 23.5; Is 41.8-9; [Jr 31.3]; Jo 15.12 b Rm 9.13 3 e Jr 49.18; Ez 
359,15 4 d Jr 49.16-18 5 e SI 35.27; Mq 5.4 6/[Ex 20.12]; Pv 30.11, 17; [Mt 15.4-8; Ef 6.2-3] g [Is 63.16; 64.8]; Jr 31.9; Lc 6.46 h MI 
2.14 7 iDt 15.21 iEz 41.22 30u envergonhada 8 ILv 22.22; Dt 15.19-23 m [Jó 42.8] 4Lit.fevantará o teu rosto 9 nos 13.9 1 O o 1 Co 
9.13Pls1.11 11 qls59.19'1s603,5S1Tm2.8 
•1.1-5 O povo de Israel não está convencido de que Deuso ama. Esta seção é a 
resposta de Deus a esta dúvida cínica. O Senhor lembra a Israel que Jacó, o seu 
ancestral, foi escolhido por Deus enquanto Esaú, o antepassado de Edom, foi re-
jeitado. Portanto, embora Israel tenha experimentado a ira de Deus por um mo-
mento, Edom é um "Povo-Contra-Quem-O-SENHOR-Está-Irado-Para-Sempre" 
(1.4). Além d'1sso, sendo Israel o herdeiro das promessas eternas do Senhor da 
aliança, Edom nunca mais se levantará de novo. O julgamento do Senhor sobre 
Edom será causa de louvor em Israel. 
•1.1 Sentença pronunciada pelo SENHOR. Ver ref. lat.; Is 13.1; Na 1.1; Hc 1.1; 
Zc 9.1; 12.1. Sendo normalmente usado em profecias de julgamento, o termo 
"sentença" pode indicar a urgência sentida pelo profeta em divulgar a sua procla-
mação. Acerca desta urgência, ver também Jr 20.9; Am 3.8. 
•1.2 Eu vos tenho amado. O amor eletivo de Deus é soberano e incondicional. 
Este terna é exposto principalmente em Deuteronômio onde os verbos "escolher" 
e "amar" são pa1a\e\o> \Ot 7 .6-8). O amor de Deus é manifesto na aliança que ele 
inicia com o seu povo. A proximidade de Deus para com Israel devia produzires-
panto e admiração (Dt 4.7-8). O amor de Deus começa na eternidade (Jr 31.3) e 
se manifesta através do seu relacionamento pactuai com Abraão, Moisés, e Davi 
IGn 12. l-4; Êx 19.5-6; 2Sm 7). A eleição de Jacó por Deus continuava a ter rele-
vância no seu relacionamento com Israel no período do ministério de Malaquias. 
Entendido corretamente, o amor de Deus não conduz à complacência moral, 
mas, sim, ao zelo moral. Entretanto, a presunção de Israel e o seu cinismo acerca 
do amor de Deus levaram-no a uma crise moral que é tratada por Malaquias. Ver a 
nota teológica: "O Propósito de Deus: Predestinação e Pré-Conhecimento" 
Jacó. Um dos tltulos para Deus nos Salmos é "o Deus de Jacó" (SI 20.1, 46.7; 
75.9; 76.6; 84.8). O amor eletivo de Deus é inigualável porque ele ama os pecado-
res, aqueles que por natureza eram os objetos do seu desagrado e da sua ira (Lc 
15.2; Rm 5.6-8; Ef 2.1-3). A história de Jacó e Esaú, em Gênesis, indica claramen-
te a escolha divina de Jacó apesar da sua falta de mérito (Gn 25.21-34; 27 .1-40; 
Rm 9.10-13). 
•1.3 aborreci. Embora existe um uso do verbo "aborrecer" significando "amar 
menos", (Gn 29.31, rei. lat.; Lc 14.26). o contexto imediato posterior sugere que 
"aborrecer" aqui significa rejeição ativa, desagrado e desaprovação manifesta em 
justiça retributiva. Não é apenas o fato de que Esaú (Edom) sofre com a ausência 
ou a redução da bênção, mas, também, que ele recebe condenação. Para este 
uso de "aborrecer", ver SI 5.5; Is 61.8; Os 9.15; Am 5.21; Mt 2.16. Ver "Eleição e 
Reprovação", em Rm 9.18. 
assolação. Provavelmente, esta seja uma referência à ocupação de Edom pelos 
árabes nabateus. Em Am 9.12, Edom é o representante de todas as nações que 
estão sob a influência salvífica da promessa de Deus. 
•1.5 fora dos limites da Israel. Deus é o Senhor soberano da história, cujos 
propósitos redentores são cumpridos tanto dentro quanto tora do antigo Israel (v. 
11; Gn 12.3). 
•1.6-2.9 Uma razão maior para a ira de Deus contra Israel é a atitude dos sa-
cerdotes ao lidarem com o nome de Deus perante o altar e com a lei de Deus no 
ensino e julgamento. No altar, eles ofereciam sacrifícios de animais doentes ou 
imperfeitos, invertendo, deste modo, o propósito dos seus esforços e trazendo 
maldição e profanação quando, na verdade, deveriam trazer bênção e purificação. 
No seu ensino e julgamento, eles violaram a aliança com Levi (2.8). demonstran-
do parcialidade e levando muitos ao erro. 
•1.6 honra. Deus é, em si mesmo, infinitamente glorioso e deve receber o reco-
nhecimento do seu povo (SI 29.1-2; 57.5, 11 ). 
desprezais. O oposto de honrar e temer ao Senhor (cf. 2Sm 12.9-1 O). Esta pala-
vra é usada freqüentemente em Provérbios (1.7; 15.20; 23.22). 
•1.7 pão imundo. Esta é uma referência aos de sacrifícios de animais (v. 8). 
"Imundo" significa cerimonialmente impuro e, portanto, inaceitável. Deus não é 
ofendido somente pelas imperfeições cerimoniais, mas também pela atitude de 
menosprezo que se acha por detrás de tais sacrifícios imperfeitos (Gn 4.3-5 e no-
tas; Hb 11.4). 
A mesa do SENHOR. Esta expressão, e a expressão similar no .v. 12 (ref. lat.). 
ocorrem somente aqui no Antigo Testamento. Ambas as ocorrências referem-se 
ao altar. 
•1.8 O coxo ou o enfermo. A lei proibia expressamente tais ofertas (Lv 22.22; 
Dt 1521). 
•1.11 é grande entre as nações o meu nome. Deus promete o t1iunfo futu-
ro do seu reino glorioso. "Desde o nascente do sol até ao poente", e expressões 
semelhantes, com freqüência apontam para o juízo divino por vir sobre este 
1089 MALAQUIAS 1, 2 
O PROPÓSITO DE DEUS: PREDESTINAÇÃO E PRÉ-CONHECIMENTO 
MI 1.2 
"Predestinação" é uma palavra usada com freqüência para significar a preordenação de todos os eventos determinados 
por Deus na história do mundo - passado, presente e futuro. Esse uso é muito apropriado. Contudo, nas Escrituras e na teo-
logia histórica protestante, "predestinação" se refere especificamente à decisão de Deus tomada na eternidade, em relação 
ao destino final de pessoas individuais, antes de o mundo existir. Em geral, o Novo Testamento fala da predestinação ou elei-
ção de pecadores particulares para a salvação e para a vida eterna (Rm 8.29; Ef 1.4-5, 11 ), ainda que as Escrituras também 
ocasionalmente atribuam a Deus antecipada decisão a respeito dos que, finalmente, não foram salvos (Rm 9.6-29; 1 Pe 2.8; 
Jd 4). Por essa razão, é freqüente, na teologia protestante, definir a predestinação mediante a inclusão tanto da decisão de 
Deus de salvar alguns do pecado (a eleição) como a correspondente decisão de não salvar outros (reprovação). 
Com freqüência, afirma-se que a escolha que Deus faz de indivíduos para a salvação está baseada no seu 
pré-conhecimento de que eles escolheriam a Cristo como seu Salvador. Pré-conhecimento, nesse caso, significa que Deus 
prevê passivamente o que os indivíduos farão, independentemente da preordenação de Deus com relação às ações deles. Po-
rém há pesadas objeções ao ponto de vista de que a eleição está baseada numa previsão passiva. 
"Conhecer de antemão", em Rm 8.29; 11.2 (cf. 1 Pe 1.2,20) indica não só o conhecimento antecipado que Deus tem, mas 
também a escolha antecipada que Deus faz do seu povo. Não expressa a idéia da previsão passiva que um espectador tem 
daquilo que vai acontecer espontaneamente. O conhecimento que Deus tem do seu povo nas Escrituras implica um relaciona-
mento especial de escolha por amor (Gn 18.19). 
Posto que todos estão naturalmente mortos no pecado (separados da vida de Deus e indiferentes para com ele), ninguém que 
ouve o evangelho pode chegar ao arrependimento e à fé sem receber a renovação interior, que só Deus pode conferir (Ef 2.4-1 O). 
Jesus disse: "Ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido" (Jo 6.65; cf. 6.44; 10.25-28). Pecadores escolhem a 
Cristo porque Deus os escolheu primeiro e levou-os a essa escolha pela renovação de seu coração mediante a graça. 
Ainda que todos os atos humanos sejam livres, no sentido de uma autodeterminação imediata, esses atos são também 
executados dentro da preordenação e propósito eterno de Deus. Temos dificuldade em compreender precisamente de que 
maneira se compatibilizam a soberania divina e a liberdade e responsabilidade humanas, mas as Escrituras, em toda parte, 
pressupõem que são compatíveis (At 2.23; 4.28 e notas). 
Os cristãos devem agradecer a Deus por sua conversão, pedir que ele os guarde em sua graça e esperar, com confiança, 
por seu triunfo final, de acordo com o seu plano (Ver "Eleição e Reprovação'', em Rm 9.18 e Vocação Eficaz e Conversão em 
2Ts 2.14). 
todo lugar IJhe é queimado incenso e trazidas ofertas puras, O castigo dos sacerdotes 
uporque o meu nome é grande entre as nações, diz o SENHOR 2 Agora, ó ªsacerdotes, paravós outros é este mandamento. 
dos Exércitos. 12 Mas vós o profanais, quando dizeis: v A mesa 2 bSe o não ouvirdes e se não propuserdes no vosso coração 
do 5SENHOR é imunda, e o que nela se oferece, isto é, a sua co- dar honra ao meu nome, diz o SENHOR dos Exércitos, enviarei 
mida, é desprezível. 13 E dizeis ainda: Que x canseira! E me sobre vós a maldição e amaldiçoarei as vossas bênçãos; cjá as te-
desprezais, diz o SENHOR dos Exércitos; vós ofereceis o dilace- nho amaldiçoado, porque vós não propondes isso no coração. 
rado, e o coxo, e o enfermo; assim fazeis a oferta. z Aceitaria 3 Eis que vos reprovarei a descendência, atirarei d excremento ao 
eu isso da vossa mão?- diz o SENHOR. 14 Pois maldito seja ªo vosso rosto, excremento dos vossos sacrifícios, e epara junto des-
enganador, que, tendo um animal sadio no seu rebanho, pro- te sereis levados. 4 Então, sabereis que eu vos enviei este manda-
mete e oferece ao SENHOR bum defeituoso; porque ceu sou menta, para que a minha aliança continue com Levi, diz o 
grande Rei, diz o SENHOR dos Exércitos, o meu nome é terrí- SENHOR dos Exércitos. S/Minha aliança com ele foi de vida e de 
vel entre as nações. paz; ambas lhe dei eu gpara que me temesse; com efeito, ele me 
• lAp 8.3 Uls 66.18-19 12 VMI 1.7 5Conforme B; TM Sen~or 13 Xls_ 43.22Zlv 22 20 14 ªMI 1.8 bLv 22.18-20 cs147.2 
CAPÍTULO 2 1 a MI 1.6 2 b [Lv 26.14-15; Dt 28.15] e MI 3.9 3 d Ex 29.14e1Rs 14.10 5/Nm 25.12; Ez 34.25 gDt 33.9 
mundo e para a restauração da ordem intencionada de Deus ISI 50.1; Is 45.6; 
59.19). 
em todo lugar. Os sacrifícios imperfeitos que são oferecidos durante o tempo de 
ministério do profeta lvs. 7-8) são contrastados com as ofertas genuínas de ado-
ração no futuro !Is 2.2-4; 66.19-21; Zc 14.16-21). A promessa deste versículo 
está sendo cumprida mesmo nos tempos atuais. quando Cristo reúne os seus reis 
e sacerdotes dentre as nações IAp 5.9-10), e será consumada no futuro, quando 
as nações se reunirem para adorar a Deus em pureza IAp 21.27). 
•1.14 maldito seja o enganador. As leis que regulamentam as ofertas voluntá-
rias exigem a entrega de uma oferta perfeita. Este texto implica numa tentativa 
de enganar o Senhor lcf. SI 76.11 ). 
eu sou grande Rei. Deus não é apenas o Pai 11.6; Êx 4.22) e o Mestre deles, 
mas é também o seu Rei. A noção de Deus como Rei surgiu muito cedo na reli-
gião do Antigo Testamento INm 23.21, 24. 7; Dt 33.5). Ver SI 93-100. 
•2.2 enviarei sobre vós a maldição. Ver Dt 28.20. 
amaldiçoarei as vossas bênçãos. As bênçãos aqui referidas podem ser tanto 
as bênçãos físicas e materiais prometidas aos sacerdotes que recebiam os dízi-
mos do povo INm 18.21 ) , quanto os pronunciamentos de bênção proferidos pelos 
sacerdotes por ocasião dos sacrifícios INm 6.24-27), que, por conseguinte, se 
tornariam em maldição. 
•2.5 de vida e de paz. O propósrto central de Deuteronômio visa mostrar a rela-
ção entre a obediência à aliança e a vida. O compromisso com Deus leva a uma 
vida abundante. Alguns vêem na expressão "aliança ... de paz" uma alusão à alian-
ça com Finéias mencionada em Nm 25.10-13. 
MALAQUIAS 2 1090 
CASAMENTO E DIVÓRCIO 
MI 2.14,16 
O casamento é uma relação exclusiva na qual um homem e uma mulher se entregam mutuamente um ao outro numa alian-
ça vitalícia e, com base nesse voto solene, eles se tomam "uma só carne" (Gn 2.24; MI 2.14; Mt 19.4-6). 
A Confissão de Westminster (XXIV.2) afirma: "O matrimônio foi ordenado para o mútuo auxílio de marido e mulher, para a pro-
pagação da raça humana por sucessão legítima, e da igreja por uma semente santa, e para impedir a impurezaº (licença sexual e 
imoralidade; Gn 1.28; 2.18; 1 Co 7 .2-9). O ideal de Deus para o casamento é que o homem e a mulher se completem um ao outro 
(Gn 2.23) e participem da obra criativa de fazer um novo povo. O casamento é para os cristãos e para os não-cristãos, mas é da 
vontade de Deus que os do seu povo se casem só com cônjuges da mesma fé (1Co 7.39; cf. 2Co 6.14; Ed 9;10; Ne 13.23-27). A 
intimidade, na sua mais profunda dimensão, é impossível quando os cônjuges não estão unidos na fé. 
Paulo usa o relacionamento entre Cristo com a sua Igreja para explicar o que é o casamento cristão, de modo que ressalta a 
especial responsabilidade do marido, como o cabeça e protetor da esposa, e conclama a esposa para aceitar seu marido nes-
sa condição (Ef 5.21-33). A distinção de papéis não implica em que a esposa seja pessoa inferior, pois como portadores da 
imagem de Deus, tanto o homem como a· mulher têm igual dignidade e valor e devem cumprir seus papéis com mútuo respei-
to, baseados no conhecimento desse tato. 
Deus. odeia o divórcio (MI 2.16); contudo, determina disposições para o divórcio, que protegem a mulher divorciada ~Dt 
24.1-4); Essas disposições foram promulgadas "por causa da dureza do vosso coraçãoº (Mt 19.8). A compreensão mais natural 
do ensino de Jesus (Mt 5.31-32; 19.8-9) é que o adultério-o pecado da infidelidade conjugal-destrói a aliança do casamen-
to e justifica o divórcio (ainda que a reconci6ação tosse preferível) e que aquele que se divorcia de sua esposa por qualquer razão 
menor toma-se culpado de adultério, quando se casa de novo, e leva a esposa a cometer adultério, se ela também se casar de 
oow. 01Jrincípio é que todos os casos de divórcio e de novo casamento envolvem o rompimento do ideal de Deus para a relação 
sexual. Perguntado quando o.divórcio seria legítimo, Jesus respondeu que o divórcio é sempre deplorável (Mt 19.3-6), mas não 
negou que os corações continuavam a ser duros e que o divórcio, ainda que mau, podia; às vezes, ser permitido . 
. Paulo diz que o cristão que é abandonado por um cônjuge não-cristão não está sujeito à servidão (1 Co 7 .15). Isso evidente-
mentesignifica que o cristão pode considerar acabada a relação. Se esse tato confere o direito de um novo casamento tem 
sido matéria de muita disputa, e a opinião Reformada tem estado dividida sobre a questão. 
A Confissão de Westminster (XXIV.5,6), com sábia cautela, afirma aquilo em que, à base da reflexão sobre as Escrituras 
acima referidas, ao longo do tempo, os cristãos Reformados concordam no que diz respeito ao divórcio: 
"No caso de adultério depois do casamento, à parte inocente é lícito propor divórcio e, depois de obter o divórcio, casar 
com outrem, ~mo se a parte infiel tosse morta. 
Embora a corrupção do homem seja tal que o incline a procurar argumentos a fim de, indevidamente, separar aqueles 
que Deus uniu em matrimônio, contudo nada, senão o adultério, é causa suficiente para dissolver os laços matrimo-
niais, a não ser ~uê ~~ja deserção tão obstinada que não possa ser remediada pela igreja nem pelo magistrado civil. 
Para a disso!~ d'G'matrimônio é necessário haver um processo público e regular, não se devendo deixar ao arbítrio e 
discrição das pa'itllS o decidir em seu próprio caso." 
~I·. )~ r 
temeu e tremeu por causa do meu nome. 6 h A1 verdadeira 
instrução esteve na sua boca, e a 2injustiça não se achou nos 
seus lábios; andou comigo em paz e em retidão e ida iniqüida· 
de apartou a muitos. 7 Porque los lábios do sacerdote devem 
guardar o conhecimento, e <ia sua boca devem os homens 
tes a aliança de Levi, diz o SENHOR dos Exércitos. 9 Por isso, 
ºtambém eu vos fiz desprezíveis e indignos diante de todo o 
povo, visto que não guardastes os meus caminhos e vos mos· 
trastes Pparciais no aplicardes a lei. 
procurar a instrução, 'porque ele é mensageiro do SENHOR Advertência contra a infidelidade conjugal 
dos Exércitos. s Mas vós vos tendes desviado do caminho e, to qNão temos nós todos o mesmo Pai? 'Não nos criou o 
por vossa instrução, mtendes feito tropeçar a muitos; nviolas· mesmo Deus? Por que seremos desleais uns para com os ou· 
• 6 hDt33.10 1Jr23.22; [Tg 5.20] 1 Ou A lei da verdade 2o erro 7 iNm 27.21; Dt 17.8-11; Jr 18.18 l[GI 4.14] 8mJr18.15 nNm 25.12-13; 
Ne 13.29; Ez 44.10 9º1Sm 2.30 PDt 1.17; Mq 3.11, 1Tm5.21 10 q Jr 31.9; 1Co 8.6; [Ef 4.6] r Jó 3115 
•2.7 lábios do sacerdote devem guardar o conhecimanto. Ver Ed 7.1 O; Os 
4.6. A relação entre o verdadeiro conhecimento do Senhor e a instrução sacerdo· 
tal na lei é expressa vividamente em 2Cr 15.3: "Israel esteve por muito tempo 
sem o verdadeiro Deus, sem sacerdote que o ensinasse e sem lei." 
•2.8 vós vos tendes desviado do caminho. Ver Ne 13.29. As atitudes e as 
ações dos sacerdotes tornaram-se um mau exemplo para o povo. Eles 
abandonaram o seu verdadeiro chamado, que consistia em ensinar e praticar a 
verdade. 
•2.9 mostrastes parciais no aplicardes a lei. A base para esta censura é o 
caráter de Deus. Deus "não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno" IDt 
10.17; cf. Lv 19.15). Possivelmente os sacerdotes estavam favorecendo os ricos 
e poderosos da sociedade. 
•2.10-16 A falta de fidelidade para com Deus leva ao colapso nas relações 
humanas. Malaquias refere-se a dois problemas. O casamento com esposas 
idólatras lvs. 10-121 e o divórcio das esposas israelitas lvs. 13-16) são 
rigorosamente reprovados. 
•2.10 o mesmo Pai. Alguns entendem que isto se reíere a l\biaão \Is 51.2/. 
Mais provavelmente, esta expressão se refira a Deus 11.6; Êx 4.22-23; Dt 32.6; Is 
63.16; 64.8; Jr 3.4, 19; 31.9) 
1091 MALAQUIAS 2, 3 
tros, profanando a aliança de nossos pais? 11 Judá tem sido 
desleal, e abominação se tem cometido em Israel e em Jerusa-
lém; porque Judá 5profanou o santuário do SENHOR, o qual ele 
ama, e se casou com adoradora de deus estranho. 12 O SE-
NHOR eliminará das tendas de Jacó o homem que fizer tal, 
seja 3 quem for, e 1o que apresenta ofertas ao SENHOR dos 
mos, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocida-
de. 16 Porque ªo SENHOR, Deus de Israel, diz que odeia o 
repúdio e também aquele que cobre de violência as suas ves-
tes, diz o SENHOR dos Exércitos; portanto, cuidai de vós mes-
mos e não sejais infiéis. 
Exércitos. A \linda do SENHOR precedida pelo seu Anjo 
13 Ainda fazeis isto: cobris o altar do SENHOR de lágrimas, 17 bEnfadais o SENHOR com vossas palavras; e ainda dizeis: 
de choro e de gemidos, de sorte que ele já não olha para a Em que o enfadamos? Nisto, que pensais: cQualquer que faz 
oferta, nem a aceita com prazer da vossa mão. 14 E pergun- o mal passa por bom aos olhos do SENHOR, e desses é que ele 
tais: Por quê? Porque o SENHOR foi testemunha da aliança en- se agrada; ou: Onde está o Deus do juízo? 
tre ti e "a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste 3 Eis que ªeu envio o meu mensageiro, que bpreparará o 
desleal, vsendo ela a tua companheira e a mulher da tua alian- caminho diante de mim; de repente, virá ao seu templo o 
ça. IS xNão fez o SENHOR um, mesmo que havendo nele um Senhor, a quem vós buscais, co Anjo da Aliança, a quem vós 
pouco de espírito? E por que somente um? Ele buscava za desejais; eis que dele vem, diz o SENHOR dos Exércitos. 2 Mas 
descendência que prometera. Portanto, cuidai de vós mes- quem poderá suportar eo dia da sua vinda? E !quem poderá 
• 11 s Ed 9.1-2; Ne 13.23 12 INe 13.29 3Talmude e V profes;or e estudante 14 u Pv 5.18; Jr 9.2; MI 3.5 VPv 2.17 IS XGn 2.24; Mt 
19.4-5 ZEd 9.2; [1Co 7.14] 16 ªDt 24.1; [Mt 5.31; 19.6-8] 17 bis 43.22,24 eis 5.20; SI 1.12 
CAPÍTULO 3 1ªMt11.10; Me 1.2; Lc 1.76; 7.27; Jo 1.23; 2.14-15 b[ls 40.3] eis 63.9 dHc 2.72eJr10.10; JI 2.11; Na 1.6; [MI 4.1]/ls 
33.14; Ez 22.14; Ap 6.17 
•2.11 sido desleal. Este verbo é usado cinco vezes nos vs. 10-16. Ele é empre-
gado em Jr 3.20 para se referir à infidelidade marital. 
abominação, O termo hebraico aqui refere-se às práticas religiosas idólatras 
sendo, também, muito usado em Deuteronômio (Dt 7.25-26; 12.31; 13.14; 
18.12). Ele pode igualmente referir-se à transgressão sexual (Lv 18.22,26,29-30; 
Dt 24.4) 
profanou o santuário do SENHOR, A palavra hebraica traduzida por "santuário" 
também pode ser entendida como referindo-se ao próprio povo ("santa semen-
te", Is 6.13; Ed 92). Trata-se do povo que é amado por Deus e que se corrompe 
pela desobediência em suas práticas matrimoniais. 
se casou com adoradora de deus estranho. Esta frase refere-se ao casa-
mento com uma mulher ainda comprometida com um deus estranho - ou seja, 
uma idólatra fora da aliança (cf. Gn 24.3-4; Êx 34.12-16; Dt 7.3-4; Js 23.12; 1 Rs 
11.1-1 O). A proibição do casamento com descrentes continua no Novo Testa-
mento (1Co 7.39; 2Co6.14). 
•2.14 mulher da tua mocidade. Ver v. 15; Pv 5.18. 
a mulher da tua a6ança, A fidelidade pactuai de Deus deve ser espelhada nas 
relações matrimoniais do seu povo (Pv 2.17; Ef 5.22-33). 
•2.15 um. Ver Gn 2.24. 
•2.16 odeia o repúdio. Ver Is 50.1; Dt 24.1-4; nota teológica "Casamento e Di-
vórcio". 
vestes, Casar-se e receber uma esposa é, às vezes, representado pelo cobrir-se 
com um manto (Rt 3.9, nota textual; Ez 16.8 rei. lat.). 
•2, 17-3.5 Os cínicos religiosos acusam o Senhor de injustiça. Deus responde 
com a promessa de que ele enviará um mensageiro para preparar o caminho di-
ante dele e, então, retomar para o seu templo. A presença divina em meio a um 
povo ímpio requer julgamento e purificação graciosa (3.2-3). Ele transformará o 
coração dos levitas e eles, então, passarão a novamente oferecer sacrifícios da 
forma correta. O juízo será severo (3.5). O Senhor mesmo será a principal teste-
munha na acusação do seu povo. 
•2.17 Enfadais o SENHOR. Ver Is 43.24. Em Malaquias, as ofensas giram em 
torno da rejeição cínica do governo moral de Deus e do contínuo espírito insolente 
que constantemente coloca Deus à prova. 
•3, 1-5 Esta seção refuta as duas declarações cínicas de 2.17. A alegação de que 
Deus não diferencia entre o bem e o mal é respondida no v. 2 ao referir-se ao mi-
nistério de aperfeiçoamento e purificação do Anjo da Aliança. A segunda declara-
ção, "Onde está o Deus do juízo?" (2.17), é respondida no v. 5. Os judeus 
esperavam que o Senhor julgasse as nações, mas, ao invés disto, o Senhor se 
aproximará deles para juízo (v. 5). 
•3.1 meu mensageiro. Ver 4.5; também Is 40.3 (onde também ocorre a ex-
pressão "preparar o caminho"). No Oriente Próximo, era prática comum enviar 
mensageiros que precedessem um rei visitante com o objetivo de anunciar a sua 
vinda e de remover quaisquer dificuldades ou obstáculos. Este mensageiro (Mt 
11.1 O) será o último desta categoria a aparecer antes da vinda do Senhor, que é 
"o Anjo da Aliança". 
de repente, Nas Escrituras, esta expressão quase sempre está associada com 
circunstâncias infelizes e desastrosas (Nm 12.4; Is 47.11; cf. 2Pe 3.10). 
Anjo da Aliança. Uma pessoa distinta do "meu mensageiro", ele purificará os 
sacrifícios. os sacerdotes e a nação (vs. 2-5). Este "Anjo da Aliança" é o Messias e 
essa profecia se cumpre em Jesus que, sozinho, realizou o sacrifício perfeito em 
favor do seu povo. 
A vida de Cristo (3.1) 
A Profecia de Malaquias 
ComQ 
seu•~ 
Sua vinda traz o julgamento (4. 1) 
Comó o Sdf •dí''ii'~ 
cura seuP<Pló·~~~· 
Seu precursor prepara a vinda 
do Senhor (3.1; 4.5) 
A vinda de Cristo traz o julgamento mas também 
a salvação (Mt 3.10-12; Ap 20.11-15) 
~r 'fiJ'n, ~~~ 
; AP 21.4) · 
João Batista anuncia Cristo (Mt 11.10-14) 
MALAQUIAS 3 1092 
subsistir quando ele aparecer? Porque gele é como o fogo do 
ourives e como a potassa dos lavandeiras. 3 h Assentar-se-á 
como derretedor e purificador de prata; purificará os filhos de 
Levi e os 1refinará como ouro e como prata; eles itrarão ao 
SENHOR justas ofertas. 4 Então, ia oferta de Judá e de Jerusa-
lém será agradável ao SENHOR, como nos dias antigos e como 
nos primeiros anos. s Chegar-me-ei a vós outros para juízo; 
serei testemunha veloz contra os feiticeiros, e contra os adúl-
teros, e 'contra os que juram falsamente, e contra os que mde-
fraudam o salário do jornaleiro, e oprimem na viúva e o órfão, 
e torcem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o 
SENHOR dos Exércitos. 
O roubo no tocanteaos dízimos e às ofertas 
6 Porque eu, o SENHOR, ºnão mudo; Ppor isso, vós, ó filhos 
de Jacó, não sois consumidos. 7 Desde os dias de qvossos pais, 
vos desviastes dos meus estatutos e não os guardastes; 'tor-
nai-vos para mim, e eu me tornarei para vós outros, diz o 
SENHOR dos Exércitos; 5 mas vós dizeis: Em que havemos de 
tornar? 8 Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais 
e dizeis: Em que te roubamos? 1Nos dízimos e nas ofertas. 
9 Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, 
vós, a nação toda. 10 uTrazei todos os dízimos và casa do Te-
souro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me 
nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir xas jane-
las do céu e não 2 derramar sobre vós bênção sem medida. 
11 Por vossa causa, repreenderei ªo devorador, para que não 
vos consuma o fruto da terra; a vossa vide no campo não será 
estéril, diz o SENHOR dos Exércitos. 12 Todas as nações vos 
chamarão felizes, porque vós sereis buma terra deleitosa, diz 
o SENHOR dos Exércitos. 
A diferença entre o justo e o peTVerso 
13 As e vossas palavras foram 2 duras para mim, diz o 
SENHOR; mas vós dizeis: Que temos falado contra ti? 14 dVós 
dizeis: Inútil é servir a Deus; que nos aproveitou termos cui-
dado em guardar os seus preceitos e em andar de luto diante 
do SENHOR dos Exércitos? ts Ora, pois, enós reputamos por 
felizes os soberbos; também os que cometem impiedade 
3prosperam, sim, eles !tentam ao SENHOR e escapam. 
16 Então, gos que temiam ao SENHOR hfaJavam uns aos ou-
tros; o SENHOR atentava e ouvia; ;havia um memorial escrito 
diante dele para os que temem ao SENHOR e para os que 4se 
lembram do seu nome. 17 iEles serão para mim 'particular te-
souro, naquele dia que prepararei, diz o SENHOR dos Exérci-
tos; mpoupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o 
serve. 18 n Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o 
perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve . 
• gls4.4;Zc139;[Mt3.10-12;1Jo313-15] Jhl~125,Dn1210;Z~139 i[1Pe25] IOupurificará. 4iM1111- SiLv1912;Zc54; 
[Tg 5.12] m Lv 19.13; Tg 5.4 nEx 22.22 6 o [Nm 23.19; Rm 11.29; Tg 117] P[Lm 3.22] 7 q At751 rzc 1.3 SMI 1.6 8 INe 13.10-12 
IOUPv3.9-10V1Cr26.2QXGn7.11 z2Cr31.10 ti ªAm49 t2bDn89 1JcMl2.172Lit.fortes t4dJó21.14 1ses1 
73.12 /SI 95.9 3 Lit. são edificados 16 g SI 66.16 h Hb 3.13 i SI 56.8 4 estimam 17 i Êx 19.5; Dt 76; Is 43.21; [1 Pe 2.9] /is 62.3 m SI 
103.13 1snrs159111 
•3.3 purificará os filhos de Levi. Os sacerdotes haviam sido instrumentos na 
condução do povo em direção ao erro. A obra da purificação começará com eles 
e. a partir deles. espalhará para toda a nação. Os levitas eram o modelo para a na-
ção que deveria ser "um reino de sacerdotes" (Êx 19 6). 
justas ofertas. Ver 1.11, "ofertas puras". Por causa da obra do mensageiro da 
aliança. a adoração correta e apropriada será novamente oferecida. visto que os 
corações e vidas dos ofertantes estarão purificados (SI 4.5; Sf 3.9). 
•3.5 Chegar-me-ei a vós outros para juízo. Esta seção começou com os cíni-
cos religiosos acusando o Senhor de injustiça. Ela termina com um litígio judicial 
no qual o Senhor faz acusações contra o seu povo. Os pecados especificamente 
mencionados no v. 5 são claramente proibidos pela lei do Senhor. A causa funda-
mental desses pecados é que eles "não me temem". 
•3.6-12 O povo não estava apenas trazendo ofertas defeituosas mas também 
estavam retendo o dízimo. aparentemente devido a colheitas insuficientes. Con-
tudo. reter o dízimo é roubar do Senhor. Como conseqüência. o Senhor justo rete-
ve as suas bênçãos. O pecado do povo também evidenciava uma falta de 
confiança no Senhor para suprir as suas necessidades. no caso deles cumprirem 
os seus mandamentos. Assim sendo, o Senhor os conclama a colocá-lo em pro-
va. Se eles agissem assim, a provisão resultante seria tão grande que as nações 
notariam a diferença e considerariam Israel como uma nação abençoada por 
Deus. 
•3.6 eu, o SENHOR, não mudo. A imutabilidade ou o caráter invariável de Deus 
podem ser vistos erry seu propósito de abençoar o seu povo eleito. Assim. eles 
não são destruídos (Ex 34.6-7; Jr 30.11). 
•3. 7 tornai-vos para mim, e eu me tomarei para vós outros. O mandamen-
to visando o arrependimento está ligado a uma promessa (cf. Zc 1.3; Tg 4.8). O 
pecado separa o ser humano de Deus e leva Deus a esconder a sua face (Is 59.2). 
•3.8 dízimos. A palavra significa um décimo. A prática do dízimo é mencionada 
nos relatos da vida de Abraão (Gn 14.20) e Jacó (Gn 28.22) e foi codificada na lei 
de Moisés (Lv 27.30; Nm 18.26; Dt 14.22-29). 
ofertas. Porções dos sacrifícios de animais destinados aos sacerdotes (Êx 
29.27-28; Lv 9.22). 
•3.1 O casa do Tesouro. Este termo refere-se a um compartimento no templo 
utilizado para a armazenagem de ofertas (2Cr 31.11 ref. lat.; Ne 10.38-39; 12.44; 
1312) 
provai-me. Este é o inverso do modelo bíblico normal, no qual Deus prova os se-
res humanos (SI 11.5; 26.2; 66.1 O; Pv 17.3; Jr 11.20; 12.3; 17.10). Somente em 
algumas poucas ocasiões os seres humanos são convidados a testarem Deus 
(i e . provar as suas afirmações e justificar os seus mandamentos. Is 7 .11-12; 1 Rs 
1822-46) 
janelas do céu. Ver Gn 7 .11. 
•3.13---4.6 A última seção retorna à profecia de 3.1-5 acerca do precursor (Mt 
11.1 OI e a vinda de Deus. De várias maneiras. o início da seção assemelha-se a 
um salmo de lamento. As reclamações. no entanto, são interpretadas como pala-
vras duras contra o Senhor. Havia. porém, aqueles que passavam pelas mesmas 
injustiças sem concluir que servir ao Senhor era coisa inútil. O primeiro grupo 
enunciou palavras duras e recebeu a resposta do Senhor; o último temeu ao Se-
nhor e isto levou o Senhor a escrever um memorial a respeito deles. Deus prome-
teu que eles seriam o seu tesouro especial no grande Dia do Senhor. 
Uma referência ao "dia" (v 17) introduz novamente o tema do último dia do jul-
gamento. um dia de destruição para os ímpios e de salvação para os justos. Os 
versos finais retornam ao prometido precursor e exortam o povo a guardar a lei de 
Moisés. 
•3.14 Inútil. A palavra significa "vazio" ou "em vão". 
aproveitou. O termo hebraico normalmente refere-se ao ganho injusto. A cobiça 
não combina com o desejo pela verdade divina (SI 119.36). 
•3.16 Então. As palavras e a conduta daqueles que temiam a Deus são ocasio-
nadas pelas reclamações anteriores e ambas as situações são aqui contrastadas. 
memorial escrito. Esta expressão. tal qual aqui redigida. se encontra apenas 
nesta passagem. porém referências a um livro especial são empregadas em ou-
tros textos (Ex 32.32; SI 69.28; On 7.10\. 
•3.17 Eles serão para mim. Esta expressão refere-se ao remanescente descri-
to no v. 16. 
particular tesouro. No estágio inicial da revelação do Antigo Testamento. a 
1093 MALAQUIAS 3 
O sol da justiça e seu precursor 
4 Pois eis que ªvem o dia e arde como fornalha; todos bos soberbos e todos os que cometem perversidade serão 
e como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o SENHOR dos 
Exércitos, de sorte que dnão lhes deixará nem raiz nem ramo. 
2 Mas para vós outros que e temeis o meu nome nascerá o !sol 
da justiça, trazendo salvação nas suas asas; saireis e saltareis 
como bezerros soltos da estrebaria. 3 gPisareis os perversos, 
porque se farão cinzas debaixo das plantas de vossos pés, na-
quele dia que prepararei, diz o SENHOR dos Exércitos. 4 Lem· 
brai-vos da hLei de Moisés, meu servo, a qual lhe prescrevi em 
Horebe para todo o Israel, a saber, ;estatutos e juízos. 
s Eis que eu vos enviarei lo profeta Elias, 1 antes que venha 
o grande e terrível Dia do SENHOR; ó ele converterá o coração 
dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que 
eu não venha e mfira a terra com nmaldição. 
e CAP.ÍTUL~ 4 1 •SI 21 9, [Na 1 5-6, MI 3 2-3, 2Pe 3 7] bMI 3 18 Cls 5 24, Ob 18 dAm 2 9 2 e MI 3.16/Mt416; Lc 1.78; At 10.43; 2Co 
4.6;Et5.14 3 gMq7 10 4 hÊx20 3 'Dt4~ S l[Mt 11 14, 17 10-13, Mc9 11-13, Lc 1 17]. Jo 1.21 IJI 2 31 ó mzc 14 12 nzc5 3 
nação de Israel é chamada de "propriedade peculiar" de Deus (Êx 19.5; Dt 7.6; 
14 2) 
•4. 1 os abrasará. Duas figuras utilizando o fogo são usadas em Malaquias para 
descrever o Senhor: um fogo purificador (3.2) e um fogo destruidor (4.1 ). 
nem raiz nem ramo. Os ímpios são comparados a uma árvore (Am 2.9) que 
será consumida até as raízes, sendo assim totalmente destruída. 
•4.2 sol da justiça. Uma expressão exclusiva de Malaquias [cf. SI 84.11 ). O rei 
davídico reinará em justiça (Is 32.1 J e será chamado "um Renovo justo" (Jr 
235-6) 
salvação. A Bíblia faz analogia entre a doença física e a doença es~iritual, ou pe-
cado. Com freqüência, a salvação é comparada à cura corporal (Ex 15.26; 2Cr 
7.14; SI 103.3; Is 53.5; Jr 17.14). 
•4.5 Eis que eu vos enviarei o profeta Elias. A conexão literária deste verso 
com 3.1 indica que "Elias" e o "meu mensageiro" são a mesma pessoa. Ambos 
os versos começam com a palavra "eis" e utilizam a mesma fonma do verbo "en-
viar". Em ambos os casos, a missão destes personagens é trazer o arrependi-
mento antes do Dia do Senhor que está prestes a vir. O Novo Testaménto 
identifica este "Elias" como João Batista (Mt 11.14; 17.10; Me 9.11-13; Lc 1.17). 
•4.6 ele converterá o coração dos pais aos filhos. Arrependimento e con-
versão a Deus serão vistos na restauração dos relacionamentos familiares (Lc 
1.17). 
para que eu não venha e fira a terra com maldição. Malaquias começou o 
seu livro com o anúncio do amor eletivo de Deus. No entanto, o texto temnina com 
a ameaça de uma maldição. A dupla ênfase de Malaquias (na misericórdia e no 
juízo) ressoa no pronunciamento de Paulo em Rm 11.22: "Considerai, pois, a bon-
dade e a severidade de Deus". 
Introdução ao , 
PERIODO , 
INTERTESTAMENTARIO 
Quando a história do Antigo Testamento encerrou-se, a comu-
nidade hebraica encontrava-se disciplinada, dividida e esperanço-
sa. Disciplinada porque o povo reconheceu o grave grave pecado, 
que levou o Senhor a submetê-la a julgamento. A nação estava di-
vidida. Muitos judeus haviam retornado do exílio e estavam ado-
rando a Deus em Jerusalém, mas a maioria havia ficado na Pérsia, 
e ainda outros tinham se estabelecido no Egito e em outros luga-
res. Essa dispersão da população judaica é chamada de "Diáspo-
ra". Mas, acima de tudo, o povo não havia abandonado sua fé e 
esperança. Conhecia as promessas da aliança entre Deus e 
Abraão. Lembrava-se da poderosa mão do Senhor que havia redi-
mido seu povo do Egito. E uma grande expectativa começava a se 
desenvolver acerca da vinda do Messias, que iria cumprir os propó-
sitos de Deus para a salvação do seu povo e traria o novo e ansiado 
êxodo. 
Virando-se a página do Livro de Malaquias para o primeiro ca-
pítulo do Novo Testamento, há um salto de mais de quatrocentos 
anos. Os judeus testemunharam drásticas mudanças nas culturas 
circunvizinhas e, inevitavelmente, também sofreram uma grande 
transformação interna. O Império Persa havia desabado diante das 
conquistas de Alexandre, o Grande. Na última terceira parte do sé-
culo IV a.C., Alexandre trouxe a cultura grega, ou o "Helenismo," 
para os lugares que conquistou, incluindo a maior parte do Oriente 
Médio. Depois disto, a vida do povo judeu foi intensamente marca-
da pelo confronto com a cultura grega. 
Os Ptolomeus. Alexandre, o Grande, morreu em 323 a.C., e 
a Palestina ficou debaixo do governo de um de seus generais 
gregos, Ptolomeu, que também governou o Egito. Pouco se sabe a 
respeito da vida na Judéia nos tempos dos ptolomeus. Aparente-
mente, os judeus conservavam uma considerável liberdade, tanto 
para praticar sua religião como também para manter, até certa me-
dida, um governo autônomo, exercido pelo seu próprio sumo sa-
cerdote. Originalmente esse ofício tinha um propósito estritamente 
religioso, mas, na ausência de um rei judeu, ele se tornou o maior 
símbolo político da nação judaica. Ao mesmo, tempo a comunida-
de se sentiu cada vez mais pressionada a adotar o estilo de vida 
grego. 
A colônia judaica de Alexandria, no Egito, parece ter florescido 
durante o período dos ptolomeus. Estando na capital de uma cida-
de de cultura pagã, entretanto, a colônia tinha uma grande necessi-
dade de se a1ustar ao novo ambiente. Alguns intelectuais judeus 
queriam ensinar a história dos hebreus aos gentios. Outros tenta-
ram combinar a religião bíblica com a filosofia grega, um processo 
que, algum tempo depois, culminou nas interpretações alegóricas 
de Filo de Alexandria. Entre as várias produções literárias, a tradu-
ção do Pentateuco do hebraico para o grego foi terminada perto do 
fim do século Ili a.C. Este trabalho, 1untamente com as traduções 
posteriores dos outros livros do Antigo Testamento, é chamado de 
Septuaginta (comumente abreviado com o numeral romano 
''LXX"), intitulado assim por causa dos setenta eruditos que, de 
acordo com a tradição, participaram na tradução do original. Os au-
tores do Novo Testamento escreveram em grego e, com freqüên-
cia, utilizaram a Septuaginta quando citavam o Antigo Testamento. 
Os Selêucidas. Um dos generais de Alexandre, Seleuco, se 
tornou governador de um império que, finalmente, se estendeu da 
costa oeste da Ásia Menor (Turquia) à Babilônia e ainda além, ao 
leste. A capital do Império Selêucida foi estabelecida em Antioquia 
da Sír'1a, ao norte da Palestina, e era um constante desafio para os 
governantes ptolomeus. Finalmente, em 198 a.C., o governador 
selêucida Antíoco Ili conseguiu ocupar o território palestino. 
Não há dúvidas de que os judeus foram afetados imediata-
mente por essa mudança, mas foi com a ascensão de Antíoco IV, 
em 175 a.C., que a Judéia se encontrou num dos períodos de maior 
dificuldade jamais enfrentada por qualquer comunidade judaica. 
Também conhecido como Epifânio ("Deus manifesto"), Antíoco IV 
começou a sentir-se ameaçado pelos romanos, que vagarosamen-
te - mas com habilidade -estavam avançando para o Leste. No 
esforço de fortalecer e unir seu império, Antíoco intensificou o pro-
cesso de helenização da Palestina. 
Alguns judeus receberam esse desenvolvimento de braços 
abertos e acolheram a nova cultura, a ponto de rejeitar a sua identi-
dade religiosa. Tal apostasia fortaleceu a determinação de outros 
judeus em resistirem à política de Antíoco. Este rei não entendeu o 
caráter religioso do Judaísmo e desencadeou uma terrível perse-
guição religiosa. Exemplares das Escrituras Hebraicas foram quei-
mados, a observância do sábado foi proibida, a circuncisão foi 
banida e os infratores foram condenados à morte. Em 167 a.C., 
Antíoco profanou o templo judeu, colocando nele uma estátua de 
Zeus e sacrificando-lhe porcos. Muitos judeus interpretaram esta 
blasfêmia como sendo o cumprimento da profecia sobre a" abomi-
nação desoladora" (Dn 11.31, 12.11; cf. 9.27). 
Pouco depois desta profanação, iniciou-se a Revolta dos Ma-
cabeus. Sob a liderança de Judas Macabeus, ou Judas, o "Marte-
lo", pequenos grupos judaicos de guerrilha combateram e 
derrotaram repetidamente grandes batalhões selêucidas. Os jude-
us ocuparam Jerusalém e rededicaram o templo em 164 a.C. Este 
evento ainda é celebrado hoje na festa judaica chamada Hannukah. 
A história destes e de outros eventos subseqüentes estão relata-
dos no Livro de 1 Macabeus, um dos livros conhecidos como Apó-
crifos (ou, na Igreja Católica Romana, como Deuterocanônicos). 
1095 0 PERÍODO INTERTESTAMENTÁRIO 
Os Hasmoneanos. Tendo provado o sabor da vitória, os ju-
deus não se contentaram simplesmente em apenas recuperar o di-
reito de praticar sua religião. Lutaram para recuperar a liberdade 
política também, algo que não haviam desfrutado desde o exílio na 
Babilônia no século VI a.C. Depois da morte de Judas, seus irmãos 
Jônatas e Simão continuaram a guerra até 142 a.C.,quando a Ju-
déia se tornou independente e a dinastia hasmoneana foi estabele-
cida. O nome é derivado de Hasmon, um ancestral dos Macabeus. 
Mas a luta contra a helenização não havia terminado. Mesmo 
antes da conquista da independência, Jônatas Macabeus havia se 
tornado o sumo sacerdote, apesar de não pertencer à família apro-
priada (da linhagem de Zadoque). De acordo com muitos eruditos, 
foi esse fato que levou um grupo de judeus mais ortodoxos a se 
afastar da sua nação e a estabelecer a comunidade dos essênios 
de Oumran, próximo ao mar Morto. Considerando-se a si mesmos 
a verdadeira nação de Israel, essa comunidade desenvolveu um 
estilo de vida monástico. Interpretavam as profecias do Antigo Tes-
tamento como cumprido-se no meio deles, e esperavam ansiosa-
mente pela guerra final e iminente que destruiria os inimigos de 
Deus. Uma extensa coleção de sua literatura, os Manuscritos do 
Mar Morto, foi descoberta em 1947. 
Os governadores hasmoneanos (macabeus) dominaram o sa-
cerdócio. Progressivamente, foram adotando o estilo de vida gre-
go. Em geral, recebiam o apoio dos saduceus, um grupo 
aristocrático que procurava preservar a estabilidade política. Esse 
partido conservador reconhecia somente a autoridade do Penta-
teuco (enquanto a outros livros atribuíam menos autoridade). e nes-
ses termos rejeitavam a doutrina da ressurreição (cf. Mt 22.23-33; 
At 23.6-8). Não é possível descrever com precisão a origem histó-
rica dos saduceus, nem a dos fariseus. Ambos os grupos foram pri-
meiramente mencionados pelo historiador Josefa em conexão 
com o governo de João Hircano 1 (134-104 a.C.). 
Os fariseus, apesar de não serem primariamente um grupo po-
lítico, podem ser considerados como tendo sido o partido de oposi-
ção do seu tempo. Protestaram contra a helenização da vida 
judaica, formaram uma tradição oral extensiva e procuraram pre-
servar a pureza das regras do judaísmo. Mas, através de suas inter-
pretações da lei, adulteraram muitos princípios bíblicos. De fato, 
essa prática baixou o padrão da santidade exigido por Deus e aju-
dou a nutrir a ilusão de que o povo podia agradar a Deus através de 
seus próprios esforços (Me 7.1-13; Lc 18.9-14). 
Os romanos. Apesar de desfrutar alguns períodos de pros-
peridade, a dinastia hasmoneana, dividida pelas lutas internas, não 
conseguiu resistir ao avanço dos romanos. Em 63 a.C., o general 
romano Pompeu invadiu Jerusalém. A constante agitação levou os 
romanos a nomearem Herodes como o rei da Judéia. Era um idu-
meu de nascimento, mas também um judeu prosélito. Reinou de 
37 a.e. até sua morte, em 4 d.C. 
Herodes era obediente a Roma e governou com eficiência. 
Seus projetos de edificação, como a construção de um porto artifi-
cial em Cesaréia, uma admirável façanha da engenharia, o tornou 
famoso no mundo antigo. De especial importância foi a reconstru-
ção do templo em Jerusalém, um empreendimento ambicioso que 
começou em 20 a.e. e continuou muito depois de sua morte (Jo 
2.20). Por estas e outras realizações, acabou sendo chamado de 
"Herodes. o Grande." Infelizmente, os vícios de Herodes lançaram 
uma sombra sobre as suas virtudes. Egoísta, ciumento, e desconfi-
ado, Herodes, às vezes, agia como louco, chegando ao ponto de 
até mesmo assassinar alguns dos seus próprios filhos. 
Quando a história do Novo Testamento se inicia, os judeus es-
tão submetidos a uma potência estrangeira. Governados por um 
personagem capaz, porém tirânico, esperavam por uma salvação 
que ainda não havia chegado. 
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	MALAQUIAS
	01
	02
	03
	04
	Introdução ao Período Intertestamentário

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