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Caldas 2018 Verao e inverno amazonicos

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO TOCANTINS/CAMETÁ 
FACULDADE DE GEOGRAFIA/FAGEO 
 
 
 
 
 
 
 
VERÃO E INVERNO AMAZÔNICOS: UMA ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE O 
CONCEITO CIENTÍFICO E A CONCEPÇÃO POPULAR DE CLIMA A PARTIR DAS 
LOCALIDADES RIBEIRINHAS DO DISTRITO DE JUABA NO MUNICÍPIO DE 
CAMETÁ – PARÁ. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cametá-PA 
Janeiro/2018 
 
 
RAQUEL COELHO CALDAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VERÃO E INVERNO AMAZÔNICOS: UMA ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE O 
CONCEITO CIENTÍFICO E A CONCEPÇÃO POPULAR DE CLIMA A PARTIR DAS 
LOCALIDADES RIBEIRINHAS DO DISTRITO DE JUABA NO MUNICÍPIO DE 
CAMETÁ – PARÁ. 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado à 
Faculdade de Geografia/UFPA do Campus Universitário 
do Tocantins-Cametá como requisito final para a obtenção 
do grau de Licenciatura Plena em Geografia, sob 
orientação do Prof. Dr. Paulo Alves de Melo. 
 
 
 
Cametá-PA 
Janeiro/2018 
 
 
 
RAQUEL COELHO CALDAS 
 
VERÃO E INVERNO AMAZÔNICOS: UMA ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE O 
CONCEITO CIENTÍFICO E A CONCEPÇÃO POPULAR DE CLIMA A PARTIR DAS 
LOCALIDADES RIBEIRINHAS DO DISTRITO DE JUABA NO MUNICÍPIO DE 
CAMETÁ – PARÁ. 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
_______________________________________________________ 
Prof. Dr. José Carlos da Silva Cordovil 
FAGEO/UFPA 
 Campus Cametá 
Avaliador 
 
_______________________________________________________ 
Prof. Dr. Rosivanderson Baia Corrêa 
FAGEO/UFPA 
Campus Cametá 
Avaliador 
 
_______________________________________________________ 
Prof. Dr. Paulo Alves de Melo 
FTG/UFPA 
Campus Ananindeua 
Orientador 
 
Cametá-PA 
Janeiro/2018 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
A Deus pela dádiva da vida. 
Aos meus pais Manoel Garcia e Rosa Coelho por sempre me 
proporcionarem amor, cuidado, educação e tudo de melhor. 
E a minha saudosa avó materna Terezinha de Jesus Rodrigues que sempre 
sonhou com uma conquista de tal grandeza para mim. 
E a cada um dos meus familiares e amigos que sempre me apoiaram nesta 
caminhada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço imensamente a Deus por ter me proporcionado vida e a rica 
oportunidade de concluir minha Graduação e Licenciatura em Geografia pela 
Universidade Federal do Pará. À minha família, principalmente aos meus pais, que 
sempre me apoiaram e quando pensava em desistir me assistiam com palavras e 
ações encorajadoras para eu continuar. 
Ao meu professor e orientador Doutor Paulo Alves de Melo pela confiança, 
respeito, parceria, a descoberta e paixão pela Climatologia. 
Meus sinceros agradecimentos à querida vó Nídia Furtado e os “Furtados” 
pela acolhida e confiança pelos longos três anos que vivemos e convivemos juntos. 
Muito obrigada à Daniele Barbosa Furtado, minha mãe ponta-pedrense e colega de 
turma, que me ajudou não só com os trabalhos, mas com conselhos e consolo e 
amizade que me ajudaram a sobreviver momentos difíceis da Graduação. E também 
à sua irmã Denise Barbosa Furtado pela grande ajuda com a ABNT e correções. 
Agradeço aqui pelo trio de amigas que foram fundamentais para minha 
formação acadêmica e pessoal e que levarei para sempre em minhas boas 
lembranças: Daniele Barbosa Furtado, Karolina dos Santos Guimarães e Juliane 
Tavares Pinheiro. 
Muito obrigada Flávio Santos pela cumplicidade, apoio e incentivo para a 
conclusão desta pesquisa. 
Querida Juliane Tavares Pinheiro, expresso aqui minha gratidão e respeito 
pela sua vida. Muito obrigada pela divisão de convivência, casa, comida, trabalhos e 
contas para pagar. Dizer a você obrigada é muito pouco diante da pessoa que é 
para mim. 
No mais, muitíssimo obrigada a vocês acima que sem as vossas 
contribuições e parcerias não estaria onde estou e as dificuldades seriam 
impossíveis de serem superadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O poder da Geografia é dado pela sua 
capacidade de entender a realidade em 
que vivemos. 
 Milton Santos. 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1: Mapa de localização e delimitação da área de 
estudo........................................................................................................................ 13 
Figura 2: Os tipos climáticos do Brasil identificados por Strahler em 
1951.......................................................................................................................... 28 
 
.Figura: 3: Final de tarde de verão em 21 de dezembro em uma localidade ribeirinha 
do distrito de Juaba. Dia de Solstício de verão......................................................... 29 
Figura 4: Cheia no rio Tocantins no mês de Março. Início de outono (Equinócio) dia 
21 de Março............................................................................................................... 29 
Figura 5. Movimento de translação e as estações do ano....................................... 32 
Figura 6. Localização territorial do Brasil.................................................................. 33 
Figura 7: Nascer do sol no rio Tocantins. Solstício de Inverno em 21 de Junho de 
2017........................................................................................................................... 34 
Figura 8: Amanhecer em localidade ribeirinha do distrito de Juaba. Equinócio de 
Primavera em 22 de setembro de 2016.................................................................... 34 
 
Figura 9: Área da Amazônia Brasileira com os estados que a 
integram..................................................................................................................... 45 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1: Comparação das repostas dos docentes da Rede pública e Particular 
de Ensino 
Superior..................................................................................................................... 53 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
CDC......................................................................... Código de Defesa do Consumidor 
Dr. ...................................................................................................................... Doutor 
FTG.................................................... Faculdade de Tecnologia e Geoprocessamento 
INPE............................................................ Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 
ISCCP.................................................................... Satellite Cloud Climatology Project 
L............................................................................................................................ Leste 
Lls........................................................................................... Linhas de Instabilidades 
MSc.................................................................................................................... Mestre 
NE................................................................................................................... Nordeste 
O.......................................................................................................................... Oeste 
PA.......................................................................................................................... Pará 
Prof ............................................................................................................... Professor 
S............................................................................................................................... Sul 
SE..................................................................................................................... Sudeste 
UFPA............................................................................. Universidade Federal do Pará 
UHT...............................................................................Usina Hidroelétrica de Tucuruí 
ZCIT...................................................................... Zona de Convergência Intertropical 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Esta monografia propõe-se a entender a relação entre o conceito científico e a 
concepção popular de Clima, onde um é formado a partir de conceitos 
climatológicos, e o outro pelo conhecimento empírico e cultural dos moradores das 
localidades ribeirinhas do distrito de Juaba no município de Cametá - PA, que 
historicamente adjetivam as estações do ano em verão e inverno amazônicos. Esta 
partiu de uma abordagem ambiental a fim de construir uma racionalidade ambiental 
a qual origina um processo político e social. Para realização desta questionamos–
nos porque há o reconhecimento, pela população das localidades ribeirinhas do 
distrito de Juaba, apenas do inverno e do verão como estações do ano a dividir o 
ano em seis meses de inverno e seis meses de verão? Como o confronto entre o 
saber empírico e o saber científico ocorre na sala de aula? Quais o resultados desse 
confronto? Os resultados demonstram que embora haja a presença dessa 
adjetivação do verão e do inverno, esta não é oriunda dessas localidades, mas sim 
de uma disseminação midiática que promove tal adjetivação. Desse modo, é 
necessário que haja uma formulação didática nacional onde as noções climáticas 
tomem proporções locais e que a formação dos docentes seja de qualidade. 
 
 
Palavras–chave: Clima, Estações do ano, Concepção Popular 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRATC 
 
This monograph proposes to understand the relation between the scientific concept 
and the popular conception of Climate, where one is formed from climatological 
concepts, and the other by the empirical and cultural knowledge of the inhabitants of 
the riverside localities of the district of Juaba in the municipality of Cametá - PA, that 
historically adjetivam the seasons of the year in Amazon summer and winter. It 
started from an environmental approach in order to build an environmental rationality 
that originates a political and social process. To achieve this, we wonder why there is 
a recognition, by the population of the riverside towns of the district of Juaba, only of 
winter and summer as seasons of the year to divide the year into six months of winter 
and six months of summer? How does the confrontation between empirical 
knowledge and scientific knowledge take place in the classroom? What are the 
results of this confrontation? The results demonstrate that although there is the 
presence of this adjectivation of summer and winter, this does not come from these 
localities, but from a mediatic spread that promotes such an adjectivation. Thus, it is 
necessary that there be a national didactic formulation where the notions of climate 
take on local proportions and that the training of the teachers is of quality. 
 
 
Keywords: Climate, Seasons, Popular Conception 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 13 
1.1 Metodologia................................................................................................... 14 
1.2 Justificativa..................................................................................................... 14 
1.3 Problema......................................................................................................... 15 
1.4 Objetivos......................................................................................................... 17 
1.5 Fundamentação Teórica................................................................................. 17 
1.6 Organização dos Dados................................................................................. 19 
1.7 Estrutura da Pesquisa..................................................................................... 19 
2. AS LOCALIDADES RIBEIRINHAS DO DISTRITO DE JUABA: A QUESTÃO 
SOCIOESPACIAL E SUAS CARACTERÍSTICAS 
FISIOGRÁFICAS...................................................................................................... 21 
2.1. A Questão Socioespacial................................................................................ 22 
2.2. Algumas características das localidades ribeirinhas...................................... 23 
3. O CLIMA E SEUS DESDOBRAMENTOS...................................................... 26 
3.1. Noções de Clima............................................................................................. 27 
3.2. Estações do ano............................................................................................ 31 
3.3. As Estações do Ano na sala de aula das escolas das localidades ribeirinhas 
do distrito de Juaba, Cametá - PA............................................................................. 35 
3.4. As Estações do Ano para os moradores das localidades ribeirinhas do distrito 
de Juaba, Cametá - PA............................................................................................. 40 
4. VERÃO E INVERNO AMAZÔNICOS............................................................ 43 
4.1. A Inversão e adjetivação das Estações Verão e Inverno na 
Amazônia................................................................................................................... 44 
 
 
4.2. A concepção inverno e verão 
amazônico................................................................................................................. 51 
4.3. Da preparação dos docentes para o confronto entre o saber científico versus 
o saber empírico........................................................................................................ 52 
5. CONCLUSÃO....................................................................................................... 56 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 59 
ANEXOS.................................................................................................................... 62
13 
 
1 – INTRODUÇÃO 
O presente trabalho propõe-se a entender a relação entre o conceito 
científico e a concepção popular de Clima, onde um é formado a partir de conceitos 
climatológicos e o outro pelo conhecimento empírico e cultural dos moradores das 
localidades ribeirinhas do distrito de Juaba no município de Cametá - PA, que 
adjetivam as estações do ano em verão e inverno amazônicos. A fazer com que esta 
concepção se distinga do conceito científico de Clima, que seria definido por Max 
Sorre como “o ambiente atmosférico constituído pela série de estados da atmosfera 
(estados de tempo) sobre o lugar em sua sucessão habitual”. (SORRE, 1951, p. 13). 
A pesquisa foi realizada nas localidades ribeirinhas do distrito de Juaba no 
município de Cametá no Nordeste (NE) estado do Pará, consoante ao mapa abaixo, 
onde essa concepção de Clima é bastante conhecida e propagada, e faz parte do 
cotidiano de seus moradores. 
 
Figura 1: Mapa de localização e delimitação da área de estudo. (CALDAS, 2016) 
M
u
tu
a
c
á
 d
e
 C
im
a
 Juba 
14 
 
1.1 – Metodologia 
O desenvolvimento da pesquisa no mês de Março de 2016 a Agosto de 
2017, e este contou com a aplicação de questionários pré-elaborados e direcionados 
a alguns alunos e os professores de Geografia que atuam nas escolas ribeirinhas da 
rede pública de ensino do distrito de Juaba. Do mesmo modo também entrevistamos 
os moradores dessas localidades abrangendo, principalmente, as pessoas das 
faixas etárias entre 10 a 80 anos, tanto do sexo masculino quanto do feminino de 
todas as classes e grupos sociais, não importando o grau de escolaridade ou até 
mesmo a falta desta, a totalizar um grupo de 52 entrevistados, destes foram 32 
alunos, 3 professores e 17 moradores. Onde todos ofereceram materiais para a 
construção deste conhecimentoque agora compartilharemos por meio deste 
trabalho. 
Os adultos de mais idade foram de extrema importância para a pesquisa 
devido à experiência adquirida ao longo dos anos, principalmente no que diz 
respeito à construção da concepção de Clima, popular na região. E, a saber, que 
não é de hoje que homem aprendeu a observar a natureza e seus fenômenos, para 
relacioná-los com suas causas, e assim, estabelecerem leis meteorológicas, por 
exemplo. Muitos dos mais velhos ao olharem para um céu nublado são capazes de 
deduzir se irá chover ou não, mesmo sem ter ao menos estudado Meteorologia uma 
única vez, isso porque o conhecimento empírico sobre o Clima é passado por 
gerações. 
Já os mais novos da faixa etária definida contribuíram para entender como a 
relação entre o conceito científico e a concepção popular de Clima tem sido 
construída na Amazônia, pois segundo os mesmos é notável e recorrente a 
expressão “inverno e verão amazônicos” nos telejornais durante as previsões do 
tempo, ou seja, a popularização dessa adjetivação é veiculada por meio da mídia, 
que difunde a ponto de incorporá-la ao nosso cotidiano. 
 
 
1.2 – Justificativa 
A seleção da temática se deu muito tempo depois da escolha da linha de 
pesquisa. Esta se sucedeu durante a disciplina Climatologia na turma de Geografia 
(2013), Cametá - UFPA, ministrada pelo professor Dr. Paulo Alves de Melo em junho 
15 
 
de 2014. A disciplina teria despertado em nós um grande interesse por este ramo da 
ciência geográfica. A partir dela começamos a buscar mais referenciais 
bibliográficos de temas relacionados à Climatologia, além de visitarmos o site o 
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, consultar e analisar mapas de 
clima e tempo, além de muitas outras contribuições que foram acrescidas no 
decorrer da construção deste trabalho. Entretanto, é necessário destacar que o foco 
e delimitação do tema se deram apenas no início do ano 2015, quando ouvimos a 
expressão “verão e inverno amazônicos” durante a previsão do tempo no Jornal 
“Bom Dia Brasil” da Rede Globo de Televisão, então, recordamos que essa 
expressão é bastante comum de se ouvir nas localidades ribeirinhas. 
Nosso interesse a respeito da temática despertou principalmente por conta 
de nossa origem ribeirinha (se encontra ou vive às margens de rios) acrescida à 
convivência da realidade de “existir” apenas verão e inverno durante o decorrer do 
ano. Pois, observamos nas localidades que o ano é marcado pela estação chuvosa 
(inverno) e a estiagem (verão). Nossa origem ribeirinha nos habituou, então, a 
considerar somente o verão e o inverno como estações do ano durante o ano, 
mesmo sabendo que cientificamente isso é diferente. 
Então, ao sermos parte integrante da sociedade ribeirinha do município de 
Cametá, pretendemos colaborar para o reconhecimento e a continuidade do saber 
popular formou a respeito das estações do ano nas áreas ribeirinhas. E perante a 
questão acadêmica nos interessa formular novas questões que venham a colaborar 
e incorporar o conceito popular ao ensino de Geografia da região, de maneira a 
contribuir para um ensino mais regionalizado, onde o educando venha a ter um 
contato mais amplo e expressivo com sua realidade geográfica. Esperamos que 
haja valorização desse saber dentro do campo educacional incluindo–o no projeto 
pedagógico das escolas. 
 
 
1.3 – Problema 
O Brasil é considerado um país tropical devido sua localização geográfica 
entre os trópicos e isso é inegável e aceito pela sociedade. Possui cinco tipos 
climáticos, que foram classificados em 2007 da seguinte forma: Clima equatorial 
quente e úmido; Clima tropical-equatorial; Clima tropical litorâneo do Nordeste 
16 
 
oriental; Clima tropical úmido-seco ou tropical do Brasil Central e; Clima subtropical 
úmido. (MENDONÇA, DANNI-OLIVEIRA, 2007). 
A Amazônia está situada na região equatorial e possui um Clima quente e 
úmido, classificado por Aziz Ab-Sáber em 2003 em sua obra Os Domínios de 
Natureza no Brasil, como um Macrodomínio devido a sua diversidade biológica. O 
clima da Amazônia deve-se a mistura e a combinação de vários fatores, sendo o 
mais importante à disponibilidade de energia solar. 
Diante desses conceitos e definições científicas, observa-se que o 
conhecimento popular não é levado em conta, embora as pessoas entendam o 
Clima e os fatores que o constituem de outra maneira, ou seja, através do 
conhecimento empírico. Este confronto tem o inicio na sala de aula quando o 
professor trabalha as estações do ano. Pois é possível que o aluno já tenha ouvido 
falar em inverno e verão, mas de primavera e outono talvez não. Porém, o verão e o 
inverno que o aluno ouviu não são os mesmos que este conhece, são totalmente 
controversos. A criança conhece um verão que inicia em junho e acaba em 
dezembro e um inverno que inicia em janeiro e termina em maio. 
Porém, a primavera e o outono que o docente falou não existem para a 
criança (da Amazônia), simplesmente porque a mesma não visualiza as 
características e os sinais daqueles na natureza onde este está inserido. Isto é 
esclarecido quando partimos da percepção que o senso comum dos moradores tem 
do Clima. Pois este busca concepções e definições que adquirimos e nos 
habituamos a utilizar ao longo de nossa existência, nosso consciente construiu um 
mapa mental que nos transmite de forma subconsciente o espectro de variação, 
principalmente, da temperatura, precipitação, umidade e vento, durante um ano ou 
períodos mais ou menos definidos, que vamos tomando como padrão. 
Por essa razão, através desta pesquisa, buscamos compreender como a 
sociedade ribeirinha do município de Cametá passou a conceituar o clima, apenas 
pela estiagem e estação chuvosa, e a partir de que métodos a mesma passou a 
relacionar precipitação ao inverno e radiação solar ao verão. 
A respeito dessa questão, não é de hoje que ouvimos as pessoas falarem 
em verão e inverno amazônicos, até mesmo nos jornais de televisão, previsão do 
17 
 
tempo e na sociedade. Porém, são poucos estudos relacionados a esses 
etnoconceitos. Não que seja novo. Mas, porque, talvez, a Climatologia mostra que 
verão e inverno são partes das estações do ano, e que as estações são globais o 
que as diferenciam são as evidências que as características das regiões do Trópico 
de Câncer, do Trópico de Capricórnio e da Linha do Equador. 
Nessa pesquisa, atentamos para a questão popular empírica, mesmo que os 
moradores tenham contato na escola com conhecimento cientifico do Clima, o que 
foi de importante relevância foi o saber popular. A sociedade ribeirinha do município 
de Cametá é constituída por vários grupos sociais e entre eles professores, 
universitários e estudantes do ensino básico. 
Diante disso, questionamos–nos porque há o reconhecimento, pela 
população das localidades ribeirinhas do distrito de Juaba, apenas do inverno e do 
verão como estações do ano a dividir o ano em seis meses de inverno e seis meses 
de verão? Como o confronto entre o saber empírico e o saber científico ocorre na 
sala de aula? Quais o resultados desse confronto? 
 
 
1.4 – Objetivos 
Buscamos nesta pesquisa investigar o motivo que levou a população 
ribeirinha do distrito de Juaba do município de Cametá a adjetivar o inverno e o 
verão na Amazônia, a construir assim, uma concepção popular de Clima o que 
implica em uma divisão do ano em seis meses de inverno e seis meses de verão. 
A partir disso buscou-se entender de que maneira a sociedade ribeirinha do 
distrito de Juaba no município de Cametá conceitua o Clima; distinguir precipitação 
de inverno e radiação solar de verão; identificar os fatores que levam a população a 
conceituar o Clima pelo conhecimento empírico e por fim valorizar a concepção 
popular bem como incorporar no ensino de Geografia no ensino básico da região. 
 
 
1.5 – Fundamentação Teórica 
O início desta pesquisa ocorreua partir do levantamento bibliográfico de 
artigos, livros, monografias entre outras obras e a seleção dos mesmos que 
18 
 
abordam o Clima, o etnoconhecimento e outros assuntos relacionados ao tema da 
pesquisa. A escolha do tipo de pesquisa (estudo de caso) foi feita devido o tema 
trabalhar com fenômenos da natureza (meio ambiente) e a sociedade. A mesma 
partiu de uma abordagem ambiental a fim de construir uma racionalidade ambiental 
a qual origina um processo político e social. E que esse processo sofre um confronto 
de interesses divergentes. Já que, a questão ambiental é de caráter social e que 
está envolvida em um conjunto de processos sociais. (LEFF, 2010). 
 Os principais documentos para a pesquisa que foram utilizados são: 
Epistemologia Ambiental, 2012 de Enrique Leff; Reflexões sobre o conceito de Clima 
e Alterações climáticas: uma relação de equívoco?, 2012 de Antônio Amílcar de 
Moura Alves da Silva; Etnoconhecimento: Uma Possibilidade de Diálogo Para o 
Ensino, 2010 de Mariana de Assunção Rodrigues e Rafael Junior Passador; 
Climatologia: noções básicas e climas do Brasil, 2007 de Francisco Mendonça 
e Inês Moresco Danni-Oliveira; Climatologia Fácil, 2012 de Ercília Torres Steinke; 
Introdução à Climatologia para para os trópicos, 1996 de Johnson Oliani Ayoade e 
Os Domínios de Natureza no Brasil: Potencialidades Paisagísticas, 2003 de Aziz 
Nacib Ab’Sáber. 
Para realização desta pesquisa foi necessário fazer a delimitação espacial, 
devido a Amazônia possuir uma expansão geográfica significativa, o campo de 
pesquisa foram algumas localidades ribeirinhas do distrito de Juaba no município de 
Cametá. Desta forma, realizamos pesquisas com questionários e entrevistas 
dirigidos para os moradores das localidades a partir dos 10 anos, envolvendo todos 
os grupos sociais das localidades do município de Cametá. 
A principal ferramenta desta pesquisa foi o trabalho de campo. Já que este é 
um método que confronta a teoria e a prática, e conta diretamente com o individuo e 
o objeto da pesquisa sem a interferência de terceiros. E que é de fundamental 
importância para o conhecimento geográfico, pois serve como desenvolvimento e a 
compreensão dos saberes espaciais. (HISSA; OLIVEIRA, 2004). E que através 
deste, é possível coletar dados fiéis comprometidos com a pesquisa. O mesmo foi 
realizado durante cinco meses (março, abril, maio, junho e agosto) meses que 
correspondem ao inverno e ao verão (como são conhecidos nas localidades 
ribeirinhas de Cametá) e também a transição do inverno para o verão. A fim de 
19 
 
visualizar as características que a população utiliza para a construção da concepção 
de Clima. 
 
 
1.6 – Organização dos dados 
No trabalho de campo fizemos entrevistas com questionários pré-
estruturados com perguntas voltadas para a questão da concepção popular de 
clima, diretamente ligadas ao cotidiano das pessoas. Aliado à entrevista, com a 
permissão de alguns entrevistados, fizemos gravações para auxiliar na transcrição e 
intepretação dos dados e repostas. 
Feito a organização da parte teórica, fez-se necessário fazer uma seleção 
das localidades ribeirinhas do município de Cametá, uma vez que o município possui 
um número muito grande de localidades. 
Após o trabalho de campo os dados coletados através das entrevistas, 
fotografias, filmagens entre outros métodos que puderam ser utilizados durante a 
pesquisa, foram analisados e relacionados com o conceito cientifico de clima e 
interpretados para a produção dos capítulos do Trabalho de Conclusão de Curso. 
 
 
1.7 – Estrutura da Monografia 
A monografia está estruturada em uma introdução, que apresenta o objeto 
de pesquisa, a fundamentação teórica e as metodologias adotadas para a realização 
da mesma e os procedimentos do desenvolvimento e a elaboração do trabalho 
escrito resultante da pesquisa. 
O capítulo primeiro intitulado “As localidades ribeirinhas do distrito de 
Juaba: a questão sócioespacial e suas características fisiográficas” apresenta 
a área de estudo através de uma caraterização de algumas particularidades da área. 
O segundo capítulo “O Clima e seus desdobramentos” discute o objeto da 
monografia teoricamente dando ênfase para um dos fenômenos atmosféricos que 
compõem o Clima: as estações do ano. As quais são abordadas neste mesmo 
20 
 
capítulo a partir de dos estudiosos da área e dos grupos de entrevistados 
selecionados durante a pesquisa de campo desta pesquisa. 
O capítulo três “Verão e Inverno Amazônicos” trata da adjetivação 
inversão regional dessas duas estações do ano nas localidades Muruacá, Mutuacá 
de Baixo, Mutuacá de Cima, Juba, Tentém, Pacovatuba e Ilha Grande. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 – AS LOCALIDADES RIBEIRINHAS DO DISTRITO DE JUABA: A QUESTÃO 
SÓCIOESPACIAL E SUAS CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS. 
 
 
 
Palafita em localidade ribeirinha no distrito de Juaba (Fonte: CALDAS, 2016. Acervo da pesquisa). 
 
 
22 
 
2.1 – A Questão Socioespacial 
 
As localidades ribeirinhas, em estudo, Muruacá, Tentém, Mutuacá de Baixo, 
Mutuacá de Cima, Ilha Grande, Juba e Pacovatuba estão localizadas no distrito de 
Juaba no município de Cametá, pertencente à região Nordeste (NE) do estado do 
Pará. Estas são um conjunto de ilhas de terras baixas, banhadas duas vezes ao dia 
em um intervalo de doze horas pelas águas do rio Tocantins. 
 
 Possuem vários braços do rio Tocantins, que dão acesso de uma ilha à 
outra, conhecidos popularmente como furos, assim como também a outras 
localidades distantes do município de Cametá e de outros municípios, como Tucuruí 
e Limoeiro do Ajuru. As margens desses braços são habitadas pelos ribeirinhos 
descendentes de indígenas, colonizadores e remanescentes de quilombolas, que 
mesmo com o desenvolvimento do sistema capitalista de produção ainda 
apresentam traços dessas populações. 
O povoamento das margens desses braços do rio Tocantins ocorreu de 
forma lenta e desigual entre uma localidade e outra, as primeiras pessoas a habitar 
as margens eram de famílias tradicionais que tinham muitas posses e 
consequentemente influências econômicas. Os anos foram passando, os filhos 
dessas famílias formaram novas famílias e o povoamento e ocupação ocorrendo 
lentamente resultando em localidades ribeirinhas bastante populosas. (CALDAS, 
2016. Acervo da pesquisa). 
A base econômica dessas localidades é pautada na produção do açaí 
(Euterpe Oleraceae), fruta nativa de várzeas, que é extraída manualmente pelos 
moradores em regime familiar, e após a extração é vendido em rasas ou paneiros1 o 
que equivale a quatorze quilos. A fruta ainda é extraída de maneira bem semelhante 
a tradicional, já a produção de seu vinho tem ganhado novos significados no 
decorrer do tempo. 
Portanto, a prática de cultivo e extração do fruto atrelado à práticas como a 
pesca artesanal, garante a subsistência dessas populações que vivem na localidade 
e são considerados como uma População Tradicional, já que distinguem por unir 
fatores como a unidade familiar, doméstica ou comunal e o sentimento de 
 
1
 -Cestos tecidos de talas de guarumã/arumã e/ou buriti ou fibras recicladas onde são debulhados e 
armazenados os frutos do açaizeiro. 
23 
 
pertencimento ao lugar, e dessa forma ressaltam a suas relações com a natureza e 
no território que estão inclusos, pois é da natureza que retiram seus meios de 
subsistência, modos de trabalho e produção e as relações sociais nessas 
populações (GODELIER, 1984) apud (DIEGUES, 1999). 
Todavia, há outros meios econômicos importantes de subsistências ligados 
à natureza como a pesca, a extração do azeite de andiroba e o palmito que são 
comercializados durante o período de extração de cada matéria-prima pelos próprios 
moradores. Grande parte das pessoas acima de 18 anos têm a pesca como 
profissão,contudo realizam atividades extrativistas para auxiliarem na renda familiar. 
Outra parte da população dessas localidades é estudante, indo desde a pré-escola 
ao nível superior. E uma minoria da população é empregada, principalmente na área 
da educação, como professores e serviços gerais, mas também executam atividades 
extrativistas. (CALDAS, 2016. Acervo da pesquisa). 
As localidades ribeirinhas do distrito de Juaba estudadas possuem cinco 
escolas de ensino fundamental que atendem desde a pré-escola até o 9º ano, cada 
escola em uma localidade: a Escola Municipal de Ensino Fundamental de Mutuacá 
de Baixo, na localidade que dá nome à escola; a Escola Municipal de Ensino 
Fundamental Jacinto Garcia, na localidade de Tentém; a Escola Municipal de Ensino 
Fundamental de Mutuacá de Cima, na localidade que também dá nome à escola; a 
Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Jadielson de Souza Moraes, na 
localidade de Pacovatuba; e a Escola Municipal de Ensino Fundamental Grisélia 
Guimarães, na localidade de Juba de Baixo. As localidades, bem como as escolas 
localizam-se mais ao Leste (L) do distrito e apresentam certa proximidade uma da 
outra. 
 
 
2.2 – Algumas características das localidades ribeirinhas. 
Estas localidades possuem uma diversidade de espécies de plantas nativas, 
porém é nítida a predominância das palmeiras, principalmente os açaizeiros 
(Euterpe Oleraceae), que são as plantas nativas responsáveis por grande parte da 
economia local, já que o fruto desta é extremamente consumido na região e sua 
comercialização é constante, pois junto do pescado, constroem o cenário presente 
24 
 
na alimentação da população local, tal fato da grande produção do fruto se dá por 
conta das ilhas possuírem um solo de várzea2 que é adequado para o 
desenvolvimento desta espécie. 
O relevo da localidade é caracterizado por uma planície lamosa, em uma 
área de várzea, o solo é regularmente inundado com a dinâmica das marés. Já se 
tratando do acesso a localidade este se dá por meio de transporte hidroviário que é 
o mais utilizado dentro da localidade por conta da grande extensão de rios que ligam 
uma localidade a outra. A maioria das casas em modelo de “palafitas” faz uso das 
pontes tradicionais em suas frentes, para facilitar o embarque e desembarque de 
suas embarcações como também oferecer um espaço adequado para a utilização 
da agua do rio tanto para consumo como para recreação. 
 As embarcações em sua maioria são de pequeno e médio porte, para 
facilitar a locomoção dentro do rio que possui muitos bancos de areia, boa parte 
dessas embarcações é composta por um pequeno casco e motor de haste longa 
que são popularmente conhecidos como “rabudos”. Já no quesito religioso é comum 
em cada localidade ribeirinha encontrar instituições de matriz Cristã Católica 
chamadas de “barracões ou comunidades” e as igrejas Evangélicas construídas de 
madeira ou alvenaria. 
Atualmente, essas localidades passam por um processo de eletrificação 
rural, que segundo os moradores entrevistados, é ato de protesto à Eletronorte pelos 
danos causados pela construção da Usina Hidroelétrica de Tucuruí (UHT). A estatal 
não assistiu e nem assiste aos moradores como deveria, nem tão pouco cumpriu 
históricas promessas de levar energia elétrica de boa qualidade para os moradores 
ribeirinhos do Baixo Tocantins. 
Esse processo de eletrificação rural teve início no segundo trimestre de 2013 
e teve as primeiras torres erguidas no início de 2014. Estas foram compradas pelos 
próprios moradores e instaladas por eletricistas contratados também pelos 
moradores. Porém, esse fato tem ocasionado mudança na identidade da população 
ribeirinha dessas localidades. A energia elétrica representa não apenas um novo 
 
2 - Os solos de várzea são aqueles que se desenvolvem a partir de sedimentos oriundos de diversas 
fontes, cuja grande variabilidade horizontal e vertical influencia as camadas dos solos resultantes, o 
que se reflete na adequação de uso e manejo deles. 
25 
 
modo de vida, mas também a inserção de novos atores na área estudada que 
alteram a condição de população tradicional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 – O CLIMA E SEUS DESDOBRAMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Clima é o ambiente atmosférico 
constituído pela série de estados da 
atmosfera (estados de tempo) sobre o 
lugar em sua sucessão habitual (SORRE, 
1951). 
27 
 
3.1 - Noções de Clima. 
Para que as civilizações da Terra se desenvolvam de maneira significativa, 
além das ações exercidas por eles sobre a mesma, elas necessitam do Clima, 
sendo ele quente, úmido ou seco conforme as suas localizações geográficas tanto 
por uma questão natural de sobrevivência quanto para que suas ações tenham o 
resultado almejado. 
 Mas, o que é o Clima? Segundo Mendonça e Danni-Oliveira (2007), o 
conceito clássico de Clima surgiu no final do século XIX elaborado por Julius Hann 
que considera o Clima como “o conjunto dos fenômenos meteorológicos que 
caracterizam a condição média da atmosfera sobre cada lugar da Terra”. Porém, na 
década de 1980 foi apresentado o conceito de Johnson Olaniyi Ayoade (1986, p. 2.), 
este conceitua o Clima como “a síntese do tempo num determinado lugar durante 
um período de 30-35 anos”. Em 1951 Max Sorre conceituou o Clima como “o 
ambiente atmosférico constituído pela série de estados da atmosfera (estados de 
tempo) sobre o lugar em sua sucessão habitual” (SORRE, 1951, p. 13). 
O então Clima é o conjunto de fenômenos associados às variações do 
tempo da atmosfera terrestre em um determinado local que é diferenciado de outro 
conjunto destes fenômenos. Na maioria das vezes, o seu conceito aparece em 
oposição à ideia de “tempo”, que seria o estado momentâneo da atmosfera. Deste 
modo, para se conhecer um clima de um dado lugar, é preciso vários anos de 
estudos e observações para, finalmente, estabelecer a conclusão sobre um 
determinado tipo climático. 
No Brasil encontra–se uma tipologia climática bastante significativa em 
decorrência de sua vasta extensão territorial aliado ao conjunto de elementos 
atmosféricos e fatores geográficos particulares da América do Sul e do próprio 
Brasil. Várias classificações climáticas para o Brasil foram realizadas por estudiosos, 
porém elas sofrem alterações no decorrer dos anos. Em 1951 Strahler identificou 
cinco tipos climáticos, os quais são bastante utilizados no Brasil. 
 
28 
 
 
Figura 2: Os tipos climáticos do Brasil identificados por Strahler em 1951. IESDE Brasil S.A, 2008 
Dentro dos eventos climáticos, quatro dias ganham significado especial na 
variação anual da incidência dos raios solares em relação ao nosso planeta que 
seriam os dias de solstício3, onde no dia 21 ou 22 do mês de dezembro, os raios 
solares incidem verticalmente sobre o Trópico de Capricórnio, sendo o solstício de 
verão para o hemisfério sul, é por tanto, o início do verão nesse hemisfério e do 
inverno no hemisfério norte. 
 
3
 - Dias em que há desigualdade no recebimento de energia solar e que marcam o início do verão e do inverno. 
29 
 
 
Figura 3: Final de tarde de verão em 21 de dezembro em uma localidade ribeirinha do distrito de 
Juaba. Dia de Solstício de verão. (Fonte: CALDAS, 2016. Acervo da pesquisa). 
De maneira que os raios solares incidem verticalmente sobre o Trópico de 
Câncer, sendo o solstício de início do inverno para o hemisfério Sul e do verão no 
hemisfério norte, durante os solstícios. 
Já os dias que os dois hemisférios recebem o mesmo fluxo de radiação solar 
denominados dias de equinócio4, nesse período os raios verticais do sol atingem a 
latitude 0º, por tanto, a Linha do Equador. Os equinócios acontecem geralmente 
entre os dias 21 ou 22 de março a dar inícioao outono (STEIKEN, 2012). 
 
Figura 4: Cheia no rio Tocantins no mês de Março. Início de outono (Equinócio) em 21 de Março. 
(Fonte: CALDAS, 2016. Acervo da pesquisa). 
 
4
 - Denominam-se equinócios os dias que dão início à primavera e o outono. 
30 
 
Ao dizermos que está chovendo em Cametá, estamos falando em tempo, 
pois é algo momentâneo, que acabará em breve. Isso não significa que o clima 
desse local será predominantemente chuvoso, o que só poderá ser concluído após o 
registro da sucessão habitual dos regimes de chuva e de estiagem da região em um 
período mínimo de trinta anos. 
O Clima por ser um conjunto de fatores atmosféricos, está em constante 
interação com os elementos e fenômenos da hidrosfera, da atmosfera e da biosfera, 
alterando e sendo alterado por esses diversos componentes. 
Existem inúmeros fatores climáticos responsáveis pela forma dinâmica com 
que o Clima se expressa. As inúmeras combinações dos fenômenos constituem a 
existência de uma ampla gama de conjuntos climáticos sobre a Terra, havendo 
regiões mais úmidas, porém quentes, e aquelas secas ou frias, além de muitas 
outras. 
A conceituação de Clima parte das variações que percebemos anualmente e 
interanualmente, a partir do conjunto dos elementos climáticos, possuindo valores 
absolutos, amplitudes de variação e períodos os quais ocorrem num tempo 
excessivo, porém pequeno e que por si só já é tão variável. (SILVA, 2012). Há uma 
diferença na definição de Clima, proposta por Ercília Steinke (2012) entre a 
Meteorologia e a Geografia. Os meteorologistas defendem a definição de que o 
Clima seja o conjunto de eventos de tempo que possuem semelhanças ora sim, ora 
não estáveis e que este conjunto implica em condições relativamente permanentes. 
Contrapondo esta definição dos meteorologistas, os geógrafos defendem e utilizam 
a conceituação de Max Sorre. 
Estes conceitos ajudam a compreender que Clima e tempo não são a 
mesma coisa ou sinônimo. O tempo está em constante mudança, ora faz sol, ora faz 
chuva, já os climas, por sua vez, não mudam com muita frequência, segundo 
Johnson Olaniyi Ayoade (1986) eles são a síntese de tempo e perduram cerca de 30 
a 35 anos e só a partir de um intervalo superior 30 a anos é que eles podem 
apresentar mudanças. Isso ocorre através de vários fatores astronômicos como a 
variação da incidência de radiação solar no planeta que vai resultar em variação dos 
elementos meteorológicos a curto e a longo prazo. 
31 
 
Os diferentes Climas do planeta possuem três elementos constituintes em 
comuns: a temperatura, a umidade e a pressão atmosférica. Estes fatores variam 
tanto espacial quanto temporalmente em decorrência da influência dos fatores 
geográficos do Clima que são: a latitude, a altitude, a maritimidade, a 
continentalidade, a vegetação e as atividades humanas. (MENDONÇA; DANNI-
OLIVEIRA, 2007, p. 149). 
Assim devemos ter a noção de que os Climas estão sempre em constante 
mudança e que nosso planeta não possui apenas um Clima, mas sim inúmeros tipos 
de Clima, onde estes são originados da relação existente entre a Terra e o Sol, 
sendo que essa relação não é estática já que os movimentos da Terra estão 
continuamente mudando (STEIKEN, 2012). 
 
 
3.2 - Estações do ano 
Para entendermos mais como funciona a percepção de Clima no Distrito do 
Juaba é necessário que entendermos do que se trata a conceituação das estações 
do ano de modo científico. 
O homem desde muito tempo foi fascinado por aspectos relacionados à 
Astronomia, a observação do céu é uma das primeiras ações astronômica de caráter 
empírico-sistemático da humanidade. De início os homens apenas observavam e 
registravam os fenômenos que ocorriam. Provavelmente, segundo LIMA,(2006, p. 
24): 
“(...) o primeiro fenômeno notado foi a regularidade de alguns 
ciclos, como a ocorrência de um período claro (o dia) seguido 
de um período escuro (a noite), além de perceber que o Sol e 
as estrelas tinham um movimento uniforme e seguiam o 
mesmo ‘caminho’ no céu”. 
A observação das estrelas, do dia e da noite servia para localização 
geográfica, e a medição do tempo auxiliava na escolha da melhor época de colheita 
e caça entre outras coisas necessárias para sobrevivência do homem. A partir 
dessas observações de longa data descobriram-se as estações do ano. 
As estações do ano são fenômenos naturais que ocorrem anualmente 
devido à inclinação do eixo terrestre e do movimento translação da terra, que 
32 
 
determina uma variação de insolação anual na superfície terrestre que origina as 
mesmas. Essa variação, segundo Ercília Steinke (2012) é muito bem percebida e 
diferenciada por pessoas que vivem fora dos trópicos, pois possuem temperaturas 
bem definidas. 
Uma translação da terra, fator que não determina as estações do ano, mas 
que repete-se a cada ano, completa-se a exatamente 365 dias 5 horas e 48 
minutos, e é dividida em quatro períodos que duram cerca de três (3) meses, e cada 
um desses períodos possuem características e condições atmosféricas diferentes 
umas das outras, conforme figura (1). 
 
Figura 5. Movimento de translação e as estações do ano. SILVA, 2006 
As estações do ano são eventos atmosféricos que têm seus inícios ditados 
pelos Equinócios e Solstícios em cada hemisfério, eles ocorrem no sentido inverso 
entre os hemisférios Norte e sul, por exemplo, no dia em que ocorre o Solstício que 
inicia o Verão no hemisfério Sul, no hemisfério Norte o mesmo Solstício dá início ao 
Inverno. E assim, essa inversão entre os hemisférios ocorre para todos os 
Equinócios e Solstícios. 
33 
 
Definir as estações do ano não é fácil, quando alguém é questionado sobre 
o que são estações do ano, é mais provável que este alguém cite as quatro 
estações ao invés de defini-las. 
O Brasil por comportar uma grande extensão territorial as estações do ano 
são diferenciadas conforme a região. Isso deve-se, principalmente, à localização do 
território nacional. A maior parte territorial do Brasil está entre a Linha do Equador e 
o Trópico de Capricórnio, como mostra a figura 6. Essa localização implica na não 
diferenciação das estações do ano e dificulta comparar a mudança na/da paisagem 
com a mudança de temperatura (LIMA, 2006). 
 
Figura 6. Localização territorial do Brasil. Fonte: MENDONÇA; DANNI-OLIVEIRA, 2007. 
As estações do ano ocorrem devido à inclinação do eixo terrestre e 
dependem de dois fatores muito importantes do eixo: a) ele está inclinado com 
relação a órbita que a Terra faz ao redor do sol, e b) essa inclinação é sempre a 
mesma 23,5º, apontando sempre para a mesma posição. Isso implica que o plano 
da eclíptica possua 66º 33’ a levar os raios solares atingirem o mesmo ponto do 
planeta com diferentes inclinações e épocas do ano. 
34 
 
As estações do ano são as responsáveis na duração dos dias e das noites 
em regiões de médias e altas latitudes. No primeiro dia de cada Equinócio e 
Solstício essa variação do dia e da noite diferencia-se do restante dos dias e noites 
dos Equinócio e Solstício. No hemisfério Sul, o primeiro dia do Equinócio de outono 
em 21 de março o dia é igual a noite, ou seja, tem a mesma quantidade de horas. E 
o restante do outono os dias sempre serão maiores do que as noites. 
No primeiro dia do Solstício de inverno em 22 de junho o dia é maior que a 
noite e os outros dias do inverno os dias continuam sendo maiores que as noites. 
 
Figura 7: Nascer do sol no Rio Tocantins. Solstício de Inverno em 21 de Junho de 2017. (Fonte: 
CALDAS, 2016. Acervo da pesquisa). 
 Já no primeiro dia do Equinócio de primavera em 21 de setembro o dia é 
igual a noite e os outros dias sempre são menores do que as noites. 
 
Figura 8: Amanhecer em localidade ribeirinha do distrito de Juaba. Equinócio de Primavera em 22 de 
Setembro de 2016. (Fonte: CALDAS, 2016. Acervo da pesquisa). 
35 
 
 E por fim, noprimeiro dia do Solstício de verão em 21 de dezembro o dia é 
menor do que a noite, porém no restante do verão os dias são menores do que as 
noites. 
Na Amazônia, as estações do ano não são visivelmente definidas na 
paisagem, isto é, não apresentam fortemente as suas características devido à 
localização geográfica da mesma. O que se têm visíveis e considerados, 
empiricamente, como estações do ano pelos amazônidas é um período chuvoso e 
um período de estiagem. Estes dois períodos são bem distintos durante o ano, um 
chuvoso iniciando em dezembro e outro seco com início em junho, tal fato leva à 
uma caracterização destes, os quais passam a ser chamados de inverno e verão 
amazônicos. Porém, no mesmo período em que o restante do país vive o seu verão, 
a partir do Solstício do dia 21 de dezembro, inicia-se, na Amazônia, o período 
chuvoso. E, quando se dá início ao inverno nas outras regiões brasileiras, no 
Solstício de inverno do dia 22 de junho, na Amazônia, inicia-se o período de 
estiagem. 
Algumas confusões podem acontecer, pois quando dizemos que estamos no 
inverno às emissoras de televisão anunciam o horário de verão. Em julho, mês de se 
comprar roupas de praia, as grandes lojas de departamentos nacionais instaladas 
nos Shoppings da Amazônia vendem suas coleções de inverno. E as maiores 
confusões ocorrem dentro das salas de aula, onde os professores precisam ensinar 
sobre as estações do ano e educando só reconhece na paisagem e no seu cotidiano 
o inverno e o verão. Os quais serão confrontados pelo que será repassado pelo 
professor, a ocasionar uma confusão e uma dúvida sobre o que está correto e o que 
está errado. 
 
 
3.3 - As Estações do Ano na sala de aula das escolas das localidades 
ribeirinhas do distrito de Juaba, Cametá - PA. 
As estações do ano são fenômenos naturais que ocorre anualmente de 
forma universal e devem ser ensinadas de forma científica em todas as instituições 
de ensino quer sejas publicas, quer sejam particulares. No entanto, devem ser 
ensinadas desde uma escala global até uma escala local de forma que os alunos as 
conheçam cientificamente e as reconheçam no lugar onde estejam, uma vez que a 
36 
 
pesar de elas ocorrem de forma universal, as características das mesmas são 
diferenciadas de regiões próximas aos Trópicos, de regiões localizadas à Linha do 
Equador e das regiões polares. Por esse motivo fomos até às escolas das 
localidades ribeirinhas do distrito de Juaba a fim de entender de que forma as 
estações do ano estão sendo ensinadas e se estão sendo explicadas desde uma 
escala global até uma escala local. 
Nas entrevistas realizadas durante a pesquisa de campo, a fim de analisar o 
que os alunos das escolas ribeirinhas do distrito de Juaba no município de Cametá-
PA entendem por estações do ano e Clima, percebemos que as mais diversas 
opiniões surgiram em meio aos entrevistados. 
Exemplo disso é o caso de uma aluna do 9º ano da escola B que respondeu 
ao questionário sobre o que são as estações do ano de maneira interessante, onde 
ela argumentou que estações do ano “são quatro períodos do ano muito diferentes e 
que são muito importantes para a vida na Terra”, contudo, ela ainda disse que “a 
gente não ver as quatro estações aqui, só vemos o inverno e o verão, mas existe em 
várias ‘parte’ do mundo”. E ao ser questionada sobre os conteúdos relacionados ao 
Clima que aprendeu em aula a respeito das estações do ano, a mesma respondeu 
da seguinte forma “olha, eu lembro que a professora ‘ensinô’ quatro estações do 
ano, mas eu acho que ela se ‘enganô’ porque ela falava que o verão começa em 
dezembro (risos), mas dezembro começa a chuva do inverno”. 
Assim, ao analisarmos as falas da aluna, percebemos que além de ter uma 
noção de Clima, ela também conhece como ele apresenta a si mesmo e suas 
características na região, de maneira a acreditar que a professora possa ter se 
equivocado ao apresentar quatro estações, sendo assim vemos que há uma 
necessidade de que os professores, ao ensinarem, determinado conteúdo, devem 
relacioná-lo com a região, procurando demonstrar como ele acontece na mesma. 
Contrapondo esses argumentos, outra aluna do 9º ano da escola C, disse 
que “as estações do ano são épocas do ano que se ‘manifesta’ igualmente em todos 
os lugares do planeta”, mas que “se diferenciam de um lugar ‘pro’ outro. No 
nordeste, o inverno chove, no Sul faz frio”. E uma terceira aluna da escola C só 
frisou que “as estações são bastantes diferentes uma das outras”. Deste modo por 
mais equivocadas que as concepções das alunas possam ser, não estariam 
37 
 
completamente erradas, pois a concepção popular de Clima nada mais é do que o 
acumulo de informação e observações adquiridas sobre os fenômenos climáticos 
que permitem a essa população “prever” alguns deles. 
Através da pesquisa, obtivemos várias respostas sobre as estações do ano. 
E, na maioria das respostas, os alunos entrevistados ressaltaram a diferença entre 
elas, e principalmente, deram grande destaque ao período chuvoso e de estiagem 
nas suas localidades. Alguns deles falaram sobre a dificuldade de entender o 
assunto, já que, segundo um aluno do 7º ano da escola E, “é difícil entender, sabe? 
Poxa, a minha professora fala, mas aí ela diz que é só olhar na paisagem que a 
gente ver a estação do ano. Mas eu olho e só vejo muito sol e muita chuva, e na 
televisão fala da primavera e do outono, mas eu nunca vejo”. Nesse momento a fala 
do aluno é interessante por se tratar de um tema delicado, pois não se trata só de 
mostrar, mas sim de ensinar com clareza e dedicação, pois é necessário que ocorra 
entre o professor e o aluno a mediação didática para que haja entendimento de 
ambas as partes. 
Daí percebe-se uma enorme dificuldade de o docente ensinar sobre as 
estações do ano para uma criança que apenas conhece dois longos períodos 
climáticos, um chuvoso e um de estiagem. Por tanto é imprescindível que o 
professor faça uso das mais diversas estratégias que possam lhe auxiliar no ensino 
de uma Geografia completa e complexa, que permitam aos alunos se relacionarem e 
entenderem do porquê aprenderem sobre os mais diferentes climas. 
Devido à diferença existente entre as estações do ano e o inverno e o verão 
amazônicos, são notáveis um grande número de dúvidas que se encontram 
presentes na sala de aula, tanto por parte dos professores de Geografia das escolas 
como também por parte dos alunos entrevistados, onde na sua maioria as opiniões e 
dúvidas são sobre as estações do ano e como explicam a diferença existente entre 
estas e o inverno e o verão amazônicos para seus alunos. 
 As cinco escolas possuem três professores, dois deles atuam em duas 
escolas cada, e há um professor em uma única escola. Os professores foram 
inicialmente questionados sobre o que são inverno e verão, depois como trabalham 
com as denominações inverno e verão amazônicos, como os compreendem e 
38 
 
também como explicam a diferença entre as estações e o inverno e o verão 
amazônicos. 
O professor da escola C respondeu que o verão “é uma das estações do ano 
e sua característica bem comum é a ‘quentura’” e o inverno é “ao contrário do verão, 
ela é uma estação fria ou de clima mais ameno”. E que trabalha as denominações 
inverno e verão amazônicos “dando como exemplo o clima e as características 
locais, pois estamos em Cametá e suas características climáticas são perfeitamente 
aplicáveis em sala de aula”. Sobre a compreensão da adjetivação do inverno e verão 
o professor argumentou que: “O ‘inverno amazônico’ é uma característica da 
estação do ano só encontrada e caracterizada na Amazônia, é o período onde as 
chuvas são mais intensas. O que por muitos anos foi chamado de inverno. Já o 
verão amazônico, é o período das poucas chuvas é uma espécie de seca na 
Amazônia”. 
Concluiu a dizer que explica a diferença entre as estações e o inverno e o 
verão amazônicos da seguinteforma: “em nossa região (Amazônica) temos 
características que não encontramos nas outras regiões, mas encontramos 
características de outras regiões na Amazônia. Mas tal abordagem é importante 
saber caracterizar e fazer uma comparação com as demais regiões e colocar em 
prática essa dicotomia climática”. 
 Por tanto é perceptível que na fala do professor ele não só argumenta que a 
Amazônia possui um clima diferenciado das demais regiões como também é capaz 
de usar essa diferença em comparação, pondo em prática a explicação de em nosso 
país temos uma dicotomia climática. E que para se ter uma noção do próprio clima é 
necessário se conhecer os mais variados conceitos. 
O professor que atua tanto nas escolas A e D, ao responder sobre 
questionamento do que o inverno e o verão seriam, respondeu que “são estações do 
ano influenciadas pelo movimento de translação” e que “acontecem em momentos 
distintos e são um pouco diferentes das estações do ano” o mesmo relatou que 
trabalha a denominação “amazônicos” fazendo comparações com os rios e estradas 
locais nos períodos de chuva e de estiagem. 
39 
 
E ressaltou a grande dificuldade em explicar a diferença entre as estações e 
o inverno e o verão amazônicos, pois segundo ele: “Falta suporte teórico e 
pedagógico. Como posso explicar se os materiais didáticos não são adaptados para 
a região? Eu devo ensinar de modo cientifico, mas a realidade dos meus alunos é 
completamente diferente, é difícil. Ao invés de ensinar acabamos por a criança 
confusa e um desinteresse pela ciência geográfica”. 
Assim, vemos que por mais interessado que o professor possa ser em 
oferecer um ensino diferenciado e voltado para a realidade do aluno, a tarefa se 
mostra árdua e quase que impossível, pois não se tem na instituição de ensino 
suporte pedagógicos adequados que ofereçam as condições necessárias a um 
ensino de qualidade igualitário. 
E por último, mas não menos importante, foi constatado durante a entrevista 
com o professor das escolas B e E, que este apresentou grande dificuldade em 
explanar sobre o assunto, apenas afirmou que o inverno “é quando o clima está frio” 
e o verão “é quando o clima está quente”. Este também colocou que procura 
trabalha o assunto em sala de aula se utilizando “cartazes, recortes de jornais e 
revistas” e que explica a diferença entre as estações do ano e o inverno e o verão 
amazônicos “demonstrando os tipos de Clima”. Contudo não nos pareceram claras 
suas colocações a respeito de sua metodologia, desta forma, percebemos que a má 
formação ou a falta desta, pode prejudicar na qualidade de ensino e aprendizagem, 
por tanto uma qualificação adequada é essencial para tanto. 
Posteriormente ao término dos questionários destinados aos professores, 
partimos aos direcionados aos alunos, e por meio das repostas dadas por eles, 
observamos que muitos apresentaram certa dificuldade ao explicar questões 
referentes a conceitos geográficos como as estações do ano e o inverno e o verão 
amazônicos, e ainda colocaram que apesar de professor ensinar as estações do ano 
de modo cientificamente plausível, é uma tarefa praticamente impossível para os 
alunos as visualizarem na sua realidade ao longo do ano. 
Além do mais, muitos alunos criticam o fato de o verão iniciar em dezembro 
e o inverno em junho, pois na Amazônia, e consequentemente, nas suas localidades 
em junho dá-se início à estiagem (seca), ou seja, período quente e propicio ao 
Verão, mas é considerado no país Inverno, e em dezembro inicia-se a estação 
40 
 
chuvosa, mais fria, mas para o restante do Brasil é verão, no caso a que deveria ser 
mais quente. 
Entretanto, é evidente que boa parte desses alunos têm noção de que as 
estações do ano existem só que na região onde vivem elas não “acontecem” como o 
professor (a) ensinam, ou pelo menos não são percebidas como em grande parte do 
País. O que ocasiona aquilo que o professor das escolas A e D ressaltou, como 
“uma confusão” para os alunos. Portanto, é evidente que a falta de material voltada 
para essa temática causa um grande despreparo para os profissionais de ensino de 
Geografia, que acabam resultando no aluno um ensino abarrotado de déficits. 
 Durante a pesquisa foi notório no diálogo com os alunos que muitos deles já 
atentaram para o fato de o calendário anual aponta as datas do início e fim de cada 
estação do ano, entretanto eles não conseguirem vê-las, mesmo sabendo 
teoricamente, quando elas iriam começar e findar, daí surgiu um questionamento 
importante a respeito do qual motivo pelo qual os jornais e programas de televisão 
nacionais mostram neve, flores e outros sinais das estações do ano mudando em 
várias partes do Brasil e na região norte os jornais regionais falavam de apenas 
duas estações? Foram perguntas como estas que deram origem neste trabalho, pois 
é evidente que apesar de ser uma questão importantíssima da Geografia local é 
deixada de lado, quando deveria ser estudada a fundo. Afinal de contas somos um 
país de grande extensão territorial e por isso passamos por diversas mudanças 
climáticas em um mesmo período de tempo. 
 
 
3.4 - As Estações do Ano para os moradores das localidades ribeirinhas do 
distrito de Juaba, Cametá - PA. 
No tópico anterior percebemos como as estações do ano são observadas e 
concebidas por professores e alunos das redes de ensino público das localidades, 
entretanto neste tópico tencionamos perceber como os moradores das Localidades 
percebem no distrito do Juaba as alterações climáticas de maneira a perceber como 
é construído social e culturalmente as noções populares de Clima, mesmo que estes 
tenham ou não qualquer noção científica de Clima. 
De tal modo, através dos dados obtidos durante a pesquisa, observamos 
que os moradores mais velhos dessas localidades têm uma visão bastante 
41 
 
diferenciada daquela que os alunos e professores da localidade apresentaram, 
principalmente, no que diz respeito às estações do ano, pois dos 17 entrevistados, 
aproximadamente 80% dos moradores entrevistados disseram que reconhecem os 
sinais de todas as estações do ano em suas localidades e chegaram a dizer 
exatamente a data do início de cada uma das estações, embora estes ainda que 
tenham argumentado o fato de estes sinais não serem tão visíveis quanto do Sul (S) 
e Sudeste (SE) do Brasil. 
 Deste modo, percebemos que não é necessariamente pré-requisito ter 
estudado sobre Clima para se ter noção das variações climáticas, já que boa parte 
desses entrevistados, possuem pouco ou nenhum grau de escolaridade, entretanto 
sua relação com a natureza e o conhecimento empírico que possuem os tornaram 
aptos para perceber tais variações, esse conhecimento nada mais é do que o 
resultado da interação e troca de informações entre essas pessoas no decorrer do 
tempo, o chamado saber empírico. 
Exemplo do que estamos falando é o relato de um morador de 54 anos que 
mesmo assinalando sua falta de escolaridade, afirmou que a mesma não o 
impossibilitou de perceber como as mudanças das estações acontecem, como “eu 
só consigo vê o início de cada ‘istação’ por conta da minha idade e vivo no mato 
(risos) e isso tem me ajudado. Eu consigo aprender aqui na minha vida do mato o 
que eu jamais ia aprender na escola”. É evidente na fala de nosso entrevistado que 
mesmo sem nunca ter frequentado uma escola ele é capaz de ter noção de como o 
Clima e as estações mudam, pois com a idade tem ganhado experiência por meio 
da observação das mudanças que ocorrem na paisagem que ele visualiza. 
Um fator importante ao ser ressaltado é a soberania da estiagem e do 
período chuvoso, que vem sendo progressivamente ressaltado nos argumentos dos 
entrevistados dessa categoria, para exemplificar tal afirmação, tomemos o caso de 
uma moradora de 67 anos que relata que “é ‘impussivil num’ ver que aqui o que 
prevalece é o sol e a chuva. Quando é verão aqui tem sol o dia inteiro, açaí, praia,a 
água do rio ‘diminói’ e amorna, e quando é inverno tem muita chuva e tudo o que 
tem no verão ‘num’ tem no inverno”. 
Por meio dessa fala de nossa entrevistada é notório o destaque que os 
períodos de chuva e seca ganham, nenhuma outra mudança ganha tanto destaque 
quanto estas, além do mais é perceptível também a preferência pelo período da 
42 
 
estiagem já que é um período que movimenta tanto dinheiro na questão do comercio 
do açaí, quanto no turismo, já que é quando ocorre o chamado “veraneio”, onde 
muitas pessoas então em período de férias escolares e procuram as praias e 
balneários para recreação em meio aos rios, igarapés e banhados pelo constante 
calor, já que em muitos lugares do país a realidade é o completo oposto. 
Entretanto, é necessário atentar para o fato de que por mais que alguns 
entrevistados afirmarem que sabem e reconhecem as estações e suas 
características, e as distinguem em suas localidades, apesar da pouca visibilidade, 
isso não interfere na divisão do ano na região em dois períodos no caso de janeiro a 
junho o inverno, e de julho a dezembro o verão. 
Mas isso não significa que não existam as quatro estações, pois elas são 
fenômenos naturais e que independem de localização geográfica para acontecerem, 
o que ocorre é a pouca visibilidade das transformações na paisagem decorrente da 
definição da latitude em cada região. Um dos entrevistados enfatizou esse fato a 
dizer que: “é claro que ‘existe’ quatro ‘estação’ em todo lugar do mundo, se ‘num 
orvesse num’ tinha vida na terra. As ‘planta num dava’ fruto, ‘num’ chovia”. 
O que chama a atenção é o fato deste morador frisar com outras palavras 
que as estações do ano são universais e que elas dão origem e segmento ao ciclo 
da vida, ou seja, sem elas não há vida. E ainda que algumas pessoas queiram negar 
a existência das estações do ano nesta área estudada é falta de saber científico ou 
muito empirismo. Mesmo que haja empirismo demais, ainda assim as estações do 
ano apresentam-se anualmente modificando a paisagem, mesmo que minimamente, 
nesta área estudada. 
Vimos aqui que a pesar de a maior parte dos moradores entrevistados 
apontarem, caracterizarem e reconhecerem o “verão” e o “inverno”, estes têm noção 
que existem quatros estações do ano que ocorrem anualmente em suas localidades. 
O fato que os leva a viver mais o “verão” e o “inverno” é que as estações do ano 
ocorrem em uma ordem e esta ordem não é diferenciada como ocorre em regiões 
próximas aos Trópicos, onde a variação de insolação anual é muito grande, 
diferentemente de regiões que estão próximo da Linha do Equador, como é o caso 
da área estudada. 
 
43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 – VERÃO E INVERNO AMAZÔNICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
O inverno e verão amazônicos são um 
período chuvoso e um período de 
estiagem que ocorre na Amazônia e que 
ofuscam as estações do ano. Mas que 
precisam ser levados para a sala de aula 
a fim de ter um ensino de Geografia mais 
regionalizado. 
 
44 
 
4.1 - A Inversão e adjetivação das Estações Verão e Inverno na Amazônia. 
No capítulo anterior apresentamos como ocorrem as estações do ano, além 
de analisar como elas são percebidas pela população das localidades estudadas, e 
com isso chegamos a um ponto muito importante dentro da pesquisa. Já que nosso 
trabalho por ser pioneiro, na discussão do assunto, carrega a grande 
responsabilidade de fazer uso da interdisplinariedade. Para se valer, argumentos da 
Meteorologia e Astronomia se mostraram de grande importância para a elaboração 
deste, embora sentimos que ainda há muito a fazer se tratando da temática em 
questão. 
 Nesse momento chegamos aos pontos chave da pesquisa onde 
questionamentos como: Porque nessa região, há uma inversão e uma adjetivação 
das estações verão e inverno? Como são esses verão e inverno amazônicos? 
Porque há essa adjetivação? Como ela se estabeleceu? Como ela se materializou 
no cotidiano amazônico? Qual sua origem? 
 Encontrar respostas para essas perguntas não foi nada fácil, entretanto a 
busca nos trouxe à luz de questões de grande relevância e que se mostram 
extremante importantes para a construção e renovação do conhecimento, pois 
teorias e formulações climáticas errôneas ou precipitadas de outrora, foram 
fundamentais para a formulação de novos conceitos. A humanidade em si é 
carregada de conhecimentos que se bem discutidos podem promover a elaboração 
de um novo saber científico aceitável. Por tanto, almejamos que se ao menos não 
conseguirmos tal façanha que sejamos o ponta pé inicial. 
Dessa maneira, colocamos de antemão que foi durante a busca por essas 
repostas que nossa curiosidade foi atenuada e posteriormente deu origem a este 
trabalho. Por tanto, para responder tais questões conforme a metodologia adotada, 
selecionamos um conjunto de cinco (5) escolas ribeirinhas da parte insular do distrito 
de Juaba no município de Cametá – PA, com o objetivo de conseguir respostas a 
respeito dessa adjetivação por meio de entrevistas direcionadas ao corpo do 
docente destas instituições. Então, nos cabe aqui tratar do verão e inverno 
amazônicos partindo de um viés local do distrito de Juaba. 
A Amazônia Legal situa-se geograficamente à Linha do Equador e próximo 
ao Trópico de Capricórnio entre 5º N e 10º S e compreende a totalidade dos estados 
45 
 
brasileiros Amapá, Acre, Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, 
Tocantins e parte do estado de Maranhão, que segundo Duarte (2006) corresponde 
a 68% do seu território, como demonstra a imagem abaixo. 
 
Figura 9: Área da Amazônia Brasileira com os estados que a integram. Fonte: ISHIHARA, 2010. 
 A parte meridional sofre, eventualmente, a ação de sistemas frontais, 
provocando um fenômeno local denominado de Friagem. O efeito destas invasões 
de ar polar na Amazônia tem sido pouco estudado e apenas os estudos de 
Gilberto Fisch (1996) e José Marengo (1996) detalharam estes efeitos. 
É necessário também falar de suas Linhas de Instabilidade (LIs) que quando 
ocorrem são responsáveis pela formação de chuvas próximo à costa litorânea dos 
estados do Pará e Amapá, bem como de precipitação na Amazônia Central, durante 
a estação seca, estudos mostraram que estas Linhas de Instabilidade são um dos 
sistemas atmosféricos influentes na área leste do Pará e que contribuem com 45 % 
da chuva que cai durante o período chuvoso. Estas linhas são caracterizadas por 
possuir grandes conglomerados de nuvens cumulonimbus e são formadas devido à 
circulação de brisa marítima, podendo-se prolongar para o interior do continente. 
46 
 
Devido seu volume, estas Linhas de Instabilidade são simplesmente observadas por 
imagens de satélites (COEHN Et al., 1989). 
. A distribuição espacial e temporal das chuvas na Amazônia foi 
detalhadamente estudada por Figueroa e Nobre (1990), que se aproveitam de 226 
estações pluviométricas, e por Marengo (1995), que utilizou dados de convecção 
(Radiação de Ondas Longas) do International Satellite Cloud Climatology Project 
(ISCCP), para entender como aconteciam as chuvas na Amazônia. 
O máximo da chuva na região central da Amazônia (próximo de 5’ S), pode 
estar associada com a penetração de sistemas frontais da região sul, interagindo e 
organizando a convecção local. O tempo de chuvas ou forte atividade convectiva na 
região Amazônica é abrangido entre os meses de novembro e março, sendo que o 
período de seca (sem vasta atividade convectiva) é entre os meses de maio e 
setembro, durante os meses de abril e outubro são meses considerados de 
transição entre um regime e outro. 
Também é importante destacar que enquanto em outras regiões do Brasil 
dezembro é sinônimo de verão, e cientificamente é nesse mês que inicia o verão, ao 
norte do país começa o chamado “inverno amazônico”. O nome se refere a grande 
incidência de chuvas que ocorrem entre os meses de dezembro e maio na região.Antônio Carlos Lôla da Costa, da Faculdade de Meteorologia da Universidade 
Federal do Pará (UFPA), explica o funcionamento do Clima neste período. A 
incidência de chuvas nesta época ocorre devido a uma massa de nebulosidade que 
acompanha o aparente movimento do sol ao longo do ano e, por onde passa, traz 
mais precipitações, ou seja, na chamada Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) 
que nesta época do ano ela costuma se posicionar próximo à Amazônia (COSTA, 
1999) 
A tratar da divisão em duas estações, o pesquisador destaca que nos 
convencionamos chamar de estações do ano, às diferenças em relação à incidência 
de energia solar em um determinado local, ao longo do ano. A Amazônia está 
localizada próxima à linha imaginária que corta o globo terrestre ao meio, chamada 
de Linha do Equador, o que significa que a região recebe praticamente a mesma 
quantidade de energia solar durante todo o ano, o que faz com que não tenhamos 
47 
 
uma definição quanto às quatro estações convencionais de verão, inverno, outono e 
primavera. 
 Ao invés disso, percebemos duas delas com grande destaque: uma 
chuvosa e outra menos chuvosa ou mais “seca”, por tanto o Clima não está e jamais 
esteve em equilíbrio estático nem na Amazônia, nem em qualquer lugar do globo 
terrestre. (COSTA,1999). 
A inversão das estações do ano que ocorre na Amazônia, especialmente na 
área estudada, deve-se ao fato de que, cientificamente, o inverno inicia em 21 ou 22 
de junho, nessa região concomitantemente inicia-se o já mencionado período da 
estiagem. E o verão tem início em 21 ou 22 de dezembro, porém na mesma região 
está começando o período chuvoso, ou seja, por mais que no país esteja 
acontecendo o período de verão no Norte estará chovendo, um exemplo também 
seria o das regiões Sul, Sudeste, onde as temperaturas chegam a 0º e também à 
temperaturas negativas, no período de Inverno, no Rio Grande do Sul no período do 
mês de Julho o frio é uma constante, é normal ver pessoas trajando roupas de frio. 
Entretanto, na região Norte, no mesmo período o estado do Pará por exemplo além 
de ser o tempo de férias escolares, é também o mais quente, por tanto o Verão, 
onde é recorrente encontrar pessoas em praias e balneários trajando biquínis e 
roupas pequenas. 
 Por tanto há a concepção de inversão climática, pois além de estar quente 
no Norte, quando está frio no Sul, a percepção das mudanças climáticas na região 
não se dá de maneira clara, apenas duas mudanças de temperatura são notadas 
que seriam classificadas como Verão (seca) e Inverno (chuvas), sendo essa 
concepção a provável atenuadora da tida inversão e adjetivação climática que 
ocorre na região amazônica. 
De tal modo precisamos destacar que a Amazônia se situa na região 
equatorial e possui um Clima quente e úmido, embora este comportamento não 
tenha sido uma constância. É necessário destacar então que as variações climáticas 
são resultadas das alterações sofridas pela Terra durante seu período de formação, 
por tanto as alterações climáticas dos mais diversos lugares do planeta resultam de 
fenômenos, como o movimento e a gravidade da Terra, sendo assim é preciso 
entender que mesmo havendo quatros estações definidas, estas sofrem variações 
48 
 
nos seus períodos de mudanças, além é claro de variarem de um lugar a outro 
(MARENGO; NOBRE, 1994, p. 2). 
José Marengo e Carlos Nobre (1994) apontam fatores importantes que 
marcaram essas mudanças climáticas tem destaque dentro da Geografia, como o 
resfriamento da temperatura do oceano Atlântico, onde os ventos alíseos 
adentraram no continente com menos umidade, gerando assim um aumento da 
região de aridez. Por tanto as principais mudanças climáticas e fitográficas ocorridas 
durante o período Quaternário foram resultados de frequentes alterações 
interglaciais e glaciais, os quais causavam mudanças bruscas, tais como a troca de 
vegetação predominante de floresta para savanas, durante períodos de Clima mais 
frio e seco (glacial). 
Essas mudanças podem não ser perceptíveis de imediato, e por tanto 
exigem anos de estudo como no caso das observações de pólen (Absy, 1985) 
encontradas em sedimentos indicando que, durante parte do Holoceno entre 5.000 e 
3.000 anos passados, grandes áreas de savanas existiam na Amazônia, aonde 
atualmente, existe floresta. Associado a este resfriamento, ocorreram também uma 
diminuição do nível dos mares, com consequências danosas que interferiram na 
quantidade de água na Bacia Amazônica. 
Diagramas de pólen indicam que também não havia floresta ao final do 
Pleistoceno, aproximadamente 11.500 anos passados entre os anos de 4.000 e 
2.100 a.C e por volta do ano de 700 1200 d.C, (ABSY, 1985) sugerem que 
ocorreram grandes variações de precipitação na região Amazônica, causando assim 
a diminuição (e em alguns casos secamento) de rios amazônicos, com mudanças 
significativas na fauna e flora. Por tanto, consideramos que todo e qualquer estudo a 
respeito de Clima é datado e deve ser renovado constantemente. 
 Também é importante destacar que as alterações da relação Terra-Sol 
provocaram mudanças significativas na quantidade de energia solar recebida pelo 
planeta, modificando a composição dos sistemas atmosféricos predominantes e, 
consequentemente, o Clima. Exemplo dessas mudanças é a ausência de ciclones 
no Atlântico Sul, pois a menor insolação provocou movimentos do anticiclone e 
correntes oceânicas frias (corrente das Malvinas) em direção ao Equador. Na 
Climatologia atual da região Amazônica é evidente um acordo de vários fatores, 
49 
 
sendo que o mais relevante é a disponibilidade de energia solar, por meio do 
balanço de energia. 
O inverno amazônico, como o conhecemos, acontece no mesmo período em 
que o restante do país vive o seu verão e, o verão amazônico, que como já 
mencionamos é mais popular por coincidir com o de férias escolares, pois este 
acontece exatamente quando ocorre o ápice do inverno brasileiro. 
É por isto que, algumas confusões podem acontecer, pois quando dizemos 
que estamos no inverno as emissoras de televisão anunciam o horário de verão, 
anunciam eventos de veraneio e a média das temperaturas das praias dos mais 
diversos estados do país, assim como programas de entretenimento colocando em 
cheque o que será tendência no verão ou até mesmo escolhe a “musa do verão” de 
algumas praias. 
Já em julho, mês de se comprar roupas de verão, as grandes lojas de 
departamentos nacionais instaladas em Belém, por exemplo, vendem suas coleções 
de inverno. Enquanto que em estabelecimentos locais e populares a moda praia é 
predominante. Carros-som anunciam constantemente as atrações que serão 
tendências nas praias e balneários do “verão” e, em algumas regiões do Brasil é 
notório por meio dos noticiários televisivos as frentes frias, chuvas constantes, as 
baixas temperaturas e até casos de neve e chuvas de granizo. 
 Certamente as denominações das estações climáticas não devem ser 
mudadas, pois foram culturalmente construídas, mas podemos indicar verão e 
inverno amazônicos, a nomenclatura adequada para se trabalhar à relação entre o 
Clima e a região dentro da sala de aula. Pois, não há uma variação significativa na 
temperatura e pluviosidade na mudança de uma estação para outra durante o ano, 
mas isso não significa que o estado não tenha as quatro estações, entretanto como 
apenas duas são percebidas, estas acabam por incorporar as demais. 
A distribuição de chuva no trimestre dezembro-janeiro-fevereiro exibe uma 
região de precipitação alta (superior a 900 mm) situada na parte Oeste (O) e central 
da Amazônia, em conexão com a posição geográfica da Alta da Bolívia. Por outro 
lado, no trimestre junho-julho-agosto, o centro de máxima precipitação deslocou-se 
para o norte e situa-se sobre a América Central. Assim atentasse para o fato de que 
50 
 
a região Amazônica, principalmente na parte central, está sobre o domínio do

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