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capítulo 29 A atitude científica Para o senso comum, a atividade científica é cercada de mistérios; um mundo no qual cientistas obstinados passam madrugadas apertando botões ou misturando substâncias sem saber a que resultado chegarão. No entanto, a ciência está muito além de ser uma mera atividade experimental restrita ao ambiente do laboratório. Ciência é uma atividade racional, metódica e sistemática cujo objetivo é alcançar o conhecimento da realidade. Mas que procedimento ela adota para afastar o ilusório ou falso e buscar o verdadeiro? H e a lt h P ro te c ti o n A g e n c y /R e u te rs /L a ti n s to c k unidade Xi A ciência Imagem de um coronavírus, causador de graves doenças que afetam o sistema respiratório, obtida por um microscópio eletrônico e divulgada em 2013. A ciência busca alcançar o conhecimento da realidade por procedimentos racionais, metódicos e sistemáticos. 286 INI.FILOSOFIA_FILOS_VU_PNLD15_286a292_U11_C29.indd 286 5/9/13 3:45 PM A atitude científica ca pí t u lo 2 9 287 O senso comum Nossas opiniões cotidianas O Sol é menor do que a Terra e se move em torno dela. Quem duvidará disso se, diariamente, vemos um pequeno círculo amarelo-avermelhado percorrer o céu, indo de leste a oeste? As cores existem em si mesmas. Quem duvidará dis- so se passamos a vida vendo rosas vermelhas, amarelas e brancas, o azul do céu, o verde das árvores, o alaranja- do da tangerina? Cada gênero ou espécie de animais já surgiu tal como os conhecemos. Alguém poderia imaginar um peixe se tor- nar um réptil ou pássaro? Em religiões como a judaica, a cristã e a islâmica, os livros sagrados não ensinam que a di- vindade criou de uma só vez todos os animais, num só dia? A família é uma realidade criada pela natureza para garantir a sobrevivência humana e para atender à afe- tividade natural dos humanos, que sentem a necessi- dade de viver juntos. Quem duvidará disso, se vemos, no mundo inteiro, no passado e no presente, a família existindo e sendo a célula primeira da sociedade? A “raça” é uma realidade natural ou biológica produ- zida pela diferença dos climas, da alimentação, da geo- grafia e da reprodução sexual. Quem duvidará disso, se vemos que os africanos são negros, os asiáticos são amarelos de olhos puxados, os índios são vermelhos e os europeus, brancos? Certezas como essas formam nossa vida e o senso comum de nossa sociedade, transmitido de geração para geração. Este, muitas vezes, ao se transformar em crença religiosa, torna-se uma doutrina inquestionável. Retomemos nossos exemplos. A astronomia demonstra que o Sol é muitas vezes maior do que a Terra e, desde Copérnico, que é a Terra que se move em torno do Sol. A óptica demonstra que as cores são ondas lumino- sas, obtidas pela refração e reflexão ou decomposição da luz branca. A biologia demonstra que os gêneros e as espécies de animais se formaram lentamente, no curso de mi- lhões de anos, a partir de modificações de microrganis- mos extremamente simples. Historiadores e antropólogos mostram que o que entendemos por família (pai, mãe, filhos; esposa, mari- do, irmãos) é uma instituição social recente — data do século XV — e própria da Europa ocidental, não exis- tindo na Antiguidade nem nas sociedades africanas, asiáticas e americanas pré-colombianas. Mostram tam- bém que não é um fato natural, mas uma criação resul- tante de condições históricas determinadas. Sociólogos e antropólogos mostram que a ideia de “raça” também é recente — data do século XVIII —, sendo usada por pensadores que procuravam uma ex- plicação para as diferenças físicas e culturais entre os europeus e os povos que estes conheceram a partir do século XIV, com as viagens de Marco Polo, e do século XV, com as Grandes Navegações. Ao que parece, há uma grande diferença entre nossas certezas cotidianas e o conhecimento cientí- fico. Como e por que essa diferença existe? Características do senso comum Um breve exame de nossos saberes cotidianos e do senso comum de nossa sociedade revela que eles têm algumas características que lhes são próprias: E são subjetivos, isto é, exprimem sentimentos e opiniões individuais e de grupos, variando de acordo com as condições em que esses indivíduos ou gru- pos vivem. Assim, por exemplo, se eu for artista, ve- rei a beleza de uma árvore; se eu for marceneiro, a qualidade de sua madeira; se estiver passeando sob o sol, a sombra para descansar; se for boia-fria, os fru- tos que devo colher para ganhar o meu dia. Se eu for hinduísta, uma vaca será sagrada para mim; se for dono de um frigorífico, estarei interessado na quali- dade e na quantidade de carne que poderei vender; raça A antropologia contemporâne a rejeita o emprego do termo raça para significar ‘etnia’ por entender que a proximidade cultural (l íngua, religião, hábitos, maneiras de agir) é m ais relevante do que o aspecto hereditário — e mbora, para alguns autores, a etnia tenha uma bas e biológica. INI.FILOSOFIA_FILOS_VU_PNLD15_286a292_U11_C29.indd 287 5/9/13 3:45 PM A ciência u n id a d e X I 288 E por serem subjetivos, levam a uma avaliação qualita- tiva das coisas conforme os efeitos que produzem em nossos órgãos dos sentidos ou conforme os de- sejos que despertam em nós e o tipo de finalidade ou de uso que lhes atribuímos. Ou seja, as coisas são julgadas por nós como grandes ou pequenas, do- ces ou azedas, pesadas ou leves, novas ou velhas, be- las ou feias, quentes ou frias, úteis ou inúteis, desejá- veis ou indesejáveis, coloridas ou sem cor, com sabor, odor, próximas ou distantes, etc.; E agrupam ou distinguem as coisas e os fatos confor- me nos pareçam semelhantes ou diferentes. É assim, por exemplo, que julgamos serem fatos diferentes um corpo que cai e uma pena que flutua no ar; E são individualizadores, isto é, cada coisa ou cada fato nos aparece como um indivíduo distinto de outros por ter qualidades que nos afetam de maneira dife- rente: a seda é macia, a pedra é rugosa, o algodão é suave, o mel é doce, o fogo é quente, o mármore é frio, a madeira é dura, etc.; E por outro lado, também são generalizadores, pois tendem a reunir numa só opinião ou numa só ideia coisas e fatos julgados semelhantes: falamos dos ani- mais, das plantas, dos seres humanos, dos astros, dos gatos, das mulheres, das crianças, das esculturas, das pinturas, das bebidas, dos remédios, etc.; E em decorrência das generalizações, tendem a esta- belecer relações de causa e efeito entre as coisas ou entre os fatos: “onde há fumaça há fogo”; “quem tudo quer tudo perde”; “dize-me com quem andas e te direi quem és”; a posição dos astros determina o destino das pessoas; mulher menstruada não deve tomar banho frio; ingerir sal quando se tem tontura é bom para a pressão; mulher assanhada quer ser es- tuprada; menino de rua é delinquente, etc.; E não se surpreendem nem se admiram com a regulari- dade, constância, repetição e diferença das coisas, mas, ao contrário, a admiração e o espanto se dirigem para o que é imaginado como único, extraordinário, maravilhoso ou miraculoso. Justamente por isso, em nossa sociedade, a propaganda e a moda estão sem- pre inventando o “extraordinário”, o “nunca visto”; E por não compreenderem o que seja investigação científica, tendem a vê-la quase como magia, conside- rando que ambas — magia e investigação científica — lidam com o misterioso, o oculto, o incompreen- sível. Essa imagem da ciência como magia aparece, por exemplo, no cinema, quando os filmes mostram os laboratórios científicos repletos de objetos in- compreensíveis, com luzes que acendem e apagam, tubos de onde saem fumaças coloridas, exatamente como são mostradas as cavernas ocultas dos magos; E costumam projetar nas coisas ou no mundo senti- mentos de angústia e de medo diante do desconhe- cido. Assim, por exemplo, durante a Idade Média, as pessoas viamo demônio em toda parte; hoje, enxer- gam discos voadores no espaço; E por serem subjetivos, generalizadores e expressarem sentimentos de medo, angústia e incompreensão quanto ao trabalho científico, nossas certezas coti- dianas e o senso comum de nossa sociedade ou de nosso grupo social cristalizam-se em preconceitos. Com eles, passamos a interpretar toda a realidade que nos cerca e todos os acontecimentos. Vênus (no alto) e Júpiter (ao centro, junto à Lua) visíveis a olho nu no céu de Londres, Inglaterra, em 2012. Embora nossa percepção enxergue Vênus maior do que Júpiter, sabemos, graças a uma ciência (a astronomia), que o segundo planeta é maior e está mais afastado que o primeiro. Ia n G a v a n /G e tt y I m a g e s INI.FILOSOFIA_FILOS_VU_PNLD15_286a292_U11_C29.indd 288 5/9/13 3:45 PM A atitude científica ca pí t u lo 2 9 289 A atitude científica Características gerais da atitude científica O que distingue a atitude científica da atitude costu- meira ou do senso comum? Antes de mais nada, a ciên- cia desconfia da veracidade de nossas certezas, da au- sência de crítica e da falta de curiosidade. Por isso, onde vemos coisas, fatos e acontecimentos, a atitude científica vê problemas e obstáculos, aparências que precisam ser explicadas e, em certos casos, afastadas. Em quase todos os aspectos podemos dizer que o conhecimento científico opõe-se ponto por ponto às características do senso comum: E é objetivo, pois procura as estruturas universais e ne- cessárias das coisas investigadas; E é quantitativo, ou seja, busca medidas, padrões, cri- térios de comparação e de avaliação para coisas que parecem diferentes. Assim, por exemplo, as di- ferenças de cor são explicadas por diferenças de um mesmo padrão ou critério de medida: o com- primento de onda luminosa; as diferenças de inten- sidade dos sons, pelo comprimento de onda sono- ra; etc.; E é homogêneo, isto é, busca as leis gerais de funciona- mento dos fenômenos, que são as mesmas para fa- tos que nos parecem diferentes. Por exemplo, a lei universal da gravitação demonstra que a queda de uma pedra e a flutuação de uma pluma são movi- mentos que obedecem à mesma lei no interior do campo gravitacional; E é generalizador, pois reúne individualidades sob as mesmas leis, os mesmos padrões ou critérios de me- dida, mostrando que têm a mesma estrutura, embo- ra sejam sensorialmente percebidas como diferen- tes. Assim, por exemplo, a química mostra que a enorme variedade de corpos decorre das inúmeras combinações de um pequeno número de elementos que compõem os corpos complexos; E é diferenciador, pois não reúne nem generaliza por semelhanças aparentes, mas distingue entre os que parecem iguais, desde que obedeçam a estruturas diferentes. Vejamos um exemplo. O antropólogo francês Lévi-Strauss mostrou que, embora possa- mos traduzir a palavra queijo para o francês froma- ge e para o inglês cheese, essas três palavras não têm o mesmo sentido porque não é a mesma coisa que se entende por queijo em cada uma dessas três so- ciedades, nem o queijo apresenta as mesmas carac- terísticas nas três. Um francês e um inglês não con- cebem que se coma queijo com goiabada; já o brasileiro vai antes pensar no queijo como algo sal- gado do que como algo picante. Ou seja, as pala- vras não têm o mesmo sentido porque se referem a estruturas alimentares diferentes; E só estabelece relações causais depois de investigar a natureza ou estrutura do fato estudado e suas rela- ções com outros semelhantes ou diferentes. Assim, por exemplo, um corpo não cai porque é pesado, mas o peso de um corpo depende do campo gravi- tacional onde se encontra — é por isso que, quando a velocidade de uma nave espacial contrabalança ou supera a força da gravidade terrestre, todos os cor- pos em seu interior flutuam, independentemente da massa ou do tamanho; um corpo tem certa cor não porque é colorido, mas porque reflete a luz de uma determinada maneira, etc.; Diferentemente da maioria das substâncias, a água aumenta de volume ao passar para o estado sólido. A ciência busca explicações racionais e verdadeiras para o que o senso comum acreditaria ser fantástico. E surpreende-se com a regularidade, a constância, a frequência, a repetição e a diferença das coisas e procura mostrar que o maravilhoso, o extraordiná- rio ou o “milagroso” são simplesmente um caso particular do que é regular, normal, frequente. Um eclipse, um terremoto, um furacão, a erupção de um vulcão, embora excepcionais, obedecem às leis da física. A ciência procura, assim, apresentar expli- cações racionais, claras, simples e verdadeiras para os fatos, opondo-se ao espetacular, ao mágico e ao fantástico; C h a r le s D . W in te r s /P h o to r e s e a r c h e r s /L a ti n s to c k INI.FILOSOFIA_FILOS_VU_PNLD15_286a292_U11_C29.indd 289 5/9/13 3:45 PM A ciência u n id a d e X I 290 E distingue-se da magia. A magia admite uma simpatia secreta entre coisas diferentes, que agem umas so- bre outras por meio de qualidades ocultas. Além dis- so, considera o psiquismo humano uma força capaz de ligar-se a psiquismos superiores (planetários, as- trais, angélicos, demoníacos) para provocar efeitos inesperados nas coisas e nas pessoas. A atitude cien- tífica, ao contrário, opera um desencantamento ou desenfeitiçamento do mundo, mostrando que nele não agem forças secretas, mas causas e relações ra- cionais que podem ser conhecidas por todos; E afirma que, pelo conhecimento, o homem pode li- bertar-se do medo e das superstições, deixando de projetá-los no mundo e nos outros; E procura renovar-se e modificar-se continuamente, evitando a transformação das teorias em doutrinas e destas em preconceitos sociais. O fato científico re- sulta de um trabalho paciente e lento de investiga- ção e de pesquisa racional, aberto a mudanças, não sendo nem um mistério incompreensível nem uma doutrina geral sobre o mundo. A investigação científica Os fatos ou objetos científicos não são dados empí- ricos espontâneos de nossa experiência cotidiana, mas são construídos pelo trabalho da investigação científica. Esta é um conjunto de atividades intelec- tuais, experimentais e técnicas, realizadas com base em métodos que permitem e garantem que a prin- cipal marca da ciência seja o rigor. A investigação científica se caracteriza por: E separar os elementos subjetivos e objetivos de um fenômeno; E construir o fenômeno como um objeto do conheci- mento, controlável, verificável, interpretável e capaz de ser retificado ou corrigido por novas elaborações; E demonstrar e provar os resultados obtidos durante a investigação, graças ao rigor das relações defini- das entre os fatos estudados. A demonstração deve ser feita não só para verificar a validade dos resulta- dos obtidos, mas também para prever racional- mente novos fatos como efeitos dos já estudados; O mistério e a ciência A ciência é uma forma sistematicamente organizada do pensamento objetivo. [...] Da magia — considerada um conjunto de práticas destinado a aproveitar os poderes sobrenaturais —, a ciência teria conservado uma aparência de mistério e gravidade ritual, traço que ainda hoje surpreende a maioria dos espíritos. Do feiticeiro ao cientis- ta há apenas um pequeno passo, fácil de transpor, quando considerados os “milagres” da ciência moderna. Quanto mais escapam aos nossos sentidos as forças naturais das quais ela se aproveita (ondas hertzianas, eletricidade, emissões eletrônicas), mais pare- ce ela realizar os sonhos dos mágicos. [...] A ciência, entretanto, apenas poderá ser ma- gia aos olhos de espectadores, pois é apenas se libertando da magia que a ciência pro- priamente dita pode desenvolver-se. GR A NGER , Gilles-Gaston. Lógica e filosofia das ciências. São Paulo: Melhoramentos, 1955. p. 75. diálogosfilosóficos Pesquisadora em laboratório do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), em 2012. A ciência é um conhecimento demonstrativo, que permite ao homem transformar o mundo. M a rc o s S a n to s /U S P I m a g e n s INI.FILOSOFIA_FILOS_VU_PNLD15_286a292_U11_C29.indd 290 5/9/13 3:45 PM A atitude científica ca pí t u lo 2 9 291 E relacionar com outros fatos um fato isolado, inte- grando-o numa explicação racional unificada. So- mente essa integração transforma o fenômeno em objeto científico, isto é, em fato explicado por uma teoria; E formular uma teoria geral sobre o conjunto dos fe- nômenos observados e dos fatos investigados. Isto é, formular um conjunto sistemático de conceitos que expliquem e interpretem as causas e os efeitos, as relações de dependência, identidade e diferença entre todos os objetos que constituem o campo investigado. Por isso, no livro Lógica e filosofia das ciências, o filó- sofo das ciências Gilles-Gaston Granger nos diz que “o verdadeiro significado da ciência, que a distingue de toda outra forma de nossa atividade civilizada, é o de ser um método de pensamento e de ação”. Delimitar ou definir os fatos a investigar, separan- do-os de outros semelhantes ou diferentes; estabele- cer os procedimentos metodológicos para observa- ção, experimentação e verificação dos fatos; construir instrumentos técnicos e condições de laboratório específicas para a pesquisa; elaborar um conjunto sis- temático de conceitos que formem a teoria geral dos fenômenos estudados, que controlem e guiem o andamento da pesquisa, além de ampliá-la com no- vas investigações, e permitam a previsão de fatos no- vos com base nos já conhecidos: esses são os pré-re- quisitos para a constituição de uma ciência e as exigências da própria ciência. A ciência distingue-se do senso comum porque este é uma opinião baseada em hábitos, preconcei- tos, tradições cristalizadas, enquanto a primeira ba- seia-se em pesquisas, investigações metódicas e sis- temáticas e teorias necessariamente coerentes e verdadeiras. A ciência é conhecimento que resulta de um trabalho racional. Que tipo de conhecimento é esse? Vem de Aristóteles a primeira grande definição do conhecimento científico: a ciência é um conhecimento das causas e pelas causas, isto é, um conhecimento de- monstrativo. E vem do final do Renascimento e do início da filo- sofia moderna, com Francis Bacon, Galileu e Descartes, a ideia de que a ciência é também um conhecimento eficaz. Ou seja, a ciência seria capaz de permitir ao ho- mem não só conhecer o mundo, mas também domi- ná-lo e transformá-lo. Como o trabalho científico é sistemático, uma teo- ria científica é um sistema ordenado e coerente de proposições ou enunciados que se baseiam em um pequeno número de princípios, cuja finalidade é des- crever, explicar e prever do modo mais completo possível um conjunto de fenômenos. Ao oferecer leis necessárias, a teoria científica permite que fatos apa- rentemente muito diferentes sejam compreendidos como semelhantes e submetidos às mesmas leis; e vice-versa, permite compreender por que fatos apa- rentemente semelhantes são diferentes e submetidos a leis diferentes. À esquerda, uma lula em fotografia submarina noturna feita em 2011 nas Filipinas; à direita, caracol em jardim na Inglaterra, em 2011. Apesar de essas espécies parecerem muito distintas e de viverem em meios diferentes, a ciência as classifica no filo dos moluscos por haver descoberto neles características em comum, como o fato de serem invertebradas e terem corpo mole. M ic h e ll e M c M a h o n /F li c k r R F /G e tt y I m a g e s T o b ia s F ri e d ri c h /F 1 O n li n e /G lo w I m a g e s INI.FILOSOFIA_FILOS_VU_PNLD15_286a292_U11_C29.indd 291 5/9/13 3:45 PM A ciência u n id a d e X I 292 atividades 1. Dê novos exemplos de certezas do senso comum e mostre como as ciências as refutam. 2. Quais as principais características dos saberes do senso comum? Escolha três e explique-as. 3. Que postura da ciência está na base de suas diferenças com o senso comum? Escolha três das principais carac- terísticas do conhecimento científico em oposição ao senso comum e explique-as. 4. Explique por que em nossa sociedade, segundo o tex- to estudado, a ciência tende a ser tomada como magia. Qual o equívoco dessa visão? 5. Que papel Aristóteles atribui à ciência quando a deno- mina como conhecimento demonstrativo? 6. A filosofia moderna considera a ciência um conheci- mento eficaz. Usando a linha do tempo e o índice remis- sivo, localize no livro conceitos de autores dessa época que se inspirem nessa ideia. 7. Explique quais os pré-requisitos para a constituição de uma ciência. Cena do filme Kenoma, de Eliane Caffé. J o ã o Q u a re s m a /F o lh a p re s s IndIcação de fIlme Kenoma Direção de Eliane Caffé. Brasil, 1998. Esta atividade trabalha com conteúdos de Filoso- fia, Física e História, e com os temas transversais Saú- de, Meio Ambiente e Ética. As diferenças entre as explicações dadas pelo senso comum e as dadas pela ciência estão presentes em diversas situações. Tomando como exemplo para esse comparativo o modo de funcionamento de uma geladeira, responda às seguintes questões: 1. Contraponha a explicação para o funcionamento de uma geladeira dada pelo senso comum à dada pela termodinâmica. Exponha como os elementos que caracterizam a investigação científica estão presentes na segunda explicação. 2. Em sua opinião, seria possível chegar ao advento da geladeira com base no conhecimento do senso comum? Por quê? Em sua resposta, considere o con- texto da Segunda Revolução Industrial, na transição do século XIX para o XX. 3. As geladeiras se disseminaram pelos lares dos paí ses desenvolvidos nos anos 1930. Porém, nos anos 1970, novas pesquisas científicas descobriram que o CFC (clorofluorocarboneto), utilizado nesses aparelhos até então, era danoso para a camada de ozônio. Atual- mente, todas as geladeiras fabricadas devem utilizar substâncias que não agridam a camada de ozônio. Escreva um breve comentário sobre como as desco- bertas científicas se somam ou se contrapõem ao lon- go do tempo. A ciência é infalível? a filosofia nas e ntrelinhas Trabalhadores em linha de montagem de geladeiras em Ohira, no Japão, em 2009. T o s h if u m i K it a m u ra /A g ê n c ia F ra n c e -P re s s e O pano de fundo do filme é o sonho de criar o moto-perpétuo, uma máquina capaz de funcio- nar sem combustível, realimen- tando sua energia e seus movi- mentos eternamente. Esse ideal se materializa na personagem Lineu (José Dumont), emprega- do de Gerônimo (Jonas Bloch) em um moinho, que por mais de vinte anos transforma sua existência numa infinita suces- são de tentativas e fracassos para conseguir seu objetivo. INI.FILOSOFIA_FILOS_VU_PNLD15_286a292_U11_C29.indd 292 5/9/13 3:45 PM
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