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Ana Paula Cuchera 12/04/2022 RA: 1221100136 Resumo - CHOQUE HEMODINÂMICO Prof. Denise Choque - É um distúrbio hemodinâmico agudo e sistêmico. - Incapacidade do sistema circulatório de manter a pressão arterial em níveis que garantam a perfusão sanguínea = hipóxia generalizada. - Com isso o paciente estará com taquifigmia filiforme (taquicardia com pouco pulso) e hipotenso. - Desóxia tissular = hipóxia em tecido - Característica principal - hipoperfusão tecidual (não depende de valor específico da PA) - Com a hipóxia tecidual, o metabolismo anaeróbio é ativado gerando acúmulo de ácido lático e uma acidose progressiva. - A maioria dos choques que acontece são: choques distributivos (60%) do tipo anafilático (55% entre os distributivos) Sinais clínicos: - A apresentação clínica varia de acordo com a: 1- Causa inicial (tipo de choque) 2- Resposta de múltiplos órgãos - Choques obstrutivos, cardiogênicos e hipovolêmicos - constrição periférica - o paciente apresentará sinais de letargia, pele fria, pálida e pulsos fracos (apesar de taquicárdico). - Choque distributivo - vasodilatação - ele apresentará sinais de letargia, pele quente, rosada e pulsos fracos. - Anemia falciforme agrava ainda mais o quadro. - O primeiro órgão a sofrer é o rim, por isso, o primeiro sintoma é a oligúria (baixa produção de urina). - Se o paciente urinar espontaneamente é sinal que o quadro reverteu. - Como sintoma tem também a falha no trato gastrointestinal, resultando em íleo paralítico e vômitos. Obs! A primeira hora é a golden hour, pois o choque está na fase inicial (fase quente - pela febre) onde o corpo está respondendo e tentando compensar, com isso é mais fácil reverter o quadro. - Pessoas mais jovens são mais fáceis de reverter. - Choque com parada - ocorre em cerca de 24 horas e se estiver com acidose progressiva, acontece em cerca de 3 horas. - Pele rendilhada - tem fluxo sanguíneo inadequado, resultando de uma das três causas a seguir: 1- Vasoconstrição periférica, mais frequentemente associada à hipovolemia 2- Diminuição do número de hemácias (anemia) 3- Interrupção do fluxo sanguíneo para aquela região do organismo. - Se ela passar para a barriga o paciente não tem mais volta. Sinais clínicos por órgãos: 1- SNC - rebaixamento no nível de consciência 2- Rins - oligúria e lesão tubular aguda 3- Vísceras - íleo paralítico e disfunção hepática 4- Metabólico - acidose metabólica, aumento do lactato, distúrbios eletrolíticos e hiperglicemia Obs! No final gera disfunção múltipla de órgãos e parada cardiorespiratória Manutenção da pressão depende: ✩ 1 - Bomba cardíaca (batimento cardíaco) 2 - Volume de sangue 3 - Compartimento vascular (tensão na parede do vaso para manter a PA) Transferência de O2 depende de: 1 - Hemoglobina suficiente com porcentagem boa de saturação 2 - Pressão arterial suficiente Obs! A gasometria venosa é usada para ver troca de O2. Para verificar a troca do corpo todo, precisa pegar sangue da veia cava, colhido por cateter venoso central. - No choque não tem troca na periferia, mas os órgãos vitais usam muito O2 para manter a sua atividade. Choque pode ser por: 1 - Falência na bomba cardíaca - Choque cardiogênico 2 - Redução da volemia - Choque hipovolêmico 3 - Falência no enchimento do ventrículo esquerdo - Choque obstrutivo 4- Aumento do compartimento (vasos) - Choque distributivo - O distributivo é dividido em: Choque anafilático, choque séptico e neurogênico. 1- Choque cardiogênico - Insuficiência cardíaca aguda, principalmente do ventrículo esquerdo - Incapacidade em bombear sangue para a circulação sistêmica, pela perda de pelo menos 40% da massa miocárdica. - Pré carga normal, contratilidade reduzida e aumenta a pós carga Causas: 1 - Infarto agudo do miocárdio 2 - Miocardites agudas (inflamação do músculo cardíaco) 3 - Ruptura de valvas cardíacas ou de músculo papilar (menos frequente) Sinais e sintomas: - Baixo débito cardíaco - Congestão pulmonar - Sudorese fria - Confusão mental - Oligúria - Taquicardia - Taquisfigmia filiforme (taquicardia com pouco pulso) - Hipotensão com aproximação dos níveis sistólicos e diastólicos (Ex: 40x30 mmHg) 2- Choque hipovolêmico - Redução aguda e intensa do volume circulante por perda de líquido. - Reduz a pré carga, contratilidade normal e aumenta a pós carga Pode ser por: 1 - Hemorragia grave, vômito e diarreia 2 - Perda cutânea (queimadura) 3 - Passagem rápida para a MEC (dengue) 4 - Retenção de líquido no intestino (íleo paralítico) Sinais e sintomas: - Taquicardia - Alteração no nível de consciência - Taquipnéia (respiração acelerada) - Pele fria - Hipotensão - Pulsos filiformes (fraco) - Débito urinário diminuído - Palidez - Cianose 3- Choque obstrutivo - Restrição dos enchimentos das câmaras cardíacas esquerdas. Principais causas: 1- Embolia pulmonar maciça - bloqueio do fluxo para artérias pulmonares 2- Pneumotórax - pressiona o coração 3- Hidro e hemopericárdio agudos - restrição das diástole (enchimento). - Pré carga variável, contratilidade normal e pós carga aumentada Sinais e sintomas: - Pressão sobre o coração - Hipotensão - Taquicardia - Queda súbita da PA - Taquipnéia (respiração acelerada) - Sensação de pânico - Perda da consciência (avançado) 4- Choque distributivo - Dividido em três tipos: Choque anafilático, choque séptico e neurogênico. - Ocorre por causa da vasodilatação arteriolar periférica que causa menor resistência periférica e uma super redução no retorno venoso e inundação dos capilares. - Por ter muito sangue no capilar que as extremidades não ficam cianóticas. Choque anafilático: - Faz a liberação rápida de histamina que provoca vasodilatação arteriolar. - A vasodilatação causa brusca queda na PA, inunda os capilares (sangue) e diminui retorno venoso. - Reduz a pré carga, contratilidade variável e pós carga diminuída no VE e aumentada no VD Choque séptico: ✩ - Causado por resposta contra infecções ou por lesão tecidual. - Esse faz vasodilatação na microcirculação pela síndrome resposta inflamatória sistêmica. - Os mediadores inflamatórios (citocinas, complemento, histaminas, prostaglandinas e leucotrienos) causam vasodilatação, que reduz a resistência periférica e inunda o capilar. - Isso reduz o retorno venoso e faz a perda de líquido para a MEC - Também IL-1, TNF e IL-6 tem efeito depressor do miocárdio (diminui o bombeamento de sangue) - o que para alguns é considerado choque misto (cardiogênico e distributivo) - Reduz a pré carga, contratilidade normal ou diminuída e reduz a pós carga. Sinais e sintomas: - Processo infeccioso - Febre - Taquicardia - Taquipnéia (respiração acelerada) - Leucocitose (aumento de glóbulos brancos) - Hipotensão - Edema - Oligúria - Redução das plaquetas sanguíneas - Apneia (respiração para e volta diversas vezes) - Perda da consciência ou confusão mental Neurogênico: - Perda do tônus simpático - não faz mais vasoconstrição suficiente - Acentuada vasodilatação - Tenta aumentar a frequência cardíaca para compensar - Pré carga normal, contratilidade normal e reduz a pós carga - Sepse - é uma síndrome clínica de disfunção de órgãos com risco de vida, causada por uma resposta desregulada a infecções. - Choque séptico - há uma redução crítica da perfusão tecidual; pode ocorrer falência aguda de múltiplos órgãos, incluindo pulmões, rins e fígado. Fase não progressiva (fase hipodinâmica - inicial) - Nessa fase o corpo está tentando compensar o choque. - No distributivo é chamado de fase quente por conta da febre e vasodilatação periférica. - O choque causa hipotensão arterial (menor PA), com isso ele faz redistribuir o fluxo de sangue esplâncnico para os órgãos vitais, como coração, pulmão e encéfalo. - Essa mudança ocorre por aumento da atividade do SNA simpático. Atividade simpática evocada por: 1 - Estimulação de receptores de volume e pressão 2 - Estimulação de quimiorreceptores 3 - Estimulação direta de núcleos autonômicos - pela isquemia cerebral Sintomas: 1 - Taquicardia- mas a pressão continua baixa pelo baixo volume de sangue 2 - Sudorese 3 - Oligúria - insuficiência renal pela não irrigação do rim Efeitos para tentar compensar: 1 - Aumenta a frequência cardíaca (taquicardia), mas ela não é suficiente para aumentar a PA 2 - Aumenta a atividade simpática, que redistribui sangue para órgãos vitais. 3 - Ativação de substâncias vasoconstritoras endógenas, como a adrenalina, vasopressina e angiotensina I (Renina-angiotensina-aldosterona). 4 - Ação da aldosterona, que faz a retenção de sódio nos rins, para aumentar o acúmulo de água (aumentar volemia) 5 - Ação do ADH - hormônio antidiurético, que insere canais de aquaporina no túbulo para aumentar a captação de água (aumentar volemia) 6 - Reabsorção de líquido do interstício, que volta devido a baixa pressão arterial. Obs! Esses mecanismos auxiliam para compensar o processo de choque. Fase progressiva (fase de descompensação) - É quando o choque progride e agrava-se o quadro. - Alguns mecanismos tentam contrabalançar a hipotensão e a hipovolemia, porém eles podem acabar agindo como estimulantes, piorando o distúrbio. Ela estará associada: 1 - Redução da função miocárdica - incapacitando a perfusão tecidual, gerando hipóxia nos tecidos. 2 - Acidose metabólica - a hipóxia gerada traz como consequência o aumento da glicólise anaeróbia (acidose lática). Acidose metabólica: - A acidose deprime o miocárdio - Reduz a resposta vascular às catecolaminas (dopamina, epinefrina e norepinefrina) - Aumenta a abertura dos esfíncteres pré-capilares. Obs! Isso contribui ainda mais para a piora do quadro Hipóxia nos tecidos: - Quando ocorre esse quadro são liberados vários mediadores pró-inflamatórios, que aumenta: 1 - Permeabilidade vascular 2 - Vasodilatação - Fatores que contribuem para reduzir retorno venoso. No choque séptico: - Mediadores inflamatórios, produzidos pelo tecido hipóxico, induzem a liberação de C3a, C5a e cininas (complemento) para permeabilidade vascular e vasodilatação. - O PAMP e o DAMP vão contribuir ainda mais para manter a produção de citocinas pró-inflamatórias e produzir ainda mais substâncias vasodilatadoras. - IL-1 e TNF-alfa (citocinas) são depressores do miocárdio. - A hipóxia no séptico causa lesão progressiva, o que ativa a cascata de coagulação e aumenta o risco de trombose. - Pode ocorrer também o CID (coagulação intravascular disseminada) - O CID acarreta necrose em diversos órgãos, que resulta em falência de múltiplos órgãos (FMO) Eles vão ser responsáveis por: 1 - Ativar o complemento - edema, diminuir a PA = choque 2 - Ativar citocinas pró-inflamatórias - depressores do miocárdio + vasodilatação, diminui a PA = choque 3 - Ativação da cascata de coagulação - CID (coagulação intravascular disseminada) = hemorragia, falência de órgãos. Fase Irreversível: - O paciente nessa fase vai estar vivo em unidades de tratamento intensivo. - Nessa fase terá uma vasodilatação progressiva, e a pele começa a ter aspecto cianótico e frio. - A hipóxia no séptico causa lesão endotelial progressiva, o que ativa a cascata de coagulação e aumenta o risco de trombose. - Surgem várias lesões por conta da isquemia, o que leva a FMO (falência de múltiplos órgãos). - Pode ocorrer também o CID (coagulação intravascular disseminada) - O CID acarreta necrose em diversos órgãos, que resulta em falência de múltiplos órgãos (FMO) - Nos lugares com menos perfusão ocorre necrose isquêmica: 1 - Rins: Necrose tubular aguda 2 - Coração: Infartos subendocárdicos em faixa 3 - SNC: Necrose em faixa (entre artérias cerebrais) 4 - Baço: Necrose subcapsular 5 - Trato digestivo: úlceras na mucosa 6 - Fígado: Necrose centrolobular 7 - Pâncreas: Necrose acinar Nos pulmões a lesão: 1 - Libera citocinas = fazem leucócitos aderir à parede capilar (menos perfusão) 2 - Aumenta permeabilidade capilar = edema alveolar 3 - Agressão ao epitélio = fibrose pulmonar - Quadro chamado de dano alveolar difuso (DAD), que é quadro de paciente com SARA (síndrome da angústia respiratória aguda). Alterações microscópicas - RIM: - Necrose tubular aguda - Necrose cortical subcapsular Alterações microscópicas - FÍGADO: - Necrose centrolobular Alterações microscópicas - PÂNCREAS: - Necrose acinar Alterações microscópicas - PULMÃO: - Agressão ao epitélio alveolar por radicais livres e enzimas liberadas por leucócitos. - Agressão também pelo exsudato no interstício, forma membrana hialina. - Aumento da permeabilidade capilar, edema alveolar - Reparo por síntese de MEC nos septos alveolares e parede de bronquíolos. - Fibrose progressiva do parênquima pulmonar. - Alvéolos reduzem pelo aumento da MEC, pode obstruir - Forma cubóide, desaparecendo os pneumócitos típicos. Alterações microscópicas - BAÇO: - Necrose subcapsular. Alterações microscópicas - TRATO DIGESTIVO: - Úlceras na mucosa Alterações macroscópicas - CORAÇÃO: - Infartos subendocárdicos em faixa (circular) Alterações macroscópicas - SNC: - Necrose em faixa (circunda) - Edema de encéfalo - Infartos cerebrais simétricos (2 lados)
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