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Choque · Choque – Distúrbio hemodinâmico agudo e sistêmico caracterizado pela incapacidade do sistema circulatório de manter a pressão arterial em nível suficiente para garantir a perfusão sanguínea ao organismo, o que resulta em hipóxia generalizada *** Distúrbio progressivo que se não for corrigido pode levar à morte · Três fazes genéricas: 1) Fase não progressiva (fase hiperdinâmica) inicial durante a qual os mecanismos compensatórios reflexos são ativados e a perfusão dos órgãos vitais é mantida. No choque distributivo, essa fase de compensação é chamada de fase “quente” pois existe vasodilatação periférica · A hipotensão induz modificações circulatórias · Tal mudança hemodinâmica faz-se pelo aumento da atividade simpática – realizando vasoconstrição · Aumento da frequência cardíaca (taquicardia) e pele úmida pela sudorese · Oligúria (insuficiência pré-renal por redução da taxa de filtração glomerular) resulta de menor perfusão renal pela hipotensão arterial · Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona ativo · Resposta vasoconstritora das arteríolas induz acúmulo de água porque estimula · Liberação de hormônio antidiurético 2) Fase progressiva (fase de descompensação), caracterizada por hipoperfusão dos tecidos e início do agravamento do desequilíbrio circulatório e metabólico, incluindo acidose láctica. · Redução da função miocárdica e há acidose metabólica · Aumento da glicose anaeróbia, acidose lática · A acidose deprime o miocárdio – diminui frequência cardíaca · Abertura dos esfíncteres pré-capilares – vasodilatação por causa da acidose · No choque séptico, essa fase torna-se ainda mais grave, por causa das vasodilatações (2x – por ser séptico e pelo ácido lático) · O quadro hemodinâmico agrava-se também por citocinas pró-inflamatórias, IL-1 e TNF que são depressoras do miocárdio (choque séptico) 3) Fase irreversível (fase final ou hipodinâmica) que se estabelece após o organismo ter sofrido lesão celular e tecidual tão intensa, que mesmo que os efeitos hemodinâmicos fossem corrigidos, a sobrevivência não seria possível. · Vasodilatação progressiva – eixo de feedback positivo – intensifica reações anteriores · Sequestro de sangue na microcirculação (vênulas e capilares) · Pele passa a ter um aspecto cianótico e é fria · Lesão endotelial progressiva, especialmente por hipóxia ou hiperativação endotelial se o choque é séptico, aumenta o risco de trombose por exposição dos fatores teciduais da coagulação e/ou por redução na atividade anticoagulante do endotélio · Pode ocorrer coagulação intravascular disseminada (CID) · Com a manutenção da hiperperfusão, ocorrem hipóxia e consequentemente lesões degenerativas e necrose em diversos órgãos · Sinais de insuficiência funcional vão se acumulando, e surge o que se denomina falência de múltiplos órgãos (FMO), fase final do processo · Os territórios de menor perfusão, notadamente naqueles mais afastados do coração, é frequente a necrose isquêmica · Nos órgãos – alterações microscópicas: - Nos rins além de necrose tubular aguda (necrose coagulativa) – túbulos só com sombras quase sem células, pode haver necrose cortical subcapsular - No coração, aparecem infartos subendocárdicos em faixa, circunferenciais (necrose coagulativa) – área infartada mais esbranquiçada, ao lado uma mais escura – hiperemia acontecendo em torno da necrose em uma tentativa de compensação - No fígado, encontra-se necrose centrolobular – próximo a veia centro (necrose coagulativa) ocorre em maior quantidade na zona 3 pois tem menos oxigênio pois passa primeiro pela zona 1, 2 e por último a zona 3, sem trabéculas de hepatócitos, no pâncreas aparece necrose acinar – na parte dos acinos do pâncreas (necrose coagulativa) – sem imagem - No pulmão, agressão ao epitélio alveolar (destruição de septo alveolar) por radicais livres e enzimas liberados por leucócitos intravasculares e exsudato no interstício alveolar (edema exsudativo – rico em proteínas), formando membranas hialinas, aumentando a permeabilidade capilar, com edema alveolar – muitas células inflamatórias e acúmulo de proteínas no extracelular (Hialinose) por causa da inflamação e lesão celular nos locais onde deveria estar ocorrendo troca gasosa – Entra em síndrome da respiratória aguda (SARA) – covid é pior pois o processo inflamatório já começou no pulmão - No baço, surge necrose subcapsular - No trato digestivo, formam-se úlceras na mucosa, especialmente na borda antimesentérica · Alterações macroscópicas do SNC – ocorre necrose em faixa – sinaliza que houve uma necrose sistêmica, edema encefálico e infartos cerebrais simétricos – ocorre igual dos dois lados (necrose liquefativa) *** vários tipos de choques com etiologias diferentes · Choque cardiogênico · Choque hipovolêmico (baixo volume sanguíneo) · Choque distributivo – pacientes apresentam vasodilatação periférica sistêmica, pele vermelha e quente - choque anafilático - choque séptico - neurogênico · Choque obstrutivo · Sinais e Sintomas: · A apresentação clínica do choque é variável e depende da causa inicial e da resposta dos múltiplos órgãos · Apresenta hipoperfusão relacionado a hipotensão arterial sistêmica relativa ou absoluta · Sinais e Sintomas para choque Cardiogênico, Hipovolêmico e Obstrutivo: · Apresenta pele fria, úmida, pálido – acianótico (devido a vasoconstrição que o corpo gera para tentar reverter o choque) · Taquicárdico · Frequência respiratória aumentada · Suor frio · Sinais e Sintomas para choque Séptico, Anafilático e Neurogênico - Distributivos · Ocorre Vasodilatação periférica tão grande que hiperperfunde os órgãos · Apresenta edema · Rubor – Vermelhidão por causa da grande quantidade de sangue oxigenado presente · Pele sarapintada – por conta da formação de coágulos, microcoagulos, microprocessos hemorrágicos devido a edema e distúrbio hemodinâmico · Choque Hipovolêmico – causado por uma redução aguda e intensa do volume circulante, por perda de líquidos para o meio externo, causas: a) Hemorragia grave, vomito e diarreia b) Perda cutânea (ex. queimaduras) c) Passagem rápida de liquido do meio intravascular para a MEC (ex. dengue – devido à perda de fluidos na microcirculação) – edema anasarca (generalizado) d) Causas menos frequentes, como na retenção de grande quantidade de liquido na luz intestinal devido a íleo paralítico · Mecanismo 1) Perda de liquido 2) ↓ volume circulante 3) ↓ retorno venoso 4) ↓ pré-carga 5) ↓ debito cardíaco 6) ↓ pressão arterial *** A partir do momento que a pressão cai, os barorreceptores detectam a queda e ativam SN Simpático para que haja vasoconstrição (sinais e sintomas – pálido, suor frio, coração acelerado, frequência respiratória alta), Sistema renina angiotensina e aldosterona entra em ação também para que angiotensinogenio seja ativado para que haja vasoconstrição, junto tem a ação da aldosterona retendo Na+ e H2O + ADH ativo estimulando a retenção de liquido (sintoma – anúria não está urinando) 7) ↓ a perfusão tecidual 8) Choque 9) Hipóxia/anóxia (caso não é revertido / descompensado) 10) Falência de múltiplos órgãos *** Quando o paciente volta a urinar pois é um indicativo que o paciente está saindo do estado de choque · Descompensação do choque – quando o quadro de choque continua ou o sistema compensatório não consegue de reverter o quadro 1) Hipóxia sistêmica por muito tempo (hipoperfusão sistêmica) 2) ↑ ácido láctico (se dosar e verificar um aumento de lactato paciente está descompensando) 3) ↑ de ADP 4) ↑ de adenosina 5) ↑ de óxido nítrico *** Todas as moléculas que estão aumentando na descompensação causam vasodilatação, acidose metabólica e ADP causa inflamação pois tem ativação da cascata de coagulação com necrose coagulativa 6) Necrose por isquemia = necrose coagulativa + necrose liquefativa · Sinais e Sintomas · Taquicardia · Alteração no nível de consciência – devido a hipoperfusão no SNC · Taquipneia · Pele fria · Hipotensão · Pulsos Filiformes – pulso fraco · Débito urinário reduzido · Palidez · Cianose ***Não administrar diuréticos, paciente está tentando retervolume, quando for suficiente o paciente urina sozinho · Choque Cardiogênico – surge por insuficiência cardíaca aguda, principalmente no ventrículo esquerdo – pulmão congesto, perda de massa miocárdica de pelo menos 40% - redução da capacidade de ejeção ventricular acima de 80%, causas: a) Infarto agudo do miocárdio b) Miocardites agudas c) Rupturas (menos frequentes) de valvas cardíacas (ex. endocardite infecciosa) e de músculo papilar · Mecanismo de ação – mesmo do choque hipovolêmico porém com causa diferente (tratamento diferente pois a doença de base é diferente) · Sinais e Sintomas: · Baixo débito cardíaco · Congestão pulmonar (alteração ventricular esquerda) · Sudorese fria · Confusão mental · Oligúria · Taquicardia – Aumenta a frequência mas com capacidade reduzida · Taquisfigmia filiforme – pulso acelerado · Hipotensão arterial com aproximação de níveis sistólicos e diastólicos · Choque distributivo · Caracteriza os choques distributivos devido a vasodilatação arteriolar periférica (hiperemia ativa) que resulta em queda da resistência periférica · Inundação dos capilares (hiperperfusão) e redução drástica do retorno venoso, que devido a congestão de sangue nas veias gera uma hiperemia passiva · Choque Anafilático – reação de hipersensibilidade mediada por IgE – receptores presentes nos mastócitos · Liberação de grânulos de histamina liberados pelos mastócitos (hiperemia ativa) · Provoca vasodilatação arteriolar · Queda da pressão arterial · Inundação do leito capilar · Diminuição do retorno venoso provoca uma hiperemia passiva · Diminui débito cardíaco · Hipoperfusão tecidual · Choque Séptico (mais comum) – resposta inflamatória aguda exacerbada sistêmica de qualquer natureza, tanto DAMPs quanto PAMPs · Liberação sistêmica de mediadores inflamatórios tais como citocinas, leucotrienos, prostaglandina, prostaciclina, histamina · Vasodilatação arteriolar · Redução da resistência periférica · Inundação do leito capilar · As citocinas pró-inflamatórias (IL-1, TNF, IL-6) têm efeito depressor sobre o miocárdio – diminuindo o débito cardíaco (TNF-α principalmente) – chamado de choque misto pois além do choque séptico, paciente começa a apresentar alteração cardíaca por causa do TNF 1) Lesão via PAMP ou DAMP 2) Inflamação aguda – mediada por neutrófilos 3) São secretadas moléculas pró-inflamatórias (TNF, IL-1, HMGB1, citocinas e mediadores semelhantes a citocinas) 4) Citocinas ativam células endoteliais 5) Células endoteliais liberam moléculas pró-coagulantes (Fator tecidual principalmente, diminuindo fatores anticoagulantes 6) Vasodilatação e Gera formação de micro trombos (CID) 7) Vasodilatação leva ao choque 8) Choque leva a alteração da frequência cardíaca 9) Trombose diminui a perfusão (hipoperfusão) 10) Insuficiência renal (rim não aguenta muito tempo com hiperperfusão) 11) Imunossupressão · Sinais e Sintomas: · Processo Infeccioso · Febre · Taquicardia · Taquipneia · Leucocitose · Hipotensão Arterial · Edema · Oligúria · Redução de plaquetas sanguíneas – estão sendo usadas na cascata de coagulação · Apneia · Perda de consciência ou confusão mental · Choque Neurogênico – lesões no sistema nervoso central levam ao quadro, mais raro porém letal, causas: · Lesão na medula · Lesão no encéfalo ou bulbo · Choque Obstrutivo – restrição no enchimento total das câmaras cardíacas (principalmente esquerda), causas: · Embolia pulmonar maciça – bloqueio do fluxo sanguíneo nas artérias pulmonares – diminuindo débito cadíaco · Tamponamento cardíaco – líquido que está extravasando para a região do pericárdio (líquido no pericárdio impedindo a expansão completa do coração) – diminuindo débito cardíaco · Pneumotórax – ar retido no espaço pleural, deixando o pulmão colabado, aumentando a resistência vascular *** Não confundir com choque cardiogênico, já que o miocárdio não apresenta perda, está ocorrendo uma obstrução · Mecanismo: · Fluido no pericárdio exerce pressão sobre o coração (exemplo) · A pressão impede que o coração se expanda completamente com o preenchimento de sangue até seu limite · Menos sangue deixa o coração – redução de débito cardíaco · Muito pouco oxigênio chega aos tecidos · Pulso acelerado – aumento de frequência cardíaca · Queda súbita de pressão arterial · Respiração acelerada – frequência respiratória acelerada · Sensação de pânico · Perda de consciência · Morte súbita
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