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Saúde e Saneamento Ambiental Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Dudatt Revisão Textual Kauê Berto Web Designer Thiago Azenha UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.fatecie.edu.br As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock FICHA CATALOGRÁFICA FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. Núcleo de Educação a Distância; MATARUCO, Sônia Maria Crivelli. Saúde e Saneamento Ambiental. Sônia Maria Crivelli Mataruco. Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 75 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. AUTOR Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco Lattes: CV: http://lattes.cnpq.br/0836891204233076 ● Mestre na área de Educação pela Unespar Campus de Paranavaí (2018) ● Graduação em Licenciatura em Matemática na Universidade Filadélfia de Londrina - Unifil; (2015) ● Graduação em Tecnologia em Gestão Ambiental pela Faculdade de Tecnolo- gia e Ciências do Norte do Paraná - Fatecie (2009). ● Graduada em bacharelado Administração pela Faculdade Estadual de Educa- ção Ciências e Letras de Paranavaí (1992); ● Graduação em Licenciatura em Pedagogia pela UniFatecie – Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná – (2020) ● Pós- graduada em Marketing e Gestão de pessoas pela Faculdade Estadual de Educação Ciências e Letras de Paranavaí; ● Pós- graduada em Psicopedagogia institucional pela Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná - Fatecie; (2015) ● Pós- graduada em auditoria e certificação ambiental pela Faculdade de Tec- nologia e Ciências do Norte do Paraná - Fatecie; (2018) ● Pós- graduada em Saneamento Ambiental pela UENP – Universidade Esta- dual Norte do Paraná. (2020). ● Ampla experiência como gestora ambiental da Companhia de Saneamento do Paraná - Sanepar e professora universitária atuando nos seguintes temas: gerenciamento ambiental, recursos hídricos e hidrologia, sustentabilidade ambiental, responsabilidade so- cioambiental, poluição e resíduos, gestão de águas, saneamento ambiental, agronegócio, gestão ambiental, Educação ambiental, gestão de negócios ambientais, fundamentos de marketing e administração de materiais e patrimônio, Tópicos especiais de Administração; Agroecologia e Gestão Ambiental e metodologia de pesquisa. APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho, junto com você construir nosso conhecimento sobre os conceitos fundamentais sobre saúde e saneamento ambiental. Na unidade I começaremos as atividades explanando os conceitos e os processos de saúde individual e coletiva e a importância de ações preventivas no intuito de trazer qualidade de vida para as pessoas. Relataremos os níveis de atenção à saúde como pri- mário, secundário e terciário, mostrando que essa triagem ajuda os setores da saúde a se organizarem e ter melhores condições de dar um atendimento de qualidade aos pacientes, garantindo assim o direito de integralidade. Além de relatar que o processo saúde/doença está diretamente relacionado ao meio ambiente, exigindo desta maneira uma estreita rela- ção entre saúde e mudanças ambientais. Já na unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre a saúde no Brasil, tra- remos algumas legislações importantes e principalmente artigos da constituição federal que respalda que “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recupera- ção”. (Constituição, 1988. P. 118). Garantindo desta forma que toda pessoa tenha o direito a um nível de vida su- ficiente para assegurar a sua saúde, o seu bem-estar e o de sua família, especialmente para a alimentação, o vestuário, a moradia, a assistência médica e para os serviços sociais necessários. Depois, na unidade III vamos tratar especificamente sobre o conceito de epidemio- logia mostrando que este depende da avaliação do contexto histórico, dos conhecimentos acumulados na área de saúde, da etapa da transição epidemiológica e demográfica, bem como da interpretação que se tenha em determinada época e contexto sobre a saúde. Para finalizar na unidade IV, relataremos a estreita ligação existente entre saúde ambiental e poluição ambiental. Os Problemas ambientais decorrentes do saneamento inadequado e as influências dos serviços de saneamento no controle de doenças. Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigado e bom estudo! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 7 Saúde Individual e Coletiva UNIDADE II ................................................................................................... 22 Saúde no Brasil UNIDADE III .................................................................................................. 37 Epidemiologia UNIDADE IV .................................................................................................. 50 Saúde Ambiental e Poluição Ambiental 7 Plano de Estudo: ● Conceitos - Classificação: individual e coletiva ● Princípios da Saúde Humana ● A relação saúde humana e meio ambiente Objetivos da Aprendizagem: ● Conhecer os conceitos ● Entender a classificação: individual e coletiva ● Compreender os princípios da Saúde Humana ● Entender a relação saúde humana e meio ambiente UNIDADE I Saúde Individual e Coletiva Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco 8UNIDADE I Saúde Individual e Coletiva 1. CONCEITOS - CLASSIFICAÇÃO: INDIVIDUAL E COLETIVA MAPA CONCEITUAL Fonte: o autor. 1.1 Entenda os Conceitos A saúde é silenciosa e geralmente não é percebida e, na maior parte das vezes, apenas a identificamos quando adoecemos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a saúde individual é definida como um estado em que o indivíduo se encontra com o bem-estar físico, emocional, social, 9UNIDADE I Saúde Individual e Coletiva espiritual e psicológico em sua totalidade. Desta forma, a saúde é vista como um processo resultante das interações realizadas entre as esferas biológicas, sociais e psicológicas. A saúde individual é determinada unicamente pela realidade social ou pela ação do poder público, tanto quanto a visão inversa, nem por isso menos determinista, que coloca todo peso no indivíduo, em sua herança genética e em seu empenho pessoal, precisa ser rompidos. Interferir sobre o processo saúde/doença está ao alcance de todos e não é uma tarefa a ser delegada, deixando ao cidadão ou à sociedade o papel de objeto da intervenção “da natureza”, do poder público, dos profissionais de saúde ou, eventualmente, de vítima do resultado de suas ações. Segundo o Ministério da Saúde (1999), a saúde coletiva é aquela voltada não ape- nas para o indivíduo, mas para a população em geral. Trata-se de um campo de estudos e práticasque engloba os serviços de saúde prestados à população (atenção primária, secundária e terciária), o estado da saúde desta população e o conhecimento acerca da saúde, tanto o popular quanto o científico (BRASIL, 1999). A doença não pode ser compreendida apenas por meio das medições fisiopato- lógicas, pois quem estabelece o estado da doença é o sofrimento, a dor, o prazer, enfim, os valores e sentimentos expressos pelo corpo subjetivo que adoece (CANGUILHEM; CAPONI, 1995. In: BRÊTAS; GAMBA, 2006). A Constituição Federal, de 1988, expressa essa preocupação em diversos de seus artigos: Em seu art. 196 define saúde como: direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação; O art. 225 diz: todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo, preservá-lo para as presentes e futuras gerações; E no art. 200, incisos II e VIII, fixam, como atribuição do Sistema Único de Saúde – SUS -, entre outras, a execução de ações de vi- gilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador e colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.( BRASIL, 1988. p. 118, 120; 131.) A Lei nº 8.080/1990 ressalta as expressões da questão social, ao apontar que: Indicar como fatores determinantes e condicionantes da saúde, “entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País” (Lei nº 8.080/1990, artigo 3º). 10UNIDADE I Saúde Individual e Coletiva Desta forma podemos incluir o conceito de “Cidade Saudável”, como parâmetro para nortear projetos de saúde que vêm se desenvolvendo em diversas partes do mundo, a partir da sua incorporação pela OMS. Considera-se que uma “Cidade Saudável” deve ter: ● uma comunidade forte, solidária e constituída sobre bases de justiça social, na qual ocorre alto grau de participação da população nas decisões do poder público; ● ambiente favorável à qualidade de vida e saúde, limpo e seguro; satisfação das necessidades básicas dos cidadãos, incluídos a alimentação, a moradia, o trabalho, o acesso a serviços de qualidade em saúde, à educação e à assistência social; ● vida cultural ativa, sendo promovido o contato com a herança cultural e a partici- pação numa grande variedade de experiências; ● economia forte, diversificada e inovadora. 1.2 Níveis de Atenção à Saúde Pública O modelo de organização brasileiro segue a classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que define três diferentes níveis de atenção à saúde: o primário, o secun- dário e o terciário. Essas categorias seguem uma ordem crescente para garantir que cada paciente seja atendido no nível que corresponde, estabelecendo-se assim uma prioridade no acolhi- mento. Entender em qual conjunto cada usuário se encaixa, possibilita o investimento em estratégias de melhorias gerais, independente do motivo que levou a pessoa a procurar sua instituição. Os níveis de atenção à saúde são importantes para uma adequada triagem e desta forma tornar o Sistema Único de Saúde (SUS) mais eficiente. 1.2.1 Nível Primário Segundo a classificação da OMS o nível primário são os casos em que se são atendidos os casos considerados mais simples, ou o grau de complexidade é considerado baixo. Restringe-se no agendamento de consultas de rotinas e exames considerados bá- sicos, como curativos, radiografias e eletrocardiogramas, podendo ser classificado como as atividades que são realizadas pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS), que são de extrema importância para manter uma vida saudável. Desta forma entende-se como momento de contato inicial para prevenção, pro- moção e redução de risco de doenças. Aqui não se encaixa os tratamentos complexos ou combate a doenças. Podemos encaixar neste nível também ações para promoção da saú- 11UNIDADE I Saúde Individual e Coletiva de pública em espaços comunitários com destaque como campanhas de conscientização para incentivar a população a tomar vacinas ou prevenir hipertensão arterial, por exemplo. Dependendo do estado de saúde do paciente, ele pode ser encaminhado para cuidados secundários ou terciários. O nível de atenção primário é de suma importância à medida que se vê o aumento significativo do desenvolvimento de doenças não transmissíveis, como as cardiovasculares, por exemplo, e que poderiam ser evitadas com cuidados primários. 1.2.2 Nível Secundário No nível secundário a complexidade requer contato com profissionais da saúde mais especializados, como por exemplo, cardiologista e oftalmologista e são realizados exames mais detalhados para um diagnóstico mais preciso e tratamento adequado. É inte- grada pelas Unidades de Pronto Atendimento (UPA). Nesse nível é o momento onde se recebe os pacientes que passaram pelo nível primário e necessitam ser encaminhados para melhor acompanhamento diante da espe- cialidade requerida. Nesse nível os profissionais devem possuir o suporte adequado para realizar intervenções em doenças agudas ou crônicas, além de atendimentos emergen- ciais. Nesta fase, o processo de atendimento é mais personalizado e reforça os cuidados necessários para recuperação da saúde. Recursos tecnológicos podem ser muito bem aproveitados para atender e comunicar o paciente da melhor forma. 1.2.3 Nível Terciário Os grandes hospitais correspondem ao nível terciário. São pacientes que passa- ram pelo nível primário ou secundário e devido à gravidade do problema de saúde requer encaminhamento para um nível de atendimento altamente especializado. Esses pacientes podem estar internados e precisando de cirurgias e ou exames mais invasivos, etc. Desta forma esse momento é constituído por um processo curativo, pois os pacien- tes podem ter doenças graves que representam risco à sua vida, entrando aqui cuidados para reabilitação. Nesse nível a tecnologia torna-se a principal aliada dos médicos e dos outros pro- fissionais que são responsáveis pelo socorro aos usuários. Importante ressaltar que os recursos tecnológicos quando necessário podem ser aplicados para beneficiar todos os estágios. 12UNIDADE I Saúde Individual e Coletiva 2. PRINCÍPIOS DA SAÚDE HUMANA A Declaração Universal dos Direitos Humanos reconheceu a saúde como direito inalienável de toda e qualquer pessoa e como um valor social a ser perseguido por toda a humanidade (PIOVESAN, 2011, p.20) A partir de então e progressivamente, diversos Estados passaram a incluir este e outros direitos humanos em suas constituições, convertendo-os em direitos fundamentais derivados do pacto social estabelecido em cada país. Segundo Piovesan (2011) o direito à saúde está inserido em um amplo grupo de questões relacionando a saúde e o bem-estar, assim como os diferentes direitos humanos, interligados e dependentes entre si. A saúde não existe de forma isolada da vida das pessoas, da sociedade. Considerando todos os direitos humanos fundamentais, a relação com a saúde vai além da potencial redução da vulnerabilidade, em termos de problemas e fatores de risco. O direito à saúde também perpassa questões de violações de direitos, como a violência nas grandes cidades, casos de tortura, escravidão e violência de gênero, que podem causar danos à saúde. E, ainda mais importante, está diretamente relacionado ao desenvolvimento da saúde, no que diz respeito a outros direitos, como a participação social, o acesso à informação,a comunicação, que se tornam instrumentos e potencializa a democracia, o exercício da cidadania e a própria garantia desses direitos considerados fundamentais. 13UNIDADE I Saúde Individual e Coletiva O princípio da fundamentalidade extrínseca do direito à saúde significa que o direito à saúde foi catalogado formalmente no rol dos direitos fundamentais, ao se conjuntar os arts. 6º, 196 a 200, todos da Constituição Federal, podendo-se notar aspectos essenciais que assim o caracterizam: a historicidade; a universalidade; a autogeneratividade. Além disso, a sistemática da interpretação constitucional dos Direitos Fundamentais permite identificar, também, a maximização, a rigidez constitucional e sua aplicabilidade imediata (PIOVESAN, 2011). O direito à saúde se insere na órbita dos direitos sociais constitucionalmente ga- rantidos. Trata-se de um direito público subjetivo, uma prerrogativa jurídica indisponível assegurada à generalidade das pessoas. Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução dos riscos de doença e de outros agravos e o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação ( BRASIL, C. F. Art. 196). Tal preceito é complementado pela lei 8.080/90, em seu artigo 2º: “a saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício”. A Lei Fundamental não faz qualquer distinção no que tange ao direito à saúde, englobando expressamente o acesso universal a ações de promoção, proteção e recu- peração de saúde, nos âmbitos individual e genérico. Seguem-se as linhas traçadas pela Organização Mundial de Saúde, segundo a qual, a saúde se caracteriza como o completo bem estar físico da sociedade e não apenas como a ausência de doenças. A questão do fornecimento de medicamentos e tratamentos pelo Estado se inclui, obviamente, na faceta de proteção à saúde. 14UNIDADE I Saúde Individual e Coletiva 3. A RELAÇÃO SAÚDE HUMANA E MEIO AMBIENTE O processo saúde/doença está diretamente relacionado ao meio ambiente, exigin- do desta maneira uma estreita relação entre saúde e mudanças ambientais. Nesse sentido, as inter-relações entre população, recursos naturais e desenvolvi- mento têm sido objeto de preocupação, e levando ao entendimento a importância de um bom relacionamento homem/natureza. Entretanto, a sociedade está cada vez mais complexa, exigente e consumista e tem comprometido a resiliência dos recursos naturais, resultando degradação ambiental que tem colocado o bem-estar social em risco e os riscos ambientais são hoje um problema de saúde coletiva. Para a Organização das Nações Unidas, os agentes de poluição, com efeito, no meio ambiente e saúde, são: metais, petróleo, óxidos de nitrogênio, dióxido de enxofre e monóxido de carbono. A contaminação acontece pela absorção direta de espécies dissolvi- das ou pela ingestão de partículas ou alimentos contaminados (MENDES, 2017). Condições térmicas precárias, umidade, presença de mofo, má-ventilação, grande adensamento de indivíduos por cômodo, infestações por insetos e roedores, nível de ruído, todos estes fatores têm sido descritos como potenciais fatores de risco à saúde. Conforme relatado no Quarto Relatório de Avaliação do IPCC (IPCC, 2007), é pro- vável que a exposição à mudança do clima afeta o estado de saúde de milhões de pessoas, em especial daquelas com baixa capacidade de adaptação, mediante: aumento da subnu 15UNIDADE I Saúde Individual e Coletiva trição e de disfunções consequentes, com implicações no crescimento e desenvol- vimento infantil; aumento de mortes, doenças e ferimentos por causa das ondas de calor, inundações, tempestades, incêndios e secas; aumento das consequências negativas da diarreia; aumento da frequência de doenças cardiorrespiratórias por causa das concentra- ções mais elevadas de ozônio no nível do solo relacionadas com a mudança do clima; e alteração da distribuição espacial de alguns vetores de doenças infecciosas. Na legislação pátria, o inciso I, do artigo 3º, da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Federal nº 6.938/81), define meio ambiente como "o conjunto de condições, leis, in- fluências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas". Assim, entende-se que a expressão "meio ambiente" deve ser interpretada de uma forma ampla, não se referindo apenas à natureza propriamente dita, mas sim a uma realidade complexa, resultante do conjunto de elementos físicos, químicos, biológicos e socioeconômicos, bem como de suas inúmeras interações que ocorrem dentro de sistemas naturais, artificiais, sociais e culturais (MENDES, 2017). O meio ambiente é um resultado social que pode influenciar a saúde humana po- sitiva ou negativamente, de maneira individual ou coletiva, direta ou indiretamente, o que torna a relação entre saúde e meio ambiente uma complexa relação entre Estado, natureza e sociedade (MENDES, 2017). 16UNIDADE I Saúde Individual e Coletiva SAIBA MAIS Matta, G. C. Princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/bits- tream/icict/39223/2/Pol%C3%ADticas%20de%20Sa%C3%BAde%20-%20Princ%C3%ADpios%20e%20 Diretrizes%20do%20Sistema%20%C3%9Anico%20de%20Sa%C3%BAde.pdf. Acesso 17 ago. 2020 Resumo: Os princípios e diretrizes do Sistema único de Saúde (SUS) constituem as bases para o funcionamento e organização do sistema de saúde em nosso país, afir- mando direitos conquistados historicamente pelo povo brasileiro e o formato democrá- tico, humanista e federalista que deve caracterizar sua materialização. Neste sentido, os princípios e diretrizes do SUS devem ser compreendidos a partir de uma perspectiva histórica e epistemológica, constituindo-se como um produto resultante de um processo político e que expressa concepções sobre saúde e doença, direitos sociais, gestão, as relações entre as esferas de governo do país, entre outros. LEI Nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/legislacao/lei8080. htm. Acesso 17 ago. 2020. Resumo: Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saú- de, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras provi- dências. SILVA, Marcelo José de Souza e; SCHRAIBER, Lilia Blima; MOTA, André Mota. O conceito de saúde na Saúde Coletiva: contribuições a partir da crítica social e histórica da produção científica. Disponível em: Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 29, n. 1, e290102, 2019. Disponível em: https://www. scielosp.org/pdf/physis/2019.v29n1/e290102/pt. Acesso 21 ago. 2020. Resumo: A presente pesquisa teve como objetivo compreender qual é o conceito de saúde dentro da Saúde Coletiva. Nossa análise parte do marxismo como referencial teórico, tanto para definir o que é um “conceito” quanto para compreender o pensamento crítico da Saúde Coletiva. Como pesquisa empírica, usou-se a produção bibliográfica dos principais periódicos que reúnem publicações da Saúde Coletiva enquanto área de conhecimento, o que resultou em 34 artigos que tratavam, de alguma forma, do 17UNIDADE I Saúde Individual e Coletiva conceito de saúde, mesmo que não fosse o objeto principal do trabalho. Dessa análise identificamos ao menos três distintas modalidades de definições, que variaram tanto na base referencial usada para apreender e analisar realidades empíricas concernentes à saúde quanto na conceituação de social que poderia estar nessa análise – também se identificando que os artigos mais oscilaram entre uma produção estritamente descritiva dessas realidades empíricas e ensaios estritamente teóricos do que produziram um par- ticular concreto (empírico) pensado com base na definição de social eleita. Concluiu-se quedentro da Saúde Coletiva o conceito de saúde tem sido tomado, em grande parte, ou como noção (uma aproximação parcial do objeto) ou como um lema, a partir de um engajamento ético-político que acaba relegando a contribuição teórico conceitual a se- gundo plano. REFLITA De acordo com o último relatório da OMS sobre doenças não transmissíveis, não estão a ser feitos os esforços suficientes para reduzir em um terço a taxa de mortalidade pre- matura por doenças não transmissíveis até 2030. As doenças não transmissíveis matam em cada ano mais de 40 milhões de pessoas, das quais 15 milhões têm entre 30 e 70 anos. Mais de 80% destes casos chamados «prematuros» acontecem em países com rendimento baixo ou médio Fonte: Serviço Nacional de Saúde. Disponível em: https://www.sns.gov.pt/noticias/2017/09/19/doencas- -nao-transmissiveis/. Acesso: 17 ago. 2020. Clique https://www.youtube.com/watch?v=2fpRaU8VkIE. Para conhecer mais sobre: O que é o SUS? Sistema Único de Saúde do Brasil: Princípios e diretrizes - Paulo Sérgio Clique https://www.youtube.com/watch?v=PzVxQkNyqLs. Para conhecer mais sobre: Os princípios do SUS. 18UNIDADE I Saúde Individual e Coletiva CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro aluno aqui terminou a primeira etapa do nosso trabalho, Percebemos que o ambiente dentro dos padrões registrados pela legislação é ideal para manter seu equilíbrio e consequentemente a saúde das pessoas e de todas as espécies. O corpo humano é um todo conectado por partes, isto é, composto de mente, corpo e emoções. Para estar em equilíbrio, é preciso que todas as partes estejam funcionando de igual maneira e, para isso, é preciso cuidar da saúde de um modo geral. Apesar de muitas pessoas associarem doença instantaneamente ao corpo físico, há doenças também no sistema emocional que causam diversos males e interferem na vida das pessoas. Mente e emoções andam bem próximas, pois uma não funciona bem enquanto a outra não estiver em equilíbrio. Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde emocional "é um estado de bem-estar onde o indivíduo realiza suas próprias habilidades, lida com os fatores estressantes normais da vida, trabalha produtivamente e é capaz de contribuir com a sociedade". Portanto, daí pode-se constatar que, se a saúde emocional não estiver com seu funcionamento positivo, não há como levar uma vida de forma equilibrada e produtiva. Entendemos a importância de buscarmos investimentos na área preventiva, e que infelizmente atualmente andamos na contramão, dando prioridade para a saúde curativa. Desta forma as nações não possuem recursos suficientes para dar atendimento adequado aos seus contribuintes, e infelizmente temos óbitos que poderiam facilmente ser evitados, que resultam em problemas de ordem emocional e financeira nas famílias. 19UNIDADE I Saúde Individual e Coletiva LEITURA COMPLEMENTAR Fonte: Juras, I..da A. G. M.. Machado, G. S.. A relação entre a saúde da população e a conservação do meio ambiente. https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/estu- dos-e-notas-tecnicas/publicacoes-da-consultoria-legislativa/areas-da-conle/tema19/a-re- lacao-entre-a-saude-da-populacao-e-meio-ambiente_juras-e-machado_politicas-setoriais. Acesso em 17 ago. de 2020. RESUMO Trata dos principais processos de degradação ambiental que podem afetar a saúde. O Brasil não logrou controlar as enfermidades ligadas à falta de saneamento e a poluição é responsável por mortalidade significativa por doenças cardíacas e pulmonares. O des- matamento intensifica os efeitos de desastres naturais e altera os mecanismos de controle de transmissão de doenças tropicais. A expansão urbana e das fronteiras de ocupação têm sido associadas com doenças transmitidas por mosquitos. As mudanças climáticas poderão afetar o estado de saúde de milhões de pessoas, em especial daquelas com baixa capacidade de adaptação, mediante aumento da subnutrição, de desastres naturais e da frequência de doenças cardiorrespiratórias, bem como da alteração da distribuição espacial de vetores de doenças infecciosas. São também descritas as diversas normas que desta- cam a relação entre saúde e meio ambiente. Saúde e meio ambiente têm estreita relação. Em geral, os impactos ao meio ambiente constituem, também, impactos à saúde humana. Poderiam citar-se vários exemplos dessa inter-relação, mas este trabalho concentrar-se-á nos aspectos de saneamento ambiental, poluição, mudança do clima e principais doenças associadas a alterações nos ecossistemas. Artigo : Olhando o passado e o futuro: revendo pressupostos sobre as inter- -relações pessoa-ambiente. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pi- d=S1413-294X2003000200003&script=sci_arttext. Estud. psicol. (Natal) vol.8 no.2 Natal May/Aug. 2003.Acesso em: 31 jul. 2020. 20UNIDADE I Saúde Individual e Coletiva RESUMO Este artigo examina alguns dos pressupostos que guiaram os primeiros trabalhos em Psicologia Ambiental e os revisa à luz de perspectivas contemporâneas. Muitos desses pressupostos continuam a ter relevância, mas são necessárias algumas modificações e acréscimos para dar conta do desenvolvimento em ideias e pesquisa ao longo dos anos. É preciso: ir além da pesquisa multidisciplinar, engajando-se no pensamento interdisciplinar e pesquisa em colaboração com pessoas de outras disciplinas; ampliar a atenção com as questões éticas; examinar o papel da tecnologia na vida das pessoas; e reconhecer a na- tureza holística das transações pessoa-ambiente levando em consideração a diversidade criada por idade, gênero, nível de capacidade/incapacidade, cultura e economia. 21UNIDADE I Saúde Individual e Coletiva MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Inteligência emocional. A Teoria Revolucionária que Rede- fine o que é Ser Inteligente. Autor: 1996 Editora: Objetiva Ltda Sinopse: Publicado pela primeira vez em 1995, nos Estados Unidos, este livro transformou a maneira de pensar a inteligência. Alterou práticas de educação e mudou o mundo dos negócios. Das fronteiras da psicologia e da neurociência, Daniel Goleman trouxe o conceito de "duas mentes" - a racional e a emocional - e explicou como, juntas, elas moldam nosso destino. Segundo Goleman, a consciência das emoções é fator essencial para o desenvolvimento da inteligência do indivíduo. Partindo de casos cotidianos, o autor mostra como a incapacidade de lidar com as próprias emoções pode minar a experiência escolar, acabar com carreiras promissoras e destruir vidas. O fracasso e a vitória não são determinados por algum tipo de loteria genética: muitos dos circuitos cerebrais da mente humana são maleáveis e podem ser trabalhados. Utilizando exemplos marcantes, Goleman descreve as cinco habilidades-chave da inteligência emocional e mostra como elas determinam nosso êxito nos relacionamentos e no trabalho, e até nosso bem-estar físico. Pais, professores e líderes do mundo dos negócios sentirão o valor desta visão arrebatadora do potencial humano. FILME/VÍDEO Título: Níveis de Prevenção em Saúde Ano: 2018 Sinopse: Relata os níveis de prevenção da saúde, porém trazendo mais dois níveis não tão difundidos Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=mg283xEKvxc 22 Plano de Estudo: ● Saúde Pública no Brasil ● A importância do saneamento na saúde pública ● Ecologia das doenças (Determinantes físico-química; Determinantes biológicos; Determinantes sociais) Objetivos da Aprendizagem: ● Conhecer a Saúde Pública no Brasil ● Entender a importância do saneamento na saúde pública ● Saber a ecologia das doenças (determinantes físico-químicas; determinantes biológicos; determinantes sociais) UNIDADE II Saúde no Brasil Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco 23UNIDADE II Saúde no Brasil INTRODUÇÃO Esta unidade trata de assuntos relacionados à saúde pública mostrando que é direito de todos os cidadãosum nível de vida suficiente para assegurar o seu bem-estar. Veremos que através da Constituição Federal no artigo 198, o Sistema Único de Saúde (SUS), deve ser estruturado de forma descentralizada, com atendimento integral e havendo a participação da comunidade. O princípio da descentralização se caracteriza quando um poder antes absoluto, passa a ser repartido, havendo a integração de atos de prevenção ou cura individuais e co- letivos, além de permitir o acesso universal e igualitário quer sejam nas ações preventivas e assistenciais. A legislação, mais precisamente a Lei nº 8.142 de 1990 dispõe sobre a importância da participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde – SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde. No tocante ao saneamento será conceituado e relatado sua importância para a saúde pública e que apesar dos investimentos do governo federal no setor de saneamento terem crescido, ainda persiste a dificuldade de acesso aos recursos principalmente em municípios pequenos, o que acaba interferindo de forma negativa no sistema econômico, com gastos elevados para combater as enfermidades propagadas devido às condições sanitárias inadequadas (SOUSA, 2011). Relatou-se também como a ecologia das doenças influencia os fatores econômicos, culturais, políticos e sociais têm sobre o conceito de saúde. 24UNIDADE II Saúde no Brasil 1. SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL MAPA CONCEITUAL Fonte: o autor. 1.1 Entenda os Conceitos “Toda pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para assegurar a sua saúde, o seu bem-estar e o de sua família, especialmente para a alimentação, o vestuário, a mora- dia, a assistência médica e para os serviços sociais necessários”. (artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos do Homem). 25UNIDADE II Saúde no Brasil 1.2 Aplicação de Conceitos Segundo o Art. 7º da Lei orgânica 8.080 / 1990 as ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios: I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistên- cia; II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; VIII - participação da comunidade; IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamen- to básico; XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população; XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos (BRASIL, 1990). A saúde pública no Brasil é muito completa e alcançou resultados bastante positi- vos desde que o Sistema Único de Saúde foi criado, porém enfrenta inúmeras dificuldades, comprometendo a qualidade do atendimento à população. Além disso, em um país de di- 26UNIDADE II Saúde no Brasil mensões continentais e tão heterogêneo, a saúde, assim como outros aspectos (educação, segurança) é bastante discrepante no território. Atualmente é considerada Saúde Pública todo o conjunto de medidas executadas pelo Estado para garantir o bem-estar físico, mental e social da população. Em nível internacional, a saúde pública é coordenada pela Organização Mundial de Saúde – OMS, composta atualmente por 194 países. O órgão consiste em uma agência especializada da ONU (Organização das Nações Unidas) que trabalha lado a lado com o governo dos países para aprimorar a prevenção e o tratamento de doenças, além de melhorar a qualidade do ar, da água e da comida. A saúde pública também é o ramo da ciência que busca prevenir e tratar doenças através da análise de indicadores de saúde e sua aplicação nos campos da biologia, epide- miologia e outros campos relacionados. No Brasil, a saúde pública está prevista na Constituição Federal como um dever do Estado (artigo 196) e como um direito social (artigo 6º), ou seja, um direito que deve ser garantido de forma homogênea aos indivíduos a fim de assegurar o exercício de direitos fundamentais. O artigo 196, da Constituição da República estabelece que: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. (Constituição, 1988. P. 118) As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierar- quizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuí- zo dos serviços assistenciais; III - participação da comunidade. 27UNIDADE II Saúde no Brasil 2. A IMPORTÂNCIA DO SANEAMENTO NA SAÚDE PÚBLICA Entre saneamento, saúde pública e meio ambiente existe estreita ligação. O sanea- mento é a sustentação de todo o sistema de saúde de um país. As incidências de doenças infecciosas que levam a queda de produtividade também aumentam os custos da conta em saúde, estando totalmente ligado justamente à presença ou ausência de saneamento básico. O impacto da falta do saneamento básico sobre a saúde no meio urbano vem se tornando cada vez mais frequente, principalmente nas comunidades mais carentes. Com o aumento desenfreado da população, estas comunidades ficaram mais susceptíveis a riscos ambientais, tais como: as ruas que muitas vezes servem para defecação de animais, os terrenos baldios, os esgotos a céu aberto (CAVINATTO, 1992) Alguns exemplos dos efeitos das ações de saneamento na saúde segundo a Fun- dação Nacional de Saúde - Funasa (2017) ● Água de boa qualidade para o consumo humano e seu fornecimento contínuo asseguram a redução e controle de: diarréias, cólera, dengue, febre amarela, tracoma, he- patites, conjuntivites, poliomielite, escabioses, leptospirose, febre tifóide, esquistossomose e malária. ● Coleta regular, acondicionamento e destino final adequado dos resíduos sólidos diminuem a incidência de casos de: peste, febre amarela, dengue, toxoplasmose, leishma- niose, teníase, leptospirose, cólera e febre tifoide. 28UNIDADE II Saúde no Brasil ● Esgotamento sanitário adequado é fator que contribui para a eliminação de vetores da: malária, diarreias, verminoses, esquistossomose. ● Melhorias sanitárias domiciliares estão diretamente relacionadas com a redução de: doença de Chagas, esquistossomose, diarréias, verminoses, escabioses, tracoma e conjuntivites. 29UNIDADE II Saúde no Brasil 3. ECOLOGIA DAS DOENÇAS (DETERMINANTES FÍSICO-QUÍMICAS; DETERMI- NANTES BIOLÓGICOS; DETERMINANTES SOCIAIS) Nordenflt (2000) refere quea saúde é compatível com a presença de doença e sofre influência dos determinantes da saúde. Grande parte da população que sofre de alguma doença continua sua vida, considerando-se muitas vezes saudável. A doença está associada a determinado órgão, região do corpo ou da mente, contrariando a noção de um conceito dicotômico de saúde. Para Scliar (2007, p. 30) o conceito de saúde faz referência à: Influência que os fatores econômicos, culturais, políticos e sociais têm sobre o conceito de saúde. Esta influência implica que o conceito de saúde não tenha o mesmo significado para todos os indivíduos; irá depender da “época do lugar, da classe social. Dependerá de valores individuais, de concepções científicas, religiosas, filosóficas” (SCLIAR, 2007, p. 30). A teoria da determinação social do processo saúde-doença se constitui num avanço na medida em que vincula o biológico ao social. Para Santos (2018, p. 243-244), os fatores determinantes da doença podem ser: endógenos e exógenos. Esses fatores são divididos em uma abordagem mais minuciosa sobre a ação destes fatores como determinantes de saúde na população. a) Endógenos: Fatores determinantes que são inerentes ao organismo e estabele- cem a receptividade do indivíduo, como herança genética que determinam maior ou menor 30UNIDADE II Saúde no Brasil suscetibilidade das pessoas em adquirir doenças e a anatomia e fisiologia do organismo humano como os estilos de vida. b) Exógenos: Fatores determinantes que dizem respeito ao ambiente. ● Ambiente biológico: determinantes biológicos. ● Ambiente natural: “Efeito estufa”, “buraco na camada de ozônio”. ● Ambiente antrópico e ambiente social - determinantes socioculturais. Segundo George (2011) a análise dos determinantes da saúde, são frequentemente agrupados agrupa-os em cinco categorias: ● Os determinantes fixos ou biológicos, de que são exemplos à idade, sexo e fatores genéticos; ● os determinantes econômicos e sociais, de que são exemplo a posição o estrato social, o emprego, a pobreza, a exclusão social; ● os determinantes ambientais, tais como a qualidade do ar e da água, ambiente social; ● os determinantes de estilos de vida, sendo a alimentação, atividade física, taba- gismo, álcool; ● os determinantes do comportamento sexual. Alguns exemplos incluem-se ainda o acesso aos serviços, como educação, saúde, serviços sociais, transportes e lazer (Geor- ge, 2011). Na literatura podem encontrar-se divisões com diferentes números de categorias, sendo que, independentemente desse número, é inquestionável que os determinantes influenciam o estado de saúde dos indivíduos. Aprofundamento: GEORGE, F. Sobre determinantes da saúde. set 2011. Disponí- vel em: https://www.dgs.pt/ficheiros-de-upload-2013/publicacoes-de-francisco-george-so- bre-determinantes-da-saude-pdf.aspx. Acesso em: 22 ago. 2020. Resumo: Os fatores que influenciam, isto é, que afectam ou determinam a saúde dos cidadãos e dos povos têm sido ultimamente analisados por diferentes Escolas e instituições, nomeadamente pela Comissão Europeia. São, em regra, designados, simplesmente, por determinantes da saúde. 31UNIDADE II Saúde no Brasil SAIBA MAIS SANTOS, Fernanda Flores Silva dos et al., O desenvolvimento do saneamento básico no Brasil e as consequências para a saúde pública. Revista Brasileira de Meio Ambiente, v.4,n.1. p. 241-251, 2018. Disponível em: https://www.saneamentobasico.com.br/wp-content/uploads/2020/04/127-387-2-PB-1-1. pdf. Acesso: 21 ago. 2020. Resumo: Apesar dos investimentos do governo federal no setor de saneamento terem crescido, ainda persiste a dificuldade de acesso aos recursos para os pequenos muni- cípios e para a região Norte e Nordeste, o que acaba interferindo de forma negativa no sistema econômico, com gastos elevados para combater as enfermidades propagadas devido às condições sanitárias inadequadas. Assim, esse estudo tem como objetivo apresentar um panorama do histórico do saneamento básico no Brasil e suas perspec- tivas no tempo presente. De modo que, torna-se necessário a atuação de políticas pú- blicas que busquem expandir estes serviços, essencialmente para as localidades com situações mais precárias. Essa pesquisa mostra-se relevante a partir do momento em que, através da pesquisa bibliográfica, traz uma reflexão sobre como se desenvolveu o saneamento no Brasil e quais as maiores dificuldades que o país ainda enfrenta para alcançar a universalidade prevista no Plano de Saneamento Básico- PLANSAB. Manual de Saúde Pública. https://www.editorasanar.com.br/images/p/Trecho%20-%20Manual%20de%20 Sa%C3%BAde%20P%C3%BAblica.pdf. Acesso 21 ago. 2020. Resumo: Numa intencionalidade específica de facilitarmos a aproximação com o arca- bouço jurídico legal do Sistema Único de Saúde (SUS), especificamente neste capítulo, acerca da Lei Orgânica da Saúde (LOS) compreendendo a Lei 8.080 de 19 de setembro de 1990 no que tange a organização e funcionamento do SUS e a Lei 8.142 de 28 de 1990 no que tange a participação da comunidade. Mas inicialmente, optamos por previamente fazer uma retomada acerca dos Modelos Assistenciais de Saúde que ao longo da História da Saúde Pública se (dês) velam e em si manifestam os modos operantes de se pensar e fazer saúde. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Art.196-200, Brasília, DF, 1988. Disponível em: http://www.tce.rs.gov.br/. Acesso: 21 ago. 2020. 32UNIDADE II Saúde no Brasil Resumo: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Po- der Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. BRASIL. Lei n° 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Disponível em: http: //portal.saude.gov.br/portal/ arquivos/pdf/Lei8142.pdf. Acesso: 21 ago. 2020. Resumo: Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Disponível em: <http: //portal.saude.gov.br/ portal/arquivos/pdf/LEI8080.pdf>. Acesso: 21 ago. 2020. Resumo: Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saú- de, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras provi- dências. VIDIGAL, C. H. M.. Análise da influência do saneamento básico na saúde da população do município de Barbacena – MG. UFJF, Juiz de Fora, 2015. Disponível em: https://www.ufjf.br/engsanitariaeambiental/ files/2014/02/TFC_Carlos_Henrique_Moreira_Vidigal.pdf. Acesso: 24 ago. 2020. Resumo: Os serviços de saneamento – abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo - prestados em um município exercem influência na saúde da população local. O estudo realizado para a cidade de Barbacena, Estado de Minas Gerais, visou compreender a relação existente entre as condições de saneamento básico da popula- ção local e alguns indicadores epidemiológicos – taxa de mortalidade em menores de cinco anos de idade, proporção de crianças menores de dois anos desnutridas e taxa de incidência de dengue paratodas as idades. 33UNIDADE II Saúde no Brasil REFLITA Apesar dessa tendência, há que se ter clara a persistência da importância do papel do saneamento no quadro de saúde, em especial nos países em desenvolvimento. Seria equivocado se substituir a visão de saneamento pela visão ambiental mais ampla, sen- do necessário sim se reconhecerem as questões de saneamento como ainda na ordem do dia da saúde ambiental, localizando seu papel, sua pertinência e a aplicabilidade do conceito, identificando sociedades, ocupações, situações e fatores de risco associados. De forma simplificada, pode-se situar que os riscos decorrentes da insalubridade do meio afetam com maior intensidade as populações de menor status socioeconômico, enquanto que os problemas ambientais originários do desenvolvimento atingem mais homogeneamente a todos os estratos sociais. Fonte: Heller, L.. Relação entre saúde e saneamento na perspectiva do desenvolvimento. Ciência & Saú- de Coletiva, 3(2):73-84, 1998. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/csc/v3n2/7152.pdf. Acesso: 22 ago. 2020. Clique em https://www.youtube.com/watch?v=i2tWlesTBqI. Para conhecer mais sobre Saúde Pública e Saneamento Básico. Clique em https://www.youtube.com/watch?v=yuDpa-nU3t8. Para conhecer mais sobre: A HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL - Paulo Sérgio 34UNIDADE II Saúde no Brasil CONSIDERAÇÕES FINAIS Terminamos mais uma unidade que nos demonstra a íntima relação entre o esgo- tamento sanitário e a saúde pública. É possível perceber a necessidade de políticas públicas concretas no sentido de atender a população dentro de sua integralidade. Para tal situação se concretizar é preciso que os cidadãos tenham conhecimento dos seus direitos e passem a participar dos conselhos de saúde e meio ambiente de suas cidades, cobrando medidas que possam beneficiar toda a coletividade. Direito de atendimento humanizado para reduzir ou eliminar o sofrimento do usuá- rio bem como, as causas dos problemas Leiam os materiais relacionados, darão uma base ampla da importância do sanea- mento para a saúde pública. 35UNIDADE II Saúde no Brasil LEITURA COMPLEMENTAR Artigo: Relação entre saúde e saneamento na perspectiva do desenvolvimento Heller, L. Relação entre saúde e saneamento na perspectiva do desenvolvimento. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/csc/v3n2/7152.pdf. Acesso 22 ago.2020 RESUMO Discute-se a relação entre saúde e saneamento, situando-a no contexto do proces- so de desenvolvimento social. É defendida inicialmente a inserção dessa relação no atual enfoque saúde e ambiente, reconhecendo que esta nova área não elimina a pertinência da abordagem saúde-saneamento, na verdade sua precursora. Apresenta-se a conceituação de saneamento e sua atual situação no país, além dos marcos conceituais da relação saú- de-saneamento. Indicadores de desenvolvimento dos países, enfatizando os brasileiros, são confrontados com indicadores sanitários, mostrando-se que, para o grau de desenvol- vimento econômico e a cobertura por serviços de saneamento no Brasil, melhor desem- penho dos indicadores de saúde seria esperado. Avaliam-se as assertivas que podem ser extraídas dos estudos epidemiológicos desenvolvidos na área de saneamento e, por fim, discutem-se as perspectivas que se apresentam no campo da relação saúde-saneamento. 36UNIDADE II Saúde no Brasil MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Saneamento: promoção da saúde, qualidade de vida e sustentabilidade ambiental. Autores: Cezarina Maria Nobre Souza, André Monteiro Costa, Luiz Roberto Santos Moraes, Carlos Machado de Freitas. Editora: Editora Fiocruz Sinopse: A declaração da Assembleia Geral da ONU de 2010 denuncia grave violação de um direito humano essencial: grande parte da população do mundo vive em condições precárias de acesso a bens e serviços essenciais. Esse quadro poderia ser minimizado e até evitado se fosse possível oferecer saneamen- to básico a todos. Neste livro, quatro profissionais atuantes nas áreas de engenharia sanitária e saúde ambiental propõem um novo olhar sobre a tríade ‘desenvolvimento, ambiente e saúde’, com o objetivo de formular estratégias inovadoras para garantir o acesso mais amplo ao saneamento. Fatores como o modo de vida da população, as condições socioeconômicas e a cultura servem de base na busca por soluções capazes de combinar tecnologia e gestão sociocultural. “O modelo de gestão deve ser adequado à tecnologia utilizada e às características socioculturais da popu- lação. Não é mais aceitável, como tem sido corrente, a imposição de soluções que, por não considerarem a coerência com a cultura e as condições de habitabilidade das pessoas, geram ônus de manutenção para as mais pobres.”, destacam os autores no texto de apresentação do livro. FILME/VÍDEO Título: 1.Segurança Alimentar e Nutricional Ano: 2017 Sinopse: O conceito de Segurança de Alimentos, originário do inglês “Food Safety”, está relacionado à manutenção da qualidade dos alimentos distribuídos, considerando as etapas de manipulação e preparo até seu destinatário final, o consumidor. Nestes termos, a Segurança de Alimentos está diretamente ligada às práticas recomendadas para a garantia da saudabilidade dos alimentos, e a eliminação de contaminantes químicos, físicos e biológicos a exemplo da contaminação bacteriológica. Link do vídeo: https://www.verdeghaia.com.br/blog/aspectos-re- levantes-da-seguranca-alimentar-e-nutricional-e-seguranca-de- -alimentos-food-safety/. Acesso 22 ago. 2020 37 Plano de Estudo: ● Conceitos de epidemiologia ● Saneamento básico e higiene nos processos epidemiológicos ● Doenças transmissíveis e seu controle Objetivos da Aprendizagem: ● Entender os conceitos de epidemiologia. ● Compreender saneamento básico e higiene nos processos epidemiológicos. ● Conhecer as doenças transmissíveis e seu controle. UNIDADE III Epidemiologia Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco 38UNIDADE III Epidemiologia INTRODUÇÃO Nesta unidade serão abordados conceitos de epidemiologia e como está intima- mente ligada com a demografia, pois, ambas estudam as populações. A importância do saneamento básico e a higiene nos processos epidemiológicos e as doenças transmissíveis e como é possível fazer seu controle. O conceito de epidemiologia depende da avaliação do contexto histórico, dos conhecimentos acumulados na área de saúde, da etapa da transição epidemiológica e demográfica, bem como da interpretação que se tenha em determinada época e contexto sobre a saúde. Será possível observar que a saúde de uma população é muito dinâmica sendo reflexo de muitas causas como por exemplo o saneamento básico que é condição essen- cial para promover a melhoria da qualidade de vida da população e sua falta deixa uma população por completo em vulnerabilidade socioambiental, principalmente em áreas mais carentes com menor poder aquisitivo levando a ocorrência de diversas doenças. As melhorias do meio ambiente, aliadas às do nível de vida geral, tem papel deter- minante na redução das taxas das doenças e no controle das epidemias. 39UNIDADE III Epidemiologia 1. EPIDEMIOLOGIA MAPA CONCEITUAL Fonte: o autor. 40UNIDADE II Saúde no Brasil 1.1 Entenda os Conceitos A epidemiologia tem como princípio básico atender assuntos referentes à saúde (como doenças, seus determinantes e o uso de serviços de saúde) não se distribuem ao acaso entre as pessoas. Segundo Almeida (2006, p. 200) epidemiologia pode ser definida como: Ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, da- nos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas es- pecíficas de prevenção, controle, ou erradicação de doenças, e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avalia- ção das açõesde saúde “(ALMEIDA, 2006, p. 200)”. A epidemiologia, no seu conjunto, mobiliza as suas três áreas de atividade clássi- cas, visando à produção de conhecimento sobre as populações: ● A descrição de fenômenos, ● A análise dos contrastes entre grupos (explicação das relações entre presumí- veis fatores e efeitos — por comparação); ● Previsão de futuras ocorrências de saúde, ou prospectiva (através de modelos, frequentemente estatísticos, que convertem tendências e explicações em cenários). O seu caminho estratégico em relação às doenças na população é, assim, uma sequência de descrever, explicar, predizer e controlar fenômenos de saúde. E o conheci- mento da história natural da doença traduz-se em objetivos coerentes de ação no quadro dos níveis clássicos de prevenção (ALMEIDA, 2006). 1.2 Aplicação de Conceitos A epidemiologia é aplicada no mínimo em quatro áreas distintas: 1. Vigilância em saúde pública ou vigilância epidemiológica; 2. Análise da situação de saúde; 3. Identificação dos perfis e fatores de risco; 4. Avaliação epidemiológica dos serviços. A Epidemiologia e a Saúde Pública, quando trabalhadas em conjunto, possibilita alcançar o conhecimento sobre o modo como uma doença se origina, realizar o controle na população, e até mesmo evitar a sua ocorrência. Pois a epidemiologia fornece à saúde pública explicações para os problemas de saúde das populações, o que permite à saúde pública, saber como e quando agir, através de intervenções adequadas e resolutivas (MARTINS, 2018). 41UNIDADE II Saúde no Brasil A Saúde Pública visa proporcionar o melhor nível de saúde ao maior número de pessoas, com o melhor desempenho econômico possível nas suas ações. Para Martins (2018) a epidemiologia mantém seu caráter essencialmente coletivo e social assim como vem ampliando o seu importante papel na consolidação de um saber científico sobre a saúde humana. Fornecendo subsídios para o planejamento e a organi- zação das ações de saúde e para a avaliação de programas, atividades e procedimentos preventivos e terapêuticos. 42UNIDADE III Epidemiologia 2. SANEAMENTO BÁSICO E HIGIENE NOS PROCESSOS EPIDEMIOLÓGICOS Segundo Almeida et al., (2011) saneamento é o conjunto de medidas que visa pre- servar ou modificar as condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde, melhorar a qualidade de vida da população e à produtividade do indivíduo e facilitar a atividade econômica. No Brasil, o saneamento básico é um direito assegurado pela Constituição e de- finido pela Lei nº. 11.445/2007 como o conjunto dos serviços, infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais. Um dos princípios da Lei nº. 11.445/2007 é a universalização dos serviços de sa- neamento básico, para que todos tenham acesso ao abastecimento de água de qualidade e em quantidade suficientes às suas necessidades, à coleta e tratamento adequado do esgoto e do lixo, e ao manejo correto das águas das chuvas. 43UNIDADE III Epidemiologia 3. DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS E SEU CONTROLE A área da saúde sofre uma profunda influência negativa da falta de saneamento básico. O acesso ao saneamento reduz uma série de enfermidades, que reflete desde no aproveitamento escolar das crianças até na produtividade do trabalhador. De várias formas a água pode afetar a saúde do homem: ● Pelo consumo direto, na preparação de alimentos; na higiene pessoal, na agri- cultura, na limpeza do ambiente, nos processos industriais ou nas atividades de lazer. Os riscos para a saúde associados com a água podem ser de duas categorias: ● Relacionados com a ingestão de água contaminada por agentes biológicos (bactérias, vírus e parasitos), através de contato direto, ou por meio de insetos vetores que necessitam da água em seu ciclo biológico; ● Resultados de poluentes químicos e radioativos, geralmente efluentes de esgo- tos industriais, ou causados por acidentes ambientais. Os principais agentes biológicos encontrados nas águas contaminadas são as bactérias patogênicas, os vírus e os parasitas. As bactérias patogênicas encontradas na água e/ou alimentos constituem uma das principais fontes de morbidade e mortalidade. o Instituto Trata Brasil (2017) elaborou um diagnóstico de algumas doenças de veiculação hídrica , as chamadas “doenças relacionadas ao saneamento ambiental inade- quado” abrangem diversas patologias, como a diarreia, esquistossomose, dengue , leptos- 44UNIDADE II Saúde no Brasil pirose, a febre amarela, as micoses, entre outras enfermidades, que possuem diferentes modos de transmissão. (IBGE, 2011). De acordo com o Instituto Trata Brasil, (2018) crianças que sofrem com Doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado (DRSAI) apresentam saúde debilitada e, como consequências têm a educação prejudicada. De acordo com uma análise de dados coletados entre 2000 e 2010, o aumento de uma unidade percentual no acesso ao sanea- mento está associado a: ● Aumento de 0,11% na taxa de frequência escolar; ● Queda de 0,31% na taxa de distorção idade-série; ● Redução de 0,12% na taxa de abandono escolar. Mas não são apenas as crianças que são afetadas pela falta de saneamento ade- quado. As infecções gastrointestinais também fazem com que os adultos se afastem de suas atividades laborais, o que gera custos para as empresas e perda de desempenho por parte dos profissionais. SAIBA MAIS Dentro da vigilância da saúde, convém fazer referência aos conceitos e definições de seus componentes. a) Vigilância Epidemiológica: É o conjunto de ações que proporcionam o conhecimen- to, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condi- cionantes de saúde individual e coletiva. Tem como finalidade recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos (Lei n.º 8.080, de 19.9.1990). É a coleta sistemática de dados relacionados com uma determinada doença, sua análi- se e interpretação e a distribuição da informação processada às pessoas responsáveis por atuar sobre o problema (CDC). b) Vigilância Sanitária: É o conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: I - O controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e II - O controle da prestação de serviços que se relacionem direta ou indiretamente com a saúde (Lei n.º. 8.080, de 19.9.1990). 45UNIDADE II Saúde no Brasil c) Vigilância Ambiental em Saúde: é definida como um conjunto de ações que propor- ciona o conhecimento e a detecção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco e das doenças ou agravos. d) Vigilância da saúde: Conceitua-se como um conjunto de atividades voltadas para a identificação, análise, monitorização, controle e prevenção dos problemas de saúde de uma comunidade. A vigilância à saúde engloba as ações coletivas de saúde, expan- dindo a possibilidade da utilização da epidemiologia no planejamento, programação e avaliação dos serviços de saúde, incluindo ainda outras áreas do conhecimento. Fonte: Vigilância ambiental em saúde - Textos de Epidemiologia para Vigilância Ambiental em Saúde. Ministério da saúde. Funasa. Brasília. 2002.132 p. Disponível em: http://bvsms. saude.gov.br/bvs/publicacoes/funasa/textos_vig_ambiental.pdf. Acesso 24 ago. 2020 Clique no link. http://www5.ensp.fiocruz.br/biblioteca/dados/txt_690106550.pdf. E ad- quira noções básicas da Epidemiologia.Fonte: Montilla, D. E. R.. Noções básicas da Epidemiologia. Disponível em: http://www5.ensp.fiocruz.br/ biblioteca/dados/txt_690106550.pdf. Acesso: 24 ago. 2020. Acesse os links abaixo e conheça mais sobre os conceitos da Epidemiologia: https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/33454/mod_resource/content/1/un1/top5_4.html https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/33454/mod_resource/content/1/un1/top1_1.html https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/33454/mod_resource/content/1/un1/top2_1.html https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/33454/mod_resource/content/1/un1/top3_1.html https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/33454/mod_resource/content/1/un1/top4_1.html 46UNIDADE II Saúde no Brasil REFLITA A oferta do saneamento associa sistemas constituídos por uma infraestrutura física e uma estrutura educacional, legal e institucional, que abrange os seguintes serviços: abastecimento de água às populações, com a qualidade compatível com a proteção de sua saúde e em quantidade suficiente para a garantia de condições básicas de conforto; coleta, tratamento e disposição ambientalmente adequada e sanitariamente segura de águas residuárias (esgotos sanitários, resíduos líquidos industriais e agrícolas); acondi- cionamento, coleta, transporte e destino final dos resíduos sólidos (incluindo os rejeitos provenientes das atividades doméstica, comercial e de serviços, industrial e pública); coleta de águas pluviais e controle de empoçamentos e inundações; controle de veto- res de doenças transmissíveis (insetos, roedores, moluscos, etc.); saneamento dos ali- mentos; saneamento dos meios de transportes; saneamento e planejamento territorial; saneamento da habitação, dos locais de trabalho, de educação, de recreação e dos hospitais; controle da poluição ambiental – água, ar, solo, acústica e visual. Fonte: Ribeiro, J. W.; Rooke, J. M. S.. Saneamento básico e sua relação com o meio ambiente e a saúde pública. 2010. Disponível em: https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/38708350/TCC-Sanea- mentoeSaude.pdf?1441765421=&response-content-disposition=inline%3B+filename%3Dlicitacao. pdf&Expires=1598363718&Signature=I5etIPC3oMrIWEO4bm9VFkbl8iiJ-1kbMRJuOly-qNZ3CZLs2g- CKqJuE-W0FRzXqJlioJbkFM5JJwo8haPnJcra8CBJlor-97KxBYBB6rYW~diR4CyO0z1MTxOwsVKSU- FWjGdgnof44aTu8s9C9ZMiqkvDQC9w7f9GzkAALX9p43uZ3tTm~X0a4b-9eBICCjcbIIIfJl8y0iTmvnFJ-b- 9DIAqGu700~gpWXE3kjBq-2rvV8mP7Gq0xmgFKoY4R9QTKh6xJe6KTHA85S~ZQBiDi1IKtrUUJf8D9N- 4G4tARUFmupWsFnwnn8xfXD2owsAkpGzcRVH9UA4V5N1iVNt11A__&Key-Pair-Id=APKAJLOHF5G- GSLRBV4ZA. Acesso: 25 ago. 2020. 47UNIDADE III Epidemiologia CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, vimos os principais conceitos e métodos que envolvem a epidemio- logia e a vigilância à saúde. O uso das ferramentas e ações de vigilância epidemiológica torna possível romper com as cadeias de transmissão das enfermidades. No Brasil, as doenças resultantes da falta ou de um inadequado sistema de sanea- mento, especialmente em áreas pobres, têm agravado o quadro epidemiológico. A ausência de sistemas de saneamento básico é sem dúvida, um problema de saúde pública, pois pode provocar doenças como infecções gastrointestinais de origem infecciosa e constantemente leva pessoas a ocuparem vagas em leitos hospitalares que poderiam estar disponíveis para pessoas com enfermidades mais graves. Entende-se que mesmo com as melhoras nos índices no saneamento no Brasil, ainda são necessários muitos investimentos no setor no intuito de atender o quesito “univer- salização dos serviços” de modo a impedir amplamente a contaminação do meio-ambiente tornando-o mais saudável e consequentemente refletindo na saúde e o bem-estar da po- pulação. Neste contexto, exigem-se políticas públicas que garantam a preservação, e pro- porcione à população a conscientizar-se sobre a problemática do saneamento, conhecendo os malefícios que sua falta pode ocasionar ao meio ambiente e a saúde, além entender a importância de mudar os hábitos, padrões de consumo e evitar desperdícios. Desta forma, com este material desejamos que, a cada unidade, você desenvolva novos conhecimentos e habilidades. 48UNIDADE II Saúde no Brasil LEITURA COMPLEMENTAR Artigo: Soares, S. R. A. ; Bernardes, R. S. ; Netto, O. de M. C. Relações entre saneamento, saúde pública e meio ambiente: elementos para formulação de um mo- delo de planejamento em saneamento. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/ csp/2002.v18n6/1713-1724/. Acesso 06 out.2020. RESUMO: A compreensão das relações entre saneamento, saúde pública e meio ambiente revela-se um pressuposto fundamental para o planejamento de sistemas de sa- neamento em centros urbanos. Nesse sentido, o presente artigo objetiva propor elementos para o desenvolvimento de um modelo de planejamento em saneamento, a partir de um levantamento histórico das questões ambientais e de saúde incorporadas pelo setor, de uma análise dos marcos conceituais da relação saúde e saneamento, e de uma sistema- tização dos diversos efeitos da implementação de sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário no meio ambiente e na saúde pública. A avaliação desses efeitos deve garantir a análise correta das possíveis alternativas, tanto do ponto de vista dos obje- tivos ambientais, quanto dos de saúde pública (objeto primordial do saneamento), de modo a apontar o direcionamento mais adequado das ações. A proposta de sistematização dos efeitos das ações de saneamento em cada fase de sua implementação, realizada neste trabalho, constitui-se em um avanço, no sentido de reunir elementos fundamentais para a formulação de um modelo de planejamento em saneamento. ● Manual do saneamento básico. Instituto Trata Brasil. 2012. Disponível em: http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/uploads/estudos/pesquisa16/manual-im- prensa.pdf. Acesso: 21 ago. 2020. RESUMO A importância do saneamento e sua relevância à saúde humana remontam às mais antigas culturas. O desenvolvimento do saneamento sempre esteve ligado à evolução das civilizações, às vezes retrocedendo, outras renascendo com o aparecimento de outras. 49UNIDADE II Saúde no Brasil MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Saneamento a Saúde em países em desenvolvimento Autor: Leo Heller...(et al.) Editora: CC&P Editores Ltda. Sinopse: Os textos clássicos de Engenharia Sanitária permitem depreender que saneamento corresponde à intervenção no meio físico no qual habita e convive o homem, visando criar condições de salubridade, protegendo sua saúde e sua vida. Já a saúde, campo do conhecimento com maior profundidade teórica de for- mulação, diversas definições são tentadas. Contemporaneamente, pode-se afirmar, sem muito risco, que saúde definitivamente não é apenas a ausência de doença. E que a garantia de adequadas condições de saúde para o homem exige um conjunto de ações, na qual a prática médica assistencial representa apenas parte des- se esforço. Um ambiente saudável é pré-requisito cada vez mais indiscutível para a saúde e o papel do saneamento na conquista dessa condição constitui consenso. FILME/VÍDEO Título: Conceitos e Ferramentas da Epidemiologia - Conceitos de Epidemiologia Ano: 2011 Sinopse: Nesta unidade estudaremos os conceitos básicos e os principais usos e aplicações da Epidemiologia. Também veremos os conceitos de incidência e prevalência, importantes medidas de ocorrência de doenças. Seus objetivos, neste estudo, são os de conceituar Epidemiologia, conhecer suas aplicações e conseguir calcular e interpretar a incidência e a prevalência de doenças. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=BwQ2AhPC-ek 50 Plano de Estudo: ● Acidentes, catástrofes e seus reflexos na saúde pública ● Saúde ambiental ● Poluição ambiental ● Principais meios de mitigação das doenças provocadas por alterações ambientais ● Principais doenças veiculadas pela água, ar, alimentos e animais ● Principais medidasmitigadoras sobre o efeito da poluição sobre os seres vivos Objetivos da Aprendizagem: ● Saber sobre acidentes, catástrofes e seus reflexos na saúde pública. ● Entender a relação entre saúde ambiental e poluição ambiental ● Conhecer os principais meios de mitigação das doenças provocadas por alterações ambientais. ● Esclarecer sobre as principais doenças veiculadas pela água, ar, alimentos e animais. ● Apontar as principais medidas mitigadoras sobre o efeito da poluição sobre os seres vivos. UNIDADE IV Saúde Ambiental e Poluição Ambiental Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco 51UNIDADE IV Saúde Ambiental e Poluição Ambiental INTRODUÇÃO Chegamos à última etapa e aqui será relatada a relação existente entre os aci- dentes, catástrofes, poluição e seus reflexos na saúde pública, na economia e no meio ambiente. Traremos os meios de mitigação das doenças provocadas por alterações ambien- tais e apontaremos as medidas mitigadoras sobre o efeito da poluição sobre os seres vivos e as principais doenças veiculadas pela água, ar, alimentos e animais. Mostraremos que toda ação humana tem impacto sobre a natureza, seja ele positi- vo ou negativo. A intensidade e a natureza desse impacto são proporcionais à organização social e às atividades econômicas desenvolvidas pelo homem. Entre os problemas apre- sentados por essa relação entre o homem e a natureza, destacam-se os ambientais, que incidem sobre a saúde. Os efeitos do meio ambiente na saúde humana são acelerados em meados do século XIX, com o intenso processo de industrialização e urbanização, que passaram a acometer as condições de vida e trabalho das populações. Os Desastres Naturais representam um conjunto de fenômenos que fazem parte da geodinâmica terrestre, portanto, da natureza do planeta. Quando ocorrem, podem trazer consequências catastróficas para o ser-humano e por mais que a tecnologia na área seja avançada, muitos desastres naturais são imprevi- síveis. Nesse sentido, no ano de 2005, ocorreu a conferência mundial sobre a redução de desastres celebrada pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o tema “o aumento da resiliência das nações e das comunidades diante de um desastre” onde foi destacadas ações para buscar minimizar os riscos de desastres de origem natural, no intuito de reduzir as perdas tanto de vidas humanas como se bens sociais, econômicos e ambientais que afetam principalmente as populações e países mais pobres (ONU, 2013). Essas desigualdades se materializam na exposição das populações expostas a es- tes eventos, nas consequências mais graves sobre a saúde e sobre as condições de vida, ou seja, deixamos o ecossistema vulnerável, podendo causar danos humanos, materiais e ambientais e consequentes prejuízos econômicos e sociais. 52UNIDADE IV Saúde Ambiental e Poluição Ambiental 1. ACIDENTES, CATÁSTROFES E SEUS REFLEXOS NA SAÚDE PÚBLICA MAPA CONCEITUAL Fonte:http://nteijuig01.pbworks.com/f/1216324310/VERS%C3%83O%202%20DE%20POLUI%C3%87%- C3%83O.jpg. Acesso: 26 ago. 2020 53UNIDADE IV Saúde Ambiental e Poluição Ambiental 1.1 Entenda os Conceitos As catástrofes naturais são consequência dos eventos provocados pelos riscos na- turais que superam a capacidade de resposta local e afetam seriamente o desenvolvimento social e econômico de uma região. As catástrofes Apresentam duas características importantes, que podem ser com- binadas ou não, sendo que a primeira resulta em uma séria interrupção do funcionamento normal de uma comunidade ou sociedade, afetando seu cotidiano. Essa interrupção en- volve, simultaneamente, perdas materiais e econômicas, assim como danos ambientais e à saúde das populações, através de agravos e doenças que podem resultar em óbitos imediatos e posteriores. A segunda é exceder a capacidade de uma comunidade ou sociedade afetada em lidar com a situação utilizando seus próprios recursos, podendo resultar na ampliação das perdas e danos ambientais e na saúde para além dos limites do lugar em que o evento ocorreu (FREITAS, 2011, p. 101). Segundo o site https://www.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/ vigidesastres/desastres-de-origem-natural do Ministério da Saúde (2020) os desastres de origem natural são causados por: “processos ou fenômenos naturais que podem implicar em perdas humanas ou outros impactos à saúde, danos ao meio ambiente, à propriedade, interrupção dos serviços e distúrbios sociais e econômicos”. 54UNIDADE IV Saúde Ambiental e Poluição Ambiental 2. SAÚDE AMBIENTAL Para conceituar saúde ambiental, Hancock (1993), formulou um modelo de gestão de saúde ambiental, em que trata das relações entre saúde (incluindo fatores sociais), meio ambiente e economia. Em tal modelo, para que a economia fosse ambientalmente sustentável, seria necessário que a atividade econômica não utilizasse recursos renováveis - como plantas, animais e solo -, além dos seus limites de renovação ou de recomposição (sustentabilidade); não deveria poluir o ar e os ecossistemas terrestres e aquáticos de tal forma que não pudessem se recompor; nem poderia perturbar ou desequilibrar a atmosfera ou outros ciclos e sistemas naturais até onde as viabilidades dos ecossistemas estivessem comprometidas. 55UNIDADE IV Saúde Ambiental e Poluição Ambiental 3. POLUIÇÃO AMBIENTAL Do ponto de vista ecológico, poluição é definida como qualquer alteração da com- posição e das características do meio que cause perturbações nos ecossistemas, ou ainda, como uma interferência danosa nos processos de transmissão de energia. Consiste em distúrbios ambientais consubstanciados em fatos ou fenômenos desfavoráveis, diretos ou indiretos. Os primeiros compreendem ataques à saúde e aos bens, como a promoção de deslocamentos populacionais ou o desequilíbrio social, ou ainda, implicações na qualidade de vida, como a poluição sonora e estética, entre outras inconvenientes (HANCOCK, 1993). 3.1 Aplicação de Conceitos Nos últimos anos, as catástrofes naturais têm sido a causa frequente de problemas de saúde das populações, além disso, representam um sério obstáculo ao desenvolvimento das comunidades atingidas na medida em que consomem ponderáveis recursos financeiros para a reparação dos danos sofridos, podendo-se dizer que não existe nenhum país que não esteja exposto ao risco de catástrofes naturais, tais como Sismos, Tsunamis, Erupções Vulcânicas, Movimentos de Vertentes, Ciclones Tropicais, Ondas de Frio, Ondas de Calor, Secas e Inundações. Os desastres de origem natural são classificados como: ● Geológicos (ex.: deslizamentos, erosão e terremotos); ● Hidrológicos (ex.: inundações, enxurradas e alagamentos); 56UNIDADE IV Saúde Ambiental e Poluição Ambiental ● Meteorológicos (ex.: ciclones, tornados, ondas de calor); ● Climatológicos (ex.: seca, estiagem e incêndio florestal); e ● Biológicos (ex.: epidemias, infestações de pragas). Os principais fatores de riscos para a ocorrência dos desastres são as ameaças e as vulnerabilidades. Ameaça pode ser um evento físico ou fenômeno de origem natural, tecnológica ou resultante das atividades humanas, que pode causar doenças ou agravos, óbitos, da- nos materiais, interrupção de atividade social e econômica ou degradação ambiental. As ameaças de origem natural envolvem os seguintes eventos: hidrológicos, climatológicos, meteorológicos, geológicos e biológicos. Entende-se por vulnerabilidade às condições determinadas por fatores ou proces- sos físicos, demográficos, educacionais, culturais, econômicos, ambientais e de saúde que aumentam a suscetibilidade de uma comunidade ou sociedade aos efeitos das ameaças. Caracteriza-se pela predisposição (intrínseca, adquirida ou produzida) de um indivíduo, comunidade ou de um sistema a ser afetado por evento físico de origem natural ou tecno- lógica. A vulnerabilidade é essencialmente uma condição humana, uma característica da
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