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Autores: Profa. Walkiria de Oliveira Rigolon Prof. Wanderlei Sergio da Silva Profa. Eliana Chiavone Delchiaro Colaboradora: Profa. Christiane Mazur Doi Prática de Ensino: Princípios Pedagógicos em Sala de Aula Professores conteudistas: Walkiria de Oliveira Rigolon / Wanderlei Sergio da Silva /Eliana Chiavone Delchiaro © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) R572p Rigolon, Walkiria de Oliveira. Prática de Ensino: Princípios Pedagógicos em Sala de Aula / Walkiria de Oliveira Rigolon. – São Paulo: Editora Sol, 2024. 36 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Gestão. 2. Sala de aula. 3. Estudo. I. Título. CDU 371.133 U519.16 – 24 Walkiria de Oliveira Rigolon Graduada em Pedagogia pela Universidade Capital, mestre em Educação pelo programa de Psicologia da Educação da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), doutora em Educação pelo Programa de Ciências Sociais na Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pós-doutorada em Formação de Formadores de Professores pela PUC-SP. Desde 1986 atua como professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental na rede pública estadual paulista. Em 2015, ingressou como docente na Universidade Paulista (UNIP), lecionando disciplinas didático-pedagógicas no curso de Pedagogia e atuando como professora orientadora de estágio na Coordenadoria de Estágios em Educação. Pesquisadora convidada na Fundação Carlos Chagas, assessora pedagógica e formadora de professores e gestores escolares em cursos de formação continuada em secretarias estaduais e municipais de educação, abordando temáticas como: alfabetização, educação de jovens e adultos, currículo, leitura e produção textual nos anos iniciais, apoio e acompanhamento de aprendizagem e orientação de estudo. Coordenou a reorganização do currículo da EJA no município de São Bernardo do Campo (SP) em 2023 e foi coautora do Currículo da Cidade de Língua Portuguesa da EJA do município de São Paulo. Wanderlei Sergio da Silva Graduado em Geografia e mestre em Ciências (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Geociências e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Trabalhou durante 15 anos no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) com pesquisas relacionadas às geociências e ao meio ambiente. Atuou como consultor em trabalhos da área durante seis anos, totalizando cerca de cem projetos de pesquisa, muitos deles como coordenador de equipe. Em 2001, ingressou na UNIP, onde lecionou disciplinas do curso presencial de Turismo relacionadas à Geografia, ao Meio Ambiente e ao Planejamento, bem como disciplinas didático-pedagógicas no curso presencial de Psicologia (licenciatura). Líder da Coordenadoria de Estágios em Educação e professor responsável pelas disciplinas relacionadas a Prática de Ensino, Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, Didática Geral, Estrutura e Funcionamento da Educação Básica e Planejamento e Políticas Públicas da Educação. Eliana Chiavone Delchiaro Pedagoga e mestre na área de Currículo (2009) pela PUC-SP. Em seu percurso profissional, atuou na docência e na direção de escola. Foi professora da Educação Infantil e do Ensino Fundamental e atuou como diretora de escola ao longo dos 30 anos de trabalho na rede municipal de ensino da cidade de São Paulo. Desde 2004 dedica-se à formação de professores e à universidade. Atualmente é docente no Ensino Superior na UNIP. Profa. Sandra Miessa Reitora Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez Vice-Reitora de Graduação Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini Vice-Reitora de Administração e Finanças Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia Vice-Reitor de Extensão Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora das Unidades Universitárias Profa. Silvia Gomes Miessa Vice-Reitora de Recursos Humanos e de Pessoal Profa. Laura Ancona Lee Vice-Reitora de Relações Internacionais Prof. Marcus Vinícius Mathias Vice-Reitor de Assuntos da Comunidade Universitária UNIP EaD Profa. Elisabete Brihy Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto Prof. M. Ivan Daliberto Frugoli Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Material Didático Comissão editorial: Profa. Dra. Christiane Mazur Doi Profa. Dra. Ronilda Ribeiro Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista Profa. M. Deise Alcantara Carreiro Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes Projeto gráfico: Revisão: Prof. Alexandre Ponzetto Vitor Andrade Vera Saad Sumário Prática de Ensino: Princípios Pedagógicos em Sala de Aula APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................8 1.1 Para início de conversa... ......................................................................................................................8 1.2 Afinal: conhecimento se transmite ou não? ............................................................................. 10 2 PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS BASILARES ................................................................................................. 11 2.1 Levantamento de conhecimentos prévios ................................................................................. 11 2.2 Como realizar levantamento de conhecimentos prévios .................................................... 12 2.3 A contextualização como princípio pedagógico ..................................................................... 13 2.4 Princípio da problematização .......................................................................................................... 14 2.5 Sistematização na prática pedagógica ........................................................................................ 15 2.6 A diversidade na sala de aula: um aspecto a considerar ..................................................... 16 3 GESTÃO DO TEMPO EM SALA DE AULA .................................................................................................. 18 3.1 Atividades permanentes .................................................................................................................... 19 3.2 Projetos ..................................................................................................................................................... 20 4 SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS EM FOCO .......................................................................................................... 20 4.1 Sequências didáticas ........................................................................................................................... 20 4.2 Situações ocasionais ........................................................................................................................... 21 4.3 Práticas pedagógicas e gestão do tempo em sala de aula: algumas considerações .............................................................................................................................. 21 5 ESTUDAR: COMO SE APRENDE? ................................................................................................................ 24 5.1 Afinal, o que são procedimentos de estudo? ............................................................................ 25 5.2 Como ensinar a estudar? ..................................................................................................................26 6 ORIENTAÇÃO DE ESTUDO E OS SEUS PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS ........................................ 26 6.1 Grifar ......................................................................................................................................................... 26 6.2 Anotar ....................................................................................................................................................... 27 7 A ARTE DE SINTETIZAR .................................................................................................................................. 27 7.1 Resumo ..................................................................................................................................................... 27 7.2 Relatório ................................................................................................................................................... 28 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................................. 28 7 APRESENTAÇÃO O que garante uma boa aula para você? Será que para ser um bom professor basta dominar muito bem somente os conteúdos que serão ensinados? Se fosse assim, um biólogo poderia tranquilamente ensinar ciências, um bom contador seria um exímio professor de matemática, ou um jornalista competente poderia tornar-se um excelente professor de língua portuguesa, não é mesmo? O processo de formação de professores apoia-se em inúmeros conhecimentos que ultrapassam o domínio dos conteúdos a serem ensinados. Para planejar uma boa aula, que ajude a todos os estudantes a avançar na construção de novos conhecimentos, é necessário desenvolver um conhecimento didático que se apoie em vários princípios pedagógicos, os quais precisam ser conhecidos pelos professores e que não envolvem tão somente o que ensinar, mas como ensinar, tendo clareza também de por que ensinar. Nesse sentido, este livro-texto tem como objetivo destacar e analisar os princípios pedagógicos fundamentais, que embasam e favorecem o processo de aprendizagem e o desenvolvimento dos estudantes em sala de aula. Para tanto, este livro propõe a reflexão sobre o trabalho docente a partir da discussão de práticas de ensino que expandam o conhecimento didático, possibilitando a proposição de intervenções pedagógicas que aprimorem o processo de aprendizagem e ampliem o grau de autonomia de todos os estudantes. Desse modo, os textos abordados procuram oferecer aos futuros professores a análise de um conjunto de princípios e de atividades essenciais às práticas de ensino, aderentes a todos os campos de conhecimento. A finalidade é levá-los a compreender as diferentes dimensões que envolvem o trabalho didático-pedagógico em sala de aula, analisando as modalidades organizativas como alternativa para a gestão do tempo em sala de aula. Também vamos discutir a importância da orientação e dos procedimentos de estudo e pesquisa para o efetivo amadurecimento dos alunos em termos de aquisição do conhecimento e de ampliação da capacidade crítico-reflexiva. 8 1 INTRODUÇÃO 1.1 Para início de conversa... Você provavelmente deve ter recordações de professores que marcaram sua trajetória escolar. Quem faz opção pela docência, ou seja, pelo magistério, precisa levar em conta que os professores sempre deixam marcas em seus estudantes; elas podem ser positivas ou negativas, mas ficam registradas em nossa memória. Como nos lembra Meirieu (2006), o escritor, romancista, ensaísta, dramaturgo e filósofo francês Albert Camus, ao receber o prêmio Nobel de Literatura, agradeceu a um de seus professores pela conquista dizendo: “um de seus pequenos escolares que, apesar da idade, não deixou de ser seu aluno reconhecido, sem ele [referindo-se ao seu professor] nada disso teria acontecido” (Meirieu, 2006, p. 24). É possível que você se recorde de professores que serviram de exemplos, que deixaram boas lembranças repletas de respeito, amizade, comprometimento e carinho, que até mesmo podem ter servido de inspiração para que você optasse pela docência como profissão. Contudo, talvez você também tenha guardado recordações amargas e tristes de docentes em seu percurso escolar. Em primeiro lugar, antes de tratarmos especificamente dos princípios pedagógicos, vale a pena destacar uma dimensão essencial que envolve justamente os vínculos afetivos estabelecidos entre professor e aluno, pois esse aspecto repercute diretamente no “acontecimento pedagógico” em sala de aula. Todas as relações humanas são permeadas pela criação de vínculos afetivos: nas relações familiares, fraternais, profissionais e amorosas, estamos sempre construindo laços de afeto com aqueles com quem convivemos. Contudo, como afirma o médico, psicólogo e filósofo francês Henri Wallon (2008), precisamos compreender afeto como tudo aquilo que nos afeta. Nessa perspectiva, tanto os sentimentos positivos (amizade, respeito, solidariedade e amor) quanto os negativos (preconceito, raiva, inveja e vingança) certamente afetaram o nosso processo de aprendizagem. Wallon (2008) considerava a afetividade como um aspecto essencial no processo de aprendizagem. Nessa ótica, quanto mais vínculos positivos um professor estabelecer com seus estudantes, mais facilmente ocorrerá a relação entre ensino e aprendizagem, visto que é muito mais fácil aprender com alguém que respeitamos e de quem gostamos, concorda? Depois de chamar sua atenção para a questão do papel da afetividade na relação entre professor e aluno, deve-se analisar outro aspecto igualmente relevante. Para tanto, vamos partir da seguinte afirmação do historiador francês Michel de Certeau: “Há sempre um modo de pensar investido no jeito de fazer”. 9 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA Para o futuro professor, tal citação é vital, pois o autor ressalta o fato de que são nossas concepções que norteiam nossa prática, ou, dito de outra forma, a nossa forma de pensar, nossas crenças, saberes e valores é que guiam nossas ações cotidianas. A esse respeito, Quadros et al. (2005) afirmam que os professores que tivemos ao longo de nossa vida escolar de certa maneira também afetam a formação de nossa identidade como docentes: Os cursos de formação de professores, apesar de trabalharem essas novas concepções de ensino, nem sempre têm conseguido que os seus egressos atuem de maneira diferente daquela que seus professores atuavam. Parece-nos que se criou um processo de continuísmo na educação, no que se refere ao modelo de professor e às concepções que se tem sobre a prática de sala de aula, o qual precisa ser rompido. Larrosa (2001) tem trabalhado com as ideias de descontinuidade em educação. Segundo ele, essa descontinuidade seria representada por uma perturbação ao modelo de figura do professor já formada e já posta, de um imaginário social já construído. Então, quando um aluno ingressa num curso de licenciatura, ele pode ter uma concepção já construída do que é ser professor. O professor que o cativou pode, portanto, estar servindo de espelho (Quadros et al., 2005, p. 5). Mesmo que um professor não tenha clareza sobre as concepções e teorias que embasam suas ações em sala de aula, se observarmos atentamente seu modo de agir, poderemos dizer o que afirmam Weisz e Sanchez (2004, p. 55): Quando analisamos a prática pedagógica de qualquer professor vemos que, por trás de suas ações, há sempre um conjunto de ideias que as orienta. Mesmo quando ele não tem consciência dessas ideias, dessas concepções, dessas teorias, elas estão presentes. É fundamental que o futuro professor tenha muita clareza de suas concepções sobre educação para que sua prática pedagógica seja consciente e crítica; só assim poderá romper com a reprodução de práticas pedagógicas que não contribuam com o avanço dos estudantes ou que deixem marcas negativas, fazendo que alguns estudantes abandonem os estudos, não acreditando em sua capacidadede aprender. Lembrete Toda prática pedagógica demanda necessariamente um exercício reflexivo constante, caso contrário, o professor correrá o risco de apenas repetir antigas práticas dos professores que teve ao longo de sua trajetória escolar, sem refletir a respeito delas. 10 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA 1.2 Afinal: conhecimento se transmite ou não? Certamente você já deve ter ouvido falar de Paulo Reglus Neves Freire, nascido em 1921 na cidade de Recife e que morreu em 1997. Em 2012, passou a ser considerado o patrono da educação brasileira. Ele dedicou sua vida à educação, publicou muitos livros, a exemplo de Pedagogia do oprimido (1968), quando o autor estava exilado no Chile. A referida obra é uma das mais conhecidas e até hoje é um dos principais parâmetros para as questões sobre educação, especialmente, quando se trata de educação popular, pela qual Paulo Freire lutou ao longo de toda a sua vida, tendo inclusive sofrido o exílio durante o período de ditadura por isso. Observação Em Pedagogia do oprimido, Paulo Freire (2019, p. 47) afirma que “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua produção”. Para entendermos a citação de Freire, é necessário compreender também a metáfora criada por ele para tecer sua crítica ao modelo educacional que comumente chamamos de modelo tradicional, a qual Freire nomeou como “educação bancária”. Segundo o autor, nessa concepção a educação é reduzida ao ato de depositar, transmitir, transferir valores e conhecimentos, contribuindo com a ideologia opressora, por isso ele nomeou esse modelo educacional de modelo bancário, no qual as principais transações apoiam-se em atos como: depositar, transferir, sacar. Para Freire, historicamente a educação se pautou em um modelo educacional que considerava como bom aluno aquele ou aquela que não perguntasse, que não conversasse durante a aula, que não fizesse nenhuma crítica, ou seja, o bom seria aquele que tivesse um papel passivo no processo de aprendizagem. Nesse modelo de educação bancária, criticado por Paulo Freire, o papel do professor seria o de transmissor de conhecimento, ele seria o dono do saber, e ao aluno caberia agir de forma submissa para aprender. Para o autor, esse é um modelo de ensino falso, que não permite verdadeiramente que os estudantes se apropriem do conhecimento construído pela humanidade ao longo de sua trajetória histórica, sobretudo porque não leva em conta a criatividade e os saberes que os alunos já possuem, serve apenas para torná-los passivos e alienados. O patrono da educação brasileira ainda afirmava que ensinar é garantir as condições necessárias para que os próprios estudantes construam seus conhecimentos de forma significativa a partir das intervenções pedagógicas realizadas. Para tanto, os alunos não podem ser meros espectadores das aulas, precisam interagir com o conhecimento para elaborá-los de forma significativa. Para romper com o modelo acentuado, Paulo Freire defende alguns princípios baseados, sobretudo, no diálogo entre professor e aluno, na valorização das experiências e dos conhecimentos construídos por ele na vida cotidiana. Ele afirma que o professor deve ter um compromisso verdadeiro, que promova uma educação que seja libertária, que propicie o senso crítico dos estudantes, que lhes permitam desenvolver sua autonomia e emancipação. 11 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA Deve-se acentuar as ideias de Paulo Freire sobre educação para que você, futuro professor, perceba que muitas pessoas ainda hoje têm uma concepção de educação bancária, que acreditam que bom aluno é aquele que não se manifesta, que não dialoga, que fica quieto e não “dá trabalho”. Muitos legitimam, inclusive, que o papel da escola não é o de emancipar os estudantes por meio do desenvolvimento de uma cidadania plena, mas de conformá-los, para que aceitem as coisas como são, sem o desejo de transformação do mundo em um lugar melhor e mais justo para todos. Assim, você deve se questionar: qual é a sua concepção de educação? Em sua opinião, qual é a função social da escola? Qual é o papel do professor em sala de aula? Quais são as teorias educacionais nas quais você se apoiará? Saiba mais Para saber mais sobre os princípios pedagógicos defendidos por Paulo Freire, leia a obra indicada a seguir, obrigatória para todo futuro professor: FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 84. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2019. 2 PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS BASILARES 2.1 Levantamento de conhecimentos prévios No dia a dia, todos nós sempre usamos o que já sabemos para nos apropriar de novos conhecimentos, e na escola não é diferente. Um princípio pedagógico extremamente relevante no processo de ensino e aprendizagem refere-se ao levantamento de conhecimentos prévios. Essa expressão visa definir os conhecimentos que os alunos já possuem e dos quais precisarão lançar mão para construir novos saberes. Um dos autores que se deteve sobre essa questão foi Jean Piaget, que em 1920 já tratava das estruturas mentais como condições prévias para que ocorresse o processo de aprendizagem. Contudo, foi David Ausubel, 40 anos depois, que considerou os conhecimentos prévios como essenciais para a construção de novos conhecimentos. Segundo Ausubel, aquilo que o aluno já sabe serve de apoio; nas palavras do autor, serve de “âncora” para o avanço no processo de aquisição de conhecimento. Daí a necessidade de o professor garantir esse princípio em sua prática pedagógica, promovendo momentos específicos para conhecer o que os alunos já sabem a respeito do que pretende ensinar. Ausubel afirmava que o aspecto mais relevante que influencia a aprendizagem é exatamente aquilo que o aluno já sabe. Nessa perspectiva, antes de propor qualquer atividade, é essencial que o professor realize um levantamento daquilo que o estudante já sabe sobre o que pretende ensinar, essa é uma estratégica didática essencial no processo de ensino. Caso o professor não realize tal levantamento, correrá vários riscos: primeiro, de ensinar algo que os alunos já sabem, tornando a aula improdutiva, já que o tempo didático será desperdiçado; em segundo lugar, poderá ensinar algo que, em determinado momento, poderá ser muito complexo para os estudantes, inviabilizando a atividade. Além disso, de acordo com 12 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA Ausubel, a capacidade de o estudante adquirir novos conhecimentos é maior quando os conteúdos são relevantes e fazem sentido e, para isso, o aluno precisa tomar como base aquilo que já sabe. É necessário considerar que o levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos favorece a construção de uma atividade que seja significativa, isto é, que permita aos estudantes ativarem os conhecimentos que já possuem ao mesmo tempo que constroem novos, conforme descrito nos Parâmetros Curriculares Nacionais: Para que uma aprendizagem significativa possa acontecer, é necessário investir em ações que potencializem a disponibilidade do aluno para a aprendizagem, o que se traduz, por exemplo, no empenho em estabelecer relações entre seus conhecimentos prévios sobre um assunto e o que está aprendendo sobre ele (Brasil, 1998, p. 93). Muito provavelmente, se você parar para se lembrar de sua trajetória como aluno, é bem capaz de se recordar de situações nas quais o professor entrava na sala de aula, dava um bom dia e já começava a passar uma lição nova na lousa, sem nenhuma preocupação com o que sabíamos ou não sobre o assunto ou o conceito trabalhado. Durante muito tempo foi assim, contudo, com o avanço dos conhecimentos pedagógicos e também das pesquisas no campo da psicologia da educação, foi possível evidenciar a necessidade de se considerar esse princípio pedagógico. Saiba mais Para conhecer melhor a teoria de David Ausubel leia: SANTOS, J. C. F. Aprendizagem significativa: modalidades de aprendizagem e o papel do professor. Porto Alegre: Mediação,2008. 2.2 Como realizar levantamento de conhecimentos prévios Qualquer que seja a aprendizagem, ela nunca começa do zero, envolve inúmeras etapas por meio das quais os conhecimentos vão gradativamente se ampliando e se tornando mais complexos. Esse processo pauta-se nas relações que vamos aos poucos estabelecendo entre o que já sabemos e os novos conhecimentos. Nessa perspectiva, os conhecimentos prévios compõem um importante princípio pedagógico que precisa sempre ser levado em conta pelos professores, já que repercutem diretamente o processo de aprendizagem. É preciso que o professor nunca subestime seus estudantes, que considere as experiências de vida construídas por eles, suas referências culturais, profissionais, sociais, seus valores e crenças. Para conseguir realizar o levantamento dos conhecimentos prévios de seus estudantes, ele deve, em primeiro lugar, respeitar os saberes dos alunos, precisa ter uma escuta atenciosa, pois ensinar exige respeito aos saberes dos estudantes. A escola deve ponderar os saberes socialmente construídos pelos alunos na prática comunitária. Deve-se discutir com eles a razão de ser de alguns saberes em relação ao ensino dos 13 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA conteúdos, estudando os problemas em questão. É preciso criar intimidade entre os saberes curriculares fundamentais dos alunos e da experiência social que eles têm como indivíduos (Freire, 2010). Todavia, vale a pena considerar que não é possível conhecer o que um estudante já sabe sem praticar uma relação dialógica. Assim, destacamos outro princípio pedagógico importante, que é o diálogo entre professor e estudante, afinal, ele é essencial para uma boa prática pedagógica. Freire sempre defendeu uma educação pautada no diálogo. Segundo o autor: “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo” (Freire, 1987, p. 68). Um bom levantamento de conhecimentos prévios só poderá acontecer de forma verdadeira e produtiva se o professor criar uma relação respeitosa e dialógica com seus estudantes. Para tal, é preciso tornar a sala de aula um espaço acolhedor, estabelecendo com os estudantes um contrato didático pautado no respeito mútuo, na colaboração e na solidariedade. Caso contrário, o aluno poderá entender esses momentos como situações avaliativas, e assim não se sentirá à vontade para expor o que pensa ou o que sabe. Segundo Freire: “Ensinar é uma prática social, uma ação cultural, pois se concretiza na interação entre professores e alunos, refletindo a cultura e os contextos sociais a que pertence” (Freire, 1974, p. 21). Muitas vezes, alguns estudantes, por terem vivenciado alguns percalços em sua vida escolar, chegam à escola pouco confiantes em sua capacidade de aprender, e cabe ao professor legitimar e valorizar os saberes que eles já possuem, suas experiências, seu conhecimento profissional etc. Essa legitimação e valorização só podem ocorrer por meio de uma relação dialógica. O professor deve conhecer o quanto seus estudantes já sabem ou não sobre o que pretende ensinar; esse levantamento deve ser intencional e sistemático em sala de aula, para promover uma prática pedagógica que faça que os alunos acionem os conhecimentos e saberes que já têm, percebendo-se como sujeitos que constroem conhecimentos e que também já possuem saberes. 2.3 A contextualização como princípio pedagógico Toda prática pedagógica, além de dialogar com os saberes dos estudantes, precisa garantir a aproximação deles com os conhecimentos novos e mais complexos. Nesse sentido, é necessário que o professor planeje atividades que façam que os estudantes tenham mais proximidade, por exemplo, com o conhecimento científico. Por isso, o papel do professor é de mediar a relação entre o sujeito e o conhecimento. Um dos princípios pedagógicos que favorece o processo de aprendizagem é a contextualização dos conteúdos que serão ensinados. Contextualizar um conteúdo é torná-lo significativo. Se os estudantes não perceberem que aquilo que o professor deseja ensinar é algo significativo, que vale a pena ser aprendido, dificilmente se mobilizarão para aprendê-lo. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, que incentivaram a aplicação desse princípio pedagógico: Contextualizar o conteúdo que se quer aprendido significa, em primeiro lugar, assumir que todo conhecimento envolve uma relação entre sujeito e objeto [...]. O tratamento contextualizado do conhecimento é o recurso que a escola tem para retirar o aluno da condição de espectador passivo (Brasil, 1998, p. 91). 14 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA Dessa forma, é importante que os estudantes percebam que aquilo que será estudado dialoga com sua vida. Nesse sentido, conforme afirma Ricardo (2003, p. 10-11): “A contextualização visa dar significado ao que se pretende ensinar para o aluno [...], auxilia na problematização dos saberes a ensinar, fazendo com que o aluno sinta a necessidade de adquirir um conhecimento que ainda não tem”. Por isso, as atividades planejadas pelo professor devem sempre partir do levantamento de conhecimentos prévios, que devem ser contextualizados para dialogar com a realidade e as necessidades dos estudantes sempre que possível, só assim eles poderão atribuir sentido àquilo que aprendem. Outra questão importante para garantir o princípio de contextualização na prática pedagógica refere-se à articulação entre teoria e prática. Nessa perspectiva, cabe ao bom professor garantir essa relação por meio do que costumamos chamar de transposição didática. Para tanto, é necessário que ele se aproprie de princípios pedagógicos, como os que já vimos anteriormente: levantamento de conhecimentos prévios, que estabeleça uma relação dialógica, que contextualize os conteúdos que pretende ensinar e que procure sempre articular teoria e prática. Assim, a contextualização dos conteúdos se tornará, segundo Almeida (2007, p. 39), “a arma mais poderosa a favor da transposição didática”. Outro aspecto que pode favorecer o processo de contextualização é a linguagem utilizada pelo professor, uma linguagem que ao mesmo tempo seja acessível e não banalize o que está sendo ensinado, podendo contribuir sobremaneira para que os estudantes percebam de forma mais clara as relações entre o conhecimento científico e o conhecimento de mundo que já possuem; só assim a contextualização pode impedir que o processo de aprendizagem seja algo penoso e sem sentido para os estudantes. 2.4 Princípio da problematização Do ponto de vista metodológico, o princípio pedagógico que você acabou de estudar, a contextualização, estabelece uma relação direta com o princípio que analisaremos a seguir: a problematização. De fato, não é possível problematizar determinado conteúdo sem que ele seja contextualizado. O professor precisa reconhecer que o ato de ensinar não corresponde necessariamente ao de aprender. Como afirmam Weisz e Sanchez (2004, p. 65): O processo de aprendizagem não corresponde necessariamente ao processo de ensino, como tantos imaginam. Ou seja, não existe um processo único de ensino e aprendizagem, como muitas vezes se diz, mas dois processos distintos, o de aprendizagem, desenvolvido pelo aluno, e o de ensino, pelo professor. São dois processos que se comunicam, mas não se confundem. O sujeito do processo do ensino é o professor, enquanto o do processo de aprendizagem é o aluno. Poderíamos, a partir dessa afirmação, ponderar que contextualizar o conhecimento é uma estratégia pedagógica necessária para que os estudantes assumam um papel ativo em seu processo de aprendizagem. Contudo, quando pretendemos despertar nos estudantes o desejo de construir novos 15 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA conhecimentos, é preciso ir além da contextualização, é preciso criar situações que problematizem o conteúdo trabalhado. Como acentuam Weisz e Sanches (2004, p. 44): “Se o professornão estabelece um espaço para que as ideias apareçam, não consegue construir uma verdadeira situação de aprendizagem, pois não permite que se crie um problema sobre o qual depois é preciso se pensar”. A problematização também se constitui como um princípio que visa instigar a curiosidade e o interesse dos estudantes sobre certos conceitos ou temáticas. Ao problematizar determinado conteúdo, eles passam a ter de ativar os conhecimentos que já possuem, exercendo uma espécie de artesanato intelectual que os levam a levantar hipóteses e dúvidas, o que demanda pesquisa, discussões, compartilhamento de informações e opiniões. Quando os estudantes percebem que o conhecimento que irão construir em sala de aula dialoga com seus desejos, necessidades e com sua realidade, eles passam a ter maior interesse, ou seja, sentem-se mais motivados a se mobilizar a aprender. Observação Ao garantir a aplicação do princípio da problematização, o professor, na verdade, assegura momentos em que seus estudantes possam pensar, analisar, estabelecer relações, refletir, construir e checar hipóteses; desse modo, ele permite que os alunos construam conhecimentos por meio da circulação de informação. A construção do conhecimento se dá por meio da problematização, diante de situações novas e desafiadoras; o estudante se defronta com a necessidade de compreender o que não entende ainda, e esse sentimento só irá surgir se ele se deparar com boas situações-problema. O processo de problematização demanda experimentações, criação de hipóteses e verificação, e isso só ocorrerá se a situação de problematização planejada pelo professor for significativa para os alunos, daí a necessidade de ele ter boa noção dos conhecimentos prévios de sua turma. Conforme Bachelard (1977), para a construção do conhecimento científico, é necessário que haja uma questão, pois sem ela não haverá conhecimento efetivamente científico. 2.5 Sistematização na prática pedagógica O professor, ao planejar a sua prática pedagógica, precisa ponderar que o conhecimento de mundo não se divide em disciplinas ou em campos de conhecimento. Nosso conhecimento de mundo não é disciplinar, como em uma matriz curricular, ele é forjado e construído no dia a dia, por isso é “interdisciplinar”. Nenhuma realidade se encaixa em uma disciplina específica, mas é possível percebê-la em várias delas ao mesmo tempo de forma interdisciplinar. Esse aspecto impõe a você o desafio de articular de forma significativa um conjunto amplo de conceitos, fatos e informações. É por essa razão que estamos estudando os princípios pedagógicos que poderão contribuir com a realização de boas situações de aprendizagem e o bom planejamento de intervenções pedagógicas das quais certamente terá de lançar mão ao longo de sua prática docente. 16 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA É nesse contexto que o se insere o princípio da sistematização. Ao planejar sua aula, conforme descrevemos anteriormente, é importante que o professor garanta em sua aula momentos para a realização de: • levantamento de conhecimentos prévios; • contextualização dos conteúdos; • problematização; • interação dialógica. Todavia, o professor também deve garantir espaço para sistematização, por parte dos alunos, dos novos conhecimentos construídos. A sistematização, conforme acentuamos, representa o momento posterior aos demais princípios pedagógicos (levantamento de conhecimentos prévios, contextualização e problematização). Após finalizar a aplicação desses princípios e antes de se propor uma avaliação, cabe ao professor garantir um momento para verificar se suas intervenções pedagógicas, as atividades propostas e as explanações realizadas foram suficientes para que os alunos avancem no conhecimento específico trabalhado em sala de aula. No modelo de educação bancária, criticado por Freire e sobre o qual já nos detivemos neste livro-texto, o professor, em geral, não se atém a nenhum destes princípios pedagógicos, sobretudo a sistematização. A garantia desse princípio dependerá do nível de comprometimento que o professor tem com a aprendizagem de seus estudantes. 2.6 A diversidade na sala de aula: um aspecto a considerar No mundo muitas vezes tido como “ideal”, as salas de aula seriam compostas de alunos homogêneos, estudantes com os mesmos interesses, com conhecimentos prévios similares e, também, com as mesmas experiências, valores e crenças. Um professor deve saber que o seu tempo é o agora, deve levar em conta que todo conhecimento é sempre inacabado, as transformações ocorrem todo o tempo; por conseguinte, o seu fazer pedagógico também precisa se transformar, aprimorando-se constantemente. Cabe ao futuro professor, com base nos princípios pedagógicos, planejar seu trabalho pedagógico pautando-se nesse contexto atual. Assim, é preciso lembrar que o mundo é variado e que os estudantes são heterogêneos, têm diferentes saberes, expectativas, desejos, experiências de vida, conhecimentos, perspectivas e opiniões. Entretanto, todas essas diferenças não devem ser entendidas como um entrave ou um impedimento ao processo de aprendizagem; ao contrário, elas devem ser colocadas a favor desse processo. Logo, é preciso realizar intervenções nesse panorama diversificado, o que é, na realidade, muito salutar do ponto de vista pedagógico. Além disso, embora haja divergências, também existem muitas similitudes. 17 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA Deve-se realizar intervenções pedagógicas nesse panorama diversificado, o que é inclusive muito salutar do ponto de vista pedagógico. Como afirmam Weisz e Sanchez (2004, p. 72): “quando o professor proporciona situações de intercâmbio e colaboração na sala de aula, os alunos podem trocar informações entre si, discutir de maneira produtiva e solidária e aprender uns com os outros”. Certamente você assumirá turmas com alunos, por exemplo, com idades diferentes, quer dizer, com uma grande diversidade etária, e isso não deve ser um problema, mas uma oportunidade de novas e variadas aprendizagens. André (1999) corrobora com essa discussão ao relembrar que: Um aspecto que se destaca na sala de aula é a constante interação entre professores e alunos, bem como dos alunos entre si. Mas há um terceiro elemento nesta relação, que medeia e orienta estas interações entre os parceiros: o conhecimento. É o compromisso com o saber e o ensinar que perpassa a trama de comunicações que se estabelece nessa sala de aula (André, 1999, p. 89). Compartilhar toda essa experiência é essencial, haja vista que os estudantes com mais idade podem ensinar muitas coisas aos alunos mais jovens. Do mesmo modo, os mais jovens compartilham seus saberes, por exemplo, no campo das novas tecnologias. A partir desse panorama, é necessário promover de forma intencional e bem planejada a implementação dos princípios pedagógicos aqui apresentados em sala de aula, a fim de garantirmos uma educação que desenvolva a autonomia dos estudantes, bem como uma cidadania plena, em prol de uma sociedade mais igualitária e justa para todos. Permitir e incentivar que os estudantes aprendam também uns com os outros faz parte da ação docente, afinal, como afirma Dubet (2008, p. 15), “a construção de uma escola mais justa exige alguma liberdade intelectual”. Todavia, vale a pena lembrar que não existe autonomia sem conhecimento, sem articulação entre o teórico e o prático, sem uma relação verdadeiramente dialógica e democrática. Saiba mais Para saber mais sobre a pedagogia das diferenças, leia o livro indicado a seguir: SKLIAR, C. Pedagogia (improvável) da diferença: e se o outro não estivesse aí? São Paulo: DP&A, 2003. Para entender melhor sobre educação e justiça, leia: DUBET, F. O que é uma escola justa? A escola das oportunidades. Tradução: Ione Ribeiro Valle. São Paulo: Cortez, 2008. 18 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA 3 GESTÃO DO TEMPO EM SALA DE AULA A organização dotrabalho pedagógico em sala de aula não é uma atividade fácil, tal organização não acontecerá sem um planejamento prévio, ou seja, a atividade docente não se pauta em improvisos. É necessário que o professor tenha sempre muita clareza de seus objetivos e das atividades que o ajudarão a alcançá-los, bem como dos conhecimentos prévios de sua turma. Nesse sentido, a apropriação dos princípios pedagógicos já discutidos pode favorecer sobremaneira o professor a explorar bem o tempo em sala de aula, promovendo atividades que sejam significativas e que possam fazer sentido para os alunos. Planejar bem a gestão do tempo é essencial para que os estudantes se sintam motivados, para que a aula não se torne algo entediante. A educadora argentina Délia Lerner, em seu livro Ler e escrever na unidade escolar: o real, o possível e o necessário, apresenta um conceito criado por ela e denominado como modalidades organizativas. Esse conceito tem como objetivo favorecer ao professor a gestão do tempo em sala de aula. Conforme afirma a autora, a distribuição do tempo é condição essencial a todo trabalho pedagógico e não se reduz à divisão dos horários (Lerner, 2002). E ela continua: Quando se opta por apresentar os objetos de estudo em toda a sua complexidade e por reconhecer que a aprendizagem progride através de sucessivas reorganizações do conhecimento, o problema da distribuição do tempo deixa de ser quantitativo: não se trata somente de aumentar o tempo ou de reduzir os conteúdos, trata-se de produzir uma mudança qualitativa na utilização do tempo didático (Lerner, 2002, p. 87). A mudança de qualidade à qual Lerner se refere apoia-se principalmente na clareza do professor sobre o que pretende ensinar e no que os seus alunos já sabem sobre esse conteúdo ou tema. Nesse sentido, não é possível desenvolver um bom planejamento antes de conhecer bem os estudantes, em especial, para poder investir constantemente na mediação entre os objetos do saber que tem a ensinar e dos estudantes que precisam aprender. Um professor que se paute nos princípios pedagógicos que estamos discutindo tem de se esforçar constantemente para organizar didaticamente seu trabalho pedagógico. Um desses esforços é o de planejar melhor o uso do tempo em sala de aula; nesse sentido, o professor deve manter o foco, sem perder de vista os objetivos que pretende atingir, sem deixar que as atividades que serão ministradas nesse percurso educativo sejam consideradas de modo isolado. A esse respeito, um aspecto importante refere-se ao foco do professor. Muitas vezes, diante do conteúdo ou tema que pretende desenvolver em sala de aula, ele planeja o que será proposto aos estudantes, mas não planifica as intervenções pedagógicas que fará durante a atividade, assim, perde a oportunidade de dialogar com os estudantes, de compreender suas dúvidas, de perceber os avanços conquistados pelos seus estudantes, entre outras informações valiosíssimas para toda prática pedagógica e para a realização de boas intervenções pedagógicas. 19 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA Dessa forma, no lugar de centrar toda sua energia somente na procura de “boas atividades” ou dinâmicas a serem propostas aos alunos, é preciso ter foco nas intervenções pedagógicas que terá de fazer a partir daquilo que os estudantes já sabem. Assim, a organização do trabalho pedagógico deve estar submetida ao objetivo pedagógico. Além disso, todo professor deve ter em mente que diferentes conteúdos se aprendem de diferentes formas; alguns podem ser aprendidos mais rapidamente, contudo, outros saberes demandam tempo para serem construídos, por exemplo, o tempo que levamos para ensinar uma criança, jovem ou adulto a ler e a escrever não será o mesmo para fazê-los desenvolver a competência leitora e escritora. Por isso, Délia Lerner (2002) nos indica a importância de conhecermos as modalidades organizativas que apresentaremos a seguir, pois elas podem fazer que professor administre bem o tempo de seu trabalho pedagógico em sala de aula. As modalidades organizativas favorecem a criação de contextos nos quais a aprendizagem ganha sentido. Elas também contribuem para a gestão do tempo em sala de aula. Seus diversos aspectos se articulam ao se orientar para a realização de um propósito. Agora você conhecerá cada uma dessas modalidades. 3.1 Atividades permanentes São aquelas que acontecem com regularidade e que demandam a construção de conhecimentos que só serão construídos a longo prazo. Elas são denominadas atividades permanentes não porque devem ocorrer em todas as aulas necessariamente, mas porque são desenvolvidas sistematicamente no decorrer de todo o período letivo. Por exemplo, para ensinar os alunos a resolver situações-problemas em aula de matemática, é essencial que os estudantes realizem essa atividade permanentemente, haja vista que os problemas vão se tornando gradativamente mais complexos, envolvendo novos conceitos. Se o professor quiser que seus alunos desenvolvam tal competência, terá de investir muito em atividades que exijam habilidades relativas à resolução de situações-problemas, ou seja, deverá pensar em tais atividades permanentemente. Portanto, em primeiro lugar, você precisa ter clareza de quais conteúdos demandarão um longo tempo de investimento para serem apreendidos pelos estudantes. A modalidade de atividade permanente visa às aprendizagens que só serão construídas com investimento de médio e longo prazo. Por exemplo, na formação da competência leitora, um aluno só se tornará um leitor competente, com fluência leitora e grande capacidade de interpretação de diferentes gêneros textuais, se seus professores, ao longo de todo o Ensino Fundamental e Médio, investirem fortemente nas habilidades e no desenvolvimento das estratégias de leitura que precisam ser desenvolvidas para que se atinja tal competência. Assim, não adianta apenas afirmar que ler é importante, que o aluno deve ler, os docentes precisam tornar a leitura uma atividade permanente em sala de aula. Professores de diferentes disciplinas (língua portuguesa, geografia, ciências, arte, matemática e história) deverão também propor boas situações de aprendizagem da leitura, até porque precisam modelizar o comportamento leitor, já que nenhuma disciplina poderá ser apreendida sem que o aluno realize leituras diversas. 20 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA 3.2 Projetos Os projetos são outra modalidade organizativa citada por Lerner (2002). Segundo a autora, há dois bons motivos para se trabalhar com eles em sala de aula: • para contextualizar os conteúdos que serão ensinados; • para que os estudantes percebam que o esforço de estudar vale a pena, já que o produto final do projeto sempre é exposto e compartilhado para além da sala de aula. A partir dessas duas premissas da autora, caberá ao professor definir, entre os conteúdos que terá de desenvolver em aula durante determinado período letivo, quais poderiam ser trabalhados por meio de projetos. Inicialmente, um bom projeto pedagógico deve envolver e motivar os estudantes, daí a necessidade de o professor compartilhar com alunos algumas decisões sobre o projeto que será desenvolvido, assim, garante-se que eles compreendam bem o objetivo do projeto, suas etapas e o cronograma previsto para as atividades. Quanto mais participação dos estudantes houver no processo de decisão sobre o projeto que será elaborado, maior a chance de ele ajudar os alunos a avançar em suas aprendizagens. Em segundo lugar, todo projeto deve ser bem planejado e conter uma sequência de atividades bem estruturadas que culmine com o projeto final. Também é relevante salientar que todo projeto deve prever um produto final, como uma exposição, um seminário, uma feira científica, um sarau ou outra ação educativa que possa dar visibilidade a aprendizagens e conhecimentos que foram construídos pelos alunos durante sua elaboração. 4 SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS EM FOCO 4.1 Sequênciasdidáticas Segundo Lerner (2002), elas devem ser compreendidas como um conjunto de atividades articuladas, quer dizer, desencadeadas a partir de uma ordenação lógica. Geralmente, a sequência didática tem duração mais curta, o que permite ao professor trabalhar diferentes sequências didáticas no decorrer de um ano letivo. O planejamento de uma boa sequência didática deve promover atividades com graus diferenciados e crescentes de complexidade, que permitam ao professor acompanhar o desenvolvimento do estudante e realizar as intervenções pedagógicas necessárias para que ninguém pare pelo caminho. O professor, ao observar qualquer dificuldade de seu estudante em relação ao conteúdo ensinado, deve intervir o quanto antes, não permitindo que essa dificuldade perdure por muito tempo; mas isso só será possível se ele tiver uma boa interação com os estudantes, fazendo-os se sentir à vontade para expressar suas dúvidas e hipóteses, ou seja, o professor precisa garantir uma relação dialógica, permeada de afetos positivos com sua turma. 21 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA As sequências didáticas, quando bem aplicadas, podem contribuir muito para o alcance de diferentes objetivos didáticos de qualquer que seja a disciplina. 4.2 Situações ocasionais É muito comum que após o planejamento inicial, no decorrer do semestre, o professor descubra outras atividades, textos e/ou exercícios que considere pertinente oferecer à sua turma. Mesmo quando essa nova atividade não tiver uma relação direta com o trabalho que estiver sendo realizado, nada impede que ele compartilhe tal descoberta. Lerner (2002, p. 90) ressalta que “não teria sentido nem renunciar a ler os textos em questão porque não têm relação com o que está se fazendo, nem inventar uma relação inexistente”. Por esse motivo, o professor não deve encarar seu planejamento inicial como uma camisa de força, ele deve ser flexível, não deve engessar o professor, sobretudo porque cabe a ele, durante o semestre, ir avaliando o rendimento de seus alunos, assim como sua própria prática pedagógica; muitas vezes, é necessário repensar algumas decisões e redirecionar o trabalho para prosseguir com boas situações de aprendizagem. As modalidades organizativas apresentadas aqui foram explicitadas uma a uma por motivo didático, porém elas não existem isoladamente. Podemos desenvolver uma sequência didática da qual fazem parte atividades permanentes, ou podemos desenvolver atividades permanentes previstas em nossa rotina e ali inserir uma ocasional. O projeto didático, por exemplo, pauta-se em uma sequência didática, contudo prevê um produto final, que não é definido nas sequencias didáticas. As modalidades organizativas que você acabou de estudar objetivam uma boa gestão do tempo e demandam a implementação dos princípios pedagógicos já discutidos para que seja possível apresentar aos estudantes uma boa situação de aprendizagem. 4.3 Práticas pedagógicas e gestão do tempo em sala de aula: algumas considerações Para iniciar este tópico, observe o poema a seguir, de Mirian Celeste Martins. Destaque Intervenções do professor no caminho da aprendizagem significativa No lugar de um texto didático, explicativo, objetivo, eu queria escrever uma poesia... Uma poesia com palavras simples, como o mel... Uma poesia para ser lida, não pelas rimas ou pelas sintaxes perfeitas, como as líamos nos nossos exercícios escolares... 22 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA – Rasguem a introdução do livro de poesia! Disse um ser humano, também professor em Sociedade dos Poetas Mortos. Eu queria ser capaz de escrever uma poesia... que brincasse com as palavras e com elas inventasse ideias novas ideias... na cabeça de quem lê... hoje, amanhã, e de muito depois... Eu queria ser capaz de escrever uma poesia... que transformasse cada letra em gotas de chuva molhadas de sensibilidade... carregadas de sensações... e como nuvem cor de rosa de céu ensolarado entrassem pelos olhos e, num momento mágico, devagarinho, despertando campos floridos, por todos os sentidos... caíssem como orvalho... Eu queria ser capaz de escrever uma poesia... que transformasse cada significante em estrelas de sonho brilhantes pela imaginação... coloridas pela memória... e, como massa estelar, via láctea simbólica, em céu estrelado entrassem também pelos olhos e, num momento mágico, devagarinho, despertassem o sono..., e se transformassem em novas significações... um jeito novo de ver o velho... Gotas de chuva, estrelas de sonho, entrem por favor nestes olhos que leem, nestes ouvidos que me escutam... convidem este ser humano a ser mais humano, 23 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA a redescobrir sua sensibilidade, a resgatar sua imaginação e seus sonhos, a perceber por todos os seus poros, por todos os sentidos... E depois, por trás destes olhos mais sensíveis Iluminem este ser humano, também professor, É só com este olhar, enriquecido, revigorado, que ele pode pensar em intervenções junto a outro ser humano, aluno-criança, aluno-adolescente, aluno-adulto... Eu queria ter escrito uma poesia... Fonte: Martins (1996, p. 19-20). Mirian Celeste Martins (1996), de forma poética, nos leva a refletir sobre o papel do professor no processo de ensino e aprendizagem. Com seus olhos sensíveis, a educadora busca tornar significativo o conhecimento para a criança ou para o adolescente. Por sua atitude, entendida como uma mediação, ela coloca-se como uma facilitadora da aprendizagem e fica à disposição para ser um elo entre o aluno e a sua aprendizagem. Uma questão fundamental que precisamos considerar é a forma como o professor se apresenta e aborda os conteúdos ou temas trabalhados em sala de aula, lançando mão dos princípios pedagógicos aqui tratados. É a partir dessa atitude que o aluno vai se organizar, refletir, relacionar, coletar, manipular, debater e discutir criticamente com seus colegas e demais atores da instituição até chegar a produzir o conhecimento que foi por ele vivenciado, compreendido e que, por fim, se tornou algo significativo, incorporado à sua memória e à sua vida. Ao agir como mediador, o professor faz perguntas, propõe desafios, dá devolutivas aos questionamentos dos alunos e às suas produções, problematiza o conteúdo com o objetivo de fazer o aluno pensar, estimulando o diálogo e a participação. É com esse olhar sensível que o professor deveria elaborar suas aulas, indo além do que ensinar, mas pensando em como ensinar, criando elos entre os conteúdos, incluindo o aluno no processo, atendendo a suas expectativas, ampliando com os laços entre os alunos, professores, o conhecimento e a realidade. Nesse sentido, as situações do cotidiano precisam ser problematizadas, provocadas, promovendo desequilíbrios e incertezas num movimento contínuo, permitindo o desenvolvimento e a consequente aprendizagem. 24 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA Para tanto, é preciso conhecer nosso aluno, ter olhos que leem, ouvidos que escutam, humanizando a relação como bem poetiza Martins (1996). Deve-se olhar esse aprendiz como um sujeito de seu tempo, alguém com uma identidade construída, num espaço geográfico como um ser humano capaz de construir sua cidadania. Essa compreensão deixa claro que o aluno já tem saberes, advindos de sua história e cultura, portanto o conhecimento escolar não é o único conhecimento envolvido nesse processo de aprendizagem. Esses conhecimentos prévios ou frutos de sua vivência o ajudam a obter novos saberes. Desse modo, uma aprendizagem significativa vai depender da quantidade e da riqueza de relações que o aluno for capaz de fazer por meio dos conhecimentos prévios com os conhecimentos que irá adquirir e com inúmeras informações presentes no mundo, dando-lhe ponto de partida para novas conexões que vão se compondo novos patamares de saberes. Quando se compreende esse movimento, as situações didáticas tornam-se decisões importantesna vida profissional de um educador. Que princípios estão por trás de uma prática crítica, criativa, significativa e duradoura? Hoje a prática pedagógica enfrenta grandes desafios e imprevisibilidades, mas não podemos perder de vista o papel mediador do professor no processo de ensino e aprendizagem ao organizar sua aula, encarada como um momento de encontro, de troca de saberes e não saberes, como afirma Madalena Freire (2008). Sabemos que educar não é tarefa fácil, requer um profissional que compreenda as mudanças do mundo e consiga dar “o pulo do gato”, atuando com autoria e autonomia a partir de práticas diversificadas. Saber o que, como, para que e a quem ensinar, sem perder de vista o diálogo entre professor e aluno, promovendo uma metodologia dialógica, despertando no aluno a vontade de aprender. 5 ESTUDAR: COMO SE APRENDE? Se avaliarmos de que forma aprendemos a estudar, com algumas exceções, em geral ninguém se lembrará de aulas em que o estudo em si fosse tratado como conteúdo de ensino, ou seja, aulas em que o professor ensinou deliberadamente seus alunos sobre como se aprende a estudar. Geralmente, os professores solicitavam, alguns até mesmo mandavam, que fizéssemos um resumo, uma resenha, um fichamento, um esquema ou um mapa conceitual, mas nunca nos ensinavam especificamente tais técnicas ou como é que se fazia qualquer um desses procedimentos de estudo. Dessa forma, sempre tínhamos de realizar tais tarefas, que faziam parte dos registros das “lições de casa”, das atividades passadas na lousa ou aquelas contidas nos livros didáticos, sem a orientação necessária, sem qualquer modelo preliminar e em geral sem a intervenção didática do professor. Muitas vezes, fazia-se tudo na base do “erro e acerto”. Normalmente, por desconhecimento, os resumos mais se pareciam com uma colcha de retalhos, copiava-se um parágrafo e pulava-se outro, pois o procedimento de ensino era desconhecido e nunca havia qualquer devolutiva a respeito. Essa luta é mais do que justa e necessária, principalmente aos alunos da rede pública, para disputarem em pé de igualdade com os estudantes da rede privada. 25 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA A aprendizagem desses e outros procedimentos de estudo era entendida como uma espécie de dom, e muitas vezes acabava sendo naturalizada, reforçando a crença de que alguns já nasceram sabendo e outros nunca aprenderão. É comum ouvirmos muitos professores se queixando de seus estudantes com afirmações como: “Esses alunos não querem estudar”; “Não se esforçam para estudar”; “Não sabem fazer uma pesquisa”; “Não conseguem fazer um fichamento”; “Esses alunos são preguiçosos, não estão nem aí com o estudo”. Entretanto, antes de partirmos para tais afirmações, precisamos considerar um quesito essencial nesse panorama e nos questionar: nossos alunos sabem estudar? Será que o ato de estudar foi sistematicamente ensinado pela escola? Será que lhes oferecemos repertório suficiente para que tivessem autonomia de estudo? Observação Este livro-texto não pretende desqualificar as reclamações dos professores, porém é preciso investigar melhor o fato, já que o objetivo é problematizar o modo como as orientações de estudo têm acontecido na escola, caso contrário continuaremos cobrando algo dos alunos que na verdade nunca lhes foi ensinado. Lembrete Se queremos desenvolver alunos autônomos e emancipados, um dos primeiros passos é ensiná-los a estudar, haja vista ser uma condição fundamental para o desenvolvimento da cidadania plena. 5.1 Afinal, o que são procedimentos de estudo? Quando realizamos uma leitura, na verdade usamos inúmeras estratégias de leitura, do mesmo modo quando lemos para estudar e fazer uma prova. Conforme nos aponta Myriam Nemirovski (2002), a leitura une dois lados de um caminho em que se estuda para ler e se lê para estudar. Cabe a você considerar não apenas os conteúdos específicos das matérias que terá de lecionar, é necessário ajudar o estudante a se apropriar de diferentes procedimentos de estudos. Contribuir para o desenvolvimento de hábito de estudo pressupõe, além do ensino de práticas de leitura e de escrita competentes, o planejamento de boas situações de aprendizagem, que permitam aos alunos aprenderem de diversas formas para terem condições plenas de encontrar informações principais em um texto de acordo com os objetivos de leitura propostos, identificar os dados mais relevantes, os menos relevantes e conseguir resumi-los, produzir vários registros a partir das leituras realizadas no decorrer de uma pesquisa, fazer um fichamento, dizer de forma clara e objetiva o que entendeu de um seminário, uma palestra ou uma aula, ser capaz de se sair bem em um debate etc. 26 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA Deve-se ter plena consciência de que essa aprendizagem não ocorrerá naturalmente, ou seja, para que seu aluno aprenda a estudar, você terá que planejar atividades permanentes que envolvam essas situações de ensino. O ato do estudo engloba diferentes práticas de linguagem que precisam ser desenvolvidas também como conteúdo de ensino, e é aqui que se instaura o objetivo central da atividade de orientação de estudo. 5.2 Como ensinar a estudar? Um trabalho pedagógico voltado para a orientação de estudo deve levar em conta sua especificidade, que é garantir momentos específicos para que o ato de ensinar a estudar seja o foco nas práticas pedagógicas empreendidas. Em primeiro lugar, deve-se saber exatamente quais são os objetivos dessa ação educativa e, a partir delas, planejar previamente quais os procedimentos que serão trabalhados em cada bimestre do ano letivo. Afinal, existem diferentes formas e jeitos de se estudar, mas o aluno só terá condições de escolher o modo de sua preferência se ele conhecer várias formas. Aprender a realizar diferentes procedimentos de estudo é algo que repercutirá positivamente em toda a trajetória escolar do estudante, inclusive fora dela. Cada disciplina ou campo de conhecimento utiliza diferentes procedimentos de estudo, por exemplo, em língua portuguesa pode-se usar mais resenhas do que em matemática; em compensação, gráficos e esquemas podem ser mais úteis em matemática do que em história. De qualquer forma, o que se deseja salientar é que o ensino dos procedimentos de estudo será aplicado pelos estudantes em todas as áreas, por isso seu ensino deve ser entendido como compromisso de todas elas. Quando garantimos aos estudantes terem a chance de aprender a estudar, lançando mão de diferentes procedimentos e estratégias, possibilitamos que aos poucos eles também desenvolvam o hábito e o gosto pelo ato de estudar. Ensinar o aluno a estudar deve ser um objetivo compartilhado com toda a equipe escolar, todos os professores e coordenadores pedagógicos devem compartilhar tal ação, assim, será muito mais fácil alcançar bons resultados nessa dinâmica educativa tão importante, que só logrará êxito se for desenvolvida como atividade permanente em sala de aula por todos os docentes. 6 ORIENTAÇÃO DE ESTUDO E OS SEUS PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS 6.1 Grifar É um procedimento básico e bem comum na esfera escolar e fora dela também. Quando estamos lendo para estudar, grifar é uma das ações mais recorrentes. Todavia, é preciso que o professor evite incorrer em erros muito comuns no uso desse procedimento, como solicitar aos alunos de forma genérica que grifem o que for mais importante. Ao fazer tal pedido, o docente terá de aceitar qualquer grifo, afinal, o que pode ser mais importante para João não é necessariamente igual para Maria, tornando-se algo subjetivo. 27 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA Ao solicitar uma atividade utilizando o procedimento de grifo, primeiro o professor deve estabelecer qual é o objetivo da leitura, ou seja, precisa definir qual informação os estudantes devem localizar para grifar no referido texto, já que eles precisam saber claramente a intencionalidadeda leitura proposta. 6.2 Anotar Também é um procedimento de estudo importante, pois ajuda a identificar os trechos principais em determinado texto. Ao anotar, deixamos um registro que certamente facilitará o momento de releitura do texto. Para que as anotações sejam variadas, os alunos podem fazê-las de diferentes formas, por meio de palavras-chave ou por frases que sintetizem a ideia principal contida naquele parágrafo específico. É essencial oferecer atividades em que tanto os grifos quanto as anotações sejam realizadas e comparadas depois entre os estudantes, assim eles poderão aprimorar cada vez mais tais procedimentos. 7 A ARTE DE SINTETIZAR 7.1 Resumo É um dos procedimentos de estudo mais utilizados na esfera escolar, mas infelizmente ele não costuma ser bem produzido. Em geral, por não terem aprendido como se faz, os alunos acabam copiando algumas partes do texto e pulando outras, fazendo um verdadeiro patchwork com o texto original que deveria ter sido resumido. Ao final, o texto resumido fica incompreensível, sem coesão e coerência alguma, tornando-se inútil. O resumo sempre tem como objetivo sintetizar o texto original sem perder as informações essenciais. Você deve ficar bem atento para algumas atividades comuns, mas que na verdade pouco contribuem para a aprendizagem dos alunos. Por exemplo, algumas vezes o professor, perto da prova, para contribuir com os estudantes, acaba trazendo um resumo pronto para que eles estudem para a avaliação. Contudo, essa atitude está na contramão do ensino de procedimentos de estudo. Afinal, o aluno que aprende a fazer um bom resumo, ao concluir tal produção, não precisa mais estudar o resumo, pois a própria ação de resumir já foi um bom ato de estudo. Lembrete Resumir é um modo muito eficaz de estudar em profundidade, mas aprender a resumir não é algo que vai ocorrer da noite para o dia, por isso ensinar os procedimentos de estudo deve ser uma atividade permanente em sala de aula e que deve ir se tornando cada vez mais complexa a cada ano. 28 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA 7.2 Relatório Trata-se de um procedimento de estudo muito útil e comumente solicitado, tanto na escola quanto fora dela. Produzir um relatório demanda o ensino de uma escrita objetiva, clara e bem sintética. A área científica, por exemplo, usa muito esse recurso. Para aprender a escrever bons relatórios, é preciso desenvolver duas competências essenciais: a capacidade de observação e a competência escritora. Não é possível fazer um bom relatório sem desenvolver tais habilidades. É fundamental que os alunos aprendam a fazer relatórios a partir das observações e das leituras realizadas. Os tipos de relatórios podem variar dependendo dos objetivos, ou seja, um relatório de observação de uma experiência científica não será semelhante ao de observação de um estudo do meio ou de uma visita a uma exposição artística. Sabendo disso, devemos considerar a necessidade de planejar intervenções pedagógicas que orientem os alunos a produzir diferentes tipos de relatórios. Eles podem ser elaborados individualmente ou em grupo, por exemplo, ao término de uma pesquisa. O final de um percurso de planejamento, organização, produção e divulgação de uma pesquisa pode culminar com um seminário ou palestra. Pode ser feita, inclusive, uma autoavaliação, inserindo em suas produções um espaço para registro das aprendizagens que foram construídas ao longo do trabalho efetuado. Desse modo, é necessário planejar o ensino desses e de outros procedimentos de estudo de forma interdisciplinar, lançando mão de textos de diferentes disciplinas, sobretudo os textos científicos, analisando previamente qual o procedimento mais adequado a cada área do conhecimento. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS As orientações deste livro-texto são sugestões que visam à realização de intervenções pedagógicas que possibilitem aos seus futuros estudantes aprender a estudar de forma autônoma. Todavia, lembre-se de que outros procedimentos também fazem parte da modalidade de ler para estudar, como fichamentos, resenhas, sinopses, listas, gráficos, tabelas e mapas conceituais. Ninguém é capaz de oferecer o que não tem. Por isso, se você ainda tem alguma dificuldade nos conteúdos aqui expostos ou em referências teóricas citadas nesta obra, saiba que é preciso continuar investindo em sua formação para se tornar um professor que faça a diferença por onde passar. Bom trabalho! 29 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA Resumo Apresentamos e analisamos os princípios pedagógicos que embasam e favorecem o processo de aprendizagem e o desenvolvimento dos estudantes em sala de aula. Para tanto, propusemos a reflexão sobre o trabalho docente a partir da discussão de práticas de ensino que ampliem o conhecimento didático, possibilitando a proposição de intervenções pedagógicas que aprimorem o processo de aprendizagem e elevem o grau de autonomia de todos os estudantes. Os textos acentuados promoveram a análise de um conjunto de princípios e de atividades essenciais às práticas de ensino, aderentes a todos os campos de conhecimento. A finalidade é levá-lo a compreender as diferentes dimensões que envolvem o trabalho didático-pedagógico em sala de aula. Nesse contexto, estudamos as modalidades organizativas como alternativa para a gestão do tempo em sala de aula. Também discutimos a importância da orientação e dos procedimentos de estudo e pesquisa para o efetivo amadurecimento dos alunos em termos de aquisição do conhecimento e de aprofundamento da capacidade crítico-reflexiva. 30 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA Exercícios Questão 1. Leia o texto a seguir. Teorias da educação: Paulo Freire – “Educação Bancária” Figura 1 Paulo Freire, em seu livro Pedagogia do oprimido, cunhou os termos educação bancária e educação libertadora. O autor fez isso com o intuito de contrapor duas diferentes formas de enxergar os estudantes, optando pela última. Mas o que significam tais termos? O que dizem sobre a forma de educar em nosso país? O que é educação bancária? Diferentemente do que pode parecer, o termo não se refere ao ensino de pessoas que trabalham em bancos. O termo “bancária”, nesse sentido, refere-se ao ato de depositar materiais (no caso, o conhecimento) em recipientes. Segundo Paulo Freire, a educação bancária é “um ato de depositar, em que os educandos são os depositários, e o educador, o depositante”. Portanto, podemos dizer que a educação bancária privilegia a transmissão de conhecimento, sem preocupar-se com a sua retenção. [...] Para entender melhor, podemos enxergar os exemplos a seguir. O que caracteriza a educação bancária, como vimos, é o ato de depositar conhecimento em um aluno, como se ele fosse um mero receptáculo. 31 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA É assim quando os professores utilizam o método da “decoreba”: apenas mandam os alunos copiarem o que está no quadro e decorar para a prova. Trata-se não apenas de um método de ensino, mas de uma forma de enxergar os alunos. Foi a partir dessa problematização do ensino tradicional que Paulo Freire propôs uma “educação libertadora”. Disponível em: https://shre.ink/UsaW. Acesso em: 7 nov. 2023. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as asserções e a relação proposta entre elas. I – Paulo Freire, em Pedagogia do oprimido, cunhou o termo “educação bancária” para fazer uma crítica ao que comumente chamamos de modelo tradicional de ensino. porque II – Nesse modelo tradicional de ensino, para Paulo Freire, a educação é reduzida ao ato de depositar, transmitir e transferir valores e conhecimentos, analogamente ao que é feito em operações bancárias. Assinale a alternativa correta. A) As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II justifica a I. B) As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II não justifica a I. C) A asserção I é verdadeira, e a asserção II é falsa. D)A asserção I é falsa, e a asserção II é verdadeira. E) As asserções I e II são falsas. Resposta correta: alternativa A. Análise da questão No texto, é dito que o termo “bancária”, em “educação bancária”, refere-se ao ato de depositar materiais (no caso, o conhecimento) em recipientes, em uma analogia aos depósitos feitos em instituições financeiras. Segundo Paulo Freire, a educação bancária é “um ato de depositar, em que os educandos são os depositários, e o educador, o depositante”. Além disso, vimos no livro-texto que, no modelo de educação bancária, criticado por Paulo Freire, o papel do professor seria o de transmissor de conhecimento: o docente seria o dono do saber e, ao aluno, caberia agir de forma submissa para aprender. Para o autor, a “educação bancária” é um modelo de ensino falso, que não permite verdadeiramente que os estudantes se apropriem do 32 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA conhecimento construído pela humanidade ao longo de sua trajetória histórica, sobretudo porque não leva em conta a criatividade nem os saberes que os alunos já têm, serve apenas para torná-los passivos e alienados. Questão 2. O psicólogo da educação norte-americano David Paul Ausubel (1908-2008) afirmou que os conhecimentos prévios são essenciais para a construção de novos conhecimentos. Figura 2 – David Paul Ausubel Disponível em: https://shre.ink/Usmz. Acesso em: 7 nov. 2023. Em relação à importância de o professor considerar os conhecimentos prévios dos alunos e ao pensamento de Ausubel, avalie as asserções e a relação proposta entre elas. I – O professor deve garantir, em sua prática pedagógica, a existência de momentos para conhecer o que os alunos já sabem a respeito do que pretende ensinar. porque II – Segundo Ausubel, aquilo que o aluno já sabe serve de apoio (ou de “âncora”) para o avanço no processo de aquisição de conhecimento. 33 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA Assinale a alternativa correta. A) As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II justifica a I. B) As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II não justifica a I. C) A asserção I é verdadeira, e a asserção II é falsa. D) A asserção I é falsa, e a asserção II é verdadeira. E) As asserções I e II são falsas. Resposta correta: alternativa A. Análise da questão A resposta à questão pode ser justificada pela leitura do texto a seguir. Ausubel acredita que a capacidade de adquirir novas ideias e conhecimentos é maior quando os conteúdos são relevantes e fazem sentido para quem está aprendendo, ou seja, quando o estudante consegue basear-se naquilo que já sabe. De acordo com David Ausubel, “se eu tivesse de reduzir toda a psicologia educacional a um único princípio, diria isto: o fator singular mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já conhece. Descubra o que ele sabe e baseie nisso os seus ensinamentos”. Segundo sua teoria, sempre que uma criança se depara com um conteúdo novo, ela opera uma reconfiguração, ou reelaboração, de suas estruturas mentais já existentes, tornando-as mais complexas. Ausubel defende que nosso conhecimento é formado por estruturas organizadas e hierarquizadas. Essa estrutura é continuamente expandida e modificada à medida que novos conceitos e ideias são assimilados. A aprendizagem começa, então, com a observação de eventos e sua posterior localização nessas estruturas de forma relevante, coerente e lógica. Nesse processo, o conhecimento preexistente, chamado por Ausubel de conhecimento prévio, ganha novos significados e se expande, havendo a ancoragem do novo saber na estrutura cognitiva do aprendiz. Para Ausubel, a aprendizagem trata da expansão e da modificação de um conhecimento já existente. Portanto, novas ideias só podem ser realmente adquiridas quando existe uma conexão com âncoras conceituais já existentes. São essas âncoras que dão sentido e significado ao novo conteúdo, construindo uma aprendizagem significativa. Quanto mais conexões puderem ser estabelecidas com o saber preexistente, mais profundo e consolidado será o novo conhecimento. Dessa forma, o ensino e a aprendizagem devem ser guiados com base no conhecimento prévio da criança, considerando suas experiências de vida, bem como seus interesses pessoais e opiniões sobre o tema. Assim, busca-se contextualizar os saberes existentes em relação aos novos saberes. [...] Disponível em: https://shre.ink/UsJc. Acesso em: 8 out. 2023. 34 PRÁTICA DE ENSINO: PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS EM SALA DE AULA REFERÊNCIAS Textuais ALMEIDA. G. P. Transposição didática: por onde começar? São Paulo: Cortez, 2007. ANDRÉ, M. (org.). Pedagogias das diferenças nas salas de aula. Campinas: Papirus, 1999. AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J.; HANESIAN, H. Psicologia educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980. BACHELARD, G. O racionalismo aplicado. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1977. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998. DELCHIARO, E. C. Orientação e práticas de projetos do Ensino Fundamental. São Paulo: Sol, 2013. DUBET, F. O que é uma escola justa? A escola das oportunidades. Tradução: Ione Ribeiro Valle. São Paulo: Cortez, 2008. FREIRE, M. Educador, educa a dor. São Paulo: Paz e Terra, 2008. FREIRE, P. 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