Buscar

Tutela - Curatela - Tomada de Decisão Apoiada

Prévia do material em texto

Direito Civil – Aulas de Sábado
1
Ana Vilela
Tutela – Arts. 1.728 a 1.766 CC e arts. 24, 36 a 38 do ECA
A tutela está dentro do direito assistencial, protegendo pessoas que necessitam de cuidados especiais. 
Conceito: é um instituto de nítido caráter assistencial e que visa substituir o poder familiar em face das pessoas que faleceram ou foram suspensas ou destituídas do Poder Parental. 
Natureza Jurídica: é um instituto semelhante ao poder familiar. Assim a tutela é um conjunto de poderes e encargos conferidos pela lei a um terceiro, para que zele pela pessoa do menor que se encontra fora do poder familiar e lhe administre os bens. 
Os institutos que dão direito par representar o menor é o poder familiar a na falta dele a tutela. 
Ex. menores órfãos serão submetidos a tutela, porque os titulares do poder familiar foram mortos, eles precisam de tutor, não basta a guarda, a aguarda não é suficiente para atender as necessidades dos órfãos menores. 
Tutor: cuida da pessoa e do patrimônio, a pessoa precisa estar apta para essas duas funções para ser tutor. 
Os moradores de rua não possuem condições de cuidar dos filhos menores, e por isso os poderes familiares são suspensos ou são destituídos por vez. 
Destituição ou suspensão também soa colocados sobre tutela, ou deveriam ser. 
Cuidar das pessoas menores, cujo os pais faleceram ou não estão aptos para exercer o poder familiar. 
Ex. sujeito tem mãe e pai declarado, mas os pais tem uma doença grave e não consegue cuidar dessa criança. 
Pessoas que podem ser submetidas a tutela: 
Os filhos menores são postos em tutela: 
- Com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes; 
- Em caso de os pais decaírem do poder familiar. 
Espécies de Tutela: 
- Documental;
- Testamentária;
- Legitima;
- Dativa;
- Irregular.
Documental e Testamentária
A doutrina é quem trata as duas.
Conceito: a tutela testamentária é aquela feita por ato de última vontade do detentor do poder familiar, por testamento, ou codicilo, no qual indicam quem figurará como tutor dos filhos menores que deixar quando morrer. A tutela documental é aquela feita pelos pais por documento autêntico (escritura, contrato)
Ex. sujeito que perdeu a mulher e ele odeia a sogra, e ele tem medo dos filhos ficar com os cuidados dos avós. Ele pensa em fazer um testamento, uma escritura publica e ele vai nomear quem irá ser tutor de seus filhos, só terá validade se o testador (aquele que fez o documento) quando do seu passamento estiver no exercício do poder familiar. Só pode fazer a nomeação o titular do poder familiar, no exercício do poder familiar. 
Ex. esse pai estava no exercício do poder familiar, mas ele foi se perdendo na cachaça e perdeu o poder familiar, quando ele faleceu esse documento não valeu de nada, pois já havia perdido o seu poder familiar. 
PRECISA SER CHEFE DO PODER FAMILIAR E NO EXERCICIO, SE NÃO, NÃO VALE DE NADA. 
O testamento por si só não tem condão de nomear, será feito a análise pelo MP e passado por uma sentença autorizando. 
Sujeito nomeou o irmão dele para ser tutor do seu filho, pois não suporta a sogra. Chega lá o irmão está cheio de processos criminais, o juiz não irá nomear, ele nomeará outra pessoa, inclusive se possível a avó, a pessoa precisa ter aptidão e idônea. 
Tem preferência aquele que o genitor indicou, mas o juiz analisará a conduta dessa pessoa nomeada. 
Legitima art. 1.731 (ler artigo): tem como fonte imediata a lei, aqueles pais que morrem sem deixar testamento, sem deixar um tutor.
Na falta da tutela testamentária, o legislador, no proposito de proteger o menor, estabeleceu a quem deve ser conferido esse encargo. 
Existe uma ordem familiar para respeitarmos:
Ascendentes depois os colaterais, tios.
Havendo motivo justo essa ordem pode ser desrespeitada. 
Ex. os avós já estão na velhice e sem condições de cuidar dos netos que ficaram, mas eles possuem um tio que possui aptidão e condição idônea, o juiz pode desrespeitar essa ordem e dar a tutela legitima para o tio. 
Ex. irmão mais velho após a morte do pai passou a fazer quase que a mesma coisa que o papel de pai, e logo após a mãe faleceu, ficando ele e os 4 irmãos pequenos e menores, eles estão acostumados a serem orientados pelo irmão mais velhos e não querem ir morar com os avós, o juiz não irá desestabilizar essa família, preservando o melhor interesse dos menores, nomeando o irmão mais velho para continuar nesse papel. 
A emancipação cessa a tutela, porque a tutela é um substituto do poder familiar, o poder familiar é um instituto maior que a tutela, ao tendo ninguém para exercer o poder familiar iremos nomear alguém para realiza esse poder familiar mediante tutela. 
A maioridade ela trás como consequência a emancipação da pessoa, a pessoa passa a ter a capacidade plena (de direto + de fato) de modo que, quando o individuo tem a capacidade plena ele não precisa estar submetido ao poder familiar e nem estar sob tutela, os mesmos motivos que levam a extinção normal da tutela. 
Dativa: na falta de tutor testamentário ou legitimo, quando não tiver a documental, testamentária e a legitima. Nomeia uma pessoa que não tem vínculo parental com o menor para exercer a tutela, isso só é possível se no município ou região que mora o menor não tiver parente idôneo e com aptidão para exercer a tutela. 
Ex. Morreu os pais e temos uma criança órfão (ou os pais estão na noia), o resto da família ou morreram ou estão presos. O juiz pode nomear uma pessoa que não seja do meio familiar. 
Irregular: ocorre quando um sujeito, não tendo sido nomeado tutor, passa a cuidar do menor e de seus bens, não produzindo efeitos jurídicos. 
Incapacidade e impedimento para o exercício (art. 1.735): 
Incapacidade: é incapaz a pessoa que não pode cuidar de si própria e de seus bens (louco, prodigo) e que careca de idoneidade; 
Impedimento: estão impedidas de exercer a tutela as pessoas que tem alguma incompatibilidade séria com o menor, ou com seus pais. 
Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam:
I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens;
II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem constituídos em obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o menor;
III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes expressamente excluídos da tutela;
IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a família ou os costumes, tenham ou não cumprido pena;
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de abuso em tutorias anteriores;
VI - aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa administração da tutela.
Escusa ou Dispensa: a tutela é um múnus público, estabelecido no interesse social e do Estado e, por isso, em regra não pode ser recusada. Há exceções, todavia, e elas estão contempladas no art. 1.736 e 1.737, ambos do CC. 
Está obrigado a aceitar a tutela, salvo se preencher os requisitos desse artigo mencionado abaixo. 
Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela:
I - mulheres casadas (absolutamente inconstitucional)-grifo meu
II - maiores de sessenta anos;
III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos;
IV - os impossibilitados por enfermidade;
V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela;
VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela;
VII - militares em serviço.
Art. 1.737. Quem não for parente do menor não poderá ser obrigado a aceitar a tutela, se houver no lugar parente idôneo, consangüíneo ou afim, em condições de exercê-la.
Garantias da Tutela:
- Prestação de caução (art. 1.745, par. Único do CC), possibilidade de cancelamento de hipoteca (art. 2.040); 
A jurisprudência dispensa a caução quando o tutelado não tiver patrimônio. 
- Nomeação do protutor (aquele que irá fiscalizar o papel do tutor); 
- Fiscalização do juiz e do MP; 
- Responsabilidade do tutor de reparar osprejuízos que, por dolo ou culpa, causar ao tutelado; 
- Responsabilidade do protutor; 
- Responsabilidade subsidiária do juiz pelos prejuízos que o menor vier a sofrer em razão da insolvência do tutor que dele não tiver sido exigida a caução;
- Responsabilidade direta do juiz, na hipótese de não ser nomeado o tutor ou de nomeação inoportuna. 
Do exercício da tutela
- Em relação a pessoa;
- Em relação aos bens – administrar os bens como diligente pater família. 
Característica: indelegabilidade, indivisibilidade; 
- Divisibilidade: só quanto a administração do bens. Ex. o menor tem uma agropecuária, ele pode contratar pessoas para trabalhar lá. 
- Atos que o tutor pode praticar SEM autorização judicial (art. 1.747). 
Art. 1.747. Compete mais ao tutor:
I - representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-lo, após essa idade, nos atos em que for parte;
II - receber as rendas e pensões do menor, e as quantias a ele devidas;
III - fazer-lhe as despesas de subsistência e educação, bem como as de administração, conservação e melhoramentos de seus bens;
IV - alienar os bens do menor destinados a venda;
V - promover-lhe, mediante preço conveniente, o arrendamento de bens de raiz.
- Atos que o tutor pode praticar COM autorização judicial – controle preventivo (art. 1.748) 
Art. 1.748. Compete também ao tutor, com autorização do juiz:
I - pagar as dívidas do menor;
II - aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com encargos;
III - transigir;
IV - vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não convier, e os imóveis nos casos em que for permitido;
V - propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e promover todas as diligências a bem deste, assim como defendê-lo nos pleitos contra ele movidos.
Parágrafo único. No caso de falta de autorização, a eficácia de ato do tutor depende da aprovação ulterior do juiz.
- Atos que o tutor NÃO PODE praticar (art. 1.749) – mesmo com autorização judicial não pode o tutor realizar. 
Art. 1.749. Ainda com a autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade:
I - adquirir por si, ou por interposta pessoa, mediante contrato particular, bens móveis ou imóveis pertencentes ao menor;
II - dispor dos bens do menor a título gratuito;
III - constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o menor.
Remuneração do tutor e do protutor (art. 1.752) 
Art. 1.752. O tutor responde pelos prejuízos que, por culpa, ou dolo, causar ao tutelado; mas tem direito a ser pago pelo que realmente despender no exercício da tutela, salvo no caso do art. 1.734, e a perceber remuneração proporcional à importância dos bens administrados.
§ 1 o Ao protutor será arbitrada uma gratificação módica pela fiscalização efetuada.
§ 2 o São solidariamente responsáveis pelos prejuízos as pessoas às quais competia fiscalizar a atividade do tutor, e as que concorreram para o dano.
Se o tutor for credor do tutelado, antes dele assumir a tutela terá que declarar que é credor do tutelado na quantia de X, precisa declarar isso antes de aceitar a tutela e especificar, porque se não fizer, ele só poderá fazer isso depois que cessar a tutela. Pergunta de prova.
Dívida do tutelado para com o tutor (art. 1.751) 
Responsabilidade do tutor pelos prejuízos que causar ao tutelado. 
Prestação de contas (art. 1.755) 
a) ordinária (bienal);
b) extraordinária;
c) apresentação de balanço anual.
Cessação da Tutela:
	Em relação ao tutelado
	Em relação ao tutor
	I – maioridade;
	I – expirado o termo (art. 1.764, I, CC);
	II – emancipação;
	II – sobrevindo escusa legítima (art. 1.764, II);
	III – submissão ao poder familiar;
	III – sobrevindo remoção (art. 1.764, III, CC), destituição/exoneração (art. 1.766, c/c art. 1.735, ambos do CC);
	IV – morte;
	IV – morte.
	V – poder familiar – adoção – reconhecimento da paternidade – O tutor pode adotar?
	
Procedimento da tutela
- Competência: foro do domicílio do menor.
Menor que está em situação de risco: Vara da Infância e da Juventude;
- Menor que não está em situação de risco: Vara da Família.
Consentimento do maior de 12 anos de idade, colhido em audiência (art. 28, § 2º, ECA);
Curatela (art. 1767 a 1.783 do CC)
Conceito: é encargo público, concedido por lei a alguém para reger e defender uma pessoa e administrar os bens de maiores que, por si sós, não estão em condições de fazê-lo, em razão de enfermidade ou deficiência mental. 
Obs. Não existe curatela testamentária; será sempre necessária a intervenção judicial. 
Se aplica a pessoas maiores, excepcionais você pode aplicar para menores pubes. 
Ex. Joao e Maria tem filho com doença severa, eles representam esse filho até os 16 anos, depois eles só assistem, o menor pubes. 
	Curatela
	Tutela
	- Em regra, recai sobre pessoas maiores; 
	- Recai sobre pessoas menores
	- Só pode ser instituída por intermédio de atividade jurisdicional
	- Pode ser instituída por ato voluntário dos pais (testamento);
	- A proteção pode recais só sobre os bens do curatelado
	- A proteção recai sobre a pessoa e os bens dela.
Espécies de Curatela
a) Dos adultos com anomalia psíquica ou neurológica qualificada;
b) Dos pródigos 
c) Dos ausentes;
d) Dos nascituros;
e) Extensiva;
f) Dos enfermos e dos deficientes físicos*; 
Curatela não cabe em outras deficiências que não sejam psicológicos ou psíquicas que retiram o discernimento, ou que afeta esse discernimento de maneira parcial. 
Ex. Joao deficiente físico (cadeirante), sua esposa Maria quer interditar Joao. Neste caso, não será caso de curatela, pois a deficiência dele não retira o discernimento psicológico, mental dele. Apenas possuí uma incapacidade laboral. 
Quando você interdita a pessoa por anomalia psíquica você pode delimitar a interdição (tais atos ele não pode praticar), você irá dar uma interdição total, se o sujeito tiver pouco discernimento você irá limitar a interdição. 
Pródigos não pode desfazer seu patrimônio sem a presença de um curador.
Ausentes: tem um período que nomeia para o ausente um curador, a função é só cuidar do patrimônio do ausente, aqui não tem pessoa a ser cuidada, pois a pessoa a ser cuidada está desaparecida. Por um período de um ano, depois disso já se abre a sucessão provisória. 
Nascituro: ex. mãe solteira esta gravida, sofre um derrame e precisa de alguém para cuidar do nascituro, o curador será o mesmo curador da mãe. 
Extensiva ou prorrogada/ por extensão: o curador da gestante será também por extensão o curador do nascituro. 
 
Quanto aos efeitos:
Parcial: você estabelece alguns atos só que a pessoa não pode praticar sem ser assistida, ex. do prodigo, o curador participa exclusivamente dos atos que implica no desfazimento de seu patrimônio; 
Total: implica em todos os atos da vida da pessoa. Ex. fazer uma internação no hospital, se inscrever na escola. Sujeitos que estão em coma. 
Ordem para o exercício da curatela – art. 1.775 do CC 
Essa ordem pode ser desrespeitada quando tiver um motivo justo, e em favor do curatelado. 
- Cônjuge ou companheiro sadio (não pode ser inidôneo nem inapto); 
- Pai ou mãe;
- Descendente que se demonstrar mais apto (de grau mais próximo, ex. se o filho não estiver apto para cuidar dos pais o neto pode). 
Curatela dativa: todos os membros da família se encontram inaptos, o juiz nomeará um curador dativo até que apareça um familiar apto. 
Geralmente esse defensor dativo, é de confiança do juiz, como por ex.um advogado. Não existe ninguém apto para exercer a curatela, essa espécie é utilizada em última racio. 
Curatela compartilhada – art. 1.775-A do CC. 
Possibilitou a curatela compartilhada. Ex. os filhos estão brigando pela mãe, você nomeia a curatela compartilhada. 
Foro competente – do domicílio do curatelando. Se houver vara de família, esta será a competente. 
Essa regra se sobrepõe e relativiza a estabilização da competência. Pois o processo de curatela é um processo de jurisdição voluntária. 
Você pode transformar a curatela parcial em uma total se o caso for se agravando. 
 A prestação de contasna curatela é originalmente anual, diferente da tutela que é binominal. MP pode requerer ou o juiz de ofício pode também. 
A mesma remuneração do tutor se aplica também aqui na curatela. 
Aplicação da derrogabilidade da norma no concerne a prescrição- pegar explicação. 
Legitimidade ativa para requerer: 
- Cônjuge ou companheiro; 
- Parentes (até mesmo parentesco por afinidade, ex. sogra) ou tutores; 
Qualquer pessoa que não seja parente necessita fazer uma representação para o MP e aí ele terá obrigação de requerer. Se a pessoa estiver nestas situações de demência, é obrigação do MP representar. Pois, qualquer pessoa que não seja da família não pode requerer, apenas requerer ao MP. Pois é flagrantemente ilegítimo. 
Ampliação da legitimidade: 
- Representante da entidade que se está o abrigando. 
É cabível tutela provisória no pedido de intervenção quando for necessário. 
Ex. sujeito quer o provedor da família, ele sofre um acidente....pegar
Curatelado será citado e o juiz irá entrevistar. Se ele não pode se deslocar o juiz vai até ele, mas em casos justificados o CNJ admite a audiência on-line. 
A entrevista poderá ser acompanhada por especialistas; 
Se o interditado constituir advogado o MP intervirá no processo somente como fiscal da Lei (Art. 752, par. 1 do CPC). 
Decorrido o prazo de 15 dias para impugnação, o Juiz: 
Determinará a produção da prova pericial, que poderá ser feita pela equipe multidisciplinar, para avaliar a capacidade do interditando para praticar os atos da vida civil e facultará aos interessados de assistentes técnicos. O laudo pericial indicará especificamente, se for o caso, os atos para os quais haverá necessidade de curatela (art. 753, caput, e par. 1 e 2 do CPC). Se não houver perícia a sentença é nula. 
Depois de apresentado o laudo e se necessário, produzidas outras provas, os interessados e o MP serão ouvidos e o Juiz proferirá a sentença. 
Na sentença que decretar a interdição o Juiz (art. 755, CPC). 
Art. 755. Na sentença que decretar a interdição, o juiz:
I - nomeará curador, que poderá ser o requerente da interdição, e fixará os limites da curatela, segundo o estado e o desenvolvimento mental do interdito;
II - considerará as características pessoais do interdito, observando suas potencialidades, habilidades, vontades e preferências.
§ 1º A curatela deve ser atribuída a quem melhor possa atender aos interesses do curatelado.
§ 2º Havendo, ao tempo da interdição, pessoa incapaz sob a guarda e a responsabilidade do interdito, o juiz atribuirá a curatela a quem melhor puder atender aos interesses do interdito e do incapaz.
§ 3º A sentença de interdição será inscrita no registro de pessoas naturais e imediatamente publicada na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado o juízo e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 6 (seis) meses, na imprensa local, 1 (uma) vez, e no órgão oficial, por 3 (três) vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, constando do edital os nomes do interdito e do curador, a causa da interdição, os limites da curatela e, não sendo total a interdição, os atos que o interdito poderá praticar autonomamente.
Requisitos (art. 756 do CPC):
Cessação da interdição
Foro competente: juízo que decretou – excepcionalmente no domicílio do curatelado -o levantamento será apensado aos autos da interdição. 
Legitimidade ativa: 
Interdito; 
O curador;
O MP;
Procedimento: petição – nomeação do perito ou equipe multidisciplinar – apresentação do laudo – designação de audiência de instrução e julgamento – sentença (só produz efeito após o trânsito em julgado). 
Não tem tute provisória para o levantamento da interdição. 
Remoção do curador – art. 761 do CPC
Suspensão do curador – em caso de extrema gravidade, o juiz pode suspender o curador do exercício de suas funções, nomeando outro em substituição (art. 762 do CPC). 
Substituição do curador: 
a) O curador pode, cessadas as funções dele pelo decurso do prazo em que era obrigado a servir, requerer a exoneração do encargo; 
b) Se o curador não pedir a exoneração no prazo de 10 dias contado da expiração do termo, ele automaticamente será reconduzido, salvo se o juízo o dispensar. 
É indispensável a prestação de contas pelo curador quando cessada a curatela (art. 763, par. 2 do CPC). 
Tomada de Decisão Apoiada
Entrou no lugar da curatela mandato que foi revogada prevista no artigo 1.780 do CC (revogado). Essa tomada de decisão apoiada é um instituto copiado do direito italiano, nomeiam apoiadores que são pessoas que irão cuidar dos negócios dessas pessoas que não queiram praticar seus atos civil, eles continuam com sua capacidade plena, mas não querem exercer.
Esse instituto veio para o brasil e ela se destina a pessoas que tem o juízo/discernimento, mas tem deficiências físicas que dificultam elas praticarem atos na vida civil e elas querem pessoas que as ajudem nessas práticas. Se destina aos idosos, tetraplégicos, paraplégicos, portadores de obesidade mórbida e outros, mas que tenham o juízo em condições para praticarem os atos da vida civil. 
Natureza assistencial que visa preservar a autonomia das pessoas deficientes aos atos da vida civil e possibilitar que as pessoas eleitas (apoiadores) podem ajudar administrar a vida civil desse individuo, ele mantém a capacidade de fato, o que difere da curatela, pois na curatela a pessoa perde a capacidade de fato, sendo representada pelo curador em todos os atos. 
Quem requer é a própria pessoa que precisa ser apoiada, é ela quem tem a legitimidade ad causa. 
Você pode utilizar a tomada de decisão apoiada para quem o grau de deficiência intelectual é pequeno e precisa de proteção. EX. uma pessoa com síndrome de down que está preparada para a vida em quase tudo, mas precisa ser protegida porque pode ser enganada. 
Artigo 1.783-A CC – Ver, explica os requisitos para a tomada de decisão apoiada. 
Curatela: 
- Instituto limitador da capacidade de fato do individuo. 
- A instituição dela depende da vontade da pessoa deficiente; 
- Destina-se as pessoas com deficiência psíquica congênita ou adquirida, grave ou qualificada (última medida a ser imposta), ou seja, destina-se as pessoas que não tem capacidade cognitiva ou que se tem reduzida em grau elevado. 
Tomada de Decisão: 
- A pessoa conserva sua capacidade de fato;
- O encargo depende da vontade da pessoa deficiente para ser instituído; 
- Destina-se as pessoas portadores de deficiência psíquica moderada, pessoas que tem capacidade cognitiva, mas são portadores de outras deficiências, como por exemplo, o tetraplégico, obesidade, idosas... 
Mandato: 
- Contrato firmado entre mandante e mandatário por intermédio do qual alguém denominado mandatário, recebe poderes de outra pessoa denominado mandante, para em que nome deste, praticar atos de natureza patrimonial ou não, ou administrar seus interesses. 
- Constitui-se numa representação convencional que não conta com a participação do Juiz ou MP. 
O mandato difere da tomada de decisão, pois na decisão apoiada é possui a fiscalização do juiz e do MP. 
Quem pode se valer da tomada de decisão apoiada? Teoria Tripartite: 
- Pessoas sem deficiência, as quais tem a capacidade plena e não necessitam de nenhuma medida de natureza assistencial; 
- Pessoas portadores de deficiência qualificada de natureza jurídica psíquica, as quais necessitam de ser protegidas pelo instituto da curatela. A curatela é última ratio. 
- Pessoas que tem deficiência psíquica moderada, ou de outra natureza, as quais necessitam ser assistidas por pessoas idôneas, mas podem manter sua capacidade de fato. Essas deverão se valer da tomada de decisão apoiada. 
Quem pode ser nomeado apoiador (mentor ou preceptor)? 
- Pessoas plenamente capazes, idôneas, pode ser parente ou não do apoiado (amigo), e que seja por este indicada. O juiz poderá excluir da indicação pessoa inidônea, impedida ou inapta para exercer a função de apoiador, o juiz rejeitará a nomeação de pessoa inidônea, mesmo que seja davontade da pessoa. 
Quem pode requerer a nomeação dos apoiadores?
- A pessoa que quer ser apoiada; 
- A legitimidade ativa, em princípio, pertence ao deficiente. Nada impede que as pessoas por ele escolhidas como seus mentores integrem o polo ativo do pleito como litisconsortes. Todavia, não me parece possível que estes, ou terceira pessoa, ajuízem o pedido de tomada de decisão sem que o deficiente integre o polo ativo da ação. 
Extensão da tomada de decisão apoiada? 
A finalidade dessa medida assistencial será sempre a aclarar a pessoa apoiada nos negócios e atos jurídicos dos quais ela participe ou tenha de praticar ou o queira. Caberá ao deficiente estabelecer os atos e os negócios que deverão se praticados com a participação dos mentores, os que este poderão praticar como representantes ou mandatário dos deficientes, e inclusive, o prazo de vigência da tomada de decisão. Pode ser feito por escritura publica, instrumento particular e ate mesmo na petição endereçada ao juiz para homologação. 
Os mentores podem praticar atos de natureza assistenciais e não patrimoniais? 
O Estatuto do deficiente determina que a curatela se restrinja em atos que visem proteger o patrimônio do curatelado, isto, a meu ver decorre de uma ideia inclusiva, distorcida e prejudicial, ao deficiente, no mais das vezes. Em outras palavras, são raras vezes a aplicação do Estatuto do deficiente, que veio para proteger esse grupo de pessoas vulneráveis, culmina por prejudicá-los. 
Como ficariam os indivíduos com deficiência mental qualificada, destituídos de capacidade cognitiva e sem nenhum patrimônio? Quem cuidaria deles? A pessoa que se encontrasse nessa situação, estaria alijada da sociedade? Seria deixada ao abandono? 
A meu ver, nesse ponto, a norma haverá de ser alterada, e enquanto não o for, teremos que, em muitas hipóteses, fazer uso da aplicação da derrogabilidade da norma, ou seja, não poderemos aplicar essas restrições do Estatuto do Deficiente, por que elas contrariam o próprio e principal objetivo desse diploma legal, que é, em última análise, proteger e incluir o deficiente na sociedade, proporcionando-lhe uma existência digna.
Da instituição da tomada de decisão: a tomada só pode ser instituída por regular processo judicial, mediante. Requerimento do interessado ou, em circunstâncias especiais, de seu curador ou do MP. O juiz, quando a inicial preencher os requisitos necessários, designará audiência para a oitiva, da pessoa que pretende ser apoiada e dos apoiadores. Dessa audiência, deverá participar o Ministério Público. 
Obs.: o Juiz poderá contar com o auxílio da equipe interdisciplinar nessa audiência, e, se não houver necessidade de novas provas, proferirá sua decisão, que em princípio será de natureza homologatória. Todavia, não se pode confundir natureza homologatória com chancelatória. Assim, se o Juiz verificar que os apoiadores indicados, alguns ou um deles, não tiver aptidão, ou for inidôneo, não deverá nomeá-lo como apoiador, poderá excluí-lo, bem como poderá reduzir a extensão das atividades dos apoiadores, caso nelas estejam contidos poderes para praticarem atos que estejam em desacordo com a Lei e com a natureza deste instituto, ou ainda quando possam ser prejudiciais aos interesses do deficiente.
Substituição da tomada de decisão por curatela, ou desta por aquela: a tomada de decisão poderá ser requerido pelo MP ou por todos aqueles que tem legitimidade para requerer que transmude a tomada de decisão para a curatela, sendo possível o contrário também. EX. sujeito estava em coma, existia uma curatela, meses depois ele saiu do coma, pode ser pedido a tomada de decisão. 
O caminho inverso também será possível, assim se o indivíduo, que se encontrava em curatela por estar em coma, e, ao depois, deixado o estado comatoso, recobrando a razão, mas mantendo graves limitações físicas, poderá pleitear o levantamento da curatela e a sua substituição pela tomada de decisão apoiada.
Divergência entre os apoiadores e o apoiado: o juiz (onde foi estabelecida a tomada de decisão) decidirá quem tem razoa, tendo como norte o melhor interesse do apoiado. Só não prevalecerá a vontade do apoiado, se o ato ou negócio representar grave prejuízo a este. Obs.: em qualquer caso, precedendo à decisão, deverá ser oportunizada a manifestação do Ministério Público, sob pena de nulidade (artigo 1.783-A, § 6º, do Código Civil).
A pessoa apoiada pode realizar testamento, pois sua capacidade plena permanece. Observando as regras da sucessão testamentária. 
Pode ser estabelecida por prazo fixado determinado, ou indeterminado.
O apoiado pode entrar com a medida e não querer mais a tomada de decisão apoiada, ele requere ao juiz e há o levantamento desta medida. Ele pode fazer isso porque ele é detentor da capacidade de fato. 
O mentor pode pedir sua exclusão, mas vai depender do juiz autorizar e precisa indicar outra pessoa para substituir o mentor e aguardar a nomeação do novo mentor. 
Destituição do apoiador: Pode haver a destituição do apoiador se for constatado que o apoiador está realizando atos contrários, mediante requerimento de terceiros ou pelo MP, e o juiz em procedimento incidental analisar essa conduta e destituí o sujeito mesmo contra a vontade do apoiado. 
Obs.: qualquer pessoa pode noticiar a má conduta do apoiador ao Ministério Público ou diretamente para o Juiz. Na primeira hipótese, o Ministério Público requererá a instauração do incidente, respeitado o contraditório, e comprovada a falta imputada ao apoiador, ele será destituído. Na segunda hipótese, o Juiz, instaurará o incidente, oportunizará a manifestação do apoiador, do Ministério Público, e após a produção das provas necessárias, decidirá. Em qualquer caso, destituído o apoiador, o Juiz poderá nomear outro, se convier ao apoiado.
Remoção (difere de destituição): o apoiador removido se perder a aptidão para prestar o apoio. Assim, se por doença ou acidentalmente, o apoiador perder a capacidade, será removido. Também aqui na remoção, o Juiz poderá, se convier ao deficiente, nomear outro apoiador em substituição ao removido.
Das garantias da tomada de decisão apoiada: Os apoiadores exercerão suas atividades fiscalizados pelo Ministério Público e pelo Juiz. Além disso, por força do disposto no artigo 1.783-A, § 11, do Código Civil, combinado com o artigo 84, do Estatuto do Deficiente Físico, eles deverão prestar contas de suas atividades no exercício desse múnus, bem como apresentar o respectivo balancete.

Continue navegando