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Tutela, Curatela e Tomada de Decisão Apoiada

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Os Tutores 
 
Os conceitos básicos de incapazes e relativamente 
incapazes previstos no Código Civil são os seguintes: 
 Os incapazes são os menores de 16 anos, 
 Os relativamente incapazes são os maiores de 
16 anos e menores de 18 anos. 
Os menores de 16 anos precisam de alguém que 
os represente, enquanto os relativamente incapazes 
precisam apenas de assistência. 
A tutela é a influência de zelar e administrar da vida de 
um indivíduo menor de idade que não está sob o 
poder familiar dos pais. Vale destacar que o tutor não é 
usufrutuário dos bens do tutelado. 
Tutor é aquele indivíduo que foi legalmente incumbido 
de tutelar alguém, com o encargo de amparar, 
proteger e defender sua pessoa e seus bens.O artigo 
1728 prevê quando os menores serão postos em 
tutela: 
 
 
Ou seja, invoca-se o instituto da tutela em caso de morte 
dos pais ou na existência de algum motivo causador da 
perda de seu poder familiar (a perda do poder familiar dá-se 
por ato judicial quando o pai ou a mãe castigar o filho de 
maneira descabida, abandoná-lo, praticar atos contrários à 
moral e aos bons costumes ou incidir reiteradamente 
em abuso de autoridade parental.) 
 
O tutor deve ser estabelecido em testamento ou documento 
autenticado.A lei entende como melhor opção a tutela 
testamentária, a qual implica que, sempre que os pais 
escolherem o tutor, essa vontade será respeitada e 
cumpridas as exigências legais previstas no artigo 1729 e 
artigo 1730 do Código Civil. 
 
 
 
Quando os pais nomeiam em conjunto o tutor, não é 
necessário que ele seja um parente, não são raras situações 
em que os pais possuem maior confiança em amigos 
íntimos do que em parentes para o exercício dessa função. 
Entretanto, se os pais não possuíam o poder familiar, a 
nomeação do tutor é nula, conforme a letra da lei. 
 
 
 
 
Nos casos em que os pais não nomearam um tutor, serão 
nomeados os parentes consanguíneos (ascendentes e os 
colaterais conforme ordem disposta no artigo 1731 do Código 
Civil). Entretanto, é fundamental que o juiz escolha a pessoa 
que estiver mais apta para atender o interesse do menor. 
Como prevê o artigo 1731, terão preferência os mais 
próximos e mais velhos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na falta ou na exclusão de tutor testamentário ou tutor 
legítimo, assim como na ausência de parentes ou parentes 
sem condições de exercer a tutela, o juiz deverá nomear, 
através de sentença judicial, “pessoa estranha”, ou seja, 
algum terceiro. Este terceiro será somente nomeado se 
Artigo 1.728. Os filhos menores são postos em tutela: 
I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes 
julgados ausentes; 
II - em caso de os pais decaírem do poder familiar. 
Artigo 1.729. O direito de nomear tutor compete aos 
pais, em conjunto. 
Parágrafo único. A nomeação deve constar de 
testamento ou de qualquer outro documento 
autêntico. 
Artigo 1.730. É nula a nomeação de tutor pelo pai ou 
pela mãe que, ao tempo de sua morte, não tinha o 
poder familiar. 
Artigo 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos 
pais incumbe a tutela aos parentes 
consanguíneos do menor, por esta ordem: 
I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais 
próximo ao mais remoto; 
II - aos colaterais até o terceiro grau, preferindo 
os mais próximos aos mais remotos, e, no 
mesmo grau, os mais velhos aos mais moços; 
em qualquer dos casos, o juiz escolherá entre 
eles o mais apto a exercer a tutela em 
benefício do menor. 
 
https://trilhante.com.br/trilha/direito-civil-parte-geral/curso/tutela-curatela-e-tomada-de-decisao-apoiada
https://trilhante.com.br/trilha/direito-civil-parte-geral/curso/tutela-curatela-e-tomada-de-decisao-apoiada
https://trilhante.com.br/trilha/direito-civil-parte-geral/curso/tutela-curatela-e-tomada-de-decisao-apoiada
presentes alguns requisitos: essa pessoa deve ser idônea e 
deve passar a residir no domicílio do menor para que assuma 
o encargo da tutela. Trata-se de uma opção subsidiária de 
tutela, pois que usada somente em último caso. 
 
 
 
 
 
 
No caso de pais desconhecidos, falecidos, suspensos ou 
destituídos do poder familiar, e se não for caso de nomear 
tutor, o menor poderá ser incluído em programa de 
colocação familiar (programa de acolhimento familiar, ou 
“famílias acolhedoras” ) de acordo com o artigo 1734 do 
Código Civil. 
 
 
 
 
 
 
Em caso de necessidade de tutor para irmãos menores, 
será nomeado apenas um responsável para todos os 
irmãos.Se for nomeado, pelos pais, mais de um tutor, 
entende-se que o primeiro listado terá preferência. O juiz 
sempre optará por deixar os irmãos juntos, nomeando um 
único tutor para não privá-los da convivência familiar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os Incapazes de Exercer a Tutela e 
a Escusa Dos Tutores 
A tutela trata-se da guarda não só do menor, mas também 
de seu patrimônio. Portanto, é necessário que o tutor 
seja imparcial e tome atitudes benéficas ao tutelado e a seus 
bens. Para que os interesses do tutelado sejam assegurados, 
a lei no artigo 1.735 do Código Civil elenca aqueles que não 
podem ser nomeados tutores – incapazes ou não 
legitimados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A princípio, não se pode recusar a função de tutor. 
Todavia, essa compreensão é flexibilizada em certos 
casos em que surjam dificuldades para melhor gerir o 
Artigo 1.732. O juiz nomeará tutor idôneo e residente 
no domicílio do menor: 
 
I - na falta de tutor testamentário ou legítimo; 
 
II - quando estes forem excluídos ou escusados da 
tutela; 
 
III - quando removidos por não idôneos o tutor 
legítimo e o testamentário. 
Artigo 1.734. As crianças e os adolescentes cujos 
pais forem desconhecidos, falecidos ou que tiverem 
sido suspensos ou destituídos do poder familiar 
terão tutores nomeados pelo Juiz ou serão 
incluídos em programa de colocação familiar, na 
forma prevista pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 
1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. 
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 
Seção II Dos Incapazes de Exercer a Tutela 
Artigo 1.733. Aos irmãos órfãos dar-se-á um só tutor. 
 
§ 1o No caso de ser nomeado mais de um tutor por 
disposição testamentária sem indicação de precedência, 
entende-se que a tutela foi cometida ao primeiro, e que os 
outros lhe sucederão pela ordem de nomeação, se 
ocorrer morte, incapacidade, escusa ou qualquer outro 
impedimento. 
 
§ 2o Quem institui um menor herdeiro, ou 
legatário seu, poderá nomear-lhe curador 
especial para os bens deixados, ainda que o 
beneficiário se encontre sob o poder familiar, ou 
§ 2o Quem institui um menor herdeiro, ou legatário 
seu, poderá nomear-lhe curador especial para os 
bens deixados, ainda que o beneficiário se encontre 
sob o poder familiar, ou tutela. 
Artigo 1.735. Não podem ser tutores e serão 
exonerados da tutela, caso a exerçam: 
 
I - aqueles que não tiverem a livre administração 
de seus bens; 
 
II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida 
a tutela, se acharem constituídos em obrigação 
para com o menor, ou tiverem que fazer valer 
direitos contra este, e aqueles cujos pais, filhos ou 
cônjuges tiverem demanda contra o menor; 
 
III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou 
que tiverem sido por estes expressamente 
excluídos da tutela; 
 
IV - os condenados por crime de furto, roubo, 
estelionato, falsidade, contra a família ou os 
costumes, tenham ou não cumprido pena; 
 
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas 
em probidade, e as culpadas de abuso em 
tutorias anteriores; 
 
VI - aqueles que exercerem função pública 
incompatível com a boa administração da tutela. 
tutelado e seus bens ou em havendo conflito de 
interesses. 
O artigo 1736 do Código Civil prevê quais são aqueles 
que podem escusar-se da tutela. Porém, mesmo que a 
pessoa se encaixe na previsão legal de exclusão, 
querendo exercera função e se enquadrando nos 
requisitos necessários, poderá exercê-la normalmente. O 
procedimento para solicitar a escusa do encargo será 
por petição dirigida ao juiz nos mesmos autos em que 
foi designada a tutela. 
Segue rol taxativo de escusas permitidas para função de 
tutor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O inciso I é uma aberração para os dias atuais, deixou de 
fazer sentido. 
O inciso IV deve ser levado em conta se analisadaa 
enfermidade à luz do estatuto do deficiente. 
Já o inciso VII é usado como comparação em casos em que 
o tutor tenha uma profissão que exija muitas viagens e, 
dessa forma, não consiga exercer de maneira adequada a 
função. 
O artigo 1.737 acrescenta uma causa de escusa além das 
elencadas no artigo acima. O lugar a que se refere o 
dispositivo é o local do domicílio do menor, onde ele possui 
suas relações e, por ventura, seu patrimônio. As causas de 
escusa valem mesmo que a tutela seja testamentária, tendo 
em vista que o dispositivo não menciona qualquer espécie 
de tutela. 
 
 
 
 
 
No artigo 1.738, há claro conflito com relação ao prazo 
que o tutor tem para peticionar solicitando a escusa da 
tutela. O Código Civil prevê o prazo de 10 dias, enquanto 
o Novo Código de Processo Civil estabelece 5 dias para 
se manifestar sobre a escusa. 
Embora exista essa dúvida, o ideal é que se respeite o 
prazo de 5 dias, por estar contido no código 
responsável por estabelecer prazos processuais, o qual, 
ainda, é o código mais recente. 
 
Importante lembrar que, se o juiz não admitir a escusa, 
exercerá o nomeado a tutela, enquanto o recurso 
interposto não tiver provimento, e responderá desde 
logo pelas perdas e danos que o menor venha a sofrer 
(art. 1.739 do Código Civil), o que demonstra o caráter 
público relevante do exercício da tutela. 
 
Exercício da Tutela 
 
Existem 3 tipos de atos: deveres e atos permitidos 
independentemente de autorização judicial; atos permitidos 
apenas com autorização judicial, e os atos proibidos. 
 
No exercício da tutela, uma série de atos deve ser praticada, 
alguns sem controle judicial prévio, outros com a necessária 
autorização do magistrado. O artigo 1.740 demonstra os 
deveres inerentes à tutela e a responsabilidade do tutor ante 
o tutelado. 
 
Artigo 1.736. Podem escusar-se da tutela: 
 
I - mulheres casadas; 
 
II - maiores de sessenta anos; 
 
III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três 
filhos; 
 
IV - os impossibilitados por enfermidade; 
 
V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja 
de exercer a tutela; 
 
VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela; 
 
VII - militares em serviço. 
Artigo 1.737. Quem não for parente do menor não 
poderá ser obrigado a aceitar a tutela, se houver no 
lugar parente idôneo, consanguíneo ou afim, em 
condições de exercê-la. 
Artigo 1.738. A escusa apresentar-se-á nos dez dias 
subsequentes à designação, sob pena de 
entender-se renunciado o direito de alegá-la; se o 
motivo escusatório ocorrer depois de aceita a 
tutela, os dez dias contar-se-ão do em que ele 
sobrevier. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Já o artigo 1741 prevê que, além de garantir os cuidados pelo 
menor, deverá o tutor zelar pelos seus bens da melhor 
maneira, além de garantir o melhor ao tutelado, suprindo, 
ainda que parcialmente, a ausência de seus pais. 
 
 
A principal preocupação do legislador é proteger o menor e 
garantir que o tutor cuide de 
sua educação, defesa e sustento sem precisar de decisão 
judicial para se darem condições básicas de bem-estar e 
saúde ao tutelado. 
Resumidamente, ao tutor cabem as atribuições naturais que 
seriam dos pais do tutelado. Contudo, existem diversas 
diferenças previstas na lei. Entre elas, o tutor não tem 
o poder de correção sobre o menor, embora possa exigir 
respeito e obediência. Os limites desse “exigir respeito e 
obediência”, entretanto, não ficam muito claros. Quando se 
torna a reprimenda do tutor “correção”, extrapolando seu 
direito? Complicado definir, mas sabe-se que não se podem 
aplicar punições físicas, por exemplo. Na análise de casos 
sobre este mérito, então, serão levados em conta os 
princípios da proporcionalidade e razoabilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O magistrado fará um inventário de bens do menor para ser 
entregue ao tutor. Serão os bens entregues ao tutor 
mediante termo especificando-os, bem como seus valores, 
conforme o artigo 1.745 do código civil prevê. Assim, o juiz 
terá uma forma de controle dos bens que foram entregues 
ao tutor para que ele zele por eles. 
Não obstante, se os bens forem de valor considerável, 
poderá o magistrado exigir uma caução para que possa fluir 
o exercício da tutela. 
 
 
 
 
A figura do protutor, que seria um tutor do tutor, é 
basicamente a de um fiscal que irá tomar conta dos atos do 
tutor. 
Normalmente, auxilia o juiz na função de fiscalizar a tutela 
que é exercida pelo tutor. Quando houver dúvidas a respeito 
do bom trabalho do tutor, entretanto, poder-se-á designar 
um protutor para verificar se a função está sendo bem 
desempenhada ou para realmente dividir as funções da 
tutela. 
Tendo em vista o exposto no artigo 1.743 do Código Civil, se 
os bens e os interesses administrativos exigirem 
conhecimentos técnicos, forem complexos, ou realizados em 
lugares distantes do domicilio do tutor, poderá este, 
mediante aprovação judicial, delegar a outras pessoas físicas 
ou jurídicas o exercício parcial da tutela. 
 
 
 
Artigo 1.740. Incumbe ao tutor, quanto à pessoa do 
menor: 
 
I - dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe 
alimentos, conforme os seus haveres e condição; 
 
II - reclamar do juiz que providencie, como houver 
por bem, quando o menor haja mister correção; 
 
III - adimplir os demais deveres que normalmente 
cabem aos pais, ouvida a opinião do menor, se este 
já contar doze anos de idade. 
Artigo 1.741. Incumbe ao tutor, sob a inspeção do juiz, 
administrar os bens do tutelado, em proveito deste, 
cumprindo seus deveres com zelo e boa- fé. 
Artigo. 1.747. Compete mais ao tutor: 
 
I - representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos 
da vida civil, e assisti-lo, após essa idade, nos atos em que 
for parte; 
 
II - receber as rendas e pensões do menor, e as quantias 
a ele devidas; 
 
III - fazer-lhe as despesas de subsistência e educação, bem 
como as de administração, conservação e melhoramentos 
de seus bens; 
 
 
 
IV - alienar os bens do menor destinados a venda; 
 
V - promover-lhe, mediante preço conveniente, o 
arrendamento de bens de raiz. 
Artigo 1.745. Os bens do menor serão entregues 
ao tutor mediante termo especificado deles e seus 
valores, ainda que os pais o tenham dispensado. 
Parágrafo único. Se o patrimônio do menor for de 
valor considerável, poderá o juiz condicionar o 
exercício da tutela à prestação de caução 
bastante, podendo dispensá-la se o tutor for de 
reconhecida idoneidade. 
 
Artigo 1.743. Se os bens e interesses administrativos 
exigirem conhecimentos técnicos, forem 
complexos, ou realizados em lugares distantes do 
domicílio do tutor, poderá este, mediante 
aprovação judicial, delegar a outras pessoas físicas 
ou jurídicas o exercício parcial da tutela. 
 
São atos que necessitam análise porque podem gerar 
prejuízos ao menor. A intervenção judicial, em alguns casos, 
torna-se necessária uma vez que o tutor não exerce o 
poder familiar e a tutela visa a proteger o menor e garantir 
o melhor pra ele. 
Nos casos previstos pelo artigo 1748 do Código Civil, o tutor 
apenas poderá agir se o magistrado conceder permissão. 
 
 
 
 
Há determinados atos que o tutor é proibido de 
praticar, mesmo que seja autorizado judicialmente. É o que 
consta no artigo 1749: 
 
 
Ou seja, quando houver conflito de interesse ou se houver 
suspeita de que o interesse do menor não seja respeitado, o 
ato será vedado. 
O tutor será responsabilizado pelos prejuízos que, por culpaou por dolo, causar ao menor. E o protutor, se houver, será 
responsável solidariamente com o tutor por tais prejuízos 
causados. Portanto, é seu dever denunciar qualquer 
irregularidade que o tutor cometa em se tomando 
conhecimento dela, pois poderá por ela ser cobrado 
integralmente. 
 
O magistrado também tem responsabilidade civil pela tutela, a 
qual será estabelecida pela falta de zelo comprovada na 
escolha do tutor para o menor, na proporção em que são 
vários os critérios que devem ser considerados para evitar a 
errônea nomeação do tutor. O juiz deve considerar 
cuidadosamente o impacto da nomeação a vida do menor. 
 
 
 
 
 
 
 Bens do Tutelado 
Frise-se que o tutor não tem o usufruto dos bens do 
tutelado, mas pode ressarcir-se do que despendeu a título 
de exercício da tutela, salvo no caso de crianças pobres ou 
de nenhum recurso, e terá direito a remuneração 
proporcional à importância dos bens administrados. Tal 
remuneração haverá de ser justa, nunca insuficiente ou 
Artigo 1.748. Compete também ao tutor, com 
autorização do juiz: 
 
I - pagar as dívidas do menor; 
 
II - aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda 
que com encargos; 
 
III - transigir; 
 
IV - vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não 
convier, e os imóveis nos casos em que for permitido; 
 
V - propor em juízo as ações, ou nelas assistir o 
menor, e promover todas as diligências a bem deste, 
assim como defendê-lo nos pleitos contra ele movidos. 
 
Parágrafo único. No caso de falta de autorização, a 
eficácia de ato do tutor depende da aprovação ulterior 
do juiz. 
Artigo 1.749. Ainda com a autorização judicial, não pode o 
tutor, sob pena de nulidade: 
 
I - adquirir por si, ou por interposta pessoa, mediante 
contrato particular, bens móveis ou imóveis 
pertencentes ao menor; 
 
II - dispor dos bens do menor a título gratuito; 
 
III - constituir-se cessionário de crédito ou de direito, 
contra o menor. 
Art. 1.752. O tutor responde pelos prejuízos que, 
por culpa, ou dolo, causar ao tutelado; mas tem 
direito a ser pago pelo que realmente despender 
no exercício da tutela, salvo no caso do art. 1.734, 
e a perceber remuneração proporcional à 
importância dos bens administrados. 
 
§ 1o Ao protutor será arbitrada uma gratificação 
módica pela fiscalização efetuada. 
 
§ 2o São solidariamente responsáveis pelos 
prejuízos as pessoas às quais competia fiscalizar 
a atividade do tutor, e as que concorreram para 
o dano. 
Artigo 1.744. A responsabilidade do juiz será: 
 
I - direta e pessoal, quando não tiver nomeado o 
tutor, ou não o houver feito oportunamente; 
 
II - subsidiária, quando não tiver exigido garantia 
legal do tutor, nem o removido, tanto que se 
tornou suspeito. 
exagerada, e deverá levar em conta a melhor tutela dos 
interesses da criança ou do adolescente. 
Sabemos que a tutela possui menor âmbito de poderes que 
o poder familiar. Porém, não se suprime do tutor o dever 
de amparar o pupilo sob o prisma material e até espiritual. Isso 
porque, com vistas a respeitar a dignidade da pessoa 
humana, devem defender-se suas liberdades – sua imagem, 
sua intimidade, sua consciência religiosa, científica, espiritual, 
etc. – competindo ao tutor, ainda, a orientação na educação 
do tutelado e o esforço para que ele se torne um cidadão 
adaptado e útil à sociedade. Assim, deverá o juiz analisar 
cada caso concreto para mensurar se as decisões são 
tomadas no melhor interesse do menor e em se 
respeitando suas liberdades inerentes à observação da 
dignidade da pessoa humana. 
A relação jurídica estabelecida pela tutela é de extrema 
importância, justificando-se a exigência obrigatória 
da prestação de contas, sendo que nem mesmo os pais que 
eventualmente exerçam a tutela podem dispensá-la. 
Em regra, esta será feita de dois em dois anos, o que não 
impede haver determinação judicial para que se realize em 
menores intervalos de tempo ou a qualquer momento 
devido ao eventual afastamento do exercício da tutela. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A enumeração não é fechada, este é um rol exemplificativo. 
Há situações que autorizam a movimentação de recursos do 
menor que decorrem de deveres legais não arrolados no 
dispositivo, a exemplo do pagamento de indenizações por 
danos ocasionados por ele a terceiros. Em qualquer situação, 
sob a luz do maior interesse do tutelado, a necessidade ou 
proveito para o menor na utilização de seus recursos 
financeiros deve ser evidente. 
 Prestação de Contas 
 
Observamos que os tutores possuem o dever inerente à 
sua função de prestar conta dos bens do tutelado. Para isso, 
o legislador fixou algumas formas. Sem prejuízo de a cada 
final de ano os tutores submeterem o balanço respectivo ao 
magistrado, na forma do artigo 1756 do Código Civil. 
 
 
 
 
 
 
Os tutores não podem ser eximidos de prestar contas. As 
contas serão prestadas mediante procedimento autônomo e 
anexadas nos mesmos autos da ação do inventário. 
Art. 1.753. Os tutores não podem conservar em 
seu poder dinheiro dos tutelados, além do 
necessário para as despesas ordinárias com o seu 
sustento, a sua educação e a administração de 
seus bens. 
 
§ 1o Se houver necessidade, os objetos de ouro e 
prata, pedras preciosas e móveis serão avaliados 
por pessoa idônea e, após autorização judicial, 
alienados, e o seu produto convertido em títulos, 
obrigações e letras de responsabilidade direta ou 
indireta da União ou dos Estados, atendendo-se 
preferentemente à rentabilidade, e recolhidos ao 
estabelecimento bancário oficial ou aplicado na 
aquisição de imóveis, conforme for determinado 
pelo juiz. 
 
§ 2o O mesmo destino previsto no parágrafo 
antecedente terá o dinheiro proveniente de 
qualquer outra procedência. 
 
§ 3o Os tutores respondem pela demora na 
aplicação dos valores acima referidos, pagando os 
juros legais desde o dia em que deveriam dar esse 
destino, o que não os exime da obrigação, que o 
juiz fará efetiva, da referida aplicação. 
Art. 1.754. Os valores que existirem em 
estabelecimento bancário oficial, na forma do artigo 
antecedente, não se poderão retirar, senão 
mediante ordem do juiz, e somente: 
I – para as despesas com o sustento e educação 
do tutelado, ou a administração de seus bens; 
II – para se comprarem bens imóveis e títulos, 
obrigações ou letras, nas condições previstas no § 
1º do artigo antecedente; 
III – para se empregarem em conformidade com o 
disposto por quem os houver doado, ou deixado; 
IV – para se entregarem aos órfãos, quando 
emancipados, ou maiores, ou, mortos eles, aos 
seus herdeiros. 
 
Artigo 1.755. Os tutores, embora o contrário 
tivessem disposto os pais dos tutelados, são 
obrigados a prestar contas da sua administração. 
 
Artigo 1.756. No fim de cada ano de 
administração, os tutores submeterão ao juiz o 
balanço respectivo, que, depois de aprovado, se 
anexará aos autos do inventário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A prestação de contas se faz mediante procedimento 
autônomo do qual participa, necessariamente, o Ministério 
Público. Objetiva demonstrar a idoneidade da administração 
dos bens do menor pelo tutor e possui poder liberatório 
para este. A recusa à prestação de contas pode implicar a 
destituição do tutor e, se necessário, o ajuizamento de ação 
de cobrança de valores que ele dever ao menor. 
 
É fundamental que haja a aprovação judicial das contas para 
que o tutor se desonere das pesadas atribuições que 
assumiu, de sorte que, nem a quitação fornecidapelo menor 
surtirá efeitos enquanto não aprovadas as contas pelo juiz, 
subsistindo a inteira responsabilidade do tutor, tudo conforme 
expressa o artigo 1.758 do Código Civil. 
Mesmo nos casos de morte, ausência ou interdição do tutor, 
as contas serão prestadas por seus herdeiros ou 
representantes. 
 
 
 
 
 
 
 
Todas as despesas justificadas e reconhecidamente 
proveitosas ao menor serão computadas como créditos do 
tutor, devendo tais despesas (com a apresentação da 
prestação de contas) ser ressarcidas pelo tutelado conforme 
preveem os artigos. 1.760 e 1.761 do Código Civil Brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
 
O reconhecimento do crédito em favor do tutor dependerá 
de demonstração contábil específica e detalhada das 
despesas realizadas por ele, sendo que a insuficiência destas 
delicadas informações pode levar à execução vazia. 
* O conceito de execução vazia compreende tanto a 
vacuidade de objeto (p.ex., ausência de crédito material) 
quanto a carência ou a privação de titularidades subjetivas, 
seja a do polo creditício, seja a do pólo debitório. (TJ-SP - 
Agravo de Instrumento de 28 de Abril de 2015) 
No caso contrário, havendo saldo do tutor a ser pago ao 
tutelado, será fixado prazo judicial para o cumprimento da 
obrigação de dar. Ocorrendo o descumprimento do 
pagamento, o juiz poderá destituir o tutor, ordenando o 
sequestro de bens do tutelado sob sua administração e 
supressão do pagamento a título de remuneração do tutor. 
O Código de Processo Civil prevê as consequências ao tutor 
de não pagar o valor devido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Cessação da Tutela 
É sabido que a tutela acarreta uma relação jurídica 
temporária, claro, porque os menores vêm a atingir, pelo 
Artigo 1.757. Os tutores prestarão contas de 
dois em dois anos, e também quando, por 
qualquer motivo, deixarem o exercício da tutela 
ou toda vez que o juiz achar conveniente. 
 
Parágrafo único. As contas serão prestadas em 
juízo, e julgadas depois da audiência dos 
interessados, recolhendo o tutor imediatamente 
a estabelecimento bancário oficial os saldos, ou 
adquirindo bens imóveis, ou títulos, obrigações 
ou letras, na forma do § 1o do art. 1.753. 
Art. 1.758. Finda a tutela pela emancipação ou 
maioridade, a quitação do menor não produzirá efeito 
antes de aprovadas as contas pelo juiz, subsistindo 
inteira, até então, a responsabilidade do tutor. 
 
Art. 1.759. Nos casos de morte, ausência, ou interdição 
do tutor, as contas serão prestadas por seus herdeiros 
ou representantes. 
Artigo 1.760. Serão levadas a crédito do tutor todas as 
despesas justificadas e reconhecidamente proveitosas ao 
menor. 
 
Artigo 1.761. As despesas com a prestação das contas 
serão pagas pelo tutelado. 
As contas do inventariante, do tutor, do 
curador, do depositário e de qualquer outro 
administrador serão prestadas em apenso aos 
autos do processo em que tiver sido 
nomeado. 
Parágrafo único. Se qualquer dos referidos no 
caput for condenado a pagar o saldo e não o 
fizer no prazo legal, o juiz poderá destituí-lo, 
sequestrar os bens sob sua guarda, glosar o 
prêmio ou a gratificação a que teria direito e 
determinar as medidas executivas necessárias 
à recomposição do prejuízo. 
 
decurso de tempo, sua capacidade civil plena. Portanto, são 
causas da cessação da tutela tanto a maioridade quanto 
a emancipação, bem como o caso de adoção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Também poderá cessar a tutela na hipótese de negligência, 
prevaricação ou incapacidade superveniente do tutor, 
conforme afirma o art. 1.766 do Código Civil. 
 
 
 
Sempre que o tutor praticar ato contra os interesses da 
tutela, seja por culpa ou dolo, ou quando incorrer em 
incapacidade, deverá ser destituído. Compete ao Ministério 
Público ou a qualquer interessado provocar o judiciário para 
sua remoção, aferindo, inclusive, se tiver ocorrido prática de 
algum crime pelo tutor. 
Já o Estatuto da Criança e do Adolescente cuida da 
destituição da tutela em seus artigos 22, 38 e 164. 
Em caso de extrema gravidade do ato, o juiz poderá 
suspender o tutor de suas funções, elegendo o substituto. 
 
O artigo do código de processo civil prevê os 
procedimentos de destituição dos tutores, quando 
necessário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Curatela dos Interditos 
 
A finalidade da curatela é principalmente conceder proteção 
aos incapazes no tocante a seus interesses e garantir a 
preservação dos negócios realizados por eles com relação a 
terceiros. A curatela constitui um poder assistencial ao incapaz 
maior, ao completando-lhe ou substituindo-lhe a vontade, e 
nisto reside sua diferença em relação à tutela. No artigo 1767 
do Código Civil, prevê-se quem precisa de curador. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A curatela é um instituto protetivo 
(caráter protetivo e assistencial) dos maiores de idade 
incapazes, bem como dos nascituros, ausentes, enfermos e 
os deficientes físicos. Lembrando que os maiores de idade 
incapazes são aqueles que, por motivos estabelecidos 
judicialmente, são incapazes de zelar responsavelmente 
pelos seus próprios interesses, bens e autodeterminações. 
O processo de interdição é o meio próprio para incapacitar 
aqueles desprovidos de discernimento, sujeitando-se também 
à curatela os nascituros, ausentes, enfermos e os deficientes 
físicos. Diz-se que a curatela consiste em um múnus 
público de caráter assistencial, assim como a tutela. (Múnus 
público é todo o dever e obrigação cuja prestação favoreça 
os interesses de todos os cidadãos em coletividade). 
Artigo 1.763. Cessa a condição de tutelado: 
 
I - com a maioridade ou a emancipação do menor; 
 
II - ao cair o menor sob o poder familiar, no caso de 
reconhecimento ou adoção. 
Artigo 1.764. Cessam as funções do tutor: 
I – ao expirar o termo, em que era obrigado a servir; 
II – ao sobrevir escusa legítima; 
III – ao ser removido. 
 
Art. 1.766. Será destituído o tutor, quando negligente, 
prevaricador ou incurso em incapacidade. 
Artigo 762. Em caso de extrema gravidade, o juiz 
poderá suspender o tutor ou o curador do exercício de 
suas funções, nomeando substituto interino. 
Artigo 761. Incumbe ao Ministério Público ou a quem 
tenha legítimo interesse requerer, nos casos previstos 
em lei, a remoção do tutor ou do curador. 
Parágrafo único. O tutor ou o curador será citado para 
contestar a arguição no prazo de 5 (cinco) dias, findo o 
qual observar-se-á o procedimento comum. 
 
Artigo 1767. Estão sujeitos a curatela: 
I - aqueles que, por causa transitória ou 
permanente, não puderem exprimir sua vontade; 
II - (Revogado); 
III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
IV - (Revogado); 
V - os pródigos. 
 
O artigo 1.775 do Código Civil elenca a preferência do 
curador. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na curatela, costuma-se dar maior liberdade ao curatelado 
(quando couber, é claro. Não se aplicaria isto ao nascituro, 
por exemplo), podendo este praticar os atos não 
patrimoniais de forma individual, sendo que a proteção deve 
ocorrer na medida exata da ausência do seu 
discernimento, não mais. 
A escolha do curador deve seguir os requisitos da lei. O 
texto legal dá legitimidade ao pai ou à mãe para o exercício 
da curatela, bem como a avós ou parentes que sejam 
casados ou vivam em união estável, seja em relação hétero 
ou homoafetiva (necessitando somente o reconhecimento 
de ambos e sua aceitação para exercer de forma 
compartilhada tal tarefa). 
Curatela do Nascituro e do Enfermo 
ou Portador de Deficiência Física e 
do Exercício da Curatela 
No que concerne ao instituto da curatela, ela admite 
graduações, levando em consideração os diversosgraus de 
discernimentos e inaptidões mentais do curatelado, criando 
espécies que se amoldam a cada situação singular. 
Curatela do nascituro: tem função de resguardar os direitos 
e interesses do nascituro se a mulher grávida não tiver 
condições de exercer o poder familiar e o pai do nascituro 
vier a falecer; 
 
 
 
 
 
Curatela dos adultos incapazes: curatela dos psicopatas, 
curatela dos toxicômanos, curatela dos ébrios habituais, 
curatela dos pródigos, curatela dos que, por outra causa 
duradoura, não podem exprimir sua vontade. 
 
 
 
Curatela do ausente: tem como fito primordial resguardar os 
bens da pessoa que desaparece de seu domicílio, sem deixar 
notícias e não tendo deixado representante ou procurador a 
quem caiba administrar-lhe os bens. 
Curadorias especiais: as curadorias especiais ou oficiais se 
diferem das demais em razão da sua finalidade específica, 
que é a administração de bens e interesses somente, e não 
a regência de pessoas. 
 
Nesse caso, há diferenças com relação ao tutor, 
principalmente se o curador for cônjuge do curatelado e o 
casamento for com em comunhão universal, já que todos os 
bens do curatelado também são do curador. 
 
 
 
 
Tomada de Decisão Apoiada 
A tomada de decisão apoiada é algo recente, de 2015, que 
figura no Estatuto do Deficiente. Nessa situação, por iniciativa 
da pessoa com deficiência, são nomeadas pelo menos duas 
pessoas idôneas, "com as quais mantenha vínculos e que 
gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada 
de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os 
elementos e informações necessários para que possa 
exercer sua capacidade." Note-se que a tomada de decisão 
apoiada não se relaciona, necessariamente, com o portador 
de transtorno mental, podendo ser requerida por qualquer 
sujeito classificável como deficiente nos termos do Estatuto. 
Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não 
separado judicialmente ou de fato, é, de 
direito, curador do outro, quando interdito. 
§1o Na falta do cônjuge ou companheiro, é 
curador legítimo o pai ou a mãe; na falta 
destes, o descendente que se demonstrar 
mais apto. 
§ 2o Entre os descendentes, os mais 
próximos precedem aos mais remotos. 
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas neste 
artigo, compete ao juiz a escolha do curador. 
Art. 1.775-A. Na nomeação de curador para a 
pessoa com deficiência, o juiz poderá 
estabelecer curatela compartilhada a mais de 
uma pessoa. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 
2015) (Vigência) 
 
Artigo 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer 
estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar. 
Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador 
será o do nascituro. 
 
Artigo 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem 
curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, 
demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos 
que não sejam de mera administração. 
Art. 1.783. Quando o curador for o cônjuge e o regime de 
bens do casamento for de comunhão universal, não será 
obrigado à prestação de contas, salvo determinação 
judicial. 
Privilegia-se, assim, o espaço de escolha do portador de 
transtorno mental, que pode constituir em torno de si uma 
rede de sujeitos baseada na confiança que neles tem para 
lhe auxiliar nos atos da vida civil, sem que isto se configure 
como curatela (não são estas pessoas idôneas curadoras, 
mas apoiadoras). Antes do surgimento desta figura legal, havia 
situações de curatela fixadas à revelia e contra os interesses 
do portador de transtornos mentais. 
Frisa-se que a tomada de decisão haverá de ser diferente 
para cada sujeito, já que o termo que for apresentado é que 
especificará os limites do apoio, e ele cobrirá a situação 
particular da forma como melhor convier. 
Pode-se dizer que a espécie destina-se aos relativamente 
incapazes que revelem limitações mentais, físicas, intelectuais, 
sensoriais, psicossociais ou cognitivas, manifestando, de uma 
forma ou de outra, algumas dificuldades na compreensão das 
situações da vida, na manifestação de ideias, na realização de 
negócios, na expressão, na comunicação, na visão, audição, 
percepção e outros canais de exteriorização da vontade. 
Não se objetiva, na tomada de decisão apoiada, a 
representação do deficiente, mas o simples 
acompanhamento e auxílio em decisões sobre determinados 
atos da vida civil, como contratos ou negócios, declarações, 
compromissos, decisões e questões que envolvam economia 
ou patrimônio. Em outros atos próprios da subsistência e 
comuns da vida, não se requer a participação dos 
apoiadores. 
Os atos dependentes do apoio virão descritos no termo 
onde constam os limites do apoio a ser oferecido e os 
compromissos dos apoiadores. 
A finalidade de tal termo é de dar solidez e certeza aos 
negócios patrimoniais e outros atos da vida civil, afastando a 
possibilidade de posterior anulação de atos válidos. A 
ausência dos apoiadores não é suficiente para invalidar atos, 
entretanto, admitindo-se, entrementes, a viabilidade de sua 
anulação por incapacidade de expressar a vontade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Artigo 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o 
processo pelo qual a pessoa com deficiência 
elege pelo menos 2 (duas) pessoas ido ̂neas, 
com as quais mantenha vínculos e que gozem 
de sua confiança, para prestar-lhe apoio na 
tomada de decisão sobre atos da vida civil, 
fornecendo-lhes os elementos e informaço ̃es 
necessários para que possa exercer sua 
capacidade. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) 
(Vigência) 
§ 1o Para formular pedido de tomada de 
decisão apoiada, a pessoa com 
deficiência e os apoiadores devem 
apresentar termo em que constem os 
limites do apoio a ser oferecido e os 
compromissos dos apoiadores, inclusive 
§ 1o Para formular pedido de tomada de decisão 
apoiada, a pessoa com deficiência e os 
apoiadores devem apresentar termo em que 
constem os limites do apoio a ser oferecido e 
os compromissos dos apoiadores, inclusive o 
prazo de vigência do acordo e o respeito a ̀ 
vontade, aos direitos e aos interesses da pessoa 
que devem apoiar. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 
2015) (Vigência) 
§ 2o O pedido de tomada de decisão apoiada 
será requerido pela pessoa a ser apoiada, com 
indicação expressa das pessoas aptas a 
prestarem o apoio previsto no caput deste 
artigo. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) 
(Vigência) 
§ 3o Antes de se pronunciar sobre o pedido de 
tomada de decisão apoiada, o juiz, assistido por 
equipe multidisciplinar, após oitiva do Ministério 
Público, ouvirá pessoalmente o requerente e as 
pessoas que lhe prestarão apoio. (Incluído pela 
Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 4o A decisão tomada por pessoa apoiada 
terá validade e efeitos sobre terceiros, sem 
restriço ̃es, desde que esteja inserida nos limites 
do apoio acordado. (Incluído pela Lei nº 13.146, 
de 2015) (Vigência) 
§ 5o Terceiro com quem a pessoa apoiada 
mantenha relação negocial pode solicitar que os 
apoiadores contra-assinem o contrato ou 
acordo, especificando, por escrito, sua função 
em relação ao apoiado. (Incluído pela Lei nº 
13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 6o Em caso de negócio jurídico que possa 
trazer risco ou prejuízo relevante, havendo 
divergência de opiniões entre a pessoa apoiada 
e um dos apoiadores, deverá o juiz, ouvido o 
Ministério Público, decidir sobre a questão. 
(Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 7o Se o apoiador agir com negligência, 
exercer pressão indevida ou não adimplir as 
obrigaço ̃es assumidas, poderá a pessoa apoiada 
ou qualquer pessoa apresentar denúncia ao 
Ministério Público ou ao juiz. (Incluído pela Lei nº 
13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 8o Se procedente adenúncia, o juiz destituirá 
o apoiador e nomeará, ouvida a pessoa apoiada 
e se for de seu interesse, outra pessoa para 
prestação de apoio. (Incluído pela Lei nº 13.146, 
de 2015) (Vigência) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A atuação ou participação dos apoiadores primará pela 
decência e honestidade, sendo eles responsáveis por 
possíveis atuações dolosas e também culposas (imprudência, 
negligência e imperícia). Como exemplos de atos que levam 
o apoiador a responder judicialmente, estão o mau 
aconselhamento, a pressão psicológica, a omissão em 
participar, a apropriação de valores ou o descumprimento 
das obrigações legais e contratuais. 
Os prejuízos são reparáveis na equivalência dos danos 
causados por ele, e representam-se ao Ministério Público 
para a devida apuração com vistas à aplicação das 
penalidades cabíveis. Ao juiz também é possível o 
encaminhamento de tais alegações, o qual acionará o 
Ministério Público. 
 
Haverá sempre ao menos dois apoiadores, impondo-se que 
ambos manifestem concordância com o negócio que 
necessita de auxílio e que haja pleno acordo também com o 
apoiado nesta decisão. Se não ocorrer a unanimidade ou se 
verificada a divergência indesejável de opiniões na tomada da 
decisão final, busca-se a solução judicial, que poderá 
inviabilizar o ato praticado. 
 
 
§ 9o A pessoa apoiada pode, a qualquer 
tempo, solicitar o término de acordo 
firmado em processo de tomada de 
decisão apoiada. (Incluído pela Lei nº 13.146, 
de 2015) (Vigência) 
§ 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a 
exclusão de sua participação do processo 
de tomada de decisão apoiada, sendo seu 
desligamento condicionado a ̀ manifestação 
do juiz sobre a matéria. (Incluído pela Lei 
nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 11. Aplicam-se à tomada de decisão 
apoiada, no que couber, as disposiço ̃es 
referentes à prestação de contas na 
curatela. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 
2015) (Vigência)

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